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Unidade 1 Introdução ao desenho técnico Érica Pereira das Neves © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Imagens Adaptadas de Shutterstock. Todos os esforços foram empregados para localizar os detentores dos direitos autorais das imagens reproduzidas neste livro; qualquer eventual omissão será corrigida em futuras edições. Conteúdo em websites Os endereços de websites listados neste livro podem ser alterados ou desativados a qualquer momento pelos seus mantenedores. Sendo assim, a Editora não se responsabiliza pelo conteúdo de terceiros. Sumário Unidade 1 Introdução ao desenho técnico ................................................................... 7 Seção 1 Simbologia e normas ABNT ............................................................. 9 Seção 2 Geometria descritiva básica ............................................................29 Seção 3 Introdução ao desenho auxiliado por computador .....................52 Palavras do autor Olá, seja bem-vindo! Vamos começar nossa aprendizagem sobre desenho projetivo? Antes, uma pergunta: o que você conhece sobre desenho técnico? Você sabia que ele é uma linguagem gráfica utilizada para expressar e regis- trar com detalhes informações importantes para a construção de objetos, dispositivos e estruturas? Você sabia, também, que essa linguagem gráfica demanda treinamento específico para ser executada e interpretada? Por esses e alguns outros motivos, a disciplina de Desenho Projetivo é tão importante. Ela dá suporte para seu aprendizado e desenvolvimento profissional, capacitando-o a ler, escrever e expressar ideias por meio de uma linguagem gráfica eficiente. Para tanto, desenvolvemos conteúdos essen- ciais para sua capacitação, os quais serão apresentados ao longo de quatro unidades de ensino. Em cada uma delas, você será apresentado às informa- ções teóricas que enriquecerão seu repertório, as quais serão aplicadas na solução de exercícios que aproximarão você às práticas do mercado. Dessa maneira, na Unidade 1, a simbologia, as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e a geometria básica serão apresen- tadas a você, a fim de que possa compreender como estruturar os desenhos a partir de uma escrita padronizada universal. Evidencia-se que, inicialmente, o desenvolvimento da prática de desenho ocorrerá por meio de ferramentas manuais, ou seja, exercícios práticos que servirão de base para que possa, poste- riormente, compreender e utilizar os comandos básicos e avançados de edição de desenho das ferramentas computacionais disponíveis, no caso, o AutoCAD. A Unidade 2 abordará a noção de escalas, cotagem e projeção de figuras planas. Dentro do ambiente digital, coordenadas cartesiadas e polares e algumas ferramentas de desenho do AutoCad serão trabalhadas para que você possa começar a aplicá-las na construção de desenhos por meio dessa ferramenta computacional. A Unidade 3 trará as projeções ortogonais e a formação das vistas do 1º e do 3º diedros. Regras básicas de representação e projeção de vistas e planos também serão demonstradas e trabalhadas em conjunto com ferramentas do AutoCAD, possibilitando a precisão do desenho, assim como a compreensão acerca do espaço trabalho. A essa altura, o detalhamento do desenho técnico no ambiente digital começará a ser desenvolvido por meio de ferramentas de cotagem e hachuras. Por fim, a Unidade 4 discorrerá sobre o estudo das perspectivas axono- métricas e a noção espacial da construção destas figuras geométricas em três dimensões (3D) a partir de projeções ortogonais. Nesse momento, a prática do desenho técnico será totalmente inserida dentro do software, sendo-lhe apresentado os conceitos de blocos e biblioteca e as ferramentas e os caminhos necessários para a elaboração de templates, textos, VPORTS e configuração de saídas de impressão. Cada uma das unidades é dividida por seções, as quais, além de discor- rerem sobre o conteúdo a ser apreendido, apresentarão problemas em contextos de trabalho, que estimularão seu raciocínio e exercício prático, visando despertar e desenvolver suas habilidades e competências. Então, vamos lá! Desejamos a você bons estudos e uma ótima caminhada. Procure se dedicar nos exercícios propostos, pois estes serão essenciais para a compre- ensão do conteúdo e o desenvolvimento de suas habilidades como desenhista projetista. E, claro, conte conosco. Unidade 1 Érica Pereira das Neves Introdução ao desenho técnico Convite ao estudo Olá, você já parou para observar a quantidade de informações por meio de desenho que recebe por dia? Imagine-se no trânsito, por exemplo. Quantas informações lhe são passadas por meio de imagens e desenhos? Placas de sinalização, faixa de pedestres, setas, etc. Para que haja uma compreensão universal de cada um desses elementos, são necessárias regras de linguagem que normatizem tais informações. O mesmo deve ocorrer com o desenho técnico no âmbito industrial. Este deve seguir normatizações acerca de sua linguagem gráfica, uma vez que tem por objetivo a transmissão de infor- mações importantes e necessárias ao entendimento e à concepção de um determinado artefato. No Brasil, a ABNT é a entidade que normatiza tais elementos de representação. Isso quer dizer que, para algumas áreas, como as das Engenharias e do Design, o domínio do desenho, bem como da normatização gráfica, é imprescindível para o desenvolvimento das habilidades e competências profissionais dos indivíduos, principalmente os que estão envolvidos mais diretamente no processo de desenvolvimento e produção de produtos. A universalidade do desenho projetivo o torna um recurso largamente utilizado pelas indústrias de todo o mundo. Sua linguagem padronizada possibilita que as informações descritivas de um determinado produto sejam compreendidas em escala global, o que faz com que o desenho seja um elemento de ligação entre projeto (concepção) e execução. Nesse sentido, para que possa compreender a importância do desenho técnico, esta Unidade de Ensino abordará, inicialmente, a origem do desenho e o seu processo evolutivo, correlacionando-o com sua abordagem atual. Em seguida, a padronização do desenho será apresentada a você conforme as normas da ABNT, bem como lhe serão apontadas as principais simbologias utilizadas. Serão evidenciados, também, os instrumentos de desenhos e seu uso, o que possibilitará que você realize exercícios práticos, o que lhe auxiliará a compreender os elementos da geometria básica, margem, legendas e caligrafia técnicas, todos instrumentos importantes à clareza dos desenhos projetivos. Paralelamente, a exemplo do desenvolvimento tecnológico global, serão apresentadas as primeiras noções de transposição de desenho ao meio digital por meio da utilização do software AutoCad. O objetivo é familiarizar você, futuro profissional, às demandas atuais do exercício projetual que implicam no domínio de ferramentas digitais. Para tanto, a última seção desta unidade de ensino trará o ambiente de trabalho digital e sua interação gráfica, evidenciando algumas ações básicas de gerenciamento de arquivo e de manipulação de desenho. 9 Seção 1 Simbologia e normas ABNT Diálogo aberto Olá, bem-vindo! Você, certamente, já se viu desenhando, ou melhor, rabiscando algo para que alguém pudesse entender o que estivesse falando, correto? Seja um mapa, um objeto, o esquema de acesso deum prédio, ou mesmo uma pequena planta de uma casa. Afinal, como popularmente se é dito: “Uma imagem vale mais que mil palavras”. Realmente, não se pode comparar a capacidade de transmissão de informações de um desenho. A exposição e a representação de uma ideia se desenvolvem de maneira eficaz, rápida e com a propriedade de esclareci- mento como nenhuma outra linguagem. Sem contar a universalidade com a qual se desenrola. Independentemente da região do mundo que estiver, ignorando-se o idioma falado, você pode representar o que deseja por meio de traços, mesmo que não domine muito a técnica. De maneira geral, o desenho pode ser compreendido como um meio de expressão que envolve a linguagem imagética construída por meio de técnicas e recursos gráficos. Consiste, basicamente, na combinação de formas, retas e pontos que transfiguram e representam graficamente, em formas percep- tíveis, as abstrações mentais. No caso do desenho técnico, alguns métodos, bem como tecnologias, fornecem a você instrumentos importantes para a elaboração de desenhos que apresentem dados consistentes e adequados à execução de projetos. Mediante essa realidade e o conteúdo que será apresentado nesta seção, sugerimos sua imersão em um contexto que simulará problemas do dia a dia, focando no desenvolvimento de sua competência por meio da aproximação dos conteúdos teóricos com a prática. Imagine que uma empresa do ramo automotivo iniciou uma campanha interna de capacitação de colaboradores que queiram atuar como desenhistas técnicos em uma de suas linhas de produção. Você, colaborador da empresa, visando ao desenvolvimento profissional, mostrou interesse pela capacitação e logo se conscientizou acerca das tarefas dos projetistas e sua importância frente à melhoria dos resultados da empresa. 10 Inserido no curso, naturalmente, você começou a entrar em contato com diversas informações que estão a contribuir com seu repertório profis- sional, principalmente no que diz respeito às demandas de desenho técnico. No decorrer da capacitação, é proposto o seguinte desafio: construir uma prancha A4, a qual servirá de modelo padrão para toda a empresa e contri- buirá com a organização e o fluxo de informação interno. Nesse momento, é natural aparecer algumas dúvidas quanto ao modelo que você deve elaborar. Concorda que buscar informações sobre o que esta prancha precisa apresentar pode ser um bom começo? A pergunta que deve lhe direcionar é: o que uma prancha instrucional precisa conter para que a interação entre a etapa projetiva e a produtiva seja eficiente? Você acredita que apenas o desenho seja suficiente para a interpretação do que deve ser produ- zido pelos diferentes setores da sua empresa? Leve um tempo para listar o que é necessário ser descrito neste documento, para que, a partir da compreensão dos setores sobre o produto a ser desenvolvido, haja uma integração entre eles, de forma a garantir melhorias e otimização dos recursos da empresa. Ao terminar essa listagem, outro desafio lhe cabe: como encaixar todas as informações necessárias dentro desse documento? Como apresentá-las de maneira correta para que possam ser universalmente compreendidas? Nesse momento, as normas da ABNT lhe serão de substancial ajuda. Por elas, você tem acesso às diretrizes que normatizam a linguagem gráfica do desenho técnico, bem como encontrará quais informações devem ser inseriras no documento. Não se esqueça de que você também tem em mãos os instru- mentos de desenhos necessários para a construção das partes que comporão a ficha. Utilize-os e aproveite para desenvolver a prática do desenho. Não vá para casa com dúvidas. Peça ajuda ao professor, afinal, é bom reforçar que o desenho é essencial para o desenvolvimento de suas habilidades e competên- cias, então, pratique. Não pode faltar Olá! Você sabia que o desenvolvimento do desenho técnico, mais especi- ficamente a geometria descritiva, remonta ao período pré-histórico? Sim, é mesmo bem antigo. Para ser um pouco mais específico, milhares de anos antes do nascimento de Cristo, em um período no qual os egípcios, por já deterem alguns conhecimentos de geometria, começaram a desenvolver alguns desenhos e projeções, com o objetivo de marcar terrenos e facilitar as construções. Esse conhecimento foi aprofundado pelos matemáticos gregos, que passaram a utilizar os recursos gráficos para problemas relacionados 11 com figuras, delineando os conceitos básicos das igualdades de figuras, que viriam a ser conhecidos como congruência e semelhança. Muito tempo depois, o desenho ganhou uma nova magnitude ao ser explorado pelo italiano renascentista Leonardo da Vinci, o qual, por meio de estudos relativos à teoria do desenho, o promoveu como instrumento para compreender e explicar muitos de seus inventos (Figura 1.1a e 1.1b). A técnica foi largamente desenvolvida por diversos artistas, pintores e arqui- tetos renascentistas em virtude do realismo, da exatidão e da grandiosidade que os projetos concebidos espreitavam Figura 1.1 | (a) Leonardo da Vinci (1452-1519). Gravura por Cosomo Colombini (1812); (b) Pági- na dos cadernos de Leonardo da Vinci com desenhos de um dispositivo de engrenagem Fonte: Shutterstock. No final do século XVII, a França se destacou quanto aos estudos da matemática e da geometria, tendo René Descartes e Pierre de Fermat como nomes importantes à evolução das teorias difundidas no período. No século seguinte, o advento das regras da Geometria Descritiva formuladas pelo matemático francês Gaspard Monge sistematizou diversos métodos de repre- sentação no plano do desenho, principalmente das superfícies tridimen- sionais dos objetos sobre a superfície bidimensional do papel. Essa técnica corroborou com o desenvolvimento tecnológico promovido por ambas as Revoluções Industriais, quando, gradativamente, o caráter produtivo artesanal passou a ser substituído por um sistema industrial mecanizado, que possibilitou a produção em larga escala de diversos produtos. Esse novo sistema intensificou a necessidade de uma linguagem universal de projetos que comunicasse corretamente os requisitos produtivos de um determinado produto, impulsionando, assim, a popularização da geome- tria descritiva e, consequentemente, o desenho técnico. De fato, a partir da Segunda Revolução Industrial, entre o fim do século XIX e o começo do 12 século XX, a necessidade de se criar uma linguagem universal de desenho se faz ainda mais forte em decorrência da sistematização contínua das indús- trias ocorrida nesse período, a qual estabeleceu a divisão social do trabalho e os modos de produção, potencializando a especialização da mão de obra. A partir da década de 1970, a globalização e a revolução tecnoló- gica passam a determinar novas sistematizações industriais, impelindo modelos antigos e enrijecidos de produção (SULZ; TEODORO, 2014). A computação e os meios digitais passam a determinar novos modelos de transação econômica, não demorando muito para serem absorvidos pelos setores fabris. A computação gráfica embala uma nova fase na evolução do desenho técnico, impulsionado sistemas digitais, como o Computer Aided Design (CAD), o Computer Aided Manufacturing (CAM) e o Computer Aided Engineering (CAE). Tecnologias estas, entretanto, que não negligenciam os conhecimentos do desenho, pois “tanto o esboço à mão livre quanto a habilidade de trabalhar com as técnicas de desenho por computador requerem conhecimentos de normas para a comunicação gráfica” (GIESECKE et al., 2002, p. 16). Evidencia-se que parte desse cenário era caracterizado pelo crescimento das demandas da sociedade de consumo, que exigiam cada vez mais produtos sofisticados em estética, tecnologia, acabamento, entre outras características. Tendência esta que esgotou as tentativas de modelos antigos de concepção de projeto e produção, em decorrência da velocidade com que os produtos deveriam ser lançados. Instala-se, assim, um processo vertiginoso deprogresso industrial que vai sendo alimentado, gradativamente, por novos materiais, novos processos fabris e, naturalmente, novas necessidades e novos hábitos de consumo que requerem ser satisfeitos de maneira rápida e eficiente. E é nesse cenário complexo que você atuará, elaborando desenhos que possam apresentar informações claras e fáceis de serem compreendidas acerca do produto que está elaborando. Mas, não se preocupe, porque vamos ajudá-lo a encarar esse desafio. Para começarmos, é necessário que você aprenda como esse desenho deve ser apresentado e, por isso, iniciaremos seu aprendizado por meio das diretrizes que normatizam sua linguagem gráfica. Exemplificando A prática do desenho pode ser desenvolvida sob dois aspectos: o artís- tico e o técnico. Como o próprio nome diz, o artístico envolve aspectos subjetivos e emocionais, que estão associados à arte, à ideia pessoal de se transmitir algo por uma linguagem individual (Figura 1.2). Já no desenho técnico, tais propriedades são totalmente excluídas, sendo 13 o principal objetivo a transmissão exata de uma informação ou ideia. Para tanto, há de se compreender as regras estabelecidas previamente, as chamadas normas técnicas, criam o caráter lógico e racional do desenho, que passa a ter configurações exatas para a compreensão de suas informações, visando extinguir qualquer dúvida quanto a um determinado produto (ou componente) (Figura 1.3). Figura 1.2 | Desenho artístico: pintura sobre óleo - Cavalo correndo Fonte: Shutterstock. Figura 1.3 | Exemplo de desenho técnico - Componente industrial Fonte: elaborada pela autora. 14 Normas da ABNT A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o Foro Nacional de Normalização, que ganhou reconhecimento da sociedade brasileira desde sua fundação, em 28 de setembro de 1940. Entidade privada e sem fins lucrativos, a ABNT é membro fundador da International Organization for Standardization (ISO – Organização Internacional de Normalização), e é a responsável pela elaboração de Normas Brasileiras (NBR). Sua formação veio a respaldo do crescimento dos empreendimentos produtivos dentro das sociedades do Ocidente, quando o ganho de eficiência passa a ser essencial para a evolução industrial, econômica e social. Reflete sobre o processo no qual o que era antes regulado por hábito ou costume passa a ser organizado e transmitido aos demais como normativas. E dentre essas normativas, temos as que envolvem a representação do desenho técnico, isto é, aquelas que você precisa ter profundo conhecimento para atuar como projetista e desenhista. Normas brasileiras aplicadas ao desenho técnico Para seu conhecimento, é importante destacar que as normas brasileiras que direcionam a elaboração do desenho técnico englobam desde o dimensionamento de papéis até especificidades de desenho, como para as estruturas metálicas ou elementos de concreto. Para que você possa compreender melhor como elaborar um desenho, começaremos por algumas normas básicas principais, as quais são determinantes para o seu correto dimensionamento e detalhamento. Iniciaremos pela NBR 16752:2020 – Desenho técnico – Requisitos para apresentação em folhas de desenho. Esta norma traz especificações quanto ao formato das folhas de desenho e aos elementos gráficos, à localização e à disposição do espaço para desenho, ao espaço para informações complementares e legenda, ao dobramento de cópias e ao emprego de escalas a serem utilizadas em desenho técnicos. Explica-se que esta norma entrou em vigor substituindo algumas outras que traziam especificações de desenho, tal como a NBR 10068:1987 (Folha de desenho – Leiaute e dimensões), a NBR 10647:1989 (Desenho técnico e terminologias) e a ISO 10209-2:2005 (Vocabulário – Termos relativos aos métodos de projeção). Trata-se de um compilado de outras normas que diziam respeito às diretrizes de desenho técnico. Outras normas a serem referenciadas são: • NBR 8402:1994 – Caligrafia técnica: fixa condições para a escrita usada em desenhos técnicos e documentos semelhantes. 15 • NBR 8403:1984 – Aplicação de linhas em desenhos: determina tipos e escalonamento de larguras de linhas para uso em desenho técnicos e documentos semelhantes. • NBR 10067:1995 – Princípios gerais de representação de desenho técnico – Procedimento: fixa a forma de representação aplicada em desenho técnico. • NBR 12298:1995 – Representação de área de corte por meio de hachuras em desenho técnico: direciona as condições exigíveis para representação de áreas de corte em desenho técnico. • NBR 10126:1998 – Cotagem em desenho técnico: fixa os princípios gerais de cotagem a serem aplicados em todos os desenhos técnicos. • NBR 6158:1995 – Sistemas de tolerâncias e ajustes: fixa o conjunto de princípios, regras e tabelas que se aplicam à tecnologia mecânica, a fim de permitir escolha racional de tolerâncias e ajustes, visando à fabricação de peças intercambiáveis. • NBR 8404:1984 – Indicação de estado de superfície em desenho técnico: esclarece sobre os símbolos e as indicações complementares para a identifi- cação do estado de superfície em desenhos técnicos. As normativas visam à amenização do erro e ao ganho de eficiência frente à complexidade dos sistemas produtivos e sociais do mundo contemporâneo. Sendo assim, ao longo das unidades de ensino deste material, iremos, aos poucos, apresentar a você os principais conteúdos a serem apreendidos para o correto dimensionamento dos desenhos técnicos. Utilizaremos as normas e os exemplos gráficos, para que você possa compreender cada item estudado, bem como exercí- cios que o farão colocar em prática o que está sendo passado. Entretanto, antes de mais nada, vamos nos ater às ferramentas que podem dar vida ao desenho técnico. Apesar de já termos adiantado a importância da computação gráfica na elaboração do desenho, é indiscutível que se tenha o domínio das ferramentas manuais de desenho. A compreensão sobre como se constrói um objeto por meio de instrumentos de desenho básicos envolve o desenvolvimento de sua cognição e de seu raciocínio lógico, fatores que serão primordiais para que, posteriormente, você consiga transpô-lo direto ao ambiente digital facilitado por programas específicos de desenho. Portanto, vamos conhecer algumas dessas ferramentas. 16 Utilização de instrumentos Os desenhos de caráter técnico devem cumprir a função de comunicar deter- minadas informações por meio de seus elementos gráficos. Para serem bem execu- tados, necessitam que o projetista tenha pleno domínio sobre as ferramentas que o viabilizam, bem como entenda os princípios básicos da geometria descritiva. Em relação aos instrumentos, temos: papel; lápis (e variações de lapiseira e grafite); borracha; régua; esquadros; transferidor e compasso. Para que você entenda melhor as características de cada um, discorreremos um pouco mais detalhada- mente sobre cada um deles. Papel As características do papel englobam gramatura, espessura, cor, superfície e tamanho. A NBR 16752:2020 fixa algumas informações sobre a dimensão das folhas de desenho, descrevendo o retângulo como formato básico para desenho. Os tamanhos derivam da série ISO-A e pela sua bipartição sucessiva, conforme Figura 1.4. Figura 1.4 | Formatos derivados da série ISO-A (medidas em milímetros) Fonte: adaptado de NBR 16752 (ABNT, 2020, p. 3). De acordo com a norma, convém que a representação do desenho seja executada em menor formato possível, desde que sua interpretação não seja prejudicada. Dentre os formatos mais utilizados, temos os apresentados na Tabela 1.1. 17 Tabela 1.1 | Formatos mais utilizados (série ISO-A) DESIGNAÇÃO DIMENSÕES (mm) A0 841 x 1189 A1 594 x 841 A2 420 x 594 A3 297 x 420 A4 210 x 297 Fonte: adaptado de NBR 16752 (ABNT, 2020, p. 3). É necessário destacar, também, o posicionamento das folhas de desenho, que pode ser tanto na vertical, chamado comumente de retrato, quanto na horizontal, ou paisagem (Figura 1.5).Figura 1.5 | Posição de trabalho da folha. Posição vertical, conhecida popularmente como retrato; posição horizontal, ou paisagem Fonte: NBR 16752 (ABNT, 2020, p. 4). Lápis, lapiseira e grafite Como ferramenta básica para o desenho, o lápis – e sua derivação, a lapiseira – possui a propriedade de dar vida ao desenho planejado por meio do suporte do grafite. O grafite possui características que variam de acordo com sua dureza, sendo elas determinadas por um padrão de classificação que varia do 6H até 8B (Figura 1.6). A família dos grafites H apresenta propriedades de um grafite mais duro, claro e seco. Quanto maior o número H (referência à palavra inglesa hard, ou seja, duro), mais duro é o traço e, portanto, mais claro. Por outro lado, a família de grafites B apresenta uma configuração mais macia, com gradua- ções que vão desde B até 8B. Nessa graduação, quanto maior o número B, mais macio e escuro é o traço. Salienta-se que, dentre as duas graduações, 18 ainda existem as graduações HB (Hard e Black) e F (referência ao termo inglês fine), que apresenta um traço mais fino e resistente. Figura 1.6 | Graduação dos grafites por família Fonte: elaborada pela autora. Graduações, como 2B, B e HB, geralmente, são utilizadas para a escrita em geral, sendo também conhecidas como nº 1, nº 2 e 2½, respectivamente. Os lápis mais macios, tais como o 4B e o 6B, são bastante utilizados para escurecer e fazer preenchimentos. Os intermediários são indicados para sombreamentos, enquanto os mais duros são usados para desenhos, inclusive técnicos. Para o dia a dia, as graduações HB, B e 2B são boas referências, dado a boa resistência de seus grafites, traço mais escuro e facilidade ao apagar. Destaca-se, quanto a este último detalhe, que os grafites com propriedades mais secas e duras são mais difíceis de serem apagados, uma vez que acabam por marcar com maior afinco as superfícies de desenho. No caso das lapiseiras, além da composição do grafite, há também a graduação quanto à espessura deste, sendo as mais comuns as que variam de 0,3 mm até 0,9 mm. Essa graduação confere à lapiseira um risco fino, que pode ser elaborado com maior precisão e limpeza. A régua e o escalímetro Popularmente conhecida, a régua confere estabilidade ao desenho, uma vez que possibilita que sejam traçados segmentos de retas mais exatos e bem dimensionados por possuírem uma divisão com unidades de medida linear. Por outro lado, tem-se o escalímetro, o qual, de modo simplificado, pode ser caracterizado como uma régua triangular de três faces e seis escalas diferentes, que servem para medir e fazer representações gráficas ampliadas ou reduzidas, garantindo, assim, proporcionalidade. Normalmente, apresenta as seguintes escalas: 1:20; 1:25; 1:50; 1:75; 1:100; 1;125. Esquadros O esquadro é outro material de desenho de formato triangular muito utilizado para traçar segmentos de retas que determinam combinações de 19 ângulos e linhas paralelas, oblíquas e perpendiculares. Normalmente traba- lhado em pares, os esquadros podem apresentar ângulos de 30, 45 e 60 graus, e possibilitam a transferência de ângulos. Compasso O compasso é um instrumento que serve para traçar circunferências e arcos de diferentes raios e diâmetros. Composto por dois braços que se unem por uma das extremidades, a qual é manipulada de maneira a efetuar a transferência de medidas pretendida. Um desses braços configura-se por uma ponta seca, geral- mente de metal e bem fina, que serve de eixo central e como elemento que fixa o instrumento sobre o papel, enquanto o outro braço, segurando um lápis ou grafite, é girado sobre esse eixo, formando o desenho da circunferência ou do raio desejado. Transferidor O transferidor é uma ferramenta para medição de ângulos. Normalmente encontrado em formato circular, ou meio círculo, ou seja, 360° e 180° graus, respec- tivamente, possui uma escala que divide em ângulos cada seção. Esses são alguns dos instrumentos básicos que você deve conhecer e saber usar em seus desenhos. Agora que você já sabe um pouco mais sobre esse assunto, começaremos a compreender alguns dos detalhamentos que compõem o desenho técnico. Margem, legenda e caligrafia técnica Nesse primeiro momento, é válido nos atentarmos a alguns detalhes de desenho que o auxiliam quanto à clareza, à limpeza e à organização das infor- mações que o comporão. Consultando novamente a NBR 16752:2020, uma das propriedades de desenho que são apresentadas é a margem (Tabela 1.2). Trata-se de um espaço que compreende o intervalo entre o quadro (espaço a ser trabalhado) e a borda da folha de desenho. Provavelmente, você já ouviu falar de margem quando estava elabo- rando algum trabalho no computador, como uma monografia acadêmica. Geralmente, apesar de seguir as normas específicas de trabalhos acadêmicos, possui a mesma função que a utilizada para o desenho técnico, a qual consiste no espaço de intervalo respeitado entre a área de trabalho e as bordas da folha. Independentemente do trabalho que está a fazer, as margens estão presentes em quatro áreas da folha, sendo elas: margem direita, esquerda, 20 superior e inferior. Para o desenho técnico, a ABNT fixa a dimensão das margens de acordo com o tamanho e o formato de papel que está sendo utilizado, conforme a Tabela 1.2. A margem esquerda sempre apresenta um espaçamento maior que as demais, para permitir que sejam realizados furos para arquivamento da folha. Somado a isso, tem-se também a largura da linha a qual a margem deve ser traçada, como se observa na mesma tabela. Tabela 1.2 | Margens e larguras das linhas, conforme fixa a NBR 16752:2020 FORMATO MARGEM LARGURA DA LINHA DO QUADROESQUERDA DIREITA SUPERIOR E INFERIOR A0 20 mm 10 mm 10 mm 1,0 A1 20 mm 10 mm 10 mm 1,0 A2 20 mm 10 mm 10 mm 0,7 A3 20 mm 10 mm 10 mm 0,7 A4 20 mm 10 mm 10 mm 0,7 Fonte: adaptado de NBR 16752 (ABNT, 2020, p. 6). Ao traçar a margem, você pode observar que a área de trabalho começa a ser delimitada. A próxima informação a ser inserida é a legenda. Esta deve ser elabo- rada na forma de um quadro subdividido em campos de dados, contendo infor- mações, indicações e identificações relevantes associadas ao desenho. Apesar de a ABNT apresentar uma listagem ampla de campos a serem seguidos, podemos destacar alguns mais importantes e habituais utilizados por empresas e também autônomos, sendo eles: proprietário legal e/ou empresa (nome, marca fantasia ou logotipo); título do projeto (produto, estrutura, etc.); número de identificação; tipo de documento; responsável(eis) pelo conteúdo; projetista; autor e aprovador; data da emissão; escala; número ou indicação sequencial da folha; nome do responsável técnico, título profissional e registro do órgão de classe, quando aplicável. Visando à qualidade gráfica do material, a ABNT apresenta que a legenda deve estar posicionada na horizontal e situada no canto inferior direito do quadro, apresentando, em todos os formatos, 180 mm de comprimento e altura variável, conforme exemplo da Figura 1.7. 21 Figura 1.7 | Exemplo de legenda apresentado pela NBR 16752:2020 Fonte: NBR 16752 (ABNT, 2020, p. 12). Assimile Apesar de o desenho técnico dispor de informações importantes para orientar a produção de um produto, sua eficácia comunicativa depende muito da qualidade e da clareza com que este se apresenta. No contexto industrial, é natural e indiscutível que a maioria das empresas trabalhe com uma gama imensa de produtos que se diferem pelo formato, pela utilidade, pelo processo fabril, pelas etapas de produção, entre outros fatores. Essa variedade demanda uma siste- matização que possibilite que os diferentes produtos sejam organi- zados de maneira a atender às necessidades da empresa quanto à identificação e ao controle de cada um. Para isso, é comum que as empresas utilizem documentos, os quais consistem em descrições importantes da peça ou do produto, que servem de referência para todos os setores industriais.Estes podem receber nomes diferentes, tais como: ficha técnica, guia de produção ou memorial descritivo. Muitos deles, além de apresentarem o desenho técnico, descrevem fluxos produtivos, demandas de máquinas, tempo de produção, etc. No caso de uma ficha técnica de produto, por exemplo, as informações devem ser objetivas e completas, corroborando com o entendimento dos diversos colaboradores envolvidos no projeto, no planejamento, na produção, na venda e na logística de um determinado produto. Nela, geralmente, o desenho técnico é apresentado junto às informa- ções quanto ao material empregado; à quantidade de matéria-prima; ao código de identificação da empresa ou do cliente; ao nome do produto; aos detalhes de produção, entre outros. De maneira geral, esse recurso viabiliza a otimização das etapas de projeto, produção, venda e distribuição de um determinado produto. Trata-se de um elo comunicativo entre quem desenvolve o projeto, quem o produz e 22 quem o vende e o distribui. Assim como o desenho técnico, as fichas técnicas devem possuir uma linguagem clara e universal, possibili- tando que os dados apresentados sejam compreendidos por todos os envolvidos em sua produção. Para isso, apesar de não fixar um modelo obrigatório, a NBR 16752:2020 (Desenho técnico – Requisitos para apresentação em folhas de desenho) traz orientações quanto à construção de legendas com base na aplicação de alguns itens impor- tantes para a compreensão da configuração técnica do produto, bem como da organização operacional dela. Caligrafia técnica Para garantir que as informações escritas que você inseriu no desenho sejam compreendidas, a NBR 8402:1994 apresenta algumas exigências que contribuem com a legibilidade, a uniformidade e a adequação da escrita aos processos de reprodução (Figura 1.8). Para tanto, os caracteres devem ser claramente distinguíveis entre si, evitando qualquer troca ou desvio mínimo da forma ideal. A caligrafia é composta por letras e algarismos que podem estar na vertical ou inclinados para a direita, formando um ângulo de 75° com a linha horizontal. Para uma boa apresentação, a norma fixa que: • A escrita deve ser aplicada na mesma largura de linha para letras maiúsculas e minúsculas. • Os caracteres devem ser escritos de forma que as linhas se cruzes ou se toquem, aproximadamente, em ângulo reto. • A altura h possui razão correspondente à razão dos formatos de papel para desenho técnico. Figura 1.8 | Caracteres usados – fonte ISOCPEUR.tff, AutoCAD Fonte: elaborada pela autora pelo AutoCAD (AUTODESK, 2020). Em outras palavras, explica-se o seguinte: • Toma-se altura h das letras maiúsculas como base para o dimensio- namento das demais. 23 • Divide-se h em três partes iguais; em seguida, adiciona-se mais uma parte para baixo. • Por meio de traçados bem finos e sem colocar muita pressão sobre o grafite, traçam-se linhas guias. Estas serão essenciais para o correto dimensionamento e posicionamento da escrita. • Para as letras maiúsculas, deve-se utilizar a própria altura h, enquanto para as minúsculas, 2/3 da h. • Pernas ou hastes das letras ocupam o espaço a mais atribuída à divisão, tanto para cima quanto para baixo. • As alturas h e c não devem ser menores que 2,5 mm (Figura 1.9). Figura 1.9 | Características da forma de escrita fixadas pela NBR 8402:1994 Fonte: NBR 8402 (ABNT, 1994, p. 2). Reflita Como pode observar, o desenho técnico corresponde a uma ferra- menta importante para as empresas que se inserem na prática indus- trial de desenvolvimento de produtos. Um desenho bem elaborado é um processo relevante para a melhoria da empresa em decorrência da assertividade quanto ao componente a ser produzido. Mas, vejamos: dentro de uma empresa, é comum que vários setores estejam envol- vidos, especialmente, projeto (concepção), desenho e produção, certo? Trabalhar com uma linguagem gráfica universal é uma das estratégicas que auxilia a boa comunicação entre esses setores, contudo sabe-se que nem todos os profissionais possuem as mesmas habilidades e competências desenvolvidas. Então, nesse caso, como saber utilizar o desenho como instrumento de coesão entre os setores? Como a empresa pode preparar melhor seus colaboradores, a fim de que todos possam compreender um desenho e uma ficha técnica? Seria a ficha técnica o melhor instrumento para contribuir com a organização de uma empresa? 24 Nesta seção, você teve um primeiro contato com o desenho técnico. Discorremos sobre sua evolução e importância no desenvolvimento industrial e iniciamos seu aprendizado sobre como desenvolvê-lo mediante as normas que o padronizam. Ótima forma de começar a desenvolver novas competências. Então, vamos para a nossa próxima seção! Sem medo de errar Vamos voltar ao nosso desafio? Como contextualizado, a empresa de ramo automotivo na qual você é colaborador iniciou uma capacitação para quem queira se aperfeiçoar como desenhista técnico. Interessado, o curso tem feito você enfrentar alguns desafios, sendo o primeiro: construir uma prancha A4, a qual servirá de modelo padrão para toda empresa e contribuirá com a organização e o fluxo de informação interno. Então, vamos analisar os caminhos que tomou: • Com uma folha sulfite em tamanho A4, inicie as demarcações de margem. Nesse momento, pegue as normas da ABNT e verifique as dimensões mínimas a serem consideradas. Utilize régua e esquadros. • Antes de traçar a legenda, faça um esboço de sua legenda em um rascunho separado. Por meio dele, você pode identificar com mais exatidão os campos que precisa desenhar, bem como dimensionar corretamente para que caibam as informações necessárias. • Com o esquema da legenda decidido, utilize régua e esquadro para traçá-la. Em seguida, com caligrafia técnica, exponha as informa- ções pertinentes. • Esse instrumento deverá possuir, no mínimo, os seguintes elementos: – Margens (20 mm esquerda e 7 mm nas demais). – Legenda (180 mm de largura; altura variável) preenchida com o nome e/ou logo da empresa (pode ser fictícia); número da folha; descrição (título) da peça; escala; nome do projetista e revisor final; e data. – Nome da prancha (ficha técnica do produto). – Legenda (espaço pré-determinado). – Nome de cada desenho com legenda. • Modelo finalizado (Figura 1.10): 25 Figura 1.10 | Exemplo de modelo padrão DESCRIÇÃO DA PEÇA E PARTES LEGENDA (CORES E SÍMBOLOS) LOGO NOME DA EMPRESA NOME DA PEÇA CÓDIGO DA PEÇA PROJETISTA RESPONSÁVEL NOME DO PROJETISTA REVIÃO FINAL NOME DO SUPERVISOR DATA REVISÃO FINAL E APROVAÇÃO ESCALA 1:1 Nº. FOLHA 1 DE 3 UNIDADE DE MEDIDA MILÍMETROS Fonte: elaborada pela autora. Avançando na prática Consultoria em empresa de modelagem tridimensional Você é contratado por uma empresa de modelagem 3D para ser consultor. Logo quando chega, é contextualizado sobre a realidade difícil pela qual a empresa está passando e os problemas quanto à estabilidade frente à concor- rência do mercado. Dentre os problemas, você analisa que há um gap na rotina de produção em decorrência de falhas constantes na impressão de peças de diferentes complexidades. Em contato com o pessoal de projeto, você percebe que a equipe de modelagem está tendo dificuldades em transpor com exatidão as características dos dispositivos a serem impressos para o software de modelagem. Ocorre que os desenhos que chegam às mãos dos designers apresentam inconsistências e falta de informação sobre o dimen- sionamento das peças, o que implica erros constantes por parte do pessoal de modelagem. Com isso, a empresa está atrasando pedidos e desperdiçando grande quantidade de material no decorrer das impressões. Em vistas disso, o que acredita que possa ser feito para que a empresa esteja mais preparada 26 frente à concorrência? Além disso, o que pode ser feito para que sejam sanadas essas falhas na produção? Resolução da situação-problema Lidar com falhas na produção requer o conhecimento acerca do contexto geral de umaempresa. Neste caso, uma das primeiras ações seria reconhecer de onde e como estão vindo os desenhos apresentados aos projetistas da modelagem. Ou seja, esses desenhos estão vindo direto dos clientes, ou estão passando pelos desenhistas da própria empresa? O desenho técnico requer conhecimento sobre regras de apresentação, assim como demanda domínio acerca da decomposição de vistas e perspectivas. Se o desenho está vindo direto do cliente, cabe à empresa, junto ao setor de projeto e desenho, verificar a conformidade com a qual ele está sendo apresentado. Em caso de inconformidades, tanto em relação aos padrões de desenho quanto à incom- preensão do objeto (projeto), é importante que a empresa entre em contato com o cliente antes que sejam feitas as impressões finais, evitando prejuízos decorrentes de erros do produto final. Outra estratégia seria a elaboração de uma peça piloto a partir do que foi apresentado, processo que poderia ajudar a identificar os erros e, conse- quentemente, ajustá-los. Contudo, tal estratégia dispenderia tempo e custos à empresa, o que poderia não ser vantajoso. Por outro lado, se o desenho está vindo com problemas do setor de projeto da própria empresa, cabe aos supervisores identificar o que pode estar afetando seu desenvolvimento. Fatores, como insuficiência de conhe- cimento sobre as bases de um desenho técnico e falta de domínio técnico de seus instrumentos, podem ser alguns dos motivos que geram erros no documento final. Devemos considerar que, acima de tudo, independentemente da origem dos desenhos técnicos, quando identificados erros, estes devem sempre ser analisados com base nas normativas fixadas pelas ABNT. A falta de conheci- mento sobre as regras gráficas definidas pela norma é o fator que mais preju- dica o desenvolvimento adequado do desenho, fazendo-o inconsistente em relação à informação que deveria passar. Isso quer dizer que compreender as diretrizes gráficas que fazem do desenho uma linguagem universal garante que o projetista (e desenhista) passe todas as informações necessárias do projeto a quem executará (ou produzirá). 27 Faça valer a pena 1. A ABNT NBR 16752:2020 (Desenho técnico – Requisitos para apresen- tação em folhas de desenho) estabelece os requisitos para as características dimensionais das folhas em branco e margens, as condições requeridas para a localização e disposição do espaço para desenho, o espaço para informações complementares e etiqueta e o emprego de escalas e dobramento de cópia a serem aplicados em desenhos técnicos. Com base em seu conhecimento sobre esta norma, assinale a alternativa correta: a. O formato A2 apresenta 297 x 841 de dimensão, o mesmo que duas folhas A4 juntas. b. O maior formato de folha de desenho indicado pela norma é o A1. c. O formato básico para a folha de desenho referenciado pela norma é a de um quadrado. d. Os desenhos devem ser apresentados sempre no menor tamanho de folha possível, desde que isso não prejudique sua interpretação. e. As folhas de desenho de tamanho A1 e A2 devem ser usadas, prefe- rencialmente, na vertical, com a legenda sempre colocada do lado esquerdo (de quem olha a prancha), encostada à margem inferior. 2. O desenho tem um papel essencial na qualidade final dos produtos a serem produzidos. Dentre os elementos gráficos, a escrita corresponde a uma parte importante no desenvolvimento das fichas técnicas, em decorrência da sua propriedade informativa. Em relação à caligrafia técnica e à composição das legendas, assinale a alternativa correta: a. A norma NBR 6492:1994 fixa algumas convenções para a escrita em desenho técnico, que incluem dimensões e quantidade máxima de texto a ser apresentada. b. A legenda deve ser preenchida com o uso de caligrafia técnica adequada e com informações suficientes para que o projetista identi- fique apenas o nome do responsável e o material que o elemento deve ser produzido. 28 c. A legenda deve apresentar, no mínimo, informações quanto à identi- ficação da empresa e do profissional responsável pelo projeto; identi- ficação do cliente; título do desenho; sequência de paginação; escala; data; autoria de desenho e do projeto e indicação de revisão. d. A escrita técnica deve ser utilizada, pelo menos, na legenda, onde os nomes do autor do projeto e do cliente devem estar claros. e. A caligrafia técnica deve ser usada nas anotações principais do desenho, sendo as notas explicativas livres de tal padronização. 3. A escolha do formato e das dimensões de uma folha para projeto depen- derá do conteúdo a ser apresentado nela. Portanto, o projetista ou desenhista deve compreender sobre o desenho que estará desenvolvendo, para que possa organizá-lo de maneira lógica, clara e racional. Considerando o tamanho e formato da folha, julgue as afirmativas a seguir em verdadeiras(V) ou falsas (F). ( ) As folhas de desenho podem estar no sentido horizontal ou vertical. ( ) Para folhas maiores que o tamanho A4, é recomendado que se trabalhe na posição horizontal. Ao se utilizar formatos muito grandes de folha, tem-se que tomar cuidado com a escala utilizada e a quantidade de desenhos apresentados, afinal, uma prancha de trabalho deve esclarecer, e não confundir. ( ) Em tamanhos A4, não são necessárias as legendas, por não ter área de trabalho suficiente. Com base no apresentado, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: a. V – V – F – V. b. F – V – F – V. c. V – V – V – V. d. V – V – V – F. e. F – V – V – F. 29 Seção 2 Geometria descritiva básica Diálogo aberto Olá! Seja bem-vindo. Antes de apresentarmos todo o conteúdo, começaremos pensando na seguinte pergunta: quantas vezes você já precisou recorrer ao manual de um produto, seja por precisar de instruções quanto ao uso, seja por necessitar de orientação sobre sua montagem? Então, lembrou de alguma situação? Agora, reflita sobre como ele lhe ajudou. Com base apenas nos textos, você conse- guiu tirar todas as suas dúvidas? Ou os desenhos foram significativos para ajudá-lo a compreender como montá-lo ou usá-lo? Há grandes chances de você concordar que eles ajudaram muito. Isso se deve à capacidade de eluci- dação incomparável do desenho. Todavia, para que o desenho cumpra seu objetivo de auxiliar o usuário, ele deve ser representado de maneira clara, capaz de ser interpretado por diferentes pessoas. Para que isso seja possível, o desenhista responsável pela parte gráfica do manual tem que lançar mão da geometria descritiva para elaborar desenhos sobre a montagem ou o uso de um determinado produto, os quais sejam claros e fáceis de serem interpre- tados. Essa propriedade é a mesma aplicada aos desenhos técnicos, uma vez que estes também utilizam a geometria descritiva para representar, no plano, objetos tridimensionais. Portanto, nesta seção, você encontrará ferramentas importantes, que servirão de base para a construção de desenhos por meio da geome- tria descritiva. Serão apresentados a você alguns conceitos e aplicações de ângulos, retas, círculos, traçado em desenho, tipos de linha, figuras planas e sólidos geométricos. Este conteúdo lhe auxiliará a iniciar os desenhos. Então, retornemos ao contexto de elucidação prática apresentado anteriormente: o da sua capacitação para atuar como desenhista técnico em uma das linhas de produção da empresa que trabalha. No problema que lhe foi apresentado, você o resolveu desenvolvendo um modelo de ficha técnica que será aplicado a todos os setores da empresa. Agora, veja bem, o principal objetivo de uma ficha técnica de produto é apresentar as informações corretas sobre um determinado objeto que será produzido. Isso quer dizer que apenas informações verbais não serão suficientes para elucidar questões sobre dimensionamento, formato, ângulos, entre outras configurações do objeto, concorda? Por exemplo, imagine você explicando apenas verbal- mente a construção de uma peça de quebra-cabeça. Conseguiu, em poucas 30 palavras, esclarecertudo sobre sua configuração? Acredita ser suficiente para que todos os outros setores da produção entendam? Concorda que um desenho seria muito mais esclarecedor? Sabendo que sim, nada mais impor- tante do que o representar de maneira clara e acurada, certo? Nesse sentindo, considerando seus afazeres como desenhista projetista da empresa, seu desafio agora será organizar os desenhos dentro da área de trabalho desta ficha técnica que elaborou. Ocorre que a empresa acabou de repassar a você o esboço de uma nova peça automotiva a ser inserida na linha de produção, conforme consta na Figura 1.11, e cabe a você interpretá-lo e transferi-lo para uma ficha técnica, seguindo a configuração exigida nos desenhos técnicos, que estejam em conformidade com as NBRs pertinentes. Atente-se aos tipos de linhas, retas, circunferências e ângulos que apresen- tará. Utilize as ferramentas de desenho que você é familiarizado. Aproveite e pratique o uso de réguas e esquadros. Siga as medidas reais apresentadas no esboço. Bom trabalho! Figura 1.11 | Esboço da peça a ser inserida na linha de produção Fonte: elaborada pela autora. 31 Não pode faltar O nascimento da Geometria Descritiva remonta ao século XVIII, quando o matemático francês Gaspar Monge (1746-1818) idealizou um sistema de representação gráfica de objetos tridimensionais no plano que revolucionou, inicialmente, a engenharia militar e o desenho técnico. O método descritivo contribuiu para que problemas de representação das figuras espaciais fossem resolvidos por meio da construção de vistas e obtenção das grandezas de cada face do objeto. Compreender os fundamentos e a aplicação da Geometria Descritiva é importante para o aperfeiçoamento da visualização e orientação espacial, capacidades indispensáveis para a construção de desenhos técnicos. Para tanto, você será apresentado a alguns conceitos e ferramentas desta disciplina matemática, que são a base para o desenvolvimento de toda a complexidade de seu método. Sendo assim, começaremos pelas noções sobre ângulos e traçados em desenhos. Ângulos Os ângulos são conhecidos como a região na qual duas semirretas que compartilham o mesmo ponto se iniciam, formando o vértice. Essa região é medida em graus �� � ou radianos (rad), sendo a primeira a mais comum. Podem ser classificados em reto AÔB � �� �90 , agudo AÔB � �� �90 ,obtuso ( )90 180� � � � AÔB e raso AÔB � �� �180 , conforme exposto na Figura 1.12(a). Para sua medição é utilizado o transferidor. Para isto, você deve posicionar o vértice do ângulo no centro do transferidor, e uma das semirretas apontando para o 0°. O ângulo corresponderá ao que a outra semirreta apontará, como indicado na Figura 1.12. Figura 1.12 | (a) Tipos de ângulos e (b) posicionamento do esquadro Fonte: elaborada pela autora. 32 Traçados em desenho O traçado é o principal elemento que compõe o desenho. Os instru- mentos de desenho são ferramentas indispensáveis para garantir que ele saia preciso e limpo, o que implica saber utilizá-los corretamente. Tal habili- dade é decorrente da prática contínua, a qual possibilita que você os manipule em conjunto com uso do lápis (ou lapiseira) durante a solução de problemas de geometria. O esquadro, por exemplo, permite que você resolva grande parte dos problemas de traçado. Geralmente, não possui graduação e é utilizado junto à régua ou aos pares, sendo um com ângulo de 45°, e outro com ângulos de 30° e 60°. A borda do esquadro deve ser reta para que o lápis possa ser utili- zado levemente inclinado para a direção do movimento, conferindo maior precisão e nitidez ao traçado. Outro instrumento importante na solução de problemas de geometria é o compasso. Além de possibilitar o desenho de arcos e circunferências, ele permite transportar medidas. Para utilizá-lo, você deve marcar o ponto central ou inicial e posicionar sobre ele a ponta seca do compasso. Assim, ao girá-lo, normalmente em sentido horário e levemente inclinado, segurando pela ponta superior, será possível traçar o arco ou a circunferência que deseja. Para ajustar o compasso, ou seja, sua abertura, utilize a graduação da régua ou do escalímetro. Retas Você pode compreender por reta o deslocamento de um ponto em uma única direção, sendo composta por infinitos pontos que a fazem infinita em ambos os sentidos. Por um único ponto podem passar infinitas retas, contudo, por dois pontos, passa-se apenas uma reta. A semirreta se forma quando você divide uma reta em duas partes, dando-lhe um ponto de origem em uma das extremidades, enquanto a outra continua a ser infinita. Já por segmento de reta entende-se como o pedaço limitado de reta formado pela marcação de dois pontos distintos sobre uma reta (Figura 1.13). Quanto à sua posição absoluta, uma reta pode ser horizontal, vertical ou inclinada. Quanto à sua posição relativa, pode ser classificada em decor- rência de seu posicionamento com uma outra, sendo as mais comuns: (1) paralelas, quando não existe nenhum ponto em comum entre as retas por estarem posicionadas uma ao lado da outra; (2) perpendiculares, quando possuem um ponto em comum que se forma pela intersecção de duas retas que geram entre si um ângulo de 90° (reto); e (3) oblíquas ou inclinadas, 33 quando duas retas se interceptam, formando um ângulo qualquer que seja diferente de 90° (Figura 1.13). Figura 1.13 | Tipos de retas, posição absoluta e posição relativa das retas TIPOS DE RETAS POSIÇÕES ABSOLUTAS RETA HORIZONTAL SEMI-RETA SEGMENTO DE RETA A A B IN CLIN ADA VE R TI C AL POSIÇÕES RELATIVAS RETAS PARALELAS RETAS PERPENDICULARES 90º OBLÍQUAS OU INCLINADAS Fonte: elaborada pela autora. Assimile A bissetriz é uma semirreta que se origina no vértice, formado por outras duas semirretas, que divide o ângulo em dois ângulos com a mesma medida. Esse elemento é essencial para as composições geomé- tricas, principalmente quando se trata de desenhos que analisam os triângulos. Para encontrá-la, você só precisa de um compasso e de uma régua, conforme descrito na Figura 1.14. Figura 1.14 | Bissetriz Fonte: elaborada pela autora. 34 Outra forma de se trabalhar com ângulos é no ponto de encontro de duas retas. Ao se cruzarem, as retas formam um ponto (V), o qual as dividem em quatro semirretas, que formam quatro ângulos. Quando dois desses ângulos estão lado a lado, são chamados de adjacentes; quando opostos, são classificados como opostos pelo vértice, ou congruentes, quando juntos formam um ângulo de 180°, conforme apresentado na Figura 1.15. Figura 1.15 | Classificação dos ângulos de acordo com sua posição Fonte: elaborada pela autora. Círculos Os círculos estão associados às circunferências, as quais compreendem um conjunto de pontos do plano que são equidistantes a um ponto central, chamado de centro (C). O segmento de reta que liga o centro até qualquer ponto da circunferência é conhecido como raio (r), enquanto a reta que une dois pontos da circunferência, passando pelo centro, corresponde ao diâmetro (D). A soma de todos os pontos internos à circunferência forma o círculo (Figura 1.16). Figura 1.16 | Círculo, raio e diâmetro Fonte: elaborada pela autora. 35 Tangência A tangência também está associada às circunferências, mais especifica- mente à posição de um ponto em relação a ela. Este ponto, chamado de ponto de tangência, corresponde ao único ponto (P) comum entre a circunferência e uma reta ou outra circunferência (Figura 1.17). Uma reta tangente se inter- cepta com a circunferência em um único ponto (P), fazendo um ângulo de 90° com o raio de seu ponto de tangência (Figura 1.17). Figura 1.17 | Tangências Circunferências tangentes (interior) Traçar reta tangente com o uso do compasso Circunferências tangentes (exterior) Reta tangente Ponta seca do compasso Ponta com grafite do compasso Fonte: elaborada pela autora. Tipos de linha: Uso de linhas contínuas, tracejadas e traço e ponto O desenho técnico utiliza diferentestipos de linhas para se fazer melhor compreendido, evitando informações conflituosas. Elas podem variar tanto de espessura como de tipo, como é o caso das linhas tracejadas. A NBR 8403 (ABNT, 1984) apresenta como a aplicação das linhas deve ser feita, fixando tipos e escalonamento de larguras para determinar diferentes formas de representação, conforme a Tabela 1.3. 36 Tabela 1.3 | Tipos de linhas de acordo com a NBR 8403 Fonte: adaptada de ABNT (1984, p. 2). Figuras planas As figuras planas correspondem às formas geométricas dispostas no plano bidimensional que compreendem uma região plana fechada por segmentos de reta (mínimo três, com exceção do círculo). Elas correspondem aos polígonos (poli = muitos; gonos = ângulos). Quando possuem todos os lados iguais e, consequentemente, seus ângulos internos, caracterizam-se por serem regulares, e quando não, irregulares. Os mais comuns são o triângulo, o quadrado, o retângulo, o trapézio, o paralelogramo, o losango, o pentágono e o hexágono (Figura 1.18). As figuras planas possuem duas dimensões, comprimento e largura, as quais, aplicadas em fórmulas matemáticas, possibilitam que sejam medidos seu perímetro e sua área de superfície. O perímetro é a medida do contorno de uma figura geométrica, sendo obtido pela soma dos lados do polígono. No caso do círculo, o perímetro corresponde ao comprimento da circunferência de mesmo raio, que pode ser obtido por meio da fórmula: C r= 2p . Já para 37 a área, fórmulas matemáticas específicas são atribuídas de acordo com o padrão geométrico de cada uma (Figura 1.18). Figura 1.18 | Figuras planas Triângulo Quadrado Retângulo Trapézio Paralelogramo Losângo Pentâgono Hexágono Círculo Fonte: elaborada pela autora. Reflita Agora que você já sabe sobre as figuras planas, consegue enxergá-las em diversos objetos presentes no seu dia a dia? Façamos o seguinte teste: ao voltar para casa, identifique no caminho pelo menos dez desses objetos. Aproveite para desenhá-los em uma folha de caderno mesmo. Isso ajudará a praticar o desenho, os traços, a noção de dimensão, entre outros aspectos cognitivos. Aposto que você vai se surpreender com a presença da geometria em nossas vidas. Ao desenvolver esta percepção, você passa a construir seu raciocínio lógico, bem como a sua visão espacial, competências indispensáveis aos profissionais que lidam com projeto e desenho projetivo. Como estímulo, lembre-se de que esse exercício, junto ao conteúdo que você já aprendeu, é uma ferramenta muito importante, que pode contribuir para o aperfeiçoamento de sua visão espacial e, consequen- temente, para a qualidade dos desenhos que apresentará durante sua atuação profissional Então, vamos lá! Quais objetos conseguiu identificar? 38 Sólidos geométricos Vamos, agora, conhecer os sólidos geométricos? Veja a Figura 1.19 que segue. Figura 1.19 | Planos cartesianos e sólidos geométricos Plano cartesiano (a) Prismas (b) Prisma triangular Prisma quadrangular Prisma pentagonal Pirâmide triangular Pirâmide quadrangular Pirâmide pentagonal Prismas (c) Vértice Arestas (segmento de reta) Polígono (base quadrado) Sólido de revolução (D) Fonte: elaborada pela autora. Os sólidos geométricos são elementos tridimensionais formados por polígonos. Conforme apresentado na Figura 1.19a, suas três dimensões compre- endem: comprimento (eixo y), altura (eixo z) e largura (eixo x) do plano cartesiano. Eles podem ser classificados em três tipos: prisma, pirâmide e sólido de revolução, conforme as Figuras 1.19b e 1.19d. Os prismas são sólidos geométricos limitados por regiões planas poligonais, que passam a ser denominadas face ou lado. Você pode compreendê-los também 39 como uma pilha de polígonos iguais, que são organizados muito próximos uns dos outros (Figura 1.19b). Exemplificando Conhecer os conceitos e a aplicação da geometria envolve capacidades cognitivas que contribuem para a solução de problemas relacionados ao projeto e, naturalmente, ao desenho. É natural que você perceba, inicialmente, certa dificuldade em sistematizar todo o conceito apresentado e compreender toda a noção espacial que a geometria envolve. Entretanto, existem ferramentas de fácil acesso e prática que podem contribuir para que você desenvolva sua percepção espacial. E uma delas é bem interessante: o origami. Sim, a prática de origem japonesa que envolve a manipulação de pedaços de papéis por meio de dobraduras sistematizadas pode ajudar muito a compreender, princi- palmente, os sólidos geométricos. Comece com formas simples, como a pirâmide. Por ela é possível estabelecer uma relação entre a confecção volumétrica do sólido e a abstração dos conceitos estudados. Como auxílio, você pode seguir o passo a passo da Figura 1.20. Aproveite e pesquise por formas cada vez mais complexas. Isso irá ajudá-lo em diversos aspectos cognitivos envolvendo a geometria e o desenho, bem como vai ser uma oportunidade para você aprender e se divertir. Figura 1.20 | Passo a passo da pirâmide origami Comece traçando um triângulo equilátero, mesma medida em todos os lados. Marque o centro dos segmentos de retas que compõe os lados do triângulo. Trace outro triângulo a partir dos pontos marcados. Estenda por alguns milímetros os segmentos de retas do novo triângulo desenhado e faça as dobrar que serão coladas. Corte, dobre nos locais indicados e cole as dobras fechando as extremidades da pirâmide. Fonte: elaborada pela autora. 40 Quando os polígonos da face se encontram, forma-se um segmento de reta que passa a ser chamado de aresta. Qualquer ponto de encontro de duas ou mais arestas é chamado vértice. A nomenclatura do prisma segue o mesmo nome da figura plana geométrica que lhe deu origem. A pirâmide é composta por planos que decrescem até chegar a um ponto, o vértice principal, localizado em seu topo. Sua base é composta por um polígono, por exemplo, um quadrado (Figura 1.19c). Os sólidos de revolução são formados pela rotação de uma figura plana, a geradora, em torno de seu eixo central, formada pela linha geratriz, até completar uma volta completa. Os principais exemplos desse sólido são o cone, o cilindro e a esfera (Figura 1.19d). Assimile Vamos aprofundar um pouco mais seu conhecimento sobre sólidos geométricos? Conhecidos também por poliedros, esses elementos podem ser classificados como regulares ou irregulares. Um poliedro, para ser regular, deve ter três características: ser convexo, ser formado por polígonos (faces) que são regulares e congruentes e pertencer ao conjunto de poliedros de Platão. Para que você compreenda melhor essa última característica, é impor- tante que saiba que este nome surgiu em decorrência dos estudos do filósofo grego Platão, responsável por determinar que existiam apenas cinco poliedros regulares: o tetraedro, o hexaedro, o octaedro, o dodeca- edro e o icosaedro (Figura 1.21). Nestes poliedros, os vértices possuem o mesmo número de arestas. Além disso, devem respeitar a relação de Euler, que consiste em: V – A + F = 2, sendo V o número de arestas, A o número de arestas e F o número de faces. Figura 1.21 | Poliedros de Platão Tetraedro Hexaedro Octaedro Dodecaedro Icosaedro Fonte: elaborada pela autora. 41 Por poliedros convexos compreende-se os que possuem todas as suas extremidades contidas dentro da forma. Já os poliedros côncavos possuem extremidades que estão fora da forma. Estes estão associados aos tipos de polígonos convexos e côncavos. Os polígonos são convexos quando um segmento de reta determinado por dois pontos quais- quer no interior do polígono também estiver por completo dentro do polígono. Quando ocorre de esse segmento não estar totalmente contido no interior do polígono, enquanto os pontos estão, este polígono é convexo (Figura 1.22). Figura 1.22 | Poliedros e polígonos convexos e côncavos Poliedro convexo Poliedro côncavo Polígonos convexos Polígonos côncavos Fonte: elaborada pela autora.Chegamos ao fim do conteúdo de mais uma unidade. Aproveite para fixar um pouco mais o apreendido e faça com bastante atenção os exercícios da unidade. Ótimo trabalho! Sem medo de errar Lembra-se do desafio que recebeu como demanda de projeto da empresa onde é colaborador? Exatamente nessa tarefa a noção de geometria descri- tiva é bem explorada. Apesar de o esboço facilitar a compreensão do que foi lhe pedido, você teve que utilizar dos seus conhecimentos técnicos sobre a manipulação dos instrumentos de desenho. Além disso, sua percepção foi estimulada ao ter que julgar qual ângulo deveria considerar para elaborar o desenho corretamente. Sabe uma forma eficaz de fazer isso? Reconhecer o ângulo por meio dos próprios esquadros. Tomá-los a mão e observar os ângulos que possuem é um exercício que contribui para identificar os que foram utilizados nos esboços, afinal, eles também seguem padrões de desenho bem fundamentados. Sendo assim, considerando o esboço apresentado, 42 você conseguirá rapidamente associá-lo ao esquadro de ângulo reto de 30°. Considerando esse processo e os padrões de representação da ABNT, você chegará a esse resultado bem parecido com o da Figura 1.23: Figura 1.23 | Referência para verificação do desenho técnico Fonte: elaborada pela autora. RESOLUÇÃO: Para que possa compreender melhor como chegar a este desenho, vamos lhe ajudar apresentando um passo a passo do traçado (Figuras 1.24, 1.25, 1.26 e 1.27). Esse processo contribuirá com seu aprendizado e entendimento acerca da geometria descritiva e da construção do desenho técnico. Usaremos códigos (letras e números) para orientá-lo, tais como P1, P2, h, entre outros. 43 Figura 1.24 | Resolução - Parte 1 Fonte: elaborada pela autora. 1. Com o auxílio de um esquadro, trace duas retas perpendiculares (a;b). Encontre o P1. Faça traços leves, sem colocar muita pressão no lápis. 2. Posicione o esquadro sobre o P1 e encontre 120 graus. Marque-o e trace outra reta (c). Novamente, sem colocar muito pressão sobre o lápis. 3. Marque o comprimento das retas, encontrando o P2 e P3 (170 mm). 4. Com o compasso, trace as seis circunferências, conforme as medidas dos raios apresentadas no desenho (C1, C2, C3, C4, C5 e C6). 44 Figura 1.25 | Resolução - Parte 2 Fonte: elaborada pela autora. 5. Comece a traçar a mediatriz do primeiro eixo. Para isso, faça uma circunfe- rência com raio maior que o da C4. Posicione a ponta seca sobre P2 e risque a circunferência (d). Com a mesma medida no compasso, faça o mesmo na circunferência C1. Marque os dois pontos de intersecção (P4; P5) entre as circunferências e trace uma reta passando por ambos (f). 6. Com o compasso, meça a distância entre o P2 e P5. Para isso, posicione a ponta seca do compasso sobre C1 e a ponta com grafite sobre P5. Com o compasso aberto, transfira essa medida posicionando a ponta seca sobre o ponto central formado entre a mediatriz (f) e o eixo entre P1 e P2. 7. Com a ponta de grafite, trace uma circunferência. Marque os pontos de intersecção entre a nova circunferência e as demais (P6; P7; P8; P9). Faça o mesmo com o outro eixo (P1 e P3). Figura 1.26 | Resolução - Parte 3 Fonte: elaborada pela autora. 45 8. Junte os pontos com retas: P7-P9; P6-P8; P10-12; P11-P13; em seguida, prolongue os eixos das mediatrizes até que se encontrem (P14). 9. Trace uma reta passando pelos dois pontos P6 e P7, e prolongue-a. Faça o mesmo com os pontos P13 e P12. Utilize o esquadro, certi- ficando-se de que ambas as retas (k, l) estejam perpendiculares aos eixos centrais da peça. Quando ambos os segmentos se encontrarem, marque o P15 e trace a circunferência tangenciado os segmentos h e j. Figura 1.27 | Resolução - Parte 4 Fonte: elaborada pela autora. 10. Finalize com a limpeza do desenho (linhas de eixos e circunferências dispensáveis e que possam estar causando confusão na legibilidade da peça). Com um traçado mais firme, repasse as linhas de contorno da peça, conferindo mais clareza e precisão ao desenho. Avançando na prática Interpretação de produto para desenvolvimento de projeto Você trabalha em uma empresa de móveis que são produzidos com o uso de alumínio e madeira. Como projetista, é comum chegar a você produtos renderizados, resultantes do trabalho dos arquitetos e designers. Em um dia comum de trabalho, um erro na rede da empresa impossibilita que você e sua equipe acessem os desenhos técnicos desenvolvidos. Todavia, você tem um produto teste que deve ser aprovado ainda hoje. Ocorre que esse produto servirá de teste para que um novo material reciclado seja 46 incorporado como matéria-prima pela empresa, que busca uma produção mais responsável com o meio ambiente e seus consumidores. Sendo assim, esse produto deve ser mandado ainda hoje para o orçamento e pessoal de compras para que seja aprovado. Em vias de tal emergência, você deve mandar um desenho simples que identifique as partes que compõem o produto, o qual, nesse caso, deverá ser composto pelo tampo da mesa, laterais, parte inferior, frente das gavetas, pés e puxador. Para lhe auxiliar, siga o exemplo apresentado na Figura 1.28. Lembre-se de que você tem todos os materiais de desenho para realizar esse projeto, então utilize-os. Siga as normas de representação da ABNT que já lhe são familiares. Para melhor apresentação, faça em uma folha A4 com margens, conforme a ABNT. A unidade de medidas é o milímetro. Figura 1.28 | Exemplo a ser seguido Fonte: Shutterstock. Figura 1.29 | Mesa a ser desenhada Unidade de medida: milímetro Tampo da mesa Material reciclado 1 peça Suporte da mesa Alumínio 2 peças Fonte: elaborada pela autora. 47 Figura 1.30 | Mesa a ser desenhada 18 0m m1640mm 790mm 120mm 600mm 62 0m m 50 m m Puxadores: 15 x 550mm Fonte: adaptado de Shutterstock. Resolução da situação-problema A resolução deste desafio envolve seus conhecimentos acerca da geome- tria descritiva, bem como o seu domínio sobre os instrumentos de desenho. Comece traçando as margens, as quais lhe ajudarão a compreender o espaço que terá para construir o desenho técnico. Para isso, lembre-se de que, de acordo com NBR 16752:2020 – Desenho técnico – Requisitos para apresen- tação em folhas de desenho, a margem do formato A4 deve ter 20 mm na lateral esquerda e 10 mm nas demais. Em seguida, faça um pequeno esboço das partes que compõem a mesa. Essa estratégia lhe ajudará a compreender o todo da peça e definir como dispô-lo no espaço de trabalho. Feito isso, passe com maior precisão os desenhos das partes que configuram a mesa. 48 Figura 1.31 | Resolução da situação-problema Fonte: elaborada pela autora. Faça valer a pena 1. A geometria está presente constantemente em nossa rotina. Por essa verdade, é uma das áreas mais antigas estudadas por matemáticos, sendo referenciada até mesmo dentre a história do Egito. Como prova tem-se, por exemplo, o caso das pirâmides. Para tanto, compreender os conceitos e a aplicação da geométrica descritiva contribui para o processo cognitivo e racional demandado pelas tarefas de rotina. De acordo com as informações apresentadas na tabela a seguir, faça a associação dos objetos contidos na Coluna A com seus respectivos elementos geométricos, apresentados na Coluna B. COLUNA A COLUNA B 1. Prisma com base e topo em polígono circular. I. Caixa de papelão 49 2. Sólido de revolução com o formato de pirâmide. 3. Figura tridimensional derivada da rotação de um semicírcul o em torno do próprio eixo. 4. Prisma retangular com base que consiste em um polígono convexo. V. Lata de refrigerante 5. Pirâmide com base quadrangular. VI. Barraca 6. Polígono regular que possui os lados com a mesma medida e ângulos congruentes. IV. Casquinha de sorvete II. Bola de futebol III. Placa de pare 50 Assinale a alternativa que apresenta a associação correta entre as colunas: a. I-4; II-2; III-6; IV-1; V-3; VI-5. b. I-4; II-2; III-1; IV-5; V-6; VI-3. c. I-2; II-4; III-6; IV-3; V-1;VI-5. d. I-4; II-3; III-6; IV-2; V-1; VI-5. e. I-2; II-3; III-5; IV-6; V-1; VI-4. 2. A linguagem gráfica permite, por meio do desenho técnico, a materia- lização da ideia de um projeto. Neste caso, a Geometria Descritiva possui conceitos e ferramentas que possibilitam a capacidade de visualização e orientação espacial, de modo a possibilitar que os objetos do espaço tridi- mensional (ou mental, como no caso de uma ideia) sejam transferidos ao ambiente bidimensional. Para tanto, é importante que tanto o projetista como o desenhista compreendam os alicerces da Geometria Descritiva, uma vez que estes se configuram por conceitos e sistemas de representação que conferem exatidão e precisão aos desenhos. Em vistas da importância da Geometria Descritiva para a construção dos desenhos técnicos, julgue as afirmativas a seguir em verdadeiras(V) ou falsas(F). ( ) O prisma é um sólido geométrico limitado por polígonos. ( ) Os sólidos geométricos são classificados em três tipos: prisma, pirâmide e sólido de revolução. ( ) A diferença entre as figuras planas e os sólidos geométricos é a quantidade de dimensões, enquanto o primeiro possui três, o segundo possui quatro. ( ) A pirâmide é formada por polígonos que decrescem infinitamente. ( ) Arestas são os segmentos de reta ou linhas resultantes do encontro de duas faces. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: a. V – V – F – V – F. b. V – F – F – V – V. c. F – F – V – V – V. d. V – V – F – F – V. e. F – V – F – F – V. 51 3. A reta e o ponto são elementos geométricos fundamentais que possibi- litam que qualquer forma geométrica seja obtida. O ponto é a unidade base da Geometria e é caracterizado por não possuir dimensão física real. A reta, por outro lado, envolve dimensões que caracterizam seu comprimento e que possibilitam a construção dos elementos geométricos. Com base em tais contextos, analise as seguintes afirmativas: I. As retas são formadas por pontos infinitos em ambas as direções. II. Por um único ponto passa uma única reta, que é formada por seu deslo- camento. III. O encontro entre duas retas paralelas é um elemento impróprio em geometria descritiva. IV. Uma reta que possui início e fim é um segmento de reta. V. As retas são figuras unidimensionais, ou seja, existem em uma única dimensão. É correto o que se afirma em: a. I, III, IV e V, apenas. b. I, II, III e V, apenas. c. I, III e IV, apenas. d. I, II e IV, apenas. e. II e IV, apenas. 52 Seção 3 Introdução ao desenho auxiliado por computador Diálogo aberto Nas unidades anteriores, você conheceu e aprendeu sobre muitas das propriedades vinculadas ao desenho e às normas técnicas. Com relação ao desenho, você explorou os aspectos evolutivos que lhe deram um caráter cada vez mais técnico e racional, capaz de exprimir uma linguagem gráfica universal bastante importante para as indústrias e os profissionais que traba- lham com projeto. Em vistas disso, foi apresentado às NBRs que o normatizam e que lhe garantem ser interpretado corretamente por profissionais atuantes em diversas etapas de execução de projeto. A prática do conteúdo teórico se deu manualmente, por meio de tarefas que o desafiassem a manipular instrumentos específicos de desenho. Talvez, você tenha se perguntado o porquê da prática manual face ao avanço de softwares de desenho digital, nos quais o desenho fica pronto com muito mais agilidade. Certo? Acontece que a prática manual do desenho contribui para o desenvolvimento de sua inteligência projetiva e de sua capacidade de representar as ideias. O aperfei- çoamento dessas habilidades será essencial e complementar ao conteúdo que esta unidade lhe apresentará: o sistema CAD, mais especificamente, o software AutoCAD. Provavelmente, você já ouviu falar dele, principalmente porque quase todas as profissões vinculadas ao desenvolvimento e à execução de projetos o usam. Aliás, consegue lembrar e fazer uma lista dessas áreas profissionais? Como ajuda, pense em todos os objetos e ambientes que você tem contato ou está inserido. Concorda que, teoricamente, eles passaram por um projeto antes de serem produzidos? Como você acha que foi eles foram feitos? Acredita que fosse possível, nos dias atuais, fazer seu projeto manualmente? Pense, por exemplo, nos possíveis ajustes e reprodução desse projeto. Guarde esses questionamentos e ideias que, em breve, voltaremos a falar deles. Visando aprender e desenvolver suas habilidades sobre desenho proje- tivo, você se interessou pelo curso de capacitação que a empresa do ramo automotivo que trabalha está oferecendo. Durante o curso, você vem apren- dendo vários conceitos sobre representação de objetos, bem como está sendo estimulado a praticar o uso de ferramentas de desenho para realizá-las. Sua rotina tem sido dividida entre o curso e as suas tarefas diárias como colabo- rador da equipe de projetos. Em um dia comum de trabalho, você recebe 53 o desenho de um produto que entrará na linha de produção da empresa, conforme apresentado na Figura 1.32. O objeto consiste em uma peça que substituirá um componente que faz parte do sistema de freio de um dos carros que a empresa produz. Ao chegar o pedido, você observa que algumas informações estão incompletas e que, além disso, o desenho não atende aos padrões gráficos necessários para o preenchimento de ficha técnica que a empresa utiliza. Ciente de seu ótimo desempenho no curso, seu coorde- nador pede que você ajude a equipe de produção com a elaboração de uma ficha técnica de produto mais clara e precisa. Você, naturalmente, querendo mostrar na prática seu desempenho, aceita o desafio. Além disso, você quer mostrar um pouco mais suas habilidades, e já começa a adiantar o desenho no CAD, a partir de alguns comandos e ferramentas que são familiares. Figura 1.32 | Pedido recebido pela empresa 25m m 40m m60 m m 20mm 55m m PERSPECTIVA Nome da peça: encaixe sistema de freio – Auto ESD Número do pedido: XX034 Projetista responsável: Eng. José C. Revisão final: Eng. Antônia C. Data da revisão final e aprovação: 23 de abril de 2020. Nº folha: 1 de 1 Unidade de medidas: milímetros Escala: 1:1 Material: aço Desenhista: 25mm 40mm 20 m m SUPERIOR 60 m m 46 ,1 m m 15mm 40mm 55mm 15 m m 20mm 15 m m 20mm LADO 2 LADO 3 20 m m 55mm 60 m m 20mm INFERIOR LADO 1 PARTES A SEREM REDESENHADAS Fonte: elaborada pela autora. 54 Como você pôde perceber, as informações são bem básicas. E agora? Já sabe que o desenho deverá ser representado em tamanho real. Conseguiu organizar na cabeça o que vai precisar para elaborar esse documento? Lembre-se de que você já tem em mãos as NBRs que padronizam o desenho técnico, assim como você já domina alguns instrumentos de desenho. Além disso, não esqueça que você já conseguiu desenvolver um primeiro modelo de ficha técnica. Aproveite o desafio e coloque-a em teste. Essa vai ser uma grande oportunidade para você, inclusive, fazer ajustes que ache necessário quanto aos seus campos de informações. Ou seja, sabendo dos requisitos e do padrão gráfico que uma legenda deve apresentar, você consegue resolvê-la de um jeito que avalie como mais adequada e eficiente? E mais uma coisa, você reparou que nem todas as informações vieram detalhadas, correto? Mais um trabalho para você de pesquisa e resolução. Tenha um ótimo trabalho! Enquanto isso, aproveite o conteúdo e dedique-se com assiduidade ao aprendi- zado, pois ele será a base para o desenvolvimento de suas habilidades de desenho em programas digitais. Ótima aula pra você! Não pode faltar Olá! Lembra-se de que falamos sobre a evolução do desenho técnico estar associada à história da modernização das indústrias? Pois bem, chegou o momento de adentrarmos à prática do desenho digital promo- vida pelo advento da informática e à introdução desta aos novos moldes tecnológicos fabris das indústrias. O desenho auxiliado por computador (CAD/CAE/CAM) Provavelmente, você conhece,