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Brasília, 2010 Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Stricto Sensu em Gerontologia ESTIMULAÇÃO COGNITIVA CONJUGADA COMO EXERCÍCIOS FÍSICOS EM IDOSAS ATIVAS: EXAMINANDO UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Autora: Maribel Silva Dias Orientador: Prof. Dr. Ricardo Moreno Lima Brasília, 2010 MARIBEL SILVA DIAS ESTIMULAÇÃO COGNITIVA CONJUGADA COM EXERCÍCIOS FÍSICOS EM IDOSAS ATIVAS: EXAMINANDO UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Gerontologia. Orientador: Prof. Dr. Ricardo Moreno Lima Dedicatória A minha querida mãe, Coraci Silva, por amor e gratidão e a todas as idosas que gentilmente cooperaram para que esse trabalho se concretizasse. SINCEROS AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, pela oportunidade de crescimento, iluminação, força e determinação para realizar meus sonhos. A minha mãe, Coraci Silva, que me preparou para a vida e me ensinou a vencer obstáculos. Ao Prof. Dr. Ricardo Moreno Lima, meu orientador, pela dedicação e paciência que teve comigo. À Secretaria de Educação do Distrito Federal, que me proporcionou o afastamento do trabalho para que pudesse me dedicar exclusivamente ao mestrado, dando-me a oportunidade de crescimento pessoal e profissional. Ao Centro de Aperfeiçoamento em Pessoal de Ensino superior (Capes), pela concessão da bolsa, que me apoiou financeiramente nesta jornada. À Secretaria de Esportes do Distrito Federal, pela cessão do espaço físico e apoio no desenvolvimento do Projeto Piloto de Pesquisa. Ao Serviço Social do Comércio (SESC-Guará), em especial, Mauro Francisco M. Marques, supervisor de atividades do SESC-Guará e Regina Caetano, coordenadora de Assistência Social do SESC, por terem me dado a oportunidade de executar essa pesquisa nessa instituição, tão séria, que realiza um trabalho exemplar e comprometido em melhorar a qualidade de vida dos idosos. A todo o corpo docente do Programa de Pós-Graduação Strito Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, que com muita eficiência compartilhou seu saber e me fez apaixonar pelo estudo do envelhecimento humano e em especial à professora Dra. Gislane Ferreira Melo, que com suas argumentações me conduziu ao insight de como unir atividades físicas a estímulos cognitivos. A todos os idosos e idosas que participaram dessa pesquisa e às voluntárias, Emília Borges e Delmari Corrêa Mendes, minhas auxiliares, que contribuíram para a realização deste trabalho. Aos meus ex-alunos que sempre me motivaram e me inspiraram a buscar respostas através do conhecimento, em especial, Sr. Joel de Medeiros, que me incentivou a ingressar no mestrado. Às amigas e enfermeiras Isabel Borges Santos e Neusa Matos, por terem dividido seus conhecimentos comigo, me permitindo acompanhar a Oficina de Memória ministrada por elas na Unidade Mista de Saúde de Taguatinga, me proporcionando unir à teoria a prática. A minha querida amiga Maria Helena Rodrigues Astolfi que sempre esteve comigo nesta caminhada, ouvindo minhas angústias e aflições, me apoiando, auxiliando e me dando forças para vencer as dificuldades que se apresentavam. Aos amigos Paulo Eduardo Lopes, Henrique Cruvinel, Divina Evangelina Ferreira, minha sobrinha Isadora Macedo Carneiro e minha irmã Luciene Silva pelo auxílio em diferentes etapas deste trabalho. Aos colegas, professores de Educação Física e meus familiares pela torcida no sucesso desta jornada. Às Examinadoras, que aceitaram o meu convite, e com certeza as suas correções contribuirão para o meu crescimento acadêmico e profissional. Muito obrigada a todos! Vocês foram verdadeiros anjos que Deus colocou no meu caminho. ¨Vem, envelhece comigo. O melhor ainda é viver a segunda parte da vida, para qual a primeira foi feita¨. Nossos tempos estão em suas mãos. Dele é que diz,¨eu planejei o todo, a mocidade só mostra a metade. Confia em Deus, vê tudo e não temas¨. Browning RESUMO Dias, Maribel Silva. Estimulação Cognitiva Conjugada com Exercícios Físicos em Idosas Ativas: Examinando uma proposta de Intervenção. 2010. 132 p. Dissertação de Mestrado em Gerontologia pela Universidade Católica de Brasília, Brasília - Distrito Federal, 2010. Objetivo: A finalidade desse estudo foi verificar os efeitos da conjugação de estimulação cognitiva e exercícios físicos na memória de idosas ativas, inserindo técnicas mnemônicas e estratégias de oficinas de memória tradicionais em sessões de atividade físicas. Metodologia: Este estudo apresentou um delineamento experimental. A amostra foi constituída por 55 mulheres idosas, com idade entre 60 a 80 anos com média e desvio padrão de 68,4 ± 5,6 residentes no Distrito Federal, as quais foram aleatoriamente divididas em três grupos: 1) Estimulação Cognitiva Tradicional (ECT), com 17 idosas; 2) Estimulação Cognitiva e Exercícios Físicos (ECE), com 19; e 3) Grupo Controle (GC) com 19 idosas. As intervenções foram realizadas em doze sessões, numa frequência semanal de 3 vezes. No grupo ECT foram aplicados exercícios de oficinas de memória tradicionais; no ECE, exercícios de oficina de memória aliados a atividades físicas; e o grupo controle permaneceu com suas atividades normais, sem intervenção do pesquisador. Para seleção da amostra foram aplicados o Mine Exame do Estado mental (MEEM) e Escala de Depressão Geriátrica - Versão resumida (EDG- 15) e questionário de identificação. Para avaliar a memória foram utilizados os seguintes testes: Memória de Lista de Palavras (MLP), Fluência Verbal (FV) e Escala de Queixas de Memória (EQM). Essas avaliações foram realizadas em todas as participantes, antes e após o período de intervenção. Resultados: Foi observada diferença significativa entre o pré e pós-intervenções nos grupos ECE e ECT, para todas variáveis avaliadas de memória, enquanto que nenhuma alteração significativa foi notada no GC. Ainda, foi verificado que o valor de EQM na pós-intervenção foi significativamente maior no GC em comparação ao ECE e ao ECT e houve uma interação significativa tempo*grupo nas variáveis EQM e FV, nos grupos ECE e ECT, indicando uma maior magnitude de alteração, em relação ao GC. Conclusão: A Estimulação cognitiva aliada a exercícios físicos produziu efeitos semelhantes àqueles observados com oficinas de memória tradicionais. Os grupos que foram submetidos às intervenções (i.e., ECE e ECT) exibiram melhor rendimento nos testes de MLP e FV, e menor escore na EQM, quando comparado ao momento pré-intervenção. O GC não apresentou alterações significativas nos testes pré e pós para nenhuma das variáveis estudadas. Embora a conjugação de exercícios físicos e estimulação cognitiva da memória não tenham apresentado escores superiores significativos, demonstrou ser eficaz e válida como intervenção para a estimulação da memória em grupos de idosas. Palavras-chaves: memória, exercícios físicos, cognição, idoso. ABSTRACT Dias, Maribel Silva. Conjugated Cognitive Stimulation with physical exercise in Active Elderly Women: Examining a Proposal of Intervention. 2010. 131 pages. Dissertation in Gerontology from the Catholic University of, Brasilia – Federal District, 2010. Objective: This study´s purpose was to verify the effects of the combination of cognitive stimulation and physical exercises in the active elderly ladies memories by inserting mnemonics techniques andstrategies from traditional memory workshops in physical activities lesion. Additionally, to verify if the proposition of stimulating cognition conjugated with physical exercises combined to cognitive stimulation provides additional benefits to memory when compared to cognitive stimulation by itself. Methodology: This study presented an experimental delineation. The sample was constituted by 55 elderly women, whose ages were between 60 and 80 years old, with an average of 68, 4 years old and 5,6 years old of standard deviation. These women live in Federal District of Brazil and were randomly divided in three groups: 1)Traditional Cognitive Stimulation (TCS), composed by 17 elderly women; 2) Cognitive Stimulation and Physical Exercise (CSPE), composed by 19 elderly women; 3) Control Groups (CG), composed by 19 elderly women. These interventions were made during twelve sessions, occurring three times a week. In the TCS group were applied exercises from traditional memory workshops in the CSPE group were applied memory workshop exercises combined to physical exercises; and the control group remained with its normal activities and had no intervention from the researcher. The Mini-Mental State Examination (MMSE), the Scale of Geriatric Depression Resumed Version (GDS-15) and an identification questionary were applied to select the sample. The following tests were used to evaluate the Word List Memory task (WLM), Verbal Fluency (VF), Scale of Memory Complaints (SMC). These evaluations were taken by all of the participants before and after the intervention. Results: It was observed a significant difference between the pre-intervention behavior and the post-intervention one in the TCS and the CSPE groups, to all memory variables evaluated, as no significant difference was noticed in the CG. Yet, it was verified that the post-intervention SMC value was significantly bigger in the CG compared to the TCS and CSPE groups and there was a meaningful time * group interaction in the SMC and VF variables in the TCS and CSPE groups. This last fact indicates a bigger alteration magnitude related to the CG. Conclusion: The cognitive stimulation combined to physical exercises produced similar effects to those observed in traditional memory workshops. The intervention subjected groups (i. e. TCS and CSPE) exhibited better throughput in the WLM and VF tests and a lower score in the SMC when compared to the pre-intervention moment. The CG did not present significant changes between the pre-intervention and the post-intervention tests for any of the studied variables. Although the combination of cognitive stimulation to physical exercises did not present significantly superior scores, it proved to be efficient and valid as an intervention to memory stimulation in groups composed by elderly ladies. Key-words: memory, cognition, exercises physical, elderly. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Quadro 1- Sistemas e subsistemas da memória.......................................................26 Figura 1- Fluxograma do recrutamento das voluntárias do estudo..........................45 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Estatística descritiva. Valores expressos em média e desvio padrão........................................................................................................................46 Tabela 2 - Caracterização da amostra em relação à reposição hormonal, uso de medicamentos, hipertensão, atividades intelectuais, atividade laboral e estado civil..............................................................................................................................47 Tabela 3 - Características da amostra em relação aos grupos estudados................48 Tabela 4 - Caracterização da amostra em relação à reposição hormonal, uso de medicamentos, hipertensão, atividades intelectuais, atividade laboral e estado civil nos grupos de estudo.................................................................................................49 Tabela 5 - Resultados dos testes de memória antes e após o protocolo experimental, para os três grupos..............................................................................50 LISTA DE ABREVIATURAS CERAD- Consortium to Estabilish a Registry for Alzheimer Disease EDG- Escala de Depressão Geriátrica EQM- Escala de Queixa de Memória ECT- Estimulação Cognitiva Tradicional ECE- Estimulação Cognitiva e Exercício FV- Fluência Verbal GC- Grupo Controle MP- Memória Primária MCP- Memória a Curto Prazo MLP- Memória e Lista de Palavras NT-3- Fator Neutrofina NGF- Fator de Crescimento do Nervo SNC- Sistema Nervoso Central SESC Serviço Social do Comercio SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 17 2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 19 2.1 OBJETIVO GERAL............................................................................................. 19 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 19 3 HIPÓTESES ........................................................................................................ 20 4 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 20 4.1 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA NERVOSO E PLASTICIDADE CEREBRAL20 4.2 COGNIÇÃO, MEMÓRIA E ENVELHECIMENTO ............................................... 24 4.3 EXERCÍCIOS DE COGNIÇÃO E MEMÓRIA EM PESSOAS IDOSAS .............. 29 4.4 EXERCÍCIOS FÍSICOS, COGNIÇÃO E MEMÓRIA EM PESSOAS IDOSAS .... 31 4.5 EXERCÍCIOS FÍSICOS CONJUGADOS COM EXERCÍCIOS DE COGNIÇÃO . 33 5 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 34 5.1- DELINEAMENTO DO ESTUDO ......................................................................... 35 5.2 - AMOSTRA ........................................................................................................ 35 5.2.1- Critérios de inclusão ..................................................................................... 35 5.2.2 - Critério de exclusão ..................................................................................... 35 5.3 CUIDADOS ÉTICOS .......................................................................................... 37 5.4 INSTRUMENTOS ............................................................................................... 36 5.4.1- Mini-exame do Estado Mental ...................................................................... 38 5.4.2 - Escala de Depressão Geriátrica .................................................................. 38 5.4.3 - Memória de Lista de Palavras ..................................................................... 39 5.4.4 - Teste de Fluência Verbal ............................................................................. 39 5.4.5 - Escala Subjetiva de Memória ...................................................................... 40 5.5- INTERVENÇÕES ............................................................................................... 40 5.5.1- Estimulação Cognitiva Tradicional .......................................................... ....41 5.5.2- Estimulação Cognitiva e Exercícios Físicos ............................................... 42 5.5.3- Grupo Controle ..............................................................................................43 5.6 - TRATAMENTO ESTATÍSTICO ......................................................................... 43 6 - RESULTADOS......................................................................................................44 6.1- CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA..................................................................44 6.2 - RESULTADOS DAS INTERVENÇÕES.............................................................49 7 – DISCUSSÃO........................................................................................................50 7.1- PARTICIPANTES DA PESQUISA......................................................................51 7.2- ESTIMULAÇÃO COGNITIVA TRADICIONAL.....................................................54 7.3- ESTIMULAÇÃO COGNITIVA CONJUGADA COM EXERCÍCIOS FÍSICOS....55 7.4 - RELEVÂNCIA DE CONJUGAR EXERCÍCIOS COGNITIVOS COM EXERCÍCIOS FÍSICOS..............................................................................................57 7.5- LIMITAÇÕES DO ESTUDO................................................................................58 7.6 - APLICABILIDADE PRÁTICA.............................................................................59 8- CONCLUSÃO........................................................................................................60 9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................61 APÊNDICES.........................................................................................................77 APÊNDICE A - Questionário de Identificação........................................................77 APÊNDICE B - Mini-Exame do Estado Mental......................................................80 APÊNDICE C - Escala de Depressão Geriátrica....................................................85 APÊNDICE D - Memória de Lista de Palavras.......................................................86 APÊNDICE E - Teste de Fluência Verbal...............................................................87 APÊNDICE F - Escala Subjetiva de Memória........................................................88 APÊNDICE G - Plano de Ensino das Intervenções................................................91 APÊNDICE H - Oficina de Estimulação Cognitiva Tradicional..............................91 APÊNDICE I - Oficina da Estimulação Cognitiva e Movimento Corporal.............93 ANEXOS ANEXO 1-Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.....................................95 ANEXO 2- Aprovação do Comitê de Ética da FEPECS ......................................97 ANEXO 3- Cronograma de Atividades da Pesquisa.............................................98 ANEXO 4- Oficina de Estimulação Cognitiva Tradicional.....................................99 ANEXO 5- Oficina de Estimulação Cognitiva e Movimento.................................114 17 1- INTRODUÇÃO O envelhecimento humano sempre despertou interesse, tanto popular como das ciências. Estas, geralmente com intuito de compreender, prevenir e amenizar os efeitos desse processo e prolongar a vida. Várias conquistas nessa área do conhecimento foram obtidas, contribuindo para o aumento da expectativa de vida e o bem-estar do homem que envelhece. No entanto, alterações fisiológicas, bioquímicas e psicológicas sempre fizeram parte do ciclo natural da vida, e continuarão fazendo. Quando se chega à velhice, essas modificações podem trazer reduções de capacidade e perdas, podendo chegar a déficits físicos e cognitivos. Uma das alterações importantes é a que ocorre no cérebro, em diversos aspectos. No aspecto morfológico, ocorre a redução do tamanho e peso, por perdas de neurônios e morte celular. No fisiológico, aparece a diminuição da quantidade e velocidade das sinapses (AZEVEDO, 2003) e mudanças anatômicas e bioquímicas (CANÇADO; HORTA, 2006). Além disso, podem incidir alterações com a pouca estimulação (ISQUIERDO, 2003) e escassa reserva cognitiva (STERN, 2002), que contribui para que muitos aspectos da memória e do processo cognitivo se deteriorem com a idade. Estudo como de Yassuda; Lasca e Neri (2005) mostra que mesmo na ausência de patologias, o envelhecimento induz a um declínio modesto, mas gradual e significativo da memória. Todavia, esse declínio não é uniforme e alguns tipos de memória são afetados e outros não. Do mesmo modo, ocorrem diferenças individuais sobre os efeitos do envelhecimento na memória (CANÇADO; HORTA, 2006). Os limites entre o declínio normal e patológico não estão bem determinados. Na Doença de Alzheimer (DA), ainda não existe um marcador biológico seguro e os testes psicométricos podem dar resultados falso-positivos ou falso-negativos. No idoso normal, o declínio da memória operacional e memória secundária (recente) é maior que o das memórias primária (imediata) e terciária (remota), de modo similar ao encontrado nas fases iniciais da DA. Na neuroimagem, os achados de atrofia ou hipoperfusão em regiões entorrinais-hipocampais ou temporo-parietais são sugestivos de DA, mas podem estar ausentes nas fases iniciais desta doença. (DAMASCENO, 1999). Outras características patológicas da doença de Alzheimer, 18 como a perda de sinapse, placas amilóides e emaranhados neurofibrilares, pode correlacionar com declínio cognitivo no envelhecimento e tornar-se extensas na doença de Alzheimer, mas são detectados em vários graus em muitos indivíduos com idade avançada e com ausência de demência (SNOWDON, 2003; BISHOP, LU TAO E YANKER, 2010). Muitas vezes, o declínio cognitivo pode chegar a um comprometimento cognitivo ou pode ser prelúdio de demências, trazendo dificuldades para as atividades diárias, problemas no convívio social e perda da autonomia (FALCÃO; BUCHER-MALUSCHKE, 2009). A taxa de conversão de comprometimento cognitivo leve para a doença de Alzheimer é de aproximadamente de 10% a 15% ao ano (PERTENSEN, 2001). Por ser a memória uma das funções cognitivas essenciais para a vida, pois é através dela que retemos e utilizamos informações, nela incide grande parte das queixas dos idosos. Estudos epidemiológicos indicam que 4% a 54% dos idosos apresentam queixas relacionadas à memória (BARKEN; JONE; JENNISON, 1995). Pela importância de manter essa função para se ter um envelhecimento saudável, é necessário a aplicação de intervenções nos declínios normativos ou em demências, com o objetivo de assegurar um desempenho razoável que garanta a qualidade e gestão da própria vida e evitar maiores prejuízos. Com o intuito de estimular a memória e promover a plasticidade cerebral, várias intervenções têm sido propostas em estudos científicos, tais como: treino cognitivo em oficinas (VERHAEGHEN; MARCOEN; GOOSENS, 1992; SHERRY et al., 2006; YASSUDA, 2006; NOVOA; JUAREZ; NEBOT, 2008), programas de computador (GUENTHER, 2003), musicoterapia (GATTI, 2008), videojogos (TORRES; ZAGALO, 2008) e exercícios físicos (Antunes.,et al., 2006). Duas intervenções muito comuns e disponíveis, treinamento de memória em oficinas e a prática de exercícios físicos, têm evidenciado efeitos benéficos na cognição e memória dos idosos. Contudo, na literatura, poucos pesquisadores investigaram a união das duas técnicas. Com essa abordagem, ressaltam-se os estudos de Oswald et al., (1996), e Fabre et al., (2002), que uniram exercícios físicos e exercícios cognitivos com a finalidade de potencializar os efeitos na cognição e na memória. Os resultados dessas intervenções sugerem que a união das duas técnicas pode melhorar a cognição ou mesmo maximizar seus efeitos. Todavia, os autores desses estudos não detalharam os métodos utilizados para essa conjugação. 19 Adicionalmente, não foi encontrado, no Brasil, nenhum estudo que examinasse o efeito dessa conjugação, portanto, esse tema merece maiores investigaçõespara elucidar se mesma é possível, se pode produzir efeitos benéficos na cognição como a estimulação cognitiva tradicional e se é capaz de reforçar esses efeitos. A união de exercícios físicos, com técnicas de oficina de memória demonstrou que pode ser uma intervenção interessante e eficiente, com aproveitamento de recursos e tempo, visto que, em uma única sessão, podem ser trabalhados importantes aspectos para envelhecimento saudável (físico e mental). Com isso, essa conjugação Estimulação Cognitiva e Exercícios Físicos (ECE) poderá constituir uma estratégia a ser utilizada nas aulas de atividades físicas para idosos, exercitando rotineiramente a memória. 2- OBJETIVOS 2.1- OBJETIVO GERAL Verificar os efeitos da conjugação de estimulação cognitiva e exercícios físicos sobre indicadores da memória de idosas ativas. 2.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Conjugar estímulos cognitivos e exercícios físicos para estimular a memória de idosos, inserindo técnicas mnemônicas, em sessão de atividade física para idosos. - Verificar se a proposta de estimular a cognição conjugada com exercícios físicos proporciona ganhos adicionais de memória, quando comparada à estimulação cognitiva isoladamente. 20 3- HIPÓTESES Com base na revisão da literatura, será considerada a hipótese de que tanto a estimulação cognitiva como a estimulação cognitiva conjugada com exercícios físicos influenciarão positivamente nos aspectos da memória, com uma possível superioridade do grupo que praticou o treino combinado (ECE). 4 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4.1- ENVELHECIMENTO, SISTEMA NERVOSO E PLASTICIDADE CEREBRAL O envelhecimento fisiológico compreende uma série de alterações nas funções orgânicas e mentais do homem. Devido aos efeitos da idade avançada sobre o organismo, este vai perdendo a sua capacidade de manter o equilíbrio homeostático, e todas as funções fisiológicas gradualmente começam a declinar. (STRAUB et al., 2001) No sistema nervoso central, durante o processo de envelhecimento, ocorre uma perda progressiva das células nervosas (SOARES, 2006) e uma retração neuronal (GRILL; RIDDLE, 2002; CANÇADO; HORTA, 2006), caracterizando certa atrofia cerebral (CARVALHO FILHO; PAPALÉO NETTO, 2000; CANÇADO; HORTA, 2006). Essa redução ocorre por morte celular, principalmente no córtex dos giros pré-centrais, nos giros temporais e no córtex do cerebelo (CARVALHO FILHO; PAPALÉO NETTO, 2000), hipocampo, amígdala, substância negra, núcleos hipotalâmicos, núcleos de base, tálamo, tronco cerebral (núcleo facial) e medula espinhal. Ainda, ocorrem alterações como redução de tamanho das células na substância branca e corpo caloso, e no núcleo coclear do tronco cerebral (MORA; PORRAS, 1998). O número de células nervosas decrescendo com o envelhecimento é normal. Em algumas áreas a perda da célula é mínima, em outras (por exemplo, o hipocampo), a perda é pronunciada (CANÇADO e HORTA, 2006). No cerebelo, a 21 magnitude desta perda se dá em torno de 2,5% das células de Purkinje por década; na substância negra, passa de 1,4% entre os quinze e os sessenta e cinco anos, para 11% entre os sessenta e cinco e oitenta e cinco anos (MORA; PORRAS, 1998). Essa redução neuronal acaba alterando as conexões entre os neurônios (AZEVEDO, 2003) e, em função dessas, a velocidade de condução nervosa é reduzida (HEATH, 1994), tendo uma queda de 15% entre os cinquenta e oitenta anos (BORGE; HERNÁNDEZ; EGEA, 1999) ou, segundo Vargas (2001), de 1% a 15% até os sessenta anos. Ocorrem ainda, alterações dendríticas que podem se refletir em uma diminuição da densidade sináptica, sendo este processo geralmente acompanhado da degeneração dos axônios mielínicos (BERNHARDI, 2005). Além disso, pode incidir uma queda de 50% das sinapses a partir de 80 anos, se comparadas com as de indivíduos de 50 a 60 anos. Simultaneamente, pode acontecer o aumento das sinapses remanescentes, como um mecanismo compensador (PITELLA, 2005). Com todas essas alterações o cérebro humano perde peso e volume. Ou seja, com o avanço da idade o peso do cérebro humano diminui, chegando a uma redução em torno de 10%. Esse declínio apresenta-se mais precocemente na mulher do que no homem Uma explicação para este evento pode estar relacionada ao declínio do estrógeno nas mulheres a partir da menopausa (CANÇADO; HORTA, 2006). Em relação ao volume, a magnitude desta diminuição seria de aproximadamente 2% por década a partir dos cinquenta anos (MORA; PORRAS, 1998; BORGE; HERNÁNDEZ; EGEA, 1999). Acompanhando esta redução de peso e volume, observam-se mudanças anatômicas em diversas estruturas do sistema nervoso. Segundo Pitela (2005), estas são: alargamento e aprofundamento dos sulcos corticais, redução da largura dos giros, alargamento das fissuras e cisternas basais, redução da substância branca e espaçamento das meninges. Além disso, ocorrem alterações bioquímicas (CANÇADO; HORTA, 2006) afetando o sistema de neurotransmissores, no qual ocorre a diminuição dos níveis de acetilcolina, receptores colinérgicos, ácido gama- aminobutírico, seretonina, dopamina. Ademais, Richard e Amouyel (2001) observaram, por meio de análise histológica que durante o processo de envelhecimento podem aparecer placas senis, degeneração neurofibrilar e granulovascular e acúmulo de lipofuscina. 22 Somadas a tudo isso, podem ocorrer também modificações fisiológicas no processo de envelhecimento que vão influenciar negativamente na cognição, tais como: diminuição da audição, aumento da pressão arterial e aumento das doenças crônicas não transmissíveis. Estudo como o de Kopper; Teixeira; Dorneles (2009) evidencia piores desempenhos no teste de Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), de acordo com o grau de deficiência auditiva e escolaridade. No que diz respeito à hipertensão relacionada à cognição, um artigo de revisão analisou onze estudos e verificou que, em oito destes artigos, encontrou-se uma relação entre hipertensão arterial e risco de déficits cognitivos (SASHIDA; FONTES; DRIUSO, 2008). Quanto às doenças crônicas não transmissíveis como o diabetes melitus, diversos trabalhos têm associado com as disfunções cognitivas (ALMEIDA-PITTITO, ALMADA FILHO; CENDOROGLO, 2008), assim como arteriosclerose, doenças cardiovasculares (KIVEPETTO et al., 2001) e obesidade (GUSTAFSON et al., 2003). Contudo, Okuma (1998) sugere que o envelhecimento humano é pessoal e diferenciado e envolve vários processos, os quais abrangem aspectos biopsicossociais. Além de não ser uniforme e não ocorrer de forma simultânea no organismo, não está associado à existência de doenças (PALACIOS, 2004). Em relação ao envelhecimento do Sistema Nervoso Central destaca-se o experimento em modelo animal (ratos) de Rosenzweig et al, (1962), que utilizou o arranjo de gaiolas viveiros diferentes daquelas comumente encontradas em biotérios, contendo animais em conjunto ou alojados individualmente. Os pesquisadores criaram um ambiente enriquecido, onde foram utilizadas gaiolas viveiros maiores e que ofereciam uma grande quantidade e variedade de estímulos, tais como objetos de formas diferentes, espelhos, rodas de atividades, escadas, além de possibilidades diversas para conseguir alimento. Nesse experimento, pode-se observar que, independentemente das idades dos animais, houve uma interação com ambientes ricos em estimulação, resultando em alterações específicas no Sistema Nervoso Central (SNC) dos ratos. Entre estas, estavam incluídas o aumento na espessura das camadas do córtex visual, no tamanho de corpos neuronais e dos núcleos dos corpos neuronais, no número de sinapses e na área das zonas de contato sináptico, no número de dendritos e de espinhas dendríticas, no volume e no peso cerebral, além de alterações em níveis de neurotransmissores. 23 Apesar de ocorrerem muitas perdas no SNC, podeocorrer também à plasticidade cerebral, que pode ser definida como mudança adaptativa na estrutura e nas funções do sistema nervoso. A plasticidade cerebral pode vir a existir em qualquer estágio da ontogenia, como função de interações com o ambiente interno ou externo ou, ainda, como resultado de danos de traumatismos ou de lesões que afetam o ambiente neural (PHELPS, 1990). O alcance da Plasticidade não parece ser influenciado pela idade, podendo esta, assim, ser estimulada inclusive em idosos (BHERER et al., 2006). Lent (2004) indica a existência de várias formas de plasticidade: de regeneração, plasticidade axônica, dendrítica, sináptica e somática. A plasticidade de regeneração é a capacidade de recuperar axônios lesados. A plasticidade axônica permite que os terminais axônicos de neurônios sadios possam reorganizar sua distribuição de acordo com estímulos do ambiente. Ainda, os dendritos sadios têm essa capacidade, que se manifesta nos troncos, ramos e espinhas dendríticas, sendo esta a chamada plasticidade dendrítica. Além disso, as sinapses podem fazer uso de aumentos ou diminuições nas transmissões sinápticas, ocorrendo a plasticidade sináptica. Ademais, também pode ocorrer a plasticidade somática que é a capacidade de regular a proliferação ou morte de células nervosas. Segundo Cardoso et al. (2007), a plasticidade neural pode ser entendida como a propriedade que o cérebro dispõe para amenizar as perdas fisiológicas com a passagem do tempo, sendo um mecanismo compensador. A capacidade de formação de novos brotos e crescimento dos axônios pode ser programada geneticamente ou pode depender do meio. Existe uma classe de proteínas regenerativas, as quais promovem esse evento e são denominados fatores tróficos. São eles: fator de crescimento do nervo (NGF–nerve growth factor), fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF–brain derived neurotrophic), fator neurotrofina 3 (NT-3 –neurotrophin-3), neurotrofinas 4, 5 e 6, fator neurotrófico ciliar (CTNF–ciliary neurotrophic factor) (ANNUNCIATO; SILVA, 1998), fator neurotrófico derivado da glia (GDNF–glial derived neurotrophic factor) (DA SILVA; LIMA; TREZENA, 1990), fator de crescimento fibroblástico ácido (AFGF–acidic fibroblast growth factor), fator de crescimento fibroblástico básico (BFGF–basic fibroblast growth factor), fator de crescimento epidérmico (EGF–epidermal growth factor) (CERRUTTI; FERRARI, 1995), dentre outros. 24 Outro recurso individual no processo de envelhecimento do sistema nervoso e declínio das habilidades cognitivas é a Reserva Cognitiva, que pode ser entendida como a capacidade de ação de ativação progressiva de redes neurais a demandas crescentes. Nesse sentido, a reserva cognitiva é um processo normal utilizado pelo cérebro saudável durante as tarefas intelectuais. Por outro lado, pode-se considerar Reserva Cognitiva como a capacidade que permite o indivíduo com maior educação, maior nível ocupacional e maior inteligência compensar com maior êxito as patologias e enfermidades, por utilizar estruturas cerebrais e redes neurais não usadas normalmente por cérebros saudáveis (STERN, 2002). Assim, as pessoas podem ter a mesma quantidade de tecido no encéfalo, mas uma pode mostrar muito mais demência do que a outra (ALVAREZ; RODRIGUES, 2004). Segundo os mesmos autores, atualmente o estudo da Reserva Cognitiva tem integrado diferentes fatores que atuam no desempenho cognitivo, tais como: capacidades inatas, fatores socioeconômicos, educação, posto de trabalho desempenhado e atividades de lazer, principalmente em idades mais avançadas. 4.2 - COGNIÇÃO, MEMÓRIA E ENVELHECIMENTO. A cognição tem sido vista como a função cortical que pode ser subdividida em sub-funções distintas, como a atenção, orientação, memória, organização visuomotora, raciocínio, função executiva, planejamento e solução de problemas. A conceituação, em geral, ilustra a cognição como a capacidade de adquirir e usar informação, a fim de que o indivíduo adapte-se às demandas do meio ambiente. Esse conceito engloba capacidades de processamento da informação, aprendizagem e generalização (ABREU; TAMAI, 2006). Entre as funções cognitivas, uma de suma importância é a memória que, segundo Xavier (1996), é a capacidade de alterar o comportamento em função de experiências anteriores e, segundo Lezak; Howeison; Loring (2004) é a habilidade capaz de registrar, armazenar e evocar informações. Historicamente, os romanos imaginavam a memória como uma rede de conectores complexa ligados entre si. Posteriormente, acreditava-se que era como um lugar onde se guardavam as 25 lembranças. Com o avanço tecnológico, ela já foi comparada a uma central telefônica e, mais recentemente, ao computador. Várias pesquisas procuram esclarecer o funcionamento da memória, sendo as questões mais frequentes relativas à sua localização e funcionamento e, mais recentemente, às associações ao envelhecimento e as consequências sociais e familiares (PINTO, 1999). Do ponto de vista biológico e funcional, algumas regiões do encéfalo estão ligadas ao armazenamento de informações. Considera-se que as informações transitórias e duradouras são armazenadas em diversas áreas corticais: memórias motoras no córtex motor, memórias visuais no córtex visual, e assim por diante. Dessas regiões elas podem ser mobilizadas; por exemplo, a memória operacional é mobilizada pelas áreas pré-frontais do córtex em ligação com áreas do córtex parietal e occipitotemporal. Do mesmo modo, as memórias explícitas podem ser consolidadas pelo hipocampo e áreas corticais adjacentes do lobo temporal medial, em conexão com núcleos do tálamo e hipotálamo. O processo de consolidação é fortemente influenciado por sistemas moduladores, especialmente aqueles envolvidos com o processo emocional, como o complexo amidalóide do lobo temporal (LENT, 2004). Contudo, sabe-se que a memória não está localizada em uma estrutura isolada do cérebro; ela pode ser considerada um fenômeno biológico e psicológico, envolvendo uma aliança de sistemas que funcionam juntos. A tudo isso, deve se juntar a dimensão social da vida do homem, a qual contribui para a qualidade da memória (PINTO, 1999) A literatura sobre esse tema apresenta a memória em vários modelos, formada por sistemas. Um dos mais influentes foi o proposto por Atkinson e Shiffrin (1968), que define três grupos de memória: memória sensorial ou primária (MP), memória de curto prazo (MCP) e memória de longo prazo (MLP). De acordo com este modelo, os estímulos externos chegam através do ambiente e são inicialmente armazenados na memória sensorial. Uma vez processadas, as informações são transferidas para a memória de curto prazo e, posteriormente, para a memória de longo prazo. Atkinson e Shiffrin (1968) também identificaram que, quanto mais tempo se mantiver um item na memória de curto prazo, maior a probabilidade de este ser transferido para a memória de longo prazo (BADDELEY, 1998). Porém, esse modelo apresentou algumas limitações, pois indicava que os pacientes com déficits em MCP apresentariam também problemas na MLP. Posteriormente, 26 algumas pesquisas que testaram o modelo de Atkinson e Shiffrin (1968) revelaram certa independência dos dois subsistemas propostos, apesar de constatarem, nas suas atuações, cooperação em determinadas situações (SHALLICE; WARRINGTON,1970). O sistema de memória proposto por Atkinson e Shiffrin se baseia no tempo e divide-se em subsistemas, de acordo com o conteúdo (Quadro 1). Apesar de suas limitações, esse modelo é utilizado até hoje em estudos. Tempo Conteúdo Memória de Curtíssimo Prazo Memória Sensorial Memória a Curto Prazo Memória de Trabalho Memória a Longo Prazo Memória Explicita (declarativa) - Episódica - Semântica Memória Implícita ( não declarativa) - ProcedimentalFonte: Atkinson e Shiffrin (1968) Quadro 1- Sistemas e Subsistemas de Memória Em relação ao conteúdo deste modelo, a memória sensorial é a memória de curtíssimo prazo, cuja retenção dura apenas alguns segundos. Já a memória de trabalho é um tipo de memória de curta duração que depende de um 27 armazenamento transitório de processamento de informação para a realização de tarefas (BADDELEY, 1981). A memória explicita ou declaratória é formada de maneira consciente e é evocada por meio da palavra. Ao contrário, a memória implícita é formada de maneira inconsciente e não é possível verbalizá-la (IZQUIERDO, 2003). Um tipo de memória explicita é a memória episódica, que se refere à retenção de experiências sobre fatos e eventos do passado. Outro é a memória semântica, considerada como reservatório de conhecimento sobre o mundo e as proposições a respeito dele. Esta possibilita que a pessoa mantenha conversas com significado (FRANK; LADEIRA, 2006). Por fim, a memória procedimental se refere à capacidade de aprender novas habilidades motoras, perceptivas ou cognitivas, e requer treino e repetição da tarefa em questão (HELENE; XAVIER, 2003). Os sistemas de memória funcionam de forma cooperativa, mas muitas vezes independentes (XAVIER, 1996). Apesar do modelo de Atkinson e Shiffrin (1968) ser limitado, ele foi utilizado como precursor de uma série de modelos e seus sistemas são utilizados em estudos até hoje. O presente estudo adotou este modelo, por ser o mais utilizado nos estudos científicos. Todavia, outros estudos refletem sobre a existência de diversos sistemas de memória, como o modelo de Hunt (1971), que distinguiu entre os componentes básicos da memória e os processos de controle. Os componentes básicos seriam o buffer sensorial, equivalente à memória sensorial (MS), memória de curto prazo (MCP), memória de médio prazo (MMP) e memória de longo prazo (MLP). Por exemplo, em uma conversa, a MCP seria responsável pela recordação de palavra por palavra, a MMP recordaria o tema geral da conversa e a MLP conservaria o conteúdo que se conhece da conversa. Também atuariam processos de controle, que seriam os processos atencionais, os quais permitem transferir a informação, desde a percepção sensorial até a MLP (COLOM; FLORES, 2001). Outro modelo foi o de Craik e Lockhart (1971), que sugeriram a independência dos subsistemas e a possibilidade do processamento ser paralelo, isto é, a MCP e a MLP poderiam funcionar independente e simultaneamente. De acordo com esses autores, a MCP não é o portão de entrada da MLP, mas existe uma integração entre a retenção de informação na MCP e na MLP (BADDELEY, 1999). Entretanto, Olton (1989), questiona a lógica que levou à proposta de 28 diferentes sistemas de memória e propõe uma análise dimensional, envolvendo contingências temporais e procedimentos de treinamento que teriam, maior valor heurístico para a análise dos processos e mecanismos responsáveis pela memória. No envelhecimento normal, muitos idosos apresentam alterações na memória (BERTOLLUCI, 2000), e nesse processo os sistemas de memória não são afetados uniformemente, sendo alguns mais afetados do que outros (OSTROSKKY-SOLIS; JAIME, 1998). Pesquisa sobre esse assunto revela que, na memória de curto prazo, a memória sensorial sofre poucas alterações (KAUSLER, 1990), mas a memória de trabalho ou operacional sofre um declínio considerável (STUART-HAMILTON, 2002). Na memória em longo prazo, a episódica é fortemente alterada (BADDELEY, 1999). Sendo que a semântica (RONNLUND et al., 2005) e a implícita são menos afetadas (KENSINGER; CORKIN, 2003). Um aspecto importante na memória, que ocorre no processo de envelhecimento, é a diminuição da velocidade de processamento de informações (SALTHOUSE, 1991). Podem ocorrer ainda déficits em codificação, armazenagem e resgate de informações (SÉ GASPARETO; QUEIROZ; YASSUDA 2004). Entretanto, a memória pode ser estimulada. Segundo Isquierdo (2003), o exercício contínuo de memória provavelmente seja a principal diferença entre o declínio cognitivo entre os idosos e as outras pessoas adultas. Segundo Yassuda (2006), alguns fatores determinam a magnitude dos efeitos do envelhecimento sobre a memória, sendo eles: composição genética do indivíduo, nível educacional e socioeconômico, acuidade visual e auditiva, relações sociais e estilo de vida, ademais, depressão e desaceleração na síntese dos peptídeos específicos da memória (MCGEER; MCGEER, 1980). Além disso, influenciam negativamente na memória as doenças cardiovasculares, a administração de medicamentos e sedativos, e a alteração nos níveis de atividade física habitual (POITRENAUD et al. 1994), fatores psicossociais como o isolamento (LAMBERTY; BIELIAUSKAS, 1991). O estudo de Fratiglion et. al. (2000) sugere que a participação em atividades e redes de suporte social e emocional está associada a um menor declínio cognitivo na velhice. Os esquecimentos constantes dos nomes das pessoas, dos remédios, dos compromissos, de onde deixou algo, do fogão aceso e outros indicam que algo não 29 vai bem. Recursos internos como a consciência de si (self) e o mecanismo de auto- regulação pode trazer ao indivíduo a noção do que está ocorrendo. Essa consciência é importante para a procura de meios para amenizar esses declínios e manter, em níveis razoáveis, a memória. 4.3- EXERCÍCIOS DE COGNIÇÃO E MEMÓRIA EM PESSOAS IDOSAS Durante muito tempo, os cientistas acreditaram que o cérebro perdia a sua plasticidade e sua capacidade de mudança à medida que o homem envelhecia (COTMAN; BERCHTOLD, 2002; GOLDBERG, 2002). Porém, o desenvolvimento é um processo que dura a vida inteira. O cérebro adulto é plástico, está sempre ávido para aprender (FOZA; FERREIRA, 2005). Esse fato abre um novo modo de pensar sobre os efeitos do exercício cognitivo, como um meio, defendido por estudiosos, para manter a mente em intensa atividade e promover a plasticidade cerebral. Esses exercícios são capazes de ativar o cérebro, provocar o crescimento de novas conexões entre as células nervosas, melhorar o suprimento sanguíneo cerebral através do crescimento intensificado de pequenos vasos sanguíneos e, ainda, retardar a progressão de desordens cerebrais degenerativas (COTMAN; BERCHTOLD, 2002; GLODBERG, 2002). Vários estudos realizados confirmam a melhora de várias funções cognitivas, entre elas, a memória, com esses treinos (VERHAEGHEN; MARCOEN e GOOSENS,1992; SHERRY et al, 2006, ALMEIDA BEGER E WATANABE, 2007) . Um estudo realizado entre 1998 e 2004, conduzido por Sherry et al., (2006), nos Estados Unidos, com quatro grupos (treinamento de memória, raciocínio, velocidade de processamento e grupo controle) em dez sessões e reforço de quatro sessões. Em 11 e 35 meses após o treinamento, demonstrou que a cognição teve respostas melhoradas até cinco anos depois das intervenções. Ocorreu também um menor declínio na habilidade de se executar atividades da vida diária, em comparação com aqueles que não receberam o treinamento. Do mesmo modo, pesquisa feita por Almeida; Beger e Watanabe (2007) com 45 idosos submetidos a uma oficina da memória por um semestre, concluiu que houve uma diminuição no 30 número de queixas sobre a memória de 1,22 para 0,88, e a citação de esquecimento não precisa caiu de 38% para 20%. Evidenciou-se, assim, a eficácia do treinamento dessa função. Por sua vez, a meta-análise de Verhaeghen; Marcoen; Goosens (1992) que pesquisou a diferença no desempenho entre o pré e o pós-teste no grupo experimental, controle e placebo de 32 estudos com treino de memória episódica, documentaram que estes programas geram um aumento significativo no desempenho cognitivo dos idosos. Esse estudo indicou que idosos aprendem a usar estratégias de memorização, mesmo as mais complexas, apesar de não sugerir a superioridadede nenhuma técnica em particular. Outro estudo de revisão sobre a efetividade das intervenções cognitivas na prevenção e deterioração da memória de idosos saudáveis sugere que intervenções cognitivas são efetivas e previne o declínio dessa função, principalmente a memória recente verbal (NOVOA; JUAREZ; NEBOT, 2008). Na busca de recursos para maximizar os efeitos dos treinos cognitivos, pesquisadores estão investigando a eficácia de treinos feitos através do computador (LAURANCE et al., 2002; GUENTHER, et al., 2003). Ainda, atualmente, as oficinas de memória para idosos vêm ampliando suas intervenções em uma abordagem mais ampla, de otimização cognitiva, com fatores cognitivos e não-cognitivos. (GUERREIRO; CALDAS, 2001). Os fatores cognitivos podem ser divididos em internos, externos e condições para realização de tarefas. Os internos são: escolaridade, nível cultural, grau de atividade, habilidades, domínio de conhecimentos, características cognitivas e metacognição. Os recursos externos são: ajudas externas como: agendas, calendário, lista de compra, entre outros. As condições para realização de tarefas são as condições ambientais e condições de apresentação da informação. Já os fatores não cognitivos compreendem as condições relacionadas à saúde física do indivíduo (sono, nutrição, atividade física, uso de medicamentos, álcool e outras drogas, tabagismo, hipertensão arterial, diabetes, doenças agudas ou crônicas etc.), suas condições psico-afetivas (traços neuróticos, ansiedade, depressão, crenças sobre a própria capacidade, motivação, etc.) e sociais (engajamento, suporte social, crenças sobre o envelhecimento, etc.). Essa abordagem vem demonstrando melhores resultados nos estudos que analisam a eficácia de treinamento de memória (VAN DER LINDEN; HUPET, 1994). 31 4.4- EXERCÍCIOS FÍSICOS, COGNIÇÃO E MEMÓRIA EM PESSOAS IDOSAS Estudos evidenciam o efeito positivo da atividade física e do exercício físico no declínio biológico causado pelo envelhecimento e seus efeitos benéficos no processo cognitivo (memória, aprendizagem, atenção, etc) (OKUMA, 1998; SILVA; NAVARRO; CAMPOS, 2007; UNGER; JOHNSON, 2008). Além disso, o estudo de Rovio (2005) mostra a associação entre atividades físicas e menores risco de demência e doença de Alzheimer. A possível influência da atividade física sobre as funções cerebrais do idoso foi discutida por diferentes autores (KALSHA; SHAUTH, 2001; SHEPHARD, 2003; KRAMER et al., 2005; CHIARI et al., 2010). Segundo Antunes et al (2006) O exercício físico pode interferir no desempenho cognitivo por diversos motivos: a) em função do aumento nos níveis dos neurotransmissores e por mudanças em estruturas cerebrais (isso seria evidenciado na comparação de indivíduos fisicamente ativos x sedentários); b) pela melhora cognitiva observada em indivíduos com prejuízo mental (baseado na comparação com indivíduos saudáveis); c) na melhora limitada obtida por indivíduos idosos, em função de uma menor flexibilidade mental e atencional quando comparado com um grupo jovem. Ainda, os exercícios físicos ativam cascatas musculares e celulares que mantêm a plasticidade do cérebro, promovendo a vascularização do cérebrom neurogênese e mudança nas estruturas neuronais (COTMAN e BERTCHTOLD, 2002) e mudanças funcionais saudáveis no envelhecimento. O estudo de Cavalini e Chor (2003), realizado com idosas, para detectar déficit cognitivo, conclui que sedentárias apresentam prevalência de déficit cognitivo cerca de duas vezes maior quando comparados com idosas ativas. Em relação aos efeitos dos exercícios físicos sobre as funções cognitivas, entre elas a memória, os exercícios aeróbicos são multifatoriais e estão relacionados a alterações em vários sistemas. A diminuição no ritmo do declínio da função memória, induzida pelos exercícios aeróbicos, pode ocorrer pelos seguintes mecanismos: auxílio no bom funcionamento cerebrovascular, melhoria da função cardiorrespiratória e aumento do transporte de oxigênio para o cérebro (ANTUNES et al., 2001). Os exercícios físicos aumentam a síntese e degradação dos neurotransmissores, auxiliam na diminuição da pressão arterial, na concentração de 32 colesterol e triglicerídeos, na inibição da agregação plaquetária (ROBERGS; ROBERTS, 2002) e reduz o cortisol (KHALSA; STAUTH, 2001). Pesquisa de Colcombe e Kramer (2003), no qual os tecidos cerebrais foram mapeados através de técnicas de ressonância magnética funcional, verificou que indivíduos fisicamente ativos exibem menores taxas de perdas teciduais durante o envelhecimento do que indivíduos sedentários. Um estudo de revisão, incluindo 30 estudos realizados de 1970 a 2003, demonstrou que os exercícios físicos contribuem para a diminuição de ocorrência de demências no envelhecimento (HEYN; ABREU; OTTENBACHER, 2004). Diferentes características do exercício físico podem interferir na memória. Logo após a realização de um exercício físico intenso (efeito agudo do exercício), formações de novas memórias podem ser afetadas negativamente Os protocolos desenvolvidos para investigar os efeitos do exercício intenso nas funções cognitivas são realizados pela demanda anaeróbia máxima, podendo causar um estado de fadiga e conseqüentemente um declínio cognitivo (ANTUNES, et al, 2006 Já o exercício regular sistematizado pode ajudar no armazenamento de novas informações (MELO et al., 2005). A maioria das pesquisas, sobre memória e exercícios físicos, foi feita por meio de exercícios aeróbicos, evidenciando a melhora dessa função e da cognição como um todo (SHERPHARD, 2003; KRAMER et al., 2005), mas, recentemente, os efeitos dos exercícios resistidos na memória têm sido pesquisados, sendo o número de estudos bem menor do que aqueles utilizando os dos exercícios aeróbicos. Porém, seus resultados têm sido animadores. Estudos de Ozkaya et al., (2005) e Busse et al., (2008) verificaram a melhoria dessa função com esse tipo de exercício. Todavia, a combinação de exercícios aeróbicos e exercícios de força podem melhorar ainda mais o desempenho da memória de trabalho, comparada com os efeitos dos exercícios aeróbicos. Isso foi demonstrado na metanálise de Colcombe e Kramer (2003). Pesquisa de Charchat e Moreira (2008) relata que mesmo uma sessão de exercícios físicos pode apresentar resultados benéficos no desempenho cognitivo em idosos, em atividades que requerem funções executivas, com implicações na memória de trabalho. Quanto às funções de atenção e estado de alerta, estudo de 33 Cordova et al. (2009) evidenciou também melhoras. Este estudo mostrou que a melhor intensidade para esses efeitos são exercícios moderados a intensos. A intensidade mais adequada foi a de 90% do limiar anaeróbio. Outro aspecto do exercício físico modulador da memória diz respeito aos mecanismos hormonais e humorais estimulados na sua prática. Segundo Izquierdo et al., (1988), os mecanismos que influenciam a memória e os mecanismos humorais envolvidos no exercício físico conduzem a mais de uma especulação a respeito da possível influência do exercício na memória. A adrenalina, noradrenalina, adrenocorticotrófico (ACTH), vasopressina, opióide e B-endorfina são moduladores fisiológicos da memória e todos estes estão envolvidos na regulação homeostática do exercício. Sugere-se com essa relação mais um efeito do exercício físico na modulação da memória (SANTOS; MILANO; ROSAT, 1998). 4.5- EXERCÍCIOS FÍSICOS CONJUGADOS COM EXERCÍCIOS DE COGNIÇÃO Foram encontrados poucos estudos unindo exercícios físicos com exercícios para a cognição ou memória. Contendo essa conjugação citamos o estudo denominado The SIMA project de OSVALDO et al., 1996, feito no Instituto de Psicogerontologia da Universidade de Erlange na Alemanha, sobre a manutenção e apoio à vida independente na terceira idade. Os experimentos tiveram a participaçãode 309 pessoas com idade entre 75 e 89 anos e foi realizado em 30 sessões. Os idosos foram divididos em seis grupos: grupo controle, grupo de programa de treinamento de competências, grupo de treinamento de memória, programa de treinamento psicomotor, treinamento psicomotor e competência, e treinamento psicomotor e memória. Os resultados demonstram que o treinamento de memória e o treinamento combinado, psicomotor e memória, apresentaram melhores resultados, sem diferença significativa entre eles. Outro estudo é o de Fabre et al.,(2002), no qual foram comparados os efeitos do treinamento físico aeróbio e treinamento mental na função cognitiva, e se procurou determinar se a associação das duas técnicas poderia demonstrar melhores resultados. Participaram deste estudo 32 idosos entre 60 e 76 anos, que 34 foram alocados em quatro grupos, com intervenções por dois meses (treinamento aeróbico, treinamento mental, combinado treinamento aeróbico e mental, e controle). O programa de exercícios aeróbicos e o programa de treinamento mental, ambos resultaram na melhora da função cognitiva; no entanto, o método combinado foi o que obteve melhores respostas na memória, sugerindo que a utilização combinada dos dois métodos pode potencializar os resultados mais do que o uso de apenas uma das técnicas. 5 - MATERIAIS E MÉTODOS 5.1- DELINEAMENTO DO ESTUDO O estudo apresentou um delineamento experimental, com intervenções de estimulação da memória em dois grupos e a presença de um grupo controle. Foram feitas avaliações da memória pré e pós-intervenções nos grupos, comparando seus resultados. Participaram do estudo mulheres idosas, com idade compreendida entre 60 a 80 anos, residentes no Distrito Federal, as quais foram aleatoriamente divididas em três grupos: 1) Estimulação Cognitiva Tradicional (ECT); 2) Estimulação Cognitiva conjugados com exercícios físicos (ECE); e 3) Grupo Controle (GC). No grupo de ECT foram aplicados exercícios de oficinas de memória tradicional e, no ECE, exercícios de oficina de memória aliados a movimentos corporais. O grupo controle permaneceu com suas atividades normais, sem intervenção do pesquisador. Os aspectos principais analisados com o estudo foram os efeitos das intervenções sobre parâmetros da memória. 35 5.2- AMOSTRA A amostra foi composta por 96 idosas, praticantes de atividades físicas sistematizadas no Serviço Social do Comercio (SESC) na cidade satélite do Guará, DF, com idade compreendida entre 60 e 80 anos. Esta foi dividida aleatoriamente em três grupos de 32 sujeitos cada: grupo de Estimulação Cognitiva Tradicional (ECT); grupo de Estimulação Cognitiva e Exercícios (ECE); e Grupo Controle (GC). No entanto, iniciou-se a intervenção com 24 idosas no grupo ECM e 21 no grupo ECT, mas frequentaram 70% das sessões, número mínimo para ser incluída na pesquisa, 19 e 17 respectivamente. No grupo controle foram selecionadas aleatoriamente 19 para o pós-teste, totalizando uma amostra de 55 idosas. O presente estudo adotou os seguintes critérios de inclusão e de exclusão. 5.2.1- Critérios de inclusão • Idosas do sexo feminino com idade compreendida entre 60 e 80 anos e aparentemente saudáveis. Isto é, que não apresentassem doenças crônicas não controladas que impeçam sua participação no estudo; • Alfabetizadas, que saiba ler, interpretar o que leu e escrever. • Idosas que praticam atividades físicas sistematizadas • As idosas do grupo ECM, aptas a praticarem atividades físicas de intensidade leve a moderada. 5.2.2- Critérios de exclusão • Cirurgias recentes; • Portadores de doenças crônicas não transmissíveis que não estejam controladas; 36 • Idosos que utilizam medicamentos que favorecem a confusão mental como: drogas psicoativas, antidepressivos, antipsicóticos, neurolépticos e benzodiazepínicos; • Alcoolismo; • Sinais de provável depressão: ponto de corte acima de 5 na Escala de Depressão Geriátrica 15 (Yesavage), versão resumida; • Deficiência auditiva e visual sem correção; • Comprometimento cognitivo, avaliado por meio do MEEM. Pontos de corte: analfabetos, 13; 1 a 8 anos incompletos, 18; e maior ou igual a 8 anos de escolaridade, 26 (BERTOLUCCI et al,1994). Todos os participantes foram orientados para que informassem à pesquisadora, caso iniciassem qualquer nova medicação, a fim de excluir possível interferência desta no processo cognitivo durante realização das oficinas. 5.3- Cuidados Éticos O estudo somente foi colocado em campo após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretária de Estado de Saúde do DF (ANEXO 2). Antes da coleta de dados e do início das intervenções, foram feitas reuniões com os responsáveis pelo departamento de atividades com idosos do SESC para prestar esclarecimentos sobre o planejamento da pesquisa. Posteriormente, todos os participantes receberam orientações orais e escritas sobre a pesquisa, com todos os aspectos relacionados ao seu formato, sigilo dos dados e responsabilidade dos pesquisadores e profissionais envolvidos. Os participantes foram ainda informados sobre os possíveis riscos e benefícios do protocolo experimental, bem como sobre a possibilidade de deixarem de participar da pesquisa a qualquer momento. Em seguida, todos os participantes preencheram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, formulado de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) (ANEXO1), concordando com sua participação voluntária na pesquisa. 37 5.4- INSTRUMENTOS Os critérios de seleção dos testes, que foram aplicados nesse estudo, foram os seguintes: aspectos da memória do idoso importantes para avaliação (memória a curto prazo, fluência verbal e função executiva e autopercepção da memória), qualidade do teste para avaliar esses aspectos, eficiência, praticidade e tempo necessário para aplicação, aplicabilidade pela comunidade científica e testes específicos para a população de idosos. Os testes adotados foram: para seleção da amostra, o Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) (FOLSTEIN, 1975) e a Escala de Depressão Geriátrica, versão resumida (EDG-15) (SHEIK; YASAVAGE, 1986); para a memória, o Teste de Memória da Lista de Palavras (MLP) (ATKINSON; SHIFFIN, 1971), Teste de Fluência Verbal (FV) (ISAAC; KENNIE 1973) e a Escala Subjetiva de Queixa de Memória (EQM) (Cambridge Examination for Mental Disorders of the Eldely - CAMDEX, ROTH et al., 1988). Para obtenção de resultados mais fidedignos nos testes, a aplicação foi precedida de um período de treinamento, sendo este constituído pela observação de profissionais experientes e pela aplicação propriamente dita em aproximadamente 30 idosos, os quais não entraram nas análises do estudo. Antes da aplicação dos testes, as voluntárias responderam o questionário de identificação (APÊNDICE A). A seguir, encontram-se os detalhes sobre os instrumentos de avaliação que foram aplicados nas voluntárias desta investigação. 5.4.1- Mini- Exame do Estado Mental (Apêndice B) O MEEM foi criado por Folstein (1975) e adaptado para a população brasileira por Bertolucci et al. (1994). Foi projetado para ser uma avaliação clinica prática de mudanças do estado cognitivo em pacientes geriátricos, com alfa de Cronbach 0,80 (SANTOS, et al., 2010). Desde a sua publicação, é um importante instrumento de rastreio de comprometimento cognitivo, utilizado como instrumento clínico ou em pesquisas em estudos epidemiológicos populacionais (BRUCKI et al., 2003). É 38 composto por questões agrupadas em sete categorias, que tem o objetivo de avaliar funções cognitivas como a orientação temporal (5 pontos cada), retenção ou registro de dados (3 pontos), atenção e cálculo (5 pontos), memória (3 pontos), linguagem (8 pontos), capacidade construtiva visual (1 ponto) e orientaçãoespacial ( 5 pontos). O escore pode variar de um mínimo de zero até um total máximo de 30 pontos. A versão em português selecionada para este estudo foi traduzida e validada por Bertolucci et al., (1994). Atualmente é uma das mais utilizadas no Brasil, e leva em consideração diferentes níveis de escolaridade. Seu ponto de corte para analfabetos é 13, 1 a 8 anos incompletos de escolaridade, 18 e maior ou igual a 8 anos de escolaridade, 26. O MEEM é utilizado para rastreamento de comprometimento cognitivo; portanto, foi adotado para identificar voluntárias que estejam abaixo do ponto de corte, ou seja, com sugestão de comprometimento que pudesse afetar os resultados do presente estudo. 5.4.2- Escala de Depressão Geriátrica- EDG -15 (Apêndice C) Ainda para selecionar a amostra, foi aplicada a EDG-15, devido à associação entre a depressão e o comprometimento cognitivo, que há muito tempo tem sido relacionada e vem sendo alvo de pesquisas. Metanálise de Huang et al., 2010 evidencia relação entre depressão, comprometimento cognitivo e demência. A EDG- 15 foi criada por Sheik e Yasavage (1986) e traduzida para o português por Stoppe Júnior; Jacob Filho; Louza Neto (1986) foi validada no Brasil por Almeida e Almeida. Foi utilizada por ser de entendimento simples, com respostas do tipo sim ou não, de rápida e fácil aplicação, e possuir propriedades de validade e confiabilidade satisfatórias para o rastreamento dos sinais sugestivos de depressão no idoso (HOYL et al., 1999; ERTA: EKER, 2000), com o alfa de Cronbach 0,94 (PARADELA, LOURENÇO; VERAS, 2005). A versão original da Escala de Depressão Geriátrica (EDG) possui 30 itens, entretanto foi utilizada uma versão mais curta, no estudo, sendo composta por 15 itens. Essa versão aplicada em ambientes não especializados (ambulatórios), no Brasil, também foi previamente validada por Paradela; Lourenço e Veras (2005). O ponto de corte é o sugerido inicialmente pelos 39 autores que traduziram esta escala para o português. Para eles, a partir de cinco pontos haveria sinais sugestivos de depressão. 5.4.3- Memória da Lista de Palavras- MLP (Apêndice D) O teste de MLP foi concebido por Atkinson e Shiffin (1971), e faz parte da Bateria do Consortium to Estabilish a Registry for Alzheimer Disease - CERAD. É um instrumento que avalia a memória a curto prazo. O teste consiste na leitura, feita pelo examinador, de 10 palavras não relacionadas, no ritmo de cada palavra e em dois segundos. Terminada a leitura, é realizada a evocação. Depois, o procedimento é repetido, mais duas vezes, com as palavras em uma ordem diferente. A pontuação é obtida pela soma das palavras recordadas nas três tentativas. A avaliação será realizada antes e após o período de intervenção. 5.4. 4 - Teste de Fluência Verbal- FV (Apêndice E) Este teste foi validado por Isaacs e Kennie (1973) e fornece informações sobre a capacidade de armazenamento do sistema de memória semântica (BUTMAN et al., 2000), habilidade de recuperar informações armazenadas e processamento das funções executivas (RODRIGUES; YAMASHITA; CHIAPPETTA, 2008). Existem duas modalidades do teste de FV: a semântica (animais) e a categoria fonológica, com evocação de palavras que se iniciam com uma determinada letra. O teste mais empregado em estudos brasileiros é o de categoria semântica (animais), devido à facilidade de sua aplicação e à disponibilidade de notas de corte definidas em função da escolaridade (NITRINI et al., 2005). A memória semântica pertence ao sistema de memória explícita (declarativa) e implica o uso de produtos verbais como nomes de pessoas, lugares, descrições de acontecimentos, vocabulário, significados e regras gramaticais, classificação e conceitos abstratos (IZQUIERDO, 2003). 40 O teste aplicado foi o de categoria de animais de Isaac e Kennie (1973), no qual é dado o comando para o sujeito dar o nome de todos os animais que conseguir em um minuto. O escore corresponde ao número de animais lembrado nesse tempo, não pontuando gêneros iguais, exceto quando as denominações são diferentes (ex. cavalo e égua); nesse caso, ambos são pontuados (BERTOLUCCI, 2001). 5.4.5- Escala Subjetiva de Queixas de Memória (Apêndice F) Outro aspecto considerado foi à auto-avaliação dos sujeitos da pesquisa em relação a sua própria memória. Nesse sentido, foi aplicado a EQM, que é um teste que avalia a percepção da memória. A EQM é uma escala breve em comparação com as tabelas oficiais de metamemória, mas seu conteúdo é bastante significativo (JONKER; GEERLINGS; SCHMAND, 1996). A percepção do declínio cognitivo pode levar à tomada de consciência, gerando ações no sentido de recrutar recursos internos e externos para superar as dificuldades apresentadas com tal quadro. A EQM é um questionário proveniente da bateria CAMDEX (Cambridge Examination for Mental Disorders of the Eldely), sendo composto por 10 questões de forma que, quanto mais queixas e quanto mais estas tenham interferência na vida do indivíduo, maior será a pontuação, que varia de 0 a 21. 5.5 - INTERVENÇÕES Para melhor desenvolvimento das intervenções, foi realizado um acompanhamento da oficina de memória para idosos, ministrada na Unidade Mista de Taguatinga, da Secretária de Saúde do DF, por um período de dois meses. Além disso, foram aplicadas cinco sessões-piloto de intervenções em grupos de idosos no DF (Secretária de Esporte do DF), com a finalidade de estabelecer ajustes, melhorar e viabilizar a proposta. No planejamento das intervenções foi elaborado um plano de ensino (APÊNDICE G) e planos de sessões (Apêndices H e G), sendo que as 41 intervenções ECT e ECE foram as mais similares possíveis, diferenciando apenas pela inclusão de exercícios físicos. 5.5.1- Estímulação Cognitivo Tradicional (ECT) A intervenção de ECT foi realizada no SESC-Guará, DF, com uma frequência de três sessões semanais, durante um mês, totalizando doze sessões. Cada sessão teve a duração aproximada de noventa minutos e foi estruturada tomando como base a pesquisa bibliográfica (ALVAREZ, 2004; GEDIMAN e CRINELLA, 2008; DELLSOLA, 2008) e estudos de oficinas de memória tais como Verhaeghen; Marcoen; Goosens, (1992), Yassuda (1999); Ball et al. (2002), Lasca (2003) e Matos (2006), entre outros. O conteúdo incluiu uma parte teórica e outra prática. A parte teórica constou de explanações e discussões sobre envelhecimento e crenças, etapas e sistemas de memória, metamemória, auto-eficácia e suas influências, estratégias externas e internas para facilitar a lembrança. A parte prática foi composta por exercícios de estratégias mnemônicas, percepção, atenção e concentração. Ademais, incluiu atividades de raciocínio lógico, atividades verbais e resolução de problemas com memória recente e memória pregressa. Todos os exercícios foram graduados do simples para o complexo e do concreto para o abstrato, com atividades individuais e em grupos, jogos e atividades lúdicas, estimulando os mecanismos para melhor desempenho da memória. Além disso, foram sempre requisitados exercícios para casa, utilizando métodos aprendidos nas sessões. Para aderência dos participantes, na pesquisa foram utilizadas práticas estratégicas para maximizar a participação dos sujeitos, como telefonemas para os idosos faltosos e atividades de integração dos participantes. 42 5.5.2- Estimulação Cognitiva e Exercícios Físicos (ECE) O número de sessões por semana e a duração da intervenção de ECE foi igual à intervenção por meio do ECT e o local também foi o mesmo. As atividades práticas de estimulação da memória também seguiram o conteúdo da ECT, sendo a principal diferença a conjugação com exercícios físicos. As atividades foram estabelecidas dentro de um plano de ensino, tendo como base a pesquisa bibliográfica (VERHAEGHEN; MARCOEN; GOOSENS,1992; MANIDI e MICHEL, 2001; YASSUDA 1999; MORENO, 2002; BALL et al, 2002; LASCA 2003; GEIS,2003; ALVAREZ, 2004; MATOS, 2006; GEDIMAN e CRINELLA, 2008; DELLSOLA, 2008 ) e a criatividade, e foram distribuídas em partes semelhantes às sessões de exercícios físicos: parte inicial, parte principal e parte final. Na parte inicial, foram feitas exposições teóricas sobre envelhecimento, crenças, mitos, memória e metamemória, além de discussões sobre a execução dos exercícios que foram passados para casa. Toda essa parte foi intercalada com movimentos de preparação corporal e mental para o restante da sessão como, por exemplo, caminhada, atividades de mobilidade geral e exercícios respiratórios. Na parte principal, foram aplicadas estratégias mnemônicas como: associação, categorização, imagem mental e localização. Tudo isso aliado a exercícios físicos que contribuem para a flexibilidade, força e resistência aeróbia, com todas as atividades exercitando a memória. Além disso, foram utilizadas estratégias tais como jogos ativos e moderados de atenção, concentração, rapidez de reação, resolução de problemas, ginástica natural e dança. Além de aplicados exercícios de Neurobiótica, método de programa de exercícios que consiste em proporcionar ao cérebro experiências fora da rotina, utilizando inúmeras combinações dos cinco sentidos (KATS, 2000). Ainda foram aplicados exercícios de Brain Gym (DENNILSON; DENNILSON, 1996), método que se dá através da prática de determinados exercícios que ativam áreas do cérebro e conectam o lado direito com o lado esquerdo. Encerrando a sessão, a parte final foi composta de exposições teóricas sobre estratégias internas e externas para facilitar a lembrança, influências que sofre a 43 memória e auto-eficácia. Tudo isso foi intercalado com relaxamento, exercícios respiratórios e técnicas de meditação. Os exercícios físicos seguiram os princípios básicos do treinamento físico: individualidade biológica, sobrecarga, continuidade, interdependência do volume, intensidade e variabilidade. As atividades cognitivas foram igualmente graduadas do simples para o complexo e do concreto para o abstrato. Todas as ações de aderência estabelecidas no grupo de ECT foram adotadas do mesmo modo no ECE. 5.5.3- Grupo Controle (GC) O Grupo controle foi instruído a não alterar sua rotina e permanecer sem estímulos específicos para a memória durante o tempo da pesquisa. Seus participantes apenas foram submetidos aos testes cognitivos, antes e após o período da intervenção. Como estratégia de adesão dos participantes à pesquisa, foi realizada uma palestra e mantido contato através de telefonemas. Ao final da coleta de dados foi oferecido, aos interessados deste grupo, o treinamento de memória com atividades da oficina tradicional e da oficina conjugada com atividades físicas. 5. 6 - TRATAMENTO ESTATÍSTICO Para verificar a normalidade da distribuição dos dados foi utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov. Os dados são apresentados através da estatística descritiva, utilizando-se os procedimentos de média e desvio padrão. Para verificar diferenças entre os grupos na linha de base do estudo, foi conduzida uma análise de variância (ANOVA) para as variáveis contínuas, e o teste qui-quadrado para as variáveis categóricas. Um ANOVA fatorial {(2 x 3) (Tempo [pré e pós] * Grupo (ECE, ECT e GC) foi utilizada para verificar os efeitos da intervenção. Nesse sentido, os valores intra-sujeitos foram as variáveis dependentes e os fatores inter-sujeitos foram os grupos. Uma vez que o nível de atividade intelectual apresentou uma diferença 44 limítrofe entre os grupos, essa foi tratada como co-variável nas análises. Ocorrendo diferença significativa em alguma das variáveis, testes de comparações múltiplas Bonferroni foram conduzidos para identificação de contrastes relevantes entre as médias. A significância estatística adotada para as análises foi um valor de P ≤ 0,05 e o software SPSS versão 15,0 foi utilizado para a realização de todas as análises. 6 - RESULTADOS 6.1- CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA A coleta de dados da presente pesquisa foi desenvolvida de março a agosto de 2010, no Serviço Social do Comércio (SESC), onde, nesse período, praticavam atividades físicas 2533 pessoas, entre crianças, jovens, adultos e idosos. O número de idosos participantes das diversas atividades é de 780. Dessa população inicial, participantes potenciais foram informados sobre a pesquisa por meio de uma palestra acerca da memória e envelhecimento e avisos verbais oferecidos nas turmas. Inicialmente, 131 idosas se voluntariaram para as avaliações envolvendo a aplicação do EDG e do MEEM. Após aplicação dos critérios de exclusão, 96 voluntárias foram selecionadas e distribuídas aleatoriamente em três grupos: 1) ECE; 2) ECT; e 3) GC. As participantes do GC foram orientadas para que permanecessem com suas atividades rotineiras, e também com esse grupo foi realizado um encontro, envolvendo uma palestra sobre hipertensão, para controle e aderência do mesmo. Os grupos ECE e ECT iniciaram a intervenção com 24 e 21 idosas, uma vez que as demais apresentaram incompatibilidade de horário. Entretanto, frequentaram o número mínimo de sessões (i.e., 70% das sessões) 19 e 17 voluntárias para o ECE e ECT, respectivamente. Das voluntárias inicialmente alocadas no GC, 19 foram aleatoriamente selecionadas para realizar as avaliações pós-intervenção. Dessa forma, um total de 55 voluntárias entrou nas análises da presente investigação. Para um melhor entendimento do leitor, o fluxograma de recrutamento da amostra é apresentado na figura 1. 45 GC: Grupo Controle; ECM: Estimulação Cognitiva e Movimento; ECT: Estimulação Cognitiva Tradicional Figura 1: Fluxograma do recrutamento das voluntárias do estudo A Tabela 1 apresenta as características descritivas (média ± desvio padrão) da amostra estudada, indicando as variáveis coletadas. Participaram do estudo 55 idosas, com idade média de 68,4 ± 5,6 anos. Especificamente, são apresentados na tabela os dados das variáveis contínuas, tais como idade, número de pessoas no domicílio, escolaridade e resultados dos testes psicrométricos de memória. 46 Tabela 1. Estatística descritiva (média ± desvio padrão) das variáveis estudadas na linha de base do estudo. Variáveis N 55 Idade (anos) 68,4 ± 5,6 EQM 6,2 ± 4,2 MLP 15,6 ± 4,0 FV 15,4 ± 4,0 MEEM 26,3 ± 2,2 EDG 1,7 ± 1,4 Escolaridade (anos) 10,0 ± 4,8 Pessoas no domicílio 2,8 ± 1,5 EQM = Escala de Queixa de Memória; MLP = Memória de Lista de Palavras; FV = Fluência Verbal; MEEM = Mini- Exame de Estado Mental; EDG= Escala de Depressão Geriátrica) Ainda em relação às características da amostra estudada, estão apresentadas na Tabela 2 as variáveis categóricas coletadas na linha de base do estudo. Nesse sentido, são apresentados resultados referentes à reposição hormonal, uso regular de medicamentos, estados civil, realização de tarefas intelectuais e laborais e condições clínicas, como hipertensão arterial, diabetes e alterações da tireóide. Tais características foram identificadas, pois podem influenciar a memória. 47 Tabela 2. Caracterização da amostra em relação à reposição hormonal, uso de medicamentos, hipertensão, atividades intelectuais, atividade laboral e estado civil Características N(%) Reposição Hormonal Sim 4 (7,3%) Não 51(92,7%) Uso Regular de Medicamentos Sim 52 (94,5%) Não 3 (5,6%) Hipertensão Sim 35 (63,6%) Não 20 (36,4%) Diabetes Sim 5 (9,1%) Não 50 (90.9%) Realiza Atividades Intelectuais Sim 39 (70,9%) Não 16 (29.1%) Atividade Laboral Nunca exerceu 13 (23,6%) Já exerceu 34 (61,8%) Exerce atualmente 8 (14,6%) Estado Civil Solteira 4 (7,8%)