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APOSTILA PSIQUIATRA 2021

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Psiquiatria | Victória Ribeiro de Medeiros 
Anamnese psiquiátrica 
Avaliação psiquiátrica se inicia no 1º contato com o 
paciente: 
• 1º contato visual: 
• Ectoscopia (olhar, aspecto tímido) 
• Forma de caminhar (iniciativa, timidez) 
• Aparência geral (roupas, perfume, adereços) 
• Tom de voz 
A anamnese psiquiátrica é ao mesmo tempo diagnóstica, 
terapêutica e motivacional: 
• Estratégias de acessar o paciente 
o Entrecortar a fala do paciente, com 
diferentes tons de voz 
• Capacidade do médico vincular com o paciente 
• Conteúdo manifesto X conteúdo latente 
IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE 
Ex: feminino, 20 anos, branca, solteira, estudante, nunca 
trabalhou, não recebe auxílio-doença, espírita, ensino 
fundamental incompleto – curso 9º ano – vai à escola 
pela manhã, mora com pais (José Gilmar e Iria) e 5 
irmãos, vem sozinha à consulta. 
Questões e hipóteses: 20 anos, no 9º ano e nunca 
trabalhou, seria por déficit cognitivo? Vem sozinha à 
consulta por escolha ou por não ter uma rede de apoio? 
Ex: masculino, 40 anos, branco, vem com a cuidadora 
Maria Estela, vive em residência terapêutica, evangélico 
– Congregação Cristã – estudou até 5ª série, não recebe 
auxílio-doença. 
Questões e hipóteses: vive em residência terapêutica 
por falta de rede de apoio, quadros de agressividade com 
a família? A tutela desse paciente é do Estado? Como é 
o humor desse paciente? 
Ex: masculino, 55 anos, branco, solteiro, aposentado por 
invalidez, desempregado, evangélico – Igreja Batista – 
analfabeto, não frequentou a escola, mora com o pai 
(Adolfo) e madrasta (Angelina). Vem à consulta com o pai 
e a irmã (Maria Antonia). 
Questões e hipóteses: invalidez quando jovem, qual o 
motivo? Por que não frequentou a escola? O fato de não 
ter companheiro influencia na sua saúde mental? 
Ex: feminino, 48 anos, branca, divorciada, recebe auxílio-
doença, ex-vendedora e funcionária pública, católica, 
ensino superior completo (duas faculdades – economia 
e gestão pública), mora sozinha, próxima da irmã 
Claudete. Vem à consulta com Claudete. 
Questões e hipóteses: possuía dois empregos e precisou 
de auxílio-doença, isso está relacionado com o divórcio? 
Nas informações de identificação geral já é possível 
avaliar o paciente: 
• Estado civil: solteiro, divorciado (recentemente 
viúvo, ou adultério) 
• Idade: sensação de envelhecimento, ou poucas 
conquistas, insegurança quando jovem 
• Profissão: desemprego, demitido, infeliz com o 
seu trabalho, recebendo ou não algum tipo de 
auxílio-doença 
• Nível de escolaridade: “ensino fundamental 
incompleto”; “tranquei a faculdade” 
• Com quem vive: “agora sozinho”; “agora com 
meus pais” 
Uma forma de começar a conversa: “como eu posso te 
ajudar?” → convite empático para o paciente se 
comunicar. 
 o paciente deve ter liberdade para falar, mas 
o médico deve saber conduzir (ou melhor, controlar) a 
anamnese, tentando filtrar e objetificar o problema 
psiquiátrico do paciente. São muitos os pacientes que 
tendem a divagar nos seus relatos. 
• “colocar a sensação do sofrimento em palavra 
tem caráter catártico” 
• Nas palavras de Freud: “aquilo que não 
colocamos em palavra, aparece como sintoma” 
• Pergunta aberta com um tom implícito de 
empatia 
• Criar um ambiente confortável, ou então um 
“canal de ajudar” 
• Ideia de fazer o paciente sentir-se à vontade 
para falar sobre seu problema 
• A capacidade do médico conseguir fazer o 
paciente desabafar e sentir que está sendo 
ouvido 
• Muito importante para a criação do vínculo e 
confiança do paciente com o profissional 
• Cabe o médico lançar mão de argumentos 
inteligentes para “vender ideias simples” para a 
mudança de comportamentos dos pacientes 
Psiquiatria | Victória Ribeiro de Medeiros 
O HMA PSIQUIÁTRICO 
1. Avaliar o momento do início dos sintomas. Observar se o início é insidioso ou abrupto. 
2. Diferenciar do item 1 quando realmente ocorreu uma piora significativa dos sintomas, a ponto de o paciente 
buscar ajuda. 
 muitas vezes para o paciente, este é o momento do início de sua doença, pois, diferentemente do item 
anterior, muitos pacientes – à medida que seus sintomas estejam leves, eles tentam seguir sem tratamento. 
 3. Qual foi a situação problema, sinal ou sintoma que levou o paciente a procurar ajuda médica (o estopim)? 
4. Houve algum evento estressor socioambiental que contribuiu para a piora do paciente? Este evento estressor 
já se apresentava de forma leve, mas com incidência crônica, ou surgiu de forma aguda? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. Checagem dos sintomas psiquiátricos mais comuns. 
SINTOMAS PSIQUIÁTRICOS PRINCIPAIS 
PSICOSE*: quebra do 
juízo de realidade 
Agressividade, delírios, alucinações, mania - comportamento desorganizado (tirar a roupa em 
público, vacância: andar sem rumo); 
Ideação suicida; 
Uso de substâncias; 
Déficit cognitivo; 
Alteração de conduta (agressividade). 
TRISTEZA Choro frequente, embotamento afetivo, fácies de tristeza; 
Anedonia, isolamento social, hipobulia, falta de prospecção; 
Mau-humor, irritabilidade (muito importante nas distimias); 
Prejuízo importante nas suas atividades diárias; 
Fadiga (falta de energia), déficit de memória/concentração/rendimento; 
Baixo limiar a dor (o depressivo sofre mais com o frio); 
Falta de apetite, ou apetite intensificado quando ansioso ou depressivo (principalmente por 
alimentos doces); 
Ideias supervalorizadas negativamente (pessimismo, falta de prospecção para o futuro); 
Em crianças: irritabilidade. 
ANSIEDADE Palpitações, dor precordial, dispneia sudorese – paciente pode ir 1º no cardiologista; 
Cefaleias – paciente pode ir 1º no neurologista; 
Dor muscular generalizada! Tônus muscular é mantido por mais tempo gerando dor – o paciente 
pode procurar o reumatologista/ortopedista, se idoso, o geriatra; 
Déficit de memória – também acontece na tristeza, se idoso, mascara demência; 
Náuseas, dispneia, diarreia – o paciente pode procurar 1º o gastroenterologista; 
–
Psiquiatria | Victória Ribeiro de Medeiros 
Sintomas obsessivos – compulsivos (rituais de limpeza/organização - TOC); 
Ideias supervalorizadas negativamente: sofrimento por antecipação, sensação de não conseguir 
dar conta de tarefas ou compromissos, intensa angústia aos domingos; 
Ansiedade de desempenho quanto à função sexual; 
Prurido exagerado. 
INSÔNIA Tanto no campo da tristeza quanto da ansiedade; 
Depressivos: tendem a apresentar mais insônia terminal, mas também podem ter insônia inicial; 
Ansiosos: tendem a apresentar mais insônia inicial. 
AGRESSIVIDADE Avaliar se é autoagressividade (mutilações – comum em adolescentes e pacientes com 
personalidade borderline) ou se é hetero-agressividade; 
Se a agressividade é impulsiva generalizada, ou direcionada à determinada situação (restrita no 
ambiente familiar ou com determinada pessoa); 
Reativa para se defender; 
Muitos pacientes bipolares são agressivos, os bipolares disfóricos (é uma agressão generalizada). 
MANIA Sensação de elevação de energia, humor e afeto; 
Baixa necessidade de horas para dormir; 
Elevação da libido; 
Gastos supérfluos (cuidado: pacientes depressivos e ansiosos também podem fazer gastos 
supérfluos seja para aliviar a tristeza ou ansiedade, seja como ato compulsivo); 
Pacientes que já fizeram uso de inúmeros tipos de antidepressivos sem qualquer melhora; 
Com antidepressivos: pacientes que ficam 
Eufóricos → virada maníaca 
Agressivos → virada disfórica 
Correlação importante com pacientes que fizeram uso de drogas para manter o quadro da mania; 
Forte correlação com histórico familiar; 
O paciente bipolar procura o médico na fase depressiva, na fase maníaca, é levado por familiares. 
IDEAÇÃO SUICIDA Recente? Antiga? Muitas tentativas? 
Já pensou? Já pensou, mas não tem coragem° quer muito? 
É homem ou mulher? Mulheres tentam mais, mas conseguem menos (usam meios menos 
agressivos). Homens tentam menos, mas conseguem mais (usam meios mais agressivos); 
Atuaçãomotivacional: razões para morrer X razões para continuar vivendo; 
Promover a reflexão sobre a troca de papel com uma pessoa de quem o paciente gosta muito. 
ALTERAÇÕES NA 
SENSOPERCEPÇÃO E 
PENSAMENTO 
DELIRANTE 
A maioria dos quadros alucinatórios relacionados a transtornos mentais são auditivas e de 
conteúdo depreciativo-persecutório; 
 
Alucinações visuais também ocorrem nos transtornos mentais, mas falam a favor de transtornos 
orgânicos; 
Alucinações gustativas e olfatórias: falam a favor de lesões no lobo temporal; 
Quadros psicóticos de origem súbita: falam mais a favor de quadros de doenças mentais; 
 
DELÍRIO: alteração do pensamento, não argumentável, crônico; 
DELIRIUM: decorre de alteração clínica – origem súbita. É preciso resolver o caso clínico para 
tratar o delirium, não basta antipsicótico. 
USO DE SUBSTÂNCIAS 
PSICOATIVAS 
Álcool: euforizante ou precipita agressividade nos efeitos iniciais, depressor como efeito tardio; 
etilistas: carência de tiamina (vitamina B1): síndrome de Wernicke-Korsakoff (oftalmoplegia, 
ataxia e confusão mental); 
Esquizofrênicos são tabagistas intensos (fácies de panda – hiperpigmentação ao redor dos olhos). 
Esquizofrenia tem forte relação com uso de maconha, principalmente se iniciada em idade jovem 
(gera uma poda neural anômala); 
Bipolares, borderlines e histriônicos: forte correlação com uso de múltiplas drogas (qualquer 
tipo); 
Avaliar a presença de sintomas psicóticos com ou sem o uso de substâncias: 
Se ocorrem com o uso de substâncias: fala contra esquizofrenia, ou bipolares e depressivos 
psicóticos 
Usuários de cocaína apresentam alucinações táteis: insetos na pele; 
Usuários de LSD, ecstasy muitas vezes tem intensa desidratação rigidez da musculatura 
mandibular, intenso prazer tátil. 
Atenção para sintomas graves: psicose, ideação suicida, uso compulsivo de substâncias psicoativas. 
Avaliar a presença de sintomas graves 
• Demonstram quão próximo da psicose o paciente está 
• A psicose é tóxica para o cérebro 
• Fisiopatologia básica da psicose: excesso de dopamina em vias mesolímbicas do cérebro 
Psiquiatria | Victória Ribeiro de Medeiros 
 Fazer diagnóstico diferencial com transtorno 
bipolar: 
• Humor eufórico 
• Gastos supérfluos 
• Taquipsiquismo 
• Baixa necessidade de sono 
• Piora do quadro ou virada maníaca com 
antidepressivos 
• Passou por vários tratamentos com 
antidepressivos sem qualquer melhora 
• Peírodos de normalidade mesmo sem o 
tratamento 
• Procura o tratamento somente na fase 
depressiva 
• Forte relação com histórico familiar 
• Paciente hiper sexualizado 
• Agressividade 
• Bipolar disfórico e vários outros tipos de 
transtorno bipolar: difícil diagnóstico, confunde 
com transtorno de personalidade histriônica e 
borderline 
 O que fazer com o paciente com ideação 
suicida? 
• Avaliar quão próximo o paciente está do suicídio 
e ou da psicose: 
o Chances de usar meios agressivos para o 
suicídio 
o Presença de intensa ansiedade, insônia, 
dependência química e dor 
o Paciente comete um grande erro no 
trabalho 
o Paciente com grandes dívidas ou 
transfere bens 
• Perguntar sobre suicídio: 
o Paciente chora 
o Promover a reflexão razoes para viver X 
razões para continuar vivendo 
o Mistura de sensações: 
fuga/culpa/medo/vergonha/arrependi
mento 
o Pensou? Teria coragem? Visualiza uma 
forma de fazer? Já tentou? Quantas 
vezes? Tentou recentemente? 
 Histórico da infância e desenvolvimento cognitivo para diagnóstico diferencial de déficit cognitivo: 
• Avaliar histórico da gestação, parto, desenvolvimento neuro-psico-motor (quando começou a andar e falar?) 
• Aprendizado escolar: 
o Reprovações 
o Passou por conselho de classe 
o Progressão continuada 
• O retardo mental é comumente chamado de “cérebro frágil” 
• Pode fazer os sintomas de todas as síndromes psiquiátricas 
• Avaliar se é o retardo mental constitucional ou por falta de estímulo 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
Psicopatologia 
Identificação: masculino, 19 anos, negro, não recebe auxílio-doença, desempregado, católico, ensino fundamental 
incompleto (9º ano), mora com a tia materna (Zenira). Vem com a tia. 
HMA: há 5 anos, após o falecimento de sua mão, paciente começou a apresentar rebaixamentos de humor importante, 
com pensamento e ideação suicida (com duas tentativas, há 1 ano, tentou se jogar de um viaduto e foi impedido). Também 
tinha alucinações auditivas (conteúdo não compreensível) e visuais (imagens e vultos), e pensamento delirante 
persecutório. 
História pregressa: Tem histórico de ansiedade já de longa data, com alimentação compulsiva, juntamente com períodos 
de taquipsiquismo, gastos supérfluos e humor eufórico. Nega agressividade. Nega uso de cigarro, bebida alcóolica e 
drogas ilícitas. Havia parado de frequentar a escola por volta dos 16 anos por sofre bullying com frequência, 
principalmente por ser homossexual, vestir-se de forma feminilizada (com roupas e maquiagem). Paciente já referiu em 
outra consulta com outro médico deste CAPS der uma menina. 
História Familiar pregressa: seus pais são falecidos. Mãe há 7 anos por câncer e seu pais, há 4 anos por hemorragia 
digestiva. Teve muita dificuldade para lidar com esses acontecimentos, ficando bastante triste. Em 3013, foi levado para 
morar em abrigo e encaminhado para viver com família acolhedora. 
Exame mental: hipervigil, ansioso, cooperativo, normobúlico, orientado no tempo e no espaço, e autopsiquicamente, 
inteligência mediana, juízo crítico preservado, memória preservada, um pouco pueril, pensamento com conteúdo lógico 
e curso acelerado, sem alterações na sensopercepção, discurso lógico embora circunstancial, taquilálico, ritmo acelerado. 
Aparência: auto-cuidados e higiene preservados, maquiado, roupas coloridas, aspecto chamativo, idade aparente mais 
jovial. 
A S M O C P L I A C 
Atenção Sensopercepção Memória Orientação Consciência Pensamento Linguagem 
(discurso) 
Inteligência Afeto e 
humor 
Conduta 
(atitude) 
 
 SINAIS: achados objetivos, observados pelo médico. Ex: sudorese, tremor 
 SINTOMAS: queixas subjetivas trazidas pelo paciente 
 SÍNDROME: grupo de sinais e sintomas que ocorrem em conjunto 
Termo síndrome é menos específico do que transtorno ou doença. A maioria dos transtornos psiquiátricos são síndromes. 
Síndromes orgânicas: consciência, atenção, sensopercepção, orientação, memória e inteligência; ex: delirium, 
transtorno mental orgânico, demência, retardo mental. 
Síndromes psicóticas: afeto, humor, pensamento, juízo crítico, conduta, linguagem; ex: esquizofrenia, depressão, 
TAB, transtornos psicóticos em geral. 
 Roupas: pacientes depressivos ou esquizofrênicos não se importam 
 Adornos e maquiagem: bipolares ou histriônicos usam adereços chamativos 
 Sinais de deformidade física: podem acentuar os sentimentos de baixa autoestima 
 Idade aparente: paciente bipolar maníaco ou histriônicos aparentam ser mais jovens 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
• Retardada (paciente depressivo) 
• Acelerada (paciente maníaco e ansioso/0 
• Maneirismos: movimentos involuntários 
estereotipados 
• Ecopraxismo: imitabilidade patológica dos 
movimentos de alguém 
• Flexibilidade cérea: pessoa a ser moldada – 
catatonia e agitação 
• Catatonia: rigidez da postura e fixação do olhar 
• Amigável 
• Cooperativo 
• Irônico 
• Hostil (PCTS agressivos e paranoides) 
• Sedutor (pacientes sociopatas e histriônicos) 
• Ambivalente (sentimentos opostos ao mesmo 
tempo) 
 Evitar excesso de simpatia, manter a 
neutralidade 
• Responsivo (cooperativos) 
• Loquaz: fala sem parar, pressão por falar; fala 
muito sem sentido e sem concatenação de ideias 
• Prolixo: dá voltas e não responde objetividade 
• Volúvel: muda o que conta facilmente 
• Lenta: pacientes depressivos 
• Tensa/sussurrando/desconfiado: pacientes 
ansiosos, ou com pensamento persecutório 
• Emotivo: chora ao relatar seus pacientes 
• Monótono:sem entonação da voz 
• Ecolálico: repete o que o médico pergunta 
(autistas, pacientes com demência) 
Transferência: sentimentos so paciente em 
relação ao médico 
Contra-transferência: sentimentos so médico em 
relação ao paciente 
 Resistência: antipatia 
CONSCIÊNCIA: é o estado de lucidez ou alerta, 
variando da vigília até o coma 
• Capacidade de responder aos estímulos 
• Alterações 
o Obnulação: sonolência; está alterada a 
capacidade de pensar claramente; o 
paciente tende a cais em sono quando 
não estimulado 
o Estupor: ausência ou profunda 
diminuição de movimentos 
espontâneos; o paciente somente 
responde a estímulos vigorosos, e 
depois retorna ao estupor; ex: catatonia, 
depressão profunda 
o Coma: abolição completa da 
consciência; o paciente não responde 
mesmo aos estímulos externos 
(dolorosos) ou internos (fome, frio, 
necessidades fisiológicas) 
o Hiperalerta: com hiperatividade 
autonômica. Tem resposta aumentada 
aos estímulos. Pessoas ansiosas, 
usuários de drogas excitatórias, com 
pensamento persecutório 
• AVC 
• Traumas – TCES 
• Epilepsia 
• Estados demenciais avançadas 
• Doenças crônicas com comportamento cerebral 
(delirium) 
ATENÇÃO: capacidade de focar a atividade mental em 
algo; esforço voluntário para selecionar certos aspectos 
de um fato 
• Vigilância: capacidade de voltar o foco da 
atenção para estímulos externos 
o Hipervigil: vigilância aumentada; 
prejuízo da atenção para estímulos 
externos 
o Hipovigil: vigilância reduzida 
• Tenacidade: capacidade de manutenção da 
atenção; hipo/hipertenaz 
• Concentração: capacidade de manter a atenção 
voluntária em processos internos do 
pensamento 
• Desatenção: incapacidade de voltar o foco para 
um estímulo determinado 
• Distração: incapacidade de manter o foco 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
• Hiperprosexia: muda de atenção o tempo todo 
• Hipoprosexia: se concentra muito pouco 
• Aprosexia: não possui atenção 
• Desatenção seletiva: atento ao que lhe dá 
prazer 
• Atenção coagida: atenção forçada pelo medo ou 
pela psicose (pacientes com transtornos 
psicóticos, ouvindo vozes) 
SENSOPERCEPÇÃO: capacidade de perceber e 
interpretar os estímulos com os órgãos dos sentidos. 
Autistas muitas vezes tem grande capacidade de 
percepção sensorial (gustativa, auditiva etc.) 
• Ilusões: alterações qualitativas da percepção, 
estímulos sensoriais são confundidos ou mal 
interpretados (ex: cinto é percebido como cobra; 
miragens no deserto) 
• Alucinações: ocorre a percepção sensorial nai 
ausência de estímulo externo, é real para o 
paciente 
o Visuais: mais comuns em transtornos 
orgânicos, no luto normal (visão da 
pessoa falecida) 
▪ Hiponagógicas: antes de dormir 
▪ Hipnopômpicas: ao acordar 
o Auditivas: as mais comuns das 
síndromes psicóticas 
▪ Congruentes com o humor: 
paciente depressivo (“mate-se”) 
▪ Incongruentes com o humor: 
paciente esquizofrênico (ruídos 
não compreensíveis) 
 ALUCINAÇÕES TÁTEIS 
• Picadas de insetos ou insetos caminhando na 
pele 
• Parestesias ou formigamentos (comuns em 
intoxicação por cocaína ou anfetaminas) 
• Delirium tremens por abstinência alcóolica 
ALUCINAÇÕES VESTIBULARES 
• Relacionadas ao equilíbrio e localização no 
espaço 
ALUCINAÇÕES OLFATIVAS 
• Paciente com baixa autoestima, com caráter 
depreciativo (comum na epilepsia e lesões no 
lobo temporal) 
• Cinestesias: confusão/troca/mistura de 
sensações, escutar cores, cheirar músicas 
• Pseudoalucinações: são reconhecidas como 
irreais 
• Despersonalização: percepção confusa de que o 
corpo está mudando, perda da identidade 
corporal 
• Desrealização: sensação de que o ambiente está 
mudando 
Tipos específicos de alucinações: 
 QUANTITATIVAS: 
• Hipoestesia: diminuição da sensação 
• Hiperestesia: aumento da sensação 
• Anestesia: ausência da percepção 
QUALITATIVAS: 
• Ilusão: distorção da percepção, dismegalopsias 
(macropsias, micropsias) 
• Alucinação: percepção de um estímulo na 
ausência dele 
ORIENTAÇÃO: capacidade do indivíduo situar-se no 
tempo, espaço ou situação e reconhecer a sua própria 
pessoa 
• Orientação alopsíquica: tempo e espaço 
• Orientação autopsíquica: própria pessoa e 
demais 
• Desrealização: o ambiente e demais pessoas são 
vistas como estranhos 
• Despersonalização: a pessoa não se sente ela 
mesma 
• Sequência comum de alterações: TEP 
TEMPORAL → ESPACIAL → PESSOAL 
MEMÓRIA: capacidade de registrar, fixar ou reter, 
evocar e reconhecer objetos e pessoas e experiências 
passadas ou estímulos sensoriais 
• Áreas cerebrais relacionadas à memória: 
o Área de registro: córtex cerebral 
o Área de consolidação ou retenção: 
hipocampo 
o Área de armazenamento: lobo temporal 
o Área de recuperação: dorso medial do 
tálamo 
• Tipos: memória imediata, recente e tardia 
• As perdas de memória geralmente ocorrem: 
recente → tardia (lei mnêmica de Ribot) 
• Amnésia: incapacidade total o parcial de evocar 
memórias 
• Amnésia imediata: geralmente após um 
comprometimento cerebral agudo 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
• Amnésia anterógrada: paciente esquece os 
fatos ocorridos após um fato importante (ex: 
TCE, distúrbio associativo – crise conversiva) 
• Amnésia retrógrada: paciente esquece 
situações ocorridas anteriormente a um fato 
importante 
• Amnésia lacunar: 
o Esquecimento de fatos estre duas datas 
o Paciente tende a confabular fatos para 
preencher a memória 
o BST comum na demência 
• Deja vu: sensação de familiaridade com 
determinada percepção 
• Jamais vu: sensação de estranheza 
• Síndrome de Capgras: sensação de que seus 
parentes são impostores 
• Síndrome de Frégoli: sensação de quem um 
estranho é parente seu 
INTELIGÊNCIA: capacidade de articular as forças 
mentais em busca de soluções; capacidade de integrar 
conhecimentos; muitas vezes associada à capacidade de 
memória 
• Idade mental: é o nível intelectual médio de 
determinada idade 
• Teoria das inteligências múltiplas (Gardner): 
linguística, lógico-matemática, espacial, musical, 
cinestésico-corporal, interpessoal, intrapessoal 
• Deficiência mental: 
o Atraso ou insuficiência, QI < 7 
o Interferência importante no 
desempenho social e ocupacional leve, 
moderado, grave e severo 
• Demência: deterioração global e orgânica do 
funcional intelectual, não há alteração no nível 
de consciência 
• Incapacidade de abstração: incapacidade de 
visualizar ou compreender situações ou 
problemas no plano subjetivo (ex: dificuldade de 
interpretar metáforas ou trocadilhos) 
AFETIVIDADE E HUMOR 
AFETO: experiência imediata e subjetiva das 
emoções sentidas (aspecto flutuante) 
HUMOR: sentimento predominante em um 
período maior; saldo geral das emoções do 
paciente 
• Mania: elevação patológica do nível de humor e 
afeto 
• Hipertimia: excesso de alegria; hipotimia: 
alegria reduzida 
• Depressão: sem vigor, embotamento, 
introspecção 
• Fobia: medo de forma extremamente 
exacerbada dirigido a um objeto 
• Hiperestesia emocional: aumento da 
sensibilidade 
• Indiferença: falta de reação afetiva a 
determinado estímulo 
• Anedonia: perda de prazer em determinada 
atividade/objeto 
• Puerilidade: expressão imatura exacerbada 
quanto ao nível de alegria 
• Incongruência: afeto inadequado à situação 
• Embotamento afetivo: sem expressão 
significativa de afeto 
• Disforia: alteração súbita do humor, tendendo à 
irritabilidade e agressão 
PENSAMENTO: conjunto de funções interativas para 
associar conhecimentos 
• Avaliação em 3 aspectos: forma/produção, curso 
e conteúdo 
o Forma: como o paciente associa suas 
ideias – lógica, ilógica, mágica 
o Curso: quantidade e velocidade de 
ideias – abundante, escasso, lento, 
acelerado 
o Conteúdo: aspecto das ideias – 
conectadas ou não com a realidade 
• Circunstancialidade: paciente conta detalhes 
desnecessários sobre determinado tema falta 
com objetividade pararesponder às perguntas 
• Tangencialidade: paciente começa a responder 
o tema questionado, mas logo divaga 
• Perseveração: permanência inadequada em 
determinado assunto 
• Delírio: 
o Ideia falsa ou crença irreal, certeza de 
convicção 
o Erro ao julgar a realidade 
o Irremovível, irrebatível, inargumentável 
o Aspecto crônico 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
OBS: delírio ≠ delirium - sintoma psicótico agudo 
decorrente de alterações clínicas. Corrigindo a causa, 
tende-se a resolver o problema. 
• Ideia supervalorizada: 
o Crença exagerada sem evidências que a 
sustentem 
o Menos grave que o delírio, porém mais 
comum 
o É passível de mudança com 
argumentação 
EXEMPLOS DE DELÍRIOS 
• Perseguição → tema mais frequente! 
• Referência: alusão ou autorreferência (acredita 
que as pessoas estão falando dela) 
• Influência: pessoa crê que uma força maior a 
domina 
• Grandeza: sensação de poder, beleza, 
inteligência 
• Místico ou religioso: capacidades estra-
sensoriais 
• Ideias de ruína: depressivos, de culpa 
• Hipocondríaco: intensa fragilidade 
• Mitomaníaco: mente e acredita nas próprias 
mentiras 
• Ciúmes e infidelidade 
JUÍZO CRÍTICO: é a capacidade para perceber e avaliar 
adequadamente a realidade externa e separá-los dos 
aspectos do mundo subjetivo. Capacidade de se 
autoavaliar separando os impulsos e sentimentos. 
Capacidade de ter ima visão realista sobre si e o 
ambiente 
• Insight: importante mecanismo de mudança 
psíquica 
o Insight intelectual: compreensão lógica 
sobre um assunto 
o Insight emocional: compreensão ampla, 
global, leva à mudança de 
comportamento 
CONDUTA E APARÊNCIA: 
• Comportamentos e sinais observáveis no 
paciente 
• Gestos, toques, estereotipias, impulsos, 
verbalizações 
• Inquietação, agitação, lentificação, catatonia 
• Dramatização, risos imotivados, tricotilomania 
• Aparência excêntrica, tatuagens 
Identificação: feminino, 48 anos, branca, divorciada, recebe auxílio-doença, ex-vendedora e funcion´´aria pública, 
católica, ensino médio completo, mora sozinha, próxima da irmâ (Claudete). Vem à consulta com a irmã. 
QP: queixa-se de rebaixamento importante, isolamento social, apatia, não se alimenta normalmente, tranca-se no quarto 
com frequência, vê imagens de vultos e pensa em planejar o suicídio. 
HMA: há 20 anos, paciente começou a se apresentar com rebaixamento de humor importante, isolamento social e 
hiporexia. Já apresentou inúmeras tentativas de suicídio por ingestão de medicações, evoluiu com alucinações visuais e 
auditivas, pensamento persecutório e desorientação espacial. Mudou-se para Cascavel há anos para viver junto da irmã, 
ficou muito desgastada por responder processos criminais, nos quais foi citada em fraude por licitações em uma prefeitura 
que trabalha (Erechim-RS). Recebeu uma condenação precisando pagar até hoje cestas básicas a instituições de caridade. 
Refere ter sido inocentada em alguns processos. Divorciou-se há 4 meses, pois vivia relação bastante desgastadas com 
ex-marido. Segundo a paciente, seu ex-marido era bastante agressivo física e verbalmente. Sentia muito medo de 
denunciá-lo, considerando ser agredida novamente. Ficou muito triste com o falecimento do seu pai quando ela tinha 8 
anos de idade. 
Tratamento atual: paroxetina 20mg (2-0-0); clorpromazina 25mg (0-0-1); amitriptilina 25mg (0-02); lamot 100mg (0-0-1); 
Rivotril 2mg (0-0-2); rispiridona 3mg (0-0-1). 
Exame mental: hipovigil, ansiosa, um pouco esquiva e receosa, hipobúlica, orientada no tempo e espaço, e 
autopsiquicamente, inteligência mediana, latência quanto à compreensão e respostas das perguntas, discurso lógico e 
coerente, embora lentificado e com bradilalia; pensamento com conteúdo lógico e curso um pouco lentificado, juízo 
crítico preservado, memória preservada com hipermnésia em relação a eventos traumáticos, depressiva, alucinações 
visuais. 
Aparência: autocuidado e higiene preservados, fácies com aspecto depressivo sem qualquer maquiagem. 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
Identificação: masculino, branco, solteiro, não recebe auxílio-doença, desempregado, católico, ensino médio incompleto 
(está cursando 3º anos EM com professora monitora), mora com os pais, vem à consulta com a mãe Adriana. 
HMA: mãe refere gestação sem intercorrências, de 40 semanas, parto cesárea (com auxílio de fórcipe). Desde que nasceu, 
sempre foi muito agitado, chorava com muita frequência, ficava a maior parte do tempo com a mãe, ficando ansioso e 
choroso com outras pessoas (até mesmo com o pai). Começou a falar e andar com 4 anos de idade. Também tinha 
comportamentos estereotipados repetitivos como assistir várias vezes os teletubies, rituais de organização (arrumando 
seus objetos sempre em um mesmo lugar, sofrendo bastante caso estivessem desorganizados). Até hoje conserva 
comportamentos repetitivos de organização. Além disso, costuma ir várias vezes ao banheiro, demora para tomar banho, 
abre e fecha as torneiras várias vezes. Aos oito anos, costumava se arranhar nos MMSS e face, geralmente quando era 
repreendido, ou chamado a atenção por levar muito tempo com seus rituais. Tende a reagir com intensa frustração 
quando pressionado. Seu pai tem mais dificuldade de lidar com o filho ou saber esperar Mateus concluir seus rituais. 
Passou por acompanhamento na infância com pediatra, sendo aventado o diagnóstico de TDAH. Apresentava piora da 
agitação psicomotora quando administrado ritalina. Na adolescência, po diversas vezes, sofreu bullying na escola. Até 
hoje tem muita dificuldade de fazer amigos e expressar qualquer comportamento afetivo, mesmo com a mães. Há 2 anos 
começou a se queixar de alucinações auditivas e sente-se muito incomodado com isso. 
Exame mental: hipervigil, ansioso, um pouco esquivo e receoso, normobulia, orientado no tempo e espaço, e 
autopsiquicamente, déficit cognitivo leve, ecolalia (pensamento com conteúdo pobre e curso um pouco lentificado). Juízo 
crítico comprometido, memória preservada, pueril, alucinações auditivas. 
Aparência: autocuidados e higiene preservados, paciente não faz contato visual, não permite aperto de mão, 
estereotipias (movimentos repetitivos com as mãos – flapping). 
 
 
 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
Depressão 
EPIDEMIOLOGIA E PREVALÊNCIA 
• 17% da população 
• Em média 15% dos TDM cometem o suicídio 
• Geralmente pacientes com depressão também 
apresentam ansiedade 
• Maior incidência em faixas etárias: 
o Dos 20-40 anos: pico da intensidade dos 
sintomas aos 27 anos 
o Também comum na infância (não 
buscam ajuda espontaneamente) e 
adolescência (14%) 
• Puerpério e climatério: mulher produz 
serotonina 2x menos 
• 2x mais comum em mulheres: hormônios, 
abuso; em média 2 mulheres : 1 homem 
• Elevado índice de suicídio nas camadas com 
maior renda 
• Doença que mais gera afastamento do trabalho 
pelo INSS → ATESTADOS! 
• Aspecto crônico: 
o 50-60% com TDM terão um 2º episódio 
(indicação de tratar por até mais 2 anos) 
o 70% dos pacientes com 2º episódio 
terão 3º episódio 
o 90% dos pacientes com 3º episódio 
terão 4º 
• Quanto mais tempo demora para tratar, mais 
complicado o caso; quanto mais os pacientes 
conseguirem desempenhar as “tarefas” 
(mudanças de hábitos e estilo de vida), melhor o 
prognóstico 
• Idosos com sintomas demenciais podem ser 
tratados com antidepressivos (principal fator de 
risco para demência é depressão não tratada ou 
subtratada) 
• Mais comum em solteiros do que em casados 
• Mais comum em divorciados do que entre os 
que não foram casados ainda 
• Traumas, negligências na infância, falta de afeto 
parental 
• Óbito de familiares (mãe que enterra o filho) 
• Humilhação na adolescência (bullying) e vida 
adulta 
• Parentes de indivíduos com depressão 
• Doenças crônicas incapacitantes, amputações – 
deficiência física 
o Exposição prolongada a corticoides 
o Anemia, hipotireoidismo,insuficiência 
adrenal, ostomizados 
o Hospitalização prolongada 
o Neoplasia com prognóstico ruim 
• Cometimento de erros graves em trabalhos → 
exposição pública 
• Acúmulo de dívidas: perda de patrimônio, 
mudança rápida e decrescente de poder 
monetário 
• Desnutrição (principalmente na infância) 
• Dependência química → paciente = refém! 
Sentimento de impotência 
o Álcool: euforizante no início, depressor 
em sequência 
• Dor física prolongada → paciente = refém 
• Ansiedade e insônia → desgaste → paciente = 
refém 
• Lembrando: depressão é transtorno do eixo 1 
• Conjunta a transtornos de personalidade (eixo 2) 
o Personalidade histriônica; 
personalidade borderline 
o Personalidade obsessiva 
o Personalidade depressiva (não é 
frequente com personalidade 
antissocial) 
• Sintomas podem ocorrer no transtorno bipolar 
(depressão unipolar é o TDM) 
o Depressão bipolar: CID -10: F31.4 
• Correlação com anorexia, bulimia, vigorexia 
• Podem ocorrer sintomas depressivos em 
síndromes psicóticas; ex: esquizofrênico que 
perdeu capacidade de trabalho 
• Retardo mental pode ter sintomas depressivos 
o Sentimento de exclusão e impotência 
o Baixo repertório mental (menor 
capacidade de abstrair, solucionar, 
escapar de situações estressoras) 
• TDAH → frustração pelo déficit de performance 
e atraso 
 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
OBS: o hábito de leitura consistente tem correlação com 
aprendizado, ou seja, formação de novas associações 
neurais, consequentemente, há aumento do repertório 
para resposta a fatores estressores ambientais. 
TEORIAS PSICANALÍTICAS 
 ID 
• Instância do inconsciente movida ao prazer 
• Expressão espontânea, amoral, instintiva, nato 
Superego: 
• Parte do aparelho mental ligada à vigilância 
• Sensor do que é incorreto à norma cultura 
• contrário ao ID – limitador dos desejos 
prazerosos (um superego muito 
exacerbado/punitivo pode estar relacionado 
com a resistência da depressão) 
• Pode haver expressão consciente e inconsciente 
• Pode ser formada por uma criação muito 
coercitiva, a criança introjeta na própria 
personalidade esse traço 
Ego: 
• Parte do aparelho mental 
• Consciente e regulador entre ID e superego 
• Equilíbrio do aparelho mental 
• Regido pelo princípio de realidade 
• Mantém a sanidade da personalidade 
Critérios diagnósticos do transtorno depressivo maior (DSM; CID 11) 
A. 5 ou + dos sintomas seguintes presentes por, pelo 
menos, duas semanas, e que representem mudanças no 
funcionamento prévio do indivíduo; pelo menos um dos 
sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de 
interesse ou prazer (anedonia) 
1. Humor deprimido na maioria dos dias, quase 
todos os dias ou observação feita por terceiros. 
Nota: em crianças e adolescentes pode ser 
humor irritável. 
2. Acentuada diminuição do prazer ou interesse 
em todas ou quase todas as atividades na maior 
parte do dia e que antes eram prazerosas 
(ANEDONIA!). 
3. Perda ou ganho de peso acentuado sem estar 
em dieta (p.ex.: mais de 5% do peso corporal em 
um mês) ou aumento ou diminuição do apetite 
quase todos os dias Nota: em crianças, 
considerar incapacidade de apresentar ganhos 
de peso esperados. 
4. Insônia (típica) ou hipersonia (atípica) quase 
todos os dias. 
5. Agitação ou retardo psicomotor quase todo os 
dias. 
6. Fadiga e perda de energia quase todos os dias 
7. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva 
ou inadequada (que pode ser delirante) quase 
todos os dias. 
8. Intensa desatenção, falta de concentração e 
indecisão - a melhora desse quadro não 
necessariamente envolve medicação específica 
9. Pensamento de morte recorrente, ideação 
suicida recorrente sem um plano específico, 
tentativa de suicídio ou plano específico de 
cometer suicídio. 
B. Sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no 
funcionamento social. 
C. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos 
diretos de uma substância (droga) ou outra condição 
médica. 
• Humor eufórico 
• Gastos supérfluos 
• Taquipsiquismo 
• Baixa necessidade de sono 
• Piora do quadro ou virada maníaca com 
antidepressivos 
• Passou por vários tratamentos antidepressivos 
sem qualquer melhora 
• Períodos de normalidade mesmo sem 
tratamento 
• Procura o tratamento somente na fase 
depressiva 
• Forte relação com histórico familiar 
• Paciente hiper sexualizado (pode apelar para 
pornografia, prostituição, exposição pública, 
masturbação pública etc. – sinais de psicose!) 
• Agressividade 
• Bipolar disfórico e os vários tipos de transtorno 
bipolar 
• Difícil diagnóstico – confundo com transtorno de 
personalidade histriônica e borderline 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
 Depressivos e ansiosos também ciclam! 
Apresentam fases de melhora e piora clínica na história 
natural da doença e mesmo durante o tratamento. 
 São pacientes vulneráveis a vícios pela busca 
de liberação da dopamina – drogas, sexo etc. o principal 
neurotransmissor envolvido no tratamento da 
depressão, contudo, é a serotonina. 
 ATENÇÃO 
• Diminuída ou hipervigil se ansiedade comórbida 
• Diminuição da capacidade de concentração 
SENSOPERCEPÇÃO 
• Aumentada quanto a fatores estressores 
• Maior sensibilidade à dor, frio 
• Irritabilidade ao calor, ruídos, odores 
• Diminuição do prazer gustativo (depressão 
típica) 
• Compulsão alimentar (depressão atípica) 
• Diminuição do prazer sexual (atenção! libido 
elevada fala contra depressão, exceto em casos 
psicóticos) 
• Alucinações no nível psicótico 
MEMÓRIA 
• Hipermnésia traumática, ruminações mentais 
(diários são importante ferramenta de validação 
de boas memórias, além de abstração de fatores 
estressores) 
• Distanciamento dos momentos prazerosos 
• Pseudo-demência dos idosos 
INTELIGÊNCIA: diminuição na produtividade geral; 
redução da capacidade de abstração 
 AFETO E HUMOR: depressivo 
 PENSAMENTO: 
• Curso lento, conteúdo empobrecido 
• Ideias supervalorizadas de ruína, pessimismo 
• Aspecto delirante na depressão psicótica 
• Diminuição da capacidade de tomar decisões 
LINGUAGEM: bradilalia; perseveração em 
situações ruins 
CONDUTA 
• Lentificação motora 
• Agitação nos quadros de ansiedade ou 
psicóticos, comórbidos (catatonia na depressão 
melancólica (baixa noradrenalina) 
 ANEDONIA: diminuição da capacidade de 
experimentar prazer; perda de interesse 
INFLUÊNCIA SAZONAL: agravamento matinal da 
depressão: piora dos sintomas depressivos em 
meses de inverno; piora em meses com menos 
luz solar 
INSÔNIA: 
• Depressão típica → em todos os períodos do 
sono (terminal é mais comum) 
• Depressão atípica: hiper sonolência 
OUTROS: 
• Percepção lentificada da passagem do tempo 
• Fadiga importante, mesmo com esforço mínimo 
• Falta de prospecção – iniciativa para atividades 
futuras 
 LEVE, MODERADO, MAIOR (com ou sem sintomas 
psicóticos) 
MELANCÓLICA: muito grave, ideação suicida, 
psicose, internação, catatonia, refratariedade a 
muitos tratamentos (eletroconvulsoterapia) 
DISTIMIA: quadro leve, por pelo menos 2 anos, 
não incapacitante; depressão maior pós distimia 
→ depressão dupla 
ATÍPICA: intenso apetite e sonolência 
(geralmente associado à ansiedade e/ou 
distúrbios alimentares) 
SAZONAL: de períodos frios, com pouca luz solar 
DISFORIA MENSTRUAL: quadro leve, menstrual, 
irritabilidade 
LUTO: avaliar nível de prejuízo, é possível 
aguardar 6 meses 
BLUES PUERPERAL: quadro leve, no pós parto, 
até 20% das puérperas, muitas vezes não necessita 
medicação 
 NORADRENALINA 
• Reduzida na depressão 
• Lócus ceruleus 
• Fadiga, déficit de memória e pensamento 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
SEROTONINA 
• Principal! Está reduzida 
• Tanto na depressão quanto na ansiedade 
comórbida 
• É freio dos comportamentos impulsivos 
• Núcleo da Rafe 
DOPAMINA 
• Reduzida 
• Anedonia, desinteresse, lentificação 
psicomotora 
• Via nigro-estriatal 
 Eixohipotálamo-hipófise-adrenal está hiper ativado em deprimidos, causando estresse crônico. Se há 
estresse, há intensa ansiedade correlacionada! O cortisol em excesso pode ativar a quebra de tecidos no organismo, pode 
haver uma relação com uso intenso das vias de energia, o que justificaria a fadiga e o cansaço 
MANEJO: TRATAMENTO COMPORTAMENTAL E FARMACOLÓGICO 
O médico precisa fazer algo efetivo! Importante exercer 
empatia durante as consultas 
• O sofrimento estará presente em todas as áreas 
e casos na Medicina 
• Estágio de clínica e/ou saúde coletiva 
• Demora dos encaminhamentos ao especialista 
(CISOP – 2 anos) 
• A UBS (o clínico geral e sua equipe) devem 
resolver 80% dos problemas de saúde de sua 
região 
O que fazer? 
• Consultas periódicas, em curto intervalo de 
tempo. Desenvolver empatia e acolhimento, 
sempre se esforçar para realizar um bom 
atendimento (“como você gostaria de ser 
atendido? Como você gostaria que alguém que 
você se importa fosse atendido?”) 
• Solicitar a presença de um familiar: 
o Dividir a responsabilidade do problema 
(medicina defensiva) 
o Orientar a procurar o SAMU ou OS em 
uma crise de ansiedade, ou psicose 
o A família não sabe a sequência do 
manejo correto, não conhece os 
critérios de internação involuntária 
Perguntando sobre suicídio: 
• Paciente chora 
• Promover a reflexão: razões para morrer X 
razões para continuar vivendo 
• Mistura de sensações: 
fuga/culpa/medo/vergonha/arrependimento 
• Pensou? Teria coragem? Visualiza uma forma de 
fazer? Já tentou? Já tentou várias vezes? Tentou 
recentemente? 
 
Tentar compreender os fatores estressores 
socioambientais-familiares: 
• Ver a possibilidade de intervenção nos fatores 
que pioram o quadro 
• Intervenção psicológica e social 
• Muito importante no tratamento de crianças e 
adolescentes – o pai e a mãe podem precisar de 
tratamento 
o Depressão em crianças: irritabilidade 
o Pode ser necessário pedir para falar 
sozinho com a criança/adolescente 
• Avaliar a possibilidade de o paciente ter uma 
postura proativa no tratamento: o que posso 
fazer para me ajudar? 
• Cobrar a importância da atividade física aeróbia 
Vendendo ideias para o paciente: 
• Não existe nada de errado em buscar ajuda 
• Pessoas de todas as classes pessoais já 
precisaram de ajuda 
• O psiquiatra é o último da fila dos médicos a 
serem procurados 
• Sentimento de conforto e inclusão – princípio de 
grupo de apoio dos narcóticos anônimos 
Vendendo ideias ao paciente - Aspectos motivacionais: 
• Discrição sobre o problema: “estamos cercados 
de especialistas” 
• Cuidado ao ler bula dos medicamentos – 
palpites, interrupção do tratamento, recaídas, 
crises mais graves; tratamentos mais caros, 
menos acessíveis 
• Os tratamentos psiquiátricos são muitas vezes 
longos – depreção é uma doença crônica 
• Não desistir do tratamento se efeitos colaterais 
• Vender a ideia de que existem vários tipos de 
tratamento, haverá um tipo que se adequa ao 
paciente 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
• Os tratamentos evoluíram muito 
• Existem tratamentos que não engordam ou que 
não causam prejuízo importante na função 
social 
• Procurar qualidades do paciente e apresentá-las 
(relato de acompanhamento – técnica do 
espelho) 
• O paciente gosta de escutar que não ficou louco! 
• Usar o diário como ferramenta de validação de 
boas características/bons momentos 
• Contar sobre as pessoas que melhoram, 
conforta o paciente 
 
 
• Uso não é restrito a transtorno bipolar 
• Única medicação com efeito direto na proteção 
ao suicídio – ação direta no impulso depressivo; 
os demais antidepressivos agem nos sintomas 
que poderiam levar à ideação suicida 
• Ação potencializadora de antidepressivos – 
tricíclicos 
o Potencializador trimonoaminérgico 
o Prescrição isolada para tratamento do 
TDM não é efetiva 
• Dose usual na ideação suicida: 300mg de 12/12h 
geralmente não faz litemia 
• Cuidar com pacientes desidratados, pacientes 
que usam diuréticos, hipotireoideos graves, 
insuficiência renal, pacientes que usam ISRS, 
IECA 
• Uso crônico de lítio pode depletar função 
tireoidiana! E diminuir a função renal 
• Litemia: no bipolar 7-10 dias após início ou 
aumento de dose 
o Coleta de sangue: 12h após a últimas 
tomada 
• Custo e acesso à medicação: “tiro de canhão ou 
estilingue” 
• Medicar na medida certa 
• Objetivo: resolver vários problemas com uma 
conduta; cuidado em não polimedicar o paciente 
(custo elevado do tratamento e efeitos 
colaterais) 
• Disponibilidade no SUS se o paciente pode 
comprar – lembrar que os tratamentos são 
longos (crônicos) 
• Sintomas alvo no paciente – boa parte dos 
antidepressivos tem ação ansiolítica 
• Nível de gravidade 
• Comorbidades do paciente 
• Considerar possíveis efeitos colaterais que 
deixem o paciente aversivo ao tratamento 
(sedação, diminuição da libido, aumento de 
peso) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
(1): na maior parte dos casos inicia-se com ISRS; 
(2): lítio, T3, metilfenidato, antipsicótico atípico (quetiapina), pregabalina, gabapentina, benzodiazepínicos, terapia 
cognitivo comportamental, buspirona, folato, L-MTHF: L-metil-tetra-hidrofolato, reposição de estrogênio, DBS, 
estimulação magnética trans craniana, mindfulness, estimulação no n. vago. 
(3): queijos e vinhos – tiramina eleva PA 
ANTIDEPRESSIVO MACETE 
FLUOXETINA - ISRS Mulher acima do peso, ansiosa, comilona, intensa TPM, 
gestante, lactante, não levanta da cama, criança 
depressiva/irritada 
Tem efeito na libido 
Pode causar dispepsia (adm VO em cápsula) 
SERTRALINA Depressivo e ansioso com várias comorbidades e risco CV 
(ICC, arritmias, dislipidêmicos, diabéticos) – fator de 
proteção principalmente para ICC 
Não causa aumento de peso 
TEPT (1) – droga de maior evidência (venlafaxina é a 2ª): 
náuseas e diarreia; depressão psicótica 
Tem efeito no TOC 
Segura em gestação e lactação 
PAROXETINA -ISRS Ansiedade, pânico, TOC, ejaculação precoce (urologistas) 
Sedação, efeitos anticolinérgicos (tremor, boca seca, 
constipação), aumento de peso 
Não fazer na gestação 
“é o mais tricíclico dos ISRS” 
 
E-CITALOPRAM 
CITALOPRAM 
Depressões e ansiedades leves-moderadas 
Menor efeito na libido 
Baixa interação com outras medicações 
Pacientes receosos 
Citalopram prolonga QT e ação sedativa – receptor H1 
(geralmente adm à noite) 
E-citalopram (é apenas o isômero S) é mais puro que 
citalopram (isômeros ópticos e receptores 
histaminérgicos) 
FLUVOXAMINA Depressões leves a moderadas 
Pacientes com queixa de redução de libido com outros 
ISRS 
Preferível à noite 
TOC 
CUIDADO! 
➢ É um potente inibidor da enzima CYP450 1ª2 
➢ Eleva muito os níveis de duloxetina de prescrita 
conjuntamente 
➢ Deve-se reduzir a dose de duloxetina para evitar 
efeitos colaterais (elevação da PA) 
TRICÍCLICOS Ação serotoninérgica + noradrenérgica (pode ter efeito 
dopaminérgico) 
Efeitos colaterais anticolinérgicos 
Contraindicações: IAM recente, bloqueio de ramo, 
prostatismo, retenção urinária, íleo paralítico, glaucoma 
de ângulo fechado 
Baratos e disponíveis no SUS 
Depressões graves/melancólicas (doses altas – associar 
para evitar doses altas) 
Gestação e amamentação 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
Efeitos colaterais: bloqueio nos receptores colinérgicos 
muscarínicos 
➢ Sedação e ganho de peso 
➢ Boca seca, visão turva, retenção urinária, 
constipação 
➢ ↓ liberação de insulina 
➢ Hipotensão ortostática e tontura 
Fraco bloqueio dos canais Na+ sensíveis a voltagem no 
coração e cérebro: coma, arritmias, convulsões e morte 
(doses altas) 
(1): transtorno de estresse pós-traumático 
“farmacinha do transtorno de ansiedade generalizada”: 
 1ª LINHA: ISRS, benzodiazepínicos, duais, buspirona (potencializador para antidepressivos) 
 2ª LINHA: trazodona, mirtazapina, tricíclicos, anticonvulsivantes 
ADJUVANTES:terapia cognitiva comportamental, antipsicóticos atípicos, hipnose, atividade física aeróbia, boa 
alimentação, espiritualidade etc. 
Antidepressivos e efeito na libido: 
TOC – drogas e combos de 1ª linha: 
• Clomipramina (principal) 
• Paroxetina 
• Fluvoxamina 
• Clomipramina + paroxetina/fluvoxamina 
Drogas de 2ª linha: fluoxetina, sertralina, escitalopram 
 
BUPRIONA 
• Tabagismo (maior efeito com 300mg/dia) 
• Depressivo com anedonia, sonolência e 
indisposição 
• Algum efeito na alimentação compulsiva e atua 
contra a redução de libido pelos ISRS 
• Não fazer no paciente com histórico de psicose, 
epilepsia e tumor de SNC, hipertensão intra-
craniana 
• Cuidar no hipertenso (pela ação da nora) 
• Optar pelas fórmulas com liberação controlada 
 
 
MIRTAZAPINA 
• Depressões graves 
• Associação interessante com ISRSN 
• Auxilia na insônia 
• Baixa ação na libido 
• Cuidar com aumento de peso 
• Baixa interação com medicações – usada em 
idosos, mas cuidar com cardiopatias, DM2, 
dislipidêmicos devido ao aumento de apetite 
• 2ª indicada pra trauma pós-traumático 
• Associação com antidepressivos duais apenas 
em casos muito graves! (risco de síndrome 
serotoninérgica – aumento da ansiedade) 
 
trazodona 
(donaren), 
mirtazapina 
(remeron), 
agomelatina 
(valdoxan)
vortioxetina 
(brintellix)
fluvoxamina 
(luvox ou revoc)
escitalopram 
(lexapro, 
reconter, espran, 
exodus), 
citalopram 
(procimax)
ISRSN (duais) -
desvenlafaxina 
(pristiq, elifore)
sertralina (zoloft)
fluoxetina 
(prozac, 
verotina, 
daforin)
paroxetina (paxil, 
cebrilin, 
pondera)
clomipramina 
(anafranil, CLO), 
demais tricíclicos
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
TRAZODONA 
• Não tem efeito na libido, nem no peso 
• Acelera a ereção (efeito colateral raro: 
priapismo) 
• Adjuvante na insônia 
• Bom antidepressivo e tratamento de dores 
difusas (em doses elevadas > 150mg/noite) → 
tratamento caro em monoterapia 
SIBUTRAMINA 
• Não é aprovada para depressão 
• Indicação para compulsão alimentar e 
tratamento da obesidade → endocrinologista! 
• É vendido como faixa preta 
• Possível associação com fluoxetina 
• Tomar de manhã 
• Contraindicação: cardiopatas, hipertensão não 
controlada, gravidez e amamentação, anorexia, 
uso com IMAOS 
ISRSN – OS DUAIS 
• Forte ação serotoninérgica e noradrenérgica 
(ação dopaminérgica) 
• Depressões graves, ansiedade 
• Seguros quanto ao aumento de peso 
• Depressões com dores difusas 
• Sintomas do climatério 
• Sem estudo para gestação 
• Difíceis de retirar, maior custo de tratamento; 
intensa náusea ao esquecer de tomar 
• 1ª dose = forte ação serotoninérgica; pouca ação 
noradrenérgica 
• Dose dobrada: forte ação serotoninérgica e 
noradrenérgica 
• Desvenlafaxina é uma venlafaxina com menos 
efeitos colaterais e trata sintomas do climatério, 
porém a venlafaxina em doses mais altas 
apresentar maior efeito antidepressivo 
Gestação: fluoxetina e tricíclico; considerar outras 
classes apenas em casos muito graves e analisar custo-
benefício. 
 QUITIAPINA 
• Antipsicótico atípico 
• Pode ser utilizada na depressão, depressão 
bipolar e psicose 
• 50mg: atua na insônia; 300mg: antidepressivo; 
800mg: antipsicótico (ruim: dose muito alta, 
efeitos colaterais e custo elevado) 
IMAO 
• Raro utilizar 
• Usado em grandes centros, “tentativas heroicas” 
• Última escolha, é possível associações 
• Os primeiros antidepressivos 
BENZODIAZEPÍNICOS 
• Efeito imediato 
• Casos de crise ansiedade 
• Quanto mais rápida a ação, mais rápida a 
eliminação 
• Sedação (intubação) 
• Insônias terminais 
• 1ª linha para depressões catatônicas, etilistas 
• Contraindicação: uso crônico na gestação = 
teratogênicos; miastenia gravis 
• Evitar para estresse pós-traumático 
• Problema = uso isolado → não há tratamento da 
doença de base 
• Intoxicação → flumazenil 1ml EV 30s 
ZOLPIDEM 
• Indutor de sono/sedação 
• Pode gerar dependência 
• Flumazenil também é antídoto 
 
 
 
 
 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
Transtorno Afetivo Bipolar 
EPIDEMIOLOGIA 
• Prevalência 1-2% 
• Faixa etária mais comum: 21 anos 
• Mesma proporção entre homens e mulheres 
• Começa com episódio maníaco no homem, 
depressivo na mulher 
• Já recebeu a denominação psicose maníaco 
depressiva 
• Grupo populacional comum: solteiro e 
divorciado (caráter Hipersexualizado na fase de 
mania pode causar conflitos nas relações) 
• Causa desconhecida! 
• Risco entre parentes de 1º grau: 9% 
• Em gêmeos: 79-83% 
• Quanto mais precoce o início, pior o 
prognóstico: maior cronicidade, ciclagem 
rápida, estados mistos, 
• ↑ Psicose ↑ resistência ao tratamento ↑ 
ideação suicida 
• Geralmente se inicia no final da adolescência e 
início da vida adulta 
• A incidência de mania costuma diminuir com a 
idade → menor disposição com o avançar da 
idade 
CONCEITOS GERAIS: 
 humor anormalmente elevado ou irritável 
(disforia) por 1 semana, com pelo menos 3 dessas 
características 
• Autoestima muito elevada sem um 
correspondente motivador imediato 
proporcional 
• Redução da necessidade de sono 
• Taquilalia, taquipsiquismo – fuga de ideias 
• Fácil distração 
• Elevação da libido (pode se expor a riscos) 
• Envolvimento muito intenso com trabalhos ou 
esportes (pode chegar à exaustão) 
• Gastos supérfluos desorganizando o orçamento 
→ gasto psicótico ≠ gasto exagerado de ansiosos 
e deprimidos que o fazem para preencher um 
vazio/aliviar angústias ou por desorganização 
Outras características: 
• Expansão patológica do afeto ou humor → 
atrapalha, desorganiza, invade a privacidade dos 
outros, gera constrangimento, a deixa expostas 
• Funções vegetativas inalterados 
• Pressão por falar, logorreia 
• Delírios de grandeza, “supercapacidades” 
• Elação (“ego inflado”): sensação de elevação da 
autoestima, pode haver arrogância, excesso de 
confiança 
• Diminuição da concentração, distração, 
“pensamento arborizado, colorido”, fuga de 
ideias 
• Fácil irritabilidade (disforia) 
• Alucinações e delírios: conteúdo religioso, ideias 
de grandeza, erótico e poder, pode haver delírios 
persecutórios 
• Pensamento acelerado, sensação de rápida 
passagem do tempo! → cada momento precisa 
ser aproveitado, comportamento hedonista 
• 80% dos pacientes apresentam diminuição da 
necessidade do sono 
• Metade dos pacientes com aspecto 
Hipersexualizado (é considerado patológico 
quando causa desorganização na vida do 
paciente) 
• Aumento patológico do esforço dirigido a uma 
atividade, trabalho, estudos, esportes, diversão 
• Envolvimento excessivo em atividades 
prazerosas, potencial para consequências 
danosas, ex: gastos supérfluos, indiscrições 
sexuais (sedutor), benevolência exagerada 
(comum em pacientes ricos) → diferenciar do 
depressivo que compra para preencher um vazio 
e do ansioso compulsivo 
OBS: a mania pode ser entendida como humor psicótico, 
pela quebra de juízo da realidade. 
 muitas vezes o paciente não percebe o 
sofrimento na mania (crítica sobre a própria 
comorbidade prejudicada). 
• Menor intensidade dos sintomas da mania 
• Ausência de sintomas psicóticos 
• Menor gravidade 
• Geralmente não causa prejuízo acentuado 
• Muitas vezes passam despercebidos pelo 
paciente e família confundindo o diagnóstico, 
focando-se apenas no polo depressivo 
OBS: pacientes bipolares costumam ter grande 
envolvimento com artes! 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
• Presença simultânea de sintomas maníacos e 
depressivos 
• Período de 1 semana 
• Estado complexo, difícil diagnóstico, mas muito 
frequente 
• Disforia: confunde com personalidade 
borderline – é possível superposição! 
o Hipersensibilidade a luz e sons 
o Impulsividade 
o Tensão interior 
o Ansiedade 
• Aumento da impulsividade (gravidade!) → maior 
risco de suicídio; abuso de múltiplas drogas 
excitatórias 
• Sintomas psicóticos 
• Ideaçãosuicida – meios violentos 
 Ideação suicida 
• Pacientes com TAB tem 28x mais chance de 
cometer suicídio 
• Adultos 
o 20-55% tentam o suicídio pelo menos 1x 
o 10-15% conseguem o suicídio (adultos) 
• Adolescentes: 
o Tentativas 44% 
o Suicídio: 72% 
o Forte correlação com TDAH e 
personalidade borderline 
• Idosos: quadro mais brando 
• Relação entre tentativa de suicídio e conseguir o 
suicídio: 
o 5:1 em pacientes com TAB 
o 15:1 população geral 
• Perturbação crônica e flutuante do humor 
• Geralmente por período de 2 anos 
• Alternância de sintomas hipomaníacos e 
depressivos menores 
 
 
 
Ciclagem rápida na ciclotimia 
• 4 ou + episódios maníacos ou depressivos no 
período de 1 ano → dificilmente o paciente vai 
saber identificar os episódios, o que torna essa 
definição pouco prática 
• Muitas vezes relacionado a fatores 
precipitantes: 
o Uso abusivo de bebida alcóolica (etilista 
agressivo, disfórico) 
o Efeito de antidepressivos 
 É preciso excluir outras causas 
excitatórias de comportamento antes de definir a mania! 
• Avaliar se os sintomas são decorrentes de efeito 
de substâncias: álcool, cocaína, crack, 
metilfenidato, LSD, MDMA, bupropiona, efeito 
de antidepressivos (combinações potentes), 
efeito de cafeína, taurina, termogênicos, 
anabolizantes 
• Avaliar se ocorre uma condição clínica: 
hipertireoidismo, hipercortisolemia, 
hiperativação adrenal, hipertensão, 
taquiarritmias, neurossífilis, aids, epilepsias, 
tumores do SNC, alterações bruscas e 
acentuadas na glicemia 
DEPRESSÃO BIPOLAR 
• Quadro de sintomas depressivos no paciente 
bipolar 
• Início precoce – 15 anos 
• Intensa gravidade (psicose, ideação suicida) 
• Instalação abrupta 
• Grande frequência de sintomas psicóticos (sem 
histórico linear de depressão (evolução de leve 
→ moderada → grave) 
• Maior sensibilidade à rejeição 
• Elevada incidência no puerpério 
• Resposta positiva a lamotrigina, quetiapina, 
bupropiona (em pacientes não psicóticos) 
• Depressivos com ação serotoninérgica são 
aqueles com maior risco de virada maníaca! 
Fazer diagnóstico diferencial com transtorno 
bipolar! 
• Humor eufórico 
• Gastos supérfluos 
• Taquipsiquismo 
• Baixa necessidade de sono 
• Piora do quadro ou virada maníaca com 
antidepressivos 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
• Passou por vários tratamentos antidepressivos 
sem qualquer melhora 
• Períodos de normalidade mesmo sem o 
tratamento 
• Procura o tratamento somente na fase 
depressiva 
• Forte relação com histórico familiar 
• Paciente Hipersexualizado 
• Agressividade 
Dificuldades: 
• Bipolar disfórico e vários tipos de transtorno 
bipolar 
• Difícil diagnóstico 
• Confunde com transtornos de personalidade 
histriônica e borderline 
• É possível haver períodos de normalidade no 
TAB 
 
OBS: tipos de TAB 
• Hipomania: duração de 4 dias e perda de função, 
mas sem sintomas psicóticos 
• Ciclagem rápida: 4 episódios de 
depressão/hipomania em 1 ano 
• TAB I: presença de depressão maior com 1 
episódio maníaco 
• TAB II: presença de depressão maior com 
episódio hipomaníaco 
• TAB misto: sintomas de depressão maior e 
mania ao mesmo tempo 
• Transtorno ciclotímico: episódios hipomaníacos 
e depressivos menores por 2 anos 
Os tipos mais comuns: 
• Mania X depressão 
• Normal X mania 
• Normal X disforia 
• Normal X disforia X mania X depressão 
 fatores de mal prognóstico 
• Episódios mistos, ciclagem rápida (relação com a 
disforia) 
• Sintomas psicóticos 
• TAB na infância e adolescência 
• Comorbidades: TDAH, ansiedade 
• Nível socioeconômico baixo 
• Baixo insight sobre a doença → baixa adesão ao 
tratamento 
• Eventos negativos: trauma, abusos 
• Baixo suporte familiar (supervisão ao 
tratamento) 
TRATAMENTO DO TAB 
• Não há cura, apenas controle 
• O tratamento não reduz a criatividade! 
Lítio 
• Forte inibição à enzima GSK3-beta (mecanismo 
não é totalmente claro) 
• Eficaz em todas as fases, maior evidência na 
mania 
• Cuidar com pacientes hipotireoideos, 
insuficiência renal, usuários de AINEs, usuários 
de diuréticos 
• Forma correta de tomar: 12/12h ou 1x com 
liberação controlada 
• Forma errada:8/8h (considerando a ½ vida do 
lítio) 
• Ação protetora contra suicídio nas fases 
depressivas 
• Potencializador de antidepressivos 
• Litemia: após 7-10 dias tomando, dosar 12h após 
a última tomada 
 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
 
 
 
• Eficácia em todas as fases do TAB e evidência nos 
estados mistos (na prática é mais usado para 
disforia e mania) 
o Ácido valpróico (Depakene) 
o Divalproato (Depakote) = 1ª linha 
(Depakene tem menos efeitos 
colaterais) 
o Carbamazepina (Tegretol) = 2ª linha 
• Lamotrigina (Lamictal Lamitor) – trata o TAB por 
baixo (sintomas depressivos); é preciso cuidado 
e aumentar as doses gradualmente para evitar 
reação dermatológica autoimune 
 
 
OBS: Macete do tratamento para TAB: 
Li (em monoterapia) 
Do (em monoterapia) 
La-Li + Aa 
Li-Do 
La-Li-Do 
Li: lítio 
La: lamotrigina 
Do: divalproato 
Aa: antipsicótico atípico 
 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
 “lami-quel” com ou sem 
bupropiona → lamotrigina + seroquel (quetiapina) 
Bupropiona não pode ser usada em casos de histórico de 
psicose, pois aumenta o aporte de dopamina no SNC 
La + Quet 
Li + La +Quet + bupropiona 
Li +La + Olanzapina/Lurasidona 
ISRS = último caso! Muito cuidado, só utilizar em baixa 
potência, pois há risco de virada maníaca (fluoxetina + 
olanzapina → marca nos EUA: Symbyax) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
Psicose e esquizofrenia 
ESQUIZOFRENIA 
• Falta de conexão entre razão e cognição 
• Doença crônica, incapacitante, evolução 
progressiva 
• Incurável 
• Prevalência 1% da população 
• 2/3 não tem funcionamento social 
• Paciente frequente em CAPS: pacientes com 
prejuízo cognitivo grande devido à psicose 
crônica, o que impossibilita que essas pessoas 
trabalhem → o CAPS oferece atividades 
ocupacionais (oficina de yoga, teatro, 
artesanato, música) 
• Diagnóstico precoce auxilia para bom 
prognóstico 
o Detecção em personalidades pré-
esquizofrênica, o prognóstico é ainda 
melhor 
• Mais comum em homens do que em mulheres 
(1,4 :1) – curiosidade: homens altos nascidos em 
meses frios 
• Devastador no homem 
• Mais comum nas cidades do que no campo 
• Kraepelin (1894) – definia esquizofrenia como 
“demência precoce” 
• Pico de incidência: 
o 13-25 anos no homem 
o Aos 20 anos na mulher 
o Uso de maconha na adolescência 
aumenta a predisposição 
• Paciente fica pior a cada novo surto 
• Risco de 5% de suicídio entre os esquizofrênicos 
(1% na população geral) 
 PERÍODO PRÉ MÓRBIDO: 0-13 anos 
• Gravidez não desejada, parto em meses frios 
• Demora para ficar em pé, elevada estatura 
• Começa a andar após 1,5 anos e falar após 2 anos 
• Crianças com poucas experiências de afeto 
• Timidez, poucas amizades, dificuldades 
escolares 
• Uso frequente de maconha na escola 
PERÍODO PRODRÔMICO: 13-17 anos 
• Piora no desempenho e abandono escolar 
• Agressividade com os colegas e família 
• Isolamento social 
• Possível comportamento esquizoide, paranoide, 
esquizotípico leve 
• Sintomas depressivos relacionados ao 
embotamento afetivo 
• Aumento da frequência do uso de maconha 
PERÍODO PROGRESSIVO: 18-25 anos 
• Psicose franca 
• Perda completa do insight sobre a doença 
• Paciente em situações de rua 
• Delírios, alucinações, agressividade 
• Maior embotamento afetivo-volitivo 
• Possível início ou não de tratamento 
CRONIFICAÇÃO: > 25 anos 
• Disfunção sócio-ocupacional com a estabilização 
dos sintomas chaves, ou coma piora do quadro 
 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
PSICOSE: conjunto de sinais e sintomas nos quais a 
capacidade mental da pessoa, sua resposta afetiva e sua 
capacidade de reconhecer a realidade, de ser comunicar 
e de se relacionar com outras pessoas estão alteradas. O 
autismo pode apresentar características de TOC, psicose 
e esquizofrenia etc. 
• Projeção paranoide 
• Beligerância hostil 
• Expansividade grandiosa (delírios 
místicos/religiosos)) 
• O delírio é bem evidente 
PROJEÇÃO PARANOIDE 
• Quadro de sintomas positivos 
• Delírios: persecutórios são os principais! Mas 
também de referência, somáticas, grandeza, 
influência, místicos, eróticos 
• Intenso medo com as crenças delirantes 
• Acredita que as pessoas estão falando sobre ele 
• Ideias de vítima de uma conspiração 
• Sensação de controle por parte de outras 
pessoas (“roubo de pensamentos”) 
DISTORÇÕES COGNITIVAS E SENSOPERCEPTIVAS 
• Medo e incômodo por vozes alucinatórias 
• Vozes que acusam, culpam ou ameaçam de 
punição 
• Alucinações visuais, táteis, gustativas e olfativas 
(lesão do lobo temporal) 
• Objetos, pessoas familiares parecem bastante 
alterados 
DISTÚRBIOS MOTORES 
• Posturas rígidas peculiares (estereotipadas) 
• Gestos repetidos peculiares (TOC psicótico – 
depende do nível de desorganização) 
• Sorrisos inadequados (afeto incongruente) 
• Conversar, balbuciar ou falar em voz baixa 
consigo mesmo (solilóquios) 
• Vacância (andar sem rumo) 
BELIGERÂNCIA HOSTIL 
• Atitude hostil, irritável e mal-humorada 
• Heteroagressividade 
• Intenso ressentimento 
• Culpa os outros pelos seus problemas 
• Encontra defeitos em si e nos outros 
• Desconfiança nas pessoas 
• Automutilação – casos mais graves 
 
EXPANSIVIDADE GRANDIOSA 
• Expressar atitude de superioridade 
• Ouvir vozes que elogiam e exaltam 
• Considerar ter poderes fora do comum 
• Correlação com delírios místicos ou religiosos 
• Desorientação e excitação 
• Linguagem desconexa: respostas irrelevantes ou 
incoerentes 
• Desviar-se do assunto 
• Uso de neologismos 
• Repetição de palavras e expressões 
• Desorientação no tempo, espaço ou de si 
mesmo 
• Expressão de sentimentos sem restrições 
• Manifestação de fala apressada 
• Elevação de humor (na psicose do TAB) 
• Demonstrar atitude de superioridade 
• Dramatizar a si próprio ou os próprios sintomas 
• Falar alto e de forma tumultuada 
• Intensa hiperatividade e inquietação 
• taquilalia 
• Retardo e apatia: fala mais lenta, indiferença 
quanto ao próprio futuro, mímica facial rígida, 
movimentos lentos, deficiência na memória 
recente, bloqueio da fala, fala baixa ou 
sussurrada e não responde a perguntas 
• Autopunição e intensa ansiedade: tendência a 
se culpar ou se condenar, ansiedade em relação 
a temas específicos, atitude de autodepreciação, 
preocupação com ideias de suicídio, 
pensamento com intromissão de ideias 
indesejadas, medos específicos, senti-se indigno 
ou pecador 
• Sintomas depressivos: humor depressivo, 
ansiedade, culpa, tensão, irritabilidade, ideação 
suicida; geralmente ocorrem antes do 
embotamento afetivo franco 
ALOGIA: disfunção da comunicação; restrições da 
fluência e na produtividade do pensamento e da 
fala 
ACHATAMENTO OU EMBOTAMENTO AFETIVO: 
restrições na amplitude e na intensidade da 
expressão emocional (quando surge 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
precocemente, indica mal prognóstico); o uso de 
antipsicóticos típicos podem causar 
embotamento afetivo como efeito colateral 
(diferente dos atípicos) 
ASSOCIABILIDADE: redução do interesse e da 
interação social 
ANEDONIA: redução da capacidade de sentir 
prazer (é diferente da depressão, não está 
carregada do elemento sofrimento); “tanto faz, 
tanto fez”; sem análise aprofundada ou 
julgamento sobre esse estado anedônico 
(diferentemente da depressão, em que o 
paciente percebe e compara a sua falta de prazer 
em atividades que antes lhe trazia essa 
sensação) 
ABULIA: redução do desejo, da motivação ou da 
persistência; restrição no início de 
comportamentos dirigidos a objetivos; paciente 
sem objetivo ou meta, não se importa com isso 
e não se interessa em ter isso futuramente (no 
caso depressivo, o paciente possui um “insight” 
sobre a própria abulia) 
• Rapport deficiente: relação entre as pessoas; 
capacidade de formação de vínculo 
• Passividade: importante se acompanhado de 
embotamento afetivo 
• Dificuldade no pensamento abstrato 
• Falta de espontaneidade (comportamento 
estereotipado; falta de higiene) 
• Pensamento estereotipado 
REDUÇÃO DA FALA: o paciente tem restrição 
quantitativa no discurso, utiliza poucas palavras 
e respostas não verbais. Além disso, pode haver 
empobrecimento do conteúdo da fala, em que as 
palavras transmitem pouco significado 
APARÊNCIA DESCUIDADA: o paciente tem 
aparência descuidada e higiene precária, as 
roupas são sujas ou manchadas, ou o indivíduo 
exala um odor desagradável 
CONTATO VISUAL: o paciente raramente faz 
contato visual com o entrevistador (parecido 
com o autismo), ou faz contato muito intenso, 
profundo, intimidador, demonstra desconfiança 
Critério diagnóstico de duração de sintomas: 6 meses 
Critério principal: intensidade de sintomas psicóticos 
com significativo prejuízo funcional 
Deve-se excluir a etiologia da psicose aguda relacionada 
a uso de drogas, retardo mental, autismo, depressão 
psicótica, TAB psicótico, condições clínicas (delirium ou 
transtorno mental orgânico) 
 
CIRCUITOS CEREBRAIS DISFUNCIONAIS DA ESQUIZOFRENIA 
 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
Via mesolímbica → níveis elevados de dopamina = 
sintomas positivos, delírio, alucinação, 
agressividade 
Via mesocortical (cortéx pré-frontal dorsolateral) 
→ redução da dopamina = sintomas negativos, 
prejuízo de cognição e de interesse por prazer, 
embotamento afetivo, redução da volição 
Córtex proé-frontal porção ventromedial → 
redução da dopamina = sintomas negativos, 
embotamento afetivo + redução da volição 
Via nigroestriatal = normal 
 Via tuberoinfundibular = normal 
Ou seja: 
em via mesolímbica = tratamento dos sintomas positivos 
↓ dopamina nas vias mesocorticais = piora dos sintomas negativos 
nas vias nigroestriatais = sintomas piramidais (disfunções motoras, impregnação, distonias, discenesias, 
oftalmoplegias, protusão da língua – alterações gerais ligadas a movimentos; bipirideno atua para 
reverter/amenizar esses sintomas) 
nas vias tuberoinfundibulares = distúrbios sexuais (queda grande da libido, pode acontecer aumento de 
prolactina e galactorreia e amenorreia); a diminuição da libido pode ser interessante em casos de 
pacientes hipersexualizados (a hipersexualização é rara nesse caso, mas não impossível de acontecer) 
 
Via dopaminérgica nigroestriatal: substância negra → 
núcleos da base ou o estriado; faz parte do sistema 
nervoso extrapiramidal e controla a função motora e o 
movimento. 
Via dopaminérgica mesolímbica: área tegmental ventral do 
mesencéfalo → nucleus accumbens, uma parte do 
sistema límbico do cérebro que se acredita estar 
envolvida em muitos comportamentos (sensação de 
prazer, euforia intensa produzido por uso abusivo de 
substâncias psicoativas), bem como delírios e 
alucinações na psicose. 
Via dopaminérgica mesocortical: relacionada à via 
mesolímbica; área tegmental ventral do mesencéfalo→ 
áreas do córtex pré-frontal, onde podem mediar 
sintomas cognitivos (córtex pré-frontal dorsolateral – 
CPFDL) e afetivos (córtex pré-frontal ventromedial – 
CPFVM) da esquizofrenia. 
Via dopaminérgica tuberoinfundibular: hipotálamo → 
adeno-hipófise e controla a secreção de prolactina. 
Via de múltiplos locais: substância cinzenta central, parte 
do mesencéfalo, núcleos hipotalâmicos e núcleo 
parabraquial lateral → tálamo; sua função não está bem 
elucidada. 
Na via mesolímbica, o paciente com esquizofrenia 
apresenta níveisde dopamina elevados e sintomas 
positivos: delírio, alucinação, pensamento 
desorganizado, agressividade. Os antipsicóticos típicos 
atuam na diminuição dessa dopamina para diminuição 
dos sintomas positivos, porém não o fazem de forma 
seletiva, de modo que há muitos efeitos colaterais pela 
queda generalizada de dopamina. A nível sináptico, há 
bloqueio de receptores para dopamina, a fim de se evitar 
a ação dopaminérgica exagerada. A dopamina está 
relacionada à psicose na via mesolímbica, porém nas 
outras vias, a diminuição da dopamina leva à diminuição 
do prazer (núcleo accumbens) – o paciente pode 
apresentar anedonia associada a antipsicóticos. 
Bupropionas e anfetaminas (Ritalina, Concerta, 
Venvanse): aumentam de forma lenta e gradual o aporte 
de dopamina, gerando recompensa no núcleo 
accumbens → princípio do tratamento para dependência 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
química e alimentação compulsiva. Cautela ao 
prescrever essas medicações, pois o paciente pode 
esconder sintomas psicóticos, ou não contar ativamente, 
e o uso dessas medicações pode agravar os sintomas 
psicóticos pelo maior aporte de dopamina. Essas 
medicações, em outros casos, podem ser utilizadas no 
tratamento de dependência química. 
 
 
 
 
 cuidado com o uso de antipsicóticos típicos 
em casos de pacientes com Parkinson, pois pode haver 
piora do tremor. 
 
 
Haloperidol: se liga apenas a receptores D2 e alfa 1, 
porém o seu ligante D2 se liga muito fortemente ao seu 
receptor na célula nervosa, o que, a longo prazo, pode 
levar a discenesias tardias e distonias que podem não ser 
reversíveis, porém isso é raro. Os antipsicóticos atípicos 
não se prendem tão fortemente assim ao receptor da 
dopamina 
 
 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
 
Em casos de puérperas que não estão produzindo leite 
adequadamente, é possível uso do antipsicótico típico 
Supirida para provocar a liberação de prolactina e 
galactorreia. Além disso, há melhora do humor por 
provocar liberação de serotonina. 
 
 
 
O glutamato regula liberação de dopamina na via 
mesolímbica. 
Como driblar o embotamento afetivo/cognitivo, 
síndrome extra-piramidal e distúrbios sexuais? 
Os antipsicóticos atípicos 
 
 receptores 5HT são serotoninérgicos, e estão 
envolvidos com a modulação do humor. Alguns 
antipsicóticos possuem ligantes para receptores 
dopaminérgicos, que atuarão em maior ou menor grau 
na psicose. Alguns apresentam menos ação de 
receptores histaminérgicos, o que causará menor efeito 
no peso do paciente. 
• Antagonismo dos receptores 5TH2A → propicia 
que não seja realizada uma ligação tão intensa 
aos receptores D2 
• Atipicidade ↔ quão rapidamente ele se dissocia 
do receptor D2: 
o Típico = ligação prolongada 
o Atípico = dissociação rápida 
• Antagonismo total/parcial de 5HT2A e D2: varia 
com o formato dos ligantes: 
o O agonismo dos receptores de 5HT1A 
pode aumentar a liberação de 
dopamina, o que pode melhorar os 
sintomas afetivos, cognitivos e 
negativos, ao mesmo tempo em que 
também reduz o risco de sintomas 
extrapiramidais e de elevação da 
prolactina 
o O agonista de 5TH1A também pode 
diminuir a liberação de glutamato, o que 
pode reduzir indiretamente os sintomas 
de psicose 
Os receptores 5HT1A e 5HT2A tem ações opostas na 
regulação da liberação de dopamina: 
 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
 5HT1A 5HT2A 
AGONISMO Aceleradores 
da liberação de 
dopamina 
Freios da 
liberação de 
dopamina 
ANTAGONISMO Na via nigro-
estriatal: 
liberação de 
dopamina = 
menos ou 
nenhum 
sintoma extra-
piramidal 
Na via 
mesocortical: 
liberação de 
dopamina = 
melhora dos 
sintomas 
afetivos, 
cognitivos e 
negativos 
 
Perfil de eficácia e melhores desfechos para o tratamento 
da mania e psicose: 
• Não só há melhora dos sintomas positivos, mas 
também dos sintomas afetivos, cognitivos e 
negativos 
• Bloqueio de aproximadamente 70% dos 
receptores D2 no núcleo accumbens 
• Antagonismo e agonismo parcial dos receptores 
D2, 5HT2A e 5HT1A, e não pela interação com 
receptores histamina H1, muscarínicos M1 ou 
alfa 1 adrenérgicos → isso evita sedação 
prolongada – aumento do risco de quedas e 
lentificação para o dia a dia! E aumento de peso 
(se possível, evitar sedação benzodiazepínica 
• Os psicóticos atípicos disponíveis no SUS só 
podem ser prescritos por psiquiatra, exceto a 
Risperidona e há exigência de protocolos a 
serem seguidos (muito provavelmente o 
paciente não conseguirá comprar no primeiro 
mês) 
 
 
Aripipazol: reúne os melhores mecanismos para 
minimizar efeitos colaterais (o que não significa que seja 
o melhor para tratamento da psicose) 
• Excelente antipsicótico 
• Responde bem em doses baixas 
• Não afeta no peso 
• Tem ação antimania 
 
Risperidona: 
• Excelente antipsicótico e anti-maníaco 
• Em doses baixas já entrega bom efeito 
antipsicótico 
• Grande efeito na redução da libido e pode causar 
galactorreia (mesmo sendo atípicos) – 
geralmente é usado em pacientes atípicos 
• Em altas doses pode causar os efeitos de 
impregnação (se comporta como um 
antipsicótico de 1ª geração e tem os mesmos 
efeitos colaterais) 
 
Quetiapina: somente age como bom antipsicótico em 
altas doses 
 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
 
Olanzapina: 
• Principal efeito colateral é o aumento 
importante de peso e risco de síndrome 
metabólica 
• Segundo melhor antipsicótico e excelente 
antimaníaco 
• Tem ação sedativa e antidepressiva 
 
Clozapina: 
• Melhor antipsicótico; além do lítio, é uma das 
únicas medicações com ação direta em ideação 
suicida (demais antipsicóticos de 2ª geração 
agem no humor) 
• Última escolha 
• Pedir hemograma semanalmente, pois há risco 
de granulocitose! Paciente com risco de 
pancitopenia e imunidade deprimida 
 
 
 
Antagonismo aos receptores H1 + antagonismo 5HT2C 
= aumento do apetite regulado pelo hipotálamo 
• Obesidade 
• Resistência periférica à insulina 
• DM2 
• Dislipidemias 
• Eventos cardiovasculares 
Antipsicóticos com maiores efeitos: olanzapina, 
clozapina, quetiapina, risperidona, antipsicóticos típicos 
(sedativos) 
Antipsicóticos com menor efeito: aripiprazol, 
ziprasidona, lurasidona 
 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
Tratamentos para esquizofrenia - resumo 
 
Condutas: 
1º: preferência para antipsicótico atípico isolado 
(risperidona, olanzapina, aripiprazol) 
2º: ajustar a dose do antipsicótico atípicos 
3º: associar antipsicótico atípico + típico (até 2 tipos) 
*clozapina = antipsicótico + potente! 
Adjuvantes: 
• Benzodiazepínicos, se necessário 
• Antidepressivos, caso sintomas depressivos 
• Cessar uso de maconha 
• Anticolinérgicos para efeitos de impregnação 
/9bipirideno 2mg até 3x/dia) 
• Haloperidol deconoato (haloperidol de 
depósito) para os pacientes com má aderência 
ao tratamento 
*provável tratamento ad eternum, podendo talvez 
reduzir as doses 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 
Ansiedade e transtornos de personalidade 
 
Resumo das principais características do caso: 
• Acredita ser prejudicado pelos colegas de 
trabalho 
• Não trabalha em grupo – preferência pelo 
isolamento 
• Estereotipias – camisas sobrepostas 
• Compulsão por organização, metódico, 
sofrimento e conflito quando algo está fora da 
ordem 
• Uso frequente de maconha desde os 15 anos de 
idade 
Principais diagnósticos para o caso: 
• Transtorno de personalidade com traços 
paranoides, esquizoides e esquizotípicos 
• Trações de transtorno obsessivo-compulsivo 
• Transtorno mental decorrente do uso de 
maconha 
DIAGNÓSTICO PSIQUIÁTRICO PELO DSM 
I. Síndrome psiquiátrica principal (orienta a 
medicação) 
II. Transtornos de personalidade 
III. Condições clínicas que contribuem