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Psiquiatria | Victória Ribeiro de Medeiros Anamnese psiquiátrica Avaliação psiquiátrica se inicia no 1º contato com o paciente: • 1º contato visual: • Ectoscopia (olhar, aspecto tímido) • Forma de caminhar (iniciativa, timidez) • Aparência geral (roupas, perfume, adereços) • Tom de voz A anamnese psiquiátrica é ao mesmo tempo diagnóstica, terapêutica e motivacional: • Estratégias de acessar o paciente o Entrecortar a fala do paciente, com diferentes tons de voz • Capacidade do médico vincular com o paciente • Conteúdo manifesto X conteúdo latente IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE Ex: feminino, 20 anos, branca, solteira, estudante, nunca trabalhou, não recebe auxílio-doença, espírita, ensino fundamental incompleto – curso 9º ano – vai à escola pela manhã, mora com pais (José Gilmar e Iria) e 5 irmãos, vem sozinha à consulta. Questões e hipóteses: 20 anos, no 9º ano e nunca trabalhou, seria por déficit cognitivo? Vem sozinha à consulta por escolha ou por não ter uma rede de apoio? Ex: masculino, 40 anos, branco, vem com a cuidadora Maria Estela, vive em residência terapêutica, evangélico – Congregação Cristã – estudou até 5ª série, não recebe auxílio-doença. Questões e hipóteses: vive em residência terapêutica por falta de rede de apoio, quadros de agressividade com a família? A tutela desse paciente é do Estado? Como é o humor desse paciente? Ex: masculino, 55 anos, branco, solteiro, aposentado por invalidez, desempregado, evangélico – Igreja Batista – analfabeto, não frequentou a escola, mora com o pai (Adolfo) e madrasta (Angelina). Vem à consulta com o pai e a irmã (Maria Antonia). Questões e hipóteses: invalidez quando jovem, qual o motivo? Por que não frequentou a escola? O fato de não ter companheiro influencia na sua saúde mental? Ex: feminino, 48 anos, branca, divorciada, recebe auxílio- doença, ex-vendedora e funcionária pública, católica, ensino superior completo (duas faculdades – economia e gestão pública), mora sozinha, próxima da irmã Claudete. Vem à consulta com Claudete. Questões e hipóteses: possuía dois empregos e precisou de auxílio-doença, isso está relacionado com o divórcio? Nas informações de identificação geral já é possível avaliar o paciente: • Estado civil: solteiro, divorciado (recentemente viúvo, ou adultério) • Idade: sensação de envelhecimento, ou poucas conquistas, insegurança quando jovem • Profissão: desemprego, demitido, infeliz com o seu trabalho, recebendo ou não algum tipo de auxílio-doença • Nível de escolaridade: “ensino fundamental incompleto”; “tranquei a faculdade” • Com quem vive: “agora sozinho”; “agora com meus pais” Uma forma de começar a conversa: “como eu posso te ajudar?” → convite empático para o paciente se comunicar. o paciente deve ter liberdade para falar, mas o médico deve saber conduzir (ou melhor, controlar) a anamnese, tentando filtrar e objetificar o problema psiquiátrico do paciente. São muitos os pacientes que tendem a divagar nos seus relatos. • “colocar a sensação do sofrimento em palavra tem caráter catártico” • Nas palavras de Freud: “aquilo que não colocamos em palavra, aparece como sintoma” • Pergunta aberta com um tom implícito de empatia • Criar um ambiente confortável, ou então um “canal de ajudar” • Ideia de fazer o paciente sentir-se à vontade para falar sobre seu problema • A capacidade do médico conseguir fazer o paciente desabafar e sentir que está sendo ouvido • Muito importante para a criação do vínculo e confiança do paciente com o profissional • Cabe o médico lançar mão de argumentos inteligentes para “vender ideias simples” para a mudança de comportamentos dos pacientes Psiquiatria | Victória Ribeiro de Medeiros O HMA PSIQUIÁTRICO 1. Avaliar o momento do início dos sintomas. Observar se o início é insidioso ou abrupto. 2. Diferenciar do item 1 quando realmente ocorreu uma piora significativa dos sintomas, a ponto de o paciente buscar ajuda. muitas vezes para o paciente, este é o momento do início de sua doença, pois, diferentemente do item anterior, muitos pacientes – à medida que seus sintomas estejam leves, eles tentam seguir sem tratamento. 3. Qual foi a situação problema, sinal ou sintoma que levou o paciente a procurar ajuda médica (o estopim)? 4. Houve algum evento estressor socioambiental que contribuiu para a piora do paciente? Este evento estressor já se apresentava de forma leve, mas com incidência crônica, ou surgiu de forma aguda? 5. Checagem dos sintomas psiquiátricos mais comuns. SINTOMAS PSIQUIÁTRICOS PRINCIPAIS PSICOSE*: quebra do juízo de realidade Agressividade, delírios, alucinações, mania - comportamento desorganizado (tirar a roupa em público, vacância: andar sem rumo); Ideação suicida; Uso de substâncias; Déficit cognitivo; Alteração de conduta (agressividade). TRISTEZA Choro frequente, embotamento afetivo, fácies de tristeza; Anedonia, isolamento social, hipobulia, falta de prospecção; Mau-humor, irritabilidade (muito importante nas distimias); Prejuízo importante nas suas atividades diárias; Fadiga (falta de energia), déficit de memória/concentração/rendimento; Baixo limiar a dor (o depressivo sofre mais com o frio); Falta de apetite, ou apetite intensificado quando ansioso ou depressivo (principalmente por alimentos doces); Ideias supervalorizadas negativamente (pessimismo, falta de prospecção para o futuro); Em crianças: irritabilidade. ANSIEDADE Palpitações, dor precordial, dispneia sudorese – paciente pode ir 1º no cardiologista; Cefaleias – paciente pode ir 1º no neurologista; Dor muscular generalizada! Tônus muscular é mantido por mais tempo gerando dor – o paciente pode procurar o reumatologista/ortopedista, se idoso, o geriatra; Déficit de memória – também acontece na tristeza, se idoso, mascara demência; Náuseas, dispneia, diarreia – o paciente pode procurar 1º o gastroenterologista; – Psiquiatria | Victória Ribeiro de Medeiros Sintomas obsessivos – compulsivos (rituais de limpeza/organização - TOC); Ideias supervalorizadas negativamente: sofrimento por antecipação, sensação de não conseguir dar conta de tarefas ou compromissos, intensa angústia aos domingos; Ansiedade de desempenho quanto à função sexual; Prurido exagerado. INSÔNIA Tanto no campo da tristeza quanto da ansiedade; Depressivos: tendem a apresentar mais insônia terminal, mas também podem ter insônia inicial; Ansiosos: tendem a apresentar mais insônia inicial. AGRESSIVIDADE Avaliar se é autoagressividade (mutilações – comum em adolescentes e pacientes com personalidade borderline) ou se é hetero-agressividade; Se a agressividade é impulsiva generalizada, ou direcionada à determinada situação (restrita no ambiente familiar ou com determinada pessoa); Reativa para se defender; Muitos pacientes bipolares são agressivos, os bipolares disfóricos (é uma agressão generalizada). MANIA Sensação de elevação de energia, humor e afeto; Baixa necessidade de horas para dormir; Elevação da libido; Gastos supérfluos (cuidado: pacientes depressivos e ansiosos também podem fazer gastos supérfluos seja para aliviar a tristeza ou ansiedade, seja como ato compulsivo); Pacientes que já fizeram uso de inúmeros tipos de antidepressivos sem qualquer melhora; Com antidepressivos: pacientes que ficam Eufóricos → virada maníaca Agressivos → virada disfórica Correlação importante com pacientes que fizeram uso de drogas para manter o quadro da mania; Forte correlação com histórico familiar; O paciente bipolar procura o médico na fase depressiva, na fase maníaca, é levado por familiares. IDEAÇÃO SUICIDA Recente? Antiga? Muitas tentativas? Já pensou? Já pensou, mas não tem coragem° quer muito? É homem ou mulher? Mulheres tentam mais, mas conseguem menos (usam meios menos agressivos). Homens tentam menos, mas conseguem mais (usam meios mais agressivos); Atuaçãomotivacional: razões para morrer X razões para continuar vivendo; Promover a reflexão sobre a troca de papel com uma pessoa de quem o paciente gosta muito. ALTERAÇÕES NA SENSOPERCEPÇÃO E PENSAMENTO DELIRANTE A maioria dos quadros alucinatórios relacionados a transtornos mentais são auditivas e de conteúdo depreciativo-persecutório; Alucinações visuais também ocorrem nos transtornos mentais, mas falam a favor de transtornos orgânicos; Alucinações gustativas e olfatórias: falam a favor de lesões no lobo temporal; Quadros psicóticos de origem súbita: falam mais a favor de quadros de doenças mentais; DELÍRIO: alteração do pensamento, não argumentável, crônico; DELIRIUM: decorre de alteração clínica – origem súbita. É preciso resolver o caso clínico para tratar o delirium, não basta antipsicótico. USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS Álcool: euforizante ou precipita agressividade nos efeitos iniciais, depressor como efeito tardio; etilistas: carência de tiamina (vitamina B1): síndrome de Wernicke-Korsakoff (oftalmoplegia, ataxia e confusão mental); Esquizofrênicos são tabagistas intensos (fácies de panda – hiperpigmentação ao redor dos olhos). Esquizofrenia tem forte relação com uso de maconha, principalmente se iniciada em idade jovem (gera uma poda neural anômala); Bipolares, borderlines e histriônicos: forte correlação com uso de múltiplas drogas (qualquer tipo); Avaliar a presença de sintomas psicóticos com ou sem o uso de substâncias: Se ocorrem com o uso de substâncias: fala contra esquizofrenia, ou bipolares e depressivos psicóticos Usuários de cocaína apresentam alucinações táteis: insetos na pele; Usuários de LSD, ecstasy muitas vezes tem intensa desidratação rigidez da musculatura mandibular, intenso prazer tátil. Atenção para sintomas graves: psicose, ideação suicida, uso compulsivo de substâncias psicoativas. Avaliar a presença de sintomas graves • Demonstram quão próximo da psicose o paciente está • A psicose é tóxica para o cérebro • Fisiopatologia básica da psicose: excesso de dopamina em vias mesolímbicas do cérebro Psiquiatria | Victória Ribeiro de Medeiros Fazer diagnóstico diferencial com transtorno bipolar: • Humor eufórico • Gastos supérfluos • Taquipsiquismo • Baixa necessidade de sono • Piora do quadro ou virada maníaca com antidepressivos • Passou por vários tratamentos com antidepressivos sem qualquer melhora • Peírodos de normalidade mesmo sem o tratamento • Procura o tratamento somente na fase depressiva • Forte relação com histórico familiar • Paciente hiper sexualizado • Agressividade • Bipolar disfórico e vários outros tipos de transtorno bipolar: difícil diagnóstico, confunde com transtorno de personalidade histriônica e borderline O que fazer com o paciente com ideação suicida? • Avaliar quão próximo o paciente está do suicídio e ou da psicose: o Chances de usar meios agressivos para o suicídio o Presença de intensa ansiedade, insônia, dependência química e dor o Paciente comete um grande erro no trabalho o Paciente com grandes dívidas ou transfere bens • Perguntar sobre suicídio: o Paciente chora o Promover a reflexão razoes para viver X razões para continuar vivendo o Mistura de sensações: fuga/culpa/medo/vergonha/arrependi mento o Pensou? Teria coragem? Visualiza uma forma de fazer? Já tentou? Quantas vezes? Tentou recentemente? Histórico da infância e desenvolvimento cognitivo para diagnóstico diferencial de déficit cognitivo: • Avaliar histórico da gestação, parto, desenvolvimento neuro-psico-motor (quando começou a andar e falar?) • Aprendizado escolar: o Reprovações o Passou por conselho de classe o Progressão continuada • O retardo mental é comumente chamado de “cérebro frágil” • Pode fazer os sintomas de todas as síndromes psiquiátricas • Avaliar se é o retardo mental constitucional ou por falta de estímulo PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros Psicopatologia Identificação: masculino, 19 anos, negro, não recebe auxílio-doença, desempregado, católico, ensino fundamental incompleto (9º ano), mora com a tia materna (Zenira). Vem com a tia. HMA: há 5 anos, após o falecimento de sua mão, paciente começou a apresentar rebaixamentos de humor importante, com pensamento e ideação suicida (com duas tentativas, há 1 ano, tentou se jogar de um viaduto e foi impedido). Também tinha alucinações auditivas (conteúdo não compreensível) e visuais (imagens e vultos), e pensamento delirante persecutório. História pregressa: Tem histórico de ansiedade já de longa data, com alimentação compulsiva, juntamente com períodos de taquipsiquismo, gastos supérfluos e humor eufórico. Nega agressividade. Nega uso de cigarro, bebida alcóolica e drogas ilícitas. Havia parado de frequentar a escola por volta dos 16 anos por sofre bullying com frequência, principalmente por ser homossexual, vestir-se de forma feminilizada (com roupas e maquiagem). Paciente já referiu em outra consulta com outro médico deste CAPS der uma menina. História Familiar pregressa: seus pais são falecidos. Mãe há 7 anos por câncer e seu pais, há 4 anos por hemorragia digestiva. Teve muita dificuldade para lidar com esses acontecimentos, ficando bastante triste. Em 3013, foi levado para morar em abrigo e encaminhado para viver com família acolhedora. Exame mental: hipervigil, ansioso, cooperativo, normobúlico, orientado no tempo e no espaço, e autopsiquicamente, inteligência mediana, juízo crítico preservado, memória preservada, um pouco pueril, pensamento com conteúdo lógico e curso acelerado, sem alterações na sensopercepção, discurso lógico embora circunstancial, taquilálico, ritmo acelerado. Aparência: auto-cuidados e higiene preservados, maquiado, roupas coloridas, aspecto chamativo, idade aparente mais jovial. A S M O C P L I A C Atenção Sensopercepção Memória Orientação Consciência Pensamento Linguagem (discurso) Inteligência Afeto e humor Conduta (atitude) SINAIS: achados objetivos, observados pelo médico. Ex: sudorese, tremor SINTOMAS: queixas subjetivas trazidas pelo paciente SÍNDROME: grupo de sinais e sintomas que ocorrem em conjunto Termo síndrome é menos específico do que transtorno ou doença. A maioria dos transtornos psiquiátricos são síndromes. Síndromes orgânicas: consciência, atenção, sensopercepção, orientação, memória e inteligência; ex: delirium, transtorno mental orgânico, demência, retardo mental. Síndromes psicóticas: afeto, humor, pensamento, juízo crítico, conduta, linguagem; ex: esquizofrenia, depressão, TAB, transtornos psicóticos em geral. Roupas: pacientes depressivos ou esquizofrênicos não se importam Adornos e maquiagem: bipolares ou histriônicos usam adereços chamativos Sinais de deformidade física: podem acentuar os sentimentos de baixa autoestima Idade aparente: paciente bipolar maníaco ou histriônicos aparentam ser mais jovens PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros • Retardada (paciente depressivo) • Acelerada (paciente maníaco e ansioso/0 • Maneirismos: movimentos involuntários estereotipados • Ecopraxismo: imitabilidade patológica dos movimentos de alguém • Flexibilidade cérea: pessoa a ser moldada – catatonia e agitação • Catatonia: rigidez da postura e fixação do olhar • Amigável • Cooperativo • Irônico • Hostil (PCTS agressivos e paranoides) • Sedutor (pacientes sociopatas e histriônicos) • Ambivalente (sentimentos opostos ao mesmo tempo) Evitar excesso de simpatia, manter a neutralidade • Responsivo (cooperativos) • Loquaz: fala sem parar, pressão por falar; fala muito sem sentido e sem concatenação de ideias • Prolixo: dá voltas e não responde objetividade • Volúvel: muda o que conta facilmente • Lenta: pacientes depressivos • Tensa/sussurrando/desconfiado: pacientes ansiosos, ou com pensamento persecutório • Emotivo: chora ao relatar seus pacientes • Monótono:sem entonação da voz • Ecolálico: repete o que o médico pergunta (autistas, pacientes com demência) Transferência: sentimentos so paciente em relação ao médico Contra-transferência: sentimentos so médico em relação ao paciente Resistência: antipatia CONSCIÊNCIA: é o estado de lucidez ou alerta, variando da vigília até o coma • Capacidade de responder aos estímulos • Alterações o Obnulação: sonolência; está alterada a capacidade de pensar claramente; o paciente tende a cais em sono quando não estimulado o Estupor: ausência ou profunda diminuição de movimentos espontâneos; o paciente somente responde a estímulos vigorosos, e depois retorna ao estupor; ex: catatonia, depressão profunda o Coma: abolição completa da consciência; o paciente não responde mesmo aos estímulos externos (dolorosos) ou internos (fome, frio, necessidades fisiológicas) o Hiperalerta: com hiperatividade autonômica. Tem resposta aumentada aos estímulos. Pessoas ansiosas, usuários de drogas excitatórias, com pensamento persecutório • AVC • Traumas – TCES • Epilepsia • Estados demenciais avançadas • Doenças crônicas com comportamento cerebral (delirium) ATENÇÃO: capacidade de focar a atividade mental em algo; esforço voluntário para selecionar certos aspectos de um fato • Vigilância: capacidade de voltar o foco da atenção para estímulos externos o Hipervigil: vigilância aumentada; prejuízo da atenção para estímulos externos o Hipovigil: vigilância reduzida • Tenacidade: capacidade de manutenção da atenção; hipo/hipertenaz • Concentração: capacidade de manter a atenção voluntária em processos internos do pensamento • Desatenção: incapacidade de voltar o foco para um estímulo determinado • Distração: incapacidade de manter o foco PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros • Hiperprosexia: muda de atenção o tempo todo • Hipoprosexia: se concentra muito pouco • Aprosexia: não possui atenção • Desatenção seletiva: atento ao que lhe dá prazer • Atenção coagida: atenção forçada pelo medo ou pela psicose (pacientes com transtornos psicóticos, ouvindo vozes) SENSOPERCEPÇÃO: capacidade de perceber e interpretar os estímulos com os órgãos dos sentidos. Autistas muitas vezes tem grande capacidade de percepção sensorial (gustativa, auditiva etc.) • Ilusões: alterações qualitativas da percepção, estímulos sensoriais são confundidos ou mal interpretados (ex: cinto é percebido como cobra; miragens no deserto) • Alucinações: ocorre a percepção sensorial nai ausência de estímulo externo, é real para o paciente o Visuais: mais comuns em transtornos orgânicos, no luto normal (visão da pessoa falecida) ▪ Hiponagógicas: antes de dormir ▪ Hipnopômpicas: ao acordar o Auditivas: as mais comuns das síndromes psicóticas ▪ Congruentes com o humor: paciente depressivo (“mate-se”) ▪ Incongruentes com o humor: paciente esquizofrênico (ruídos não compreensíveis) ALUCINAÇÕES TÁTEIS • Picadas de insetos ou insetos caminhando na pele • Parestesias ou formigamentos (comuns em intoxicação por cocaína ou anfetaminas) • Delirium tremens por abstinência alcóolica ALUCINAÇÕES VESTIBULARES • Relacionadas ao equilíbrio e localização no espaço ALUCINAÇÕES OLFATIVAS • Paciente com baixa autoestima, com caráter depreciativo (comum na epilepsia e lesões no lobo temporal) • Cinestesias: confusão/troca/mistura de sensações, escutar cores, cheirar músicas • Pseudoalucinações: são reconhecidas como irreais • Despersonalização: percepção confusa de que o corpo está mudando, perda da identidade corporal • Desrealização: sensação de que o ambiente está mudando Tipos específicos de alucinações: QUANTITATIVAS: • Hipoestesia: diminuição da sensação • Hiperestesia: aumento da sensação • Anestesia: ausência da percepção QUALITATIVAS: • Ilusão: distorção da percepção, dismegalopsias (macropsias, micropsias) • Alucinação: percepção de um estímulo na ausência dele ORIENTAÇÃO: capacidade do indivíduo situar-se no tempo, espaço ou situação e reconhecer a sua própria pessoa • Orientação alopsíquica: tempo e espaço • Orientação autopsíquica: própria pessoa e demais • Desrealização: o ambiente e demais pessoas são vistas como estranhos • Despersonalização: a pessoa não se sente ela mesma • Sequência comum de alterações: TEP TEMPORAL → ESPACIAL → PESSOAL MEMÓRIA: capacidade de registrar, fixar ou reter, evocar e reconhecer objetos e pessoas e experiências passadas ou estímulos sensoriais • Áreas cerebrais relacionadas à memória: o Área de registro: córtex cerebral o Área de consolidação ou retenção: hipocampo o Área de armazenamento: lobo temporal o Área de recuperação: dorso medial do tálamo • Tipos: memória imediata, recente e tardia • As perdas de memória geralmente ocorrem: recente → tardia (lei mnêmica de Ribot) • Amnésia: incapacidade total o parcial de evocar memórias • Amnésia imediata: geralmente após um comprometimento cerebral agudo PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros • Amnésia anterógrada: paciente esquece os fatos ocorridos após um fato importante (ex: TCE, distúrbio associativo – crise conversiva) • Amnésia retrógrada: paciente esquece situações ocorridas anteriormente a um fato importante • Amnésia lacunar: o Esquecimento de fatos estre duas datas o Paciente tende a confabular fatos para preencher a memória o BST comum na demência • Deja vu: sensação de familiaridade com determinada percepção • Jamais vu: sensação de estranheza • Síndrome de Capgras: sensação de que seus parentes são impostores • Síndrome de Frégoli: sensação de quem um estranho é parente seu INTELIGÊNCIA: capacidade de articular as forças mentais em busca de soluções; capacidade de integrar conhecimentos; muitas vezes associada à capacidade de memória • Idade mental: é o nível intelectual médio de determinada idade • Teoria das inteligências múltiplas (Gardner): linguística, lógico-matemática, espacial, musical, cinestésico-corporal, interpessoal, intrapessoal • Deficiência mental: o Atraso ou insuficiência, QI < 7 o Interferência importante no desempenho social e ocupacional leve, moderado, grave e severo • Demência: deterioração global e orgânica do funcional intelectual, não há alteração no nível de consciência • Incapacidade de abstração: incapacidade de visualizar ou compreender situações ou problemas no plano subjetivo (ex: dificuldade de interpretar metáforas ou trocadilhos) AFETIVIDADE E HUMOR AFETO: experiência imediata e subjetiva das emoções sentidas (aspecto flutuante) HUMOR: sentimento predominante em um período maior; saldo geral das emoções do paciente • Mania: elevação patológica do nível de humor e afeto • Hipertimia: excesso de alegria; hipotimia: alegria reduzida • Depressão: sem vigor, embotamento, introspecção • Fobia: medo de forma extremamente exacerbada dirigido a um objeto • Hiperestesia emocional: aumento da sensibilidade • Indiferença: falta de reação afetiva a determinado estímulo • Anedonia: perda de prazer em determinada atividade/objeto • Puerilidade: expressão imatura exacerbada quanto ao nível de alegria • Incongruência: afeto inadequado à situação • Embotamento afetivo: sem expressão significativa de afeto • Disforia: alteração súbita do humor, tendendo à irritabilidade e agressão PENSAMENTO: conjunto de funções interativas para associar conhecimentos • Avaliação em 3 aspectos: forma/produção, curso e conteúdo o Forma: como o paciente associa suas ideias – lógica, ilógica, mágica o Curso: quantidade e velocidade de ideias – abundante, escasso, lento, acelerado o Conteúdo: aspecto das ideias – conectadas ou não com a realidade • Circunstancialidade: paciente conta detalhes desnecessários sobre determinado tema falta com objetividade pararesponder às perguntas • Tangencialidade: paciente começa a responder o tema questionado, mas logo divaga • Perseveração: permanência inadequada em determinado assunto • Delírio: o Ideia falsa ou crença irreal, certeza de convicção o Erro ao julgar a realidade o Irremovível, irrebatível, inargumentável o Aspecto crônico PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros OBS: delírio ≠ delirium - sintoma psicótico agudo decorrente de alterações clínicas. Corrigindo a causa, tende-se a resolver o problema. • Ideia supervalorizada: o Crença exagerada sem evidências que a sustentem o Menos grave que o delírio, porém mais comum o É passível de mudança com argumentação EXEMPLOS DE DELÍRIOS • Perseguição → tema mais frequente! • Referência: alusão ou autorreferência (acredita que as pessoas estão falando dela) • Influência: pessoa crê que uma força maior a domina • Grandeza: sensação de poder, beleza, inteligência • Místico ou religioso: capacidades estra- sensoriais • Ideias de ruína: depressivos, de culpa • Hipocondríaco: intensa fragilidade • Mitomaníaco: mente e acredita nas próprias mentiras • Ciúmes e infidelidade JUÍZO CRÍTICO: é a capacidade para perceber e avaliar adequadamente a realidade externa e separá-los dos aspectos do mundo subjetivo. Capacidade de se autoavaliar separando os impulsos e sentimentos. Capacidade de ter ima visão realista sobre si e o ambiente • Insight: importante mecanismo de mudança psíquica o Insight intelectual: compreensão lógica sobre um assunto o Insight emocional: compreensão ampla, global, leva à mudança de comportamento CONDUTA E APARÊNCIA: • Comportamentos e sinais observáveis no paciente • Gestos, toques, estereotipias, impulsos, verbalizações • Inquietação, agitação, lentificação, catatonia • Dramatização, risos imotivados, tricotilomania • Aparência excêntrica, tatuagens Identificação: feminino, 48 anos, branca, divorciada, recebe auxílio-doença, ex-vendedora e funcion´´aria pública, católica, ensino médio completo, mora sozinha, próxima da irmâ (Claudete). Vem à consulta com a irmã. QP: queixa-se de rebaixamento importante, isolamento social, apatia, não se alimenta normalmente, tranca-se no quarto com frequência, vê imagens de vultos e pensa em planejar o suicídio. HMA: há 20 anos, paciente começou a se apresentar com rebaixamento de humor importante, isolamento social e hiporexia. Já apresentou inúmeras tentativas de suicídio por ingestão de medicações, evoluiu com alucinações visuais e auditivas, pensamento persecutório e desorientação espacial. Mudou-se para Cascavel há anos para viver junto da irmã, ficou muito desgastada por responder processos criminais, nos quais foi citada em fraude por licitações em uma prefeitura que trabalha (Erechim-RS). Recebeu uma condenação precisando pagar até hoje cestas básicas a instituições de caridade. Refere ter sido inocentada em alguns processos. Divorciou-se há 4 meses, pois vivia relação bastante desgastadas com ex-marido. Segundo a paciente, seu ex-marido era bastante agressivo física e verbalmente. Sentia muito medo de denunciá-lo, considerando ser agredida novamente. Ficou muito triste com o falecimento do seu pai quando ela tinha 8 anos de idade. Tratamento atual: paroxetina 20mg (2-0-0); clorpromazina 25mg (0-0-1); amitriptilina 25mg (0-02); lamot 100mg (0-0-1); Rivotril 2mg (0-0-2); rispiridona 3mg (0-0-1). Exame mental: hipovigil, ansiosa, um pouco esquiva e receosa, hipobúlica, orientada no tempo e espaço, e autopsiquicamente, inteligência mediana, latência quanto à compreensão e respostas das perguntas, discurso lógico e coerente, embora lentificado e com bradilalia; pensamento com conteúdo lógico e curso um pouco lentificado, juízo crítico preservado, memória preservada com hipermnésia em relação a eventos traumáticos, depressiva, alucinações visuais. Aparência: autocuidado e higiene preservados, fácies com aspecto depressivo sem qualquer maquiagem. PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros Identificação: masculino, branco, solteiro, não recebe auxílio-doença, desempregado, católico, ensino médio incompleto (está cursando 3º anos EM com professora monitora), mora com os pais, vem à consulta com a mãe Adriana. HMA: mãe refere gestação sem intercorrências, de 40 semanas, parto cesárea (com auxílio de fórcipe). Desde que nasceu, sempre foi muito agitado, chorava com muita frequência, ficava a maior parte do tempo com a mãe, ficando ansioso e choroso com outras pessoas (até mesmo com o pai). Começou a falar e andar com 4 anos de idade. Também tinha comportamentos estereotipados repetitivos como assistir várias vezes os teletubies, rituais de organização (arrumando seus objetos sempre em um mesmo lugar, sofrendo bastante caso estivessem desorganizados). Até hoje conserva comportamentos repetitivos de organização. Além disso, costuma ir várias vezes ao banheiro, demora para tomar banho, abre e fecha as torneiras várias vezes. Aos oito anos, costumava se arranhar nos MMSS e face, geralmente quando era repreendido, ou chamado a atenção por levar muito tempo com seus rituais. Tende a reagir com intensa frustração quando pressionado. Seu pai tem mais dificuldade de lidar com o filho ou saber esperar Mateus concluir seus rituais. Passou por acompanhamento na infância com pediatra, sendo aventado o diagnóstico de TDAH. Apresentava piora da agitação psicomotora quando administrado ritalina. Na adolescência, po diversas vezes, sofreu bullying na escola. Até hoje tem muita dificuldade de fazer amigos e expressar qualquer comportamento afetivo, mesmo com a mães. Há 2 anos começou a se queixar de alucinações auditivas e sente-se muito incomodado com isso. Exame mental: hipervigil, ansioso, um pouco esquivo e receoso, normobulia, orientado no tempo e espaço, e autopsiquicamente, déficit cognitivo leve, ecolalia (pensamento com conteúdo pobre e curso um pouco lentificado). Juízo crítico comprometido, memória preservada, pueril, alucinações auditivas. Aparência: autocuidados e higiene preservados, paciente não faz contato visual, não permite aperto de mão, estereotipias (movimentos repetitivos com as mãos – flapping). PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros Depressão EPIDEMIOLOGIA E PREVALÊNCIA • 17% da população • Em média 15% dos TDM cometem o suicídio • Geralmente pacientes com depressão também apresentam ansiedade • Maior incidência em faixas etárias: o Dos 20-40 anos: pico da intensidade dos sintomas aos 27 anos o Também comum na infância (não buscam ajuda espontaneamente) e adolescência (14%) • Puerpério e climatério: mulher produz serotonina 2x menos • 2x mais comum em mulheres: hormônios, abuso; em média 2 mulheres : 1 homem • Elevado índice de suicídio nas camadas com maior renda • Doença que mais gera afastamento do trabalho pelo INSS → ATESTADOS! • Aspecto crônico: o 50-60% com TDM terão um 2º episódio (indicação de tratar por até mais 2 anos) o 70% dos pacientes com 2º episódio terão 3º episódio o 90% dos pacientes com 3º episódio terão 4º • Quanto mais tempo demora para tratar, mais complicado o caso; quanto mais os pacientes conseguirem desempenhar as “tarefas” (mudanças de hábitos e estilo de vida), melhor o prognóstico • Idosos com sintomas demenciais podem ser tratados com antidepressivos (principal fator de risco para demência é depressão não tratada ou subtratada) • Mais comum em solteiros do que em casados • Mais comum em divorciados do que entre os que não foram casados ainda • Traumas, negligências na infância, falta de afeto parental • Óbito de familiares (mãe que enterra o filho) • Humilhação na adolescência (bullying) e vida adulta • Parentes de indivíduos com depressão • Doenças crônicas incapacitantes, amputações – deficiência física o Exposição prolongada a corticoides o Anemia, hipotireoidismo,insuficiência adrenal, ostomizados o Hospitalização prolongada o Neoplasia com prognóstico ruim • Cometimento de erros graves em trabalhos → exposição pública • Acúmulo de dívidas: perda de patrimônio, mudança rápida e decrescente de poder monetário • Desnutrição (principalmente na infância) • Dependência química → paciente = refém! Sentimento de impotência o Álcool: euforizante no início, depressor em sequência • Dor física prolongada → paciente = refém • Ansiedade e insônia → desgaste → paciente = refém • Lembrando: depressão é transtorno do eixo 1 • Conjunta a transtornos de personalidade (eixo 2) o Personalidade histriônica; personalidade borderline o Personalidade obsessiva o Personalidade depressiva (não é frequente com personalidade antissocial) • Sintomas podem ocorrer no transtorno bipolar (depressão unipolar é o TDM) o Depressão bipolar: CID -10: F31.4 • Correlação com anorexia, bulimia, vigorexia • Podem ocorrer sintomas depressivos em síndromes psicóticas; ex: esquizofrênico que perdeu capacidade de trabalho • Retardo mental pode ter sintomas depressivos o Sentimento de exclusão e impotência o Baixo repertório mental (menor capacidade de abstrair, solucionar, escapar de situações estressoras) • TDAH → frustração pelo déficit de performance e atraso PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros OBS: o hábito de leitura consistente tem correlação com aprendizado, ou seja, formação de novas associações neurais, consequentemente, há aumento do repertório para resposta a fatores estressores ambientais. TEORIAS PSICANALÍTICAS ID • Instância do inconsciente movida ao prazer • Expressão espontânea, amoral, instintiva, nato Superego: • Parte do aparelho mental ligada à vigilância • Sensor do que é incorreto à norma cultura • contrário ao ID – limitador dos desejos prazerosos (um superego muito exacerbado/punitivo pode estar relacionado com a resistência da depressão) • Pode haver expressão consciente e inconsciente • Pode ser formada por uma criação muito coercitiva, a criança introjeta na própria personalidade esse traço Ego: • Parte do aparelho mental • Consciente e regulador entre ID e superego • Equilíbrio do aparelho mental • Regido pelo princípio de realidade • Mantém a sanidade da personalidade Critérios diagnósticos do transtorno depressivo maior (DSM; CID 11) A. 5 ou + dos sintomas seguintes presentes por, pelo menos, duas semanas, e que representem mudanças no funcionamento prévio do indivíduo; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer (anedonia) 1. Humor deprimido na maioria dos dias, quase todos os dias ou observação feita por terceiros. Nota: em crianças e adolescentes pode ser humor irritável. 2. Acentuada diminuição do prazer ou interesse em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia e que antes eram prazerosas (ANEDONIA!). 3. Perda ou ganho de peso acentuado sem estar em dieta (p.ex.: mais de 5% do peso corporal em um mês) ou aumento ou diminuição do apetite quase todos os dias Nota: em crianças, considerar incapacidade de apresentar ganhos de peso esperados. 4. Insônia (típica) ou hipersonia (atípica) quase todos os dias. 5. Agitação ou retardo psicomotor quase todo os dias. 6. Fadiga e perda de energia quase todos os dias 7. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada (que pode ser delirante) quase todos os dias. 8. Intensa desatenção, falta de concentração e indecisão - a melhora desse quadro não necessariamente envolve medicação específica 9. Pensamento de morte recorrente, ideação suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico de cometer suicídio. B. Sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social. C. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (droga) ou outra condição médica. • Humor eufórico • Gastos supérfluos • Taquipsiquismo • Baixa necessidade de sono • Piora do quadro ou virada maníaca com antidepressivos • Passou por vários tratamentos antidepressivos sem qualquer melhora • Períodos de normalidade mesmo sem tratamento • Procura o tratamento somente na fase depressiva • Forte relação com histórico familiar • Paciente hiper sexualizado (pode apelar para pornografia, prostituição, exposição pública, masturbação pública etc. – sinais de psicose!) • Agressividade • Bipolar disfórico e os vários tipos de transtorno bipolar • Difícil diagnóstico – confundo com transtorno de personalidade histriônica e borderline PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros Depressivos e ansiosos também ciclam! Apresentam fases de melhora e piora clínica na história natural da doença e mesmo durante o tratamento. São pacientes vulneráveis a vícios pela busca de liberação da dopamina – drogas, sexo etc. o principal neurotransmissor envolvido no tratamento da depressão, contudo, é a serotonina. ATENÇÃO • Diminuída ou hipervigil se ansiedade comórbida • Diminuição da capacidade de concentração SENSOPERCEPÇÃO • Aumentada quanto a fatores estressores • Maior sensibilidade à dor, frio • Irritabilidade ao calor, ruídos, odores • Diminuição do prazer gustativo (depressão típica) • Compulsão alimentar (depressão atípica) • Diminuição do prazer sexual (atenção! libido elevada fala contra depressão, exceto em casos psicóticos) • Alucinações no nível psicótico MEMÓRIA • Hipermnésia traumática, ruminações mentais (diários são importante ferramenta de validação de boas memórias, além de abstração de fatores estressores) • Distanciamento dos momentos prazerosos • Pseudo-demência dos idosos INTELIGÊNCIA: diminuição na produtividade geral; redução da capacidade de abstração AFETO E HUMOR: depressivo PENSAMENTO: • Curso lento, conteúdo empobrecido • Ideias supervalorizadas de ruína, pessimismo • Aspecto delirante na depressão psicótica • Diminuição da capacidade de tomar decisões LINGUAGEM: bradilalia; perseveração em situações ruins CONDUTA • Lentificação motora • Agitação nos quadros de ansiedade ou psicóticos, comórbidos (catatonia na depressão melancólica (baixa noradrenalina) ANEDONIA: diminuição da capacidade de experimentar prazer; perda de interesse INFLUÊNCIA SAZONAL: agravamento matinal da depressão: piora dos sintomas depressivos em meses de inverno; piora em meses com menos luz solar INSÔNIA: • Depressão típica → em todos os períodos do sono (terminal é mais comum) • Depressão atípica: hiper sonolência OUTROS: • Percepção lentificada da passagem do tempo • Fadiga importante, mesmo com esforço mínimo • Falta de prospecção – iniciativa para atividades futuras LEVE, MODERADO, MAIOR (com ou sem sintomas psicóticos) MELANCÓLICA: muito grave, ideação suicida, psicose, internação, catatonia, refratariedade a muitos tratamentos (eletroconvulsoterapia) DISTIMIA: quadro leve, por pelo menos 2 anos, não incapacitante; depressão maior pós distimia → depressão dupla ATÍPICA: intenso apetite e sonolência (geralmente associado à ansiedade e/ou distúrbios alimentares) SAZONAL: de períodos frios, com pouca luz solar DISFORIA MENSTRUAL: quadro leve, menstrual, irritabilidade LUTO: avaliar nível de prejuízo, é possível aguardar 6 meses BLUES PUERPERAL: quadro leve, no pós parto, até 20% das puérperas, muitas vezes não necessita medicação NORADRENALINA • Reduzida na depressão • Lócus ceruleus • Fadiga, déficit de memória e pensamento PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros SEROTONINA • Principal! Está reduzida • Tanto na depressão quanto na ansiedade comórbida • É freio dos comportamentos impulsivos • Núcleo da Rafe DOPAMINA • Reduzida • Anedonia, desinteresse, lentificação psicomotora • Via nigro-estriatal Eixohipotálamo-hipófise-adrenal está hiper ativado em deprimidos, causando estresse crônico. Se há estresse, há intensa ansiedade correlacionada! O cortisol em excesso pode ativar a quebra de tecidos no organismo, pode haver uma relação com uso intenso das vias de energia, o que justificaria a fadiga e o cansaço MANEJO: TRATAMENTO COMPORTAMENTAL E FARMACOLÓGICO O médico precisa fazer algo efetivo! Importante exercer empatia durante as consultas • O sofrimento estará presente em todas as áreas e casos na Medicina • Estágio de clínica e/ou saúde coletiva • Demora dos encaminhamentos ao especialista (CISOP – 2 anos) • A UBS (o clínico geral e sua equipe) devem resolver 80% dos problemas de saúde de sua região O que fazer? • Consultas periódicas, em curto intervalo de tempo. Desenvolver empatia e acolhimento, sempre se esforçar para realizar um bom atendimento (“como você gostaria de ser atendido? Como você gostaria que alguém que você se importa fosse atendido?”) • Solicitar a presença de um familiar: o Dividir a responsabilidade do problema (medicina defensiva) o Orientar a procurar o SAMU ou OS em uma crise de ansiedade, ou psicose o A família não sabe a sequência do manejo correto, não conhece os critérios de internação involuntária Perguntando sobre suicídio: • Paciente chora • Promover a reflexão: razões para morrer X razões para continuar vivendo • Mistura de sensações: fuga/culpa/medo/vergonha/arrependimento • Pensou? Teria coragem? Visualiza uma forma de fazer? Já tentou? Já tentou várias vezes? Tentou recentemente? Tentar compreender os fatores estressores socioambientais-familiares: • Ver a possibilidade de intervenção nos fatores que pioram o quadro • Intervenção psicológica e social • Muito importante no tratamento de crianças e adolescentes – o pai e a mãe podem precisar de tratamento o Depressão em crianças: irritabilidade o Pode ser necessário pedir para falar sozinho com a criança/adolescente • Avaliar a possibilidade de o paciente ter uma postura proativa no tratamento: o que posso fazer para me ajudar? • Cobrar a importância da atividade física aeróbia Vendendo ideias para o paciente: • Não existe nada de errado em buscar ajuda • Pessoas de todas as classes pessoais já precisaram de ajuda • O psiquiatra é o último da fila dos médicos a serem procurados • Sentimento de conforto e inclusão – princípio de grupo de apoio dos narcóticos anônimos Vendendo ideias ao paciente - Aspectos motivacionais: • Discrição sobre o problema: “estamos cercados de especialistas” • Cuidado ao ler bula dos medicamentos – palpites, interrupção do tratamento, recaídas, crises mais graves; tratamentos mais caros, menos acessíveis • Os tratamentos psiquiátricos são muitas vezes longos – depreção é uma doença crônica • Não desistir do tratamento se efeitos colaterais • Vender a ideia de que existem vários tipos de tratamento, haverá um tipo que se adequa ao paciente PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros • Os tratamentos evoluíram muito • Existem tratamentos que não engordam ou que não causam prejuízo importante na função social • Procurar qualidades do paciente e apresentá-las (relato de acompanhamento – técnica do espelho) • O paciente gosta de escutar que não ficou louco! • Usar o diário como ferramenta de validação de boas características/bons momentos • Contar sobre as pessoas que melhoram, conforta o paciente • Uso não é restrito a transtorno bipolar • Única medicação com efeito direto na proteção ao suicídio – ação direta no impulso depressivo; os demais antidepressivos agem nos sintomas que poderiam levar à ideação suicida • Ação potencializadora de antidepressivos – tricíclicos o Potencializador trimonoaminérgico o Prescrição isolada para tratamento do TDM não é efetiva • Dose usual na ideação suicida: 300mg de 12/12h geralmente não faz litemia • Cuidar com pacientes desidratados, pacientes que usam diuréticos, hipotireoideos graves, insuficiência renal, pacientes que usam ISRS, IECA • Uso crônico de lítio pode depletar função tireoidiana! E diminuir a função renal • Litemia: no bipolar 7-10 dias após início ou aumento de dose o Coleta de sangue: 12h após a últimas tomada • Custo e acesso à medicação: “tiro de canhão ou estilingue” • Medicar na medida certa • Objetivo: resolver vários problemas com uma conduta; cuidado em não polimedicar o paciente (custo elevado do tratamento e efeitos colaterais) • Disponibilidade no SUS se o paciente pode comprar – lembrar que os tratamentos são longos (crônicos) • Sintomas alvo no paciente – boa parte dos antidepressivos tem ação ansiolítica • Nível de gravidade • Comorbidades do paciente • Considerar possíveis efeitos colaterais que deixem o paciente aversivo ao tratamento (sedação, diminuição da libido, aumento de peso) PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros (1): na maior parte dos casos inicia-se com ISRS; (2): lítio, T3, metilfenidato, antipsicótico atípico (quetiapina), pregabalina, gabapentina, benzodiazepínicos, terapia cognitivo comportamental, buspirona, folato, L-MTHF: L-metil-tetra-hidrofolato, reposição de estrogênio, DBS, estimulação magnética trans craniana, mindfulness, estimulação no n. vago. (3): queijos e vinhos – tiramina eleva PA ANTIDEPRESSIVO MACETE FLUOXETINA - ISRS Mulher acima do peso, ansiosa, comilona, intensa TPM, gestante, lactante, não levanta da cama, criança depressiva/irritada Tem efeito na libido Pode causar dispepsia (adm VO em cápsula) SERTRALINA Depressivo e ansioso com várias comorbidades e risco CV (ICC, arritmias, dislipidêmicos, diabéticos) – fator de proteção principalmente para ICC Não causa aumento de peso TEPT (1) – droga de maior evidência (venlafaxina é a 2ª): náuseas e diarreia; depressão psicótica Tem efeito no TOC Segura em gestação e lactação PAROXETINA -ISRS Ansiedade, pânico, TOC, ejaculação precoce (urologistas) Sedação, efeitos anticolinérgicos (tremor, boca seca, constipação), aumento de peso Não fazer na gestação “é o mais tricíclico dos ISRS” E-CITALOPRAM CITALOPRAM Depressões e ansiedades leves-moderadas Menor efeito na libido Baixa interação com outras medicações Pacientes receosos Citalopram prolonga QT e ação sedativa – receptor H1 (geralmente adm à noite) E-citalopram (é apenas o isômero S) é mais puro que citalopram (isômeros ópticos e receptores histaminérgicos) FLUVOXAMINA Depressões leves a moderadas Pacientes com queixa de redução de libido com outros ISRS Preferível à noite TOC CUIDADO! ➢ É um potente inibidor da enzima CYP450 1ª2 ➢ Eleva muito os níveis de duloxetina de prescrita conjuntamente ➢ Deve-se reduzir a dose de duloxetina para evitar efeitos colaterais (elevação da PA) TRICÍCLICOS Ação serotoninérgica + noradrenérgica (pode ter efeito dopaminérgico) Efeitos colaterais anticolinérgicos Contraindicações: IAM recente, bloqueio de ramo, prostatismo, retenção urinária, íleo paralítico, glaucoma de ângulo fechado Baratos e disponíveis no SUS Depressões graves/melancólicas (doses altas – associar para evitar doses altas) Gestação e amamentação PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros Efeitos colaterais: bloqueio nos receptores colinérgicos muscarínicos ➢ Sedação e ganho de peso ➢ Boca seca, visão turva, retenção urinária, constipação ➢ ↓ liberação de insulina ➢ Hipotensão ortostática e tontura Fraco bloqueio dos canais Na+ sensíveis a voltagem no coração e cérebro: coma, arritmias, convulsões e morte (doses altas) (1): transtorno de estresse pós-traumático “farmacinha do transtorno de ansiedade generalizada”: 1ª LINHA: ISRS, benzodiazepínicos, duais, buspirona (potencializador para antidepressivos) 2ª LINHA: trazodona, mirtazapina, tricíclicos, anticonvulsivantes ADJUVANTES:terapia cognitiva comportamental, antipsicóticos atípicos, hipnose, atividade física aeróbia, boa alimentação, espiritualidade etc. Antidepressivos e efeito na libido: TOC – drogas e combos de 1ª linha: • Clomipramina (principal) • Paroxetina • Fluvoxamina • Clomipramina + paroxetina/fluvoxamina Drogas de 2ª linha: fluoxetina, sertralina, escitalopram BUPRIONA • Tabagismo (maior efeito com 300mg/dia) • Depressivo com anedonia, sonolência e indisposição • Algum efeito na alimentação compulsiva e atua contra a redução de libido pelos ISRS • Não fazer no paciente com histórico de psicose, epilepsia e tumor de SNC, hipertensão intra- craniana • Cuidar no hipertenso (pela ação da nora) • Optar pelas fórmulas com liberação controlada MIRTAZAPINA • Depressões graves • Associação interessante com ISRSN • Auxilia na insônia • Baixa ação na libido • Cuidar com aumento de peso • Baixa interação com medicações – usada em idosos, mas cuidar com cardiopatias, DM2, dislipidêmicos devido ao aumento de apetite • 2ª indicada pra trauma pós-traumático • Associação com antidepressivos duais apenas em casos muito graves! (risco de síndrome serotoninérgica – aumento da ansiedade) trazodona (donaren), mirtazapina (remeron), agomelatina (valdoxan) vortioxetina (brintellix) fluvoxamina (luvox ou revoc) escitalopram (lexapro, reconter, espran, exodus), citalopram (procimax) ISRSN (duais) - desvenlafaxina (pristiq, elifore) sertralina (zoloft) fluoxetina (prozac, verotina, daforin) paroxetina (paxil, cebrilin, pondera) clomipramina (anafranil, CLO), demais tricíclicos PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros TRAZODONA • Não tem efeito na libido, nem no peso • Acelera a ereção (efeito colateral raro: priapismo) • Adjuvante na insônia • Bom antidepressivo e tratamento de dores difusas (em doses elevadas > 150mg/noite) → tratamento caro em monoterapia SIBUTRAMINA • Não é aprovada para depressão • Indicação para compulsão alimentar e tratamento da obesidade → endocrinologista! • É vendido como faixa preta • Possível associação com fluoxetina • Tomar de manhã • Contraindicação: cardiopatas, hipertensão não controlada, gravidez e amamentação, anorexia, uso com IMAOS ISRSN – OS DUAIS • Forte ação serotoninérgica e noradrenérgica (ação dopaminérgica) • Depressões graves, ansiedade • Seguros quanto ao aumento de peso • Depressões com dores difusas • Sintomas do climatério • Sem estudo para gestação • Difíceis de retirar, maior custo de tratamento; intensa náusea ao esquecer de tomar • 1ª dose = forte ação serotoninérgica; pouca ação noradrenérgica • Dose dobrada: forte ação serotoninérgica e noradrenérgica • Desvenlafaxina é uma venlafaxina com menos efeitos colaterais e trata sintomas do climatério, porém a venlafaxina em doses mais altas apresentar maior efeito antidepressivo Gestação: fluoxetina e tricíclico; considerar outras classes apenas em casos muito graves e analisar custo- benefício. QUITIAPINA • Antipsicótico atípico • Pode ser utilizada na depressão, depressão bipolar e psicose • 50mg: atua na insônia; 300mg: antidepressivo; 800mg: antipsicótico (ruim: dose muito alta, efeitos colaterais e custo elevado) IMAO • Raro utilizar • Usado em grandes centros, “tentativas heroicas” • Última escolha, é possível associações • Os primeiros antidepressivos BENZODIAZEPÍNICOS • Efeito imediato • Casos de crise ansiedade • Quanto mais rápida a ação, mais rápida a eliminação • Sedação (intubação) • Insônias terminais • 1ª linha para depressões catatônicas, etilistas • Contraindicação: uso crônico na gestação = teratogênicos; miastenia gravis • Evitar para estresse pós-traumático • Problema = uso isolado → não há tratamento da doença de base • Intoxicação → flumazenil 1ml EV 30s ZOLPIDEM • Indutor de sono/sedação • Pode gerar dependência • Flumazenil também é antídoto PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros Transtorno Afetivo Bipolar EPIDEMIOLOGIA • Prevalência 1-2% • Faixa etária mais comum: 21 anos • Mesma proporção entre homens e mulheres • Começa com episódio maníaco no homem, depressivo na mulher • Já recebeu a denominação psicose maníaco depressiva • Grupo populacional comum: solteiro e divorciado (caráter Hipersexualizado na fase de mania pode causar conflitos nas relações) • Causa desconhecida! • Risco entre parentes de 1º grau: 9% • Em gêmeos: 79-83% • Quanto mais precoce o início, pior o prognóstico: maior cronicidade, ciclagem rápida, estados mistos, • ↑ Psicose ↑ resistência ao tratamento ↑ ideação suicida • Geralmente se inicia no final da adolescência e início da vida adulta • A incidência de mania costuma diminuir com a idade → menor disposição com o avançar da idade CONCEITOS GERAIS: humor anormalmente elevado ou irritável (disforia) por 1 semana, com pelo menos 3 dessas características • Autoestima muito elevada sem um correspondente motivador imediato proporcional • Redução da necessidade de sono • Taquilalia, taquipsiquismo – fuga de ideias • Fácil distração • Elevação da libido (pode se expor a riscos) • Envolvimento muito intenso com trabalhos ou esportes (pode chegar à exaustão) • Gastos supérfluos desorganizando o orçamento → gasto psicótico ≠ gasto exagerado de ansiosos e deprimidos que o fazem para preencher um vazio/aliviar angústias ou por desorganização Outras características: • Expansão patológica do afeto ou humor → atrapalha, desorganiza, invade a privacidade dos outros, gera constrangimento, a deixa expostas • Funções vegetativas inalterados • Pressão por falar, logorreia • Delírios de grandeza, “supercapacidades” • Elação (“ego inflado”): sensação de elevação da autoestima, pode haver arrogância, excesso de confiança • Diminuição da concentração, distração, “pensamento arborizado, colorido”, fuga de ideias • Fácil irritabilidade (disforia) • Alucinações e delírios: conteúdo religioso, ideias de grandeza, erótico e poder, pode haver delírios persecutórios • Pensamento acelerado, sensação de rápida passagem do tempo! → cada momento precisa ser aproveitado, comportamento hedonista • 80% dos pacientes apresentam diminuição da necessidade do sono • Metade dos pacientes com aspecto Hipersexualizado (é considerado patológico quando causa desorganização na vida do paciente) • Aumento patológico do esforço dirigido a uma atividade, trabalho, estudos, esportes, diversão • Envolvimento excessivo em atividades prazerosas, potencial para consequências danosas, ex: gastos supérfluos, indiscrições sexuais (sedutor), benevolência exagerada (comum em pacientes ricos) → diferenciar do depressivo que compra para preencher um vazio e do ansioso compulsivo OBS: a mania pode ser entendida como humor psicótico, pela quebra de juízo da realidade. muitas vezes o paciente não percebe o sofrimento na mania (crítica sobre a própria comorbidade prejudicada). • Menor intensidade dos sintomas da mania • Ausência de sintomas psicóticos • Menor gravidade • Geralmente não causa prejuízo acentuado • Muitas vezes passam despercebidos pelo paciente e família confundindo o diagnóstico, focando-se apenas no polo depressivo OBS: pacientes bipolares costumam ter grande envolvimento com artes! PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros • Presença simultânea de sintomas maníacos e depressivos • Período de 1 semana • Estado complexo, difícil diagnóstico, mas muito frequente • Disforia: confunde com personalidade borderline – é possível superposição! o Hipersensibilidade a luz e sons o Impulsividade o Tensão interior o Ansiedade • Aumento da impulsividade (gravidade!) → maior risco de suicídio; abuso de múltiplas drogas excitatórias • Sintomas psicóticos • Ideaçãosuicida – meios violentos Ideação suicida • Pacientes com TAB tem 28x mais chance de cometer suicídio • Adultos o 20-55% tentam o suicídio pelo menos 1x o 10-15% conseguem o suicídio (adultos) • Adolescentes: o Tentativas 44% o Suicídio: 72% o Forte correlação com TDAH e personalidade borderline • Idosos: quadro mais brando • Relação entre tentativa de suicídio e conseguir o suicídio: o 5:1 em pacientes com TAB o 15:1 população geral • Perturbação crônica e flutuante do humor • Geralmente por período de 2 anos • Alternância de sintomas hipomaníacos e depressivos menores Ciclagem rápida na ciclotimia • 4 ou + episódios maníacos ou depressivos no período de 1 ano → dificilmente o paciente vai saber identificar os episódios, o que torna essa definição pouco prática • Muitas vezes relacionado a fatores precipitantes: o Uso abusivo de bebida alcóolica (etilista agressivo, disfórico) o Efeito de antidepressivos É preciso excluir outras causas excitatórias de comportamento antes de definir a mania! • Avaliar se os sintomas são decorrentes de efeito de substâncias: álcool, cocaína, crack, metilfenidato, LSD, MDMA, bupropiona, efeito de antidepressivos (combinações potentes), efeito de cafeína, taurina, termogênicos, anabolizantes • Avaliar se ocorre uma condição clínica: hipertireoidismo, hipercortisolemia, hiperativação adrenal, hipertensão, taquiarritmias, neurossífilis, aids, epilepsias, tumores do SNC, alterações bruscas e acentuadas na glicemia DEPRESSÃO BIPOLAR • Quadro de sintomas depressivos no paciente bipolar • Início precoce – 15 anos • Intensa gravidade (psicose, ideação suicida) • Instalação abrupta • Grande frequência de sintomas psicóticos (sem histórico linear de depressão (evolução de leve → moderada → grave) • Maior sensibilidade à rejeição • Elevada incidência no puerpério • Resposta positiva a lamotrigina, quetiapina, bupropiona (em pacientes não psicóticos) • Depressivos com ação serotoninérgica são aqueles com maior risco de virada maníaca! Fazer diagnóstico diferencial com transtorno bipolar! • Humor eufórico • Gastos supérfluos • Taquipsiquismo • Baixa necessidade de sono • Piora do quadro ou virada maníaca com antidepressivos PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros • Passou por vários tratamentos antidepressivos sem qualquer melhora • Períodos de normalidade mesmo sem o tratamento • Procura o tratamento somente na fase depressiva • Forte relação com histórico familiar • Paciente Hipersexualizado • Agressividade Dificuldades: • Bipolar disfórico e vários tipos de transtorno bipolar • Difícil diagnóstico • Confunde com transtornos de personalidade histriônica e borderline • É possível haver períodos de normalidade no TAB OBS: tipos de TAB • Hipomania: duração de 4 dias e perda de função, mas sem sintomas psicóticos • Ciclagem rápida: 4 episódios de depressão/hipomania em 1 ano • TAB I: presença de depressão maior com 1 episódio maníaco • TAB II: presença de depressão maior com episódio hipomaníaco • TAB misto: sintomas de depressão maior e mania ao mesmo tempo • Transtorno ciclotímico: episódios hipomaníacos e depressivos menores por 2 anos Os tipos mais comuns: • Mania X depressão • Normal X mania • Normal X disforia • Normal X disforia X mania X depressão fatores de mal prognóstico • Episódios mistos, ciclagem rápida (relação com a disforia) • Sintomas psicóticos • TAB na infância e adolescência • Comorbidades: TDAH, ansiedade • Nível socioeconômico baixo • Baixo insight sobre a doença → baixa adesão ao tratamento • Eventos negativos: trauma, abusos • Baixo suporte familiar (supervisão ao tratamento) TRATAMENTO DO TAB • Não há cura, apenas controle • O tratamento não reduz a criatividade! Lítio • Forte inibição à enzima GSK3-beta (mecanismo não é totalmente claro) • Eficaz em todas as fases, maior evidência na mania • Cuidar com pacientes hipotireoideos, insuficiência renal, usuários de AINEs, usuários de diuréticos • Forma correta de tomar: 12/12h ou 1x com liberação controlada • Forma errada:8/8h (considerando a ½ vida do lítio) • Ação protetora contra suicídio nas fases depressivas • Potencializador de antidepressivos • Litemia: após 7-10 dias tomando, dosar 12h após a última tomada PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros • Eficácia em todas as fases do TAB e evidência nos estados mistos (na prática é mais usado para disforia e mania) o Ácido valpróico (Depakene) o Divalproato (Depakote) = 1ª linha (Depakene tem menos efeitos colaterais) o Carbamazepina (Tegretol) = 2ª linha • Lamotrigina (Lamictal Lamitor) – trata o TAB por baixo (sintomas depressivos); é preciso cuidado e aumentar as doses gradualmente para evitar reação dermatológica autoimune OBS: Macete do tratamento para TAB: Li (em monoterapia) Do (em monoterapia) La-Li + Aa Li-Do La-Li-Do Li: lítio La: lamotrigina Do: divalproato Aa: antipsicótico atípico PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros “lami-quel” com ou sem bupropiona → lamotrigina + seroquel (quetiapina) Bupropiona não pode ser usada em casos de histórico de psicose, pois aumenta o aporte de dopamina no SNC La + Quet Li + La +Quet + bupropiona Li +La + Olanzapina/Lurasidona ISRS = último caso! Muito cuidado, só utilizar em baixa potência, pois há risco de virada maníaca (fluoxetina + olanzapina → marca nos EUA: Symbyax) PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros Psicose e esquizofrenia ESQUIZOFRENIA • Falta de conexão entre razão e cognição • Doença crônica, incapacitante, evolução progressiva • Incurável • Prevalência 1% da população • 2/3 não tem funcionamento social • Paciente frequente em CAPS: pacientes com prejuízo cognitivo grande devido à psicose crônica, o que impossibilita que essas pessoas trabalhem → o CAPS oferece atividades ocupacionais (oficina de yoga, teatro, artesanato, música) • Diagnóstico precoce auxilia para bom prognóstico o Detecção em personalidades pré- esquizofrênica, o prognóstico é ainda melhor • Mais comum em homens do que em mulheres (1,4 :1) – curiosidade: homens altos nascidos em meses frios • Devastador no homem • Mais comum nas cidades do que no campo • Kraepelin (1894) – definia esquizofrenia como “demência precoce” • Pico de incidência: o 13-25 anos no homem o Aos 20 anos na mulher o Uso de maconha na adolescência aumenta a predisposição • Paciente fica pior a cada novo surto • Risco de 5% de suicídio entre os esquizofrênicos (1% na população geral) PERÍODO PRÉ MÓRBIDO: 0-13 anos • Gravidez não desejada, parto em meses frios • Demora para ficar em pé, elevada estatura • Começa a andar após 1,5 anos e falar após 2 anos • Crianças com poucas experiências de afeto • Timidez, poucas amizades, dificuldades escolares • Uso frequente de maconha na escola PERÍODO PRODRÔMICO: 13-17 anos • Piora no desempenho e abandono escolar • Agressividade com os colegas e família • Isolamento social • Possível comportamento esquizoide, paranoide, esquizotípico leve • Sintomas depressivos relacionados ao embotamento afetivo • Aumento da frequência do uso de maconha PERÍODO PROGRESSIVO: 18-25 anos • Psicose franca • Perda completa do insight sobre a doença • Paciente em situações de rua • Delírios, alucinações, agressividade • Maior embotamento afetivo-volitivo • Possível início ou não de tratamento CRONIFICAÇÃO: > 25 anos • Disfunção sócio-ocupacional com a estabilização dos sintomas chaves, ou coma piora do quadro PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros PSICOSE: conjunto de sinais e sintomas nos quais a capacidade mental da pessoa, sua resposta afetiva e sua capacidade de reconhecer a realidade, de ser comunicar e de se relacionar com outras pessoas estão alteradas. O autismo pode apresentar características de TOC, psicose e esquizofrenia etc. • Projeção paranoide • Beligerância hostil • Expansividade grandiosa (delírios místicos/religiosos)) • O delírio é bem evidente PROJEÇÃO PARANOIDE • Quadro de sintomas positivos • Delírios: persecutórios são os principais! Mas também de referência, somáticas, grandeza, influência, místicos, eróticos • Intenso medo com as crenças delirantes • Acredita que as pessoas estão falando sobre ele • Ideias de vítima de uma conspiração • Sensação de controle por parte de outras pessoas (“roubo de pensamentos”) DISTORÇÕES COGNITIVAS E SENSOPERCEPTIVAS • Medo e incômodo por vozes alucinatórias • Vozes que acusam, culpam ou ameaçam de punição • Alucinações visuais, táteis, gustativas e olfativas (lesão do lobo temporal) • Objetos, pessoas familiares parecem bastante alterados DISTÚRBIOS MOTORES • Posturas rígidas peculiares (estereotipadas) • Gestos repetidos peculiares (TOC psicótico – depende do nível de desorganização) • Sorrisos inadequados (afeto incongruente) • Conversar, balbuciar ou falar em voz baixa consigo mesmo (solilóquios) • Vacância (andar sem rumo) BELIGERÂNCIA HOSTIL • Atitude hostil, irritável e mal-humorada • Heteroagressividade • Intenso ressentimento • Culpa os outros pelos seus problemas • Encontra defeitos em si e nos outros • Desconfiança nas pessoas • Automutilação – casos mais graves EXPANSIVIDADE GRANDIOSA • Expressar atitude de superioridade • Ouvir vozes que elogiam e exaltam • Considerar ter poderes fora do comum • Correlação com delírios místicos ou religiosos • Desorientação e excitação • Linguagem desconexa: respostas irrelevantes ou incoerentes • Desviar-se do assunto • Uso de neologismos • Repetição de palavras e expressões • Desorientação no tempo, espaço ou de si mesmo • Expressão de sentimentos sem restrições • Manifestação de fala apressada • Elevação de humor (na psicose do TAB) • Demonstrar atitude de superioridade • Dramatizar a si próprio ou os próprios sintomas • Falar alto e de forma tumultuada • Intensa hiperatividade e inquietação • taquilalia • Retardo e apatia: fala mais lenta, indiferença quanto ao próprio futuro, mímica facial rígida, movimentos lentos, deficiência na memória recente, bloqueio da fala, fala baixa ou sussurrada e não responde a perguntas • Autopunição e intensa ansiedade: tendência a se culpar ou se condenar, ansiedade em relação a temas específicos, atitude de autodepreciação, preocupação com ideias de suicídio, pensamento com intromissão de ideias indesejadas, medos específicos, senti-se indigno ou pecador • Sintomas depressivos: humor depressivo, ansiedade, culpa, tensão, irritabilidade, ideação suicida; geralmente ocorrem antes do embotamento afetivo franco ALOGIA: disfunção da comunicação; restrições da fluência e na produtividade do pensamento e da fala ACHATAMENTO OU EMBOTAMENTO AFETIVO: restrições na amplitude e na intensidade da expressão emocional (quando surge PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros precocemente, indica mal prognóstico); o uso de antipsicóticos típicos podem causar embotamento afetivo como efeito colateral (diferente dos atípicos) ASSOCIABILIDADE: redução do interesse e da interação social ANEDONIA: redução da capacidade de sentir prazer (é diferente da depressão, não está carregada do elemento sofrimento); “tanto faz, tanto fez”; sem análise aprofundada ou julgamento sobre esse estado anedônico (diferentemente da depressão, em que o paciente percebe e compara a sua falta de prazer em atividades que antes lhe trazia essa sensação) ABULIA: redução do desejo, da motivação ou da persistência; restrição no início de comportamentos dirigidos a objetivos; paciente sem objetivo ou meta, não se importa com isso e não se interessa em ter isso futuramente (no caso depressivo, o paciente possui um “insight” sobre a própria abulia) • Rapport deficiente: relação entre as pessoas; capacidade de formação de vínculo • Passividade: importante se acompanhado de embotamento afetivo • Dificuldade no pensamento abstrato • Falta de espontaneidade (comportamento estereotipado; falta de higiene) • Pensamento estereotipado REDUÇÃO DA FALA: o paciente tem restrição quantitativa no discurso, utiliza poucas palavras e respostas não verbais. Além disso, pode haver empobrecimento do conteúdo da fala, em que as palavras transmitem pouco significado APARÊNCIA DESCUIDADA: o paciente tem aparência descuidada e higiene precária, as roupas são sujas ou manchadas, ou o indivíduo exala um odor desagradável CONTATO VISUAL: o paciente raramente faz contato visual com o entrevistador (parecido com o autismo), ou faz contato muito intenso, profundo, intimidador, demonstra desconfiança Critério diagnóstico de duração de sintomas: 6 meses Critério principal: intensidade de sintomas psicóticos com significativo prejuízo funcional Deve-se excluir a etiologia da psicose aguda relacionada a uso de drogas, retardo mental, autismo, depressão psicótica, TAB psicótico, condições clínicas (delirium ou transtorno mental orgânico) CIRCUITOS CEREBRAIS DISFUNCIONAIS DA ESQUIZOFRENIA PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros Via mesolímbica → níveis elevados de dopamina = sintomas positivos, delírio, alucinação, agressividade Via mesocortical (cortéx pré-frontal dorsolateral) → redução da dopamina = sintomas negativos, prejuízo de cognição e de interesse por prazer, embotamento afetivo, redução da volição Córtex proé-frontal porção ventromedial → redução da dopamina = sintomas negativos, embotamento afetivo + redução da volição Via nigroestriatal = normal Via tuberoinfundibular = normal Ou seja: em via mesolímbica = tratamento dos sintomas positivos ↓ dopamina nas vias mesocorticais = piora dos sintomas negativos nas vias nigroestriatais = sintomas piramidais (disfunções motoras, impregnação, distonias, discenesias, oftalmoplegias, protusão da língua – alterações gerais ligadas a movimentos; bipirideno atua para reverter/amenizar esses sintomas) nas vias tuberoinfundibulares = distúrbios sexuais (queda grande da libido, pode acontecer aumento de prolactina e galactorreia e amenorreia); a diminuição da libido pode ser interessante em casos de pacientes hipersexualizados (a hipersexualização é rara nesse caso, mas não impossível de acontecer) Via dopaminérgica nigroestriatal: substância negra → núcleos da base ou o estriado; faz parte do sistema nervoso extrapiramidal e controla a função motora e o movimento. Via dopaminérgica mesolímbica: área tegmental ventral do mesencéfalo → nucleus accumbens, uma parte do sistema límbico do cérebro que se acredita estar envolvida em muitos comportamentos (sensação de prazer, euforia intensa produzido por uso abusivo de substâncias psicoativas), bem como delírios e alucinações na psicose. Via dopaminérgica mesocortical: relacionada à via mesolímbica; área tegmental ventral do mesencéfalo→ áreas do córtex pré-frontal, onde podem mediar sintomas cognitivos (córtex pré-frontal dorsolateral – CPFDL) e afetivos (córtex pré-frontal ventromedial – CPFVM) da esquizofrenia. Via dopaminérgica tuberoinfundibular: hipotálamo → adeno-hipófise e controla a secreção de prolactina. Via de múltiplos locais: substância cinzenta central, parte do mesencéfalo, núcleos hipotalâmicos e núcleo parabraquial lateral → tálamo; sua função não está bem elucidada. Na via mesolímbica, o paciente com esquizofrenia apresenta níveisde dopamina elevados e sintomas positivos: delírio, alucinação, pensamento desorganizado, agressividade. Os antipsicóticos típicos atuam na diminuição dessa dopamina para diminuição dos sintomas positivos, porém não o fazem de forma seletiva, de modo que há muitos efeitos colaterais pela queda generalizada de dopamina. A nível sináptico, há bloqueio de receptores para dopamina, a fim de se evitar a ação dopaminérgica exagerada. A dopamina está relacionada à psicose na via mesolímbica, porém nas outras vias, a diminuição da dopamina leva à diminuição do prazer (núcleo accumbens) – o paciente pode apresentar anedonia associada a antipsicóticos. Bupropionas e anfetaminas (Ritalina, Concerta, Venvanse): aumentam de forma lenta e gradual o aporte de dopamina, gerando recompensa no núcleo accumbens → princípio do tratamento para dependência PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros química e alimentação compulsiva. Cautela ao prescrever essas medicações, pois o paciente pode esconder sintomas psicóticos, ou não contar ativamente, e o uso dessas medicações pode agravar os sintomas psicóticos pelo maior aporte de dopamina. Essas medicações, em outros casos, podem ser utilizadas no tratamento de dependência química. cuidado com o uso de antipsicóticos típicos em casos de pacientes com Parkinson, pois pode haver piora do tremor. Haloperidol: se liga apenas a receptores D2 e alfa 1, porém o seu ligante D2 se liga muito fortemente ao seu receptor na célula nervosa, o que, a longo prazo, pode levar a discenesias tardias e distonias que podem não ser reversíveis, porém isso é raro. Os antipsicóticos atípicos não se prendem tão fortemente assim ao receptor da dopamina PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros Em casos de puérperas que não estão produzindo leite adequadamente, é possível uso do antipsicótico típico Supirida para provocar a liberação de prolactina e galactorreia. Além disso, há melhora do humor por provocar liberação de serotonina. O glutamato regula liberação de dopamina na via mesolímbica. Como driblar o embotamento afetivo/cognitivo, síndrome extra-piramidal e distúrbios sexuais? Os antipsicóticos atípicos receptores 5HT são serotoninérgicos, e estão envolvidos com a modulação do humor. Alguns antipsicóticos possuem ligantes para receptores dopaminérgicos, que atuarão em maior ou menor grau na psicose. Alguns apresentam menos ação de receptores histaminérgicos, o que causará menor efeito no peso do paciente. • Antagonismo dos receptores 5TH2A → propicia que não seja realizada uma ligação tão intensa aos receptores D2 • Atipicidade ↔ quão rapidamente ele se dissocia do receptor D2: o Típico = ligação prolongada o Atípico = dissociação rápida • Antagonismo total/parcial de 5HT2A e D2: varia com o formato dos ligantes: o O agonismo dos receptores de 5HT1A pode aumentar a liberação de dopamina, o que pode melhorar os sintomas afetivos, cognitivos e negativos, ao mesmo tempo em que também reduz o risco de sintomas extrapiramidais e de elevação da prolactina o O agonista de 5TH1A também pode diminuir a liberação de glutamato, o que pode reduzir indiretamente os sintomas de psicose Os receptores 5HT1A e 5HT2A tem ações opostas na regulação da liberação de dopamina: PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros 5HT1A 5HT2A AGONISMO Aceleradores da liberação de dopamina Freios da liberação de dopamina ANTAGONISMO Na via nigro- estriatal: liberação de dopamina = menos ou nenhum sintoma extra- piramidal Na via mesocortical: liberação de dopamina = melhora dos sintomas afetivos, cognitivos e negativos Perfil de eficácia e melhores desfechos para o tratamento da mania e psicose: • Não só há melhora dos sintomas positivos, mas também dos sintomas afetivos, cognitivos e negativos • Bloqueio de aproximadamente 70% dos receptores D2 no núcleo accumbens • Antagonismo e agonismo parcial dos receptores D2, 5HT2A e 5HT1A, e não pela interação com receptores histamina H1, muscarínicos M1 ou alfa 1 adrenérgicos → isso evita sedação prolongada – aumento do risco de quedas e lentificação para o dia a dia! E aumento de peso (se possível, evitar sedação benzodiazepínica • Os psicóticos atípicos disponíveis no SUS só podem ser prescritos por psiquiatra, exceto a Risperidona e há exigência de protocolos a serem seguidos (muito provavelmente o paciente não conseguirá comprar no primeiro mês) Aripipazol: reúne os melhores mecanismos para minimizar efeitos colaterais (o que não significa que seja o melhor para tratamento da psicose) • Excelente antipsicótico • Responde bem em doses baixas • Não afeta no peso • Tem ação antimania Risperidona: • Excelente antipsicótico e anti-maníaco • Em doses baixas já entrega bom efeito antipsicótico • Grande efeito na redução da libido e pode causar galactorreia (mesmo sendo atípicos) – geralmente é usado em pacientes atípicos • Em altas doses pode causar os efeitos de impregnação (se comporta como um antipsicótico de 1ª geração e tem os mesmos efeitos colaterais) Quetiapina: somente age como bom antipsicótico em altas doses PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros Olanzapina: • Principal efeito colateral é o aumento importante de peso e risco de síndrome metabólica • Segundo melhor antipsicótico e excelente antimaníaco • Tem ação sedativa e antidepressiva Clozapina: • Melhor antipsicótico; além do lítio, é uma das únicas medicações com ação direta em ideação suicida (demais antipsicóticos de 2ª geração agem no humor) • Última escolha • Pedir hemograma semanalmente, pois há risco de granulocitose! Paciente com risco de pancitopenia e imunidade deprimida Antagonismo aos receptores H1 + antagonismo 5HT2C = aumento do apetite regulado pelo hipotálamo • Obesidade • Resistência periférica à insulina • DM2 • Dislipidemias • Eventos cardiovasculares Antipsicóticos com maiores efeitos: olanzapina, clozapina, quetiapina, risperidona, antipsicóticos típicos (sedativos) Antipsicóticos com menor efeito: aripiprazol, ziprasidona, lurasidona PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros Tratamentos para esquizofrenia - resumo Condutas: 1º: preferência para antipsicótico atípico isolado (risperidona, olanzapina, aripiprazol) 2º: ajustar a dose do antipsicótico atípicos 3º: associar antipsicótico atípico + típico (até 2 tipos) *clozapina = antipsicótico + potente! Adjuvantes: • Benzodiazepínicos, se necessário • Antidepressivos, caso sintomas depressivos • Cessar uso de maconha • Anticolinérgicos para efeitos de impregnação /9bipirideno 2mg até 3x/dia) • Haloperidol deconoato (haloperidol de depósito) para os pacientes com má aderência ao tratamento *provável tratamento ad eternum, podendo talvez reduzir as doses PSIQUIATRIA | Victória Ribeiro de Medeiros Ansiedade e transtornos de personalidade Resumo das principais características do caso: • Acredita ser prejudicado pelos colegas de trabalho • Não trabalha em grupo – preferência pelo isolamento • Estereotipias – camisas sobrepostas • Compulsão por organização, metódico, sofrimento e conflito quando algo está fora da ordem • Uso frequente de maconha desde os 15 anos de idade Principais diagnósticos para o caso: • Transtorno de personalidade com traços paranoides, esquizoides e esquizotípicos • Trações de transtorno obsessivo-compulsivo • Transtorno mental decorrente do uso de maconha DIAGNÓSTICO PSIQUIÁTRICO PELO DSM I. Síndrome psiquiátrica principal (orienta a medicação) II. Transtornos de personalidade III. Condições clínicas que contribuem