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1. (3 pontos) Seja V um espaço vetorial de dimensão finita, equipado com um produto interno 〈 , 〉 : V × V → R, e seja T : V → V um operador linear que é auto-adjunto e ortogonal simultaneamente, mostre que T ◦T = idV, sendo idV : V→ V o operador identidade, idV(w) = w para todo w ∈ V; Seja α uma base ortonormal de V. Como T é auto-adjunto, segue que a matriz [T ]αα é simétrica, ou seja, ([T ]αα) t = [T ]αα. Como T é ortogonal, segue que ([T ] α α) −1 = ([T ]αα) t. Logo, ([T ]αα) −1 = [T ]αα e consequentemente, T = T −1. Portanto, T ◦ T = idV. • Resolução alternativa Sejam v, w ∈ V. Como T é auto-adjunto e ortogonal, segue que 〈T (T (v)), w〉 = 〈T (v), T (w)〉 = 〈v, w〉. Logo, 〈T (T (v))− v, w〉 = 0 ∀ v, w ∈ V em particular, se v é um vetor arbitrário de V e w = T (T (v))− v então, 〈T (T (v))− v, T (T (v))− v〉 = 0 ∀ v ∈ V Logo, T (T (v))− v = 0V, ou seja, T (T (v)) = v para qualquer v ∈ V. Portanto, T ◦ T = idV. 2. (3 pontos) Seja W o subespaço de R2 gerado por v = (3, 4), ou seja, W = [(3, 4)]. Usando o produto interno usual de R2, seja E : R2 → R2 a projeção ortogonal sobre W. Determine: a) Uma expressão para E(x, y); Como E é a projeção ortogonal sobre W = [(3, 4)], temos que T (3, 4) = (3, 4) e T (−4, 3) = (0, 0) (pois (−4, 3) é ortogonal a todos os vetores de W). Dado, (x, y) ∈ R2 temos que, (x, y) = a · (3, 4) + b · (−4, 3) sendo, a = 〈(x,y),(3,4)〉〈(3,4),(3,4)〉 = 3x+4y 25 e b = 〈(x,y),(−4,3)〉〈(−4,3),(−4,3)〉 = −4x+3y 25 . Logo, E(x, y) = a·E(3, 4)+b·E(−4, 3) = 3x+ 4y 25 ·(3, 4)+−4x+ 3y 25 ·(0, 0) = ( 9x+ 12y 25 , 12x+ 16y 25 ) b) A matriz de E em relação à base ordenada canônica α = {(1, 0), (0, 1)}; Pelo item a) temos que, E(1, 0) = ( 9 25 , 12 25 ) e E(0, 1) = ( 12 25 , 16 25 ) . Logo, [E]αα = ( 9 25 12 25 12 25 16 25 ) = 1 25 · ( 9 12 12 16 ) 1 Prova 3 Resolvida de Álgebra Linear c) W⊥; W⊥ = [(−4, 3)] d) Uma base ordenada ortonormal, em relação a qual E seja representada pela matriz ( 0 0 0 1 ) . Seja β = {v1, v2} a base ordenada ortonormal procurada. Então, E(v1) = 0 ·v1 +0 ·v2 = (0, 0) e E(v2) = 0 · v1 + 1 · v2 = v2. Assim, podemos tomar v1 = (−45 , 3 5 ) e v2 = ( 3 5 , 4 5 ). 3. (3 pontos) Considere a quádrica com equação: 2xy − z = 0. Aplique o procedimento de diago- nalização de formas quadráticas para determinar o que essa quádrica representa. Temos que, 2xy − z = 0 ⇔ ( x y z ) · 0 1 01 0 0 0 0 0 · xy z + (0 0 −1) · xy z = 0 ⇔ ⇔ ([v]α)t · [Q]αα · [v]α + ( 0 0 −1 ) · [v]α = 0 sendo α = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} a base canônica de R3, [v]α = xy z e Q(x, y, z) = xy. Vamos diagonalizar a forma quadrática Q. • Polinômio caracteŕıstico PQ(x). PQ(x) = det x −1 0−1 x 0 0 0 x = x3 − x = x(x2 − 1) = x(x− 1)(x+ 1) Logo, os autovalores de [Q]αα são λ1 = 0, λ2 = 1 e λ3 = −1. • Autovetor v1 de norma 1 associado ao autovalor λ1 = 0 0 −1 0−1 0 0 0 0 0 · xy z = 00 0 ⇒ x = y = 0 Logo, podemos escolher v1 = (0, 0, 1). • Autovetor v2 de norma 1 associado ao autovalor λ2 = 1 1 −1 0−1 1 0 0 0 1 · xy z = 00 0 ⇒ x = y e z = 0. Logo, podemos escolher v2 = ( √ 2 2 , √ 2 2 , 0). • Autovetor v3 de norma 1 associado ao autovalor λ3 = −1 Sabemos que v3 deve ser ortogonal a v1 e a v2. Logo, podemos escolher v3 = ( − √ 2 2 , √ 2 2 , 0). Assim, β = {v1, v2, v3} = {(0, 0, 1), ( √ 2 2 , √ 2 2 , 0), (− √ 2 2 , √ 2 2 , 0)} é uma base ortonormal de R3, formada por autovetores de [Q]αα. Temos que, [v]α = M β α · [v]β, sendo Mβα = 0 √ 2 2 − √ 2 2 0 √ 2 2 √ 2 2 1 0 0 . 2 Portanto temos que, 2xy − z = 0 ⇔ ([v]α)t · [Q]αα · [v]α + ( 0 0 −1 ) · [v]α = 0 ⇔ ( Mβα · [v]β )t · [Q]αα ·Mβα · [v]β + (0 0 −1) ·Mβα · [v]β = 0 ⇔ ([v]β)t · ( Mβα )t · [Q]αα ·Mβα · [v]β + (0 0 −1) ·Mβα · [v]β = 0 ⇔ ( X Y Z )0 0 00 1 0 0 0 −1 XY Z + (0 0 −1) 0 √ 2 2 − √ 2 2 0 √ 2 2 √ 2 2 1 0 0 XY Z = 0 ⇔ Y 2 − Z2 −X = 0 sendo [v]β = XY Z Portanto, a quádrica em questão representa um parabolóide hiperbólico (sela de cavalo) 4. (2 pontos) Seja V um espaço vetorial equipado com um produto interno. Sejam v, w ∈ V vetores tais que, 〈v, u〉 = 〈w, u〉 para todo u ∈ V. Mostre que v = w. Temos que, 〈v, u〉 = 〈w, u〉 para todo u ∈ V se, e somente se, 〈v−w, u〉 = 0 para todo u ∈ V. Em particular, fazendo u = v−w temos que 〈v−w, v−w〉 = 0. Mas isso ocorre se, e somente se, v − w = 0V (propriedade de produto interno), ou seja, v = w. 5. (2,5 pontos) Seja Q : MR(2, 2) → MR(2, 2) o operador linear que associa cada matriz A =( a11 a12 a21 a22 ) ∈ MR(2, 2) a sua matriz transposta Q(A) = At = ( a11 a21 a12 a22 ) . Considere em MR(2, 2) o produto interno 〈A,B〉 = traço(Bt · A). a) Q é um operador auto-adjunto? justifique; Sejam A = ( a11 a12 a21 a22 ) e B = ( b11 b12 b21 b22 ) . Temos que, 〈Q(A), B〉 = 〈At, B〉 = traço(Bt · At) = traço (( b11 b21 b12 b22 ) · ( a11 a21 a12 a22 )) = = b11a11 + b21a12 + b12a21 + b22a22 e 〈A,Q(B)〉 = 〈A,Bt〉 = traço((Bt)t · A) = traço(B · A) = = traço (( b11 b12 b21 b22 ) · ( a11 a12 a21 a22 )) = b11a11 + b12a21 + b21a12 + b22a22 Assim, 〈Q(A), B〉 = 〈A,Q(B)〉 para quaisquer A,B ∈ MR(2, 2). Portanto, Q é um operador auto-adjunto. b) Q é um operador ortogonal? justifique. Sejam A = ( a11 a12 a21 a22 ) e B = ( b11 b12 b21 b22 ) . Temos que, 〈Q(A), Q(B)〉 = 〈At, Bt〉 = traço((Bt)t · At) = traço(B · At) = = traço (( b11 b12 b21 b22 ) · ( a11 a21 a12 a22 )) = b11a11 + b12a12 + b21a21 + b22a22 3 e 〈A,B〉 = traço(Bt · A) = traço (( b11 b21 b12 b22 ) · ( a11 a12 a21 a22 )) = = b11a11 + b21a21 + b12a12 + b22a22 Assim, 〈Q(A), Q(B)〉 = 〈A,B〉 para quaisquer A,B ∈ MR(2, 2). Portanto, Q é um operador ortogonal. 6. (2,5 pontos) Seja P2 o espaço vetorial dos polinômios, com coeficientes reais, de grau menor ou igual a 2, equipado com o produto interno 〈f, g〉 = ∫ 1 0 (f(x) · g(x)) dx. Determine uma base ortonormal β de P2. (sugestão: aplique o processo de Gram-Schmidt a alguma base de P2) Sabemos que α = {1, x, x2} é uma base de P2. Apliquemos o processo de Gram-Schmidt à base α. w1 = 1 w2 = x− 〈x,w1〉 〈w1, w1〉 w1 = x− ∫ 1 0 x · 1 dx∫ 1 0 1 · 1 dx · 1 = x− 1 2 w3 = x 2 − 〈x 2, w1〉 〈w1, w1〉 w1 − 〈x2, w2〉 〈w2, w2〉 w2 = = x2 − ∫ 1 0 x2 · 1 dx∫ 1 0 1 · 1 dx · 1− ∫ 1 0 x2 · (x− 1 2 ) dx∫ 1 0 (x− 1 2 )2 dx · (x− 1 2 ) = = x2 − 1 3 − (x− 1 2 ) = x2 − x+ 1 6 ||w1|| = √∫ 1 0 w1 · w1 dx = √∫ 1 0 1 · 1 dx = √ 1 = 1; Portanto, v1 = w1 ||w1|| = 1. ||w2|| = √∫ 1 0 (x− 1 2 )2 dx = √∫ 1 0 x2 − x+ 1 4 dx = √ 13 3 − 12 2 + 1 4 = 1 2 √ 3 ; Portanto, v2 = w2 ||w2|| = 2 √ 3x− √ 3. ||w3|| = √∫ 1 0 (x2 − x+ 1 6 )2 dx = √∫ 1 0 (x4 − 2x3 + 4 3 x2 − 1 3 x+ 1 36 ) dx = = √ 15 5 − 2 · 14 4 + 4 3 · 13 3 − 1 3 · 12 2 + 1 36 · 1 = 1√ 180 = 1 6 √ 5 Portanto, v3 = w3 ||w3|| = 6 √ 5x2 − 6 √ 5x+ √ 5 Logo, uma base ortonormal de P2 é dada por: β = {1, (2 √ 3x− √ 3), (6 √ 5x2 − 6 √ 5x+ √ 5)} BOA PROVA 4