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DISTÚRBIOS DA COAGULAÇÃO Laís Cristina – Curso de Medicina HEMOSTASIA Processo fisiológico responsável por parar o sangramento. Didaticamente é dividida em duas etapas, mas acontecem ao mesmo tempo no organismo: Hemostasia primária: responsável por estancar o sangramento, pelo formato do trombo ou tampão plaquetário. Hemostasia secundária: evita o ressangramento, pela formação de uma rede de fibrina que consolida o trombo (passando a ser chamado de coágulo) É necessário que haja um equilíbrio entre os estímulos pró-coagulantes, anticoagulantes e fibrinolíticos. o O próprio processo de coagulação estimula o sistema anticoagulante e fibrinolítico o Esse fator ocorre para evitar a formação de trombos e isquemia dos vasos. Fragmentos celulares anucleados advindos dos megacariócitos da MO. Derivados da linhagem mieloide Estimulados pela Trombopoietina produzida no fígado e na MO. Vida média de 7 - 10 dias. Apresentam duas morfologias - repouso e ativada. PLAQUETAS EM REPOUSO Formato discoide, com superfície com múltiplos “buracos - invaginações da membrana”. Formam o sistema canalicular aberto que conecta o citoplasma ao meio externo. Suas funções são: Servir de via para a exocitose dos grânulos intracelulares; Constituir uma reserva interna de membranas, que serão “expulsas” quando a plaqueta ativar. Armazenar receptores de agregação plaquetária. Existem 3 tipos de grânulos no citoplasma: Grânulos alfa: Contém proteínas. Fator de von Willebrand, fibronectina, vitronectina e fibrinogênio - proteínas responsáveis pelo aumento da adesividade plaquetária Fator V - participa da cascata de coagulação PDGF - Fator de crescimento Fator 4 plaquetário - neutralizador de heparina Grânulos densos: Armazenam agonistas da ativação plaquetária e do sistema de coagulação. PLAQUETAS ADP e Cálcio Lisossomos: Contêm hidrolases cuja função ainda é desconhecida. Citoesqueleto plaquetário: Filamentos de actina entrelaçados no citoplasma. Malha de espectrina logo abaixo da superfície celular. Filamentos de miosina contráteis dispersos pelo citoplasma Toda essa rede proteica se ancora na membrana através de uma integrina (proteína transmembrana) RECEPTOR DO FATOR DE VON WILLEBRAND (fvW) também chamado de GLICOPROTEÍNA ib (GPib) - serve de ponte entre o citoesqueleto e a matriz extracelular. A ligação entre MATRIZ EXTRACELULAR + FVW + RECEPTOR DE FVW estabiliza o tampão plaquetário. A ausência ou disfunção do fator de von Willebrand ou seu receptor (GP IB) resulta em dois distúrbios da hemostasia primária: Doença de von Willebrand e a Síndrome de Bernard - Soulier, respectivamente. FATOR DE VON WILLEBRAND - fvW As plaquetas circulantes precisam se conectar ao colágeno subendotelial do vaso lesado. - elas apresentam receptor de colágeno, no entanto, não são “fortes o suficiente” para vencer ao fluxo sanguíneo. A ligação entre o colágeno, o fator de von Willebrand e seu receptor GP ib faz com que a plaqueta pare de rolar e fique firme. Lembrar: GP ib está conectada ao citoesqueleto. Sua ligação ao fvW alinha as fibras de actina na direção da força exercida pelo sangue. A miosina permite certo grau de contratilidade ao citoesqueleto, o que garante a estabilidade do trombo. HEMOSTASIA PRIMÁRIA A formação do tampão plaquetário requer integridade de três sistemas: adesão, ativação e agregação. ADESÃO PLAQUETÁRIA A GP VI e a GP Ia/IIa são receptores colágeno que ajudam na agregação. A ligação GP VI - colágeno transmite os primeiros sinais de ativação plaquetária. - colágeno é o mais potente agonista plaquetário. Todavia, o grande responsável é o fvW (como visto no tópico acima). ATIVAÇÃO PLAQUETÁRIA As plaquetas são estimuladas pelos agonistas plaquetários. - colágeno, epinefrina e trombina. As membranas do sistema canicular aberto são “regurgitadas” e seus grânulos secretados. Os agonistas induzem a síntese de Tromboxane A2 (TxA2) pela enzima ciclo-oxigenase 1 (COX 1). O TxA2 amplifica a ativação plaquetária. Iniciando uma retroalimentação positiva. Recrutando plaquetas ainda “em repouso”. A degranulação dos grânulos densos libera ADP que contribui para ativação de novas plaquetas A serotonina liberada causa vasocontrição, o que reduz o sangramento. Os grânulos alfa secretam as proteínas, algumas para aumentar a adesividade e outras participam diretamente da cascata de coagulação. Fatores de crescimento iniciam o reparo tecidual. O processo de ativação plaquetária participa diretamente da cascata de coagulação (hemostasia secundária) Há a exposição do fator III (fosfolipídio plaquetário) , na membrana do trombócito ativado. Esta molécula, fosfatidilserina, funciona como um “gancho” que prende as principais enzimas da cascata de coagulação. As reações bioquímicas passam a se desenvolver próximo à superfície do trombo, formando a rede de fibrina aumentando a estabilidade e coesão. A tromboxane A2 é formada a partir do ácido araquidônico pela atuação da ciclo oxigenase 1. (AAS inibe esta enzima, atuando na HEMOSTASIA PRIMÁRIA) AGREGAÇÃO PLAQUETÁRIA Formação de um trombo firme, bem aderido, com várias camadas compactas consegue estancar o sangramento em curto espaço de tempo. A agregação é feita pela GP IIb/IIIa O fibrinogênio é utilizado como “ponte” para ligar uma plaqueta a outra. Antes da ativação, a GP IIb/IIIa é incapaz de ligar fibrinogênio. A ativação plaquetária promove alteração na conformação destes receptores que passam a interagir fortemente com o fibrinogênio circulante. Formando um trombo mais coeso. A Trombastenia de Glanzmann é uma doença genética associada à redução ou disfunção da GP IIb/IIIa. O sistema de coagulação é formado por um conjunto de proteínas inativas (zimogénios) as quais ativam umas as outras em uma sequência determinada; “efeito cascata” - O AAS causa um bloqueio irreversível pelo resto da vida plaquetária. Reduz a formação de trombos pelos próximos 7 - 10 dias. - Os AINEs induzem bloqueio reversível da COX 1, permitindo a secreção de TxA2 após suspensão da droga. - Assim, recomenda-se suspender o AAS 7 - 10 dias antes da cirurgia. - Suspensão de AINEs 48 horas antes da cirurgia. - Suplementos como ômega 3 e o Gingko biloba também devem ser suspensos. HEMOSTASIA SECUNDÁRIA Pequenos estímulos pró coagulantes resultam na produção maciça de fibrina. Os monômeros de fibrina se polimerizam formando uma “rede” em volta do plug plaquetário. - Há o acúmulo de hemácias e leucócitos (Trombo vermelho) O trombo branco é formado na circulação arterial quase exclusivamente por plaquetas (pouca fibrina). TODOS OS FATORES DE COAGULAÇÃO SÃO SINTETIZADOS NO FÍGADO! EXCETO O FATOR VIII QUE É SINTETIZADO NO ENDOTÉLIO. Complexo Protrombínico: fatores “dependentes de vitamina K” São fatores que necessitam da vitamina K para funcionarem adequadamente após sintetizados. A vitamina K é necessária para a carboxilação dos resíduos de ácido glutâmico dessas moléculas. FATORES II, VII, IX, X e proteínas C e S (anticoagulantes). O fosfolipídio plaquetário (fosfatidilserina) serve como um “gancho” que prende fatores de coagulação com resíduos carboxilados. Tenase - ativador de fator X Protrombinase - ativador de protrombina. CASCATA DE COAGULAÇÃO Existem duas maneiras de fazer o sangue coagular em laboratório: Via intrínseca (ou sistema de contato) - desencadeada pelo contato do sangue com uma superfície que tenha carga elétrica negativa, como vidro e colágeno. Tempo de TromboplastinaParcial Ativada - PTTa é o exame utilizado para sua avaliação. Via extrínseca (sistema que simula lesão tecidual) - este fator está localizado nas células subendoteliais dos músculos lisos e fibroblastos que entra em contato com o sangue em caso de lesão do endotélio. O Tempo de Protrombina - TAP é utilizado para avaliar esta via. Na vida real, apenas um processo é operante, utilizando trechos das duas vias. VIA INTRÍNSECA E VIA EXTRÍNSECA FORMAM FATOR X Tenase da via intrínseca: Fator XII (fator de Hageman) -> Fator XI -> Fator IX (fator anti hemofílico B ou Fator de Christmas) -> Fator X (Fator Stuart). A varfarina inibe a reação de carboxilação dependente de vitamina K. O resultado é o bloqueio na formação das Tenases (intrínseca e extrínseca) e da Protrombinase. O fator VIII também participa como mediador da via intrínseca (Anti hemofílico A) AS DUAS VIAS SE CONVERGEM PARA A FORMAÇÃO DA VIA FINAL COMUM Tenase da via extrínseca: Fator VII (pró-convertina) + Fator tecidual -> Fator X (Fator de Stuart) O Fator Xa converte a protrombina (fator II) em trombina (Fator IIa) A trombina converte Fibrinogênio em fibrina. A fibrina também ativa os fatores V, VIII e XIII e é um potente ativador plaquetário. A rede de fibrina reveste e estabiliza o plug plaquetário, finalizando o processo hemostático CÉLULAS ENDOTELIAIS Regulação da trombogênese: Endotélio integro: Garante a fluidez do sangue. A célula endotelial ativa é capaz e bloquear a Hemostasia primária (produção de oxido nítrico e Prostaciclina) Hemostasia secundária (Trombomodulina, Proteína C, Proteína S, Heparan sulfato, Inibidor da Via do Fator Tecidual Geralmente se manifestam na infância. Mas podem aparecer pela primeira vez na fase adulta. Distúrbios graves como a hemofilia A geralmente aparecem quando a criança começa a deambular, tornando- se mais suscetível ao trauma. Distúrbios mais brandos, como a doença de von Willebrand podem passar despercebidos até a extração dentária ou outras cirurgias. DISTÚBIOS DA HEMOSTASIA RESUMINDO!! Ambas as vias, intrínseca e extrínseca formam o Fator X que será ativado na presença do cálcio em Fator Xa. O fator Xa , na via comum, converte protrombina em trombina. A trombina converte fibrinogênio em fibrina. . Ainda que o histórico familiar seja negativo para distúrbios hereditários da hemostasia, não deve descartar o caso. Distúrbios adquiridos : acompanhados, geralmente, de outros sinais da doença de base ou pelo uso recente de algum medicamento. A coagulação intravascular disseminada (CIVD) normalmente se associa à sepse ou gestações complicadas. Hepatopata com distúrbios de coagulação geralmente apresenta sinais de insuficiência hepática e hipertensão porta. Renal crônico que sangra geralmente também tem outras manifestações da síndrome urêmica. Trombocitopenia adquirida pode estar relacionada a leucemia, anemia aplásica, lúpus, infecção. Púrpura Trombocitopênica Imune (PTI) idiopática é o principal distúrbio idiopático adquirido da hemostasia. ONDE ESTÁ O PROBLEMA? NA HEMOSTASIA PRIMÁRIA (PLAQUETAS) OU NA HEMOSTASIA SECUNDÁRIA (COAGULAÇÃO)? SANGRAMENTO PLAQUETÁRIO: predomina na pele e na mucosa. Gengivorragia, epistaxe, menorragia, hematúria, petéquias e equimoses (particularmente em tronco e de grande tamanho). As petéquias geralmente ocorrem em regiões dependentes da gravidade, como membros inferiores e nádegas. Persistência de sangramento em cortes superficiais é outra característica de distúrbios plaquetários. O sangramento persiste em pequenas quantidades por longos períodos, mas podem ser controladas por tamponamento mecânico. Obs. As púrpuras também podem ocorrer nas doenças vasculares, como vasculites cutâneas, infecciosas, escorbuto (deficiência de vitamina C) e certas vasculopatias hereditárias. SANGRAMENTO POR COAGULOPATIA: predomina nos órgãos e tecidos internos. Hemartrose, hematoma dissecante profundo, hematomas musculares, retroperitoneais e em órgãos internos. O hematoma é definido como uma “coleção de sangue”, podendo ter efeito compressor, tipo pseudotumor. A hemartrose , por razões desconhecidas, ocorre preferencialmente nas hemofilias. Após extração dentária ou outras cirurgias, o sangramento cessa de imediato, entretanto horas depois há recidivas com sangramento de grande monta e difícil controle, refletindo problemas na hemostasia secundária. Anamnese de hemostasia: Locais preferenciais de sangramento Duração dos sangramentos Necessidade de intervenção médica para controle Antecedentes pessoais Exposição a situações de estresse hemostático Destaque sangramento em extração dentária Exame físico DADOS IMPORTANTES Petéquias, equimoses, hematomas Estigmas de hepatopatia ou insuficiência renal Medicações concomitantes Uso de antiagregantes, anticoagulantes, quimioterápicos Intoxicação por supercumarinicos Coagulopatias agudas Presença de sepse, coagulopatia por trauma Púrpuras: acúmulos de sangue na pela Petéquias: pequenas hemorragias puntiformes na derme (capilares) Equimoses: acúmulo subcutâneo de sangue devido ao extravasamento de arteríolas e vênulas Hematomas: mais profundos e palpáveis Sangramentos comuns aos dois tipos: hemorragia cerebral, retiniana e digestiva, hematúria e menorragia. As provas laboratoriais da hemostasia, chamadas de “coagulograma”, são de extrema importância para a avaliação da desordem hemostática. CONTAGEM DE PLAQUETAS Varia de 150.000 - 450.000/mm3 Sempre que a plaquetometria for desproporcional à clínica do paciente ou totalmente inexplicada, deve ser confirmado com contagem manual VPM (Volume Plaquetário Médio) e PDW (Índice de anisocitose plaquetário). O aumento do VPM geralmente é acompanhado do aumento do PDW. VPM aumentado sugere destruição periférica de plaquetas, como PTI e PTT (Púrpura Trombocitopênica Trombótica) e a Síndrome de PROVAS DA HEMOSTASIA CONCEITOS Bernard-Soulier (desordem genética da função plaquetária). O aumento do estímulo aos megacariócitos na MO leva à liberação de plaquetas maiores. As causas de trombocitopenia por disfunção da MO cursam com plaquetas de tamanho normal. TEMPO DE SANGRAMENTO Tempo necessário para que um pequeno corte superficial na pele pare de sangrar. O TS depende da hemostasia primária (plaquetas, fator de von Willrbrand) e da integridade vascular. Valor normal: 3 - 7 min Este exame só deve ser feito se houver suspeita em relação a hemostasia primária. Não deve utilizado de rotina. Um TS alargado com plaquetometria normal: Doença de von Willebrand Distúrbio genético da função plaquetária - Síndrome de Bernard – Soulier TEMPO DE TROMBOPLASTINA PARCIAL ATIVADO (TTPa) “Tromboplastina” é um termo usado para nomear qualquer substância derivada de tecido que contribua para coagulação. Normal: 25 - 35s Estará alargado nas coagulopatias da via intrínseca ou comum. Não leva em consideração do Fator Tecidual, por isto não analisa a via extrínseca. Está elevado quando: Uso de heparina não fracionada Deficiência do fator VIII (hemofilia A) Deficiência do fator IX (hemofilia B) Obs. Vale lembrar que na doença de von Willebrand, pode haver deficiência moderada do fato VIII, mas sem causar hemofilia, mas capaz de alargar o PTTa. TEMPO DE PROTROMBINA (TP ou TAP) Análise da via extrínseca e comum, levando em consideração o fator tecidual - fator VII. Valor normal: 10-13s INR: relação tempo paciente/controle Há uma correlação entre o TP e a Atividade da Protrombina. Geralmente quando a deficiência é moderada ou grave. Está elevadoquando: Uso de Varfarina Deficiência de vitamina K Insuficiência hepática Deficiência do fator X A heparina geralmente não alarga o TP, pois algumas tromboplastinas utilizadas nesse teste podem ter atividade inibidora de heparina TEMPO DE TROMBINA E DOSAGEM DO FIBRINOGÊNIO PLASMÁTICO A trombina converte fibrinogênio em fibrina, formando o coágulo. Tempo normal: 5 - 15s Após 60s o coágulo encontra-se sólido, firme e aderente à parede do tubo. Atualmente usa-se com frequência a dosagem direta, estando normal >100mg/dl. Tempo de trombina alargado ou formação de um coágulo sem as características anterior significa que existe afibrinogenemia, hipofibrinogenemia (Fibrinogênio plasmático <100 mg/dl) ou disfibrinogenemia. Está alterado: Coagulação Intravascular disseminada (CIVD) é o principal exemplo de hipofibrinogenemia grave adquirida. Está alargado na presença de fatores antitrombínicos, como heparina e o veneno botrópico D-DÍMERO Fragmento da degradação da fibrina polimerizada. Quando há um coágulo que ele desmancha, há a liberação do dímero D. Quanto maior o coágulo, maior o número A vida média é de aproximadamente 6 hras. Pacientes com coágulos estáveis com esporádicas degradações podem resultar em valores normais. Coágulos pequenos, embora maléfico a saúde, podem resultar em exame normal Desordem hemorrágica hereditária mais comum FUNÇÕES: adesão plaquetária ao subendotélio em sítios de lesão vascular e formação de um complexo com o fato VIII (proteína de transporte), impedindo que o fator VIII seja rapidamente depurado da circulação SINAIS E SINTOMAS: Distúrbio da interação plaqueta/vaso É uma doença autossómica dominante, portanto a história familiar geralmente é positiva. Existem 3 tipos, sendo os tipos 1 e 2 mais comuns. A maioria dos indivíduos com DvW possui a forma leve, isto é, sem hemorragia espontânea. A suspeita surge quando o individuo apresenta um sangramento imediato após trauma ou procedimentos invasivos (Ex. extração dentária) EXAMES LABORATORIAIS: TS prolongado, TTPa alargado (def. parcial secundária do fator VIII), demais exames normais ou tudo normal. DIAGNÓSTICO: medida da atividade do FvWb (teste da ristocetina), medida do antígeno do FvWB (Elisa, eletroimunoensaio, latex) TRATAMENTO: Orientação de evitar drogas antiplaquetárias Reposição do FvW (mais eficaz) DDAVP (desmopressina aumenta a síntese endotelial do FvW) em profilaxia de sangramentos em tipo 1. Doenças hemorrágicas hereditárias, decorrentes de deficiências quantitativas ou defeitos moleculares dos fatores VIII (hemofilia A) ou IX (hemofilia B) Herança recessiva ligada ao X (sexo masculino) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: iguais entre A ou B – deficiência de fatores Grave (nível do fator < 1%) Sangramentos espontâneos desde a infância (2-4 anos), hemartroses, hemorragias espontâneas frequentes. Frequência: 70% (A) e 50% (B) DOENÇA DE VON WILLEBRAND HEMOFILIAS Moderada (nível do fator: 1 – 5 %) Hemorragia após pequenos traumas/ cirurgia, hemartroses espontâneas Frequência: 15% (A) e 30% (B) Leve (nível do fator: 5 – 30%) Hemorragia após pequenos traumas/cirurgia, sangramentos espontâneos raros; Frequência: 15% (A) e 20% (B) 1. Hemartroses Manifestações hemorrágicas Joelhos, cotovelos, tornozelos, ombros, quadril, punhos Edema, dor, aumento de volume, eritema, aumento da temperatura, limitação do movimento Hemartroses recorrentes podem causar deformidades 2. Hematomas musculares Segunda causa mais comum de sangramentos Sindrome compartimental 3. Hematúria, sangramento GI (hematémese, melena), sangramento intracraniano (HAS), hemorragia no canal espinhal (paraplegia) DIAGNÓSTICO: Hemorragias desde a infância, sangramentos intra articulares, hematomas pós traumáticos, musculares; Exames laboratoriais: o hemograma normal; o TTPa alargado; o Dosagem de fator VIII e IX alterados. o É importante solicitar o Fator de von Willebrand junto, pois se ele estiver normal, confirma o diagnóstico. Caso este fator esteja baixo, juntamente com o fato VIII baixo, o diagnóstico é doença de von Willebrand TRATAMENTO: Fator VIII purificado e recombinante – para hemorragia, no preparo pré ou perioperatório (A) Fator IX purificado ou recombinante (B) Tratamento adjuvante para Hemofilia A: o DDAVP: desmopressina; produz aumento transitório do fator VIII e fator vW o Drogas antifibrinolíticas: Terapia adjuvante nos sangramentos de mucosas; contra indicadas na presença de hematúria. Ativação dos processos de coagulação, induzida por diferentes mecanismos desencadeantes, levando à formação intravascular de fibrina obstrução dos vasos da microcirculação lesão isquémica DISTÚRBIOS DA COAGULAÇÃO ADQUIRIDOS - CIVD Quase sempre associada à resposta inflamatória sistêmica Infeções: sepses, bactérias, virais, protozoários Lesão tecidual: trauma, pós operatório, choque, hipoxemia Neoplasia: disseminação metastática, leucemia promielocítica Causas obstétricas: deslocamento prematuro de placenta, embolia de L.A Doenças vasculares: tumores, aneurismas, vasculites Imunológicas: reação anafilática, reação transfusicional hemolítica, rejeição de enxertos Liberação de enzimas: venenos animas, pancreatites FISIOPATOGENIA O mecanismo desencadeante é a lesão endotelial, com liberação e/ou exposição do fator tecidual, formação de fibrina em vários pontos da microvasculatura Consumo de plaquetas (trombocitopenia), fatores de coagulação (coagulopatia), destruindo hemácias (anemia hemolítica microangiopática, com esquizócitos na periferia) e obstruindo pequenos vasos (gangrena periférica) Os microtrombos são constituídos principalmente de fibrina Ao mesmo tempo que se forma, a fibrina é degradada pelo sistema fibrinolítico endógeno, aumentando os PDF (produtos de degradação da fibrina, entre eles o D- Dímero) De todos os fatores, o mais depletado é o fibrinogênio Suspeitar em qualquer paciente grave, com os fatores de risco, que se apresenta com diátese hemorrágica ou sintomas devidos à trombose na microvasculatura Não existem testes para confirmar ou excluir de modo definitivo o diagnóstico de CIVD Pode-se utilizar: o Trombocitopenia (<100.000) o Prolongamento TP, TTPa, TT o Redução do nível de fibrinogênio o Aumento dos produtos de degradação de fibrina o Esquizócitos no esfregaço periférico IRA, insuficiência hepática, gangrena periférica Plaquetopenia: redução de 2,5 vezes do percentil de distribuição normal do valor Na prática: <150.000/mm3 Entre 100.000 e 150.000/mm3 não necessariamente indica doença. Observar estabilidade ao longo de 6 meses Plaquetas entre 10.000 e 20.000/mm3 risco de sangramento espontâneo Geralmente assintomático DISTÚRBIOS DAS PLAQUETAS Plaquetopenia na gestação é comum (dilucional) Pacientes internados X ambulatoriais MECANISMOS CAUSADORES Redução da produção Aumento da destruição Sequestro Hemodiluição Trombocitopenia isolada, com outras contagens normais, incluindo exame de esfregaço de sangue periférico, sem outras anormalidades Autoanticorpos dirigidos contra glicoproteínas da membrana plasmática das plaquetas Sem condições clínicas aparentes que podem causar trombocitopenia Mortalidade de 2,5 – 5% (ICH) O diagnóstico é feito, quase sempre, por exclusão de outros fatores PATOGÊNESE Causas genéticas e ambientais relacionadas Autoanticorpos específicos: destruição e inibição de produção Nem sempre demonstrados, sem significância em decisões cíinicas, com baixa especificidade e sensibilidade Relativamente mais comum em mulheres MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os sintomas dependem diretamente da contagemde plaquetas Sangramentos em pele e mucosas Petéquias Equimoses geralmente pequenas e superficiais É raro acometimento articular Obs. Sempre que um paciente tiver plaquetas abaixo de 10.000 deve ser internado. PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA AUTOIMUNE DIAGNÓSTICO Quadro abrupto Excluir causas secundárias Teste para HIV/HCV – frequentemente estes pacientes cursam com plaquetopenia Mielograma em pacientes idosos para excluir mielodisplasia Avaliar bioquímica, perfil renal e hepático Testar função da tireoide Ultrassom para avaliação do baço, especialmente Radiografia do abdome DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Uso de drogas Atenção para a falsa plaquetopenia (agregados plaquetários, por ex) TRATAMENTO Manter contagem plaquetária segura – evitar sangramentos maiores (> 10.000/mm3) Evitar tratamento desnecessário de pacientes assintomáticos, os efeitos colaterais devem ser piores que sintomas da PTI moderada/ leve Geralmente é tratado com plaquetas abaixo de 30.000. Há remissão espontânea principalmente em crianças. 1. Emergência o Corticoide intravenosa – metilprenisolona o Após 3 dias – predinisona oral 1 mg/kg o Pode ser associado, ou não, há imunoglobulina o Manter corticoide entre 3 – 4 semanas, podendo prolongar por mais 4 semanas. Para retirada deve fazer o desmame, reduzindo a dose a cada 3 – 4 semanas. 2. Outros tratamentos o Danazol o Ciclosporina o MMF o Dapsona o Azatioprina o H. pylori o Anti CD 52, anti CD20 o Alfa – interferon o Colchicina o Antifibrinolíticos o Irradiação ou embolização esplênica o Pesquisa de baço acessório PTI REFRATÁRIA CRÔNICA Pacientes com PTI persistente por mais de 3 meses Falha de resposta à esplenectomia – 50% dos casos pode haver recidiva Contagem plaquetária < 50.000/mm3 Há uma inativação da enzima (provavelmente por autoanticorpo) que cliva o fator de van Willebrand, fazendo com que haja acumulo de multímetros de alto peso molecular na circulação, causando a formação de trombos na microcirculação devido a ativação e agregação plaquetária. O trombo leva a isquemia e trombose nos vasos CAUSAS Primária: causa não identificada Secundária: LES, artrite reumatoide, síndrome de Sjogren, polimiosite, doença de Graves; Uso de drogas: ticlopidina, mitomicina C e ciclosporina; Infecções: HIV – pode ser 1ª manifestação Pós transplante DIAGNÓSTICO Instalação abrupta Anemia, fraqueza, adinamia, febre, sintomas neurológicos Análise do sangue periférico Esquizócitos, plaquetopenia, reticulocitose PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA TROMBÓTICA Aumento importante de LDH, aumento leve de bilirrubinas, hemólise intravascular Alteração da função renal Testes normais: TP, TTPa, TT, fibrinogênio Atividade da ADAMTS13 reduzida; SINAIS E SINTOMAS Anemia hemolítica microangiopática Trombocitopenia Coma, AVC, confusão mental Anormalidades renais Febre A febre seguida de redução do nível de consciência é raro de acontecer, mas é um grande indicativo da doença. Hemácias fragmentadas devido rede de fibrina TRATAMENTO Plasmaférese (coloca o paciente na máquina e faz transfusão de plasma) diária com reposição de PF associado a corticoterapia. Remoção dos multimeros de alto peso do Fvw Prednisona: 1 mg/kg/dia o Manter plasmaférese até plaquetas > 150.000/ mm3 por pelo menos 2 dias consecutivos o 80% entram em remissão, mas 40% pode ter recidiva Quando não há disponibilidade de plasmaférese, deve fazer infusão de plasma fresco até conseguir a plasmaférese Monitorização diária: Hb, LDH, plaquetas e esquizócitos Pacientes refratários: o Esplenectomia o Vincristina o Rituximab: anticorpos monoclonal anti CD 20 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Alterações da função plaquetária por defeitos genéticos ou adquiridos Genéticos: o Deficiência de glicoproteínas da membrana e de receptores agonistas o Defeitos da secreção plaquetária ou dos grânulos o Defeitos enzimáticos – síntese de prostaglandinas Adquiridos: drogas, CIVD (coagulação intravascular disseminada), CEC (circulação extracorpórea) , uremia, DçMP (doenças mieloproliferativas crônicas). QUADRO CLÍNICO Sangramento de pele e mucosas Inicio na infância com equimoses com pequenos traumas Epistaxe recorrente, hemorragia TGI, menorragia Sangramento após trauma ou cirurgia Intensidade variável – discreta até causar o óbito DIAGNÓSTICO Quadro clínico Tempo de sangramento prolongado (DUKE x IVY); Plaquetas normais Agregação plaquetária Púrpura de Bernard Soulier: defeito no complexo de glicoproteinas ib – IX – V. Interfere na adesão plaquetária ao endotélio. Agregação plaquetária com ristocetina é deficiente e normal com outros agonistas Púpura de Glanzmann: defeito da glicoproteína IIb – IIIa (fibrinogênio). Agregação normal com ristocetina e deficiente com demais agonistas. Doença de pool plaquetário: alterações nos grânulos de armazenamento. Agregação variável com ADP e ácido aracdônico, reduzida com colágeno e normal com ristocetina. MEDIDAS GERAIS Informação sobre a doença e risco de sangramento Aconselhamento genético Não usar drogas que afetam a função plaquetária: AAS, AINH Cuidado odontológico profilático – procedimentos odontológicos mais complexos sangram Reposição de ferro em mulheres com menorragia; supressão da menstruação Uso de DDAVP pode ser necessário DEFEITOS FUNCIONAIS DAS PLAQUETAS Transfusão de plaquetas ao realizar procedimentos, como cirurgias Uso de Fator VII Agente antifibrinoliticos