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PROVA PRÁTICO PROFISSIONAL IV EMBARGOS DE TERCEIROS

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FACULDADE: ESTÁCIO
BELÉM, 30 DE ABRIL DE 2021
EXECENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 20 VARA CIVIL DE SÃO PAULO/SP.
Marcos Paulo, estado civil, nacionalidade, profissão, residente e domiciliado na xxx., bairro xxx, cidade...., estado xxx, endereço eletrônico xxx, inscrita no CPF sob o número xxx R G sob o número xxx, representado nesta ação por seu advogado infra - assinado, com inscrição na O AB de número xxx, com endereço para comunicações judiciais na ....., bairro ..., cidade..., estado... e endereço eletrônico. conforme, procuração anexa, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, propor 
EMBARGOS DE TERCEIROS 
com fulcro no art. 674 do Código de Processo Civil
em desfavor de Maria do Socorro, (Nacionalidade), (Profissão), (Estado Civil), portadora da Carteira de Identidade nº (xxx), inscrita no CPF sob o nº (xxx), residente e domiciliado na Rua (xxx), nº (xxx), Bairro (xxx), Cidade (xxx), Cep. (xxx), no Estado de (xxx) e a 
Exequente xxx , (Nacionalidade), (Profissão), (Estado Civil), portadora da Carteira de Identidade nº (xxx), inscrita no CPF sob o nº (xxx), residente e domiciliado na Rua (xxx), nº (xxx), Bairro (xxx), Cidade (xxx), Cep. (xxx), no Estado de (xxx), pelos motivos que passa a expor:
DOS FATOS
O embargante celebrou contrato de compra e venda com a embargada, referente ao imóvel situado na Avenida Angélica, 890, apartamento 32, Higienópolis, São Paulo-SP, CEP 15678-010. O negócio ocorreu de modo regular, tendo o imóvel sido adquirido a título oneroso, em 20.04.2017, no valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), cumprindo salientar que o embargante efetuou o pagamento dos valores previamente acordados em sua integralidade conforme comprovantes anexos (DOC 02). A quitação do imóvel foi realizada, pouco tempo após a quitação, o imóvel fora penhorado, por indicação do exequente, nos autos do processo n.º, que tramita na 20ª Vara Civel de São Paulo, em razão de dívida contraída pela embargada 08.12.2017.
DO DIREITO
Conforme os fatos expostos o embargante não sabia das dívidas que a embargada possuía, assim como o imóvel foi vendido antes do exequente xxx, aponta-lo para a penhora, portanto o imóvel não é mais de propriedade dá requerida ora executada no processo de xxxxx. Ora vejamos: o imóvel foi vendido em 20.04.2017, contudo, o requerente só tomou conhecimento do processo 08.12.2017, onde soube que seu imóvel tinha sido penhorado.
Assim é sabido que nosso ordenamento jurídico protege o direito do ora embargante que é pessoa que possui legitimidade sobre a posse conforme artigo 674 , § I do CPC.
 Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.
§ 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor.
Salienta-se que o embargante não é parte do processo de execução em tela, ratificando que o imóvel já estava sobre posse do embargante assim como sua quitação já tinha ocorrido. A execução deve recair apenas sobre os bens do executado, ou seja, aquele que consta como parte no processo, os bens de terceiros não devem ser afetados, conforme art. 790, III do CPC.
 A seguir o entendimento jurisprudencial.
 PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. PENHORA DE IMÓVEL VENDIDO PELO EXECUTADO. AUSÊNCIA DE REGISTRO DA ESCRITURA. CONSTRIÇÃO DESCONSTITUÍDA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AFASTAMENTO. 1. A posse exercida pelo comprador com base em escritura de compra e venda não registrada autoriza a desconstituição de penhora posteriormente efetivada em execução promovida contra o vendedor. Precedentes. 2. "Deve ser afastada a condenação do exeqüente ao pagamento dos honorários advocatícios fixados em embargos de terceiros movidos pelo adquirente de imóvel, cujo contrato de compra e venda deixou de ser levado a registro e sobre o qual recaiu a penhora". Precedentes. 3. Apelação parcialmente provida.
(TRF-1 - AC: 69556 MG 2000.01.00.069556-5, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL JOÃO BATISTA MOREIRA, Data de Julgamento: 23/04/2007, QUINTA TURMA, Data de Publicação: 31/05/2007 DJ p.64)
DA TEMPETIVIDADE
Deve-se levar em conta que o processo ainda está em andamento, não há trânsito em julgado, portanto, os embargos foram interposto tempestivamente, conforme artigo 675 do CPC. 
 Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.
DO PRINCÍPIO DA BOA FÉ
É sábio que deve ser levado em consideração a boa fé do embargante no momento da compra do imóvel, que não tinha na época da compra como saber da penhora que poderia recair sobre o imóvel. Vale destacar que a observância do princípio da boa-fé é condição obrigatória em todas as fases de qualquer relação contratual, inclusive na fase pré-contratual. Digamos que a relação de confiança entre os contratantes nasce antes do contrato ser formalizado e deve ser respeitada à luz do princípio da boa-fé objetiva.
Sobre a temática devemos lembrar do celebre caso ocorrido no Rio Grande do Sul, no final da década de 1980, o conhecido caso dos tomates.
Na época, a empresa CICA distribuía sementes a pequenos agricultores gaúchos sob a promessa de lhes comprar a produção futura. Fizeram isso de forma continuada, por inúmeras vezes, gerando para aqueles trabalhadores uma expectativa quanto à celebração do contrato de compra e venda da produção.
Até que em determinada vez a empresa distribuiu as sementes e não adquiriu o que foi produzido. Razão pela qual os agricultores procuraram seus direitos, ajuizando várias demandas indenizatórias, alegando a quebra da boa-fé, mesmo não havendo qualquer contrato escrito.
Os autores alcançaram pleno êxito nessas ações, exemplo claro da incidência da boa-fé na fase pré-contratual. 
DA PROVA DA POSSE
O embargante não possui a escritura pública do referido imóvel, haja vista que o pagamento dos valores dispendidos com tal documentação, porem tal falta não cria obste. Contudo, este possui os comprovantes de pagamento do referido imóvel que foi adquirido no valor no valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais). O embargante está tendo sua posse ameaçada, entretanto tem como fazer prova da posse através dos comprovantes de de pagamento arrolados na inicial, Devendo ser afastada a sumula 84 do STJ, pois a compra foi feita de boa fé , assim fazendo prova da posse, de acordo como prevê o art. 677, § I, §2 do CPC.
Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas.
§ 1º É facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz.
§ 2º O possuidor direto pode alegar, além da sua posse, o domínio alheio.
APELAÇÕES. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. PENHORA. EMBARGOS DE TERCEIRO. POSSE. COMPRA E VENDA DE BOX DE ESTACIONAMENTO NÃO REGISTRADA. BOA-FÉ DOS ADQUIRENTES. Conquanto ausente o registro do ato translativo de propriedade do box de estacionamento, por meio de escritura pública, e perfectibilização de sua transmissão, restou comprovado o exercício da posse e a boa-fé dos adquirentes antes mesmo do ajuizamento da demanda executiva, impondo-se a desconstituição da penhora. Exegese do artigo 1.046 do CPC e Súmula nº 84 do STJ. Precedentes do TJRS. ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. Embora julgados procedentes os embargos de terceiro, foram os embargantes que deram causa ao ajuizamento da ação ao deixarem de registrar a alienação na matrícula do imóvel penhorado. Súmula 303 do STJ. RECURSOS DESPROVIDOS. (Apelação Cível Nº 70058353343, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Eduardo Kraemer, Julgadoem 23/06/2016). 
Devemos compreender que ato de compra e venda foram atos perfeitos, não tendo qualquer impedimento na época do fato, assim possuindo validade, assim prevê o art. 482 C.C.
A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço.
DA SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO 
Vossa Excelência, a lesão que o embargante está sofrendo sobre seu patrimônio também possui amparo jurídico no at. 678 do CPC, este tem objetivo suspender provisoriamente a restrição do imóvel do embargante.
A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração provisória da posse, se o embargante a houver requerido.
No caso em tela faz-se necessário evocar a parte exequente por se tratar de um litisconsórcio passivo, conforme artigo 677, §4 CPC.
 Art. 677. Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas.
§ 4º Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição aproveita, assim como o será seu adversário no processo principal quando for sua a indicação do bem para a constrição judicial.
Assim está defesa prospera acolhimento do pedido da inicial e que o ato de constrição seja cancelado e a posso possa ser plena do embargante.
Art. 681. Acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial indevida será cancelado, com o reconhecimento do domínio, da manutenção da posse ou da reintegração definitiva do bem ou do direito ao embargante.
DO PEDIDO LIMINAR 
Extrai-se do exposto, data venia, que resta presente a fumaça do bom direito, com suporte na Constituição Federal na doutrina e na jurisprudência, e ainda, claro, desponta o perigo da mora para que esse tenha o direito de ser impossado.
Portanto, data venia, notoriamente cabível o requerimento liminar , é necessária a concessão da medida liminar ora pleiteada porque comprovado o fumus boni iuris em face das argumentações já expendidas e o “periculum in mora”, faz-se necessária a suspensão da execução em sede liminar, com fulcro no art. 300 CPC.
 A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. 
Devemos compreender que ato de compra e venda foram atos perfeitos, não tendo qualquer impedimento na época do fato, assim possuindo validade, assim prevê o art. 482 C.C.
A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço.
DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
O embargante faz jus a gratuidade processual por ser pobre no sentido da lei, assim requer a gratuidade da justiça com, neste sentido, a Lei da Lei nº 1060/50.e Artigos 98 e art. 5º inciso XXX, CRFB/88.
DOS PEDIDOS
Em face ao exposto, requer:
a) Sejam recebidos, autuados e processados os presentes embargos de terceiro, com o apensamento à mencionada execução;
b) Seja deferida LIMINARMENTE A MANUTENÇÃO DA POSSE do bem penhorado ao embargante, eis que provada a propriedade e posse do bem;
c) A indicação oportuna de testemunhas para justificação prévia, se necessário;
d) Seja determinada a suspensão imediata do processo de execução mencionado, até decisão final de mérito dos presentes embargos, eis que trata da totalidade dos bens penhorados naquele feito;
e) A citação do embargado para responder aos termos da presente ação;
f) Seja deferida ao embargante o benefício da justiça gratuita, nos termos da Lei nº 1060/50.
g) A condenação do embargado em custas processuais e honorários de sucumbência a serem fixados na proporção de 20% sobre o valor da causa;
h) Seja, ao final, JULGADO PROCEDENTE o presente pedido, com o levantamento da penhora realizada sobre o bem de propriedade dos embargantes, oficiando-se o órgão competente.
Protesta-se provar o alegado, por todos os meios de provas em direito admitidos, especialmente a documental.
Valor da causa: R$ XXXX (equivalente ao valor do bem penhorado).
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local/ data
Advogado
OAB