Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2018 ComuniCação e Linguagem Prof.ª Cláudia Suéli Weiss Prof.ª Elisabeth Penzlien Tafner Prof.ª Estela Maris Bogo Lorenzi Prof.ª Luana Ewald Copyright © UNIASSELVI 2018 Elaboração: Prof.ª Cláudia Suéli Weiss Prof.ª Elisabeth Penzlien Tafner Prof.ª Estela Maris Bogo Lorenzi Prof.ª Luana Ewald Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: W429c Weiss, Cláudia Suéli Comunicação e linguagem. / Cláudia Suéli Weiss; Elisabeth Penzlien Tafner; Estela Maris Bogo Lorenzi; Luana Ewald. – Indaial: UNIASSELVI, 2018. 225 p.; il. ISBN 978-85-515-0222-8 1.Linguagem e línguas. – Brasil. 2.Psicolinguística. – Brasil. I. Weiss, Cláudia Suéli. II. Tafner, Elisabeth Penzlien. III. Lorenzi, Estela Maris Bogo. IV. Ewald, Luana. V. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 401 III apresentação Linguagem e comunicação são partes integrantes de nossas vidas, indispensáveis não somente para a aquisição de conhecimentos, nas mais diversas áreas do saber, como para a participação nos diferentes contextos sociais. O ritmo em que desenvolvemos nossas atividades é cada vez mais acelerado, daí a necessidade de uma comunicação eficaz tanto nas relações pessoais como nas interpessoais. E não somos apenas nós que vivemos nesta rotina, a sociedade também é caracterizada pelo ritmo frenético das mudanças, especialmente no mundo dos negócios, com a integração apressada das diversas mídias, o perfil das organizações tanto empresariais como sociais vem se alterando significativamente. É preciso reconstruir o cenário em que tais modificações ocorrem, porque na verdade a comunicação e a linguagem funcionam como um ícone, que liga diferentes culturas e, inclusive, tendências. Tentar situá-las à revelia deste contexto – amplo e complexo – implica esgotar o seu conteúdo e o seu poder de persuasão. Na Unidade 1, analisaremos a origem, a importância, as funções e as formas que a linguagem e a comunicação apresentam. Saber a real funcionalidade do processo de comunicação, utilizando recursos que enfatizam a intenção do que o emissor quer compartilhar, reforça tanto a boa comunicação das empresas e/ou instituições para com seus clientes, como também gera um diferencial no profissional que partilha dessas informações. Na Unidade 2, trataremos dos textos que compõem os documentos (em especial os que você utiliza no seu dia a dia profissional), descreveremos sua função, definiremos sua estruturação, apresentaremos modelos e características. A compreensão de coesão e coerência textual também é parte integrante dessa unidade, pois escrever é uma habilidade que pode ser aperfeiçoada diariamente, por meio de atividades rotineiras simples, como variadas leituras. Nesse sentido, quanto maior o contato com diferentes gêneros, maior será a intimidade do leitor com eles e, por conseguinte, menores seriam suas dificuldades em produzi-los. Na Unidade 3, abordaremos os tópicos de gramática, no que se refere ao uso da pontuação, classes gramaticais e expressões. O emprego da norma padrão é importante para que você possa adotá-la em situações mais formais de uso da linguagem, como em entrevistas de emprego, concursos, produção de textos acadêmicos ou de sua área profissional. Para que a escrita IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA e a comunicação sejam mais eficazes, devemos conhecer o vocabulário e as regras que são aceitas pela nossa comunidade linguística, o que implica, em determinados momentos, o uso da norma padrão da língua portuguesa. Esperamos que, caro acadêmico, ao final deste livro, a partir dos conhecimentos adquiridos, você possa interagir com maior segurança em relação ao uso da Língua Portuguesa, nas modalidades falada e/ou escrita, em situações formais ou informais, tanto corriqueiras como profissionais. Para tanto, este livro de estudos contém textos, reflexões, ideias, imagens, dicas funcionais e questões pertinentes ao uso adequado da Língua Portuguesa. Bons estudos! Prof.ª Cláudia Suéli Weiss Prof.ª Elisabeth Penzlien Tafner Prof.ª Estela Maris Bogo Lorenzi Prof.ª Luana Ewald V VI VII UNIDADE 1 – LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS .......................................................................................... 1 TÓPICO 1 – LINGUAGEM: UM MEIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL .................................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 PARTICULARIDADES DA LINGUAGEM: LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL ....... 5 2.1 A LINGUAGEM NÃO VERBAL ................................................................................................... 9 2.2 A LINGUAGEM VERBAL .............................................................................................................. 11 3 PARTICULARIDADES DA LÍNGUA FALADA E LÍNGUA ESCRITA .................................... 13 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 16 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 17 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 18 TÓPICO 2 – COMUNICAÇÃO: PROCESSOS E ELEMENTOS .................................................... 19 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19 2 O PAPEL DA COMUNICAÇÃO NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ..................................... 19 2.1 TIPOS DE COMUNICAÇÃO ......................................................................................................... 22 3 ELEMENTOS DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO ................................................................. 24 3.1 EMISSOR ........................................................................................................................................... 24 3.2 RECEPTOR ....................................................................................................................................... 25 3.3 MENSAGEM ....................................................................................................................................25 3.4 CANAL DE COMUNICAÇÃO .................................................................................................... 25 3.5 CÓDIGO ............................................................................................................................................ 25 3.6 REFERENTE ..................................................................................................................................... 26 4 BARREIRAS A UMA COMUNICAÇÃO EFICAZ ......................................................................... 27 4.1 REDUNDÂNCIA ............................................................................................................................ 28 4.2 RUÍDO ............................................................................................................................................... 29 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 31 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 32 TÓPICO 3 – A LINGUAGEM E SUAS PARTICULARIDADES .................................................... 33 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 33 2 NÍVEIS DE LINGUAGEM ................................................................................................................. 33 2.1 NÍVEL CULTO OU FORMAL ........................................................................................................ 34 2.2 NÍVEL INFORMAL ......................................................................................................................... 34 2.3 USO ADEQUADO DA LÍNGUA ÀS SITUÇÕES DE COMUNICAÇÃO ............................... 38 2.4 GÍRIAS ............................................................................................................................................... 38 3 A LINGUAGEM PARTICULAR DE UMA PROFISSÃO ............................................................. 39 4 A LINGUAGEM E SUAS FUNÇÕES ................................................................................................ 41 4.1 FUNÇÃO EMOTIVA ...................................................................................................................... 42 4.2 FUNÇÃO REFERENCIAL .............................................................................................................. 44 4.3 FUNÇÃO APELATIVA ................................................................................................................... 44 sumário VIII 4.4 FUNÇÃO FÁTICA ........................................................................................................................... 46 4.5 FUNÇÃO METALINGUÍSTICA .................................................................................................... 47 4.6 FUNÇÃO POÉTICA ........................................................................................................................ 48 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 49 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 51 UNIDADE 2 – A ESTRUTURA TEXTUAL ......................................................................................... 55 TÓPICO 1 – O TEXTO E SUA INTENÇÃO ....................................................................................... 57 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 57 2 A CONSTRUÇÃO DO TEXTO: COESÃO E COERÊNCIA ......................................................... 58 2.1 COESÃO ............................................................................................................................................ 58 2.1.1 Mecanismos de coesão ........................................................................................................... 58 2.2 COERÊNCIA .................................................................................................................................... 61 3 PARÁGRAFO ........................................................................................................................................ 66 3.1 A ESTRUTURAÇÃO DO PARÁGRAFO ...................................................................................... 67 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 69 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 70 TÓPICO 2 – OS DIVERSOS TEXTOS ................................................................................................. 73 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 73 2 CARACTERÍSTICAS DOS TEXTOS ................................................................................................ 73 3 A NARRAÇÃO ...................................................................................................................................... 74 4 A DESCRIÇÃO ...................................................................................................................................... 79 5 A ARGUMENTAÇÃO .......................................................................................................................... 81 6 COESÃO E ARGUMENTAÇÃO ........................................................................................................ 82 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 86 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 87 TÓPICO 3 – O ESTUDO DO TEXTO: LEITURA, INTERPRETAÇÃO E GÊNEROS ................ 91 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 91 2 A LEITURA E A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL ............................................................................. 92 2.1 O MAIOR DESAFIO DAS INSTITUIÇÕES: A COMUNICAÇÃO INTERNA ....................... 92 3 OS MODELOS TEXTUAIS ................................................................................................................. 93 3.1 RELATÓRIOS ................................................................................................................................... 95 3.1.1 Partes do relatório ................................................................................................................... 95 3.1.2 Aplicação .................................................................................................................................. 96 3.2 ATA .................................................................................................................................................... 97 3.2.1 Escritura e modelo .................................................................................................................. 98 3.3 OFÍCIO .............................................................................................................................................. 99 3.3.1 Elaboração e modelo ............................................................................................................100 3.4 REQUERIMENTO .........................................................................................................................102 3.4.1 Escritura e modelo ................................................................................................................1023.5 E-MAIL ............................................................................................................................................103 3.5.1 Linguagem e dicas na elaboração de um e-mail formal .................................................104 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................106 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................107 IX UNIDADE 3 – A GRAMÁTICA E SUAS PARTES ..........................................................................109 TÓPICO 1– AS CLASSES DE PALAVRAS .......................................................................................111 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................111 2 AS CARACTERÍSTICAS DE CADA CLASSE .............................................................................111 2.1 SUBSTANTIVO ..............................................................................................................................113 2.2 ADJETIVO ......................................................................................................................................118 2.3 ADVÉRBIO .....................................................................................................................................123 2.4 NUMERAL ......................................................................................................................................125 2.5 ARTIGO ...........................................................................................................................................126 2.6 PREPOSIÇÃO .................................................................................................................................129 2.7 CONJUNÇÃO ................................................................................................................................131 2.8 INTERJEIÇÃO ...............................................................................................................................134 2.9 VERBO .............................................................................................................................................135 2.10 PRONOMES .................................................................................................................................147 2.10.1 Os pronomes de tratamento ...............................................................................................154 3 COLOCAÇÃO PRONOMINAL ......................................................................................................156 3.1 PRÓCLISE .......................................................................................................................................156 3.2 MESÓCLISE ....................................................................................................................................157 3.3 ÊNCLISE .........................................................................................................................................157 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................159 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................161 TÓPICO 2 – PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN ..........................................163 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................163 2 O EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO ...........................................................................164 2.1 O PONTO .................................................................................................................................................... 164 2.2 DOIS-PONTOS ...............................................................................................................................166 2.3 O PONTO E VÍRGULA ................................................................................................................166 2.4 A VÍRGULA ....................................................................................................................................167 2.5 O PONTO DE INTERROGAÇÃO ...............................................................................................174 2.6 O PONTO DE EXCLAMAÇÃO....................................................................................................174 2.7 AS RETICÊNCIAS .........................................................................................................................175 2.8 AS ASPAS ........................................................................................................................................176 2.9 O TRAVESSÃO ...........................................................................................................................................176 2.10 OS PARÊNTESES .........................................................................................................................177 3 A ACENTUAÇÃO DAS PALAVRAS ......................................................................................................178 3.1 A CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A TONICIDADE DAS SÍLABAS ..........................179 4 CRASE ...................................................................................................................................................183 5 HÍFEN ....................................................................................................................................................185 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................191 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................193 TÓPICO 3 – LÍNGUA PORTUGUESA: DÚVIDAS PERTINENTES NA ESCRITURA DE UM TEXTO ................................................................................................................195 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................195 2 AMBIGUIDADE .................................................................................................................................196 3 ESTRANGEIRISMOS ........................................................................................................................198 4 PLEONASMO ......................................................................................................................................200 5 EXPRESSÕES .......................................................................................................................................201 X 5.1 USO DOS PORQUÊS ....................................................................................................................201 5.2 USO DE MAU E MAL ..................................................................................................................203 5.3 USO DE SENÃO E SE NÃO ........................................................................................................205 5.4 USO DE MAIS E MAS ..................................................................................................................206 5.5 USO DO HÁ E A ...........................................................................................................................207 5.6 USO DE AONDE E ONDE ..........................................................................................................208 5.7 USO DE A FIM E AFIM ...............................................................................................................2105.8 USO DE DEMAIS E DE MAIS .....................................................................................................211 5.9 USO DE AO ENCONTRO DE E DE ENCONTRO A ................................................................212 5.10 USO DE ACERCA, A CERCA E HÁ CERCA ..........................................................................213 5.11 USO DE A PRINCÍPIO E EM PRINCÍPIO ...............................................................................214 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................216 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................218 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................219 1 UNIDADE 1 LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • identificar as particularidades e a importância da língua escrita e falada; • entender os processos e elementos da comunicação; • refletir e adequar o uso da linguagem em diferentes situações; • conhecer e diferenciar as funções da linguagem, bem como compreender a importância de cada uma no processo comunicativo; • refletir sobre os tipos de comunicação e verificar sua real e eficaz utilização no contexto comunicativo; • identificar e apresentar soluções para os problemas relacionados às falhas comunicativas no cotidiano profissional. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – LINGUAGEM: UM MEIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL TÓPICO 2 – COMUNICAÇÃO: PROCESSOS E ELEMENTOS TÓPICO 3 – A LINGUAGEM E SUAS PARTICULARIDADES 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 LINGUAGEM: UM MEIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 1 INTRODUÇÃO Expressar-se de maneira competente na língua materna é uma necessidade inegável para o bom desempenho de atividades que envolvam a palavra. Portanto, uma primeira reflexão merece atenção: qual é a distinção de linguagem e língua? De maneira geral, a linguagem está atrelada ao ato de comunicar-se com as pessoas. De acordo com Terra (1997), damos o nome de linguagem a todo sistema de sinais convencionais que nos permite realizar atos de comunicação. Existem várias linguagens: a dos surdos, a que você fala, a dos sinais de trânsito, a das bandeiras em corridas de automóveis, entre outras. Língua, por sua vez, refere-se ao conjunto de expressões e palavras que são usadas por um determinado povo, sendo esta munida de regras para o uso adequado. A língua é um dos atributos da linguagem. Para interagir, articular a linguagem, o ser humano faz uso de uma língua, constituída de uma gramática própria. É importante ressaltar que a língua é um organismo vivo e, por esse motivo, é natural que exista um distanciamento, por vezes, entre o que é prescrito pelas normas de uma gramática tradicional e o que é efetivamente utilizado por seus falantes. De acordo com Terra (1997, p. 13), a definição de língua é: “[...] a linguagem que utiliza a palavra como sinal de comunicação”. Entendemos, então, que a língua é um aspecto da linguagem e pertence a um grupo de indivíduos, estes, por sua vez, concretizam a língua através da fala. Podemos dizer que no ato da comunicação não utilizamos somente um conjunto de palavras faladas e/ou escritas, mas também imagens, gestos, cores e sinais. Observe: UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS 4 FIGURA 1 – COMUNICAÇÃO FONTE: <http://3.bp.blogspot.com/_R98DBfPQdxw/S8dsVEpZvGI/AAAAAAAAAFk/gAJ9vRnexR4/ s400/libras-708316.png>. Acesso em: 6 ago. 2018. Temos, como exemplo de gestos e sinais, o alfabeto de libras. A seguir, você pode visualizar a importância das cores na comunicação. FIGURA 2 – A COR NA COMUNICAÇÃO FONTE: <https://vilamulher.uol.com.br/imagens/thumbs/2010/10/08/o-significado-das-cores- 32-807-thumb-570.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018. TÓPICO 1 | LINGUAGEM: UM MEIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 5 A cor é muito explorada pelos publicitários, pois é um elemento que causa distintas sensações. Elas são fundamentais na representação de logomarcas e produtos de empresas. Para compartilhar a essência da empresa e/ou corporação e provocar a percepção da marca nos consumidores, é necessário fazer um estudo das cores mais adequadas para o seu negócio. A logomarca precisa causar impacto, ser lembrada e reconhecida perante os diversos públicos das empresas. Este é o grande desafio dos designers, criar marcas que se destaquem entre tantos concorrentes. NOTA Além disso, é preciso adequar a linguagem para as diferentes situações, ou seja, dependendo do lugar, do momento e das pessoas com quem nos comunicamos, faz-se necessária a adequação da linguagem. É com base nessas questões que convidamos você, acadêmico, a aprofundar seus estudos nos tópicos seguintes. 2 PARTICULARIDADES DA LINGUAGEM: LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL Como vimos, a linguagem não é somente um conjunto de palavras – faladas ou escritas –, mas de gestos e imagens. Assim, não nos comunicamos apenas pela fala ou escrita, não é verdade? A linguagem pode ser verbalizada, daí é que vem a analogia com o verbo. Alguma vez você já tentou comunicar-se sem utilizar um verbo? Faça o teste e você vai perceber o quão difícil é obter algo coerente. As pessoas podem comunicar-se pelo Código Morse, pela escrita, por gestos, pelo telefone, e-mail, internet etc. UNI UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS 6 A comunicação é essencial nas relações, sejam elas pessoais, empresariais e/ou educacionais. Apesar de poder ser realizada de várias maneiras, só existe comunicação quando a mensagem é recebida com o mesmo valor com que ela foi transmitida. A linguagem possui, então, particularidades que vão além de somente substantivo, adjetivo, verbo, pronomes e/ou preposições. Por isso, veremos a distinção entre linguagem verbal e linguagem não verbal. Tanto a linguagem verbal quanto a não verbal têm um papel muito importante na comunicação. Para tanto, torna-se imprescindível que as duas estejam em concordância, para que a comunicação seja coerente. A linguagem humana é um processo altamente complexo. Podemos afi rmar que ela está presente nas diversas situações de comunicação. Por exemplo: FIGURA 3 – NA CONVERSA DAS PESSOAS BLABLABLA BLABLABLA FONTE: <http://3.bp.blogspot.com/_mtUsGlokEt4/TOvPfReYhwI/AAAAAAAAAKY/ hN8UdcwgWpc/s320/desenho%2Bde%2Bpessoas%2Bconversando%2B2.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018. FIGURA 4 – EM PLACAS DE SINALIZAÇÃO FONTE: <https://www.portaldecarapicuiba.com/wp-content/uploads/placa-de-sinalizacao- 120x120.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018. TÓPICO 1 | LINGUAGEM: UM MEIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 7 FIGURA 5 – EM LIVROS, JORNAIS E REVISTAS FONTE: <http://3.bp.blogspot.com/-CGRsjBidsJo/Tx9ZRzB6yAI/AAAAAAAAALo/rqyFs14GpSQ/ s400/imagesCAMA8X5Z.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018. FIGURA 6 – NAS MENSAGENS PUBLICITÁRIAS FONTE: As autoras FIGURA 7 – NA DANÇA FONTE: <http://the-contact.org/wp-content/uploads/2018/03/380x380-M1-Open-Stage.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018. UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS 8 FIGURA 8 – NOS GESTOS FONTE: <http://1.bp.blogspot.com/-L0V8GSkudOg/TY8usvQOxDI/AAAAAAAAABc/ CJa3Hyq3w-0/s320/allgestures.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018. FIGURA 9 – NA EXPRESSÃO FISIONÔMICA FONTE: <http://lh5.ggpht.com/I5_d4Qbmx3KoM5cz0SrBfqEemxgNTM67H_ MP22cmJZ7ySfdGoXUzq1gTZZOnjlbFhQ=h310>. Acesso em: 6 ago. 2018. FIGURA 10 – NOS CÓDIGOS CIENTÍFICOS FONTE: <https://www.grupoescolar.com/thumbnail.php?imagem=painel/files/8C0ED. jpg&l=330&a=170>. Acesso em: 6 ago. 2018. TÓPICO 1 | LINGUAGEM: UM MEIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL9 Todas as situações mencionadas demonstram a capacidade humana de se comunicar utilizando as linguagens não verbais e verbais. Vamos conhecê-las? 2.1 A LINGUAGEM NÃO VERBAL A linguagem não verbal é aquela que não utiliza palavras para comunicar. Como ela ocorre? Ela é estabelecida por meio de gestos, sons, cores, imagens, entre outras. Os sinais de trânsito, por exemplo, demonstram que a mensagem é repassada através das cores. A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) efetiva-se através dos gestos. Muitas vezes a linguagem não verbal serve como reforço para aquilo que dizemos: em determinados momentos, junto com a fala, utilizamos outros recursos para reforçar nossa mensagem. Podemos citar como exemplo as histórias em quadrinhos, pois o conteúdo da fala da personagem é reafirmado através da imagem. Nas propagandas publicitárias também fica evidente a importância e função da linguagem não verbal. Segundo Terra (1997, p. 12), “[...] a linguagem não verbal é aquela que utiliza para atos de comunicação outros sinais que não as palavras”. Vamos conhecer mais sobre a linguagem não verbal através das figuras que seguem: FIGURA 11 – PROIBIDO FUMAR FONTE: <https://i1.wp.com/piniglarism.com/wp-content/uploads/2008/05/nosmoking.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018. UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS 10 FIGURA 12 – ADEUS À CIDADE FONTE: <http://4.bp.blogspot.com/_Y95C4ipvBCA/TIfU9caW2mI/AAAAAAAAAEs/5r8cYpXiwds/ s320/charge3.JPG>. Acesso em: 6 ago. 2018. Entendemos facilmente a mensagem que cada figura quer transmitir, não é mesmo? A linguagem não verbal, então, apesar de não utilizar as palavras, é capaz de efetivar um ato comunicativo. Além disso, é importante destacarmos que a linguagem não verbal também se faz presente em situações de avaliações acadêmicas, como o ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes). Gráficos, tabelas, infográficos e figuras compõem a linguagem não verbal e comumente são usados com finalidades comunicativas em avaliações e, inclusive, no ambiente empresarial. Por isso, convidamos você a analisar e praticar as orientações a seguir, que tratam dos recursos visuais de áudio em apresentações empresariais. DICAS • O público consegue ler projeções visuais muito mais rápido do que você consegue falá-las. Portanto, não tente ler. • Recursos visuais que funcionam com uma plateia pequena não funcionam bem com uma grande. • Não se mova quando desejar que a plateia se concentre no material visual. • Ideias abstratas são mais fáceis de serem compreendidas quando são representadas visualmente, através de desenhos, gráficos etc. Estes devem ser simples, porém impactantes. TÓPICO 1 | LINGUAGEM: UM MEIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 11 O mais importante sobre a utilização de recursos tecnológicos (informática, telecomunicações etc.) é saber acompanhar as novidades e tendências que surgem a cada dia, e manter-se atualizado – up to date – para renovar e incorporar novas práticas ao seu repertório. 2.2 A LINGUAGEM VERBAL Podemos definir como linguagem verbal aquela em que as palavras são os sinais utilizados para os atos comunicativos. O termo “verbal” vem do latim verbale e significa palavra. Assim, é por meio de palavras – linguagem verbal – que expressamos desejos, sentimentos, ordens, opiniões, revelando nossas opiniões e expondo nosso raciocínio. Segundo Nicola (2009, p. 126), “[...] a linguagem verbal é aquela que utiliza a língua (falada ou escrita)”. A linguagem verbal pode ser abordada sob duas modalidades: a língua escrita e a oral. Veremos a seguir algumas charges que exemplificam a linguagem verbal. FIGURA 13 – LINGUAGEM VERBAL ESCRITA FONTE: <http://4.bp.blogspot.com/_zf0VLAWc7Vs/TIAeYGtNrCI/AAAAAAAAACM/ fw3M6Db8xPo/s320/charge_calvin_haroldo-480x304.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018. Às vezes eu acho que o indício mais óbvio de que existem formas de vida inteligente fora da terra é que nenhuma delas tentou entrar em contato conosco. UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS 12 FIGURA 14 – LINGUAGEM VERBAL FALADA Quando eu crescer quero ter muitos vestidos! E eu muita cultura! Se você sair na rua sem cultura, a polícia te prende? Não Experimenta sair sem vestido É triste ter que bater em alguém que tem razão! FONTE: <http://3.bp.blogspot.com/_UM5gUHvwWrA/S5Am8El0vvI/AAAAAAAAAB4/ G7C3XjX17no/s400/mafa1.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018. Você já encontrou dificuldades em colocar no papel algo que na linguagem oral consegue transmitir sem dificuldades? Acreditamos que sua resposta seja sim. Então, vamos aprofundar nossos estudos? TÓPICO 1 | LINGUAGEM: UM MEIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 13 3 PARTICULARIDADES DA LÍNGUA FALADA E LÍNGUA ESCRITA Vimos que língua é um sistema de representação constituído por palavras e por regras que se combinam, permitindo que expressemos uma ideia, uma ordem, emoção, enfim, um enunciado de sentido completo que estabelece comunicação. Tais regras e palavras são comuns aos membros de uma sociedade, assim, a língua pertence a toda comunidade. A fala, por sua vez, se concretizará a partir do uso que o falante faz da língua. No momento em que efetivamos o processo de comunicação o fazemos através da fala ou da escrita. Ao analisarmos a história da humanidade ou a nossa, podemos perceber que primeiro falamos e depois escrevemos. Adquirimos a fala naturalmente, porém a escrita nos é ensinada. Na fala, o significante é sonoro; e na escrita, é gráfico. Caro acadêmico, ao transmitirmos uma mensagem percebemos que a fala e a escrita adquirem algumas particularidades, não é mesmo? Quando falamos da importância da língua escrita, esta reside nas suas próprias características se comparada à língua falada. A língua oral possui diversos recursos, como entonação da voz, expressão fisionômica, gestos, além de ser mais espontânea. A escrita requer mais atenção, pois não é uma simples representação do que se fala. Em todas as línguas as pessoas escrevem e falam de maneira distinta, porém podemos efetivar a comunicação tanto num enunciado falado quanto em um escrito. Perceba que não escrevemos conforme falamos, nem falamos conforme escrevemos. O humorista Jô Soares, em uma entrevista à revista VEJA (1990), fez o seguinte comentário, "Português é fácil de aprender porque é uma língua que se escreve exatamente como se fala”. Ele brinca com a diferença entre a fala e a escrita, observe: Pois é. U purtuguêis é muinto fáciu di aprender, purqui é uma língua qui a genti iscrevi ixatamenti cumu si fala. Num é cumu inglêis qui dá até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é qui si iscrevi algumas palavras. Im purtuguêis não. É só prestátenção. U alemão pur exemplu. Qué coisa mais doida? Num bate nada cum nada. Até nu espanhol qui é parecidu, si iscrevi muinto diferenti. Qui bom qui a minha língua é u purtuguêis. Quem soubé falá sabi iscrevê. FONTE: <http://educacao.uol.com.br/portugues/lingua-escrita-e-oral-nao-se-fala-como-se- escreve.jhtm>. Acesso em: 6 ago. 2018. UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS 14 Na linguagem falada, especialmente em situações mais informais, temos menos planejamento que na escrita, pois podemos detectar se estamos sendo entendidos ou não. Então, a linguagem é mais espontânea, a coesão se dá por meio de gestos, entonação da voz, expressão fisionômica, entre outros. Há também a presença de elementos que mantêm a conversação aberta, como, por exemplo, “você entendeu?”, “está claro?”, “você concorda?”. Contudo, se pensarmos em um discurso mais formal, como o próprio pronunciamento de um presidente, ou a apresentação de um telejornal, ou a apresentação de um trabalho acadêmico, a linguagem apresentará um grau de planejamento bastante significativo. A modalidade escrita formal, como a produção dos seus textos acadêmicos, avaliações, textos empresariais, requer ainda mais planejamento. Marcuschi (2004), ao tratar da falae da escrita, explica que, embora normalmente sejam vistas de forma dicotômica, polarizadas, estão fortemente entrelaçadas. Nos gêneros mais planejados, como a apresentação e produção escrita de trabalhos acadêmicos, vemos que o planejamento linguístico é alto em ambas as situações, especialmente porque a escrita envolve, neste caso, também a oralidade. Em gêneros menos planejados, como os bilhetes, mensagem de Whatsapp e conversas orais, percebemos que a oralidade está influenciando não somente a fala, mas também a escrita. Por isso, a dicotomização da fala e escrita não tem sido aceita entre estúdios da linguagem. Apesar de a linguagem falada ser mais utilizada, na comunicação é a escrita que adquire maior importância para as teorias gramaticais, pois se considera que a última possui aspecto de maior permanência. Há um dizer dos antigos romanos: “verba volant; scripta manent”, que se traduz: “as palavras voam, aquilo que está escrito permanece”. Não há como negar que a língua escrita é mais bem elaborada que a língua falada, porque é a modalidade que mantém a unidade linguística de um povo e é a que faz o pensamento atravessar o espaço e o tempo. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será possível sem a língua escrita, cujas transformações se processam lentamente e em número consideravelmente menor, quando comparada com a modalidade falada (CASAGRANDE, 2016, p. 729). É importante compreendermos que a escrita NÃO é superior à fala, mas que ambas são modalidades distintas para a realização da língua, tanto em situações formais quanto informais. O contexto da escrita, contudo, é claramente diferente do contexto da fala, já que o autor precisa considerar o distanciamento físico do leitor no planejamento linguístico, a fim de buscar sua compreensão. TÓPICO 1 | LINGUAGEM: UM MEIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 15 Assim, a sintaxe da língua falada e da escrita se diferencia. Enquanto esta tem a possibilidade de planejar, corrigir e apresentar o resultado pronto fazendo com que o leitor não tenha acesso nem controle sobre o mecanismo de preparação do texto; aquela sucede orações sem a preocupação de estruturar as frases, o interlocutor se preocupa sempre em preencher vazios, o que resulta na presença de parênteses, correções, paráfrases, truncamentos, repetições, elipses, pausas, anacolutos, marcadores conversacionais, digressões (CASAGRANDE, 2016, p. 726). Depois de apresentadas algumas distinções entre as modalidades da língua, você, acadêmico, já está apto para diferenciá-las. Dispomos, na sequência, um texto sobre esse assunto. UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS 16 NO BOCHINCHO Manuel do Nascimento Vargas Neto Ao Rubens de Barcellos Huai-huin, huai-huin, huai-huin, hua-huaia-huin... O gaiteiro abre a gaita no bochincho... Por gostar de fandango foi que eu vim, Mas ‘stá apertado como queijo em cincho... Gaiteiro, toca um “chote” só pra mim, Pois ninguém “junta” no rincão que eu rincho! Quero ver se aqui tem algum micuim Que queira se meter como capincho... Veio o dono com parte de teteia, Já le traquei meu mango bem na ideia, Pois pra esparramar foi mesmo um upa! Dei um talho de adaga no gaiteiro Atravanquei um coice no candiero E levei uma china na garupa... FONTE: VARGAS NETO, Manuel do Nascimento. In: BERTUSSI, Lisana. De Simões Lopes Neto aos poetas da Califórnia. Porto Alegre: Tchê! Comunicações, 1985, p. 63. Na leitura acima, você deve ter identificado que, embora o texto esteja representado na modalidade escrita, possui traços da oralidade, como na própria escolha lexical: talho; china; capincho, só para citar alguns exemplos. Além disso, as escolhas morfológicas e sintáticas (como em “Atravanquei um coice no candiero” e “Já le traquei meu mango bem na ideia”) reforçam a intenção do autor em aproximar a oralidade da escrita com finalidades poéticas. Outros gêneros, em contrapartida, dificilmente aceitariam essa aproximação da oralidade com a escrita, como é o caso da produção de relatórios, avaliações, artigos, entre outros. LEITURA COMPLEMENTAR 17 Neste tópico, você aprendeu que: • Linguagem é o uso da língua para comunicar-se com os pares. • A linguagem humana é um processo complexo e está presente em diversas situações. • Língua refere-se ao conjunto de expressões e palavras que são usadas por um determinado povo. • A língua não é uniforme. • Não utilizamos somente um conjunto de palavras – faladas e escritas – para nos comunicar, mas também gestos, expressão fisionômica, entre outros elementos. • Faz-se necessário adequar a linguagem de acordo com os momentos de uso. • A comunicação é vital nas relações interpessoais. • A fala concretiza-se a partir do uso que o falante faz dela. • A linguagem verbal é aquela que utiliza palavras para efetivar o ato comunicativo. • A linguagem não verbal é aquela que não utiliza palavras, efetiva-se através de gestos, cores, sinais e imagens. • A linguagem não verbal não é menos importante que a verbal e, portanto, complementam-se. • A linguagem escrita tende a apresentar maior preocupação com as regras gramaticais e a coerência da mensagem por não dispor da negociação de sentidos simultânea que costuma ocorrer na fala durante conversas face a face, por exemplo. • Na linguagem oral menos planejada, a comunicação ocorre de forma mais espontânea e está acompanhada da entonação de voz, expressão fisionômica e gestos. Além disso, o uso de repetições é mais frequente, enquanto na linguagem escrita deve ser evitado. • Não falamos conforme escrevemos. Não escrevemos conforme falamos. • A fala antecede a escrita. RESUMO DO TÓPICO 1 18 1 Leia o excerto de texto apresentado a seguir, produzido pela Equipe IBC Coaching, em 15 de abril de 2013, intitulado A importância da comunicação interpessoal nas empresas. “A efetiva comunicação interpessoal nas empresas é um dos itens fundamentais para o sucesso de líderes, liderados e o alcance dos resultados planejados pela organização. Imagine um “chefe” que não consegue ser entendido, pois não sabe dar ordens ou explicar, de forma clara, a finalidade de uma ação, projeto, compartilhar seus conhecimentos ou dar um feedback. Com certeza, os colaboradores sob sua tutela terão dificuldades de entender as tarefas e executá-las com exatidão”. FONTE: <http://www.administradores.com.br/noticias/negocios/a-importancia-da- comunicacao-interpessoal-nas-empresas/74968/>. Acesso em: 12 jun. 2018. Elabore, com suas palavras, um comentário sobre a temática: A importância da comunicação nas relações interpessoais. Procure relacionar seu comentário com a compreensão de linguagem construída ao longo de seus estudos até o momento. 2 Sobre a presença de linguagem verbal e não verbal em seu cotidiano, indique uma situação de ocorrência para cada. 3 Sobre a linguagem escrita e a linguagem oral, aponte três particularidades de cada. AUTOATIVIDADE LINGUAGEM ESCRITA LINGUAGEM ORAL 19 TÓPICO 2 COMUNICAÇÃO: PROCESSOS E ELEMENTOS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Vive-se num mundo globalizado, recheado de situações incertas. A sociedade é caracterizada pelo ritmo frenético das mudanças, seja por uma nova geografia (ou nova geopolítica) ou pela acelerada integração das mídias. E, neste contexto, a comunicação tem seu valor. E só poderão fazer o diferencial as empresas e/ou instituições que aprenderem a se comunicar, a trabalhar de forma interligada, somando forças e gerando o “saber fazer” na sua equipe. Condição essencial para que os resultados se aperfeiçoem e se transformem num diferencial, visto que se vive numa época em que a competitividade é demasiadamente acirrada em qualquer organização. É preciso reconstruir o cenário em que estas modificações ocorrem porque, na verdade, a comunicação funciona como um ícone que liga diferentes culturas e tendências. Tentar situá-la à revelia deste contexto – amplo e complexo – implica esvaziar o seu conteúdo e o seu poder de persuasão.Convidamos você, acadêmico, a explorar o vastíssimo campo da comunicação em seus variados aspectos. Temos ainda por objetivo estudar a questão da comunicação e os diversos conceitos que a envolvem, além de refletir sobre os elementos que a completam. Faremos, também, algumas reflexões sobre a sua importância nas relações interpessoais como num todo. 2 O PAPEL DA COMUNICAÇÃO NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS A capacidade comunicativa não é privilégio dos seres humanos; ela é bastante complexa e pode ser encontrada em outros momentos da vida animal, nas aves, nos peixes, nos mamíferos e outros. Em sua etimologia, Marques de Melo (1975, p. 14) lembra que “[...] comunicação vem do latim ‘communis’, comum. O que introduz a ideia de comunhão, comunidade”. Se falamos em “processo de comunicação”, cabe também uma rápida verificação no termo “processo”. Berlo (1991, p. 33) o descreve como “[...] qualquer fenômeno que apresente contínua mudança no tempo”, ou “qualquer operação ou tratamento contínuo”. UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS 20 Entendê-lo implica relacioná-lo com a linguagem, a cultura e a tecnologia. Quanto à linguagem, Tattersall (2006, p. 73) afirma que “[...] se estamos procurando um único fator de liberação cultural que abriu caminho para a cognição simbólica, a invenção da linguagem é a candidata mais óbvia”. Quanto à cultura e tecnologia, nos parece essencial concordar com Mayr (2006, p. 95) ao sugerir que “Uma pessoa do século XXI vê o mundo de maneira bem diferente daquela de um cidadão da era vitoriana” e que “Essa mudança teve fontes múltiplas, em particular os incríveis avanços da tecnologia”. Souza Brasil (1973, p 76), mais ousado, enxerga a cultura como subordinada à comunicação. E sabe-se que um subordinado, geralmente, identifica-se com o seu superior. Logo, caro acadêmico, podemos dizer que comunicação é uma ação pela qual os indivíduos trocam entre si informações, sentimentos ou experiências. É através dela, por exemplo, que podemos alcançar sinergia dentro de uma organização, visto que ela nos permite unir forças e atuar de maneira a cooperar e colaborar obtendo resultados positivos por meio do trabalho em equipe. Quando nos comunicamos partilhamos algo e, por este ato de compartilhar ou comunicar, conhecemos e somos conhecidos. E, se somos conhecidos e conhecemos, estamos vivendo em relação, por isso a qualidade da nossa existência humana depende, e muito, de nossos relacionamentos. A comunicação não pode ser confundida com a simples transmissão unilateral de informações. A comunicação humana exige a participação, no mínimo, de duas pessoas. Assim, ela só existe quando se estabelece entre mais de uma pessoa. Quando há um bloqueio, a mensagem não é captada e a comunicação é interrompida, pois, “[...] se um indivíduo fala e ninguém ouve, o processo da comunicação humana não se completou” (PENTEADO, 1977, p. 5). Existindo esse problema, a diferença de significado do que foi captado de uma mensagem e o que o transmissor queria exatamente dizer é o ícone que pode atrapalhar o elo comunicativo. Acredita-se, acadêmico, que praticamente todas as relações humanas e interpessoais abrangem a comunicação, pois ela é um veículo de significados que pode influenciar, inclusive, nossos comportamentos. Vamos entender melhor? Cada pessoa produz significados próprios diante dos acontecimentos ou das mais variadas situações e, ao expressá-los, acrescenta algo de sua personalidade, por isso os significados que damos às experiências são desfigurados, enriquecidos ou empobrecidos através da comunicação. A comunicação nas relações interpessoais pode ser entendida de uma forma mais simplificada, como sendo uma atividade caracterizada pela transmissão e recepção de informações entre indivíduos ou, ainda, como o modo pelo qual TÓPICO 2 | COMUNICAÇÃO: PROCESSOS E ELEMENTOS 21 se constroem e se interpretam significados a partir das trocas de experiências. Enfim, o processo de comunicação é marcado por um procedimento resultante de uma interação social. Então, caro acadêmico, só há comunicação quando, de alguma forma, o conteúdo da mensagem é interpretado e internalizado pelo receptor, ou seja, quando é notada uma resposta em decorrência da mensagem. Enviar um e-mail ou deixar uma mensagem gravada no celular, por exemplo, não representa exatamente o comunicar, mas, sim, transmitir uma informação. Só haverá uma comunicação completa se, de alguma forma, o receptor indicar ao emissor que recebeu a informação que lhe foi emitida. E isso só acontecerá quando uma nova ação desencadeie significação, ou seja, um sinal de retorno for identificado. A linguagem é um elemento essencial para que o processo de interação aconteça, pois é a partir do significado dos sinais que as pessoas atribuem sentido às atividades. Desse modo, o processo de comunicação implica retorno ou feedback para as interações sociais. O resultado da comunicação pode ser aquele que o emissor pretendia (ou não). Se for o que pretendia, houve comunicação eficaz. E, como processo interativo de troca de mensagens, o emissor atua sempre simultaneamente com o receptor e vice-versa. ATENCAO Afinal, você sabe o que é feedback? É uma palavra de origem inglesa, que já pertence ao nosso idioma, isto é, ela foi aportuguesada e, segundo o Dicionário Houaiss 2009, significa a informação que o emissor (o que envia a mensagem) obtém da reação do receptor, e que serve para avaliar os resultados da transmissão. No entanto, os significados atribuídos a uma mensagem dependem das características pessoais de quem a envia, de quem a recebe e do contexto da interação social. A cada mensagem o receptor agrega determinado significado, o qual poderá ou não corresponder à intenção do emissor. Assim, constata-se que a comunicação tem um procedimento imperfeito, dependendo do grau de eficácia com as variáveis que intervêm na interpretação de significados. Nas relações interpessoais, a comunicação está, também, atrelada aos movimentos corporais que podem exprimir o positivo ou o negativo do que se sente em relação ao outro. Os gestos que desenvolvemos podem transmitir muitas informações, principalmente relativas ao nível social, à competência, à segurança e à franqueza. Entretanto, acredita-se que a maior barreira para a comunicação interpessoal é a nossa tendência automática de julgar, avaliar, aprovar ou não o comportamento ou a opinião de outra pessoa ou de um grupo. UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS 22 Então, acadêmico, você acredita que existe alguma maneira de solucionar ou amenizar essa barreira? Certamente há! Quando ouvimos com atenção, essa tendência é minimizada. Isto significa que devemos analisar e avaliar a ideia expressa e a atitude de interpretação da outra pessoa, devemos perceber como ela se posiciona diante do assunto do qual se está falando. Você precisa ser capaz de ver o ponto de vista do outro, assim os seus próprios conceitos serão reavaliados. Agindo desta maneira, a emoção não será mais o ápice da discussão, as diferenças serão diminuídas e aquelas que permanecerem serão racionalmente compreensíveis, e a comunicação se estabelecerá. Assim, a clara e efetiva comunicação é, absolutamente, essencial para os relacionamentos de qualquer ordem como muitas outras realizações humanas. Comunicar-se bem e de forma favorável é uma questão de prática diária. A falta ou deficiência de comunicação nos relacionamentos, sejam pessoais, profissionais ou sociais pode afetar em níveis variados todas as áreas da vida ou ocasionar muito desgaste e até angústia. Praticar a arte da boa comunicação é muito valioso: é, acima de tudo, agregar maturidade pessoal que trará bons resultados para muitos segmentos de sua vida. 2.1 TIPOS DE COMUNICAÇÃO Caro acadêmico, vimos a importância da comunicação para a sobrevivência de uma organização e/ou instituição, mas, paraque esta tenha sucesso, é necessário que os tipos de comunicação sejam entendidos com atenção, pois, como você já estudou até aqui, a comunicação é um processo de interação no qual compartilhamos mensagens, ideias, sentimentos e emoções, podendo influenciar o comportamento das pessoas que, por sua vez, reagirão a partir de suas vivências, crenças, valores, história de vida e cultura. Por isso, a eficácia da interpretação não pode ser garantida, embora possa haver planejamento para auxiliar esse processo. No cotidiano profissional utilizamos a comunicação para o desempenho de nossas atividades, o que nos traz muitos benefícios se seu uso for consciente, pois a boa comunicação tende a facilitar o alcance dos nossos objetivos, independente da área em que atuamos. Assim, você pode notar que existem vários tipos de comunicação. Ela pode ser direta, indireta, formal ou não, unilateral ou bilateral. Vamos observar alguns conceitos: A comunicação formal é uma transmissão oficial feita através das vias de diálogo que existem no organograma de uma empresa e/ou instituição. Geralmente é feita por escrito e devidamente documentada através de correspondências ou formulários (GOMES; CARDOSO; DIAS, 2010). TÓPICO 2 | COMUNICAÇÃO: PROCESSOS E ELEMENTOS 23 Já a comunicação informal é a desenvolvida espontaneamente através da estrutura sem formalidades e fora dos canais de comunicação estabelecidos pelo organograma de uma empresa e/ou instituição. Segundo Gomes, Cardoso e Dias (2010), esta conduz mensagens que podem ou não ser relativas às atividades profissionais. Através dela, pode-se conseguir mais rapidamente mensurar opiniões e insatisfações dos colaboradores, ao ter uma ideia mais ampla do clima organizacional e da reação das pessoas aos processos de mudança. Quando pensamos na comunicação unilateral, temos que ter em mente que é estabelecida de um emissor para um receptor, e este último é passivo. Pertencem a este grupo os locutores de uma rádio, da televisão, o cartaz de parede com mensagens publicitárias e de propaganda ou aquele que pronuncia uma palestra ou um discurso (GOMES; CARDOSO; DIAS, 2010). A comunicação bilateral exige reciprocidade entre o emissor e o receptor. É o que acontece nas conversas, nos diálogos, nas entrevistas, enfim, onde há uma troca de mensagens. Este tipo de comunicação permite que se estabeleça, entre emissor e receptor, uma troca de papéis (GOMES; CARDOSO; DIAS, 2010). Existe ainda a comunicação direta, na qual duas ou mais pessoas estão cientes do que se quer fazer em comum; está muito claro o que se pretende. A comunicação indireta pode ser definida como a que o emissor está consciente do que pretende, embora o receptor não o esteja. Neste tipo de comunicação há a persuasão, que influi no pensamento do outro sem que este perceba. IMPORTANT E Há de se considerar que a utilização dos diversos tipos de comunicação em uma empresa e/ou instituição não garante a sua eficácia. Portanto, antes de iniciar um comunicado, é sensato perguntar-se: • O que e a quem quero comunicar? • Que causas e finalidades tenho ao transmitir este conteúdo? • Este conteúdo é justo para que eu consiga persuadir o receptor? Partindo destas questões, observe o esquema a seguir, elaborado por Harold Lasswell (1902-1978), que representa o ato comunicativo. UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS 24 FIGURA 15 – ESQUEMA LINEAR DE COMUNICAÇÃO DE LASSWELL • Emissor • Estudo da produção • Mensagem • Análise de conteúdo • Meio • Análise da mídia • Receptor • Análise da audiência • Efeitos • Estudo dos Efeitos FONTE: <http://raquelcamargo.com/blog/wp-content/uploads/2010/08/midia.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018. A diretora-geral de informação da Agência Angola Press (ANGOP), Luísa Damião, afirmou em entrevista à Rádio Luanda em 30 de março de 2010 que “o uso correto da comunicação, através da transmissão de mensagens adequadas e eficazes, é capaz de promover mudanças de atitudes na sociedade”. NOTA Caro acadêmico, existem alguns elementos que são fundamentais para que haja comunicação. Assim, podemos afirmar que estes elementos, na maioria das vezes, são utilizados sem que nós percebamos, alguns, porém, são identificados, pois sem eles não haveria como comunicar-se. Quer saber como? É o que veremos a seguir. 3 ELEMENTOS DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO Nas diversas situações de comunicação, seja falada, escrita ou até mesmo nos sinais de trânsito, você está interagindo com o mundo e com os demais a sua volta. Assim, o ato comunicativo, às vezes, é muito sutil, mas sempre engloba alguns elementos básicos, tais como: emissor, receptor, mensagem, canal de comunicação, código e referente. 3.1 EMISSOR É o remetente, ou seja, o que envia uma mensagem, e pode ser uma pessoa ou um grupo, um órgão, uma empresa, um canal de televisão, um site na internet e assim por diante. Em conformidade com Penteado (1977, p. 4): Ninguém se comunica consigo mesmo. O clássico exemplo do faroleiro ilustra esse princípio: – Na solidão em que vive, o processo da comunicação humana somente se completa quando o facho de luz TÓPICO 2 | COMUNICAÇÃO: PROCESSOS E ELEMENTOS 25 – transmissor – atinge o navio que passa – receptor. Enquanto o facho de luz não é percebido de bordo, não existe comunicação humana. Cabe, ainda, lembrar que geralmente o emissor analisa o nível de conhecimento de seu público-alvo antes de emitir uma mensagem. 3.2 RECEPTOR É o destinatário da mensagem, isto é, para quem a mensagem foi ou será enviada. Pode ser para uma pessoa ou para um público-alvo, ou ainda um animal ou uma máquina, como o computador. 3.3 MENSAGEM “É o objeto de comunicação, ela é estabelecida pelo conteúdo das informações transmitidas. A mensagem é o elo dos dois pontos do circuito; é o objeto da comunicação humana e sua finalidade” (PENTEADO, 1977, p. 5). Chamamos ainda de mensagem o que o emissor transmite e o que o receptor recebe. 3.4 CANAL DE COMUNICAÇÃO Meio pelo qual a mensagem pode circular: jornal, revista, televisão, rádio, folheto, folder, outdoor e o próprio ar. Concordamos com Penteado (1977, p. 5) quando menciona o exemplo: “Suponhamos que alguém – o receptor – encontre uma garrafa numa praia deserta e que dentro dessa garrafa exista uma mensagem [...]”. Nesta situação, percebemos um canal de comunicação, pois o mesmo cumpriu seu papel, que é o de transportar uma mensagem. 3.5 CÓDIGO O código é o meio através do qual a mensagem é transmitida, isto é, através da fala, da escrita, dos gestos ou das imagens. De acordo com Penteado (1977, p. 5), “[...] um pedaço de papel coberto de garatujas não é uma mensagem, porque é ininteligível, não pode ser percebido pela inteligência”. Em suma, pode-se dizer que é o conjunto de elementos com significado aceitos pelo emissor e receptor. UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS 26 Garatujas correspondem a um desenho rudimentar, sem forma e ilegível. NOTA 3.6 REFERENTE O referente é o contexto ou a situação a que a mensagem remete ou ainda é a situação na qual emissor e receptor estão inseridos. Assim, a linguagem irá adquirir diversas funções, como a de emocionar, informar, persuadir, fazer refletir, entre outras. Existem dois tipos de referente: o situacional, formado pelos elementos que situam o emissor e o receptor e pelas circunstâncias da transmissão da mensagem; e o textual, formado pelos elementos de todo o contexto linguístico. Agora que você conhece os elementos da comunicação, veja como eles podem ser representados observando o esquema a seguir: FIGURA 16 – ESQUEMA DA COMUNICAÇÃO Emissor Receptor Código Referente Canal de Comunicação Mensagem FONTE: <https://www.coladaweb.com/wp-content/uploads/linguagem_2.JPG>. Acesso em: 6 ago. 2018. É importante ressaltar, portanto, que a comunicação deve ser simples, direta, lógica e adaptada ao público-alvo, pois só se sabe verdadeiramenteo que se disse depois de ouvir a resposta ao que se disse. Para que isto aconteça, o emissor deve ser um bom observador e ouvinte; a mensagem deve ser clara, precisa e com uma informação de retorno, já que a comunicação serve para informar, persuadir, motivar, educar, integrar os indivíduos na sociedade, distrair, divertir e muito mais. TÓPICO 2 | COMUNICAÇÃO: PROCESSOS E ELEMENTOS 27 4 BARREIRAS A UMA COMUNICAÇÃO EFICAZ Conforme vimos, se analisarmos o ato da comunicação, vale ressaltar que ela é um tanto dificultada já entre pessoas próximas, com laços afetivos, pois há uma tendência de dispensar tolerância, paciência e cuidado com o que vai ser falado ou ouvido. Em uma instituição ou empresa, onde a afetividade é praticamente imperceptível ou, por muitas vezes, inexistente, conclui-se que a comunicação tende a ser ainda mais complexa. Entretanto, Pimenta (2004), com um ponto de vista adverso, diz que a neutralidade e a racionalidade, características do ambiente empresarial, tendem a facilitar a comunicação, uma vez que as emoções e a passionalidade, às vezes exageradas das relações familiares, podem servir como empecilhos. Em muitas situações, os deslizes que suscitam esses problemas são involuntários, os indivíduos os cometem sem perceber, seja por uma questão de hábitos adquiridos ou por referências culturais e familiares. É imprescindível pensar bem antes de falar, agir e ter sempre em mente que, em uma empresa ou instituição, as opiniões e percepções serão sempre suscetíveis a discussões e confusão, principalmente quando se trabalha com grupos heterogêneos. Vamos conhecer alguns tipos de barreiras que podem gerar falhas à boa comunicação? Vejamos: • A distração é um elemento de alta capacidade de embaralhar a recepção correta de uma informação, é uma ligação inesperada. • A presunção não enunciada acontece quando o emissor pressupõe que o receptor já saiba o significado, porém não o sabe, assim as informações são perdidas. • A apresentação confusa é a falta de ordem e coerência que dificultam o entendimento das informações. • A representação mental pode causar confusão, pois o receptor obtém os dados e constrói uma imagem do que está sendo dito. Uma voz carinhosa, por exemplo, chama a atenção do receptor, o que pode distorcer a mensagem. • A credibilidade, que é a autoridade das pessoas, tem um peso muito grande na hora do recebimento de uma informação. • A distância física é a probabilidade decrescente de as pessoas se comunicarem quando a distância é significativa entre elas. • A defensidade acontece quando temos um conceito sobre o emissor e a defensiva impede a comunicação. • A limitação do receptor, que é o grau cultural ou a forma de encarar situações e os interesses que temos, limita a capacidade de entender o que é proposto. Diante do exposto, ainda pode-se acrescentar um último tipo de barreira que efetivamente dificulta a condição de uma boa comunicação, a autossuficiência. E podemos concordar com Penteado (1977, p. 71) quando diz: “Para a comunicação UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS 28 humana, a autossuficiência, com todas as suas consequências, significa obstáculo por vezes intransponível: é impossível para qualquer pessoa começar a aprender o que ela julga que já sabe. O sucesso do aprendizado depende da disposição em se admitir que não se sabe”. Quem tem autossuficiência é autossuficiente. Afinal, caro acadêmico, você sabe o que é ser uma pessoa autossuficiente? Autossuficiente é aquele que tem a capacidade de viver sem depender de outrem; independente, ou capaz de atender às próprias necessidades de consumo, sem necessitar de recorrer à importação de produtos. FONTE: <https://www.dicio.com.br/autossuficiente/>. Acesso em: 6 ago. 2018. NOTA Nos próximos subtópicos veremos com mais detalhamento alguns tipos de barreiras que podem gerar falhas à boa comunicação. 4.1 REDUNDÂNCIA A redundância na comunicação acontece quando o emissor transmite uma informação repetindo-a, quando poderia utilizar uma linguagem mais clara e objetiva. Utilizar positivamente este artifício é um dos maiores desafios de quem almeja ser um bom comunicador. Se você prestar atenção, muitas informações retratam redundâncias sintáticas, quando falamos “subir para cima”, por exemplo; redundâncias gestuais, quando apontamos o polegar para cima para dizer positivo, ou redundâncias tonais, quando exclamamos: “Estou morto de fome!”, entre outras. Por vezes, a redundância se faz necessária para que uma mensagem mostre perceptibilidade, como também para nos livrarmos de possíveis ruídos. Bem, estes você estudará logo mais. Pode-se dizer, então, que redundância é toda a parte da mensagem que não traz nenhuma informação nova, isto é, refere-se a um excesso ou a um pleonasmo. A redundância se associa à contenção da informação. Na comunicação cotidiana a encontramos na união dos gestos com a fala. Então, quando dizemos “nós estamos aqui”, poderíamos apenas falar “estamos aqui”. TÓPICO 2 | COMUNICAÇÃO: PROCESSOS E ELEMENTOS 29 Ei, você lembra o que é pleonasmo? O pleonasmo pode ser tanto uma figura quanto um vício de linguagem. Ele é uma redundância, proposital ou não, numa expressão, enfatizando-a. Não se preocupe, adiante você encontrará uma explicação completa, ok? NOTA 4.2 RUÍDO De modo mais informal, o ruído ou a interferência é tudo o que afeta a transmissão da mensagem. São fatores que surgem ou que se colocam entre o emissor e o receptor no processo de comunicação. “A interferência ou ruído é criado por todos os fatores que, embora não pretendidos pela fonte, acrescentam-se ao sinal durante o processo de transmissão” (RÜDIGER, 1998, p. 21). Se você falar em voz muito baixa, se efetuar erros de codificação, se você estiver nervoso, se faltar com a atenção, se faltar energia elétrica, se manchar o papel que contém a informação, certamente ocorrerão ruídos num contexto de comunicação. Para que todas essas informações fiquem claras, observe o esquema a seguir: FIGURA 17 – ESQUEMA DE RUÍDO NA COMUNICAÇÃO FONTE: As autoras Emissor Receptor Ruído Mensagem UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS 30 O bom senso é palavra de ordem dentro das relações comunicativas profissionais. Para tanto, cabe a cada um a constante autoanálise em relação ao comportamento e à postura diante do grupo e das situações comunicativas que exercemos. Caro acadêmico, após esta etapa de estudos, quando você se comunicar, tente minimizar as barreiras para uma comunicação eficaz. E para tanto, observe algumas dicas: • utilize uma linguagem apropriada e direta; • forneça informações claras e completas; • use canais múltiplos para estimular os vários sentidos do receptor; • comunique-se face a face; • ouça ativamente; e • tenha empatia. Para você visualizar como a comunicação funciona, observe o esquema de Shannon e Weaver: FIGURA 18 – O MODELO DE SHANNON-WEAVER DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO Fonte de Informação Transmissor Canal Receptor Destino Mensagem MensagemSinal Sinal Fonte de Ruído Feedback FONTE: Adaptado de <http://www.ceismael.com.br/oratoria/shannon.gif>. Acesso em: 6 ago. 2018. DICAS Para você aprofundar seus conhecimentos em relação à comunicação e sentir- se mais autoconfiante nesse processo, leia: RIBEIRO, Lair. Comunicação global: a mágica da influência. Rio de Janeiro: Objetiva, 1993. Você vai aprender muito numa leitura divertida e de fácil acesso! 31 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • A comunicação não pode ser confundida com a simples transmissão unilateral de informações, ela só existe quando se estabelece entre duas ou mais pessoas. • Todas as relações humanas e interpessoais abrangem a comunicação, pois ela é um veículo de significados que pode, inclusive, influenciar nossos comportamentos. • A comunicação nas relações interpessoais pode ser entendida, de uma forma maissimplificada, como uma atividade caracterizada pela transmissão e recepção de informações entre indivíduos. • A comunicação formal é a comunicação oficial endereçada através dos canais de diálogo existentes no organograma de uma empresa ou de uma instituição. • A comunicação informal é aquela desenvolvida espontaneamente através da estrutura sem formalidades e fora dos canais de comunicação. • Há seis elementos no processo de comunicação, que são: o emissor (remete a informação); o receptor (o destinatário da mensagem); a mensagem (o objeto de comunicação); o canal de comunicação (o meio pelo qual a mensagem pode circular); o código (o meio através do qual a mensagem é transmitida) e o referente (o contexto, a situação e os objetos reais a que a mensagem remete). • A comunicação precisa ser simples, direta, lógica e adaptada ao público-alvo, pois só se sabe verdadeiramente o que se disse depois de ouvir a resposta ao que se disse, o chamado feedback. • A redundância acontece quando o emissor transmite uma informação repetindo-a, em vez de transmiti-la com clareza. • O ruído ou a interferência é tudo o que afeta a transmissão de uma mensagem. 32 1 Duas pessoas conversam ao telefone celular. A pessoa que está ouvindo, porém, não consegue entender o que a outra está dizendo, pois o seu aparelho apresenta um pequeno defeito. O ruído, neste processo de comunicação, está no: a) ( ) Código. b) ( ) Canal. c) ( ) Emissor. d) ( ) Receptor. e) ( ) Mensagem. 2 Observe e responda: AUTOATIVIDADE FIGURA 19 – CALVIN CONVERSA POR TELEFONE FONTE: <https://escolakids.uol.com.br/public/upload/image/calvin-e-haroldo(1).jpg>. Acesso em: 31 out. 18. A tirinha ilustra elementos do processo de comunicação que você já estudou. Com base no que foi visto, e com relação à tirinha, julgue os itens a seguir: I- A voz da personagem Calvin é um canal de comunicação. II- A personagem Calvin desempenha o papel de emissor da mensagem. III- A forma como o diálogo por telefone se desenvolveu indica que houve um ruído no processo de comunicação. IV- Os elementos fonte, código, canal, estão presentes na tirinha. Estão corretos apenas os itens: a) ( ) I e III. b) ( ) I e IV. c) ( ) II e III. d) ( ) II e IV. e) ( ) III e IV. 3 Diga quais são as barreiras para uma comunicação eficaz e explique-as. Oi, Eu, Calvin! Como vai ? .UH HUH... Belo dia lá fora, Não? ... YEP... Ouça, eu suponho que você deve estar pensando por que eu liguei... 33 TÓPICO 3 A LINGUAGEM E SUAS PARTICULARIDADES UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Abordamos no Tópico 1 que a linguagem possui peculiaridades. A língua é de domínio público, pertence a todos os membros de uma comunidade, e concretiza-se por meio do uso individual da fala, ou seja, cada falante a utiliza conforme as suas necessidades de comunicação, seu grau de escolaridade, sua faixa etária, ou sua região na qual reside, daí a dizer que a língua possui variedades. Você, ao imitar alguém, já acabou por reproduzir algumas palavras que são características da pessoa imitada? Podemos dizer que a diversidade dessa utilização ocorre devido a inúmeros fatores ou níveis, assunto a ser abordado neste tópico. 2 NÍVEIS DE LINGUAGEM Uma das variantes a ser estudada diz respeito aos níveis de linguagem. No processo de comunicação torna-se imprescindível que o falante (emissor) faça a seleção das variantes da língua, ou seja, as formas adequadas para cada situação, considerando alguns aspectos, tais como: o que dizer, para quem dizer, em que lugar e como dizer. DICAS Ao considerar os aspectos “o que dizer, para quem dizer, em que lugar e como dizer”, você já está realizando seu planejamento textual. Acesse o portal UOL para conferir mais dicas de planejamento textual para suas produções escritas: <https://alunosonline.uol. com.br/portugues/dicas-para-planejar-sua-redacao.html>. A partir disso, analisaremos distintos níveis de linguagem. Vamos conhecer quais são e em que momento utilizar cada um? 34 UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS 2.1 NÍVEL CULTO OU FORMAL Em situações formais, como o próprio nome sugere, esse nível de fala é utilizado pelas pessoas escolarizadas. A linguagem culta deve ser utilizada pelos meios de comunicação escrita, como jornais, revistas, livros etc. O nível culto se caracteriza pelo uso mais apurado do vocabulário e o cuidado com as regras gramaticais. Em situações de cerimônia, deve ser usada a linguagem formal. O fragmento a seguir apresenta linguagem em nível formal. A memória paulista está em risco. Um levantamento inédito produzido pelo Sistema Estadual de Museus (SISEM), órgão ligado à Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, mostra que 86% dos 415 museus paulistas têm, ao menos, um problema grave. Faltam políticas de conservação do acervo, cuidados de climatização, reservas técnicas, funcionários e, em alguns casos, visitantes – porque há instituições fechadas ao público. O diagnóstico mostra a situação em que se encontram documentos e peças importantes para a história de São Paulo. Se bem utilizado [o levantamento], pode indicar quais medidas urgentes devem ser tomadas pelos responsáveis pelos museus. FONTE: <http://noticias.r7.com/sao-paulo/noticias/86-dos-museus-paulistas-tem- problemas-20110918.html>. Acesso em: 6 ago. 2018. 2.2 NÍVEL INFORMAL A espontaneidade é característica presente neste nível de linguagem. No dia a dia, em situações informais, as pessoas não estão atentas ao que é certo ou errado, segundo a linguagem padrão. Elas se comunicam com maior liberdade e necessitam, muitas vezes, de agilidade na transmissão da mensagem. Geralmente, nos diálogos encontramos exemplos da linguagem coloquial. O texto que segue O Poeta na Roça, de Patativa do Assaré, reproduz o nível informal. Observe: O poeta da roça Sou fio das mata, cantô da mão grossa, Trabaio na roça, de inverno e de estio. A minha chupana é tapada de barro, Só fumo cigarro de paia de mio. Sou poeta das brenha, não faço o papé De argum menestré, ou errante cantô Que veve vagando, com sua viola, TÓPICO 3 | A LINGUAGEM E SUAS PARTICULARIDADES 35 Cantando, pachola, à percura de amô. Não tenho sabença, pois nunca estudei, Apenas eu sei o meu nome assiná. Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre, E o fio do pobre não pode estudá. Meu verso rastero, singelo e sem graça, Não entra na praça, no rico salão, Meu verso só entra no campo e na roça Nas pobre paioça, da serra ao sertão. Só canto o buliço da vida apertada, Da lida pesada, das roça e dos eito. E às vez, recordando a feliz mocidade, Canto uma sodade que mora em meu peito. Eu canto o caboco com suas caçada, Nas noite assombrada que tudo apavora, Por dentro da mata, com tanta corage Topando as visage chamada caipora. Eu canto o vaquero vestido de coro, Brigando com o toro no mato fechado, Que pega na ponta do brabo novio, Ganhando lugio do dono do gado. Eu canto o mendigo de sujo farrapo, Coberto de trapo e mochila na mão, Que chora pedindo o socorro dos home, E tomba de fome, sem casa e sem pão. E assim, sem cobiça dos cofre luzente, Eu vivo contente e feliz com a sorte, Morando no campo, sem vê a cidade. Cantando as verdade das coisa do Norte. FONTE: ASSARÉ, Patativa do. Cante lá que eu canto cá. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1984, p. 20-21. De acordo com Travaglia (1996), a língua escrita e a oral apresentam cada uma um conjunto próprio de variedades de grau de formalismo. As variedades de grau de formalismo da língua escrita apresentam uma tendência para maior regularidade e geralmente maior formalidade que as da língua falada, todavia, importa lembrar que em cada caso existe uma mesma relação entre os níveis de grau de formalismos propostos para a língua falada e para a escrita. É necessário lembrar que não é válida a distinção que frequentemente encontramos enunciada 36 UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS por professores de que a língua falada seria
Compartilhar