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ANÁLISE MATEMÁTICA CURSOS DE GRADUAÇÃO - EAD Análise Matemática - Prof. Dr. Alessandro Ferreira Alves Meu nome é Alessandro Ferreira Alves, sou Doutor em Matemática Aplicada a Engenharia Elétrica pela Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação da Universidade Estadual de Campinas (FEEC- UNICAMP), mestre em Matemática Pura pelo Instituto de Matemática, Estatística e Computação da Universidade Estadual de Campinas (IMECC- UNICAMP), com Licenciatura Plena em Matemática pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Sou coordenador do Curso de Licenciatura em Matemática na modalidade a distância do Centro Universitário do Sul de Minas Gerais (UNIS-MG) desde o segundo semestre de 2007. Atuo como docente no Centro Universitário do Sul de Minas Gerais (UNIS-MG), nas áreas de Matemática, Estatística e Computação em diversos cursos de graduação na modalidade presencial e a distância, tais como: Matemática, Física e Engenharias, bem como atuo em diversos cursos de pós-graduação, nas áreas de Métodos Quantitativos, Finanças e Métodos de Simulação em Finanças, tanto na modalidade em EAD como na modalidade presencial. Além disso, sou membro do Conselho Universitário (CONSUN) desta instituição desde o ano de 2009, atuando como representante do quadro de coordenadores da instituição. De outra forma, atuo com projetos de consultoria na área de Finanças, Estatística Aplicada a Mercado e Controle Estatístico de Processos (CEP). E-mail: alemengo2003@yahoo.com.br Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação ANÁLISE MATEMÁTICA Alessandro Ferreira Alves Batatais Claretiano 2014 Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação © Ação Educacional Claretiana, 2014 – Batatais (SP) Versão: dez./2014 515 A477a Alves, Alessandro Ferreira Análise matemática / Alessandro Ferreira Alves – Batatais, SP : Claretiano, 2014. 236 p. ISBN: 978‐85‐8377‐331‐3 1. Números reais. 2. Sequências numéricas. 3. Funções reais de uma variável. 4. Conceituação. 5. Limites. 6. Continuidade. I. Análise matemática. CDD 515 Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Patrícia Alves Veronez Montera Raquel Baptista Meneses Frata Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Eduardo Henrique Marinheiro Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Juliana Biggi Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz Rafael Antonio Morotti Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Claretiano - Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br SUMÁRIO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9 2 GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ............................................................................. 17 3 ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ................................................................ 22 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 23 5 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 23 UNIDADE 1 – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA ANÁLISE MATEMÁTICA 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 27 2 CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA .............................................................. 28 2.1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS E ESPECÍFICOS DA ANÁLISE MATEMÁTICA ....................................................................... 28 2.2. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE FUNÇÕES ................................................... 34 2.3. PROPRIEDADES IMPORTANTES DAS FUNÇÕES ....................................... 37 2.4. FORMAS BÁSICAS DE DEMONSTRAÇÕES ................................................ 49 2.5. O CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS ................................................ 51 2.6. ENUMERABILIDADE: QUAL O SIGNIFICADO DE UM CONJUNTO SER ENUMERÁVEL? ............................................................................................ 60 2.7. O CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS ....................................................... 64 3 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................. 80 4 CONTEÚDOS DIGITAL INTEGRADOR ............................................................... 82 5 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 84 6 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 88 7 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 88 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 89 UNIDADE 2 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 93 2 CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA .............................................................. 94 2.1. COMO DEFINIR UMA SEQUÊNCIA NUMÉRICA?...................................... 94 2.2. LIMITE DE UMA SEQUÊNCIA .................................................................... 95 2.3. SEQUÊNCIAS MONÓTONAS: O QUE É ISSO? ........................................... 106 2.4. LIMITES E OPERAÇÕES .............................................................................. 109 2.5. SÉRIES NUMÉRICAS – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ............................... 111 2.6. SÉRIES CONVERGENTES ............................................................................ 113 2.7. SÉRIES ABSOLUTAMENTE CONVERGENTES ............................................ 121 2.8. CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA ................................................................ 123 3 CONTEÚDOS DIGITAIS INTEGRADORES ......................................................... 126 4 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 127 5 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 129 6 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 130 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 130 UNIDADE 3 – LIMITES DE FUNÇÕES 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 133 2 COMO DEFINIR O LIMITE DE UMA FUNÇÃO y f(x)= ? ............................ 134 2.1. NOÇÕES TOPOLÓGICAS FUNDAMENTAIS ..............................................141 2.2. CONCEITOS TOPOLÓGICOS FUNDAMENTAIS ........................................ 141 2.3. O CONJUNTO DE CANTOR: UM CONJUNTO ESPECIAL! ......................... 146 2.4. A DEFINIÇÃO FORMAL DE LIMITE ........................................................... 147 2.5. PROPRIEDADES OPERATÓRIAS DOS LIMITES ......................................... 151 2.6. LIMITES LATERAIS ..................................................................................... 155 2.7. COMO PODEMOS FUGIR DAS INDETERMINAÇÕES NOS CÁLCULOS DE LIMITES? ................................................................... 162 2.8. LIMITES NO INFINITO E LIMITES INFINITOS .......................................... 165 3 CONTEÚDOS DIGITAIS INTEGRADORES ......................................................... 168 4 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 169 5 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 172 6 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 172 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 173 UNIDADE 4 – FUNÇÕES CONTÍNUAS E FUNÇÕES DERIVÁVEIS 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 177 2 CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA .............................................................. 182 2.1. FUNÇÃO CONTÍNUA: DEFINIÇÃO FORMAL E PRIMEIRAS PROPRIEDADES ......................................................................................... 183 2.2. COMO VISUALIZAR FUNÇÕES CONTÍNUAS EM INTERVALOS DA RETA REAL? ......................................................................................... 190 2.3. CONJUNTOS COMPACTOS: COMO CARACTERIZAR CONTINUIDADE? ........................................................... 193 2.4. INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DA DERIVADA: A INCLINAÇÃO DA RETA TANGENTE ....................................................... 198 2.5. A NOÇÃO FORMAL DO CONCEITO DE DERIVADA .................................. 202 2.6. REGRAS OPERATÓRIAS ............................................................................. 208 2.7. DERIVADAS E CRESCIMENTO LOCAL ....................................................... 211 2.8. FUNÇÕES DERIVÁVEIS NUM INTERVALO ................................................ 215 2.9. IMPLEMENTAÇÃO NA PRÁTICA DOCENTE: COMO DISCUTIR TÓPICOS DE ANÁLISE MATEMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO? ....................................................................... 216 3 CONTEÚDOS DIGITAIS INTEGRADORES ......................................................... 227 4 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 229 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 232 6 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 234 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 234 “Ao longo do tempo muitos homens conseguiram atingir o êxtase da criação. A estes homens, Deus os denominou de MATEMÁTICOS.” (Leonardo Euler). Conteúdo Números Reais: enumerabilidade, densidade, completicidade; Sequências Numéricas: limites, subsequências, Teorema de Bolzano-Weierstrass; Funções reais de uma variável: conceituação, limites, continuidade; Abordagem histórico- metodológica e implementação na prática docente. Bibliografia Básica ÁVILA, G. Introdução à análise matemática. 2. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2000. ______. Análise matemática para licenciatura. São Paulo: Edgard Blucher, 2001. LEITHOLD, L. Cálculo com geometria analítica. Tradução de Cyro C. Patarra. 3. ed. São Paulo: Harbra, 1994. v. 2. Bibliografia Complementar BOULOS, P. Introdução ao cálculo: cálculo integral. 2. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1999. v. 2. Séries. DEMIDOVITCH, B. Problemas e exercícios de análise matemática. Portugal: McGraw-Hill, 1993. ______. Problemas e exercícios de análise matemática. São Paulo: Escolar Editora, [s. d.]. GUIDORIZZI, H. R. Um curso de cálculo. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. v. 4. SIMMONS, G. F. Cálculo com geometria analítica. Tradução de Seiji Hariki. São Paulo: Makron Books, 1987. v. 2. CI Conteúdo Introdutório É importante saber Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes: Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que de- verá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os prin- cipais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedi- mentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de saber. Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente selecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibi- lizados em sites acadêmicos confiáveis. São chamados “Conteúdos Digitais In- tegradores” porque são imprescindíveis para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitura de “navegação” (hipertexto), como tam- bém garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos temas estuda- dos. Portanto, são conteúdos de estudo obrigatórios, para efeito de avaliação. 9 Claretiano - Centro Universitário © Conteúdo Introdutório 1. INTRODUÇÃO Querido aluno, seja bem-vindo! Daremos, neste instante, os primeiros passos para entendermos um dos conteúdos mais importantes para um curso de Licenciatura em Matemática: a Análise Matemática, que inicialmente poderíamos pensar como desenvolvimento e formalismo do Cálculo Diferencial e Integral de uma variável real, ou seja, na descrição formal dos diversos resultados e propriedades que cercam as funções do tipo y = f(x). Quando falamos em Cálculo, no nível de uma disciplina introdutória, as apresentações comumente são realizadas de forma intuitiva e bem informal, talvez com nenhum rigor matemático em demonstrações de resultados. Didaticamente falando, poderíamos dizer que isso está correto, já que pela própria natureza dos temas discutidos, estes tiveram o seu desenvolvimento, a partir do século 17 até aproximadamente 1820, de maneira intuitiva e baseado na informalidade. Porém, a partir dos avanços da Matemática de uma forma geral, exigiram-se conceituações mais precisas das ideias de função, continuidade, derivada, convergência, integral etc. A necessidade de uma estruturação mais formal dos tópicos de Cálculo Diferencial e Integral ocasiona o surgimento de uma disciplina inicial de Análise Matemática. Em outras palavras, definimos de um modo bem simples que a Análise Matemática é uma formalização mais apurada dos tópicos de Cálculo Diferencial e Integral de uma variável real, ou seja, a disciplina surgiu diretamente da necessidade de descrevermos demonstrações rigorosas das ideias intuitivas do cálculo, tais como: limites, derivadas, integrais, séries e sequências, séries numéricas etc. É de fundamental importância que um licenciado em Matemática e futuro professor dessa área não possua lacunas em processos de demonstrações. Cabe ainda comentarmos que © Análise Matemática10 você terá a oportunidade de se familiarizar com as ferramentas e resultados de uma das mais relevantes áreas da Matemática. Antes de começarmos a nossa discussão propriamente dita sobre a abordagem da Análise Matemática, devemos salientar que atualmente a Matemática pode ser dividida em cinco grandes áreas, que são: Análise, Topologia, Álgebra, Teoria dos Números e Matemática Aplicada. (Figura 1). Figura 1 A divisão da Matemática nos dias atuais. A parte relacionadaà Análise trabalha com o detalhamento rigoroso dos aspectos do Cálculo Diferencial e Integral, enquanto que a Topologia descreve as várias faces da geometria. De outra forma, a Álgebra retrata os conceitos, propriedades e resultados acerca da Álgebra Linear e Estruturas Algébricas. Além disso, a Teoria dos Números aborda os pontos principais relacionados aos números, ou seja, da Aritmética. Por fim, a Matemática Aplicada discute os pontos principais das ferramentas aplicadas à análise quantitativa de mercado, tais como os métodos da Matemática Financeira e as técnicas da Estatística aplicadas ao meio empresarial. Assim, teremos alguns resultados e propriedades importantes a serem discutidos e demonstrados com maior rigor matemático, desde os mais simples até os mais complexos, como Teoremas Fundamentais relacionados a conjuntos compactos, dentre eles, podemos citar: 11 Claretiano - Centro Universitário © Conteúdo Introdutório 1) A série harmônica é divergente. 2) Toda função derivável é uma função contínua. 3) Descrição dos Axiomas de Peano para a construção do Conjunto dos Números Naturais. 4) Todo subconjunto dos números naturais é um conjunto enumerável. 5) A construção do conjunto dos números reais como um corpo ordenado completo. 6) O conjunto dos números reais não é enumerável. 7) O limite de uma função real quando existe é único. 8) Toda série absolutamente convergente é convergente. 9) (Teorema de Bolzano-Weierstrass) Toda sequência limi- tada de números reais possui uma subsequência conver- gente. 10) (Teorema do Valor Intermediário): Seja :[ , ]f a b →ℜ contínua. Se (a) d (b)f f< < então existe c (a, b)∈ tal que f(c) d= Todos esses resultados são averiguados pela Análise Mate- mática, com foco voltado para uma descrição matemática mais complexa e completa no sentido do formalismo matemático. Além disso, podemos salientar que você recordará, ainda, conceitos fun- damentais da Matemática Elementar. É importante que você saiba que a Análise Matemática con- tribuirá de forma significativa para uma formação sólida na sua área de atuação, já que alguns problemas básicos do Ensino Fun- damental serão demonstrados e discutidos aqui. De outra forma, embora a Matemática e, especificamente o Cálculo Diferencial e Integral, possam assustar um pouco, será necessário conhecer vá- rios conceitos importantes para sua aplicação na Análise Matemá- tica, bem como no seu dia a dia profissional em sala de aula. A seguir, abordaremos, brevemente, o que será estudado em cada uma de nossas unidades de estudo. © Análise Matemática12 Na Unidade 1 você verá que para construirmos toda a teoria acerca do Cálculo Diferencial e Integral de uma variável real será necessário introduzirmos a construção formal do conjunto dos números naturais tendo como ponto de referência os Axiomas de Peano, para discutirmos a noção de conjuntos finitos, infinitos e enumeráveis. Ressaltamos que apesar de aparentemente estarmos familiarizados com a noção de conjunto finito e infinito lhes daremos um tratamento diferenciado, trabalhando com a identificação de funções bijetoras para eles. Isso significa que estaremos definindo um conjunto finito quando este for o conjunto vazio ou se existir uma função bijetora entre ele e um subconjunto próprio finito dos naturais, conjunto esse denotado por In . Contrariamente, definimos que um subconjunto X dos naturais é dito infinito, quando ele não é o conjunto vazio ou quando não existir uma função bijetora entre ele e um subconjunto próprio finito In . Aqui, já podemos notar o formalismo mais apurado em duas definições, ou seja, a nossa ideia sobre um conjunto finito é de que o ele possua um número finito de elementos, enquanto que para o conjunto infinito, imaginamos diretamente um conjunto que possua um número infinito de elementos. Em seguida, apresentaremos a noção de enumerabilidade, que é a definição formal de conjuntos enumeráveis. Nesse caso, diremos que um subconjunto X dos números naturais é dito enumerável quando é finito ou quando existe uma bijeção : IN Xf → , além, é claro, de discutirmos as principais propriedades e resultados relacionados. Discutiremos as principais propriedades e resultados do conjunto dos números reais, ou seja, mostraremos que este é um corpo ordenado completo. Daí, a partir dos conceitos introdutórios e propriedades colocadas anteriormente, provaremos alguns teoremas e 13 Claretiano - Centro Universitário © Conteúdo Introdutório proposições acerca dos conjuntos finitos, infinitos e enumeráveis, donde poderíamos citar: 1) Todo subconjunto de um conjunto finito é finito. 2) Conjunto finito e conjunto limitado no universo dos nú- meros naturais são conceitos equivalentes. 3) Todo subconjunto dos números naturais é enumerável. 4) O conjunto dos números racionais é enumerável. 5) O conjunto dos números reais é um corpo ordenado completo. 6) O conjunto dos números reais, bem como o conjunto dos irracionais não são conjuntos enumeráveis. Além disso, apresentaremos uma leitura complementar, de- monstrando algumas técnicas relacionadas à Lógica Matemática, bem como o Princípio da Indução Finita (PIF), que é muito impor- tante para a justificativa de diversas demonstrações a serem feitas ao longo dos nossos estudos. Na Unidade 2, estaremos interessados em apresentar toda a teoria associada às sequências e séries numéricas, bem como os principais teoremas relacionados e critérios de convergência. Em verdade, esta unidade poderia ter como ponto de partida o que conhecemos com relação às progressões geométricas. De outro modo, discutiremos um resultado fundamental, que é o Teorema de Bolzano-Weirtress, mostrando que toda sequência limitada de números reais possui uma subsequência convergente. Definimos uma sequência de números reais como sendo uma função dos naturais no conjunto dos reais, que associa a cada nú- mero natural n um número real nx , denominado o n-ésimo termo da sequência. Além disso, formalmente falando, apresentaremos a noção de limite de uma sequência, bem como discutiremos as propriedades relacionadas a sequências convergentes, limitadas e monótonas. Esse conceito de limite de uma sequência será gene- ralizado na unidade seguinte, quando falaremos em limite de uma função y = f(x). A seguir, é colocada a parte sobre as Séries Numé- © Análise Matemática14 ricas, donde é sabido que dentro do Cálculo Diferencial e Integral é necessária a representação de funções como somas infinitas. Isso requer que a operação usual de adição em conjuntos finitos de nú- meros seja estendida para conjuntos infinitos. Para tanto, usamos um processo de limite por meio de sequências, dando origem ao estudo das séries numéricas. Também serão discutidas nas entre- linhas séries convergentes e divergentes, bem como os principais critérios para a caracterização da convergência ou não das séries numéricas. Assim, alguns resultados importantes serão apresentados e demonstrados, tais como: 1) Uma sequência não pode convergir para dois limites dis- tintos, ou seja, o limite de uma sequência, se existir, é único. 2) Se uma sequência é convergente, então qualquer subse- quência desta também é convergente. 3) Toda sequência limitada de números reais possui uma subsequência convergente. 4) Toda série absolutamente convergente é convergente. 5) O termo geral de uma série convergente tem limite igual a zero. 6) A soma de séries convergentes também é uma série con- vergente. Na unidade 3, abordaremos os aspectos relacionados às noções topológicas na reta, bem como apresentaremos o limite de uma função y = f(x) e propriedades associadas. A Topologia, cuja a palavra é proveniente do grego, significando "estudo do lugar", é o ramo da Matemática que estuda os espaços topológicos, sendo então considerada uma extensão da geometria. Assim, para os nossos propósitos, estaremos encarando a topologia para descrever uma família de conjuntos abertos utilizadospara definirmos o conceito de limite de uma função, ou seja, com relação aos aspectos topológicos, estaremos interessados em 15 Claretiano - Centro Universitário © Conteúdo Introdutório descrever apenas os pré-requisitos necessários para o nosso estudo de funções. Na verdade, você já vem se familiarizando com a ideia de função desde o Ensino Médio. Tendo em conta a importância desse conceito no Cálculo e na Análise, vamos retomá-lo nesta e na unidade seguinte, quando estudaremos limites, continuidade e a derivada de funções. Embora a ideia de função possa ser identificada em obras do século 14, foi a partir do século 17 que ela teve grande desenvolvimento teórico e utilização. Isso porque nessa época surgiu a Geometria Analítica, e muitos problemas matemáticos puderam ser convenientemente formulados e resolvidos em termos de variáveis ou incógnitas, que podiam ser representadas em eixos de coordenadas. A noção de limite, que estudamos na parte de sequências numéricas, será agora estendida à situação mais geral onde temos uma função :f X →ℜ , definida num subconjunto qualquer X dos números reais. Na verdade, estamos interessados em dar um tratamento mais completo com relação à noção de limite estudada no Cálculo Diferencial e Integral de uma variável real. Historicamente, deve ser salientado que o conceito de limite de uma função é posterior ao de derivada. Ele surgiu da necessidade de calcular limites de razões incrementais que definem derivadas, que estudaremos mais a frente. Daí, a partir dos conceitos preliminares e propriedades associadas, discutiremos resultados pertinentes aos aspectos topológicos, donde poderíamos citar: 1) A interseção de um número finito de conjuntos abertos é um conjunto aberto. 2) O conjunto dos racionais é denso com relação ao conjun- to dos números reais. 3) O limite de uma função, quando existe, é único. 4) O limite da soma é igual a soma entre os limites. © Análise Matemática16 5) A função 1( )f x sen x = não possui limite no ponto x = 0. 6) A função ( ) | x |f x = possui limite no ponto x = 0. Na Unidade 4, apresentamos as funções contínuas e deriváveis, bem como os seus principais resultados relacionados. A noção de função contínua é um dos pontos centrais da Topologia, denominação dada à parte da Geometria dentro da Matemática. Ela será estudada nesta unidade em seus aspectos mais básicos, como introdução a uma abordagem mais ampla e como instrumento para aplicação na parte de derivadas e na resolução de diversos exemplos simulados. Como é sabido, quando falamos em função contínua, lembramos, grosso modo, que uma função é contínua quando a sua representação geométrica não possui nenhum "furo" ou "salto". Com relação à parte das funções deriváveis, salientamos inicialmente a sua interpretação geométrica por meio da inclinação da reta tangente, depois visualizamos a definição formal e regras operatórias, bem como a parte dos resultados fundamentais. É necessário destacarmos a aplicabilidade da derivada nas mais diversas áreas do conhecimento. Observe a Figura 2. Figura 2 A aplicabilidade do conceito de derivadas em Administração e Economia. 17 Claretiano - Centro Universitário © Conteúdo Introdutório A partir dos conceitos introdutórios e das propriedades colo- cadas anteriormente, provaremos alguns teoremas e proposições acerca das funções contínuas e deriváveis, donde poderíamos ci- tar: 1) Se f é uma função derivável no ponto 0x então f é contí- nua no ponto 0x . 2) A soma de funções contínuas é uma função contínua. 3) O produto de funções contínuas também é uma função contínua. 4) (Teorema do Valor Intermediário): seja :[ , ]f a b →ℜ contínua. Se (a) d (b)f f< < , então existe c (a, b)∈ tal que (c) df = . 5) Se I é um intervalo da reta real e :f I →ℜ é contínua, então ( )f I é um intervalo, ou seja, funções contínuas transformam intervalos em intervalos. Vale salientar ainda que apenas o conteúdo que apresenta- mos não é suficiente para a formação de conceitos sólidos; por isso, é de fundamental importância que você pesquise os livros apresentados nas referências bibliográficas de cada unidade de estudo. É importante que você saiba que ninguém aprende Matemá- tica ouvindo ou assistindo o professor na sala de aula virtual, por mais organizadas e claras que sejam as suas explicações teóricas e por mais que se entenda tudo o que ele explica. É necessário estu- dar por conta própria logo, resolvendo os exercícios após as aulas. Mãos a obra e ótimos estudos! 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS "Zero, esse nada que é tudo” (Laisant). O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá- pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um © Análise Matemática18 bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos temas tratados em de Análise Matemática. A seguir, listamos a definição dos principais conceitos: 1) Afirmações equivalentes: significa que uma afirmação implica na outra afirmação. 2) Análise Matemática: é a parte da Matemática que se preocupa com o formalismo apurado dos resultados do Cálculo Diferencial e Integral de uma variável real. 3) Axiomas de Peano: são as propriedades características da construção formal dos naturais. 4) Conjunto aberto: é um conjunto que coincide com o conjunto de seus pontos interiores. 5) Conjunto compacto: é um conjunto que é limitado e fe- chado. 6) Conjunto de Cantor: é um subconjunto especial do in- tervalo fechado [0; 1]. Em verdade, é um conjunto que é compacto, tem interior vazio, não possui pontos isola- dos e é não enumerável. 7) Conjunto enumerável: é um subconjunto X dos naturais que é finito ou que existe uma bijeção : INf X→ . 8) Conjunto fechado: é um conjunto que coincide com o seu fecho. 9) Conjunto finito: é um conjunto que possui um número finito de elementos. 10) Conjunto infinito: é um conjunto que não possui um nú- mero finito de elementos, ou seja, é um conjunto que não é finito. 11) Conjunto limitado inferiormente: é um subconjunto X dos números reais tal que tal que x ≥ a para todo x X∈ . O número a é chamado de cota inferior. 12) Conjunto limitado superiormente: é um subconjunto X dos números reais tal que x ≤ b para todo x X∈ . O nú- mero b acima é chamado de cota superior. 13) Conjunto limitado: um subconjunto X dos naturais é dito limitado quando existir um número natural p tal que x ≤ p para todo x X∈ . 19 Claretiano - Centro Universitário © Conteúdo Introdutório 14) Conjunto não enumerável: é um conjunto que não é enumerável. 15) Derivada de f(x): geometricamente falando, é a inclina- ção da reta tangente ao gráfico de f no ponto x. 16) Desigualdade triangular: desigualdade fundamental en- volvendo o módulo da soma de dois números reais. 17) Elemento máximo: é o maior elemento do subconjunto X dos reais. 18) Elemento mínimo: é o menor elemento do subconjunto X dos reais. 19) Função bijetiva (bijeção): é uma função simultanea- mente injetiva e sobrejetiva. 20) Função contínua: é uma função cujo gráfico não possui nenhum salto ou furo. 21) Função injetiva: é uma função que satisfaz a ≠ b então f(a) ≠ f(b) onde a e b são dois pontos do domínio da fun- ção. 22) Função sobrejetiva: é uma função em que o contrado- mínio coincide com o conjunto imagem. 23) Homeomorfismo: um homeomorfismo entre os conjun- tos X e Y é uma bijeção contínua :f X Y→ cuja inversa 1 :f Y X− → é também contínua. 24) Ínfimo: é a maior das cotas inferiores de um subconjun- to X dos reais. 25) Intervalo degenerado: é um intervalo que se reduz a um único ponto, ou seja, quando os extremos do intervalo são iguais. 26) Intervalo: subconjuntos especiais da reta real. 27) Lema: é uma afirmação aceita como verdadeira perante demonstração, que é usada muitas vezes como proposi- ção para a prova de um teorema. 28) Limite de uma função real ( )lim ( ) :x a f x L→ = quer dizer que podemos tornar f(x) tão próximo deL quanto se queira desde que se torne x X∈ suficientemente próxi- mo, porém, diferente do ponto a. © Análise Matemática20 29) Número irracional: é um número que não é racional. 30) Número racional: é um número que se escreve como fração, ou seja, que a sua representação decimal ou é finita ou é infinita periódica. 31) Ponto aderente: é um ponto que é limite de alguma se- quência de pontos do subconjunto X dos reais. 32) Ponto anguloso: quando as derivadas laterais (direita e esquerda) existem e são diferentes em um ponto x, dize- mos que esse ponto é um ponto anguloso do gráfico da função de f. 33) Ponto crítico: é um ponto de uma função derivável ao qual a derivada se anula. 34) Ponto de acumulação: o número real a é um ponto de acumulação do conjunto X ⊂ℜ quando toda vizinhan- ça V de a contém algum ponto de X diferente do próprio a. Isto é, ( ) – { }V X a∩ ≠∅ . Indicamos por X’ o con- junto dos pontos de acumulação de X. 35) Ponto fixo: Um ponto x X∈ tal que f(x) = x é denomina- do ponto fixo da função :f X →ℜ . 36) Princípio da boa ordenação: é uma das principais pro- priedades acerca da relação de ordem x < y. 37) Princípio da indução finita (PIF): técnica de demonstra- ção muito utilizada na Matemática, principalmente para justificativa de fórmulas de recursão. 38) Proposição: é uma afirmação aceita como verdadeira perante demonstração. 39) Proposições primitivas: são afirmações aceitas como verdadeiras sem demonstrações. As proposições primi- tivas são também conhecidas como axiomas ou postu- lados. Por exemplo, um postulado bastante conhecido é que "por dois pontos distintos existe (passa) uma, e somente uma, reta”. 40) Regra da cadeia: regra utilizada para o cálculo de deriva- das de funções compostas. 41) Regra de L’Hospital: é uma regra das mais populares aplicações da derivada. 21 Claretiano - Centro Universitário © Conteúdo Introdutório 42) Sequência convergente: é uma sequência que possui li- mite. 43) Sequência divergente: é uma sequência que não possui limite. 44) Sequência limitada: é uma sequência limitada superior- mente e inferiormente. Isso equivale a dizer que existe k > 0 tal que | |nx k≤ para todo n IN∈ . 45) Sequência monótona: é uma sequência ( )nx que se tem 1n nx x +≤ para todo n IN∈ ou então 1n nx x+ ≤ para todo n. 46) Sequência numérica (sucessão numérica): é uma fun- ção :x IN →ℜ , que associa a cada número natural n um número real nx , chamado o n-ésimo termo da se- quência. 47) Série absolutamente convergente: a série na∑ é de- nominada absolutamente convergente quando | |na∑ converge. 48) Série condicionalmente convergente: a série na∑ é denominada absolutamente convergente quando | |na = +∞∑ . 49) Série convergente: é uma série que possui limite. 50) Série divergente: é uma série que não possui limite. 51) Série numérica: é uma soma do tipo 1 2 ... ...n na a a a+ + + + com um número infinito de parcelas. 52) Subsequência: é uma sequência de uma sequência. 53) Supremo: é a menor das cotas superiores de um subcon- junto X dos reais. 54) Teorema: é uma proposição que se deduz de conceitos primitivos, de definições e de postulados ou de proposi- ções já aceitas como verdadeiras. Em um teorema des- tacam-se duas partes: a hipótese e a tese. 55) Valor absoluto de x (módulo de x): é o maior dos núme- ros x ou – x. © Análise Matemática22 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Análise Matemática Axiomas de Peano Conjunto dos Números Reais Noções Topológicas Sequências Numéricas Limite e Propriedades Relacionadas Limite de uma Função Funções Contínuas Séries Numéricas Critérios de Convergência Funções Deriváveis Teoremas Fundamentais Figura 3 Esquema dos Conceitos-Chave de Análise Matemática. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 23 Claretiano - Centro Universitário © Conteúdo Introdutório ÁVILA, G. Introdução à análise matemática. 2. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2000. ______. Análise matemática para licenciatura. São Paulo: Edgard Blucher, 2001. BOULOS, P. Introdução ao cálculo: cálculo integral. 2. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1999. v. 2. Séries. DEMIDOVITCH, B. Problemas e exercícios de análise matemática. Portugal: McGraw-Hill, 1993. EDWARDS, Jr. C. H.; PENNEY, D. E. Cálculo com geometria analítica. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1997. v. 1. FIGUEIREDO, D. G. Análise I. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1996. GUIDORIZZI, H. R. Um curso de cálculo. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. v. 4. LEITHOLD, L. Cálculo com geometria analítica. Tradução de Cyro C. P. 3. ed. São Paulo: Harbra, 1994. v. 2. LIMA, E. L. Análise real. Coleção Matemática Universitária. Rio de Janeiro: IMPA, 1989. v. 1. SIMMONS, G. F. Cálculo com geometria analítica. Tradução de Seiji Hariki. São Paulo: Makron Books, 1987. v. 2. THOMAS, George B. Cálculo. São Paulo: Addison Wesley, 2003. v. 1. 5. E-REFERÊNCIAS ENADE. Questões. Disponível em: <http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/enade/matemati- ca2008.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2013. INFOESCOLA. Números naturais. Disponível em: <http://www.infoescola.com/matema- tica/numeros-naturais/>. Acesso em: 8 out. 2013. MATEMÁTICA ESSENCIAL. Matemática encial: alegria financeira fundamental mé- dio geometria trigonometria superior cálculos. Disponível em: <http://pessoal.sercom- tel.com.br/matematica/superior/calculo/nreais/nreais.htm>. Acesso em: 8 out. 2013. OBM. Olimpíada brasileira de matemática. Disponível em: <http://www.google.com.br/ url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=web&cd=6&ved=0CEoQFjAF&url=http%3A %2F%2Fwww.obm.org.br%2Fexport%2Fsites%2Fdefault%2Frevista_eureka%2Fdocs%2F artigos%2Finducao.doc&ei=LRVUUt29C4G49gT1s4HYDQ&usg=AFQjCNGEf2pCbegE4HP dQlNtWIOR0Ltdew>. Acesso em: 8 out. 2013. PROFMAT. Mestrado profissional em matemática em rede nacional. Disponível em: <http://bit.profmat-sbm.org.br/xmlui/handle/123456789/345>. Acesso em: 8 out. 2013. SABE.BR. A importância da matemática nas áreas do conhecimento. Disponível em: <http://www.sabe.br/blog/matematica/files/2011/10/A-Import%C3%A2ncia-da- Matem%C3%A1tica.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2013. SLIDESHARE. Exerícios. Disponível em: <http://www.slideshare.net/RodrigoThiagoPas- sosSilva/exerccios-pif>. Acesso em: 8 out. 2013. UNESP. Introdução à ánalise. Disponível em: <http://www.mat.ibilce.unesp.br/personal/ pauloricardo/introducaoanalise.pdf>. Acesso em: 8 out. 2013. UOL. Educação. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/matematica/inducao-infi- nita-raciocinio-logico-na-matematica.jhtm>. Acesso em: 8 de out. 2013. USP. Universidade estadual de São Paulo. Disponível em: <http://ecalculo.if.usp.br/ferra- mentas/pif/exercicios/exercicios.htm>. Acesso em: 8 out. 2013. Claretiano - Centro Universitário 1 Objetivos • Apresentar a construção formal do conjunto dos números naturais pelos Axiomas de Peano. • Compreender a definição formal de conjuntos finitos e infinitos. • Compreender a definição formal de conjuntos enumeráveis. • Estar plenamente familiarizado com técnicas relacionadas a demonstrações de resultados, tais como teoremas, proposições e lemas. • Caracterizar as operações básicas do conjunto dos números reais a fim de compreendermos a estrutura algébrica de corpo. • Identificar o Princípio da Indução Finita. • Compreender a definição de supremo e ínfimo no conjunto dos números re- ais. • Caracterizar o conjunto dos números reais como um corpo ordenado com- pleto. • Compreender, relacionar e aplicar os principais resultados do cálculo diferen- cial e integral de uma variável em situações do dia a dia. Conteúdos • Axiomas de Peano. • Conjunto dos números naturais. • Operações básicas. • Conjuntos finitos. • Conjuntos infinitos. • Conjuntos limitados. • Conjuntos enumeráveis. • Conjunto dos números reais como corpo ordenado completo. • Supremo e ínfimo. • Princípioda Indução Finita (PIF). • Técnicas de demonstração. Aspectos Introdutórios da Análise Matemática © Análise Matemática26 Orientações para o estudo da unidade Antes de você iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia com atenção as orientações a seguir: 1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos explicativos no Glossário e suas ligações pelo Esquema de Conceitos-Chave para o estudo de todas as unidades desta obra. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desem- penho. 2) Lembre-se de que quando falamos em análise matemática, referimo-nos ao Cálculo Diferencial e Integral com demonstrações formais, tal abordagem a ser discutida é de fundamental importância para a formação sólida de um licenciando em Matemática, bem como para o desenvolvimento de sua car- reira profissional na área acadêmica. Utilizamos a Matemática de forma di- reta e indireta a todo momento. 3) Mantenha sempre ao seu lado os livros que compõem a nossa bibliografia básica e/ou complementar, porém, é importante também que pesquise e discuta com seus colegas a respeito dos exercícios propostos no decorrer do seu estudo. 4) Você, como futuro professor, deve lembrar-se de que, apesar do grau de complexidade da disciplina, na maioria das vezes, o repúdio pela Matemá- tica é motivado por professores que não tiveram habilidade suficiente para mostrar-lhe a beleza e aplicabilidade dessa ciência, na sua forma mais apli- cada ou abstrata. 5) Sempre leia mais de uma vez os conceitos e/ou descrição dos resultados propostos nesta obra, pois nem sempre conseguiremos entender na primei- ra ou segunda leitura realizada tais definições e métodos de demonstração. 6) Nunca tenha receio de revisitar os conceitos apresentados nesta unidade, muito menos em indagar, a fim de sanar suas dúvidas. Com este estudo, você verá que a Matemática é bela e muito útil para o desenvolvimento de novas teorias mais complexas. 27 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Aspectos Introdutórios da Análise Matemática 1. INTRODUÇÃO A Análise Matemática é uma formalização mais apurada do Cálculo Diferencial e Integral de uma variável real, estudado nas disciplinas específicas de Cálculo, ou seja, ela surgiu diretamen- te da necessidade de descrevermos demonstrações rigorosas das ideias intuitivas do cálculo, tais como: limites, derivadas, integrais, séries e sequências, séries numéricas etc. Segundo Ferreira (2010, p. 4): A Matemática é produto da cultura humana e faz parte do nosso cotidiano. Por isso, deve ser trabalhada de forma a ser aprendida por todos. É uma ciência exata, cuja produção envolve o pensar crítico e criativo. Ela atualmente esta presente em todas as áreas do conhecimento, participando de forma significativa para o desen- volvimento de novas teorias, resolvendo diversas situações. Nes- ta disciplina, ao invés de atuar como um transmissor de regras e modelos do fazer simplesmente [...] tentarei ser um organizador de aprendizagens, um consultor que oferece as informações e um estimulador da aprendizagem. Assim, como estamos acostumados a alguns questionamen- tos relativos aos conteúdos de Matemática, você poderia estar se perguntando: “se já estudamos Cálculo, para que me servirá uma disciplina como esta? Por que todo esse formalismo?” Um dos objetivos principais da Análise Matemática seria a prática contínua de demonstrações, desde as mais simples até as mais complexas. Saliento ainda que, para um licenciado em Mate- mática ser um bom professor de Ensino Básico, é necessário que ele tenha a habilidade de trabalhar com definições, bem como de enunciar e demonstrar resultados (teoremas, proposições, lemas etc.) de forma bem peculiar. No que se refere à Matemática Elementar, recordaremos com você alguns conceitos básicos e resultados de problemas simples, bem como discutiremos novas teorias, como a parte envolvendo enumerabilidade e corpo ordenado completo, em que muitas ve- zes não conseguimos acompanhar o raciocínio de um exercício por falta de conhecimentos básicos. © Análise Matemática28 Desse modo, nesta unidade introdutória, pretendemos apre- sentar os conceitos básicos necessários para o desenvolvimento de todo nosso conteúdo, de forma suficiente para que você possa acompanhar com mais tranquilidade, mais adiante, os conceitos e resultados mais complexos do Cálculo Diferencial e Integral, que serão apresentados nas unidades subsequentes desta obra. Para tal, aqui discutiremos a construção formal do conjunto dos núme- ros naturais pelos Axiomas de Peano, bem como a caracterização do conjunto dos números reais como um Corpo Ordenado Com- pleto. Além disso, revisaremos algumas técnicas de demonstração e o Princípio da Indução Finita, numa espécie de leitura comple- mentar da unidade. 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta de forma sucinta os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão inte- gral é necessário o aprofundamento pelo estudo dos Conteúdos Digitais Integradores. 2.1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS E ESPECÍFICOS DA ANÁLISE MATEMÁTICA De acordo com a história da Matemática, as ideias referen- tes ao Cálculo Integral já faziam parte dos estudos de Arquimedes (287-212 a.C.) sobre áreas e volumes. Todavia, o que percebemos é que o Cálculo Diferencial e Integral se desenvolveu de forma gra- dativa com o passar do tempo; não foi um desenvolvimento de imediato. Por exemplo, a ponte que liga a derivada com a integral só foi escrita em meados do século 17 (Figura 1). 29 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Aspectos Introdutórios da Análise Matemática Figura 1 A caminhada do Cálculo Diferencial e Integral no século 17. O motivo pelo qual talvez o cálculo não se desenvolveu com Arquimedes e seus comandados foi com relação ao medo de descrever formalmente o infinito. A fim de demonstrar seus re- sultados, desviando das situações que envolviam o infinito, Arqui- medes usava o método da"dupla redução ao absurdo". Mas como descobria esses resultados? Provavelmente ele se valia de passa- gens ao limite. Em outras oportunidades recorria a raciocínios físi- cos, que eram seguidos de demonstrações rigorosas (Figura 2). Figura 2 Arquimedes e o medo do “infinito”. A característica mais significativa da Matemática grega era precisamente essa insistência no rigor e no cuidado em não utilizar o conceito do infinito, pelas contradições que podia acarretar. Como vários abalizados historiadores da ciência já observaram, esse traço do pensamento grego foi a causa principal que levou a Matemática da época a uma completa estagnação (Figura 3). © Análise Matemática30 Figura 3 A Matemática da Grécia. O fato de a Matemática grega haver se enveredado pelo lado da Geometria, com prejuízo da Matemática numérica (Aritmética e Álgebra), especialmente o simbolismo algébrico, foi sem dúvi- da outra razão pela qual o Cálculo não pôde se desenvolver na antiguidade, sendo que tal Matemática numérica só apareceu no século 18, no Ocidente europeu (Figura 4). Figura 4 Surgimento da Matemática numérica. Outro fator importante, que preparou o caminho para o sur- gimento do Cálculo Diferencial e Integral, foi a familiaridade que os matemáticos dos tempos modernos adquiriram em relação às obras clássicas, especificamente falando sobre as ideias de Eucli- des e Arquimedes. 31 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Aspectos Introdutórios da Análise Matemática Paralelamente, há de se considerar ainda a atitude dos ma- temáticos da época, que não se pautavam pelos mesmos padrões de rigor dos matemáticos gregos. Eles preferiam avançar no de- senvolvimento dos novos métodos e técnicas mesmo que isso cus- tasse a falta de rigor. No século 17, o cálculo de áreas e volumes pelos métodos infinitesimais teve início com os trabalhos de Kepler (1571-1630), em conexão com a descoberta de sua 2ª lei planetária, ou Lei das Áreas. Nesse estudo, Kepler é levado a considerar somas de infini- tos termos de áreasinfinitesimais, produzindo áreas finitas. Uma situação mais simples, em que isso é fácil de se entender, é a do cálculo do volume da esfera. Kepler lembra que o procedimento usado por Arquimedes no cálculo da área do círculo equivalia a considerar o círculo como união de uma infinidade de triângulos infinitesimais, todos de vértice no centro e base na circunferên- cia do círculo. Ele adota procedimento semelhante no cálculo do volume da esfera; esta é considerada como a união de uma infini- dade de pirâmides de vértices no centro e base em sua superfície. A soma dos volumes dessas pirâmides, de altura igual ao raio da esfera, resulta no produto de 1/3 do raio pela soma das áreas das bases (que é a área 24. .rπ da superfície da esfera), ou seja, 3 .4 3rπ . A importância maior do trabalho de Kepler sobre o cálcu- lo de volumes de tonéis está no método dos indivisíveis, que ele desenvolveu e utilizou. Demorou um pouco, mas, alguns anos de- pois da publicação do livro de Kepler, vários outros matemáticos seguiram o mesmo caminho. Essencialmente, o que eles faziam era imaginar a figura cuja área ou volume se pretendia calcular, como união de uma infinidade de elementos infinitesimais, como explicamos anteriormente para o caso do círculo e da esfera. Des- sa forma, vemos que os matemáticos do século 17, ao dividirem as figuras em elementos infinitesimais, imitavam o procedimen- to de Arquimedes, só que ficavam apenas na parte intuitiva, sem © Análise Matemática32 se preocuparem em demonstrar rigorosamente seus resultados, como fazia o matemático grego. Galileu, em seus Diálogos sobre duas novas ciências, tam- bém tratou o cálculo de áreas pelos métodos infinitesimais. Bo- naventura Cavalieri (1598-1647), que foi seu discípulo e seguidor, depois professor em Bolonha, teve um papel importante no de- senvolvimento desses métodos. Estimulado pelo próprio Galileu, ele calculava a área de uma figura plana, considerando-a consti- tuída de uma infinidade de segmentos de retas paralelas, que ele chamava indivisíveis de área. Similarmente, um sólido geométrico era interpretado como constituído de uma infinidade de figuras planas paralelas, de espessura infinitesimal, dispostas numa pilha, como as páginas de um livro. Essas figuras eram os indivisíveis de volume. Os matemáticos do século 17 não usavam limites: eles consideravam as figuras geométricas já decompostas numa infi- nidade de indivisíveis. Raciocinando dessa maneira, Cavalieri foi levado aos princípios que hoje são conhecidos por seu nome. Como esses métodos, precisavam de uma razoável funda- mentação lógica; Cavalieri foi criticado e tentou responder aos crí- ticos, todavia, sem sucesso, já que não dominava a teoria de limi- tes ou a teoria de integração. A justificação dos métodos, dizia ele, deveria preocupar os filósofos, não os matemáticos. O fato é que os raciocínios com os infinitesimais, sem a devida fundamentação lógica, eram eficazes e foram largamente utilizados ate o início do século 19. Sabe-se que em uma disciplina introdutória de cálculo não existe a preocupação com as demonstrações formais, ou seja, os conteúdos são colocados de forma intuitiva e bastante informal. Assim, a introdução de uma conceituação mais organizada com ri- gor matemático é o que se propõe em uma primeira disciplina de Análise, mais especificamente, o que propõe a Análise Matemá- tica. Em outras palavras, um dos objetivos principais dos nossos estudos é o de praticarmos demonstrações, ou seja, enunciarmos e demonstrarmos teoremas diversos do Cálculo (Figura 5). 33 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Aspectos Introdutórios da Análise Matemática Figura 5 Objetivos Centrais da disciplina. Revisão de Conceitos Vejamos agora alguns conceitos básicos que serão de grande utilidade para o entendimento de novas definições e da formaliza- ção de diversos resultados a serem apresentados ao longo do seu estudo. Cabe ressaltar que alguns desses conceitos são de conhe- cimento da Matemática Elementar. Além disso, salientamos que para a parte relacionada sobre funções já vamos trabalhar com os conjuntos numéricos, apesar de colocarmos o formalismo com relação às suas construções um pouco mais a frente. A noção de função surge quando se procura estudar fenôme- nos e fatos do nosso mundo e, especialmente, nos mais diversos campos do conhecimento. Quantas vezes criamos ou procuramos relacionar as coisas entre si, por exemplo, ao estudarmos a relação do lucro com a quantidade vendida de determinado produto, ou de outra forma, ao estudarmos o fenômeno da queda livre de um corpo, podemos associar a cada instante a sua velocidade, bem como a sua posição. Em outras palavras, diretamente e indireta- mente, estamos utilizando a noção de função de uma variável real. © Análise Matemática34 É importante mencionar que, muitas vezes, ao observarmos fenômenos da nossa realidade, podemos caracterizar dois conjuntos e alguma lei que associa os elementos de um dos conjuntos aos elementos do outro. Uma análise dessas três coisas – os dois conjuntos e a lei – pode esclarecer detalhes sobre a interdependência dos elementos desses conjuntos e descrever o fenômeno em observação. 2.2. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE FUNÇÕES Você verá a seguir alguns conceitos básicos sobre funções. Definição 1 – função: podemos definir função como sendo um caso particular de uma relação, ou seja, sendo A e B dois conjuntos, diremos que uma relação de A em B é uma função se, e somente se, nessa relação para cada ,X X A∈ , tivermos um único ,Y Y B∈ Exemplo: sejam A o conjunto dos alunos de um colégio e o conjunto dos números inteiros. Se associarmos a cada aluno a sua idade, estabelecemos uma função de A em , pois, dessa maneira, associamos a cada elemento de A um único elemento de . Exemplo: consideremos os conjuntos A = {0, 1, 2, 3} e B = {-1, 0, 1, 2, 3}, temos que a relação V = {(0,0), (1, -1), (2, 0), (3, 3)} é uma função de A em B, já que para todo elemento x A∈ , sem exceção, existe um só elemento y B∈ tal que ( , )x y V∈ . Observe a Figura 6. 35 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Aspectos Introdutórios da Análise Matemática Figura 6 A representação gráfica da função V do exemplo. Salientamos que existem várias formas para representarmos funções. Por exemplo, consideremos a função f definida no conjunto dos números reais com contradomínio o próprio conjunto dos números reais, tal que 2 3y x= + . Assim, temos, por exemplo, que 2x = , então 7y = . Dizemos que 7 é a imagem de 2 pela função f e escrevemos (2) 7f = . De modo similar, temos que (0) 3, ( 1) 1f f= − = e assim por diante. Inicialmente, em vez de escrevermos 2 3y x= + , podemos escrever ( ) 2 3f x x= + e, para indicar que a função foi definida de em , escrevemos :f → (Figura 7). © Análise Matemática36 Figura 7 Diretrizes diversas sobre função. Ao considerarmos uma função definida de A em B, chamamos A e B respectivamente de domínio e contradomínio da função. Ao conjunto de todas as imagens, chamamos de conjunto imagem. Exemplo (domínio, contradomínio e conjunto ima- gem): consideremos os conjuntos { / 2 3}A x x= ∈ − ≤ ≤ , { / 1 9}B x x= ∈ − ≤ ≤ e a função 2: / ( )f A B f x x→ = , temos que: A é o domínio B é o contradomínio {0, 1, 4, 9} é o conjunto imagem Assim, de forma resumida, podemos falar as definições de domínio, contradomínio e conjunto imagem, como você pode observar na Figura 8. null 37 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Aspectos Introdutórios da Análise Matemática Figura 8 A interpretação do domínio, contradomínio e conjunto imagem. 2.3. PROPRIEDADES IMPORTANTES DAS FUNÇÕES Relembraremos algumas propriedades importantes da Teo- ria das Funções, tais como paridade, crescimento, composição e inversão de funções. Inicialmente, para falarmos com relação a pa- ridade de funções, onde temos funções pares e funções ímpares, necessitamos do conceito de conjunto simétrico, queé descrito como segue. Definição 2 – conjunto simétrico: consideremos A um sub- conjunto não vazio de , diremos que A é um conjunto simétrico se, e somente se, x A∈ implicar que x A− ∈ . Contrariamente dizemos que o conjunto A é não simétrico, ou seja, quando não for satisfeita a condição de que x A∈ implica que x A− ∈ . © Análise Matemática38 Exemplo (conjuntos simétricos): desta forma, podemos perceber, claramente, que os conjuntos a seguir são simétricos: • A = ]-3, 3[ (conjunto aberto com extremos -3 e 3) • B = [-3, 3] (conjunto fechado com extremos -3 e 3) • C = (conjunto dos números inteiros) • = conjunto dos números racionais • = conjunto dos números reais Dessa maneira, podemos perceber, claramente, que os conjuntos abaixo não são simétricos: A = [-3, 4] = conjunto dos números naturais Definição 3 – função par: consideremos f uma função cujo domínio seja um conjunto simétrico. Diremos que f é uma função par se, e somente se, ( ) ( )f x f x− = , para todo x pertencente ao domínio de f. Exemplo (função par): a função 2( )f x x= (função quadrática) é uma função par, já que podemos visualizar claramente que 2 2 2( ) ( ) ( )f x x f x x x= = − = − = (Figura 9). null 39 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Aspectos Introdutórios da Análise Matemática Figura 9 O gráfico da função 2( )f x x= que é uma função par. Exemplo (função par): a função ( ) | |f x x= (função modular: módulo de x) é uma função par, já que podemos visualizar claramente na Figura 10 que: ( ) | | x f( x) | x | xf x x= = = − = − = Figura 10 O gráfico da função ( ) | |f x x= que é uma função par. Definição 4 – função ímpar: consideremos f uma função cujo domínio seja um conjunto simétrico. Diremos que f é uma função ímpar se, e somente se, f( x) f(x)− = − . © Análise Matemática40 Exemplo (função ímpar): a função 3f(x) x= (função polino- mial) é uma função ímpar, já que podemos visualizar claramente na Figura 11 que 3 3f( x) ( ) f(x)x x− = − = − = − . Figura 11 O gráfico da função 3f(x) x= que é uma função ímpar. Exemplo (função ímpar): a função ( )f x senx= (função tri- gonométrica seno) é uma função ímpar, já que podemos visualizar claramente que f( x) ( ) ( )sen x senx f x− = − = − = − (Figura 12). Figura 12 O gráfico da função ( )f x senx= que é uma função ímpar. 41 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Aspectos Introdutórios da Análise Matemática Veja na Figura 13 a parte relacionada ao crescimento de uma função. Para tal, vamos considerar A e B subconjuntos de , e f uma função de A em B, isto é, :f A B→ . Seja I um subconjunto de A, I A⊂ . Com relação ao crescimento de funções, temos os seguintes tipos: Figura 13 Tipos de funções com relação à propriedade de crescimento. Definição 5 – função crescente no intervalo I: diremos que uma função f é uma função crescente em I se, e somente se, para todo par de elementos de I, 1 2 2 1{ , },x x x x> , tivermos 2 1( ) ( )f x f x> , isto é, quando x aumenta f(x) aumenta. Observe a Figura 14. © Análise Matemática42 Figura 14 Função crescente em I. Definição 6 – função decrescente no intervalo I: diremos que f é uma função decrescente em I se, e somente se, para todo par de elementos de I, 1 2 2 1{ , },x x x x> , tivermos 2 1( ) ( )f x f x< , isto é, quando x aumenta f(x) diminui (Figura 15). 43 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Aspectos Introdutórios da Análise Matemática Figura 15 Função decrescente em I. Definição 7 – função constante no intervalo I: a função f é uma função constante em I se, e somente se, para todo par de ele- mentos 1 2{ , }x x de I, tivermos 2 1( ) ( )f x f x= (Figura 16). © Análise Matemática44 Figura 16 Função constante em I. Agora, vamos falar sobre a composição de funções; já fala- mos diretamente e indiretamente sobre tal assunto, desde quan- do falamos de função polinomial do primeiro grau em tópicos de Matemática Elementar. Em verdade, criamos uma função compos- ta quando substituirmos a variável independente x de uma função por outra função (Figura 17). Figura 17 O surgimento da função composta. Definição 8 – função composta: consideremos f uma função definida de A em B e seja g uma função definida de B em C. Deno- 45 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Aspectos Introdutórios da Análise Matemática minamos de função composta de g com f a função h, definida de A em C, tal que ( ) ( )( ) g f xh x = para todo x pertencente a A, a qual é denotada por (g f)(x) . Exemplo (função composta): Assim, por exemplo, considere- mos as funções: : / ( ) 2 3f f x x→ = − + e g : / ( ) 3 4g x x→ = − , Dessa forma, temos que: (g f)(x) ( ( )) 3. ( ) 4 3.( 2 3) 4g f x f x x= = − = − + − Portanto, (g f)(x) 6 5x= − + Exemplo (função composta): assim, por exemplo, considere- mos as funções: : / ( ) 2 3f f x x→ = − + e g : / ( ) 3 4g x x→ = − , Vamos encontrar (g f)(2) . Solução: temos que: f( 2) 2.(2) 3 1− = − + = − E assim: (g f)(2) ( (2)) ( 1) 3.( 1) 4 7g f g= = − = − − = − Exemplo (função composta): consideremos 2( )f x x= e 3( )g x x= , vamos encontrar o valor de ( )(2)f g . Solução: temos que: 3g(2) 2 8= = Logo: 2( )(2) ( (2)) (8) 8 64f g f g f= = = = © Análise Matemática46 Outro conceito muito importante sobre a Teoria de Funções é a parte relacionada à inversão de funções, ou o conhecimento da função inversa 1f − de uma dada função f. Nesse contexto, de forma bastante simples, percebe-se que a variável dependente se torna independente; e a variável independente se torna depen- dente (Figura 18). Figura 18 A inversão de papéis das variáveis dependente e independente. Porém, para definirmos, formalmente, o conceito de função inversa, necessitamos de alguns conceitos auxiliares, já que não é toda função que admite função inversa; portanto, temos os con- ceitos: de função injetora, função sobrejetora e função bijetora (Figura 19). 47 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Aspectos Introdutórios da Análise Matemática Figura 19 Conceitos necessários para a definição de função inversa. Definição 9 – função injetiva: falamos que uma função :f A B→ é uma função injetora se, e somente se, para cada par de variáveis distintas em A, tivermos imagens distintas em B, isto é, se 1 2 1 2( ) ( )x x f x f x≠ ⇒ ≠ . Definição 10 – função sobrejetiva: dizemos que uma função :f A B→ é uma função sobrejetora se, e somente se, o seu con- junto imagem for igual ao seu próprio contradomínio B. Definição 11 – função bijetiva: falamos que uma função :f A B→ é uma função bijetora se, e somente se, ela for injetora e também sobrejetora. Tendo em vista tais definições, diremos que a condição ne- cessária e suficiente para que uma função admita inversa é que ela seja bijetora. Definição 12 – função inversa: dizemos que uma função :f A B→ admite inversa 1f − quando f for uma função bijetiva, ou seja, quando f é simultaneamente injetiva e sobrejetiva. © Análise Matemática48 Exemplo (função inversa): sendo :f → tal que f(x) 2 x 1= − , vamos encontrar a função inversa 1f − de f. Solução: na função f temos que 2 x 1y = − . Como ( ; )u v f∈ implica 1(v;u) f −∈ , temos na função inversa 1f − que 2 1x y= − . 2 1 1 2x y x y y= − ⇒ + = ⇒ = . Exemplo (função inversa): sendo f uma função bijetora tal que 2 1( ) 5 2 xf x x − = + , vamos encontrar 1f − . Solução: na função f temos 2 1 5 2 xy x − = + , consequentemente, em 1f − , temos que: 2 1 5 2 2 1 2 1 2 5 2 1 5 2 2 1(2 5 ). 2 5 yx xy x y x y xy x y xx y y x − = ⇒ + = − ⇒ + = − ⇒ + = + + − ⇒ = − Para finalizarmos esta parte sobre a função inversa, obser- vemos que: 1) Se f é uma função bijetora de A em B, então o domínio e o contradomínio de f são respectivamente o contrado- mínio e o domínio da sua inversa 1f − . 2) Considerando f uma função bijetora e 1f − a sua inversa, então 1 1( ( )) (f( )) xf f x f x− −= = para todo x no domínio. 3) Se f é uma função bijetora e ( ; )u v f∈ , então 1(v;u)f −∈ , consequentemente, os gráficos de f e 1f − são curvas si- métricas com relação à bissetriz dos quadrantes ímpa- res. Observe a Figura 20. 49 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Aspectos Introdutórios da Análise Matemática Figura 20 A simetria entre os gráficos de 2f(x) x= e 1( )f x x− = . 2.4. FORMAS BÁSICAS DE DEMONSTRAÇÕES Em diversas áreas da Matemática utilizamos as principais formas de demonstração para justificativas de resultados diversos e especificamente falando na Análise Matemática. Para tal, defini- remos alguns elementos básicos referente às técnicas de demons- trações a seguir. Definição 13 – proposições primitivas: são aquelas afirma- ções consideradas verdadeiras sem a necessidade de justificativa perante a demonstração, ou seja, são afirmações aceitas como verdadeiras sem demonstrações. As proposições primitivas são também conhecidas como axiomas ou postulados. © Análise Matemática50 Exemplo (proposição primitiva): por exemplo, um postulado bastante conhecido é que"por dois pontos distintos existe (passa) uma, e somente uma, reta”. Definição 14 – teorema: é uma proposição que se deduz de conceitos primitivos, de definições e de postulados, ou de propo- sições já aceitas como verdadeiras. Ou ainda, podemos definir um teorema como sendo uma proposição do tipo p q→ . Em um teorema se destacam duas partes: a hipótese e a tese. A hipótese é o conjunto de condições admitidas como verda- deiras, enquanto que a tese é o que se pretende concluir verdadei- ro como consequência da hipótese. Exemplo (teorema): “se um triângulo é equilátero então ele é equiângulo", temos que: Hipótese: um triângulo é equilátero. Tese: ele é equiângulo. Devemos ter em mente que os teoremas são, em geral, enunciados na forma: Se ..p.. então ..q... Onde p é a hipótese e q é a tese. Ou seja, demonstrar um teorema é concluir a veracidade da tese. Definição 15 – proposição: é uma afirmação aceita como verdadeira perante demonstração. Definição 16 – lema: é uma afirmação aceita como verdadei- ra perante demonstração, que é usada muitas vezes como proposi- ção para a prova de um teorema. Definição 17 – corolário: denominamos corolário a um teo- rema, que é uma consequência quase direta, de outro já demons- trado, ou seja, cuja prova é trivial ou imediata. Todas essas informações iniciais sobre as técnicas de de- monstração serão muito úteis principalmente com relação às di- null 51 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Aspectos Introdutórios da Análise Matemática versas demonstrações que apresentaremos ao longo de toda a nossa obra. Sempre estaremos apontando teoremas, proposições e lemas no decorrer dos resultados a serem comprovados de ma- neira formal. Para ampliar seus conhecimentos e obter maiores detalhes sobre a parte relacionada à Lógica Matemática, é interessante que você leia: ÁVILA, G. Análise matemática para licenciatura. 3. ed. rev. e amp. São Paulo: Edgard Blucher, 2006, p. 4-10. 2.5. O CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS Aspectos Introdutórios Vamos caracterizar o conjunto dos números naturais por meio de três propriedades específicas, as quais são chamadas de Axiomas de Peano, que são descritas a seguir e se encontram na obra de Elon (1989, p. 1). P1) (Axioma de Peano 1) Existe uma função injetiva (ou injetora ou 1 a 1) :s → . Desta forma, para os nossos propósitos a imagem s(n) de cada número natural n∈ será denominado de sucessor de n. P2) (Axioma de Peano 2) Existe um único número natural, que denotaremos por 1, 1∈ tal que 1 ( )s n≠ para todo n∈ . P3) (Axioma de Peano 3) Se um conjunto X ⊂ é tal que 1 X∈ e ( )s X ⊂ (isto é, ( )n X s n X∈ ⇒ ∈ ) então X = . De outra forma, podemos visualizar ou reformular as propriedades mencionadas da seguinte maneira: P1’) (Axioma de Peano 1’) Todo número natural tem um sucessor, que ainda é um número natural; números diferentes têm sucessores diferentes. P2’) (Axioma de Peano 2’) Existe um único número natural 1 que não é sucessor de nenhum outro. © Análise Matemática52 P3’) (Axioma de Peano 3’) Se um subconjunto dos números naturais contém o número 1 e contém também o sucessor de cada um dos seus elementos, então esse conjunto contém todos os números naturais. No final desta unidade, apresentaremos alguns exemplos que ilustram a aplicabilidade do Axioma de Peano 3, o conheci- do PIF (Princípio da Indução Finita), ferramenta muito importante na Matemática e, especificamente falando, na parte de Teoria dos Números. De maneira intuitiva, nós podemos pensar que todo nú- mero natural n pode ser obtido a partir do número 1, tomando-se seu sucessor (1)s , o sucessor deste, (s(1))s , e assim por diante, com um número finito de etapas. Outra informação importante que devemos salientar é que neste primeiro momento não encaramos o número zero como um número natural, ou seja, observemos que começamos a contar os naturais a partir do número 1. Em verdade, isso é uma briga que existe dentro da Matemática, entre duas frentes, que são a Álge- bra e a Análise. Além disso, o PIF serve como alicerce para uma maneira de demonstração de teoremas sobre números naturais, conhecido como o Método de Indução, ou Recorrência, pelo qual podemos caracterizar o seu funcionamento por meio da seguinte descrição: Se uma propriedade P é válida para o número 1 e se, supondo P válida para o número n daí resultar que P é válida também para seu sucessor s(n), então P é válida para todos os números naturais (CARDONA; AZAMBUJA; SANTOS, 2014). Esse princípio será de fundamental importância ao longo da Análise Matemática. Demonstração: “Como exemplo de demonstração por in- dução, mostraremos que, para todo n∈ , temos que s(n) n≠ , ou seja, vamos provar que para todo n∈ , temos que s(n) n≠ ” (ELON, 1989, p. 2). Prova: notemos, inicialmente, que a afirmação é verdadeira para n 1= porque, pelo Axioma de Peano 2, temos que 1 ( )s n≠ null null 53 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Aspectos Introdutórios da Análise Matemática para todo n∈ , logo, em particular, podemos considerar para n 1= , ou seja, 1 (1)s≠ . Agora, vamos supor que a afirmação seja verdadeira para um certo n∈ , ou seja, suponhamos que seja vá- lida que ( )n s n≠ . Como vimos na descrição dos Axiomas de Pea- no, a função sucessor (s) é injetiva, que segue que s(n) ( (n))s s≠ , isto é, a afirmação é verdadeira para s(n) . (Note que nessa última passagem usamos apenas a definição de função injetiva que foi apresentada anteriormente nesta unidade). C.q.d. Salientamos que sempre que colocarmos uma demonstração, no seu final aparecerá a abreviação C.q.d., que significa “como queríamos demonstrar”, para mostrarmos que tal demonstração foi finalizada. Além disso, quando consideramos o conjunto dos números naturais, são definidas duas operações binárias importantes, que são a adição e a multiplicação. No caso da adição, esta associa a cada par de números naturais ( , )m n sua soma m n+ , enquanto que a multiplicação faz corresponder ao par de números naturais ( , )m n seu produto .m n . É importante notarmos que tais operações são caracterizadas pelas seguintes igualdades, que lhes servem de definição: • 1 ( )m s m+ = • m s(n) s(m n)+ = + , isto é, m (n 1) (m n) 1+ + = + + • .1m m= • .( 1) .m n m n m+ = + Em outras palavras, só para ilustrarmos, no caso das igual- dades anteriores, podemos visualizá-las como sendo: somarmos 1 a m significa tomarmos o sucessor de m. E se já conhecemos a soma m n+ também conheceremos ( 1)m n+ + , que é o sucessor de m n+ . De outro modo, quanto à multiplicação, para a terceira igualdade mencionada, multiplicarmos m por 1 não altera o núme- ro dado m. Para visualização da existência das operações + e . com as propriedades descritas, bem como sua unicidade, que se faz por © Análise Matemática54 indução, você pode consultar a obra de Elon (1989, p. 2). De outra maneira, temos as seguintes propriedades da adição e multiplica-ção, já conhecidas por você, que são: • Associatividade: m (n p) (m n) p,m.(n .p) (m.n).p+ + = + + = • Distributividade: m.(n p) m.n m.p+ = + • Comutatividade: m n n m,m.n n.m+ = + = • Lei do corte: m n , . .m p n p m n n p n p+ = + ⇒ = = ⇒ = Definição 18 – m é menor do que n (ELON, 1989, p. 3): “Con- sideremos dois números naturais m e n. Escrevemos m n< quan- do existir p∈ tal que n m p= + . Neste caso, falamos que m é menor do que n”. Ressaltamos ainda que a notação m n≤ nos diz que m n< ou que m n= . Quando falamos na relação de ordem < sobre o conjunto dos números naturais, uma das mais importantes propriedades dessa relação é o conhecido Princípio da Boa Ordenação, como enuncia- mos e veremos a seguir. Teorema 1 – Princípio da Boa Ordenação: todo subconjunto não vazio A ⊂ possui um menor elemento, isto é, um elemento 0n A∈ tal que 0n n< para todo n A∈ (ELON, 1989, 3). Prova: a fim de provarmos essa afirmação, para cada núme- ro n∈ , chamemos de In o conjunto dos números naturais me- nores do que n, ou seja, I {1,2,..., }n n= . Assim, temos dois casos a considerar: Caso 1: neste caso, consideremos que 1 pertença ao conjun- to A. Se 1 A∈ , então 1 será o menor elemento de A e, assim, não temos nada a provar. Caso 2: aqui vamos considerar o caso de o elemento 1 não pertencer a A, ou seja, 1 A∉ . Dessa maneira, tomemos o conjunto X dos números naturais n tais que In A⊂ − . Como o conjunto unitário 1I {1} A= ⊂ − , vemos que 1 X∈ . De outro modo, como 55 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Aspectos Introdutórios da Análise Matemática A é um conjunto não vazio, concluímos que o conjunto X é um subconjunto próprio dos naturais, isto é, que X ≠ . Logo, a con- clusão do Axioma de Peano 3 não é válida. Assim, concluímos que deve existir um número natural n X∈ tal que 1n X+ ∉ . Então I {1,2,..., }n n A= ⊂ − , logo 0n 1 n A+ = ∈ . Portanto, caracteriza- mos que 0n é o menor elemento do conjunto A. C. q. d. 2.6. CONJUNTOS FINITOS E INFINITOS: QUAL O SIGNIFICADO FORMAL? Antes de definirmos a noção formal de Conjunto Finito, ressaltamos que continuaremos usando a notação I { / }n p p n= ∈ ≤ , para denotarmos o conjunto dos números naturais menores ou iguais a n. Definição 19 – conjunto finito (ELON, 1989, p. 3): Dizemos que um conjunto X é dito finito quando ele é o conjunto vazio ou quando existir uma bijeção entre ele e In . Se escrevermos 1 1 2 2( ), ( ),..., ( )n nx f x x f x x f x= = = temos então que 1 2{ , ,..., }nX x x x= . A bijeção f é dita uma contagem dos elementos de X e o número n é denominado o número de elementos, ou número cardinal do conjunto finito X. Teorema 2: “Se A é um subconjunto próprio de In , não pode existir uma bijeção f : A In→ ” (ELON, 1989, p. 4). Prova: suponhamos por absurdo, que o teorema seja falso e consideremos 0n ∈ o menor número natural para o qual exis- tem um subconjunto próprio 0 A nI⊂ e uma bijeção 0f : A In→ . Se 0n A∈ , então existe uma bijeção 0g : A In→ com 0 0g(n ) n= . Nesse caso, a restrição de g ao conjunto 0A {n }− é uma bijeção do subconjunto próprio 0A {n }− sobre 0 1nI − , o que contraria a mi- nimalidade do elemento 0n . Contrariamente, se tivermos 0n A∉ , então tomamos a A∈ com 0f(a) n= , e a restrição de f ao subconjunto próprio 0 1 { } nA a I −− ⊂ será uma bijeção sobre 0 1nI − , o que novamente vai © Análise Matemática56 contrariar a minimalidade de 0n , ou seja, encontramos uma con- tradição. Dessa maneira, segue que o teorema é verdadeiro, ou seja, se A é um subconjunto próprio de In , não pode existir uma bijeção f : A In→ . C. q. d. Corolário 1: se f : Im X→ e g : In X→ são bijeções, então m n= (ELON, 1989, p. 4). Prova: suponhamos por absurdo que o Corolário seja falso, ou seja, m n≠ , suponhamos ainda sem perda de generalidade que m n< . Dessa forma, sendo m n< então Im seria um subconjunto próprio de In , o que violaria o Teorema 1, pois 1 : I Im ng f − → é uma bijeção, ou seja, encontramos uma contradição. Similarmen- te, podemos mostrar que não é possível m n> . Logo, o Corolário é verdadeiro, portanto, temos que m n= . C. q. d. Corolário 2: consideremos X um conjunto finito do conjunto dos naturais. Uma função : X Xf → é injetiva se, e somente se, for sobrejetiva (ELON, 1989, p. 4). Prova: com efeito, existe uma bijeção : In Xϕ → . A aplica- ção : X Xf → será injetiva ou sobrejetiva se, e somente se, a apli- cação composta 1 f : I In nϕ ϕ − → o for também. Logo, podemos considerar f : I In n→ . Para justificarmos tal resultado, temos uma prova envolvendo a bicondicional (se e somente se), ou seja: (⇒ ) Suponhamos que f seja injetiva, então pondo A f(I )n= teremos uma bijeção 1 : A Inf − → . Pelo Teorema 2 anterior, A In= e f é sobrejetiva. (⇐ ) Reciprocamente, suponhamos que f seja sobrejetiva então, para cada x In∈ , podemos escolher y g(x) In= ∈ tal que f(y) x= . Isso define uma aplicação g : I In n→ tal que f(g(x)) x= para todo x In∈ . Então g é injetiva e, pelo que acabamos de provar, g é sobrejetiva. Assim, se 1 2y , y In∈ forem tais que 1 2f(y ) f(y ) tomamos 1 2x , x In∈ com 1 1 2 2g(x ) , g(x ) yy= = = e teremos 1 1 1 2 2 2( ( )) ( ) ( ) f(g(x ))x f g x f y f y x= = = = = . Daí 1 1 2 2y g(x ) g(x ) y= = = , logo f é injetiva. C. q. d. 57 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Aspectos Introdutórios da Análise Matemática Corolário 3: “Não pode existir uma bijeção entre um conjun- to finito e uma parte própria sua” (ELON, 1989, p. 5). Prova: notemos que o Corolário 3 é uma mera reformulação do Teorema 2. Agora, vamos mostrar um resultado aparentemente natural de se pensar, porém, um pouco mais complexo para provar, que é o fato de que um subconjunto de um conjunto finito é também finito. Esse fato é enunciado no Teorema 3, logo a seguir. Teorema 3: todo subconjunto de um conjunto finito é finito (ELON, 1989, p. 5). Prova: vamos provar, primeiramente, o seguinte caso parti- cular: se X é finito e a X∈ , então o subconjunto X – {a} é também finito. De fato, existe uma bijeção f : In X→ , a qual, pelo corolá- rio anterior, podemos supor que cumpre ( )f n a= . Se 1n = , então { }X a− =∅ é finito. Se 1n > , a restrição de f a 1nI − é uma bijeção sobre { }X a− , logo { }X a− é finito e tem 1n − elementos. O caso geral se prova por indução no número n de elementos de X. Ele é evidente quando X =∅ ou 1n = . Supondo o teorema verdadei- ro para conjuntos com n elementos, consideremos X um conjunto com 1n + elementos e Y um subconjunto de X. Se Y X= , nada há para provarmos. Caso contrário, existe um elemento a X∈ com a Y∉ . Então, na realidade, Y { }Y X a⊂ − . Como { }X a− tem n elementos, concluímos que Y é finito. C. q. d. Definição 20 – conjunto limitado: um subconjunto X ⊂ é dito limitado, quando existe p∈ tal que x p≤ para todo x X∈ (ELON, 1989, 5). Corolário 02: um subconjunto X ⊂ é finito se, e somente se, for limitado (ELON, 1989, p. 5). Prova: mais uma vez, observemos que se trata de uma prova do tipo ida e volta. Desse modo, temos que: © Análise Matemática58 (⇒ ) Neste sentido, notemos que temos por hipótese que X é finito e devemos mostrar que X é limitado. Para tal, como X é finito, podemos escrever X como 1 2{ , ,..., }nX x x x= ⊂ ; assim, se colocarmos 1 2 ... np x x x= + + + , vemos claramente que para todo x em X, que x p< , ou seja, X é limitado. (⇐ ) Neste sentido, temos por hipótese que X é limitado e devemos provar que X é finito. Para tal, se X ⊂ é limitado, en- tão X I p⊂ para algum p∈ , segue-se pois o Teorema 2, em que provamos anteriormente que o conjunto X é finito. C. q. d. (Figura 21). Figura 21 Relação entre conjunto finito e limitado. Agora vamos definir a noção de conjunto infinito, que, em verdade, já podemos pensar de forma natural que se trata do con- trário da noção de conjunto finito. Definição 21 – conjunto infinito: um conjunto X é dito infini- to quando ele não é finito. Assim, X é