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Aula 4 - Sentença

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SENTENÇA[footnoteRef:1] [1: Resumo da apostila do Prof. Rodrigo Vaslin no Curso de Direito Processual Civil para o MP/SC.] 
INTRODUÇÃO
No processo de conhecimento, temos a fase postulatória (propositura até providências preliminares); fase de saneamento; fase instrutória e, por fim, fase decisória.
Pois bem. Após a propositura, contestação e réplica (se for o caso), o juiz pode:
 a) extinguir o processo nas hipóteses do art. 354 (arts. 485 e 487, II e III); 
b) Juiz pode Julgar antecipadamente o mérito de forma total (art. 355) ou parcial (art. 356)
Não havendo essas possibilidades, o magistrado irá promover o saneamento, de forma individual ou compartilhada (art. 357, §3º, CPC), e designará data e hora para a audiência de instrução e julgamento, ocasião em que, normalmente, se dá a produção de provas. As provas a serem produzidas na audiência já estarão predeterminadas na decisão de saneamento. Entretanto, nada impede que, diante das circunstâncias do caso concreto, haja determinação de produção probatória depois do saneamento (durante a audiência, p. ex.). 
Enunciado 29, I Jornada CJF – A estabilidade do saneamento não impede a produção de outras provas, cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução. 
Nesta audiência, finda a instrução, serão realizados os debates orais que representam as alegações finais das partes tendo em vista tudo que foi produzido no processo. Assim, o juiz dará a palavra ao advogado do autor para falar em 20 minutos, prorrogável por mais 10. Depois, dará a palavra ao réu para falar no mesmo tempo. Por fim, concederá a palavra ao MP pelo mesmo prazo
Art. 364. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e do réu, bem como ao membro do Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez) minutos, a critério do juiz.
 § 1o Havendo litisconsorte ou terceiro interveniente, o prazo, que formará com o da prorrogação um só todo, dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se não convencionarem de modo diverso.
Se houver litisconsórcio, em qualquer dos polos, conceder-se-á um prazo de 30 minutos para todos eles falarem. Se não conseguirem chegar num acordo para saber quantos minutos cada um irá falar, o magistrado irá dividir 30 minutos pelo número de litisconsortes. 
Após os debates orais, o juiz proferirá sentença em audiência.
Apenas se a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o juiz poderá substituir o debate oral por razões finais escritas a serem apresentadas pelo autor, réu e MP em prazos sucessivos de 15 dias. 
Art. 364 (...)
§ 2o Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o debate oral poderá ser substituído por razões finais escritas, que serão apresentadas pelo autor e pelo réu, bem como pelo Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, em prazos sucessivos de 15 (quinze) dias, assegurada vista dos autos. 
Obs1: A praxe forense é quase sempre transformar os debates orais em razões finais escritas, mesmo que não haja questões complexas de fato ou de direito. 
Obs2: Esse prazo sucessivo (primeiro o autor, depois o réu e, por fim, o MP) se aplica também para autos eletrônicos? 
1ª corrente (Scarpinella Bueno): Não, pois todas as partes terão acesso imediato ao processo. 
2ª corrente (Assumpção): Sim, pois não há nenhuma restrição legal nesse sentido (como há no art. 229, §2º). 
Tomando como base o que comumente ocorre, após apresentadas as razões finais escritas pelas partes, o processo será concluso ao juiz para a prolação da sentença. 
Segundo o art. 226, III, CPC, a sentença deveria ser proferida no prazo de 30 dias (úteis) da conclusão do processo. 
Art. 226. O juiz proferirá: 
I - os despachos no prazo de 5 (cinco) dias; 
II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) dias; 
III - as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias. 
Entretanto, esse é um prazo impróprio, isto é, caso haja descumprimento, não há sanção, em regra.
2.2 – CONCEITO DE SENTENÇA
Sabe-se que o juiz pode praticar diversas espécies de atos processuais.
Dentre eles, os atos materiais de exercício da presidência da audiência, inspeção judicial, colheita de provas; do poder de polícia e os atos processuais de pronunciamento. 
É apenas dessa última espécie que tratam os artigos 203 a 205, CPC, abordando mais especificamente os pronunciamentos do juízo de primeiro grau (sentença, decisão interlocutória e despacho) e do tribunal (decisão monocrática e acórdão). 
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. 
O grande desafio passa a ser a conceituação de sentença. Com efeito, havia muita discussão sobre o conceito de sentença, antes mesmo de 2005, quando o artigo 162, § 1º, dizia que seria o ato do juiz que colocava fim ao processo. Confira a redação do dispositivo antes de 2005. 
Art. 162, § 1o Sentença é o ato pelo qual o juiz põe termo ao processo, decidindo ou não o mérito da causa. A sentença, portanto, foi conceituada pelo legislador de 1973 como o ato que punha fim ao processo (conceito finalístico), incluindo-se nessa conceituação tanto as sentenças que resolvem o mérito da demanda (definitivas), como aquelas que apenas encerram o processo, sem manifestação sobre o mérito (terminativas). 
O CPC/73, portanto, conceituava a sentença não pela sua natureza, mas pelos seus efeitos (pela sua finalidade). Era irrelevante o conteúdo para a configuração da decisão como sentença. O advento das ações sincréticas, por não exigir mais a extinção do feito e o surgimento de um novo processo de execução (fazendo-se tudo no mesmo processo, apenas por fases distintas fase de conhecimento, fase de execução), levou o legislador a repensar o conceito de sentença, substituindo o critério utilizado anteriormente. 
Um novo conceito de sentença surgiu, portanto, em 2005, que passou a ter como critério o conteúdo, fazendo expressa remissão aos artigos 267 (que dizia que o processo seria extinto) e 269 (que não exigia a extinção do processo, apenas dizia que “haverá resolução de mérito”). 
Art. 162, § 1º Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei. (Redação dada pelo Lei nº 11.232, de 2005)
Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:(Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005) 
Art. 269. Haverá resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005) 
Da conjugação dos arts. 162, § 1º e 267, a sentença terminativa passou a ser conceituada tomando-se por base dois critérios distintos: 
i) conteúdo: uma das matérias previstas no art. 267, CPC e; 
ii) efeito (finalidade): extinção do procedimento em primeiro grau de jurisdição.
Contudo, a hibridez do critério não se repetia na sentença definitiva, considerando-se que o art. 269, caput, CPC/73 não fazia nenhuma menção à necessidade de extinção do processo para que o ato decisório fosse considerado sentença. 
Da conjugação dos arts. 162, § 1º e 269, a sentença definitiva passou a ser conceituada tomando-se por base apenas um critério: i) conteúdo: uma das matérias previstas no art. 269, CPC. 
Dessa forma, a questão de colocar ou não fim ao procedimento em primeiro grau passava a ser irrelevante na conceituação da sentença de mérito, bastando para que tivesse como conteúdo uma das matérias dos incisos dos art. 269, CPC/73.
Essa conclusão a que se chegava a partir da interpretação literal do CPC não satisfazia a doutrina. Isso porque, se se adotasse o conceito de sentença apenas pelo seu conteúdo (arts. 267 e 269), deveríamos concluir pela existência de sentenças parciais de mérito, com a possibilidade de interposição de apelações em diferentes momentos procedimentais. 
Se adotássemos o conceito de sentença apenas pelo conteúdo, algumas decisões suscitariam dúvidas quanto à classificação: 
Ex1: decisão que julga parcialmente a lide, em face de incontrovérsia de um dos pedidos (art. 273, §6º, CPC/73);
 Ex2: decisão que homologa desistência parcial da ação ou renúnciaparcial do pedido pelo autor; 
Ex3: decisão que concede ou nega antecipação de tutela; 
Ex4: decisão que rejeita liminarmente a denunciação da lide; 
Ex5: decisão que exclui um litisconsorte; 
Ex6: decisão que indefere liminarmente reconvenção. 
Diante dessa possibilidade de tumulto processual, a doutrina majoritária continuava a associar a sentença definitiva ao efeito da extinção do processo ou de alguma fase procedimental, em especial do processo de conhecimento. Assim, entendiam que aquelas decisões proferidas no curso do processo que tinham o conteúdo do art. 267 ou 269 eram decisões interlocutórias, podendo estas versarem sobre o mérito ou não. 
Vigia o entendimento, portanto, de que a sentença era conceituada não apenas pelo conteúdo, mas também pelo efeito, seja nas sentenças terminativas (art. 267) quanto nas sentenças de mérito (art. 269). Tal concepção se manteve majoritária na doutrina e na jurisprudência, mesmo com a modificação legislativa de 2005.
OB.: O CPC/73 adotava o conceito de sentença pelo critério dos efeitos(conceito finalístico), verificando-se se a decisão punha ou não termo ao processo. Com a reforma de 2005, a legislação passou a conceituar sentença pelo critério do conteúdo. Entretanto, a doutrina mantinha a concepção de que o conceito mais correto deveria conciliar os dois critérios, não só os efeitos, mas também o conteúdo.
Por conta dessa insistência doutrinária, esse mesmo entendimento foi consagrado no art. 203, § 1º, do NCPC. Vejamos: 
Art. 203, § 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487 (conteúdo), põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução (efeito, finalidade). 
Deste modo, foi consagrado um conceito de sentença que leva em conta não só o conteúdo, mas também seus efeitos. 
Assim, para ser sentença, haverá necessidade de a decisão judicial se fundamentar nos arts. 485 ou 487 (conteúdo), bem como colocar fim à fase cognitiva do procedimento comum/extinguir a execução (efeito/finalidade). 
Portanto, toda decisão que tem conteúdo dos artigos 485 e 487 do novo CPC, mas que não coloca fim à grande fase cognitiva do procedimento comum (a sentença final) e não coloca fim à execução, será uma decisão interlocutória. 
Ex1: O melhor exemplo em que isso ocorre é o julgamento antecipado parcial do mérito previsto no artigo 356 do novo CPC. 
Referida decisão preenche o critério do conteúdo (a decisão é fundamentada no art. 487, CPC), mas não supre o critério finalístico, isto é, não põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, tampouco extinguir a execução. 
Por conta disso, é considerada decisão interlocutória de mérito, impugnável por agravo de instrumento.
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles: 
I - mostrar-se incontroverso; 
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355. 
§ 1o A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida.
 § 2o A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação reconhecida na decisão que julgar parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que haja recurso contra essa interposto. 
§ 3o Na hipótese do § 2o, se houver trânsito em julgado da decisão, a execução será definitiva. 
§ 4o A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcialmente o mérito poderão ser processados em autos suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz. 
§ 5o A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento. 
Enunciado 103, FPPC: (arts. 1.015, II, 203, § 2º, 354, parágrafo único, 356, § 5º) A decisão parcial proferida no curso do processo com fundamento no art. 487, I, sujeita-se a recurso de agravo de instrumento. 
Ex2: decisão que indefere parcialmente a petição inicial (art. 485, I c/c art. 354, p. único); 
Ex3: decisão que reconhece a decadência de um dos pedidos cumulados (art. 487, II c/c art. 354, p. único); 
Ex4: decisão que exclui um litisconsorte por ilegitimidade (art 485, VI c/c art. 354, p. único); 
Doutro lado, no artigo 355, que trata do julgamento antecipado total do mérito, fala-se em sentença, impugnável por apelação. 
Isso porque a decisão é fundamentada no art. 487, CPC (conteúdo), bem como põe fim à fase cognitiva do procedimento comum. 
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito, quando: 
I - não houver necessidade de produção de outras provas; 
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na forma do art. 349. 
Em resumo:
Art. 203, §1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487 (conteúdo), põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução (efeito, finalidade). 
Art. 316. A extinção do processo dar-se-á por sentença. 
Obs1: Assumpção destaca que nem sempre é a sentença (ato privativo do primeiro grau) que extingue o processo. Ora, se o processo estiver no Tribunal, o feito pode ser extinto por decisão monocrática de relator (art. 932, IV e V, CPC) ou por acórdão. 
Obs2: Ademais, há casos em que a sentença não extingue o feito, mas apenas a fase procedimental de conhecimento, a exemplo dos casos em que há atos subsequentes a serem realizados para a satisfação do direito reconhecido (condenatória, executiva e mandamental). 
Isso se deu, como dissemos, sobretudo pela reforma ainda no CPC/73 (2005) que instituiu o processo sincrético. Antes de 2005, para a parte ver reconhecido seu direito e receber o bem da vida, deveria entrar com o processo de conhecimento e, se ganhasse, iniciar um novo processo, agora de execução. 
Com o processo sincrético, uniram-se as funções cognitiva e executiva, para declarar e satisfazer o direito em um processo apenas, contribuindo para a economia, celeridade e instrumentalidade processuais. Por conta disso o próprio conceito de sentença teve de mudar. 
De todo modo, Assumpção conclui que o art. 316 está correto, já que, no primeiro grau, toda extinção do processo se dá, realmente, por sentença. Em quais momentos o juiz pode extinguir o processo (art. 316)?
Adianto que há várias peculiaridades e possibilidades especiais. Contudo, é preciso dizer que as mais comuns e cobradas em prova são: 
i- antes da citação do réu, o juiz já pode extinguir o processo ou colocar fim à fase cognitiva do procedimento comum pelo indeferimento da inicial (art. 330 c/c art. 485, I, CPC) ou pela improcedência liminar do pedido (art. 332, CPC); 
ii- depois da citação do réu, no procedimento ordinário, o juiz pode extinguir o processo se houver acordo na audiência de conciliação e mediação (art. 487, III, “b”); 
iii-se não houver acordo, o juiz pode julgar o processo conforme o estado em que se encontra (arts. 354 e 355), conforme organograma do tópico 2.2, que reproduzo em seguida; 
iv- se não for o caso de julgamento do processo nessa etapa, o juiz extinguirá o processo ou colocará fim à fase cognitiva do procedimento comum na audiência de instrução e julgamento, momento no qual prolatará a sentença. Ou, se a causa for complexa, no prazo de 30 dias depois de apresentadas as razões finais escritas; 
v- Na fase executiva, o juiz extinguirá o processo também por meio de sentença. 
2.3 – CLASSIFICAÇÕES DAS SENTENÇAS 
Há duas classificações mais comuns a respeito da sentença: 
a) classificação quanto ao conteúdo 
b) classificação quanto à resolução ou não do mérito. 
2.3.1 – Classificação quanto ao Conteúdo 
Da mesma forma que classificamos, com base no conteúdo, as ações em condenatória, constitutiva e declaratória, a doutrina também classifica as sentenças com base nesses critérios. 
Sobre essa classificação, há três correntes. 
1ª corrente (Pontes de Miranda): Divide as espécies de sentenças em 5, com base na teoria quinária (Ações condenatórias;mandamentais; executivas em sentido amplo; constitutivas e declaratórias); 
2ª corrente (Ada Grinover): Divide as sentenças em 4, com base na teoria quaternária (Ações mandamentais; executivas em sentido amplo; constitutivas e declaratórias); 
3ª corrente (doutrina majoritária): Divide as sentenças em 3, com base na teoria ternária (Ações condenatórias; constitutivas e declaratórias). 
Esta teoria ternária não vislumbra diferenças fundamentais no conteúdo das sentenças condenatória, executivas lato sensu e mandamentais. Para a 3ª corrente, em todas elas há imputação de cumprimento de uma prestação ao réu. A diferença reside apenas na forma de satisfação dessa prestação (execução direta na mandamental e execução indireta na executiva lato sensu), o que não altera o conteúdo, que é o critério determinante. 
2.3.1.1 - Sentença Condenatória 
De pronto, adianto que a sentença condenatória é aquela que, além de declarar a existência de um direito material, imputa ao réu o cumprimento de uma prestação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia certa, com o objetivo de resolver a crise de inadimplemento. Tem por efeito, pois, criar um título executivo judicial que permitirá a prática de atos executivos voltados ao cumprimento dessa obrigação. 
Para compreender bem as sentenças condenatórias, precisamos nos valer de uma clássica divisão dos direitos entre direitos a uma prestação e direitos potestativos. Direito a uma prestação Direito a uma prestação é, segundo Didier, o poder jurídico conferido a alguém de de exigir de outrem uma prestação, uma conduta, que pode ser de fazer, não fazer, dar dinheiro ou dar algo diverso de dinheiro. Rigorosamente, existem 3 (três) direitos a prestação: fazer, não fazer e dar. Este, por razoes didáticas, divide-se em dar dinheiro ou o que não é dinheiro.
O direito a uma prestação precisa ser concretizado no mundo físico, sendo sua efetivação a realização da prestação devida. Quando o sujeito não cumpre a prestação, ocorre o inadimplemento. Como a autotutela é, em regra, proibida, o titular do direito tem de recorrer ao Poder Judiciário para que a outra parte cumpra a prestação devida.
Enquanto que os direitos potestativos se ligariam aos prazos decadenciais. Assim, direitos a uma prestação prescrevem, ou seja, eles possuem prazos para serem exercitados. A prescrição extingue a pretensão, atingindo o poder de exigir a prestação. 
E quando começaria a correr essa prazo? Consoante art. 189, CC, da violação do direito.
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. 
Obs: Não querendo adentrar na matéria do excelente colega Professor de Direito Civil, apenas alerto para a teoria da actio nata, que advoga que o prazo prescricional não necessariamente deve ter por termo inicial a violação ao direito, mas sim o momento em que o titular do direito violado toma conhecimento do fato e da extensão das suas consequências. 
Esses direitos a uma prestação, para serem realizados, necessita de uma conduta se realize no mundo real (muro seja construído, carro seja entregue, sujeito não polua). Sem esta realização material, sem essa concretização física, esses direitos não se efetivam. 
O nome técnico dessa efetivação material, consoante Didier, é a execução, que nada mais é que concretização da prestação devida. 
Percebam que a execução está intimamente relacionada aos direitos a uma prestação. Por isso que a execução se divide em execução de fazer, não fazer, pagar quantia (dar dinheiro), entrega de coisa (dar algo diverso de dinheiro). 
Não é à toa também que o art. 786, CPC/2015 dize que o pressuposto para a execução é o inadimplemento (que só ocorre quanto aos direitos a uma prestação). 
Art. 786. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível consubstanciada em título executivo. 
Ademais, o art. 802, CPC/2015 diz que a interrupção da prescrição retroage à propositura da execução. 
Art. 802. Na execução, o despacho que ordena a citação, desde que realizada em observância ao disposto no § 2o do art. 240, interrompe a prescrição, ainda que proferido por juízo incompetente. 
Parágrafo único. A interrupção da prescrição retroagirá à data de propositura da ação. 
Feitas essas considerações, vamos voltar às classificações da sentença. Já dissemos que, atualmente, as sentenças condenatórias estão inseridas nos processos sincréticas, porque servem para reconhecer o direito a uma prestação E efetivá-las, tudo em um mesmo processo. 
Mas nem sempre foi assim... 
Primeira Fase (CPC/1973): Nesta época, as ações de prestação, em regra, não eram ações sincréticas. Isso quer dizer que o autor obtinha apenas o reconhecimento do seu direito, sem poder efetivá-lo. Se ele quisesse efetivá-lo, ele teria que voltar a juízo em um novo processo para ter a efetivação. 
As ações condenatórias ou de prestação eram em regra ações puras, de puro conhecimento. As sentenças condenatórias buscavam o reconhecimento de direito a uma prestação. 
Havia excepcionalmente sentenças de prestação sincrética previstas ou como procedimento especial ou na legislação extravagante. Ex: mandados de segurança, ações possessórias. Por serem sincréticas, não deveriam ser chamadas de condenatórias, deixando de serem estas ações de prestação pura. As sincréticas, por serem excepcionais, deveriam ser designadas de outra maneira. 
Daí surgiram os nomes das seguintes sentenças sincréticas: sentenças mandamentais e sentenças executivas em sentido amplo. 
a) sentenças mandamentais: As sentenças mandamentais se efetivavam por execução indireta, em que o Estado-juiz busca promover a execução com a “colaboração” do executado, forçando, por meio da coerção psicológica, que ele próprio cumpra a prestação devida. 
Ela pode se dar de duas formas: ou pelo medo ou pelo prêmio da recompensa. a) pelo medo: faça isso senão (pena) – pague alimentos sob pena de prisão, faça isso sob pena de multa (astreintes); b) Recompensa: faça isso que lhe darei um benefício – na ação monitória o devedor é citado para pagar e se o fizer, fica liberado das custas (art. 701, §1º, CPC).
b) sentenças executivas em sentido amplo: Já as executivas em sentido amplo eram as sentenças que se efetivavam por execução direta, em que o Estado-juiz substitui a conduta do executado, levando a efeito as medidas executivas.
Obs: Havia quem falasse que essa classificação era desnecessária. Tudo deveria ser sentença condenatória em vez de dividir em sincrética e não sincrética. 
Segunda fase (1994): Houve uma imensa reforma do CPC e, por meio dela, o legislador tornou sincréticas todas as ações de prestação de fazer e de não fazer. Aquilo que até então era excepcional (ação sincrética), tornou-se em comum no que diz respeito às prestações de fazer e não fazer. 
Por conta dessa transformação, houve quem dissesse que sentença condenatória de fazer e não fazer não existia mais. Por isso, as sentenças condenatórias se restringiriam à obrigação de dar: dinheiro ou algo diverso de dinheiro. 
Obs: Havia quem permanecesse dizendo que não tinha razão de dividir, distinguir. Tudo seria condenatória. A opção legislativa não muda a essência das coisas. 
Terceira Fase (2002) O legislador fez uma segunda etapa de reforma do CPC e estendeu as ações sincréticas para as ações de prestação para entrega de coisa. O sincretismo estava ganhando espaço. Tendo em vista tal alteração, diziam alguns que não existia mais sentença condenatória para entrega de coisa
Fizeram a reforma só para mudar o verbo condenar, uma vez que não poderia mais chamar a prestação de fazer, não fazer ou entregar coisa de ação condenatória. Diziam que era impropriedade técnica. Permanecia sendo ação condenatória tão somente a ação para dar dinheiro (pagar quantia). 
Obs: Apesar dos pesares, havia ainda aqueles que continuavam dizendo que era tudo condenatória. A mudança legislativa não mudaria a natureza das coisas. 
Quarta Fase (2005) O legislador tornou sincrética todas as açõesde prestação pecuniária, ou seja, as que estavam faltando. Então, todas as ações de prestação no Brasil se tornaram sincréticas. 
A partir desta data, o sincretismo se consagrou, consolidou-se, generalizou-se. Por isso que se conceitua sentença condenatória aquela que imputa ao réu o cumprimento de uma prestação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia certa, com o objetivo de resolver a crise de inadimplemento. 
As sentenças mandamentais e executivas em sentido amplo são compreendidas como espécies de sentença condenatória. 
Atualmente, prevalece o entendimento de que as sentenças devem se dividir em condenatória, constitutiva e declaratória. Prevalece, enfim, a classificação ternária das sentenças. 
O que é sentença condenatória hoje? 
São três correntes: 1ª corrente (majoritária): A sentença condenatória é o que sempre foi. Toda ação condenatória é uma imputação a outrem para o cumprimento de uma prestação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia certa, com o objetivo de resolver a crise de inadimplemento. 
Para esta corrente, sentença mandamental e sentença executiva seriam espécies de sentença condenatória. Isso porque elas se distinguem apenas pela técnica executiva utilizada (execução direta ou indireta), não havendo diferença ontológica com as sentenças condenatórias, já que por meio das mandamentais e executivas em sentido amplo também seriam sentenças por meio das quais se imputa ao réu o cumprimento de uma prestação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia certa, com o objetivo de resolver a crise de inadimplemento. Quem adota esta corrente entende que existem 3 (três) sentenças (condenatórias, constitutivas, meramente declaratória). É a classificação ternária das sentenças. Essa concepção acabou provando que aqueles que diziam que tudo era condenatória estavam certos. 
2ª corrente (Ada Pelegrini Grinover): A ação condenatória não existe mais, já que as ações de prestação são sincréticas. A saudosa doutrinadora defende que temos 4 ações de conhecimento, quais sejam, constitutivas, meramente declaratórias, mandamentais e as executivas em sentido amplo. É a chamada classificação quaternária. 
3ª corrente (Carlos Alberto Alvaro de Oliveira): Há ainda a terceira concepção (teoria quinária) que prega a necessidade de distinguir ação mandamental, condenatória e executiva. Para esta classificação, como todas as ações de prestação são sincréticas, é preciso separá-las pelo tipo de prestação e não mais pelo sincretismo. 
Condenatória é ação de prestação pecuniária. Mandamental é ação de prestação de fazer e de não fazer e Executiva em sentido amplo é a ação de prestação para entrega de coisa. 
Pois bem. Vimos toda a construção das ações condenatórias relacionadas aos direitos a uma prestação. Agora vamos estudar as ações constitutivas relacionadas ao direito potestativo. 
Direito Potestativo Também chamado de direito formativo, o direito potestativo é o poder jurídico conferido a alguém de submeter outrem à alteração, criação ou extinção de situações jurídicas. Os direitos potestativos são direitos que mudam o mundo jurídico (criam, alteram, extinguem situações jurídicas), sem a necessidade de qualquer ato material no mundo dos fatos. 
Como eles não se relacionam a nenhuma prestação, não existe execução de direito potestativo, bem como não existe inadimplemento de direitos potestativos. A efetivação desse direito se dá no mundo ideal e não real. 
Ex1: direito de anular um contrato, resolver um contrato, demitir um empregado, revogar uma procuração, rescindir uma sentença, divórcio, interdição, ação de falência, ação divisória, investigação de paternidade etc.
 Ex2: no casamento, o juiz diz que os dois são marido e mulher. Ao dizer isso, a situação jurídica deles muda.
 Ex3: A sentença que reconhece o direito potestativo de anular um contrato já efetiva a anulação com sua simples decisão judicial, não sendo necessária nenhuma ação material como, por exemplo, destruir o contrato. 
Nesses casos, o sujeito passivo simplesmente se sujeita, submete-se a uma transformação na sua situação jurídica, sem, portanto, ter que fazer nada no mundo da vida. A doutrina designa esse fenômeno de “estado de sujeição” do sujeito passivo. 
Exatamente por essas características, não se fala em prescrição de direitos potestativos. Fala-se em decadência. Ademais, é importante frisar que, quando se vai a juízo e se afirma ter um direito potestativo contra alguém, eu me valho da ação constitutiva. 
2.3.1.2 - Sentença Constitutiva 
É a decisão pela qual se reconhece um direito potestativo, que tem por objetivo criar, alterar ou extinguir situações jurídicas. A ação constitutiva se submete a prazo de decadência? Sim. Como dissemos, o prazo decadencial é prazo para exercício de um direito potestativo. Acontece que nem toda ação tem prazo decadencial. 
Ex: não existe prazo para entrar com a ação de divórcio. Além disso, aprendemos em Direito Civil que as ações constitutivas só produzem efeitos para frente, possuindo eficácia ex nunc. 
No entanto, excepcionalmente pode acontecer de existir ação constitutiva com eficácia retroativa. Muito embora ainda controvertida entre os civilistas, podemos citar como exemplo a ação anulatória de negócio jurídico que, segundo o art. 182, CC, é uma ação constitutiva com eficácia retroativa. 
Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente. 
 
2.3.1.3 - Sentença Declaratória 
Nos tópicos passados, verificamos que:
i- Se há reconhecimento e efetivação de um direito a uma prestação, temos sentença condenatória. 
ii- Se há reconhecimento e efetivação de um direito potestativo, temos sentença constitutiva. 
A sentença declaratória, por sua vez, é aquela que tem por finalidade certificar a existência, inexistência ou modo de ser de uma situação jurídica (art. 19, I, CPC), cabendo também para a declaração de falsidade ou autenticidade do documento (art. 19, II, CPC). 
Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração: 
I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica; 
II - da autenticidade ou da falsidade de documento.
 A ação declaratória é de puro conhecimento, tendo por objetivo obter apenas a certeza, não almejando efetivar direito algum. Como não se pretende efetivar direito algum, apenas obter a certeza, a certificação, diz-se que as ações meramente declaratórias são imprescritíveis. 
Obs1: As sentenças condenatória e constitutiva também possuem carga declaratória, mas elas declaram E efetivam (ou direito a uma prestação ou um direito potestativo, respectivamente). 
Obs2: A regra é sentença declaratória para atestar a existência ou inexistência de relação jurídica. Exemplos de sentença declaratória positiva (se pretende declarar a existência de situação jurídica): sentença de usucapião, sentença declaratória de união estável, ADC. 
Súmula 242, STJ: Cabe ação declaratória para reconhecimento de tempo de serviço para fins previdenciários. 
Exemplos de sentença declaratória negativa (se pretende declarar a inexistência da situação jurídica): sentença declaratória de inexistência de relação jurídica tributária, sentença declaratória de inexistência de união estável, consignação em pagamento etc. 
Obs3: O CPC/73, no artigo 4º, falava apenas em declaração da existência ou inexistência de uma relação jurídica.
Já o NCPC acrescentou o modo de ser, uma vez que se pode entrar com declaratória para que o juiz diga como se estrutura minha situação jurídica. 
Essa interpretação de acréscimo do modo de ser já era aplicada pela jurisprudência. Tanto é assim que o STJ tem a súmula antiga, de n. 181, que diz: Súmula 181, STJ: É admissível ação declaratória, visando a obter certeza quanto à exata interpretação de cláusula contratual. 
Obs4: O objeto da declaratória é uma situação jurídica. Não posso pedir a declaração de fato (declarar que houve erosão, que a parede é azul, que o sujeito X é demente). O juizpode certificar uma situação jurídica que tenha ou não emergido de um fato. Ex: O juiz não pode declarar o estado de demência de alguém. Quem o faz é o médico. O juiz pode é interditar o doente, constituindo uma situação jurídica nova, que é a sujeição ao regime da curatela. Só existe um caso em que se admite ação declaratória de fato: ação declaratória de autenticidade ou falsidade de documento. Nesse caso, frisa-se que o STJ já decidiu (REsp 73.560/SP) que, embora a falsidade possa ser material (arts. 297 e 298, CP) ou ideológica (art. 299, CP), admite-se ação declaratória apenas para a falsidade material. 
Obs5: As sentenças declaratórias possuem efeitos retroativos. 
Obs6: Didier afirma que toda relação jurídica tem por conteúdo a pretensão ao reconhecimento desta mesma relação jurídica – pretensão esta que pode ser chamada de direito ao reconhecimento. Dito isso, a causa de pedir é formada pelo fato jurídico (existência de uma dúvida em relação a uma situação jurídica) e o fundamento jurídico (direito ao reconhecimento). 
Cabe ação meramente declaratória quando já seria possível o ajuizamento uma ação condenatória? Sim. Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito. 
Um exemplo histórico ocorreu com a família de Vladimir Herzog. Em 1975, Vladimir Herzog morreu numa delegacia em SP. À época, Clarisse Herzog, esposa de Vladimir, entrou com uma ação declaratória contra a União para que se declarasse que a União foi responsável pela morte de seu marido. No caso, ela poderia ter entrado com uma ação condenatória de indenização, mas não quis. A União alegou que faltava interesse de agir, mas o Tribunal Federal de Recursos acolheu o pedido da autora e não acatou a argumentação da União. Clarisse ganhou o que queria, sentença declaratória dizendo que a União foi a responsável. Portanto, conclui-se que é possível entrar com ação declaratória mesmo quando for possível ajuizar demanda condenatória. 
Questão interessante: Imagine que, depois dessa sentença declaratória, Clarisse quisesse uma indenização. Ela poderia entrar com uma ação condenatória? Tradicionalmente, entendia-se que ela não poderia ser executada, isto é, ela teria de propor nova ação condenatória. Vencendo a ação condenatória, aí sim poderia executar. No entanto, percebam que essa segunda ação é inútil, uma vez que ela não poderia ser derrotada. Ora, já se criou coisa julgada material de que a União é responsável. Por isso, essa concepção tradicional começou a fraquejar. Isso se deu no final da década de 1990, sendo que o grande responsável por isso foi Teori Zavaski. Ele, antes de ir para o STJ, começou a admitir a executividade de sentenças meramente declaratórias. Depois que entrou no STJ, começou a formar jurisprudência nesse sentido (REsp n. 588.202/PR, d.j 25/02/2004). 
No ano seguinte, 2005, o art. 475-N do CPC/73 foi inserido, revogando o antigo art. 584, I, CPC/73 que previa ser título executivo judicial a sentença condenatória. Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005).
Dessa mudança legislativa, surgiram duas correntes: 
1ª corrente: Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhardt expunham que “a sentença do artigo 475-N, I do CPC, reconhece o direito ou a obrigação que falta cumprir, afirmando a necessidade de sua implementação através da via executiva. Tal sentença, por isso mesmo, não pode ser declaratória, mas sim dependente de execução”. 
2ª corrente (majoritária): Extrai-se, da letra da nova norma jurídica, que não só as sentenças condenatórias, mas também as sentenças declaratórias podem constituir título executivo: basta, para tanto, que a sentença reconheça a existência de obrigação.
Teori justificava: 
(...) Tutela jurisdicional que se limitasse à cognição, sem medidas complementares para ajustar os fatos ao direito declarado na sentença, seria tutela incompleta. E, se a norma jurídica individualizada está definida, de modo completo, por sentença, não há razão alguma, lógica ou jurídica, para submetê-la, novamente, a juízo de certificação, até porque a nova sentença não poderia chegar a resultado do da anterior, pena de comprometimento da garantia da coisa julgada assegurada, constitucionalmente.(ZAVASCKI, Teori Albino. Comentários ao Código de Processo Civil, vol. VIII, SP: Editora RT, 2000, p. 195.) 
Seguindo essa linha da corrente majoritária, o NCPC tem a mesma previsão no art. 515, I. 
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: 
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa; 
De todo o exposto, conclui-se que é possível executar uma sentença meramente declaratória. 
Contudo, há uma peculiariadade. A ação condenatória, uma vez proposta, interrompe a prescrição (interrompe-se quando o credor vai atrás de seu crédito – art. 202, CC). Se entro com a declaratória, podendo entrar com a condenatória, não há interrupção da prescrição, pois não houve comportamento do credor (titular da pretensão) que denotasse seu intento de buscar a efetivação da prestação. O prazo conta desde a violação do direito. Se, da violação do direito até o trânsito em julgado da decisão declaratória, não passou o prazo prescricional, a sentença poderá ser executada. Se já passou o prazo, não poderá ser executada. Se não concluíssemos assim, seria muito fácil burlar o ordenamento. Poderia entrar com a declaratória a qualquer tempo - porque ela é imprescritível - para depois executar. 
2.3.2 - CLASSIFICAÇÃO QUANTO À RESOLUÇÃO OU NÃO DO MÉRITO 
As sentenças terminativas são aquelas que põem fim a uma fase procedimental não resolvendo o mérito (art. 485, CPC). Por não haver análise do direito material, a jurisdição não cumpriu sua finalidade e, portanto, ficará acobertada apenas pela coisa julgada formal.
OBS.: Didier entende que há coisa julgada nas hipóteses do art. Art. 485, I, IV, VI e VII, CPC, porquanto o art. 486, §1º diz que só poderá repropor nova ação se houver correção do vício que levou à sentença sem resolução do mérito. 
As sentenças definitivas, por sua vez, são aquelas que põem fim a uma fase procedimental resolvendo o mérito (art. 487, CPC), ficando, pois, acobertadas pela coisa julgada material (têm, portanto, aptidão para se tornarem definitivas). 
 2.3.2.2 - Sentença Sem Resolução do Mérito (Terminativa) 
No Processo Civil Brasileiro, para o juiz analisar o mérito, terá de passar por duas etapas prévias. 
1ª etapa: verificação dos pressupostos processuais; 
2ª etapa: verificação das condições da ação. i- legitimidade ad causam; ii- interesse de agir. 
Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade. 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; 
Obs1: O direito brasileiro, segundo doutrina majoritária, adotou a teoria eclética de Liebman. Para o doutrinador italiano, a ação é condicionada, porque ela só existe quando o autor tem direito a um julgamento de mérito (seja favorável ou desfavorável). Para Liebman e para a teoria eclética, o direito de ação é um direito ao julgamento de mérito. 
Assim, para Liebman, o juiz deve passar por três etapas em sua cognição: primeiro sobre o processo (verificando os pressupostos processuais). Em segundo lugar, debruça sobre a ação (verificando as condições da ação). Em terceiro lugar, por fim, analisa o mérito. 
Como veem, esse julgamento de mérito só ocorre quando cumpridas as condições da ação. Se não houver o preenchimento dessas condições, teremos a extinção do processo sem resolução de mérito (art. 485, VI, CPC/2015). 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
Por quea teoria eclética foi a adotada pelo CPC/73? Com o golpe militar, decide-se pela elaboração de novos códigos. Buzaid, aluno de Liebman, torna-se Ministro da Justiça do governo Geisel e consegue colocar o CPC no Congresso para aprovação em 1973. Frederico Marques, por sua vez, foi designado para a elaboração do CPP. Bastava ver a exposição de motivos do CPC para constatar que foi uma homenagem, um tributo a Liebman. Os artigos refletiram isso. 
Art. 3o Para propor ou contestar ação é necessário ter interesse e legitimidade. Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005) Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual; Art. 295. A petição inicial será indeferida: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) II - quando a parte for manifestamente ilegítima; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) III - quando o autor carecer de interesse processual; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial quando: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) III - o pedido for juridicamente impossível; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) 
Os doutrinadores críticos dessa teoria eclética, doutro lado, salientam que nenhum outro país do mundo a adota. Ela ainda é adotada no CPC/2015? Digo que, sobre o CPC/2015, há forte discussão doutrinária sobre a existência ou não da categoria das condições da ação, prevalecendo a corrente que entende que elas ainda existem (art. 17 c/c 485, VI, ambos do CPC/2015). 
Um consenso, porém, é que, mesmo que haja condição da ação, a possibilidade jurídica do pedido não faz mais parte dela. 
3ª etapa: análise do mérito. Se o processo é interrompido nas duas etapas anteriores, teremos um julgamento sem resolução do mérito. 
Assim, como o Estado não cumpriu sua finalidade de resolver o conflito (o mérito), haverá coisa julgada formal, isto é, apenas dentro do processo em que foi produzida. A parte poderá, em regra, repropor demanda similar, pois não há coisa julgada material. 
Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação. 
Excepcionalmente, nos casos do art. 486, §1º, CPC, não será possível a repropositura da demanda, salvo se se corrigir o vício que gerou a extinção. 
Art. 486. § 1o No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova ação depende da correção do vício que levou à sentença sem resolução do mérito.
Art. 317. Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício. 
A extinção sem resolução de mérito (art. 485, CPC) é um fim anômalo do processo. Diante disso, cabe ao juiz, exercendo o seu dever de cooperação (art. 6º, CPC) envidar esforços para que os vícios sejam corrigidos e haja uma apreciação do mérito do processo. 
Obs.: Quando a parte ré alegar ilegitimidade passiva, não precisará extinguir aquele processo sem resolução do mérito. O juiz facultará ao autor, em 15 dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu. Art. 338.
Obs.2: Se o juiz extinguir o processo sem resolução do mérito, havendo interposição de apelação, ele poderá se retratar em todos os casos do art. 485, CPC. 
OBS.3: Não é suficiente ter acesso, mas é necessário que o judiciário evite ou corrija a lesão ao direito. Como dito, o processo civil deve promover a juris-satisfação. Nesse sentido, o ordenamento tem que dar ao juiz mecanismos para buscar a tutela específica. No NCPC, temos a concretização de tal desiderato nos seguintes dispositivos: art. 297 (poder geral de cautela), antigo art. 798, CPC/73; art. 497 (poder geral de efetivação), antigo 461, §5º, CPC/73; art. 139, IV (atipicidade dos meios executivos). 8
Como decorrência da inafastabilidade da jurisdição, diz-se que não se pode impor ao autor o ônus do tempo do processo. Daí a existência de tutelas de urgência e inibitórias. Para tanto, o NCPC traz como novidade a regulação para as tutelas provisórias. 
2.3.2.2.1 - Inciso I 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: I - indeferir a petição inicial; 
As hipóteses de indeferimento da petição inicial estão no art. 330, CPC. 
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: I - for inepta; II - a parte for manifestamente ilegítima; III - o autor carecer de interesse processual; IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321. 
§ 1o Considera-se inepta a petição inicial quando: I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
§ 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito. 
§ 3o Na hipótese do § 2o, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados. 
Só haverá indeferimento da petição inicial antes da citação do réu. Depois, terá de aplicar o art. 485, CPC. 
Obs1: Professor, verifiquei que no art. 330 está previsto o indeferimento pela ilegitimidade e falta de interesse. E no art. 485, IV, está prevista a extinção do processo pela ilegitimidade e falta de interesse. Qual a diferença? Quando aplico um ou outro artigo? 
A diferença é justamente o momento. Segundo a teoria da asserção, o juiz analisaria as condições da ação sem se valer de produção probatória, com base apenas nas afirmações deduzidas pelas partes no processo. Assim, se antes de citar o réu, o juiz constatar que não há interesse de agir ou que a parte é manifestamente ilegítima, deve indeferir a petição inicial, com fulcro no art. 330, II ou III, CPC, e extinguir o processo sem resolução do mérito com base no art. 485, I, CPC. Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: II – a parte for manifestamente ilegítima; III - o autor carecer de interesse processual; Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando I – indeferir a petição inicial; 
Se, futuramente, constatar que não há interesse de agir e legitimidade, ainda em cognição superficial, o juiz deve extinguir o processo sem resolução do mérito. Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; Se posteriormente, em cognição exauriente, elas desaparecerem ou houver alteração fática, há julgamento do mérito (art. 487, I, CPC), até para gerar coisa julgada material e não permitir a repropositura. 
Obs2: O art. 331, CPC confere a possibilidade de retratação, sendo essa retratação uma decisão interlocutória irrecorrível (pois não está prevista no art. 1015, CPC). Se não se retratar, o réu será citado para responder a o recurso e oferecerá contrarrazões. Voltando a decisão do tribunal (que reformou a sentença), começa a correr o prazo para a defesa da sua intimação. Assim, o réu será citado para uma audiência de conciliação e mediação (art. 334, CPC). Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença. Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se. § 1o Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso. § 2o Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334. § 3o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença. 
Obs3: Embora o autor possa repropor a demanda, pois não houve formação de coisa julgada material, Assumpção destaca 2 (dois) benefícios no fato de o réu saber da ação. 1º benefício:a repropositura de demanda que anteriormente foi extinta sem resolução do mérito deve sanar os vícios anteriormente constatados (art. 486, 1º); Art. 486, § 1o No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova ação depende da correção do vício que levou à sentença sem resolução do mérito. 2º benefício: há competência absoluta do juízo na eventual repropositura (art. 286, II, CPC). Art. 286. Serão distribuídas por dependência as causas de qualquer natureza: II - quando, tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda;
2.3.2.2.2 - Inciso II 
A paralisação por mais de um ano deve derivar da negligência das partes e não da pendência de algum ato judicial determinado pelo juízo. 
Aplica-se o mesmo raciocínio da súmula 106, STJ. As partes não podem ser prejudicadas por algo que não deram causa. 
Súmula 106, STJ: Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da argüição de prescrição ou decadência. 
Obs1: o art. 485, §1º, CPC diz que a parte deve ser intimada pessoalmente para dar andamento no prazo de 5 dias. § 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.
Obs2: O STJ diz que nesse inciso II, pelo fato de o processo ser extinto pela negligência das partes, não deverá haver condenação em honorários. Já no inciso III, a condenação do autor é necessária. 
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ABANDONO. CAUSA. Trata-se da necessidade de fixação de honorários advocatícios em favor do advogado do réu na hipótese de extinção do processo sem resolução de mérito, em decorrência do abandono da causa por ambas as partes, nos termos do art. 267, II, do CPC. No caso, em ação de reintegração de posse, o juiz, atendendo a requerimento de ambas as partes, determinou a suspensão do processo por 30 dias. Todavia, transcorridos mais de três anos da suspensão do feito sem que houvesse manifestação das partes, aquele juízo extinguiu o processo sem resolução de mérito, nos termos do referido artigo, sem condenação em honorários advocatícios. Dessa sentença, adveio a apelação do advogado da ré, buscando, em seu favor, o arbitramento dos honorários, mas o TJ negou-lhe provimento. Observa o Min. Relator que, no caso de extinção do processo por negligência de ambas as partes, o art. 267, II, do CPC determina repartir proporcionalmente as custas (§ 2º), mas silencia quanto ao pagamento dos honorários de advogado. Segundo o Min. Relator, mesmo exaustivamente disciplinando os ônus da sucumbência nas diversas hipóteses de abandono da causa, pode-se concluir que é eloquente o silêncio da norma acerca dos honorários de advogado, ou seja, a seu ver, não devem ser fixados os honorários advocatícios. Também explica haver interpretações de que, havendo a extinção do processo por abandono de ambas as partes, cada uma delas deve pagar os honorários de seu advogado, diferentemente de quando o abandono do processo for apenas do autor (art. 267, III, do CPC), quando ele será condenado ao pagamento das custas e dos honorários de advogado. Assim, na hipótese dos autos, explica o Min. Relator que nenhum desses posicionamentos ampara a pretensão do recorrente. Por esse motivo, negou provimento ao recurso, no que foi seguido pelos demais ministros. REsp 435.681-ES, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 19/10/2010 (informativo 452). 
2.3.2.2.3 - Inciso III 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; 
A doutrina (Nelson Nery, Leonardo Greco) entende que a análise não deve ser objetiva, isto é, o juiz deve considerar o real intuito do autor em abandonar o processo. Por isso, se tiver passado os 30 dias, mas o juiz não tiver extinto ainda o feito e o autor se manifesta, é tranquilo o entendimento de que o juiz pode aceitar tal manifestação. § 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.
 Art. 485, § 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de requerimento do réu.
 Súmula 240, STJ: A extinção do processo, por abandono da causa pelo autor, depende de requerimento do réu. 
Assim, o marco temporal é “oferecida a contestação”. Antes de oferecida a contestação, a extinção do processo pode ser feito de ofício, sem necessidade de requerimento do réu. 
Obs1: A regra do par. 6o é excepcionada no caso de abandono da fazenda nas execuções fiscais não embargadas. Nesses casos, permite-se que o juízo extinga o processo de ofício, sem precisar do requerimento do réu.
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. PRESCINDIBILIDADE DE REQUERIMENTO DO RÉU PARA A EXTINÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL POR ABANDONO DA CAUSA. Se a Fazenda Pública - tendo sido intimada pessoalmente para se manifestar sobre seu interesse no prosseguimento de execução fiscal não embargada - permanecer inerte por mais de trinta dias, não será necessário requerimento do executado para que o juiz determine, ex officio, a extinção do processo sem julgamento de mérito (art. 267, III, do CPC), afastando-se, nesse caso, a incidência da Súmula 240 do STJ. Precedente citado: REsp 1.120.097-SP, Primeira Seção, DJe 26/10/2010 (julgado sob o procedimento dos Recursos Repetitivos). AgRg no REsp 1.450.799-RN, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 21/8/2014 (informativo 549). 
Obs2: Essa intimação, como disse nos incisos II e III, deve ser pessoal. Na emenda da PI (art. 321, NCPC), a intimação pessoal não é necessária.
É possível a extinção de ação rescisória sem resolução do mérito na hipótese de indeferimento da petição inicial, em face da ausência do recolhimento das custas e do depósito prévio, sem que tenha havido intimação prévia e pessoal da parte para regularizar essa situação. O art. 267, § 1º, do CPC traz as hipóteses em que o juiz, antes de declarar a extinção do processo sem resolução do mérito, deve intimar pessoalmente a parte para que ela possa suprir a falta ensejadora de eventual arquivamento dos autos. Assim, quando o processo ficar parado durante mais de um ano por negligência das partes, ou quando o autor abandonar a causa por mais de trinta dias por não promover os atos e diligências que lhe competirem (art. 267, II e III), deve a parte ser intimada pessoalmente para suprir a falta em 48 horas, sob pena de extinção do processo. Esse procedimento, entretanto, não é exigido no caso de extinção do processo por indeferimento da petição inicial, hipótese do inciso I do referido artigo. Precedente citado: AgRg na AR 3.223-SP, DJ 20 Para emendar a petição inicial, porém, não precisa de intimação pessoal. 18/11/2010. REsp 1.286.262-ES, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/12/2012 (informativo 511). 
Obs3: em algumas situações, o abandono não gera extinção do processo sem resolução do mérito. Ex1: no cumprimento de sentença, o “abandono pelo exequente” apenas dá início do prazo da prescrição intercorrente (art. 921, par. 4o). Art. 921. Suspende-se a execução: III - quando o executado não possuir bens penhoráveis; § 1o Na hipótese do inciso III, o juiz suspenderá a execução pelo prazo de 1 (um) ano, durante o qual se suspenderá a prescrição. § 4o Decorrido o prazo de que trata o § 1o sem manifestação do exequente, começa a correr o prazo de prescrição intercorrente. 
Obs4: a extinção por 3 vezes pelos motivos dos incisos I e II ocasionadas pelo autor geram a perempção (art. 486, par. 3o ), isto é, o autor não poderá repropor pela 4ª vez aquela mesma demanda. Art. 486, § 3o Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono da causa, não poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto,a possibilidade de alegar em defesa o seu direito. 
Veja que o autor não poderá repropor a demanda com aquele objeto, mas poderá suscitar seu direito em sua defesa, caso seja demandado.
2.3.2.2.4 - Inciso IV 
Art. 485, IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; 
Como vimos, dentro dos pressupostos processuais, temos: 
i- pressupostos processuais de existência: a) juiz; b) partes (capacidade de ser parte); c) demanda. 
ii- ii- requisitos processuais de validade: a) competência e imparcialidade do juiz; b) capacidade processual da parte e capacidade postulatória; c) requisitos objetivos intrínsecos (regularidade formal) e extrínsecos – negativos (inexistência de perempção, litispendência, coisa julgada e convenção de arbitragem) 
Obs1: Percebe-se, pois, que nem sempre a ausência é que gera a extinção do processo sem resolução do mérito. No caso dos requisitos extrínsecos negativos, a ausência é o que se deseja para resolver o mérito, isto é, é preciso que não haja perempção, litispendência, coisa julgada e convenção de arbitragem. 
Obs2: O juiz não deve declarar a nulidade se o juiz estiver em condições de julgar o mérito em favor da parte a quem aproveite a nulidade (art. 282, §2º, CPC). Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e ordenará as providências necessárias a fim de que sejam repetidos ou retificados. § 1o O ato não será repetido nem sua falta será suprida quando não prejudicar a parte. § 2o Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação da nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta. 
Obs3: O juiz deve analisar de ofício a existência ou não dos pressupostos processuais. Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação; II - incompetência absoluta e relativa; III - incorreção do valor da causa;
Agora, se constatar de ofício algum vício, não poderá decidir sem antes dar oportunidade às partes para se manifestarem sobre. Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. 
2.3.2.2.5 - Inciso V 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; 
Perempção, como vimos, visa evitar o abuso no exercício do direito de demandar. Assim, se uma mesma ação é proposta pela 4ª vez, tendo sido extintos os três processos anteriores por abandono bilateral (inciso II) ou unilateral do autor (inciso III), essa 4ª demanda será extinta sem resolução do mérito com fundamento no art. 485, V, CPC. 
Art. 486, § 3o Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono da causa, não poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito. 
Obs1: ele não poderá propor a demanda. Contudo, poderá alegar aquele direito em sua defesa, caso seja demandado. 
Litispendência, neste dispositivo, quer dizer a existência de dois ou mais processos em trâmite com os mesmos elementos da ação (mesmas partes, pedido e causa de pedir). É a famosa teoria da tríplice identidade.
Art. 337, § 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada § 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. § 3o Há litispendência quando se repete ação que está em curso. 
Obs2: no informativo 422, ainda que diversas as partes, o STJ reconheceu litispendência entre ação ordinária e mandado de segurança. 
MS. LITISPENDÊNCIA. AÇÃO ORDINÁRIA. No mandado de segurança, alega-se o direito adquirido e a conivência da legislação local para buscar a anulação de edital elaborado pela unidade federada de alienação do imóvel funcional ocupado pelo ora recorrente e, com isso, permitir sua venda direta sem qualquer procedimento licitatório. Sucede que esse pedido já foi deduzido, de igual modo, em ação ordinária da qual justamente decorre o citado edital, visto que nela se rejeitou o pleito e se cassou a liminar, o que possibilitou ao ente federado praticar os atos relativos à licitação. Daí a razão de o Tribunal a quocorretamente reconhecer a litispendência, que, conforme a jurisprudência do STJ, não é descaracterizada pela circunstância de o polo passivo do MS ser ocupado pela autoridade indicada como coatora21 e, na ação ordinária, figurar como réu a própria pessoa jurídica de direito público à qual pertence o impetrado no writ. Precedentes citados: REsp 866.841-RJ, DJe 7/11/2008; RMS 11.905-PI, DJ 23/8/2007, e AgRg no REsp 932.363-RJ, DJ 30/8/2007. RMS 29.729-DF, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 9/2/2010. 
Ocorre coisa julgada, por sua vez, quando for repetida a ação que já foi julgada no mérito por decisão transitada em julgado em processo anteriormente proposto. O fenômeno aqui é da coisa julgada material, que impede a rediscussão não só no mesmo processo (coisa julgada formal), mas também para além dele, em qualquer outra demanda (coisa julgada material).
Art. 337, § 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado. 
Obs3: O juiz deve analisar de ofício a existência ou não perempção, de litispendência ou de coisa julgada. Art. 485, § 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado. 
 Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: V - perempção; VI - litispendência; VII - coisa julgada; § 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo. 
Se constatar de ofício algum vício, não poderá decidir sem antes dar oportunidade às partes para se manifestarem sobre. Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. 
Obs4: Hipóteses de afastamento da coisa julgada 
1ª hipótese: Inciso I do art. 505: relação jurídica de trato continuado, ao sobrevir modificação no estado de fato ou de direito.
 Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à mesma lide, salvo: I -se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença; II - nos demais casos prescritos em lei. 
É indiscutível que a sentença que aborde relação jurídica continuativa produz coisa julgada formal. Acerca da existência de coisa julgada material, controverte a doutrina: 
1ª corrente: Parcela doutrinária diz que a possibilidade de revisão da decisão é incompatível com a segurança jurídica advinda da coisa julgada material, de forma que o art. 505, I, CPC afasta a coisa julgada material dessas relações. É o que o STJ vem adotando (informativo 401, REsp 594.238/RJ). 
PRÓTESE. MANUTENÇÃO. COISA JULGADA. Tem natureza alimentar a indenização fixada pelo juízo para a manutenção e conservação da prótese de que necessita a vítima do acidente, pois se objetiva a satisfação de suas necessidades vitais. Assim, a sentença que estabelece seu valor, por trazer implícita a cláusula rebus sic stantibus, não faz coisa julgada material, o que possibilita sua revisão diante de mudança nas condições fáticas que a amparam. Na hipótese, o valor fixado na sentença, quando confrontado com a elevação do preço da prótese, não se mostra suficiente ao custeio da obrigação imposta ao causador do dano, a permitir a revisão do quantum indenizatório com o desiderato de corresponder às necessidades do alimentando. Precedentes citados: REsp 12.846-RJ, DJ 21/10/1991; REsp 23.575-DF,DJ 1º/9/1997, e REsp 913.431-RJ, DJ 26/11/2008. REsp 594.238-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 4/8/2009. 
2ª corrente: Há coisa julgada material, que contém implicitamente a cláusula rebus sic stantibus, isto é, há coisa julgada condicionada à manutenção da situação de fato ou de direito. 
3ª corrente: Daniel Assumpção é partidário da 3ª corrente, que defende a existência da coisa julgada material como qualquer outra. Será permitida a revisão da decisão condicionada à modificação do estado de fato ou de direito que altere a causa de pedir (fatos e fundamentos jurídicos), de forma a afastar a tríplice identidade (necessária para afastar o efeito negativo da coisa julgada material). 
2ª hipótese: ação rescisória, prevista no art. 966, CPC; 
3ª hipótese: querela nullitatis, prevista no art. 525, § 1º, I e art. 535, I, ambos do CPC, aplicável também a outras hipóteses de vício transrescisório; 
4ª hipótese: relativização da coisa julgada inconstitucional, prevista no art. 525, § 12 e art. 535, § 5º, CPC; 
5ª hipótese: (segundo o STJ, Corte Especial, julgamento dia 4/12/2019): A coisa julgada pode ser superada por uma segunda coisa julgada. Iremos aprofundar todas essas hipóteses na aula referente ao tema da coisa julgada. 
Obs5: súmula 344, STJ. Súmula 344 do STJ: A liquidação por forma diversa da estabelecida na sentença não ofende a coisa julgada. 
2.3.2.2.6 - Inciso VI 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; 
Obs2: Pela teoria da asserção, as condições da ação devem ser demonstradas in statu assertionis, ou seja, da maneira em que foram apresentadas ao juiz na petição inicial. 
O juiz vai se perguntar: Se tudo aquilo que ele estiver falando for verdade, estão presentes as condições da ação? Se tomar aquilo como verdade e estiver dentro das condições da ação, tudo bem. Se isso não acontecer, o juiz extingue por carência. Parte-se, pois, do pressuposto que a parte está dizendo a verdade, uma vez que o exame das condições da ação dispensa prova para esta teoria.
Ex1: digo que sou amigo e, portanto, preciso de alimentos. Mesmo se isso for verdade, não teria condição de ação. Se, porém, sou irmão e peço alimentos, não se constataria carência de ação. Teria que analisar o mérito para deferir ou indeferir o pedido. 
Segundo a teoria da asserção, portanto, o juiz analisaria as condições da ação sem se valer de produção probatória, com base apenas nas afirmações deduzidas pelas partes no processo. 
Desse modo, se antes de citar o réu, o juiz constatar que não há interesse de agir ou que a parte é manifestamente ilegítima, deve indeferir a petição inicial, com fulcro no art. 330, III, CPC, e extinguir o processo sem resolução do mérito com base no art. 485, I, CPC. Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: II – a parte for manifestamente ilegítima; III - o autor carecer de interesse processual; Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: I – indeferir a petição inicial; 
Se, futuramente, constatar que não há interesse de agir e legitimidade, ainda em cognição superficial, o juiz deve extinguir o processo sem resolução do mérito. Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; 
Se posteriormente, em cognição exauriente, elas desaparecerem ou houver alteração fática, há julgamento do mérito (art. 487, I, CPC), até para gerar coisa julgada material e não permitir a repropositura.
 A razão disso é que as condições da ação têm fundamento ético e econômico, tendo por objetivo de evitar que o Estado perca tempo com ações que não terão nenhum futuro. Se já houve produção probatória, desenvolvimento de todo o processo, não é recomendável que se extinga por falta de interesse, mas que julgue logo o mérito. 
Teoria adotada pela jurisprudência A jurisprudência é um pouco confusa sobre o tema. Os acórdãos do STF e do STJ citam expressamente a teoria da asserção, mas, às vezes, resolvem os problemas práticos com soluções baseadas na teoria tradicional/apresentação. O maior exemplo dessa confusão são as questões relacionadas à perda superveniente do interesse de agir. Ora, se houver constatação, em cognição exauriente, de que está ausente alguma das categorias da ação, o juiz deve, de acordo com a teoria da asserção, julgar improcedente, decidindo o mérito. Ex: um sujeito pede um benefício previdenciário, sendo este negado administrativamente. Durante o processo, chegando já para sentença, o INSS percebe seu erro e concede administrativamente o benefício. Nesses casos, os acórdãos do STJ e do STF afirmam que o processo deve ser extinto sem resolução do mérito pela perda superveniente do interesse de agir (art. 485, VI, CPC). Mas essa é uma conclusão da teoria tradicional e não da teoria da asserção. Segundo a teoria tradicional/apresentação, a ausência das condições da ação, detectada a qualquer momento, leva a extinção do processo sem resolução de mérito. Segundo a teoria da asserção, a ausência das condições da ação, apenas se constatada de início, em cognição superficial, levaria à extinção sem resolução de mérito. Se se verificar, em cognição exauriente, que não há uma das condições da ação, o processo deve ser julgado com resolução do mérito. Se perguntarem em prova qual teoria vem sendo adotada pelos Tribunais, tem de responder que é a teoria da asserção. Contudo, saibam dessa problematização, podendo ser útil até para eventual recurso da questão objetiva. 
STF: Diz teoria da asserção, mas aplica teoria tradicional EMENTA: RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. EXTINÇÃO SUPERVENIENTE DO MANDATO PARLAMENTAR DO IMPETRANTE. LEGITIMAÇÃO ATIVA “AD CAUSAM” QUE NÃO MAIS SUBSISTE EM FACE DE O CONGRESSISTA, ELEITO PARA OUTRO CARGO PÚBLICO, JÁ NÃO TITULARIZAR A CONDIÇÃO POLÍTICO-JURÍDICA DE MEMBRO DO CONGRESSO NACIONAL QUE LHE CONFERIA A PRERROGATIVA DE REQUISITAR INFORMAÇÕES AO PODER EXECUTIVO (CF, ART. 50, § 2º). NECESSIDADE DE SE ACHAREM PRESENTES, NO MOMENTO DA RESOLUÇÃO DO LITÍGIO (CPC, ART. 462), TODAS AS CONDIÇÕES DA AÇÃO. RELAÇÃO DE CONTEMPORANEIDADE NÃO MAIS EXISTENTE. EXTINÇÃO ANÔMALA DO PROCESSO MANDAMENTAL. DOUTRINA.PRECEDENTE ESPECÍFICO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. PROCESSO JULGADO EXTINTO, PREJUDICADA, EM CONSEQUÊNCIA, A APRECIAÇÃO DOS RECURSOS DEDUZIDOS NOS AUTOS. EMBARGOS INFRINGENTES. MATÉRIA FORMALMENTE PROCESSUAL. TEORIA DA ASSERÇÃO. (Rel. Min. Celso de Mello; RMS 28337/DF; info 713) 
STJ: Concepção correta da teoria da asserção (...) Para a Min. Relatora, adotando a teoria da asserção, se, na análise das condições da ação, o juiz realizar cognição profunda sobre as alegações contidas na petição, depois de esgotados os meios probatórios, terá, na verdade, proferido juízo sobre o mérito da controvérsia. Na hipótese, o juiz de primeiro grau se pronunciou acerca da legitimidade passiva por ocasião da prolação da sentença, portanto depois de toda a prova ter sido carreada aos autos. REsp 1.157.383-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/8/2012.
2.3.2.2.7 - Inciso VII 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência; 
Convenção de arbitragem é um negócio jurídico escrito em que as partes decidem que a solução do conflito será por arbitragem. 
Há duas espécies: 
Cláusula compromissória: convenção de arbitragem na qual se decide que conflitos futuros (antes de instaurada a lide) relativos a determinado negócio deverão ser resolvidos por árbitros. Não especifica qual é o conflito que será submetido. 
Compromisso arbitral: é uma convenção de arbitragem que se refere a um conflito específico, determinado (depois de instaurada a lide). As partes dizem que aquele conflito específico será resolvido por arbitragem. 
Obs1: O juiz não pode reconhecer de ofício a convenção de arbitragem (art. 337, §5º, CPC). Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: X - convenção de arbitragem; 
2.3.2.2.8 - Inciso VIII 
Art. 485. Ojuiz não resolverá o mérito quando: VIII - homologar a desistência da ação;
 § 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação. § 5o A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença. 
Art. 200. Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos após homologação judicial. 
Desistência; É um ato do autor em abrir mão do processo sem abrir mão do direito. Assim, permite que o autor reproponha aquela demanda posteriormente. 
Renúncia: É um ato de abrir mão do próprio direito material. Assim, não autoriza a repropositura da demanda com objeto (direito material) que já foi renunciado. 
Obs1: Se o réu não contestar, ou ficar em silêncio, o juiz está autorizado a acolher o pleito de desistência. 
DESISTÊNCIA APÓS PRAZO PARA RESPOSTA. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO DO RÉU. A Turma decidiu pela possibilidade da extinção do processo sem resolução do mérito, depois de decorrido o prazo para a resposta, quando o autor desistir da ação e o réu, intimado a se manifestar, permanece silente, ainda mais quando declara ter tido ciência da desistência da ação. Precedente citado: REsp 930.317-RN, DJe 28/6/2010. REsp 1.036.070- SP, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 5/6/2012 (informativo 499, STJ) 
Obs2: a recusa do réu deve ser fundamentada, segundo o STJ. Mas, para o mesmo STJ, basta o réu dizer o óbvio, isto é, de que quer que haja decisão de mérito (é preferível sentença definitiva a terminativa, pois fará coisa julgada). 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECUSA DO RÉU À PRETENSÃO DO AUTOR DE DESISTIR DA AÇÃO APÓS O DECURSO DO PRAZO PARA A RESPOSTA. Na hipótese em que o autor, após o decurso do prazo para a resposta, pretenda desistir da ação, constituirá motivação apta a impedir a extinção do processo a alegação do réu de que também faz jus à resolução do mérito da demanda contra si proposta. De fato, após a contestação, a desistência da ação pelo autor depende do consentimento do réu (art. 267, VIII e § 4º, do CPC), pois ele também tem direito ao julgamento de mérito. Dessa forma, o conceito de tutela jurisdicional deve levar em consideração não apenas o ponto de vista do autor, que movimentou a máquina judiciária, mas também o do réu, que, quando contesta a ação, está buscando essa tutela, só que em sentido contrário àquela que busca o autor. Assim, o processo não pode ser entendido simplesmente como um modo de exercício de direitos do autor, mas como um instrumento do Estado para o exercício de uma função sua, qual seja, a jurisdição. Nesse contexto, deve-se considerar que a sentença de improcedência interessa muito mais ao réu do que a sentença de extinção do processo sem resolução do mérito, haja vista que, em decorrência da formação da coisa julgada material, o autor estará impedido de ajuizar outra ação com o mesmo fundamento em face do mesmo réu. Vale ressaltar, ademais, que a recusa do réu deve ser fundamentada e justificada, não bastando apenas a simples alegação de discordância, sem a indicação de qualquer motivo relevante. Assim, a recusa do réu ao pedido de desistência do autor sob o fundamento de ter direito ao julgamento de mérito da demanda consiste em argumento relevante e fundamentação razoável apta a impedir a extinção do processo sem resolução do mérito, não havendo que falar em abuso de direito por parte do réu. REsp 1.318.558-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/6/2013. (informativo 526, STJ). 
Obs4: não é preciso aceitação na desistência do MS e na hipótese do art. 1.040, §2º, CPC22. 
MS. DESISTÊNCIA. CONSENTIMENTO. PARTE ADVERSA. Trata-se de REsp contra acórdão que, em resumo, declarou que o pedido de desistência de mandado de segurança pode ser formulado a qualquer tempo e independentemente de anuência da outra parte. A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, conheceu do recurso, mas lhe negou provimento, reiterando o entendimento de que o disposto no art. 267, § 4º, do CPC não se aplica ao mandado de segurança, que é regulado por regra específica. Daí, então, ser lícita a apresentação de pedido de desistência em qualquer fase processual, independentemente do consentimento da parte contrária. Precedentes citados do STF: AgRg no RE 318.281-SP, DJ 21/9/2007; MS 22.129-DF, DJ 23/11/1994; do STJ: AgRg no EREsp 389.638-PR, DJ 25/6/2007; AgRg no Ag 821.787-CE, DJ 31/5/2007, e Pet 4.375-PR, DJ 18/9/2006. REsp 930.952-RJ, Rel. originário Min. José Delgado, Rel. para acórdão Min. Luiz Fux (art. 52, IV, b, RISTJ), julgado em 12/5/2009. (informativo 394, STJ). 
Obs5: Por fim, lembrem-se que desistência da ação é diferente de desistência do recurso. 
Desistência da Ação: Após o oferecimento da contestação, o juiz só poderá acolher o pedido de desistência e prolatar a sentença nos termos do art. 485, VIII, CPC, se o réu concordar. Depende de homologação judicial (art. 200, parágrafo único) Desistência do Recurso: Independe de homologação. Não precisa de consentimento do da parte contrária (art. 998, CPC23).
2.3.2.2.9 - Inciso IX 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal;
Ex1: demanda de divórcio, com falecimento posterior de um dos cônjuges, sendo inviável a sucessão processual pelos herdeiros ou sucessores. A demanda por danos morais se enquadra ou não nesse dispositivo? O STJ entende que não. Isso porque a ação que pleiteia danos morais tem natureza patrimonial, que se transmite aos herdeiros. O ofensa ao direito de personalidade é apenas daquela vítima, mas o direito à reparação pelo ato ilícito tem natureza patrimonial e transmissível.
 2.3.2.3 - SENTENÇAS COM RESOLUÇÃO DE MÉRITO (DEFINITIVAS) 
Assumpção assevera que as cinco espécies de sentença previstas no art. 487 se unem pela definitividade de sua decisão, gerando coisa julgada material. 
2.3.2.3.1 - Art. 487, I 
Apenas uma das cinco espécies do art. 487 efetivamente analisa o direito material alegado (art. 487, I, CPC), sendo chamada por alguns de verdadeira ou genuína sentença de mérito. 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
 2.3.2.3.2 - Art. 487, III 
Deve-se ter em mente que autocomposição é um gênero, do qual são espécies: 
a) – Transação: Os conflitantes fazem concessões mútuas e solucionam o conflito. Será prolatada uma sentença homologatória de mérito (art. 487, III, “b”, CPC). Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: III - homologar: b) a transação; 
Obs1: em decisão recente, o STF decidiu o seguinte: 
A associação privada autora de uma ação civil pública pode fazer transação com o réu e pedir a extinção do processo, nos termos do art. 487, III, “b”, do CPC. O art. 5º, § 6º da Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) prevê que os órgãos públicos podem fazer acordos nas ações civis públicas em curso, não mencionando as associações privadas. Apesar disso, a ausência de disposição normativa expressa no que concerne a associações privadas não afasta a viabilidade do acordo. Isso porque a existência de previsão explícita unicamente quanto aos entes públicos diz respeito ao fato de que somente podem fazer o que a lei determina, ao passo que aos entes privados é dado fazer tudo que a lei não proíbe. STF. Plenário. ADPF 165/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 1º/3/2018 (Info 892). 
Súmula Vinculante n. 1, STF: Ofende a garantia constitucional do ato jurídico perfeito a decisão que, sem ponderar as circunstâncias do caso concreto, desconsidera a validez e a eficácia de acordo constante de termo de adesão instituído pela Lei Complementar nº 110/2001. 
b) Submissão 
Um dos conflitantes se submete à pretensão do outro voluntariamente, abdicando dos seus interesses. 
Quando é feita em juízo, a submissão do autor se chama renúncia (art. 487, III, “c”, CPC); a do réu se chama reconhecimento da procedência do pedido (art. 487, III, “a”, CPC). 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: 
III - homologar: 
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação

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