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3-Resumo de Síndromes Renais

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Resumo de Síndromes Renais 
Semiologia - 3ª Prova 
Matheus Felipe Wu - Medicina - FURG - ATM 2022 
 
Fonte: Aula e slides da Profa. Alessandra Coelho Dziekaniak 
 Resumo da Laura Barbon (ATM 2021) 
 Transcrição da Juliane Costa Bonício (ATM 2019) 
 
Considerações iniciais 
As síndromes relacionadas aos rins são as seguintes: 
1- Doença renal crônica 
2- Injúria renal aguda 
3- Glomerulonefrites: síndrome nefrítica e síndrome nefrótica 
4- Pielonefrite 
5- Nefrolitíase (não foi dado) 
 
 
 
1) Doença Renal Crônica 
1.1) Conceito 
Patologicamente dizendo, é a ​perda permanente dos néfrons​, o que determina declínio 
progressivo da função renal. 
Clinicamente dizendo, é a presença de ​anormalidade renal​ ​ou alteração da filtração 
glomerular,​ ​por mais de 3 meses​. Irreversível e de evolução progressiva. 
- Alteração da filtração glomerular: ​é a diminuição da taxa de filtração glomerular 
(TFG menor que 60ml/min/1,73m²). 
- Anormalidade renal: ​são alterações nos exames complementares - albuminúria 
(30mg/dia); sedimento alterado (cilindro, hemácia dismórfica); eletrólitos alterados 
(principalmente Na+ e K+); anormalidades patológicas; anormalidades de imagem 
(hidronefrose, hipoplasia, perda da diferenciação córtico-medular); transplante. 
 
Em resumo: doença renal crônica é a ​evolução para insuficiência renal crônica​, ou seja, 
rim não funcionar devidamente, devido a uma perda permanente de néfrons. É percebida 
clinicamente quando TFG<60ml/ml ou quando há anormalidades renais nos exames 
complementares - ambos por mais de 3 meses. 
 
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1.2) Causas de doença renal crônica 
Sempre pensar em causas crônicas​, uma vez que a perda dos glomérulos acontece 
progressivamente (logo, o que causou a doença renal foi algo por muito tempo). 
● Diabetes​: nefropatia diabética (40%) 
● Hipertensão arterial sistêmica​: nefroesclerose hipertensiva (30%) 
● Glomerulonefrite crônica​: inflamação dos glomérulos por muito tempo. 
● Doença renal policística​: doença genética em que tecido renal é substituído por 
cistos líquidos 
● Doenças dos colágenos: ​lúpus eritematosos sistêmica (LES), vasculite. 
 
1.3) Manifestações clínicas da doença renal crônica 
As manifestações clínicas são pobres (por isso dependemos tanto de exames 
complementares quando se fala em síndromes renais). 
Sintomas: aparecem quando há mais de 85% da função renal comprometida. 
● Anemia 
● Hipercalemia 
● Acidose metabólica 
● Hipervolemia 
● Sangramentos 
● Atrito pericárdico 
● Náuseas e vômitos 
● Confusão mental ou agitação 
● Uremia ou Síndrome urêmica: adinamia, anorexia, prurido, náuseas e vômitos, 
alteração do sensório. 
 
1.4) Evolução da doença renal crônica (CKD em inglês) 
 
O paciente com doença renal crônica provavelmente passou pelos seguintes estágios: 
a) Normal com fatores de risco: HAS e diabetes 
b) Persistiu com os fatores de risco por anos, aumentando os riscos 
c) Doença renal crônica: diagnosticada pela TFG diminuída (<60ml/min/1,73m²) 
d) Com a evolução da doença: insuficiência renal (falência total) 
e) Se não tratar: morte. 
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O desfecho da doença renal crônica é pobre: afeta a qualidade de vida do paciente e tem 
alta taxa de mortalidade.​ Risco de complicações não renais (ex: edema agudo pulmonar 
por acúmulo de líquido ou doença cardiovascular). 
 
Obs.: Estágios da doença renal crônica 
 
● Estágio 1: TFG>90 ml/min → paciente normal ou com dano renal leve 
● Estágio 2: TFG entre 80 e 60 → houve dano renal leve 
● Estágio 3: TFG entre 59 e 30 → doença renal crônica com dano moderado 
● Estágio 4: TFG entre 29 e 15 → doença renal crônica com dano severo 
● Estágio 5: TFG<15 ml/min → insuficiência renal 
 
2) Injúria renal aguda (IRA) 
2.1) Conceito de IRA 
Condição em que os rins repentinamente deixam de funcionar devidamente (​redução 
aguda da função renal​) - horas ou dias. Consequentemente, há acúmulo de escórias 
nitrogenadas (azotemia), mensuráveis ou não. 
Como diagnosticar: 
● Aumento da creatinina​: a creatinina é um marcador totalmente eliminado pelo rim, 
dessa forma, se seu valor estiver alto, é com certeza diminuição da função renal. 
● Ou: diminuição do débito urinário​. 
Mas cuidado!! Nem sempre! ​Ou seja, nem sempre a IRA é anúrica! 
É importante o rápido reconhecimento e tratamento para prevenir a perda irreversível de 
néfrons. 
 
2.2) Causas de IRA 
● Pré-renais (40-70%): ​irrigação insuficiente dos rins (desidratação, sepse, IC). 
● Renais intrínsecas (10-50%): ​doenças glomerulares, necrose tubular aguda. 
● Pós-renais (<10%): ​obstrução ao fluxo de urina (hiperplasia prostática, cálculo 
renal). 
● Importante ter em mente que na ​maioria dos casos, a causa é iatrogênica! ​Ou seja, 
uso de medicamentos que diminuem a irrigação para os rins (pré-renais) ou que são 
nefrotóxicas (renais intrínsecas). Outros casos: complicação de doença sistêmica. 
 
2.3) Sintomas da IRA 
Decorrem de suas complicações: 
● Congestão pulmonar por hipervolemia 
● Insuficiência respiratória após acidose metabólica grave 
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● Alterações cardíacas por hipercalemia e acidose 
● Sangramentos 
● Convulsões e coma por uremia 
 
3) Glomerulonefrites 
É a inflamação dos glomérulos, que pode se apresentar sob a forma de síndrome nefrítica 
ou de síndrome nefrótica. Na síndrome nefrítica, há diminuição da permeabilidade 
glomerular, enquanto que na nefrótica, há aumento - e isso determina diferentes sintomas. 
 
3.1) Síndrome nefrítica 
Manifestação da glomerulonefrite em que há diminuição da permeabilidade glomerular, por 
processos inflamatórios que ocluem a luz capilar glomerular. Consequentemente, os 
principais sintomas são: 
● Hematúria dismórfica ​(hemácias deformadas) e cilindros hemáticos 
● HAS 
● Edema ​(mas menos evidente do que na síndrome nefrótica) 
● Proteinúria 
● IRA (injúria renal aguda) 
● Azotemia (acúmulo de produtos de eliminação nitrogenados). 
Causas: a mais comum é glomerulonefrite pós-infecciosa​ (resposta inflamatória nos 
glomérulos após infecção por Streptococcus pyogenes ~febre reumática). Outras: 
glomerulonefrite por IgA, Henoch-schoenlein, glomerulonefrite por acúmulo de ANCA, 
good-pasture, crioglobulinas, ​LES. 
 
3.2) Síndrome nefrótica 
Manifestação da glomerulonefrite em que há aumento da permeabilidade glomerular. 
Consequentemente, há: 
● Proteinúria (>3g/dia): ​glomérulo deixa passar proteínas 
● Edema: ​mais evidente do que na síndrome nefrítica. Acontece por diminuição da 
pressão coloidosmótica do sangue. 
● Hipoalbuminemia (<3g/dl) 
● Hiperlipidemia: resposta do fígado frente à síndrome nefrótica. Aumenta os riscos de 
aterosclerose. 
● Hipercoagulabilidade: maior chance de formar trombos. 
Causas: a mais comum é nefropatia diabética. ​Outras: doenças mínimas (nefrose 
lipoide), ​glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF), ​nefropatia membranosa, 
amiloidose. 
 
Em resumo: acontece algum estímulo para inflamar o glomérulo. Isso pode se manifestar na 
forma de síndrome nefrítica (se houver diminuição da permeabilidade glomerular) ou de 
síndrome nefrótica (se houver aumento da permeabilidade). 
Síndrome nefrítica Síndrome nefrótica 
Hematúria, HAS, edema Proteinúria, edema, hipoalbuminemia 
Glomerulonefrite pós-infecciosa, LES Nefropatia diabética, GESF 
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4) Pielonefrite 
● É a infecção do trato urinário alto (rim e pelve renal), causada por agente biológico. 
● Mais comum em mulheres 
● Dor lombar ao longo do ângulo costovertebral associada à febre 
● Sinal de Giordano: ​palpação ou percussão sobre o ângulo costovertebral causa dor 
● Pode ou não ter sintomas de infecção urinária baixa: polaciúria, disúria, etc. 
● Geralmente não cursa com IRA 
● No exame de urina: ​bacteriúria, ​pode haver proteinúria e cilindros leucocitários 
(leucocitúria). 
● Tratamento: coleta urinae já começa a tratar com antibiótica antes mesmo de vir o 
resultado, para evitar sepse. 
 
5) Nefrolitíase 
Conceito: ​formação de concreções calcáreas no sistema urinário, constituído pelos 
componentes cristalinos incorporados na matriz orgânica. São massas de cristais que se 
formam no interior do trato urinário e atingem tamanho suficiente para causar sintomas ou 
serem visíveis em estudos por imagem. 
Patogenia: ​quando temos uma concreção no ureter, ele vai contrair vigorosamente, 
desencadeando um processo inflamatório mediado por prostaglandinas. Essa contração 
causa muita dor e obstrução do ureter. Do local da obstrução para cima, começa a ocorrer 
acúmulo de filtrado. Este vai se acumulando na pelve renal, distendendo-a e também a 
cápsula do rim, causando cólica renal. 
Fatores de risco: ​sexo masculino, idade (terceira ou quarta década), alterações 
anatômicas no trato urinário, fatores ambientais (clima quente, ar condicionado, 
sedentarismo), fatores genéticos e dietéticos, distúrbios metabólicos, ITU, doenças 
endócrinas, fatores físicos (pH, redução do volume urinário, imobilização prolongada). 
 
Em resumo… 
Doença renal crônica​: evolução para a insuficiência renal, com progressiva diminuição 
da função renal. TFG<60ml/min/1,73² ou anormalidades renais. Diabetes e HAS. 
Injúria renal aguda: ​diminuição da função renal repentina. Azotemia, aumento da 
creatinina e pode anúria. Causa iatrogênica na maioria das vezes. 
Síndrome nefrítica: ​glomerulonefrite com diminuição da permeabilidade glomerular. 
Hematúria, HAS e edema. Glomerulonefrite pós-infecciosa, LES. 
Síndrome nefrótica: ​glomerulonefrite com aumento da permeabilidade glomerular. 
Proteinúria, edema e hipoalbuminemia. GESF ou diabetes. 
Pielonefrite: ​infecção do trato urinário alto, causando dor lombar, sinal de Giordano e 
bacteriúria. Saber diferenciar pielonefrite e cistite. 
Nefrolitíase: ​concreções calcáreas no ureter. Cólica renal. 
 
 
Matheus Felipe Wu - Medicina - FURG - ATM 2022

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