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1 Maria Eduarda Sardinha Estrella 58 – 2025.2 Embriologia e Histologia dos sistemas Aparelho digestório INTRODUÇÃO ♥ A formação do aparelho digestório se inicia na 4 semana. No final da oitava semana, esse aparelho já está pronto, embora não esteja funcionando plenamente ainda. ♥ O primórdio do aparelho digestório se forma no momento em que o embrião começa a realizar as dobraduras cranial, caudal e lateral, devido ao fato de ser nesse momento que ocorre a incorporação de um pedaço do saco vitelínico. ♥ Esse saco vitelínico ao ser incorporado forma um tubo que vai da membrana bucofaríngea (fecha a boca primitiva) até a membrana cloacal. Esse tubo que é revestido de endoderma é chamado de intestino primitivo e ele é a base do desenvolvimento do nosso aparelho digestório. ♥ Durante algum tempo, o intestino primitivo é ligado ao saco vitelínico pelo canal onfaloentérico que posteriormente desaparece. ♥ Primariamente, o intestino primitivo pode ser dividido em anterior, médio e posterior. A parte que fica presa pela flexura cefálica é chamada de intestino anterior, a parte que fica presa pelas flexuras laterais é chamada de intestino médio. Já a parte que fica presa pela prega caudal é chamada de intestino posterior (formado por saco vitelínico e alantóide). Um pedaço do alantóide além de participar da formação do sistema digestório participa também do urinário. ♥ A flexura caudal incorpora parte do saco vitelínico e do alantóide, formando uma porção dilatada chamada de cloaca, a qual posteriormente vai ser dividida formando uma parte digestória e outra urinária. ♥ Todo o revestimento interno do aparelho digestório e uma parte do revestimento do urinário é formado a partir da diferenciação de endoderma. Além disso, na parede anterior da porção inferior da faringe primitiva, abaixo do quarto arco forma-se um sulco (laringotraqueal) que dará origem ao sistema respiratório. Além disso, o endoderma que reveste esse tubo vai dar projeções que vão se diferenciar em tecido epitelial secretor (glândulas anexas como fígado, pâncreas e vesículas biliares são originados desse tecido, assim como as células secretoras e as de revestimento) ♥ Cada porção do intestino primitivo se relaciona com um ramo da aorta. A medida que as estruturas forem sendo formadas, vamos saber que, por exemplo, se ela for irrigada pelo mesmo EMBRIOLOGIA 2 Maria Eduarda Sardinha Estrella 58 – 2025.2 Embriologia e Histologia dos sistemas ramo que irriga o intestino anterior, ela foi formada através dessa porção do intestino. IRRIGAÇÃO DO INTESTINO ♥ Intestino anteriorIntestino anteriorIntestino anteriorIntestino anterior: irrigado pelo tronco da artéria celíaca. ♥ Intestino médioIntestino médioIntestino médioIntestino médio: irrigado pela artéria mesentérica superior. ♥ Intestino posteriorIntestino posteriorIntestino posteriorIntestino posterior: irrigado pela artéria mesentérica inferior. SUBDIVISÃO ANATÔMICA: RAMOS ABDOMINAIS DA AORTA Intestino anterior ♥ Base anatômica: tronco celíaco ♥ Origina:Origina:Origina:Origina: sistema respiratório superior, sistema respiratório inferior, esôfago, estômago, primeira porção do duodeno proximal, saída do canal biliar (aparelho biliar), fígado e pâncreas Intestino médio ♥ Base anatômica: artéria mesentérica superior ♥ OriginaOriginaOriginaOrigina: Duodeno após a emergência do canal biliar, jejuno-íleo, ceco, cólon ascendente, metade direita do cólon transverso. Intestino posterior ♥ Base anatômica: artéria mesentérica inferior ♥ OriginaOriginaOriginaOrigina: Metade esquerda do cólon transverso, cólon descendente, cólon sigmóide, reto e parte superior do canal anal, epitélio da bexiga e a maior parte da uretra. Resumo da passagem do alimento por esse sistema: o alimento entra pela boca onde é triturado/ mastigado, é reduzido a pedaços menores, começa a sofrer ação de enzimas digestivas produzidas pelas glândulas salivares, passa pela faringe (comum ao aparelho respiratório e digestório). Posteriormente entra no esôfago, que é um tubo que leva o alimento até o estômago, e desse órgão passa ao intestino delgado (formado por duodeno, jejuno e íleo). Depois passa ao intestino grosso (ceco, cólon ascendente e cólon transverso) e reto. FORMAÇÃO DO ESTÔMAGO ♥ O estômago inicialmente é um tubo assim como o restante do tubo digestório, só que durante o seu desenvolvimento, ele começa a sofrer um crescimento diferenciado da sua parede posterior em relação a sua parede anterior. Assim, o estômago começa a se dilatar e começa a tomar uma forma de C, sendo preso a parede abdominal posteriormente por uma prega de mesoderma revestido por peritônio, a qual chamamos de mesodorsal. ♥ Anteriormente está preso por uma prega que chamamos de mesoventral. ♥ O estômago é único porque ele é formado na linha média. Entretanto, com o crescimento e com a reorganização dos órgãos dentro da cavidade abdominal, o estomago roda e a parede posterior se desloca e fica virada para o lado esquerdo, já a parede anterior fica virada para a parte mediana do corpo. Assim, o estômago fica localizado do lado esquerdo da cavidade abdominal, sendo que a grande curvatura fica localizada lateralmente e a pequena medialmente. Isso explica, por exemplo, porque os ramos direito e esquerdo do vago depois se transformam em anterior e posterior, por conta da rotação. ♥ A movimentação do estômago amplia e desloca as pregas que suspendem o estômago dentro da cavidade abdominal, devido a isso forma-se atrás desse órgão uma bolsinha chamada de bolsa omental, que é importante porque quando forma a bolsa o estomago consegue se movimentar deslizando a parede dele contra a parede abdominal sem que elas se colem porque elas têm essas pregas com o revestimento de peritônio. 3 Maria Eduarda Sardinha Estrella 58 – 2025.2 Embriologia e Histologia dos sistemas 4 Maria Eduarda Sardinha Estrella 58 – 2025.2 Embriologia e Histologia dos sistemas BOLSA OMENTAL ♥ É uma cavidade extensa em forma de saco que se situa posterior ao estômago e estruturas adjacentes. ♥ Toda estrutura que precisar se mexer precisa ser revestida de peritônio porque a cavidade abdominal é revestida de peritônio, assim as estruturas conseguem deslizar uma sobre a outra. Se não estiver revestida, a estrutura vai estar grudada na parede abdominal. ♥ Decorre da não ruptura do mesodorsal. A bolsa omental permite movimento livre do estômago sobre as estruturas posteriores porque as paredes da bolsa omental deslizam uma sobre a outra. ♥ A bolsa omental se comunica com a cavidade peritoneal geral pelo forame epiplóico que está atrás do pedículo hepático. FORMAÇÃO DO FÍGADO E PÂNCREAS ♥ O endoderma do intestino anterior da origem ao fígado e pâncreas, os quais se formam através de projeções do endoderma de revestimento que vão formar brotamentos ventrais e dorsais. ♥ O crescimento do fígado e do pâncreas também ocorre para dentro do mesentério ventral e dorsal, para dentro do tecido mesodérmico que esta fixando o tubo digestório as paredes. ♥ Divertículo hepático endodérmico (hepatoblastos) expande e sofre ramificações dentro de massa mesenquimal (estroma de suporte, parênquima), associada à região cardíaca/ septo transverso. ♥ Na base do broto hepático surge o divertículo biliar. ♥ Na porção mais distal do intestino anterior, o endoderma que reveste esse tubo começa a proliferar e forma uma projeção em direção ao mesodorsal- chamada de brotamento pancreático dorsal, e uma projeção em direção ao mesoventral- brotamento hepatopancreático. ♥ O brotamento pancreático dorsal vai dar origem a uma porção do pâncreas. Já o brotamento hepatopancreático que cresce em direção ventral, da origem a um brotamento pancreático ventral, a um brotamento cístico e um hepático.→ Então o brotamento ventral vai dar origem a um pedaço do pâncreas, a vesícula biliar e ao fígado. → O brotamento dorsal é empurrado para esquerda. → O brotamento ventral é jogado para direita e para trás, assim, ele se encontra com o brotamento pancreático dorsal na parede posterior do abdômen. Esses brotamentos vão se unir e vão originar o órgão que chamamos de pâncreas. ♥ O pâncreas é formado a partir de dois brotos: ventral e dorsal, que se difundem devido à rotação do estômago na região duodenal. Isso explica porque o pâncreas drena sua secreção através de dois ductos, um chamado principal e outro chamado acessório. ♥ Essa origem do pâncreas ventral junto com o ducto/brotamento cístico e brotamento pancreático explica porque o ducto principal se abre junto com o colédoco que é um tubo que drena o hepático e o cístico, isso explica o porque eles se abrem juntos lá no duodeno. No ampola maior do duodeno temos um esfíncter que drena o ducto pancreático principal junto com o colédoco. 5 Maria Eduarda Sardinha Estrella 58 – 2025.2 Embriologia e Histologia dos sistemas ♥ Toda parte de epitélio secretor que forma tanto o pâncreas quanto o fígado (os hepatócitos) derivam do endoderma de revestimento do intestino primitivo mais especificadamente do intestino anterior. O arcabouço de sustentação conjuntivo deriva do mesênquima esplâncnico que está ao redor. ♥ Estômago, fígado e pâncreas se formam tudo na linha media do corpo, por isso são órgãos únicos. 6 Maria Eduarda Sardinha Estrella 58 – 2025.2 Embriologia e Histologia dos sistemas ♥ Então o fígado inicialmente está formado no mesoventral e à medida que é deslocado para o lado essas pregas de mesoderma se deslocam também, assim vamos ter ligamentos que vão ligar o fígado a parede anterior do abdômen, que chamamos de ligamento falciforme. Também teremos ligamentos que vão ligar o fígado a região do estômago que são os ligamentos hepatogástrico, que ligam o fígado ao duodeno e são formados por uma prega de mesoderma que está entre o tubo e o fígado em formação. ♥ Todas as alças intestinais são revestidas por pregas de peritônio. O tubo digestório a medida que aumenta de tamanho, vai esticando o seu revestimento e fica pendurado dentro da cavidade abdominal e as alças ficam presas dentro de pregas de peritônio que estão presas na parede 7 Maria Eduarda Sardinha Estrella 58 – 2025.2 Embriologia e Histologia dos sistemas abdominal. Então isso tudo fica solto e ao mesmo tempo preso, pendurado dentro da cavidade abdominal. Esse revestimento peritoneal que permite que as alças deslizem umas sobre as outras na hora que elas se movimentam devido ao peristaltismo. ♥ O nosso peritônio tem uma parte chamada de parietal que reveste a parede e uma porção visceral que reveste o tubo, e a medida que esse se diferencia forma-se o revestimento ao redor das alças. Isso que impede que uma coisa grude na outra. 8 Maria Eduarda Sardinha Estrella 58 – 2025.2 Embriologia e Histologia dos sistemas INTESTINO MÉDIO ♥ Duodeno após a sida do pedículo rhepático ♥ Ceco ♥ Apêndice ♥ Colo ascendente ♥ Metade a 2/3 proximais do colo transverso. ♥ É a porção do tubo que mais cresce. ♥ O intestino médio forma a alça intestinal média em forma de U, que roda no eixo da artéria mesentérica superior. ♥ A alça forma a hérnia fisiológica, entre a sexta e décima semana. ♥ Entre a sida e retorno a cavidade abdominal a alça sofre uma rotação de 360 graus no sentido anti- horário. 9 Maria Eduarda Sardinha Estrella 58 – 2025.2 Embriologia e Histologia dos sistemas ♥ Por volta da quinta semana o intestino começa a sair e por volta da décima primeira semana ele volta para dentro da cavidade abdominal. Inicialmente ele sai porque não há espaço dentro da cavidade, já que o fígado e o baço estão muito grandes, isso devido a produção de sangue que não é mais na vesícula vitelínica, mas também não é na medula porque ainda não há osso. Como a alça cresce muito, ela não cabe na cavidade e cresce para dentro do umbigo e forma a hérnia fisiológica. Como a partir da nona semana já vai começar a ter osso, a produção sanguínea deixa de ser do fígado e do baço, assim eles diminuem de tamanho e, além disso, a cavidade abdominal cresce um pouco de tamanho. Por isso,a alça volta para a cavidade. ♥ Quando a alça retorna para dentro da cavidade, ela faz uma série de rotação, anti-horário, depois horário. No final, essas rotações que vão dispor essas aslças em uma posição específica dentro da barriga. ♥ A porção que forma o ceco e co cólon ascendente fica mais ou menos fixa na porção lateral direita da cavidade abdominal direita. Já a porção que da origem ao jejuno e íleo é que via sofrer esse crescimento exagerado e vai rodar, se reorganizando em cima de outras estruturas abdominais, ficando voltada mais para a parede anterior do abdômen. ♥ Pode ocorrer uma rotação anômala dessas alças e assim podemos ter um individuo com uma arrumação anatômica do intestino diferente do normal. FORMAÇÃO DO APÊNDICE ♥ O apêndice é uma projeção dessa alça em fundo cego. O íleo cresce muito, mas não engrossa, a porção do ceco e as alças se dilatam e aumentam de calibre e cresce na ponta do ceco uma alça em fundo cego que chamamos de apêndice. ♥ Não possui função, pelo menos ainda não descoberta. 10 Maria Eduarda Sardinha Estrella 58 – 2025.2 Embriologia e Histologia dos sistemas INTESTINO POSTERIOR ♥ 1/3 do colo transverso ♥ Colo descendente ♥ Colo sigmóide ♥ Reto canal anal ♥ Epitélio da bexiga urinária ♥ Parte da uretra ♥ No final temos a cloaca que é comum ao aparelho urinário e digestório. Durante o desenvolvimento, uma prega de mesoderma forma um septo urorretal que divide a cloaca em duas: uma porção posterior chamada de canal anal e uma porção anterior chamada de seio urogenital. 11 Maria Eduarda Sardinha Estrella 58 – 2025.2 Embriologia e Histologia dos sistemas ♥ O seio urogenital no sexo feminino vai estar ligado diretamente ao aparelho urinário, já no sexo masculino vai estar ligado ao aparelho urinário e ao reprodutor. ♥ O ânus é formado por uma invaginação do ectoderma superficial, a qual é chamada de proctoideu. A depressão da superfície com a posição do intestino posterior se unem a mais ou menos 2 cm.