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O Príncipe – Cap. 7 & 8 Como percebemos nas apresentações anteriores, “O Príncipe” de Maquiavel é dirigido a um Príncipe que esteja governando um Estado, e o aconselha sobre como manter seu governo da forma mais eficiente possível. Essa eficiência é a ciência política de Maquiavel. É um livro de orientação prática de algumas ações políticas que o Príncipe deve fazer para conquistar e se manter no poder. No Capítulo 7, que tem como tema “Dos principados novos que se conquistam com armas e virtudes de outrem” É discutido sobre quem chega ao poder em troca de dinheiro ou pela graça alheia, esse terá muita dificuldade para se manter no poder. É usado exemplos que ocorreram na Grécia antiga. Cita-se que os Estados criados subitamente, como tudo o mais que na natureza nasce e cresce com rapidez, não podem ter raízes sólidas, profundas e ramificadas, de modo que a primeira tempestade os derruba. A não ser que, conforme já disse, a pessoa que chegou ao poder tenha tanta virtude que saiba conservar o que a sorte lhe concedeu tão de súbito, estabelecendo, em seguida, as bases que os outros precisam erigir antes de se tornarem Príncipes. Chegar ao poder dessa forma, é chegar despreparado, sem raízes; quem não cuidar de procurar se estabilizar, valorizar, tornar-se astuto, perderá o Estado. Ou no caso se é possível prever, se deve suprir essas carências bem antes. No capítulo 8, é discorrido sobre “Os que alcançam o principado pelo crime” E Maquiavel cita dois exemplos de pessoas que se tornaram Príncipes por meio do crime, o primeiro, o de Agátocles após tantas traições e tão grande crueldade que além de ter obtido êxito na conquista, conseguiu se manter no poder por muito tempo; Maquiavel explica esse fato ao de que Agátocles usou da crueldade apenas uma vez: para chegar ao poder. Chegando ele lá, foi diminuindo sua crueldade de modo a ser querido por seu povo. O segundo exemplo é o de Oliverotto de Fermo que com tamanha crueldade chegou ao poder, e lá se manteve cruel, o que fez com que pouco tempo depois, este fosse derrubado do poder e morto por César Bórgia, em companhia de seu mestre em virtudes e atrocidades Vitellozzo. Não se pode, contudo, achar meritório o assassínio dos seus compatriotas. A traição dos amigos, a conduta sem fé, piedade e religião; são métodos que podem conduzir ao poder, mas não à glória. Ele cita que ao tomar um Estado, o conquistador deve definir todas as crueldades que necessitará cometer, e praticá-las todas de uma vê, evitando ter de repeti-las a cada dia; assim tranquilizará o povo, ao não renovar as crueldades, seduzindo-o depois com benefícios. Quem agir diferentemente, […], estará obrigado a estar sempre de arma em punho, e nunca poderá confiar em seus súditos, que devido às contínuas injúrias, não terão confiança no governante. Os benefícios, por sua vez, devem ser concedidos gradualmente, de forma que sejam mais bem apreciados. O Príncipe deve sempre agir pensando no povo, pois na verdade é o povo quem detêm o poder e a força. Com um monarca cruel, o povo se torna amedrontado e injuriado, acabando por se reunir e destruir seu poderio. Porém quando os benefícios vêm, o povo se sente feliz e quer bem o monarca, o que diminui consideravelmente a possibilidade de conspiração. CAPÍTULO VII • os homens que se tornam príncipe pela sorte dificilmente mantêm sua posição, não encontram dificuldade em alcançar seus objetivos mas todas as dificuldades possíveis aparecerão quando chegarem neles. Da mesma forma sofrem os príncipes que chegam ao poder corrompendo as tropas. • há uma dependência por parte do príncipe da vontade e da sorte dos que propiciaram sua subida ao poder e ambas qualidades são instáveis e volúveis e tais príncipes que sobem ao poder dificilmente sabem comandar. • os Estados criados subitamente não têm raízes profundas e ramificadas, e como na natureza, a primeira tempestade os derruba. A não ser que a pessoa que chegou ao poder tenha valor na mesma proporção da sua sorte, não terá sucesso no seu domínio. • quem não prepara os fundamentos do poder antes de alcançá-lo com valor pode fazê-lo posteriormente, mas o seu esforço será maior e o perigo para seu território dominado também; • o príncipe que, para manter seu território, considere necessários tais atitudes, deve fazê-lo: - garantir-se contra seus inimigos; - fazer amizades; - conquistar pela força e fraude; - fazer-se amado e temido pelo povo; - fazer-se seguido e reverenciado pelos soldados; - destruir os que podem e querem ofendê-lo; - inovar antigos costumes; - ser bom e severo, magnânimo e liberal; - suprimir uma antiga milícia e substituí-la por outra; - manter a amizade dos reis e príncipes para que tenham satisfação em assisti-lo e medo de injuriá-lo. Comete erro o príncipe que pensa que entre os personagens de importância é possível fazê-los esquecer antigas ofensas com novos benefícios. CAPÍTULO VIII • há duas maneiras de se tornar príncipe que não são atribuídas à sorte ou à capacidade: através de favor dos concidadãos e por meio vil, criminoso: são meios que podem porventura serem usados caso seja necessário; • não se deve, contudo, chamar de valor o assassinato dos compatriotas, a traição dos amigos, a conduta sem fé, piedade e religião, pois tais métodos podem conduzir ao poder mas nunca à glória; • a diferença crucial está no uso da crueldade: quem é soberano por meio vil ou criminoso, se usar bem a sua crueldade e depois não persistir nela e a substituir por medidas benéficas aos seus súditos está garantido no poder; já as crueldades mal- empregadas, mesmo sendo poucas a princípio, crescem em vez de diminuir dificultando manter-se no poder. • o conquistador deve praticar todas as crueldades ao mesmo tempo evitando repeti-las e depois tranquilizar e seduzir o povo com práticas benéficas, aos poucos; quem agir de outra forma e permanecer de arma em punho nunca poderá depender dos seus súditos, que não terão confiança no governante: fazer o bem aos súditos, portanto, deve ser a fim de manter boas relações com eles para que nada lhe possa tirar do poder.
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