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Fungos: Micoses Superficiais, Cutâneas e Subcutâneas Referência Bibliográfica: Livro: MICROBIOLOGIA, 6º edição Livro: MICROBIOLOGIA MEDICA, 7º edição Micotoxicoses: ingestão de alimentos contaminados por toxi- Micologia: ciência que estuda os fungos Características Gerais dos Fungos: Seres vivos ubíquos Pertencentes ao domínio Eukarya Constituídos de célula eucariótica Parede celular fúngica composta por quitina (alguns fungos aquáticos celulose na composição) Membrana plasmática contém ergosterol Seres vivos heterotróficos Divisão: leveduras, fungos filamentosos ou bolores e cogu- melos Digestão extracelular (amilases, celulases, proteases, lipases etc.) Classificados em saprófitos, simbiontes e parasitas (causam doença) De muitas espécies existentes, poucas causam doença Menor incidência global de infecções fúngicas em indivíduos saudáveis Micoses superficiais são as mais comuns Micotoxina: toxina produzida por fungos nas produzidas por bolores Alguns fungos podem ser DIMÓRFICOS (alteração morfológica mediante alteração da temperatura): Temperatura ambiente (25 ºC): fungo filamentoso (vida sapro- fítica) Temperatura corpórea (37 ºC): levedura (vida parasitária) Fungos (morfologia da levedura): Unicelular/uninucleada Reprodução assexuada (ex.: brotamento) Aspecto macroscópico (cultura): colônia leveduriforme (cre- mosas) Aspecto microscópico: células grandes e ovais Fungos (morfologia do fungo filamentoso ou bolor): Multicelular/multinucleado Aspecto macroscópico (cultura): colônia filamentosa (aveludada, algodonosa, pulverulentea (Lembram areia de praia) e/ou pigmentadas) Aspecto microscópico: presença de túbulos cilíndricos ramificados (HIFAS) Reprodução assexuada e sexuada * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * Fungos filamentosos – Esporulação verdadeira Esporangiósporos: esporo assexuado interno. Ex: Rhizopus stolonifer (bolor pão) Conídios: esporos assexuados externos (mais comuns) Fialospóro – Aspergillus (forma cabeça) e Penicillium (forma de pincel) Microconídio e Macroconíddio – Ex: Microsporum canis, Epidermophyton floccosum Leveduras: Blastósporos ou blastoconídios: resultante do processo de bro- tamento ou gemulação (forma mais usual) Fungos filamentosos e Leveduras: Não são considerados es- poros verdadeiros Artrósporos ou artroconídios Clamidósporos ou clamido- célula da levedura) latação da célula (hifa ou conídios → produzidos pela di- Tipos de Micoses: Importância dessas características!!!!! Diagnóstico: Cultivo de fungos a partir da infecção Morfologia da estrutura portadora de esporo Hifas septada ou não Testes moleculares Testes imunológico 1. Micoses superficiais: Acometem as camadas superficia- is da pele e dos pelos 2. Micoses cutâneas ou dermatofitoses: Acometem a epider- me mais profunda e invadem pelos e unhas 3. Micoses subcutâneas: Acometem a derme, tecido subcu- tâneo, músculos e fáscias – ocorrem devido a um trauma (furar o dedo, cortar) 4. Micoses sistêmicas (profundas): Acometem órgãos e sis- temas internos. 5. Micoses Oportunistas - Acometem indivíduos debilita- dos Micoses superficiais: Induzem pouca ou nenhuma resposta imune Interesse estético, em geral Fáceis de diagnosticar e tratar, em geral Assintomáticas Prevalente em climas tropical e subtropical Frequentes em adolescentes e adultos Doenças relacionadas: Pitiríase Versicolor Tinea Negra Piedra Branca Piedra Preta/Negra Pitiríase Versicolor (Tinea Versicolor): - - - - - - - - - - - * * * * * * * * * * * * * Agente etiológico: Malassezia furfur Levedura lipofílica (dependente de lipídios). “Fator de virulência”: LIPASES Faz parte da microbiota da pele - folículo pilosos/ Natureza: saprofítico Característica da lesão: lesão macular, finamente descama- tiva, de tamanho, forma cor variáveis hipocrômica ou hipercrô- mica, observada em áreas seborreicas do corpo, tórax, ombros, abdome etc. e em áreas inusitadas, como pálpebras e pênis HIPOCROMIA pode ser atribuída ao ácido azelaico que in- terfere na melogênese e a hipercromia pode ser estar atribuída ao aumento da distribuição de melanossomas. Hipocromia: Lesões visíveis após exposição ao sol Fatores predisponentes: a desnutrição, a sudorese excessiva e o uso de anticoncepcionais, de corticoides e/ou de imunossu- pressores. Está presente no mundo todo e atinge todas as faixas etárias, sendo mais frequente em adolescentes e adultos jovens, pois estes têm maior atividade da glândula sebácea Dermatite seborreica – Malassezia globosa: Agente etiológico: Malassezia globosa Levedura lipofílica (dependente de lipídi- os). “Fator de viru- lência”: LIPASES Faz parte da microbiota da pele/Natureza: saprofítico Fatores predisponentes: hiperhidrose, fatores ambientais etc Tinea Nigra: Agente etiológico: Hortaea werneckii Fungo melanizado - Fator de virulência (evasão da fagoci- Presente no meio ambiente Característica da lesão: lesão macular, pouco descamativa, de cor marrom a negro, comum em regiões palpar e plantar (ou- tras áreas podem ser acometidas) tose) Piedras: Conceito: micose que acomete a parte livre dos pelos, formando concreções de colorações brancas ou pretas São assintomáticas Agentes: Piedra preta: Piedraia hortae (cabelo) Piedra branca: Trichosporon beigelli (pelos axilares e pubianos, raro de cabelo) Piedra Branca: Agente etiológico: Trichosporon spp. (Ex: Trichospo- ron beigelli) Presente em haste livre de pelos/cabelos Fungo produtor de queratinase Características da lesão: nódulos claros ao redor dos pe- los de qualquer parte do corpo e cabelos. Nódulos macios, pastosos, e por conta da cor branca, são associados à caspas (mas não é caspa!!) Piedra Preta/Negra: Agente etiológico: Piedraria hortae Haste livre de cabelos (encontrado somente em cabelos) Características da lesão: nódulos endurecidos de colora- ção escura fortemente aderido Fungo melanizado – fator de virulência Micoses cutâneas (dermatofitoses): Dermatofitoses: complexo de doenças causadas por fun- - - - - - - - - - * * * * * * * * * * * * * * * * * * * T.it, na gos filamentosos, denominados dermatófitos, dos gêneros Tricho- phyton, Microsporum e Epidermophyton Invadem a pele, pelos e unhas (camadas queratinizadas) Fator de virulência: queratinase e outras enzimas (elasta- se, colagenase e dnase) As várias formas de dermatofitoses são denominadas Tinea (Brasil: Tinha) Classificação das dermatofitoses: Critério: localização anatômica ou estrutura afetada • • • • • • Tinea Capitis (couro cabeludo, sobrancelha e cílios) Tinea Barbae (barba) Tinea Corporis (corpo) Tinea Cruris (virilha) Tinea Pedis (pé) Tinea Unguium (unha). ONICOMICOSE Critério: habitat natural Geofílicos (vivem no solo e são patógenos ocasionais de animais e humanos). Ex: M. gypseum Zoofílicos (parasitam pelo e pele de animais, mas podem ser transmitidos ao homem). Ex: M. canis (presente em cães, gatos etc) Antropofílicos (parasitam os humanos e podem ser trans- mitidos de forma direta ou indireta: mais comum). Ex: T. ru- brum, T. mentagrophytes, T. tonsuras, E. floccosum. Antropofílicos: geralmente são infecções relativamente não inflamatórias, crônicas e difíceis de curar) Geofílicos e zoofílicos: intensa reação inflamatória, res- ponde bem à terapia Lesões características: Manchas inflamatórias na pele, lesão de tonsura no pelo e des- truição da lâmina ungueal na unha Patogenicidade – fatores de virulência: 1) Atividade de queratinases, elastases e sulfatases são importan- tes na implantação da micose 2) Alguns lipídeos presentes no fungo são capazes de estimular resposta alérgica 3) Lipases observadas em 75% das amostras de dermatófitos au- xiliam o fungo a superar a ação dos ácidos graxos protetores da pele. 4) Grupos genéticos e T. rubrum– HLA-DQB1*06 susceptibilida- de HLA-B14 resistente Tinea Capitis: Ilustração 1: Trichophyton tonsurans. Pequenas e múlti- plas áreas de alopécia, geralmente parciais. Exame direto do pêlo � artroconídios do fungoem seu interior – EN- DOTRIX Ilustração 2: Microsporum canis. Poucas e grandes áre- as de alopécia. Exame direto do pêlo � artroconídios por fora dele – ECTOTRIX Tinea Pedis: Conhecido como pé de atleta (dermatofitose mais co- mum) Esporos encontrados em pisos de piscinas, vestiários Tinea Unguium (onicomicose): Destruição da lâmina ungueal Agentes etiológicos: Tricho- phyton rubrum, Trichophyton mentagrophytes e Epidermophy- ton flocosum Fungos antropofílicos Patogênese: invasão das hifas – unhas amareladas, que- bradiças, espessas e esfarelada Tinea Corporis: Agentes etilógicos: Trichophyton rubrum, Epidermophyton flocosum Localização preferencial nos braços, face e pescoço Comum em atletas com contato corpo a corpo * * * * * * * * * * * - - * * * - • • • • • I - Quando contraída de animais, o proceso inflamatório é maior Em geral, prurido asociado à lesão Lesões anulares, área central clara e descamativa, borda aver- melhada, isoladas ou confluentes, podendo-se observar vesículas ou pústulas em sua borda. Lesões extensas → investigar imunodepressão Tinea Cruris: Agentes etiológicos: Trichophyton rubrum, T. mentagrophy- tes e Epidermophyton flocosum Pode atingir coxas, períneo, nádegas e região pubiana Comum em obesos, DM, imunodeficientes, acamados, idosos etc... Micoses subcutâneas: Inoculação de fungo saprofítico em decorrência de trauma e perfurações Dificilmente se disseminam para órgãos distantes Manifestação: granuloma ou lesão supurada da pele ou tecido subcutâneo Pacientes infectados não possuem deficiência imune de base, geralmente Exemplos de doenças relacionadas: ESPOROTRICOSE (Sporothrix schenckii) Cromoblastomicose Feohifomicose Micetoma Esporotricose (características gerais): Proveniente do solo, vegetais, madeira Pode estar relacionado à ocupação profissional (ex.: jardinei- ro) Comum em climas quentes Brasil: endemia zoonótica no Rio de Janeiro. (1998-2009: 3 mil casos em gatos infectado/maior epidemia de transmissão zoonótica) Animais podem agir como vetores do fungo (gatos, principal- mente) Transmissão: inoculação traumática de solo, vegetais ou matéria orgânica contaminada com o fungo e transmissão zoonótica (comum em caçadores e associação com gatos infectados) Agente etiológico: Sporothrix schenckii. Há outras es- pécies Fungo dimórfico – fator de virulência Temperatura ambiente (25 ºC): fungo filamentoso (vida saprofítica) Temperatura corpórea (37 ºC): levedura pleomórfica (vida parasitária) Morfologia (utilizada para diagnóstico) Fatores de virulência: Dimorfismo Termotolerância Produção de melanina, que acaba fazendo parte da pare- de celular fúngica (evasão da fagocitose) Formas clínicas: Forma cutânea disseminada (menos co- mum Forma localizada ou cutânea fixa Forma linfocutânea (mais comum) FORMA LINFOCUTÂNEA: Acomete pele, tecido subcutâneo e linfo- nodos regionais - - - - - - - - - - - * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * i - Lesão primária (porta de entrada): nódulo pequeno que pode ulcerar 2 semanas após o aparecimento da primeira lesão: cordão en- durecido que segue por um vaso linfático em direção ao linfono- do Nesse cordão, surgem nódulos subcutâneos linfáticos indolo- res que se estendem ao longo do curso de drenagem da lesão pri- mária Com o tempo, os nódulos podem ulcerar e liberar pus Diagnosticos das micoses: tratamento das micoses: Exame micológico direto (técnica de clareamento por KOH 10%) Cultura (ágar Sabourad dextrose etc...) Microscopia após cultura (coloração: lactofenol azul algodão, GRAM, H/E etc.) Histopatológico Sorologia Molecular Anti-fúngicos (uso oral, tópico, na forma de xampu etc.), Cor- te de cabelo Casos Clínicos: Relato 1: Homem, 22 anos, estudante de Medicina da Uninove, rela- ta “manchas brancas” (ilustração) e indolores “nas costas”, após viagem de Carnaval no Litoral de São Paulo. Relata também que as manchas “apareceram” após tomar sol na praia. Ao realizar o exame físico na paciente, o médico ob- servou lesão macular, finamente descamativa, de tamanho variável, hipocrômica, observada em áreas seborreicas do corpo. Solicitou exames complementares com o raspado de pele: exame micológico direto e cultura Resultados dos exames complementares: Microscopia direta: blastoconídios em cachos/hifas curtas e curvas. Cultivo (ágar sabourad com óleo de oliva): colônias leveduriformes de cor creme ou branca, aspecto mucoide e brilhante. Características importantes do fungo em questão: Levedu- ra, Lipodependente, Polimórfico e Faz parte da microbiota cutânea do ser humano, Saprófito na natureza 1. Hipótese diagnóstica da micose? R: Pitiríase Versicolor causada pelo fungo Malassezia 2. A micose em questão é classificada como? R: Superficial 3. Como o paciente pode ter desenvolvido a doença? R: Pelo fato do fungo fazer parte da microbiota da pele, a alta temperatura, elevada sudorese, produção excessiva de sebo podem ser alguns dos motivos pela alta proliferação do fungo e manifestação da lesão 4. Cite o fator de virulência do fungo em questão pelo con- teúdo exposto? R: Lipases - - - - - - - - - - - | i ali Gap 4m Relato 2: Homem, 38 anos, apresenta alterações ungueais dos pododáctilos há seis meses, com intensa deformação no hálux. Relata ao mé- dico ter notado espessamento das unhas dos pés com alteração da cor. Não apresentava qualquer outra queixa ou comorbidade. Sua esposa está passando pelo mesmo problema. Não havia histórico de contato com animais domésticos. Exames complementares so- licitados: exame micológico direto e cultura. Cultura (fungo fila- mentoso): superficialmente branca, de textura semelhante ao ges- so e planas, com o verso levemente amarronzado Microscopia após cultura (fungo filamentoso): macroconídio em forma de charuto e microconídio em cachos Características importantes do fungo em questão: Fungo filamen- toso, Queratinofílico, podem ser zoofílicos ou antropofílicos 1. Hipótese diagnóstica da micose? R: Tinea Unguium causada pelo fungo Trichophyton 2. A micose em questão é classificada como? R: Cutânea 3. Como o paciente pode ter desenvolvido a doença? R: Pelo fato dos fungos mais prevalentes na Tinea Unguium se- rem antropofílicos (T. rubrum, T. mentagrophytes e E. floccosum), a transmissão ocorre entre seres humanos, de forma direta e prin- cipalmente indireta (ex: chão de box de banheiro, academia etc). Isso indica o fato de sua mulher também possuir o fungo 4. Cite o fator de virulência do fungo em questão pelo conteúdo exposto: R: Queratinase, elastase, colagenase, dnase Relato 3: Homem, 46 anos, natural e residente da zona norte do Rio de Ja- neiro, jardineiro, deu entrada no hospital com uma úlcera no bra- ço, dolorido e com secreção purulenta. O primeiro médico que o examinou interpretou o processo como bacteriano e prescreveu e a terapia foi alterada para Cefalexina, com resultados si- milares. Após 15 dias, o paciente retorna ao hospital com um cordão endurecido na direção do vaso linfático em dire- ção ao gânglio. Nesse cordão, surgem nódulos subcutâneos linfáticos que se estendem ao longo do curso de drenagem da lesão primária, conforme ilustração. O médico, ao per- guntar ao paciente se ele possuía gatos, a resposta: negativa Microscopia direta (levedura): células leveduriformes pe- quenas, ovoides ou com forma de charuto Cultura (ágar Sabourad destroxe) – fungo filamentoso: co- lônia acinzentada, com halo branco ao redor, com centro enrugado Microscopia após cultivo (fungo filamentoso): hifas delica- das, septadas e conídios periformes ou esféricos, isolados ou agrupados como pétalas de uma flor Características importantes do fungo em questão: Fungo dimórfico, Fungo saprofítico/geofílico, Produz melanina 1. Hipótese diagnóstica da micose? R: Esporotricose causada pelo fungo Sporothrix 2. A micose em questão é classificada como? R: Subcutânea 3. Como o paciente pode ter desenvolvido a doença? R: inoculação traumática de solo contaminado como fungo (pelo fato de ser jardineiro). Existe também a transmissão zoonótica (ex: arranhadura ou mordedura de gatos), mas essa hipótese foi descartada, pois o paciente não possuía ga- to e nem contato com o animal 4. Cite o fator de virulência do fungo em questão pelo con- tetraciclina oral por 7 dias. Nenhuma melhor foi observada teúdo exposto? R: Dimorfismo/Termotolerância/Melanina f.
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