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1 Brenda Carvalho Silva 3°P Histologia do coracao O coração é constituído por três túnicas (paredes) de tecido Endocárdio: estrutura mais interna, semelhante a camada íntima dos vasos sanguíneos, sendo constituído por endotélio (epitélio pavimentoso simples). Ele minimiza o atrito de superfície conforme o sangue passa através do coração Miocárdio: é a túnica intermediária mais espessa sendo constituída por células musculares cardíacas organizadas em camadas que irão envolver as câmaras do coração para realizar seu bombeamento Epicárdio: é uma fina camada de tecido conjuntivo (pericárdio) que apoia a camada que cobre externamente o coração. O tecido adiposo que envolve o coração se acumula nessa camada Pericárdio: membrana serosa que envolve o coração e as bases dos grandes vasos. O pericárdio consiste em duas partes principais: (1) o pericárdio fibroso e (2) o pericárdio seroso o Pericárdio fibroso: é composto por tecido conjuntivo inelástico, resistente, denso e irregular. Sua função é impedir a hiperdistenção do coração o Pericárdio seroso é feito de dois folhetos: parietal (mais externo) e o visceral (mais interna epicárdio). Entre os dois folhetos a um fluido seroso lubrificante (líquido pericárdico) que facilita os movimentos do coração, reduzindo o atrito das camadas do pericárdio durante os movimentos O ventrículo esquerdo é o mais espesso das quatro câmaras, pois precisa de grande força de contração para gerar pressão suficiente para o bombeamento do sangue por todo o corpo A superfície dos vasos sanguíneos é revestida por endotélio para que haja 1 Brenda Carvalho Silva 3°P uma barreira semipermeável entre o plasma sanguíneo e o fluido intersticial. Os vasos sanguíneos possuem três camadas de túnicas: intima, média e adventícia. o Túnica intima: é a camada mais interna formada por células endoteliais apoiada numa lamina basal que é envolta tecido conjuntivo frouxo. Observa-se ainda uma lamina elástica interna que a separa da túnica média. Essa lâmina é muito comum nas artérias. o Túnica média: camada média constituída por tecido muscular liso, possuindo fibras elásticas e reticulares. Nas veias é uma camada fina o Túnica adventícia: mais externa e é formada por tecido conjuntivo, colágeno e fibras elásticas e por ela que se formam as arteríolas e capilares Como as artérias transportam sangue com alta pressão (vindo do coração) as suas paredes precisam ser fortes, espessas, elásticas e resistentes. No interior dos órgãos as artérias se ramificam em arteríolas que são vasos de menor calibre e são o local de maior resistência no sistema cardiovascular Os capilares são vasos com diâmetro muito pequeno e uma camada de célula endotelial. Essa característica permite ocorra trocas de substancias entre o sangue e o liquido intersticial presente ao redor das células As veias garantem que o sangue proveniente dos órgãos e tecidos seja transportado de volta ao coração. O sangue que passa por elas está sob pressão mais baixa e para garantir o fluxo adequado a musculatura esquelética comprime as veias para garantir o fluxo contínuo de sangue o Veias de grande calibre possuem válvulas para que o fluxo de sangue seja unidirecional, que são dobras da túnica intima As veias são junções dos capilares que se unem formando vênulas, que por sua vez se unem para formarem as veias Principais diferenças entre artérias e veias: Artérias possuem duas membranas elásticas (interna e externa), enquanto as veias só possuem a interna A túnica média das artérias tem uma espessura muito maior do que das veias, uma vez que precisam de força para suportar a pressão do sangue As veias possuem válvulas para garantir que o sangue de menor pressão que circula nelas chegue ao coração. Anatomia do coracao No interior da parede anterior do átrio direito é áspera por causa de cristas musculares chamadas de músculos pectíneos que dará origem a auricula 2 Brenda Carvalho Silva 3°P direita, uma camada de tecido que recobre o átrio. Entre o átrio direito e o átrio esquerdo existe uma partição fina chamada septo interatrial. Nesse septo há a fossa oval que é um resquício do forame oval. O sangue passa do átrio direito para o ventrículo direito através da valva atrioventricular direita (ou tricúspide). O interior do ventrículo direito contém uma série de cristas formadas por feixes elevados de fibras musculares cardíacas chamadas trabéculas cárneas. As válvulas da valva atrioventricular direita estão conectadas às cordas tendíneas, que por sua vez estão ligadas a trabéculas cárneas em forma de cone chamadas músculos papilares. Ventrículo direito é separado do ventrículo esquerdo por uma partição chamada de septo interventricular O sangue sai do ventrículo direito através da valva do tronco pulmonar para o tronco pulmonar, que se divide em artérias pulmonares direita e esquerda e levam o sangue até os pulmões. Na valva AV direita, quando os ventrículos se contraem, a pressão do sangue aciona as válvulas atrioventriculares direita e esquerda para cima até que suas extremidades se encontrem e fechem a abertura. Ao mesmo tempo, os músculos papilares se contraem, o que traciona e retesa as cordas tendíneas. As valvas da aorta e do tronco pulmonar são compostas por três válvulas semilunares. As valvas se abrem quando a pressão no ventrículo é superior à pressão nas artérias, possibilitando a ejeção do sangue dos ventrículos para o tronco pulmonar e aorta Ele recebe o sangue dos pulmões, por meio das quatro veias pulmonares. Sua parede anterior é lisa, pois não possui músculos pectíneos O sangue passa do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo através da valva atrioventricular esquerda, (valva bicúspide ou mitral), com duas válvulas Como o ventrículo direito, o ventrículo esquerdo contém trabéculas cárneas e tem cordas tendíneas que ancoram as válvulas da valva atrioventricular esquerda aos músculos papilares. O sangue sai do ventrículo esquerdo através da valva da aorta na parte ascendente da aorta. Um pouco do sangue da aorta flui para as artérias coronárias, que se ramificam da parte ascendente da aorta e transportam o sangue para a parede do coração. A parte restante do sangue passa para o arco da aorta e parte descendente da aorta (torácica e abdominal da aorta) levando sangue por todo o corpo. 3 Brenda Carvalho Silva 3°P As bombas de enchimento (átrio) preenchem os ventrículos com sangue e as bombas de potência ventriculares (ventrículos) produzem a principal força que origina a circulação sanguínea pelas artérias pulmonares e sistêmicas. O termo sístole significa contrair e diástole significa dilatar. O sangue percorre o coração da seguinte forma: O sangue que chega ao átrio direito pela veia cava inferior e veia cava superior. Do átrio direito o sangue é bombeado para o ventrículo direito e depois para os pulmões onde ele será novamente oxigenado. Esse caminho está representado pelas setas azuis Depois de passar pelos pulmões, o sangue volta ao coração, agora pelo átrio esquerdo, flui em direção ao ventrículo esquerdo e é bombeado para a artéria aorta, retornando para o resto do corpo. Esse caminho está representado pelas setas vermelhas. O sangue não circula livrementedentro do coração. Existem quatro valvas que servem de porta, abrindo-se e fechando- se de modo a impedir que o sangue retorne de uma cavidade para outra. Graças às válvulas, o sangue flui somente em uma única direção: veia átrio ventrículo artéria. Antes do início da sístole, os átrios e os ventrículos estão relaxados, os ventrículos estão repletos de sangue, as válvulas semilunares estão encerradas e as válvulas atrioventriculares (AV) estão abertas. Despolarização do nó SA provoca a despolarização atrial que ocasiona a sístole atrial. Uma vez que o átrio contrai elevando sua pressão para abrir as valvas AV e ir para o ventrículo. O fim da sístole atrial é também o fim da diástole ventricular (relaxamento). Quando começa a sístole ventricular (provocada pela repolarização 4 Brenda Carvalho Silva 3°P ventricular), a contração dos ventrículos aumenta as pressões ventriculares, o que leva o sangue a refluir no sentido do átrio fechando as válvulas AV. Enquanto a contração continua, as pressões ventriculares continuam se elevando, mas nenhum sangue sai, pois todas as válvulas estão fechadas. O pequeno intervalo antes da sístole é denominado período de contração isovolumétrica, uma vez que o volume sanguíneo no ventrículo não se altera. o Contração muscular isométrica: fibras musculares se contraem, mas ainda não se encurtam o Isovolumétrico: Volume ventricular é o mesmo Conforme os ventrículos continuam a se contrair, as pressões ventriculares superam as pressões da artéria pulmonar e da aorta, o que leva a que, durante o período de ejeção, as válvulas semilunares sejam forçadas a abrir e deixarem o sangue sair dos ventrículos para aquelas artérias. a. Volume sistólico: volume ejetado m cada ventrículo por batimento. b. Volume diastólico final: volume no ventrículo no fim da sístole A aorta é uma artéria muito elástica, de forma que a medida que o sangue entra neste vaso, há uma distensão para acomodar esse volume. Assim, quanto mais a aorta se distende, menor a diferença de pressão entre este vaso e o ventrículo esquerdo. Quando as pressões se igualam, não há mais ejeção de sangue No início da diástole (provocada pela repolarização ventricular0, os ventrículos relaxam e a pressão ventricular cai abaixo das pressões da artéria pulmonar e da aorta. Dessa maneira o sangue começa a refluir em direção aos ventrículos levando a que as válvulas semilunares se fechem Circuito eletrico do coracao As células miocárdicas possuem a capacidade de se contrair espontaneamente, sem inervação. Porém, a velocidade de contração ineficaz para gerar o bombeamento do coração e por isso temos as células marca-passo que geram e conduzem os estímulos elétricos. O impulso para a contração cardíaca normal tem início no nó sinoatrial (SA), um grupo de fibras musculares cardíacas especializadas localizadas na parede superoposterior do átrio direito. A excitação cardíaca normal nasce neste nó que atinge o limiar do potencial de ação (despolarização) mais rapidamente que o restante do sistema. O nó sinoatrial é o marca-passo cardíaco natural e controla o ritmo das contrações. O impulso elétrico gerado pelo nó SA se propaga por ambos os átrios e atinge o nó atrioventricular (AV), localizado na parede atrial direita, nas proximidades da região central do coração. O nó AV conduz o impulso desde os átrios até os ventrículos. Por possuir células de condução mais lentas, o impulso sofre um atraso de cerca de 0,13 s ao atravessar o nó AV, entrando em seguida no feixe AV. 5 Brenda Carvalho Silva 3°P Esse retardo é importante, pois permite que o sangue atrial desemboque completamente nos ventrículos a fim de maximizar o enchimento ventricular antes que o ventrículo se contraia. O feixe AV (que pode atuar como um marca-passo secundário) avança ao longo do septo ventricular e, em seguida, envia os ramos direito e esquerdo do feixe para os dois ventrículos. Esses ramos transmitem o impulso na direção do ápice do coração e, em seguida, para o exterior do órgão. Cada ramo do feixe se subdivide em vários ramos menores que se alastram por toda a parede ventricular. Esses ramos terminais do feixe AV são as fibras de Purkinje, que transmitem o impulso por meio dos ventrículos cerca de seis vezes mais rápido que pelo restante do sistema de condução cardíaca. Essa condução rápida permite que todas as partes do ventrículo contraiam-se praticamente ao mesmo tempo O sistema nervoso parassimpático chega ao coração como o nervo vago que transmite os impulsos até os nós AS e AV e quando estimulado causa a hiperpolarização das células de condução, ocasionando uma despolarização espontânea mais lenta e consequentemente uma diminuição da frequência cardíaca. Já a estimulação simpática aumenta a frequência da despolarização e a velocidade de condução e, portanto, a frequência cardíaca. Potencial de acao cardiaco A corrente de influxo traz cargas elétricas positivas para o interior da célula e despolariza o potencial de membrana. A corrente de efluxo leva cargas elétricas positivas para fora da célula e hiperpolariza o potencial de membrana Ventrículos, átrios e o sistema de Purkinje apresentam potenciais de repouso da milivolts (mV). Esse valor se aproxima do potencial de equilíbrio do K+ Fase 0: despolarização o É a fase ascendente do potencial de ação o É causada por um aumento transitório da condutância do Na+. Esse aumento resulta em uma corrente de influxo de Na+ que despolariza o Canais de sódio se abrem e ao alcançarem +20mV se fecham Fase 1: repolarização inicial o Trata-se de um breve período de repolarização inicial o A repolarização inicial é causada por uma corrente de efluxo, em parte pelo movimento dos íons K+ o K+ saem da célula e ficam 0mV, abre- se os de Ca+ para o influxo dentro da célula, impedindo a repolarização e ocorrendo o platô Fase 2 o É o platô do potencial de ação o É causada por uma elevação transitória da condutância do Ca2+, que resulta em uma corrente de influxo de Ca2+, e por um aumento na condutância do K+ 6 Brenda Carvalho Silva 3°P o Durante a fase 2, as correntes de efluxo e de influxo são aproximadamente iguais, de modo que o potencial de membrana se encontra estável no platô. Fase 3: repolarização o Canal de Ca+ se fecha e os de K+ lento se abrem. A elevada condutância do K+ resulta em uma grande corrente de efluxo de K+ (IK), que hiperpolariza a membrana de volta ao potencial de equilíbrio do K+, retornando o potencial de membrana ao seu nível de repouso Fase 4: potencial de repouso da membrana o É um período durante o qual as correntes de influxo e de efluxo (IK1) são iguais e o potencial de membrana é -90mV. Eletrocardiograma Onda P o Representa a despolarização atrial e a sua contração o Não inclui a repolarização atrial, que Intervalo PR o É o intervalo entre o início da onda P e o início da onda Q (despolarização inicial do ventrículo) o É a pausa para que o átrio ejete maior volume de sangue no ventrículo o É isoelétrico Complexo QRS o Representa a despolarização rápida dos ventrículos. o Ondas Q e S são negativas e R positiva (a R é maior pois marca a despolarização dos ventrículos o O intervalo RR ocorre entre duas ondas R e marca a frequência da despolarização ventricular Intervalo QT o É o intervalo entre o início da onda Q e o fim da onda T o Representa todo o período dedespolarização e repolarização dos ventrículos. Segmento ST o É o segmento desde o fim da onda S até o início da onda T o É isoelétrico o Representa o período durante o qual os ventrículos estão despolarizados. Onda T o Representa a repolarização ventricular (fibras ventriculares começam a relaxar) o A Onda Ta marca a repolarização dos átrios, mas não aparece porque ocorre no complexo QRS que tem interferência maior o A onda U é uma repolarização tardia dos músculos papilares dos ventrículos Ciclo cardiaco detalhado Um ciclo cardíaco consiste em uma sístole e uma diástole dos átrios mais uma sístole e uma diástole dos ventrículos. Os átrios e ventrículos se contraem e relaxam alternadamente, forçando o sangue das áreas de alta pressão às áreas de baixa pressão. Enquanto uma câmara do coração se contrai, a pressão arterial dentro dela aumenta. As pressões do lado esquerdo do coração são mais elevadas do que as pressões do lado direito. 7 Brenda Carvalho Silva 3°P A despolarização do nó SA provoca a despolarização atrial, marcada pela onda P no ECG. A despolarização atrial causa a sístole atrial. Conforme o átrio se contrai, ele exerce pressão sobre o sangue dentro dele, o que o força a passar através das valvas AV abertas para os ventrículos. A sístole atrial contribui com os últimos 25 o O fim da sístole atrial é também o fim da diástole ventricular (relaxamento). Assim, cada ventrículo contém cerca Este volume de sangue é chamado volume diastólico final (VDF). O complexo QRS no ECG marca o início da despolarização ventricular. A despolarização ventricular provoca a sístole ventricular. Conforme a sístole ventricular começa, a pressão sangue contra as valvas atrioventriculares (AV), forçando seu fechamento. Por cerca de 0,05 s, as valvas atrioventriculares, do tronco pulmonar e da aorta estão fechadas. Este é o período de contração isovolumétrica. Durante este intervalo, as fibras musculares cardíacas estão se contraindo e exercendo força, mas ainda não estão se encurtando. Assim, a contração muscular é isométrica (mesmo comprimento). Além disso, como as quatro valvas estão fechadas, o volume ventricular permanece o mesmo (isovolumétrica). A contração continuada dos ventrículos faz com que a pressão no interior das câmaras aumente acentuadamente. o Quando a pressão ventricular esquerda ultrapassa a pressão aórtica em cerca de 80 milímetros de mercúrio (mmHg) e a pressão ventricular direita sobe acima da pressão no tronco pulmonar (cerca de 20 mmHg), as valvas do tronco pulmonar e da aorta se abrem. Neste momento, começa a ejeção de sangue do coração. o O período durante o qual as valvas do tronco pulmonar e da aorta estão abertas é a ejeção ventricular, que tem a duração de cerca de 0,25 s. o O ventrículo esquerdo ejeta cerca de para a aorta, e o ventrículo direito ejeta o mesmo volume de sangue para o tronco pulmonar. O volume remanescente em cada ventrículo no final da sístole, cerca de 60 volume sistólico final (VSF). o O volume sistólico, o volume ejetado a cada batimento por cada ventrículo, é igual ao volume diastólico final menos o volume sistólico final: VS = VDF VSF. Em repouso, o volume sistólico é de A onda T do ECG marca o início da repolarização ventricular. o Durante o período de relaxamento, que dura cerca de 0,4 s, os átrios e os ventrículos estão relaxados. Conforme aumenta a frequência cardíaca, o período de relaxamento torna-se cada vez mais curto A repolarização ventricular provoca a diástole ventricular. Conforme os ventrículos relaxam, a pressão no interior das câmaras cai, e o sangue da aorta e do tronco pulmonar começa a refluir para as regiões de baixa pressão nos ventrículos. o O fluxo retrógrado de sangue atinge as válvulas das valvas e fecha as valvas do tronco pulmonar e da aorta. o O refluxo de sangue sobre as válvulas fechadas da valva da aorta produz a 8 Brenda Carvalho Silva 3°P onda dicrótica na curva de pressão aórtica. o Depois do fechamento das valvas do tronco pulmonar e da aorta, existe um breve intervalo em que o volume de sangue do ventrículo não se modifica porque as quatro valvas estão fechadas. Este é o período de relaxamento isovolumétrico. Conforme os ventrículos continuam relaxando, a pressão cai rapidamente. Quando a pressão ventricular cai abaixo da pressão atrial, as valvas do tronco pulmonar e da aorta se abrem e começa o enchimento ventricular. o A maior parte do enchimento ventricular ocorre logo após a abertura das valvas do tronco pulmonar e da aorta. o O sangue que fluiu para os átrios e ali se acumulou durante a sístole ventricular então se desloca rapidamente para os ventrículos. Ciclo cardíaco Alterações na pressão do átrio esquerdo (linha verde), pressão ventricular esquerda (linha azul) e pressão aórtica (linha vermelha) e sua relação com a abertura e fechamento das valvas cardíacas. MECANISMO DE FRANK-STARLING (DISPONÍVEL EM: SANARMED) Importante resposta fisiológica de curto prazo, baseada na relação comprimento-tensão do músculo cardíaco. Esta relação atua sobre a força de contração muscular, permitindo que o miocárdio saudável seja capaz de bombear qualquer quantidade de sangue que chegue ao coração para seu funcionamento: que a contração das células cardíacas seja forte, ocorrendo em intervalos regulares e sincronizados; que as valvas se abram completamente e não regurgitem o sangue; e que o ventrículo se encha corretamente durante a diástole. Imagine que o ventrículo vai se enchendo, fazendo com que os músculos cardíacos se estirem e queiram voltar ao seu estado de repouso. Com isso, quanto mais cheio o ventrículo, maior é a disposição muscular de voltar a esse estado, aumentando a intensidade da força de contração. Dessa forma, o coração consegue bombear todo o volume sanguíneo presente no ventrículo. (tensão passiva) Também acontece uma elevação da sensibilidade das células musculares aos íons de cálcio (Ca++) à medida que o músculo é estirado pelo conteúdo ventricular. Quanto maior o estiramento, mais cálcio entrará na célula; como o cálcio é essencial no processo de contração muscular, o aumento da sua concentração proporciona maior força de contração. A medida que o músculo cardíaco se estira, o espaço entre as fibras musculares grossas e finas é reduzido, permitindo maior proximidade entre as moléculas de miosina e actina. Como a relação entre essas duas moléculas leva à contração do músculo, o aumento de interações resulta em maior força de contração. Bulhas cardiacas A primeira bulha (B1) (tum), é mais forte e um pouco mais longa, causada pela turbulência do sangue associada ao fechamento das valvas AV logo depois de a sístole ventricular começar. A segunda bulha (B2) (tá), que é mais breve e não tão forte quanto a primeira e é causada pela turbulência no sangue associada ao fechamento das valvas do 9 Brenda Carvalho Silva 3°P tronco pulmonar e da aorta no início da diástole ventricular. Para a regulação da pressão arterial os mecanismos mais importantes consistem em um barorreceptor rápido, de mediação neural, e em um mecanismo mais lento, de regulação hormonal, exercido pelo sistema renina- angiotensina-aldosterona. O centro cardiovascular (CV) no bulbo controla sistemas de feedback negativo neurais, hormonais e locais que regulam a pressão e fluxo sanguíneo a tecidos específicos. O centro cardiovascular recebe informaçõesdas regiões superiores do encéfalo e dos receptores sensitivos. Os impulsos nervosos descem do córtex cerebral, sistema límbico e hipotálamo para afetar o centro cardiovascular. Os três tipos de receptores sensitivos que fornecem informações ao centro cardiovascular são o Os proprioceptores monitoram os movimentos e fornecem informações ao centro cardiovascular durante a atividade física. Sua atividade é responsável pelo rápido aumento da frequência cardíaca no início do exercício. o Os barorreceptores monitoram as alterações na pressão e distendem as paredes dos vasos sanguíneos, o Os quimiorreceptores monitoram a concentração de vários produtos químicos no sangue. PA = DC × RP DC = VS × FC. PA, pressão arterial; DC, débito cardíaco; RP, resistência periférica; volume sistólico (VS), frequência cardíaca (FC) Reflexo barorreceptor São receptores sensitivos sensíveis a pressão. Inclui mecanismos neurais rápidos São localizados na aorta ou carótida interna. o Os barorreceptores da parede dos seios caróticos iniciam o reflexo do seio carótico, que ajuda a regular a pressão sanguínea no encéfalo. A pressão arterial distende a parede do seio carótico, o que estimula os barorreceptores. Sequência de propagação dos impulsos: dos barorreceptores do seio carótico nervo glossofaríngeo (IX) centro cardiovascular (CV) do bulbo. Já os reflexos da aorta chegam ao CV pelo nervo vago (X) Trata-se de um sistema de retroalimentação negativa, responsável pela regulação minuto a minuto da pressão arterial Etapas no reflexo barorreceptor: Uma queda da pressão arterial diminui o estiramento das paredes do seio carotídeo. Como os barorreceptores são mais sensíveis a mudanças da pressão arterial, a rápida queda da pressão arterial provoca uma resposta mais intensa o Outros barorreceptores no arco da aorta respondem a aumentos da pressão arterial, mas não a diminuições. A redução do estiramento diminui a frequência de descarga do nervo do seio carotídeo (nervo de Hering, ramo do nervo craniano [NC] IX), que transporta a informação até o centro vasomotor no tronco encefálico. se a pressão arterial média for inferior a 100 mmHg, o centro vasomotor coordena uma série de respostas autonômicas. Essas alterações tentarão elevar a pressão arterial para seu valor normal. 10 Brenda Carvalho Silva 3°P As respostas para a elevação da pressão consistem em diminuição do tônus parassimpático (vagal) para o coração e em aumento do tônus simpático para o coração e os vasos sanguíneos que resultará no aumento da frequência cardíaca, o aumentos da contratilidade e do volume sistólico produzindo aumento do débito cardíaco, o que eleva a pressão arterial. Inversamente, quando é detectado um aumento na pressão, os barorreceptores enviam impulsos em uma frequência mais rápida. O centro CV responde aumentando a estimulação parassimpática e diminuindo a estimulação simpática. Sistema renina- angiotensina- aldosterona Trata-se de um mecanismo hormonal de ação lenta É utilizado no controle a longo prazo da pressão arterial, por meio do ajuste do volume sanguíneo A renina é uma enzima A angiotensina I é inativa A angiotensina II é fisiologicamente ativa A angiotensina II é degradada pela angiotensinase. Um dos fragmentos peptídicos, a angiotensina III, apresenta parte da atividade biológica da angiotensina II. Uma queda na pressão de perfusão renal causa secreção de renina pelas células justaglomerulares da arteríola renal aferente. A renina é uma enzima que catalisa a conversão do angiotensinogênio em angiotensina I no plasma. A enzima conversora de angiotensina (ECA) catalisa a conversão da angiotensina I em angiotensina II, principalmente nos pulmões. COMO OS MEDICAMENTOS FUNCIONAM? Os inibidores da ECA (p. ex., captopril) bloqueiam a conversão da angiotensina I em angiotensina II e, portanto, reduzem a pressão arterial Os antagonistas do receptor AT1 da angiotensina (p. ex., losartana) bloqueiam a ação da angiotensina II em seu receptor e reduzem a pressão arterial. Estimula a síntese e a secreção de aldosterona pelo córtex da suprarrenal A aldosterona aumenta a reabsorção de Na+ pelo túbulo distal renal, aumentando o volume de líquido extracelular (LEC), o volume sanguíneo e a pressão arterial o Essa ação da aldosterona é lenta, visto que exige a síntese de novas proteínas. o Essa ação da angiotensina II causa alcalose por redução do volume sanguíneo. Aumenta a sede e, consequentemente, a ingestão de água Causa vasoconstrição das arteríolas, aumentando, assim, a resistência periférica total (RPT) e a pressão arterial. 11 Brenda Carvalho Silva 3°P Outros mecanismos de regulacao da pressao arterial Na presença de isquemia cerebral, ocorre aumento da pressão parcial de dióxido de carbono (PCO2) no tecido cerebral. Os quimiorreceptores no centro vasomotor respondem por meio de aumento do tônus simpático para o coração e para os vasos sanguíneos. A constrição das arteríolas provoca vasoconstrição periférica intensa e aumento da RPT. O fluxo sanguíneo para outros órgãos (p. ex., rins) está significativamente reduzido, na tentativa de preservá-lo para o cérebro A reação de Cushing é um exemplo de resposta à isquemia cerebral. A elevação da pressão intracraniana provoca compressão dos vasos sanguíneos cerebrais, levando a isquemia cerebral e aumento da PCO2 cerebral. O centro vasomotor envia um impulso simpático eferente para o coração e para os vasos sanguíneos, causando acentuada elevação da pressão arterial. Monitoram a composição química do sangue Estão localizados próximo à bifurcação das artérias carótidas comuns e ao longo do arco da aorta Apresentam taxas muito altas de consumo de O2 e são muito sensíveis a reduções da pressão parcial de oxigênio (PO2) As diminuições da PO2 ativam centros vasomotores que produzem vasoconstrição, aumento da RPT e elevação da pressão arterial. Em resposta à estimulação simpática são liberadas pela medula da suprarrenal Aumentam o débito cardíaco ao elevarem a velocidade e força das contrações cardíacas. Causam constrição das arteríolas e veias na pele e órgãos abdominais e dilatação das arteríolas no músculo cardíaco e esquelético, o que ajuda a aumentar o fluxo sanguíneo para o músculo durante o exercício Está envolvida na regulação da pressão arterial em resposta à hemorragia, mas não na regulação minuto a minuto da pressão arterial normal Os receptores atriais respondem a uma diminuição do volume sanguíneo (ou da pressão arterial) enviando sinais neurais que promovem a liberação de vasopressina pela neuro-hipófise A vasopressina tem dois efeitos, que tendem a normalizar a pressão arterial: 12 Brenda Carvalho Silva 3°P o Trata-se de um potente vasoconstritor, que aumenta a RPT através da ativação dos receptores V1 nas arteríolas. o Aumenta a reabsorção de água pelo túbulo distal renal e ductos coletores através da ativação dos receptores V2. É liberado nos átrios em resposta a um aumento do volume sanguíneo e da pressão atrial Provoca relaxamento do músculo liso vascular, dilatação das arteríolas e diminuição da RPT Causa aumento da excreção de Na+ e de água pelos rins, o que reduz o volume sanguíneo e tenta reduzir a pressão arterial a seus valores normais Inibe a secreção de renina. Referências: COSTANZO, Linda S. Fisiologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, TORTORA,G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 12ª. edição. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2010. JUNQUEIRA, LC; CARNEIRO, J. Histologia básica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. O Coracao e a COVID- 19 : O que o Cardiologista Precisa Saber Artigo parte do jornal brasileiro de cardiologia, publicado em 2020 pelo jornal da sociedade brasileira de cardiologia, relata sobre as complicações cardiovasculares evidenciadas nos pacientes com COVID-19 que resultam de vários mecanismos, que vão desde lesão direta pelo vírus até complicações secundárias à resposta inflamatória. Alguns estudos sugerem que a lesão ao sistema cardiovascular secundária ao vírus possa estar relacionada à enzima de conversão da angiotensina. A ECA2 regula negativamente o sistema renina angiotensina pela inativação da angiotensina-2 A ECA converte angiotensina I e II em angio(1-7) que tem efeito contrário da angio II, provocando vasodilatação. A ang-(1-7) possui efeito anti-hipertensivo. O gene ACE2 geralmente ser mais expresso em pacientes com doenças crônicas como hipertensão, diabetes e outras doenças cardiovasculares, o que as torna mais suscetíveis a infecção pelo novo coronavírus. O SARS-CoV-2 contém quatro proteínas estruturais principais; o vírus liga-se por meio da proteína spike ao receptor da ECA2 e, por meio dessa ligação, entra na célula hospedeira onde ocorre a inativação da ECA2, o que favorece a lesão pulmonar. Como a ECA2 apresenta concentrações elevadas no coração, lesões potencialmente graves ao sistema cardiovascular podem ocorrer, uma vez que pela ECA2 estar elevada no local o covid fica mais suscetível a ataca-lo. COSTA, Isabela Bispo Santos da Silva et al. O Coração e a COVID-19: O que o Cardiologista Precisa Saber. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 114, n. 5, p. 805-816, 2020. Disponível em: http://publicacoes.cardiol.br/portal/abc/portugu es/2020/v11405/pdf/11405012.pdf