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A natureza da questão social (1) (1)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS 
DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL 
SEMINÁRIO DE FUNDAMENTAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL 
DISCENTES: Angela Karoline dos Santos, Gabrielle Campos Santana e Juliana Santana Monteiro Corrêa da Silva 
TURMA: 2018/1 
Trabalho Avaliativo sobre a Natureza da Questão Social 
Originalmente a chamada questão social constitui-se em torno das grandes transformações econômicas, sociais e políticas, ocorridas na Europa no século XIX, e desencadeadas pelo processo de industrialização. A questão social se evidenciou basicamente na tomada de consciência por parte de crescentes parcelas da sociedade, de um conjunto de novos problemas vinculados às modernas condições de trabalho urbano e da absoluta pobreza como um fenômeno socialmente produzido. Se a pobreza nas sociedades industriais, era considerada um fato natural e necessário para tornar os pobres “eficientes” e "úteis", a acumulação de riquezas das nações em formação, agora ela deveria ser enfrentada e resolvida para benefício, inclusive, do progresso material em ascensão. A questão social surge no âmbito conservador como forma de manutenção e consolidação da sociedade burguesa. Sendo assim ela se torna objeto de atuação moralizadora, e os métodos de enfrentamento devem ser efetuados de maneira que obedeça a ordem vigente e preserve os meios de produção e propriedade privada. 
O capitalismo já revelava sua face mais degradante, como os trabalhos precários no qual submetiam os trabalhadores, com o decorrer desse processo, os operários vão adquirindo consciência política enquanto classe, e passam a lutar por melhorias nas condições de trabalho, salário e condições de vida. Para o melhor entendimento da questão social, vamos analisar o surgimento do trabalho em uma sociedade em que a escravidão é a marca que se perpetua desde o período colonial e se estende ao império, a burguesia explorava abusivamente do proletariado através da força de trabalho que o filósofo Karl Marx denominou de mais valia, ou seja, com o pagamento de baixíssimos salários, e a exploração intensiva e extensiva da mão de obra do operário que aumentava os lucros cada vez mais da classe dominante. 
As condições de existência e de trabalho angustiantes da população operária mostram a extrema busca pelo trabalho excedente. Não existia, sequer, condições de moradia, saúde e higiene, tampouco ofertas de políticas públicas, primordiais para a existência. O trabalhador conta apenas com a venda diária da sua força de trabalho, aliado a isso os salários pagos eram baixos, e a renda obtida não era suficiente para o sustento da família, os operários sentem-se então, pressionados pela entrada de mulheres e crianças no trabalho extenuante e escravo das fábricas. Cabe ressaltar que esses operários trabalhavam no início do século em uma jornada de trabalho de até 14 horas, em 1911 eram de 11 horas, e em 1920 de 10 horas diárias, tudo isso aliado a nenhuma legislação que lhes resguardasse férias, garantia empregatícia, contrato de trabalho, seguro contra acidentes e outros direitos trabalhistas, estando entregues à própria sorte. 
Devido às péssimas condições de vida e de trabalho tornou-se necessária uma organização do proletariado, para defesa de melhores condições, no entanto tomou formas diferenciadas nos diversos estágios de desenvolvimento, sua constituição na forma típica de resistência operária organizada, reunindo a parcela mais avançada do movimento operário, a organização operária, exigiu da burguesia um controle maior do movimento dos trabalhadores, visando é claro, a obtenção de maiores lucros, portanto, as leis sociais, foram o ponto forte, dos movimentos realizados pelo proletariado em busca de uma cidadania social. 
 “A questão social não é senão as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais além da caridade e repressão”. (CARVALHO e IAMAMOTO, 1983, pág 77). 
Como poderemos ver, a questão social deixa de ser entendida apenas como uma fatalidade entre favorecidos e menos favorecidos, para constituir-se na contradição antagônica entre burguesia e proletariado. O estado por sua vez combaterá a organização e reivindicação do proletariado de maneira coercitiva através do aparato da repressão policial, e desta forma o aumento da miséria e da classe operária tem a mesma proporção 
da expansão da acumulação da riqueza da burguesia, as relações sociais eram fragilizadas, ou quase nenhuma, e assim diante de movimentos do proletariado na contramão dos pensamentos da burguesia da produtividade acelerada, e do lucro, instaurou-se na sociedade a questão social, e assim a incapacidade do estado de conduzir a situação estabelecida, é possível perceber, que expansão do capitalismo se faz acompanhar da expansão da questão social, assim verifica-se que o progresso do capitalismo é proporcional ao progresso da pobreza e generalização da miséria. 
Mas como pensar na questão social hoje com o mercado instaurado, com a tecnologia avançada, a globalização, a mídia instantânea, a precarização do trabalho e a terceirização da mão de obra. Deparamos nos com igual desvalorização do trabalhador que hoje vivencia uma exploração camuflada, e reduzidos direitos sociais, tem se ao mesmo tempo a miserabilidade tão presente nos grandes centros urbanos e a forma como a desigualdade tem repercutido na sociedade atual, e tem se também a generalização da violência, o profissional de serviço social, se depara com essas nuances de uma questão social que se apresenta de formas diferenciadas. Após os grandes movimentos sociais do primeiro pós-guerra, tendo como protagonista o proletariado, a questão social fica definitivamente colocada para a sociedade, datam dessa época o que se poderia considerar como sendo as protoformas do serviço social no Brasil. 
No entanto para o aparecimento de serviço social enquanto conjunto de atividades legitimamente reconhecidas dentro da divisão social do trabalho se deverá percorrer um itinerário de mais de duas décadas, esse processo se acelera no início da década de 30 com a mobilização do movimento católico leigo, surgirá o serviço social como um departamento especializado da ação social. Considerando que na igreja a ajuda era delegada aos diáconos, os membros leigos, imperava o poder do catolicismo ao longo do século IV, tornando-se a religião oficial do império romano, verifica-se a grande influência dessa instituição frente às ações sociais. Algumas tarefas passam a ser definidas quando o estado começa a fazer política, mantendo a ordem estabelecida através da repressão, e a igreja faz caridade financiada pela nobreza. 
São Tomás de Aquino (1224-1274) foi o grande organizador da doutrina cristã, situando a caridade como um dos pilares da fé e de justiça social aos mais humildes. A burguesia, proprietária dos meios de produção, almejava a concentração de riquezas, necessitando, para isso, explorar a força de trabalho do proletariado, paralelamente, a organização dos trabalhadores ameaçava os objetivos da burguesia. A composição do estado, no sistema 
capitalista, se formava de representantes das classes economicamente dominantes, burguesia e proprietários rurais. Nesse sentido, o estado, bem como as leis, protegia os interesses das classes dominantes. 
A igreja sempre influenciou os governos e, ao mesmo tempo, era uma das instituições que vinha desenvolvendo um trabalho junto às populações mais pobres, através de alianças entre burguesia, igreja e estado. A burguesia precisava de novas estratégias, além da força para se manter no poder e continuar o processo de acumulação capitalista. Como estratégia, a burguesiautilizou-se da filantropia, incentivado a sua organização e sistematização, como cadastro dos assistidos, a utilização de inquéritos sociais, as visitas domiciliares, o treinamento e a formação de novos agentes da assistência para veicular junto a classe proletária, a ideologia dominante. Assim visavam frear e desorganizar o movimento dos trabalhadores, passando a ideia de que o capitalismo era inevitável e irreversível e que era uma ordem social justa e adequada. 
A caridade, a ajuda e a solidariedade ao longo do tempo surgem como uma possibilidade de coerção na vida em sociedade. A pobreza era considerada um atributo daqueles que não se esforçaram o suficiente para superá-la, tidos como responsáveis pela situação em que se encontravam. A assistência foi incorporada nesse contexto, pelo estado, de duas formas: insinuando que como único que poderia enfrentar politicamente a questão social e para dar conta das condições de pauperização da força de trabalho. A inserção da prática assistencial pelo estado se deu como expressão de mérito, estimulando as instituições privadas de fins sociais, principalmente os vinculados às igrejas, às ações assistenciais. 
A origem do serviço social como profissão tem um rastro imenso do capitalismo e do conjunto de variáveis com ele incorporados, como a alienação, a contradição e o antagonismo. Mas é na esfera estatal a maior concentração de ações provenientes do serviço social. O serviço social surge como uma profissão que é articulada como um projeto de hegemonia do poder burguês, a partir de contradição que impregnou sua construção, pois, produzida pelo capitalismo industrial buscou afirmar-se como uma prática humanitária, sancionada pelo estado e protegida pela igreja, como a ilusão de servir. 
O serviço social nasce articulado com a sociedade burguesa aliada com a igreja católica, formando um bloco e procurando desarticular os movimentos da população trabalhadora, sob a ilusão de servir, e é importante a compreensão da visão do mundo que a profissão tinha na época, suas conexões com o capitalismo, bem como conhecer a metodologia aplicada pelos primeiros assistentes sociais. Portanto, sob justificativas religiosas e 
ideológicas burguesas, e com a prática voluntária que as origens do serviço social foram vinculadas, através da assistência prestada aos pobres, a partir dos interesses da burguesia. Ao longo do tempo a constituição de uma determinada imagem social para os assistentes sociais estava intimamente relacionada ao projeto societário burguês. O serviço social surge mediante uma necessidade histórica e dessa necessidade emerge uma profissão ideologicamente atrelada a setores dominantes da sociedade da época. 
A questão social surge mediante a tomada de consciência da classe trabalhadora, quando se verificou o estado de exploração e de miséria a que eram submetidos. Nesse sentido, estado, sociedade burguesa e igreja católica, se unem num bloco hegemônico e ideológico a fim de tentar minimizar e controlar a população trabalhadora dos efeitos das refrações da questão social, como a fome, a exploração, o trabalho extenuante de mulheres, crianças, jovens e velhos. Surge assim uma profissão articulada com o grupo dominante da sociedade. 
Dentre as problemáticas presentes no dia a dia da população brasileira, trazemos para discussão, a violência contra a mulher, que se dá fisicamente, ou sexualmente, ou psicologicamente no decorrer da vida de milhares de mulheres, sejam elas sejam elas crianças, adultas ou de idade avançada. Uma violência que foi naturalizada pela hierarquia criada pela própria sociedade capitalista, no decorrer da sua construção. A partir da realidade concreta nós entendemos que a história da mulher não está apartada das relações estruturantes da nossa sociedade. A nossa sociedade é fundada nas desigualdades de raça, etnia, classe, sexo e gênero, essas relações são relações de opressão, exploração e dominação. Pessoas se apropriam de outras pessoas, dependendo da sua condição social de inserção na sociedade. 
Os elementos estruturantes de uma sociedade são aqueles fundamentais, que estruturam a dimensão e o processo de relações sociais numa sociedade, a nossa sociedade possui três princípios que são fundamentais. São as relações de classe social, relações de gênero e as relações de desigualdade racial. A classe se desdobra na relação entre capital e trabalho, numa relação de exploração e de opressão, uma relação em que se explora do ponto de vista Marxista, a mais-valia. A mais-valia é um conceito estabelecido por Marx (1967) que consiste no lucro excedente ao salário do trabalhador, pelo qual ele não é pago. 
A mais-valia necessita dentro do capitalismo de parcerias fundamentais para que ela se concretize em todas as fases do mesmo, a primeira grande parceria é com o patriarcado. 
O patriarcado é um sistema hierárquico de poder do homem sobre a mulher, o qual sustenta o capitalismo através da retirada da mais-valia sobre o trabalho não remunerado das mulheres, que é o caso do trabalho doméstico. Na esfera da reprodução da classe trabalhadora que acontece no ambiente doméstico da esfera privada, existe a exploração feminina, que se dá por meio do trabalho doméstico, como a criação dos filhos, manutenção da limpeza e etc. O trabalho doméstico era essencial para o fluxo da produção capitalista. As mulheres se encontram alocadas na esfera da reprodução e os homens na esfera da produção. 
As mulheres funcionam então, como um grande exército de reserva e de trabalho. Quando o trabalho é escasso como no início da industrialização, nas duas guerras mundiais, as mulheres constituem uma parte importante da força de trabalho. Quando há menos demanda de trabalho as mulheres se tornam a força de trabalho excedente que são muito mais atingidas pelo desemprego, pela informalidade e pelo trabalho não remunerado como é o caso da esfera doméstica. Em tempos em que o conservadorismo avança bruscamente sobre os direitos essenciais da vida é importante reafirmar o nosso compromisso com o feminismo e a emancipação das mulheres na luta contra todas as formas de violência. Pensando no assistente social dentro dessas instituições, estão inseridos em espaços que trazem inúmeras contradições, onde se vê necessário fazer mediações para conseguir fazer uma intervenção profissional qualificada. 
Como podemos ver, a violência contra a mulher se estruturou no patriarcado, na separação marcante de classe, e no racismo resultante dos anos do período escravista brasileiro, que ainda expressam profundas feridas até os dias atuais. O machismo é uma dimensão aparente das atitudes, ao pensar na nossa estrutura temos que pensar no patriarcado, que é esse poder do homem, onde as funções sociais consideradas masculinas, ou seja, funções que foram socialmente construídas como masculinas, são hierarquicamente superiores. Como exemplo podemos citar o serviço social que é uma profissão desvalorizada justamente por ser majoritariamente feminina, erroneamente vinculada a ideia de cuidado, ajuda e benevolência, que são atribuições consideradas femininas. 
A base histórica teórica do serviço social, é o materialismo histórico dialético, e o que valorizamos é justamente o método que é a forma de partir da nossa realidade concreta, fazer as mediações para entender o nosso sistema e transformá-lo. Ele é fundamental justamente para entender a realidade das mulheres, e do porquê serem constantemente 
violadas e exploradas, que tem a ver com todo um sistema que se apropria dos corpos femininos e os considera posse, objeto e nos desumaniza, essa condição de subserviência nos retira da condição de sujeito. Durante o atendimento é necessário enxergar as mulheres em situação de violência como um sujeito, construindo alternativas para a saída da violência. 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
Texto base: Netto, J.P. A emergência do Serviço Social como profissão. In: Capitalismo monopolista e Serviço Social. São Paulo, Cortez,2007. 
IAMAMOTO, M; CARVALHO, R. Relações e serviço social no Brasil: esboço de uma interpretação teórico-metodológica. São Paulo: Cortez, 2009. 
GUEDES, Olegna de Souza. A compreensão da pessoa humana na Gênese do Serviço Social no Brasil: uma influência neotomista. São Paulo: USP-SP 2000. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v4n1_compreensao.htm>. Acesso em: 19 ago. 2019. 
INFOPÉDIA. Neotomismo. Porto: Porto Editora, 2003-2019. Disponível em: <https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$neotomismo>. Acesso em: 14 ago. 2019. 
Serviço Social em Tempo de Capital Fetiche: capital financeiro, trabalho e questão social. São Paulo: Cortez, 2008. 
MATTOS, Maria Helena Souza. Estado, Ciência e política na Primeira República: a desqualificação dos pobres. Estudos Avançados. Vol 13 no 35. São Paulo: Jan.\ Abr. 1999. Disponível em: <http: // www.scielo.br >. Acesso em 14 ago. 2019. 
UNOPAR. Fundamentos do serviço social 1. Londrina. Editora: Editora e distribuidora Educacional S.a., 2014. 
MARX, Karl. O Capital. Vol. 2. 3ª edição, São Paulo, Nova Cultural, 1988. LACERDA, Lélica Elis Pereira de. Era só mais um Silva. Florianópolis, 2017. 
Feminismo para os 99%. Disponível em: 
<https://books.google.com.br/books/about/Feminismo_para_os_99_um_manifesto.html?id=CJ2H DwAAQBAJ&printsec=frontcover&source=kp_read_button&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false >

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