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Métodos de Extração O processo de extração consiste na dissolução do material vegetal sólido em um solvente orgânico ou uma mistura de solventes (etanol, acetona, etc.) sob condições normais de temperatura e pressão para a retirada de alguns constituintes químicos de interesse terapêutico. No entanto, as pequenas variações no processo de extração, como temperatura, pressão, pH do meio e tempo de contato/passagem do solvente com o material vegetal podem ser controlados para se obter melhores resultados. Como será visto, a variação de tais parâmetros determina as principais características dos métodos de extração utilizados. → Veja os principais parâmetros que influenciam a quantidade e a composição química de um extrato vegetal: o métodos de extração; o tempo de extração; o temperatura do meio de extração; o parte da planta utilizada; o origem do material vegetal; o tamanho de partícula do material vegetal; o natureza/polaridade do solvente; o pH do meio de extração; o concentração de solventes. Importante: Do ponto de vista farmacêutico, o processo de extração é a separação de certos constituintes terapeuticamente ativos dos tecidos de plantas (ou de animais). Para esta finalidade, são usados solventes orgânicos específicos por meio de procedimentos padronizados. Em geral, os produtos obtidos, a partir de plantas, são misturas, relativamente, complexas de metabólitos em estado líquido, semissólido ou na forma de pó seco (após remoção do solvente) que por fim podem ser destinados à utilização oral ou externa. → Os principais solventes orgânicos utilizados em métodos de extração e os respectivos metabólitos secundários presentes em plantas: ➢ Água: antocianinas, taninos, saponinas, terpenoides, polipeptídeos e lecitinas. ➢ Metanol: polifenóis, antocianinas, taninos, terpenoides, saponinas, lactonas e flavonas. ➢ Etanol: polifenóis, alcaloides, taninos, terpenoides e esteroides. ➢ Hexano: terpenos, esteroides e acetofenonas. ➢ Acetona: fenol e flavonoides. ➢ Clorofórmio: terpenoides e flavonoides. ➢ Acetato de etila: flavonoides, xantonas, taninos, saponinas e triterpenos. ➢ Diclorometano: lignanas, cumarinas, flavonoides, lactonas e triterpenos. ➢ Eter: alcaloides, cumarinas, terpenoides e ácidos graxos. A intenção de identificar princípios ativos, terapeuticamente, úteis, todos os extratos semi puros, adquiridos por meio de extrações mais específicas, podem ser testados e aquele que apresentar melhor efeito biológico de interesse segue para procedimentos cromatográficos, com os objetivos de isolar e purificar tais substâncias. Por fim, caso seja necessário, a substância purificada e identificada, ainda, pode ser modificada quimicamente ou servir de base para a síntese de uma molécula análoga mais eficiente, com menor efeito colateral ou custo inferior. Assim, de modo resumido, durante a escolha de um método extrativo, devem ser avaliados a eficiência do processo, a estabilidade das substâncias extraídas, a disponibilidade dos meios e o custo do processo escolhido, considerando, também, a finalidade do extrato que se deseja obter → Os principais métodos de extração podem ser classificados de acordo com a sua eficiência: ➢ Extração parcial: sem esgotamento dos constituintes da matéria-prima, com destaque para a maceração nessa categoria; ➢ Extração exaustiva: com esgotamento dos constituintes da matéria-prima, como exemplos a percolação e a turbo-extração. Métodos de extração a frio Prensagem: Este método consiste na aplicação de pressão (prensa hidráulica ou contínua) a frio ou a temperatura ambiente para extrair substância líquida ou oleosa da matéria-prima vegetal de interesse. Óleo essencial de frutas cítricas, azeite de oliva, óleo de soja e vários outros são exemplos conhecidos de produtos vegetais obtidos por prensagem Desta maneira, a prensagem é um método indicado para obter matéria-prima cujas propriedades naturais precisam ser preservadas, já que não utiliza solvente orgânico ou qualquer tipo de gás. Porém, em alguns casos, esta extração pode ser realizada em associação com solvente ou pressão, o que melhora, significativamente, a sua eficiência na retirada de óleo. o Desvantagem: baixo rendimento, e durante o funcionamento da prensa pode acontecer um aumento considerável na temperatura do produto, existindo o risco de degradação de algum constituinte termos sensível. Mas, isto pode ser controlado por meio de resfriamento com água. Maceração: É um dos métodos mais utilizados devido à sua simplicidade e baixo custo, em que a extração do material vegetal pulverizado se faz em recipiente fechado, protegido da luz, temperatura ambiente durante algumas horas ou dias, sob agitação ocasional e sem renovação do solvente orgânico extrator. o Desvantagem: não leva ao esgotamento do material vegetal, seja em razão da saturação do líquido extrator ou pelo esta-belecimento de um equilíbrio difusional entre o solvente extrator e o interior da célula vegetal. Porém, para melhorar a eficiência, é possível variar alguns fatores, como acontece, por exemplo, nos seguintes processos: → Digestão: espécie de maceração sob leve aquecimento do sistema (40 – 60°C); → Maceração dinâmica: maceração sob agitação mecânica constante; → Remaceração: o processo é repetido com o mesmo material vegetal, mas renovando o solvente extrator. Percolação: Diferente da maceração, este processo é dinâmico, pois o material vegetal, previamente, triturado e intumescido é colocado em um recipiente (percolador de vidro, aço ou PVC) sob proteção da luz e em contato com o solvente extrator por 24 horas (curto período de maceração) o Vantagens: podem ser citadas a obtenção de extratos mais concentrados, economia do solvente extrator e de tempo, já que é, relativamente, rápido. o Desvantagem: elevadas quantidades de solventes orgânicos essenciais para esgotar o material vegetal. Uma maneira de solucionar este problema, é utilizar um sistema de percoladores em série, em que três ou mais percoladores são interconectados para que as frações mais diluídas de um percolador passem para o próximo, de forma contínua. Turbo-extração: Este método consiste na extração de material vegetal com a simultânea redução das suas partículas, o que facilita a rápida dissolução das substâncias ativas de interesse para o solvente extrator. Por esse motivo, é considerado um dos processos de extração mais simples, rápidos e capazes de promover o esgotamento da matéria-prima vegetal. A turbólise é um método extrativo mais indicado para certos tipos de materiais resistentes ou fibrosos, como caules, raízes ou rizomas. Extração a quente (sistemas abertos) Infusão: Neste caso, a extração dos princípios ativos do material vegetal acontece, de forma estática e descontínua, durante certo período de tempo (pode variar de 2 a 30 minutos), em água fervente e recipiente tampado ou abafado. O resultado é uma solução extrativa diluída e composta por constituintes, predominantemente, solúveis e voláteis. É mais indicado para as partes moles das plantas (folhas, flores, inflores-cência e frutos). Decocção: Este método envolve manter o material vegetal em contato com um solvente em ebulição (normalmente, água) durante certo período de tempo (de 15 a 30 minutos). o Desvantagem: é o seu caráter restritivo, sendo mais utilizado na extração de substâncias solúveis em água e resistentes ao calor. Extração a quente (sistemas fechado) Hidrodestilação: Ele é bastante indicado para extrair óleos voláteis de determinados vegetais frescos, em que as partes devem permanecer em contato direto com água em ebulição, enquanto o vapor de água dilata as paredes celulares e arrasta consigo o óleo de interesse. Em seguida, o vapor (que consiste na mistura de óleo e água) passa por um condensador, onde ocorre a formaçãode duas fases líquidas que podem ser facilmente separadas, já que são imiscíveis (óleo e água). Em geral, o aparelho de Clevenger é usado para este processo, principalmente, em escala laboratorial. Arraste por vapor de água: O método é recomendado para a extração de óleos voláteis de plantas frescas e, apesar, de seguir, praticamente, o mesmo princípio físico-químico da hidrodestilação (óleos voláteis possuem tensão de vapor mais elevado do que a água), sua grande vantagem é que o material vegetal não fica em contato direto com a água fervente. Figura O vapor é produzido em um balão que flui até a parte superior do extrator, onde o material vegetal encontra-se armazenado no interior de outro balão. Em seguida, o vapor segue pelo condensador e a mistura líquida (óleo e água) pode ser, posteriormente, separada por diferença de densidade. Extração por aparelho de Soxhlet: Frequentemente, este método é utilizado para extrair determinados tipos de óleos essenciais termolábeis que não suportam aumentos de temperatura. Neste caso, se faz necessário um aparelho de Soxhlet e o uso de solventes orgânicos, com baixa temperatura de ebulição e baixo custo, tais como: hexano, benzeno, metanol, etanol, propanol, acetona e outros. Consiste em colocar um solvente orgânico em contato com a matriz vegetal e, após um intervalo de tempo, efetuar a separação das fases, em que o óleo será obtido pela evaporação do solvente presente na fase líquida o Vantagem: material vegetal entra em contato com o solvente reciclado, proporcionando uma extração eficiente e uma considerável economia de solvente, já que uma quantidade muito reduzida desse elemento é necessária. o Desvantagem: o solvente, também, pode arrastar junto do óleo essencial de interesse, alguns contaminantes não voláteis (ceras, resinas e pigmentos) presentes no material vegetal. Exercícios: 1. Qualquer método de extração consiste na dissolução do material vegetal previamente tratado em um solvente orgânico ou uma mistura de solventes para a retirada do constituinte químico de interesse terapêutico. No entanto, para se obter melhores resultados, é possível controlar alguns parâmetros do processo. O fator a seguir que não depende diretamente do material vegetal, mas pode afetar o processo de extração é: a) Modo de coleta. b) Origem do material. c) Tamanho da partícula. d) pH do meio. e) Parte utilizada. 2. A decomposição de um composto bioativo, extraído de um material vegetal, pode alterar, de modo irreversível, a sua ação terapêutica. Com isso, entre as opções a seguir, qual deve ser o melhor método de extração para substâncias bioativas e termolábeis presentes nas folhas de uma determinada árvore. a) Percolação. b) Arraste por vapor de água. c) Hidrodestilação. d) Infusão. e) Decocção. 3. A maioria dos métodos de extração de uma matéria-prima vegetal consiste na dissolução das substâncias ativas de interesse para um solvente orgânico extrator. No entanto, quando se deseja extrair uma substância de caráter oleoso de uma determinada espécie vegetal, qual é o único método de extração que melhor atende a esse propósito? a) Percolação. b) Maceração. c) Prensagem. d) Turbo-extração. e) Digestão. 4. Considerando-se o método utilizado para extrair determinados tipos de óleos essenciais termolábeis com uso reduzido de solventes orgânicos que, após determinado período de tempo, em contato com a matriz vegetal, é efetuada a separação das fases, em que o composto oleoso é obtido após processo de condensação. Assim, pode-se dizer que o método descrito é: a) Extração por Soxhlet. b) infusão. c) hidrodestilação. d) arraste por vapor d'água. e) decocção. 5. Um método indicado para extrair óleos essenciais de material vegetal fresco, cuja matriz deve permanecer em contato direto com água em ebulição para que o vapor da água dilate as paredes celulares e arraste consigo o composto de interesse. Posteriormente, o vapor produzido neste processo passa por um condensador para formar uma fase aquosa e outra oleosa. Essa descrição melhor condiz com o método: a) arraste por vapor d'água. b) hidrodestilação. c) extração por Soxhlet. d) decocção. e) turbo-extração.