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PRÁTICA DO PROCESSO PENAL

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PRÁTICA DO PROCESSO PENAL
	
Aula 1
Objetivo
1. Compreender o caráter instrumental do processo com relação ao direito penal e à aplicação da pena, compatibilizando as normas infraconstitucionais ao atual sistema acusatório de acordo com os princípios constitucionais que regem o nosso sistema processual penal;
2. Entender a atividade investigativa da polícia judiciária como início à persecução penal, bem como objetiva ao conhecimento do procedimento inquisitivo da persecução penal, seus órgãos e as atribuições da autoridade policial;
3. Assimilar a justiça consensual e os institutos da transação penal e da suspensão condicional do processo.
Fundamento do processo penal 
Garantista: “Consiste na tutela dos direitos fundamentais, que – da vida à liberdade pessoal, das liberdades civis e políticas às expectativas sociais de subsistência, dos direitos individuais aos coletivos – representam os valores, os bens e os interesses, materiais e pré-políticos, que fundam e justificam a existência daqueles artifícios – como chamou Hobbes –, que são o Direito e o Estado, cujo desfrute por parte de todos constitui a base substancial da democracia. Historicamente, é possível extrair um imperativo básico: o Direito existe para tutelar os direitos fundamentais”.
Utilitarista: O utilitarismo processual refere-se “à ideia de combate à criminalidade a qualquer custo, a um processo penal mais célere e eficiente, no sentido de diminuir as garantias processuais dos cidadãos em nome do interesse estatal de mais rapidamente apurar e apenar condutas. É sinônimo de exclusão, supressão de direitos fundamentais, com vistas ao alcance da máxima eficiência (antigarantista)”. 
Atual estado de direito 
Escolher o paradigma garantista, pois uma constituição democrática como a nossa deve corresponder a um processo penal democrático e garantista, até porque a noção de garantia substancial dela emerge através do Artigo quinto.
Se fizermos uma leitura constitucional do processo penal, entendendo este como instrumento para a realização do direito penal, perceberemos que este tem uma dupla função: por um lado, viabilizar a aplicação da pena; por outro, servir como instrumento da garantia dos direitos individuais fundamentais. Enquanto ainda não temos um código de processo penal novo, em plena conformidade com a Constituição, faz-se necessário que o processo penal sofra uma profunda filtragem constitucional, assegurando-se um sistema de garantias mínimas. Mas como realizar essa filtragem? A resposta é simples: existem princípios que informam a instrumentalidade constitucional do processo e conduzem a uma releitura dos institutos do processo penal.
O sistema acusatório
Pode-se dizer que essas são as regras do jogo e são exatamente as regras do jogo que estabelecem a distinção entre os sistemas acusatório e inquisitório. Assim, como as regras do jogo, caros alunos, não se realizam sem a interferência dos atores que participam do processo, não restam dúvidas de que são os atos que estes sujeitos processuais praticam que determinam os vários sistemas processuais. Desse modo, cada um desses sujeitos tem um papel a desempenhar. “A necessidade de acusação ofertada por órgão distinto do julgador, publicidade e oralidade do procedimento, paridade de armas entre as partes e exclusão da iniciativa judicial no recolhimento das provas.” 
Procedimento da investigação criminal
O direito de punir pertence ao Estado. Mas, para que o Estado possa executar o seu jus puniendi, é necessário, geralmente, que o órgão próprio, o Ministério Público, dirija-se ao Estado-juiz para dele reclamar a aplicação da sanção penal. Para que o Ministério Público e/ou o particular, nas hipóteses previstas, possam atuar, o Estado deve desenvolver uma intensa atividade logo após a prática da infração penal, colhendo informações sobre o fato típico e sua autoria através da investigação criminal.
Investigação criminal
Não é realizada apenas através do inquérito policial. Há outras formas de investigação, como a realizada pelas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), a executada pelas autoridades militares etc.
O inquérito policial
É realizado pela polícia judiciária. A atividade investigatória é atribuída, no âmbito estadual, às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia; no âmbito federal, à polícia federal. (Artigo 144, §1º, IV, CF).
Artigo 2º – As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.
§1º Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais.
(...)
§6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias.
O Artigo 4º, caput, do código de processo estabelece que: “a polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá de pôr fim a apuração das infrações penais e da sua autoria”.
Delatio Criminis: é a comunicação de um crime feita pela vítima ou por qualquer um do povo.
Delação simples: consiste no mero aviso da ocorrência de um crime.
Delação postulatória
Esta, além da comunicação do crime, requer a instauração do inquérito (é a representação do ofendido nas ações públicas condicionadas).
Como os senhores devem saber, é firme a jurisprudência do STF no sentido de que nada impede a deflagração da persecução penal pela chamada “denúncia anônima”, desde que esta seja seguida de diligências realizadas para averiguar os fatos nela noticiados.
Atenção!
Minoritariamente, sustenta-se a inconstitucionalidade do inquérito instaurado com base na notitia criminis inqualificada, já que a Constituição, em seu Artigo 5º, IV, veda o anonimato.
Peças inaugurais do inquérito policial
Prisão em flagrante
O auto de prisão em flagrante, desde a legislação imperial até 2004, era uma peça inteiriça; Desde 2005, com a entrada em vigor da Lei nº 11.113, passou a ser fracionado da seguinte forma:
1. Dá-se início ao auto consignando-se, no preâmbulo, dia, local e hora em que o condutor, o conduzido e eventuais testemunhas chegam à presença da autoridade policial.
2. A autoridade policial, inteirando-se da legalidade da prisão, toma, separadamente, o depoimento do condutor e, após colher sua assinatura, entrega-lhe uma cópia do depoimento, bem como uma cópia do recibo de apresentação do preso.
3. Dispensado o condutor, ainda em termo separado, é tomado o depoimento das testemunhas e da vítima, se houver. Cada uma será ouvida separadamente e, após a colheita da assinatura, dispensadas.
4. Em seguida, a autoridade passa a qualificar e interrogar o preso, cientificando-o dos seus direitos constitucionais, conforme o Artigo 5º da Constituição Federal, em seus incisos LXII (comunicação de sua prisão e local em que se encontra ao juiz, à família ou à pessoa indicada) e LXIII (assistência da família ou de advogado e, principalmente, o direito de permanecer em silêncio, sem que isso lhe acarrete algum prejuízo). Uma vez qualificado, é interrogado. Concluído, assinam: a autoridade policial e o conduzido, subscrevendo o escrivão o respectivo termo.
5. Posteriormente, voltando à peça inicial, o delegado, além de consignar a presença do condutor, do conduzido e das testemunhas, e após ter reconhecido a legalidade da prisão e de ter ordenado que fossem tomados os depoimentos (por termo e em separado), determina que seja expedido o recibo de apresentação do preso, a nota de culpa (que será entregue ao preso) e ofício, encaminhando também uma cópia do auto de prisão em flagrante, com todas as peças que o integram, ao juiz da comarca onde ocorreu o crime, ao seu advogado ou, se não for indicado, à defensoria pública.
Atenção!
A falta de entrega da nota deculpa provoca o relaxamento da prisão.
Tratando-se de crime de menor potencial ofensivo, será lavrado o termo circunstanciado.
A justiça consensual: transação penal e suspensão condicional do processo
A Lei nº 9.099/95 inaugurou um novo modelo processual no Brasil, que, até então, sempre convivera com o sistema penal condenatório. Como alternativa ao modelo penal existente, cuja característica é a imposição de penas, surge, por meio da Lei nº 909/95, outro modelo de justiça – a justiça consensual – para determinadas infrações penais.
O aumento da criminalidade e, consequentemente, do número de processos, a necessidade de descongestionar a máquina judiciária, de melhorar a eficiência do sistema, de primar por maior rapidez na solução das causas e de diminuir o custo do sistema judiciário (visão utilitarista do processo) justificaram a adoção dessas alternativas simplificadoras.
No modelo consensual de justiça e processo penal no sistema pátrio, a escolha da sanção penal conta com a participação do acusado, desde que esteja indispensavelmente acompanhado de advogado (privado ou público). No entanto, essa participação restringe-se ao aceite ou não da proposta oferecida e não há sequer uma acusação formulada (justiça penal restaurativa).
Atenção!
Tem-se, portanto, a crítica de diversos doutrinadores que adotam uma postura garantista de que a transação penal ofende o sistema acusatório, trazendo como único benefício o desgaste de enfrentar um processo judicial.
Da transação penal 
A transação penal consiste no oferecimento ao acusado, por parte do Ministério Público, de pena antecipada de multa ou restrita de direitos. Não há, ainda, oferecimento da denúncia. O entendimento predominante é de que a transação penal é um direito subjetivo do réu. Dessa forma, presentes os requisitos legais, esta deve ser oportunizada ao acusado.
Segundo Paccelli (2012, p. 750), a discricionariedade é “unicamente quanto à pena a ser proposta na transação, restritiva de direitos ou multa, nos termos do Artigo 76, da Lei nº 9.099/95”.
Descumprimento da transação penal
Até 2011, o STJ entendia que a sentença homologatória da transação penal fazia coisa julgada formal e material, impedindo, assim, que se voltasse a discutir o caso penal.
Entretanto, com o julgamento do RHC 29.435-RJ, passou-se a admitir o oferecimento da denúncia e o prosseguimento da ação penal em caso de descumprimento dos termos da transação penal homologada judicialmente, seguindo o entendimento do Supremo Tribunal Federal.
Imposição de efeitos extrapenais
A questão suscitou repercussão geral no julgamento do RE 795567/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 29.5.2014. De acordo com o Ministro Relator, “aduziu que as consequências geradas pela transação penal seriam apenas as definidas no instrumento do acordo. Além delas, enfatizou que o único efeito acessório gerado pela homologação do ato estaria previsto no §4º do Artigo 76 da Lei nº 9.099/1995 (‘... registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos’)”.
“Observou que os demais efeitos penais e civis decorrentes das condenações penais não seriam constituídos.” (Artigo 76, §6º).
Prosseguindo: “afirmou que as medidas acessórias previstas no Artigo 91 do CP, embora incidissem ‘ex lege’, exigiriam juízo prévio a respeito da culpa do investigado, sob pena de transgressão ao devido processo legal. Registrou que a aplicação da medida confiscatória sem processo revelar-se-ia antagônica não apenas à acepção formal da garantia do Artigo 5º, LIV, da CF, como também ao seu significado material, destinado a vedar as iniciativas estatais que incorressem, seja pelo excesso ou pela insuficiência, em resultado arbitrário”.
Da suspensão condicional do processo
Na esfera da justiça consensual, encontramos, também, a suspensão condicional do processo. O Artigo 89 da Lei nº 9.099/95 estabelece que, nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizam a suspensão.
Cumprido o período de provas, o juiz declarará extinta a punibilidade e, consequentemente, o processo.
Nesse sentido, o verbete da Súmula 696 do STF: “Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá a questão ao procurador-geral, aplicando-se, por analogia, o Artigo 28 do Código de Processo Penal”.
A vítima pode renunciar antes de exercer a acusação ou perdoar no curso da ação; então, seguindo a linha de pensamento de Badaró, seria ilógico ficar entre dois extremos: de um lado, renunciar a toda e qualquer resposta penal; de outro, levar o processo até as últimas consequências, já que o oferecimento da proposta de suspensão condicional do processo traz uma resposta intermediária, consensual, com a obrigatoriedade do réu de cumprir as condições impostas.
Nas ações penais de iniciativa privada, prevalece o entendimento de que é possível a proposta de transação penal pelo querelante e, se este não fizer a proposta por tratar-se de um direito subjetivo do acusado, o Ministério Público poderia oferecê-la, já que intervém em todo o processo como custos legis. Desse modo, entendemos que a mesma posição pode ser aplicada em relação à suspensão condicional do processo.
Atenção!
Se a proposta for aceita pelo acusado e seu defensor, o acusado será submetido a um período de provas. A Lei nº 9.099/95, em seu Artigo 89, §1º, traz um rol exemplificativo das condições, enquanto o §2º constitui uma abertura para que outras condições sejam impostas, mas sempre observando a adequação e a proporcionalidade ao fato e às condições pessoais do acusado.
Da revogação da suspensão condicional 
No curso da suspensão, podem ocorrer situações fáticas que conduzam à revogação da suspensão condicional. De acordo com o disposto nos §§ 3º e 4º, Artigo 89, da Lei nº 9.099/95, as causas de revogação podem se dividir em dois grupos:
	CAUSAS DE REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA
	CAUSAS DE REVOGAÇÃO FACULTATIVA
	Se o réu for processado por outro crime no curso do período de provas ou não reparar, sem justa causa, o dano causado à vítima.
	Se o réu for processado por contravenção penal no curso do período de provas ou não cumprir qualquer outra condição imposta.
Cumpridas as condições e superado o período fixado, deverá ser decretada a extinção da punibilidade sem que gere o estigma de maus antecedentes ou da reincidência. Essa é uma das vantagens da suspensão condicional, pois, cumprido o período de provas, o processo é extinto como se não tivesse existido.
Atenção!
Ainda que a situação fática se insira nas causas de revogação obrigatória, não há revogação automática ou imotivada. Deverá haver uma decisão judicial devidamente fundamentada, devendo o juiz, sempre, conduzir a questão à luz da ponderação através do princípio da proporcionalidade.
ATIVIDADE 
PROPOSTA
1. Neste ponto, antes de prosseguirmos, é preciso responder a uma pergunta: Pode o magistrado, tomando conhecimento de uma prática delituosa, requisitar ao delegado de polícia a abertura do inquérito policial nos termos do Artigo 5º, inciso II, do CPP? O que acha? Negativa. Todavia, há entendimentos de que, caso chegue até o juiz determinada informação dando conta de uma situação que mereça ser investigada, nada obsta que, por analogia à norma do Artigo 40 do CPP, faça o magistrado por comunicar tal fato ao MP para que este faça o que for de direito.
2. Considerando que o réu Francisco de Almeida é primário, de bons antecedentes, com boa conduta social e que a pena mínima cominada ao delito previsto no Artigo 129, caput, CP permite a benesse do Artigo 89 da Lei 9099/95, o Ministério Público, ao oferecer denúncia em cota introdutória, propôs a suspensão condicional do processo pelo prazo de 02 anos, devido à reduzida lesividade do crime, com as seguintescondições: 
a. a reparação de danos à vítima; 
b. comparecimento mensal em juízo a fim de justificar suas atividades.
A proposta foi aceita pelo réu e por seu advogado na presença do juiz que recebeu a denúncia e suspendeu o processo pelo período e condições estipuladas. O acordo foi assinado em audiência no dia 05 de maio de 2012. Francisco comparece regularmente em juízo e já efetuou o ressarcimento integral dos prejuízos à vítima. No dia 20 de dezembro de 2013, Francisco se envolveu num acidente de trânsito e, de forma culposa, vitimou de morte sua filha Ana Rosa. Em decorrência desse fato, foi oferecida denúncia, que, após a resposta do denunciado, foi recebida no dia 20 de fevereiro de 2014, respondendo Francisco pela prática do crime previsto no Artigo 302, caput, do Código de Trânsito Brasileiro. O representante do Ministério Público requereu a imediata revogação da suspensão condicional do processo com fulcro no Artigo 89, §3º, da Lei 9.099/95. Embora o Artigo 89 não faça distinção entre crime doloso e culposo, este é um ponto importante a se levar em consideração, não podendo a proporcionalidade no que tange à reprovabilidade da conduta ter o mesmo peso. Além disso, o simples fato de estar sendo processado por outro crime representa uma violação à presunção de inocência. Além disso, na hipótese do crime de homicídio culposo em que a vítima é filha do acusado, é possível a aplicação pelo juiz do perdão judicial previsto no §5º do Artigo 121 do CP. No caso em análise, o réu cumpriu integralmente uma das condições impostas. O tempo de suspensão já está quase superado, restando pouco mais de dois meses para seu fim. Por todas essas razões, deve o magistrado manter a suspensão condicional do processo.
EXERCÍCIOS
1. Assinale a opção correta acerca das disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual penal. Segundo previsão expressa da Constituição Federal de 1988, assegura-se aos presos o respeito à integridade física e moral e, às presidiárias, condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação.
2. Assinale a alternativa incorreta de acordo com os mandamentos constitucionais.
a) A presunção de inocência da pessoa presa em flagrante delito, ainda que pela prática de crime inafiançável e hediondo, é razão, em regra, para que ela permaneça em liberdade.
b) O direito ao silêncio consiste na garantia de o indiciado permanecer calado e de tal conduta não ser considerada confissão, cabendo ao delegado informá-lo desse direito durante sua oitiva no inquérito policial.
c) De acordo com a CF, a inviolabilidade do sigilo de correspondência e comunicações telefônicas poderá ser quebrada por ordem judicial para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
d) Pode-se afirmar que, em virtude do contraditório, o juiz não poderá basear eventual decisão condenatória em elementos probatórios produzidos exclusivamente em fase policial.
e) O interrogatório é ato processual necessário; porém, não é imprescindível.
3. Marque a resposta correta. O STF admite como prova a gravação ambiental de conversas entre particulares, mas não admite a gravação clandestina de conversa informal entre agentes policiais e o indiciado, este último, em razão do direito constitucional ao silêncio.
4. Em relação aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa previstos no Artigo 5º, inciso LV, da Constituição da República, é INCORRETO afirmar que:
a) O contraditório é a ciência bilateral dos atos e termos processuais e a possibilidade de contrariá-los.
b) A ampla defesa desdobra-se em autodefesa e defesa técnica, sendo a primeira exercida pessoalmente pelo acusado, e a segunda por profissional habilitado, com capacidade postulatória e conhecimentos técnicos.
c) A defesa técnica é irrenunciável por se tratar de garantia da própria jurisdição.
d) Estão intimamente relacionados, uma vez que a ampla defesa garante o contraditório e por ele se manifesta e é garantida.
e) Foram inovações trazidas pelo texto constitucional de 1988.
5. Com relação aos dispositivos constitucionais aplicáveis ao processo penal, assinale a opção correta. A garantia de que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória significa que, mesmo quem for preso em flagrante cometendo homicídio, será possuidor da presunção de inocência.
6. Acerca do inquérito policial, assinale a alternativa CORRETA. Conforme o STF, considerando-se a vedação constitucional ao anonimato, não é possível a instauração de inquérito policial com base unicamente em delação anônima, dada a ausência de elementos idôneos sobre a existência da infração penal.
7. Sobre inquérito policial, é correto afirmar que: O inquérito policial é procedimento de natureza administrativa, tendo como características a oficialidade, inquisitoriedade, indisponibilidade e discricionariedade.
8. Uma autoridade policial instaurou inquérito policial de ofício para a apuração de crime de ação penal pública. Depois de concluído o inquérito, os autos foram remetidos ao juiz competente e, em seguida, ao Ministério Público. O promotor de justiça requereu a devolução do inquérito à autoridade policial para a realização de novas diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia, o que foi deferido pelo juiz. De posse novamente dos autos, a autoridade policial entendeu que não havia mais nenhuma diligência a ser feita e determinou o arquivamento dos autos de inquérito. Com base nessa situação hipotética, assinale a opção correta. A autoridade policial agiu incorretamente, dado que não poderia ter determinado o arquivamento do inquérito policial.
9. Com relação ao inquérito policial e à ação penal, assinale a opção correta. Oferecida a denúncia, não mais é cabível ao MP a desistência da ação penal.
10. Assinale a alternativa CORRETA. Não vislumbrando a presença dos requisitos legais, o Ministério Público ofereceu denúncia e não propôs a transação penal. O juiz, porém, acredita ser o caso da mencionada transação. Então, deve ele: Enviar os autos ao procurador-geral de justiça
11. O promotor de justiça ofereceu denúncia contra Joel pela prática de dois crimes de estelionato sob a forma do crime continuado, tendo dois médicos por vítimas. Na mesma ação penal, Felipe foi denunciado por um só crime de estelionato, praticado contra a Santa Casa de Misericórdia.I. O promotor de justiça, corretamente, não ofertou a suspensão condicional do processo (Artigo 89 da Lei nº 9.099/95) ao réu Joel.
II. O promotor de justiça equivocou-se ao deixar de oferecer suspensão condicional do processo para o denunciado Felipe.
III. O magistrado agiu com acerto ao propor, de ofício, a suspensão condicional do processo para o denunciado Felipe.
Considerando as assertivas acima, afirma-se que: Apenas uma assertiva está correta.
12. Quando a denúncia do Ministério Público imputar a prática de delitos praticados, em tese, em continuidade delitiva, a suspensão condicional do processo: Será admissível quando a soma da pena mínima da infração mais grave imputada e do aumento de 1/6 não superar 1 (um) ano.
13. Segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material ou concurso formal quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela majorante, ultrapassar o limite de um ano.
14. Sobre a transação penal:
I. Segundo regra do Código de Processo Penal, com a desclassificação pelo júri para crime de menor potencial ofensivo, deverá ser oportunizada composição civil entre as partes e, na sequência, colhe-se manifestação do Ministério Público quanto à transação.
II. Porventura cumprida, com interregno inferior a cinco anos após a homologação, impede a proposta de suspensão condicional noutro processo.
III. Não pode ser condicionada à composição prévia do dano ambiental.
IV. Pelo rito da Lei nº 9.099/95, com o oferecimento da denúncia, fica impedida a transação penal, ainda que o Ministério Público não atenha proposta na fase preliminar.
V. Diversamente da sentença que homologa a composição civil, a homologatória da transação penal é suscetível de recurso. Somente as alternativas I e V são corretas
15. Acerca do inquérito policial, julgue os itens seguintes.
I. O princípio que rege a atividade da polícia judiciária impõe a obrigatoriedade de investigar o fato e a sua autoria, o que resulta na imperatividade da autoridade policial de instaurar inquérito policial em todos os casos em que receber comunicação da prática de infrações penais. A ausência de instauração do procedimento investigativo policial enseja a responsabilidade da autoridade e dos demais agentes envolvidos, nos termos da legislação de regência, vez que resultará em arquivamento indireto de peça informativa.
II. No curso de inquérito policial presidido por delegado federal, foi deferida a interceptação telefônica dos indiciados, tendo sido a transcrição dos dados em laudo pericial juntada em apenso aos autos do inquérito, sob segredo de justiça. Encaminhado o procedimento policial ao Poder Judiciário, o juiz permitiu o acesso da imprensa ao conteúdo dos dados da interceptação e a sua divulgação, sob o fundamento de interesse público à informação. Nessa situação hipotética, independentemente da autorização judicial de acesso da imprensa aos dados da interceptação telefônica, a divulgação desse conteúdo é ilegal e invalida a prova colhida, uma vez que o procedimento em questão, tanto na fase inquisitorial quanto na judicial, é sigiloso, por expressa regra constitucional.
III. Uma quadrilha efetuou ilegalmente diversas transações bancárias na modalidade de saques e transferências eletrônicas em contas de inúmeros clientes de determinada agência do Banco do Brasil. A instituição financeira ressarciu todos os clientes lesados e arcou integralmente com os prejuízos resultantes das fraudes perpetradas pelo grupo. Nessa situação hipotética, cabe à polícia federal a instauração do inquérito policial, porquanto a ela compete, com exclusividade, a apuração de crimes praticados contra bens e serviços da União.
IV. Um delegado da polícia federal instaurou inquérito policial, mediante portaria, para investigar a conduta de deputado federal suspeito da prática de crimes contra a administração pública. Intimado para oitiva nos autos, o parlamentar impetrou habeas corpus contra o ato da autoridade policial, sob o argumento de usurpação de competência originária do STF. Nessa situação hipotética, assiste razão ao impetrante, visto que, para a instauração do procedimento policial, é necessário que a autoridade policial obtenha prévia autorização da Câmara dos Deputados ou do STF.
Após a análise dos quatro itens, assinale a alternativa correta. Todas as assertivas estão incorretas.
Aula 2
Objetivo
1. Adquirir o domínio do instrumento processual, articulando os conhecimentos teóricos adquiridos nas disciplinas de Direito Penal e Processo Penal;
2. Desenvolver a capacidade de raciocínio jurídico e a reflexão diante da situação problema.
ação penal e os procedimentos
Não é objeto de nosso estudo a discussão acerca da teoria geral do processo, até mesmo porque não é possível enquadrar o processo penal numa teoria geral do processo. A ideia de interesse, da forma como elaborada no processo civil, não se coaduna com o processo penal, tendo em vista que o interesse é revertido em favor do titular do direito material. No processo penal, mesmo que haja, por exemplo, uma condenação com a prisão do réu, pode até provocar a satisfação pessoal do ofendido, mas certamente não reverterá a seu favor. Não há lide no processo penal, o que há é uma pretensão punitiva, ou seja, a pretensão condenatória de imposição de uma sanção penal àquele que pratica fato tido por delituoso.
Condições da ação
Interesse de agir: No âmbito do processo penal, o interesse de agir deve voltar-se à efetividade do processo. Significa que este, na qualidade de instrumento da jurisdição, deve apresentar, em juízo prévio e necessariamente anterior, um mínimo de viabilidade de satisfação futura da pretensão que informa o seu conteúdo, ou seja, o processo deve mostrar-se apto a realizar os diversos escopos da jurisdição.
Legitimidade: O processo penal brasileiro impõe, como regra, a exigência de que somente determinadas pessoas possam promover a ação penal. Como regra, a legitimidade ativa é atividade privativa do Estado, por meio do Ministério Público, reservando-se a certas pessoas, em situações específicas, o direito à atividade subsidiária, em caso de inércia estatal, e à iniciativa exclusiva do particular, em relação às peculiaridades de algumas infrações penais.
Possibilidade jurídica do pedido: Geralmente, a doutrina processual penal refere-se à possibilidade jurídica do pedido como a previsão no ordenamento jurídico da providência que se quer ver atendida; ausente a providência, o caso seria de carência da ação. Entretanto, mesmo que se peça a condenação à pena de morte, por exemplo, nada impede que a ação penal se desenvolva regularmente, pois ao juiz permite-se adequar o fato à norma penal correspondente, com a aplicação da sanção prevista, por força da emendatio libelli – Artigo 383, CPP.
Justa causa: Está prevista no Artigo 395, II, do CPP e é uma importante condição da ação processual penal. “É um verdadeiro ponto de apoio para toda a estrutura da ação processual penal, uma inegável condição da ação penal, que, para além disso, constitui um limite ao (ab)uso do ius ut procedatur, ao direito de ação. Considerando a instrumentalidade constitucional do processo penal, conforme explicamos anteriormente, o conceito de justa causa acaba por constituir numa condição de garantia contra o uso abusivo do direito de acusar”. Relaciona-se a dois fatores: existência de indícios razoáveis de autoria e materialidade, por um lado, e com o controle processual do caráter fragmentário da intervenção penal, por outro.
Condições da ação específicas no processo penal 
Em algumas situações, a própria lei processual penal exige para a propositura da ação penal algumas condições como, por exemplo: representação do ofendido e requisição do Ministro da Justiça; entrada do agente no território nacional; trânsito em julgado da sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento, no crime de induzimento a erro essencial ou ocultamento de impedimento (Artigo 236, CP). A propositura da ação penal pública incondicionada é atribuída com exclusividade ao Ministério Público (Constituição Federal, Artigo 129, I, e Artigo 257, I, CPP, inserido pela Lei nº 11.719/08, adotando-se, dessa forma, o sistema acusatório de persecução penal, com nítida separação das funções de acusar, defender e julgar. 
ação penal pública condicionada é aquela cujo exercício subordina-se a uma condição. Essa condição pode ser a manifestação de vontade do ofendido ou de seu representante legal (representação), bem como a requisição do Ministro da Justiça, que é um ato político. O titular dessa ação é o Ministério Público, mas só pode a ela dar início se houver a representação ou a requisição. Entretanto, uma vez iniciada a ação, o Ministério a assume incondicionalmente, passando a ação a ser informada pelo princípio da indisponibilidade do objeto do processo, sendo irrelevante qualquer tentativa de retratação.
ação penal privada é aquela em que o Estado, titular exclusivo do direito de punir, transfere a legitimidade para a persecução penal à vítima ou seu representante legal. Trata-se, portanto, de legitimação extraordinária ou substituição processual, pois o ofendido, ao oferecer a queixa, defende interesse alheio (do Estado na repressão dos delitos) em nome próprio.
Tem como fundamento evitar que o escândalo do processo – streptus judicii – provoque no ofendido mal maior do que a impunidade do autor do fato, decorrente da eventual não propositura da ação penal. A ação penal privada é regida pelo princípio da oportunidade ou conveniência, segundo o qual o ofendidotem a faculdade de propor ou não a ação penal de acordo com a sua conveniência e pelo princípio da disponibilidade, que permite ao ofendido decidir se deseja ou não prosseguir até o final da ação.
Procedimentos
O Artigo 394, CPP, estabelece que o procedimento será comum ou especial. No procedimento comum, está estruturado em duas partes: a primeira refere-se aos ritos ordinário, o sumário e o sumaríssimo; a segunda, ao Tribunal do Júri.
· A determinação do rito se dá em relação ao quantum da pena.
· Pena privativa de liberdade máxima igual ou superior a 4 anos;
· Pena privativa de liberdade máxima inferior a 4 anos;
· Crimes de menor potencial ofensivo de competência dos Juizados Especiais Criminais.
Ordinário 
Sumaríssimo: Previsto para as infrações penais de menor potencial, cuja pena máxima não ultrapassa 2 anos. É disciplinado pela Lei nº 9099/95.
Encaminhamento do termo circunstanciado ao juizado.
· Audiência preliminar:
a) Tentativa de composição civil;
b) Transação penal ou oferecimento oral da denúncia ou queixa.
Citação na própria audiência preliminar, presente o acusado, ou por mandado para AIJ.
· Audiência de instrução e julgamento:
Encerramento do procedimento:
a) Aperfeiçoamento da composição civil;
b) Homologação, pelo juiz, da transação penal ou do pedido de arquivamento.
· Nova tentativa de composição civil e de transação penal, caso o autor da infração não tenha comparecido à audiência preliminar.
· Não ocorrendo ou não sendo aceito, poderá haver a suspensão condicional do processo.
· Sendo aceita, o juiz, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo e submeter o réu a período de prova.
· Não havendo a suspensão, o réu apresenta a resposta oral. O juiz recebe ou não a denúncia.
· Recebendo a denúncia, serão ouvidas a vítima e as testemunhas (acusação/defesa), e interrogado o acusado.
· Debates orais (alegações finais).
Sentença.
	Ordinário
	Sumaríssimo
	Oitava testemunha da acusação – até 8.
Oitava testemunha da defesa – até 8.
· Esclarecimento de peritos.
· Acareações.
· Reconhecimento de pessoas e coisas.
Interrogatório do acusado
Requerimento de novas diligências – Artigo 402.
Alegações finais da acusação.
Alegações finais de defesa: oral em audiência e pode ser por memorial (5 dias).
Sentença: em audiência e por memorial (10 dias).
Oferecimento da denúncia ou queixa – Artigo 395, CPP.
Rejeição – Artigo 395, CPP.
Não rejeição – Artigo 396, CPP.
Citação do acusado para responder – Artigo 396.
Absolvição sumária – Artigo 397, CPP.
Recebimento da denúncia ou queixa – Artigo 399, CPP.
Designação da AIJ – em até 60 dias.
Declarações do ofendido.
	Oitava testemunha da acusação – até 5.
Oitava testemunha da defesa – até 5.
· Esclarecimento de peritos.
· Acareações.
· Reconhecimento de pessoas e coisas.
Interrogatório do acusado
Não se aplica.
Alegações finais da acusação.
Alegações finais de defesa: oral em audiência e não pode ser por memorial.
Sentenças: em audiência somente.
Oferecimento da denúncia ou queixa – Artigo 395, CPP.
Rejeição – Artigo 395, CPP.
Não rejeição – Artigo 396, CPP.
Citação do acusado para responder – Artigo 396.
Absolvição sumária – Artigo 397, CPP.
Recebimento da denúncia ou queixa – Artigo 399, CPP.
Designação da AIJ – em até 30 dias.
Declarações do ofendido.
Procedimento tribunal do júri	
1ª fase
judicium accusacionis
ETAPAS
2ª fase: judicium causae
Do dever/poder de acusar – denúncia e queixa-crime 
A denúncia (ação penal pública incondicionada ou condicionada) ou queixa (ação penal privada) é a peça acusatória iniciadora da ação penal, consistente em uma exposição por escrito dos fatos que constituem, em tese, o ilícito penal, com manifestação expressa da vontade de que se aplique a lei penal a quem é presumivelmente autor do fato e a indicação das provas em que se alicerça a pretensão punitiva. Ao elaborar uma denúncia ou queixa vários são os cuidados a serem tomados. Uma petição para ser facilmente produzida pode ser dividida em quatro partes:
1. Endereçamento.
2. Descrição dos fatos em todas as suas circunstâncias.
3. A classificação jurídica do fato; o pedido de condenação; o pedido de citação do denunciado; o pedido de oitiva de testemunhas, cujo rol deve ser colocado ao final da denúncia ou queixa.
4. Local, data, nome e cargo do membro do Ministério Público (denúncia) ou nome e nº de inscrição na OAB do procurador do querelante (queixa), assinatura.
Do direito de defesa-resposta preliminar (exceções) 
A resposta do réu é obrigatória, ou seja, sendo o réu regularmente citado para a apresentação da resposta, nos termos do Artigo 396 do CPP, está ele obrigado a apresentar a resposta preliminar? O que acha? Se observarmos o disposto no § 2º do Artigo 396 do CPP, com a redação dada pela Lei nº 11.719/2011, é possível afirmar que a resposta é um ato processual de natureza obrigatória, conferido à defesa, destinado à sua primeira manifestação no processo. A resposta preliminar é tão importante que a não apresentação acarreta a nulidade prevista no Artigo 564, IV, CPP. Tal vício é de caráter absoluto e, portanto, insanável.
Observações sobre a resposta do réu 
Na resposta, o réu pode dirigir-se contra a ação ou contra o processo.
Ao dirigir-se contra a ação pode fazer de forma direta, opondo-se à pretensão acusatória, negando, por exemplo, o fato ou a autoria. Ou pode fazê-lo de forma indireta, sem negar o fato ou a autoria, arguindo a extinção da punibilidade, uma causa excludente que o isente de pena ou exclua o crime.
A resposta dirige-se contra o processo, quando o réu alega uma causa qualquer de nulidade e uma das circunstâncias referidas no Artigo 95 do CPP (suspeição, incompetência, litispendência, coisa julgada, ilegitimidade da parte (a causam ou ad processum).
Divisão da peça
1ª parte: a petição iniciará com o endereçamento ao órgão competente para o processo e julgamento, fazendo menção ao número do processo.
2ª parte: identificação do réu e de seu advogado.
3ª parte: apresentação das questões preliminares, se houver. Trata-se das questões processuais que geram vício no processo.
4ª parte: apresentação do mérito por meio da exposição de fatos que possibilitem a absolvição sumária (Artigo 397 do CPP).
Verificando a defesa que não possui elementos fortes para vitória nesse momento, deverá protestar pela improcedência do pedido de forma ampla sem exteriorização das teses defensivas, ou seja, não se fala em atenuantes, não se fala em caso de condenação, não se pede aplicação da pena no mínimo legal – não é aqui o momento para isso (isso deverá ser prorrogado para o momento das alegações finais).
5ª parte: o pedido, de acordo com a apresentação do mérito.
De forma subsidiária, sempre que couber, peça a suspensão condicional do processo, na forma do Artigo 89 da Lei nº 9.099/95, em caso de não acolhimento das teses apresentadas anteriormente. Deve-se pedir também a intimação das testemunhas.
6ª parte: data e assinatura. Ao final: apresentação do rol de testemunhas.
Das alegações finais
Os procedimentos ordinário, sumário, sumaríssimo e para os crimes dolosos contra a vida foram objetos de reformas nas quais o legislador privilegiou a oralidade e a concentração dos atos processuais.
Nesses ritos, verificamos que as alegações finais, em regra, são apresentadas oralmente pelas partes. Trata-se de ato processual de grande importância, pois é o momento em que as partes advogarão suas teses de acordo com o que restou provado no processo, visando convencer o julgador a decidir de acordo com seus respectivos interesses.
É importante fazer citação de partes de depoimentos de testemunhas, bem como apresentar jurisprudências/doutrinas favoráveis a seus interesses.
Ausência de alegações finais
De acordo com Capez (2014, p. 93), quanto à defesa existem duas posições: a primeira entende que o não oferecimento de alegações finais não enseja a decretação de qualquer nulidade, desde que tenha sido oferecida a oportunidade ao defensor. A segunda, que se adequa mais ao sistema acusatório, sustenta que as alegaçõesfinais constituem peça fundamental do processo e sua falta acarreta nulidade absoluta por ofensa ao princípio da ampla defesa.
Tratando-se de ação penal privada subsidiária da pública, o não oferecimento das alegações finais pelo querelante não acarreta a perempção, pois o Ministério Público retoma a ação e oferece as alegações finais; mas se a ação for exclusivamente privada, o não oferecimento acarreta a perempção como também enseja a extinção da punibilidade.
Da sentença
São decisões judiciais são os atos que têm por conteúdo um julgamento acerca de qualquer questão que se apresente no processo ou acerca do próprio mérito da causa. Também são própria expressão do poder jurisdicional do qual são investidos os magistrados, aplicando-se as normas jurídicas sobre as questões concretas que lhes são trazidas à apreciação. São classificam-se em:
1) Decisões interlocutórias: são aqueles provimentos que solucionam qualquer questão controvertida do processo, envolvendo a contraposição de interesses das partes, podendo ou não colocar fim ao processo. 
a. Decisões interlocutórias simples: são aquelas que solucionam questões referentes à regularidade ou marcha processual sem, contudo, adentrar no mérito da causa, nem tampouco implicarão em encerramento do feito, nem encerramento de qualquer fase procedimental. São exemplos desse tipo decisões: 
I. a decisão que recebe a denúncia ou queixa; a decisão que concede liberdade provisória; 
II. a decisão que decreta a prisão preventiva;
III. quebra do sigilo telefônico; etc.
b. Decisões interlocutórias mistas (também chamadas de decisões com força definitiva): são aquelas que, ao resolverem a questão controvertida que lhes é trazida para apreciação, põe fim ao próprio processo (sem julgamento de mérito) ou apenas a uma etapa procedimental. Essas decisões subdividem-se em:
I. Decisões interlocutórias mistas não terminativas: são aquelas que apenas põe fim a uma etapa procedimental. Exemplo: a decisão de pronúncia no procedimento do Tribunal do Júri.
II. Decisões interlocutórias mistas terminativas: são aquelas que põe fim ao próprio processo, isto é, provocam a extinção do feito sem julgamento de mérito. Exemplo: a decisão que rejeita a denúncia ou queixa.
2) Decisões definitivas em sentido lato (também chamadas de decisões terminativas de mérito): são aquelas que encerram o processo, julgam o mérito, não condenam nem absolvem. Exemplos: 
a. a decisão que declara a extinção de punibilidade face à ocorrência da prescrição;
b. a decisão que declara extinta a medida de segurança pelo decurso do tempo.
3) Decisões definitivas em sentido estrito (ou sentenças stricto sensu): essas são as verdadeiras sentenças, que de fato resolvem o mérito da causa, apreciando a pretensão punitiva deduzida perante o Poder Judiciário.
a. Sentenças absolutórias: são aquelas em que o juiz julga totalmente improcedente a pretensão punitiva deduzida pelo Ministério Público ou pelo querelante, com fundamento em um dos incisos do Artigo 386 do CPP. As sentenças absolutórias subdividem-se em:
I. Sentenças absolutórias próprias: são aquelas que rechaçam a pretensão punitiva sem impor qualquer espécie de medida sancionatória ao réu.
II. Sentenças absolutórias impróprias: são aquelas que, sem embargo da absolvição, impõem medida de segurança ao acusado, conforme previsto no Artigo 386, parágrafo único, inciso III, do CPP.
b. Sentenças condenatórias: são aquelas em que o juiz entende procedente, no todo ou em parte, a pretensão punitiva deduzida na denúncia ou queixa, infligindo ao réu uma pena.
A motivação das decisões em matéria penal
No Artigo 381 do CPP discutir que a sentença conterá “a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão”.
A motivação, que decorre de exigência constitucional, nos termos do Artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal de 1988, consiste na exteriorização do raciocínio lógico que deve necessariamente ser desenvolvido pelo magistrado a partir do contexto probatório carreado ao processo e das alegações expendidas pelas partes.
Os requisitos formais da sentença
É o requisito de que trata o Artigo 381, I e II, do CPP. O relatório é um resumo histórico do que ocorreu nos autos, de sua marcha processual. Consigna o nome das partes, a súmula da acusação e da defesa e as principais ocorrências surgidas no andamento do feito; se houver incidentes, deve aludir expressamente a eles e à solução dada às questões intercorrentes. Exceção: Juizados Especiais Criminais (Artigo 81, § 3º, da Lei nº 9.099/95). A ausência de relatório, quando obrigatório, é causa de nulidade relativa, ou seja, provado prejuízo para o réu, anula-se a sentença (pas de nullité sens grief). É a decisão propriamente dita, na qual o juiz dá a solução à causa, absolvendo, condenando ou declarando extinta a punibilidade. É a parte do decisum em que o magistrado presta a tutela jurisdicional, viabilizando o jus puniendi estatal.
EXERCÍCIOS
1. Assinale a opção correta acerca de ação penal. Nos crimes de ação penal pública condicionada à representação, o ofendido poderá retratar-se da representação formulada antes do oferecimento da denúncia.
2. Ante o pedido de arquivamento de inquérito policial formulado tempestivamente pelo procurador da república, Paulo, vítima do delito previsto no Artigo 171, § 3º, do Código Penal, ingressa com queixa subsidiária, a qual deverá ser: Rejeitada.
3. A respeito da ação penal, assinale a opção correta. No ordenamento processual penal brasileiro, adota-se, quanto à causa de pedir, a teoria da substanciação, e não a teoria da individualização.
4. Sobre denúncia e ação penal, assinale a alternativa incorreta.
a) É inepta a inicial acusatória que não traz de maneira clara se a conduta do acusado foi a título de coautoria ou de participação, bem como se traz narrativa da ação, em tese delituosa, de forma genérica ou de maneira alternativa.
b) Conforme a regra geral, estando o indiciado preso, o prazo para oferecimento da denúncia é de 5 (cinco) dias a contar do recebimento dos autos pelo Ministério Público, excluindo-se o dia do início e incluindo-se o dia do seu término.
c) Aditamento à denúncia se presta a incluir novos fatos e novos autores até a sentença, se não incidente a prescrição, bem como para suprir a errônea capitulação jurídica do crime definida pelo Ministério Público, que nesse último caso se faz por meio de mutatio libelli.
d) O trânsito em julgado da decisão que rejeitou a denúncia por falta de representação, em ação penal pública condicionada, não obsta oferecimento de nova peça acusatória acompanhada da manifestação formal do ofendido em processar o autor do fato.
e) É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.
5. Um professor na aula de processo penal esclarece a um aluno que o Ministério Público, após ingressar com a ação penal, não poderá desistir dela, conforme expressa previsão do Artigo 42 do CPP. O professor estava explicando ao aluno o princípio da: Indivisibilidade
6. Na resposta à acusação, o réu: Pode suscitar nulidade e excludente da ilicitude.
7. Após respectivo trânsito em julgado, a impronúncia do acusado, no rito do Tribunal do Júri, acarreta, diretamente, a: Impossibilidade de o réu ser novamente processado pelo mesmo fato, a menos que surja prova nova.
8. No que se refere ao procedimento no Tribunal do Júri, é incorreto afirmar: O juiz, fundamentadamente, impronunciará desde logo o acusado quando provado não ser ele o autor ou partícipe do fato.
9. Paulo foi denunciado pela prática do crime de roubo por ter, em 20/08/2012, mediante grave ameaça, subtraído um colar de pérolas pertencente a Clara. Oferecida e recebida a denúncia e estando o réu preso, foi determinada a sua citação na pessoa de seu advogado, e foi designada audiência de instrução e julgamento. O representante legal do acusado não apresentou resposta à acusação, tendo a DP sidonomeada para defender os interesses do réu, apresentado defesa preliminar escrita e arrolado dez testemunhas de defesa, entre elas, a mãe e a irmã do acusado. O juiz rejeitou a defesa preliminar apresentada pelo acusado e determinou a intimação das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa. Na data agendada para a audiência, compareceram o acusado e as testemunhas, tendo a vítima e as testemunhas arroladas pelo MP manifestado receio de depor na presença do réu, que foi retirado da sala de audiências. Após a oitiva de todas as testemunhas, determinou o juiz a oitiva de outras testemunhas mencionadas, residentes em outro estado da Federação. Encerrada a audiência, foi expedida carta precatória para a oitiva das testemunhas faltantes, não tendo o réu sido requisitado para comparecer ao ato, a despeito do protesto da defesa para tanto. Na fase de instrução, poderão ser inquiridas até oito testemunhas arroladas pela acusação e oito pela defesa, não estando compreendidas nesse número as que não prestem compromisso e as demais mencionadas.
10. A respeito do procedimento sumaríssimo criminal e respectivos recursos, assinale a opção correta. Da decisão de rejeição da queixa cabe apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do juizado.
Aula 3
Objetivo
1. Compreender que existem pressupostos a serem observados para o oferecimento dos recursos previstos em lei, bem como os prazos respectivos e a forma determinada, utilizando os instrumentos corretos para impugnação das decisões judiciais;
2. Entender a finalidade dos recursos constitucionais, identificando os pressupostos necessários para a interposição, e a competência para o julgamento.
Dos recursos e das ações autônomas de impugnação
O poder de recorrer é um desdobramento da pretensão acusatória (do direito de ação) ou de defesa (resistência), não constituindo um novo processo, pois se desenvolve na mesma situação jurídica originária.
Destaca-se que a existência dos recursos obedece a razões de ordem constitucional e não de política legislativa, na medida em que representa desdobramentos do devido processo legal e do direito de defesa.
O fundamento do sistema recursal gira em torno de dois argumentos: falibilidade humana e inconformidade daquele que se sente prejudicado.
O argumento da falibilidade humana está associado ao juiz da causa, pois se considera que este pode errar ao aplicar ou interpretar a lei processual ou material, sendo conveniente que as partes tenham a possibilidade de solicitar, no próprio processo, que a decisão prolatada seja modificada, ou pelo mesmo órgão jurisdicional que a elaborou, ou por um órgão superior, colegiado.
Um réu foi absolvido com fundamento no Artigo 386, VII, do CPP – “não existir prova suficiente para a condenação”. Nessa hipótese, o ofendido pode ingressar no juízo cível e fazer prova de ter sido o réu o autor do crime; sendo assim, há interesse do réu em recorrer, postulando sua absolvição com fulcro no inciso IV do Artigo 386 do CPP – “estar provado que o réu não concorreu para a infração penal” –, pois, se obtiver êxito em seu apelo, o ofendido não poderá ajuizar a ação civil, por força do Artigo 935 do diploma civilista. Então, é lógico que, mesmo absolvido, há o interesse em recorrer.
O entendimento que tem prevalecido é do cabimento de recurso do réu contra sentença absolutória, desde que possua interesse em modificar o fundamento da decisão.
Há uma corrente que entende que o Ministério Público, como autor, possui um interesse que é a antítese do interesse do réu. Desse modo, não teria nenhum interesse em recorrer, não sendo admitido o recurso.
Por outro lado, há o entendimento de que o Ministério Público tem interesse na exata aplicação da lei e, por esse motivo, lhe deve ser reconhecido o direito de impugnação.
Princípios
Todos os princípios do Processo Penal (jurisdicionalidade, princípio acusatório, presunção de inocência, contraditório de direito de defesa, motivação das decisões) incidem na fase recursal, mas há alguns específicos para esta etapa, tais como:
1. Taxatividade ou legalidade: os recursos sempre dependem de previsão legal.
2. Princípio da unirrecorribilidade: em regra, cada decisão desafia um único recurso. Entretanto, há uma exceção que deve ser ressaltada: o Artigo 26 da Lei nº 8038/90 determina que, contra o acórdão do Tribunal de Justiça, em tese, é possível interpor simultaneamente o recurso especial para o STJ (Artigo 105 da CF) e o recurso extraordinário para o STF (Artigo 102 da CF).
3. Princípio da fungibilidade recursal: o Artigo 579 do CPP dispõe que o recurso interposto de forma equivocada deve ser recebido como se fosse o recurso adequado, salvo se houver má-fé da parte recorrente.
a) Critério objetivo: entende-se que há má-fé quando o recurso equivocado é interposto fora do prazo do recurso adequado.
b) Critério subjetivo: entende-se que há má-fé quando há um erro grosseiro na interposição do recurso.
4. Non Reformatio In Pejus: é também chamado de personalidade dos recursos e vem previsto no Artigo 617 do CPP. A regra é que o recurso seja examinado nos limites de sua apresentação e, assim, quem apelou solitariamente, não pode ver sua situação agravada. Tal princípio é aplicável a qualquer recurso.
5. Indisponibilidade dos recursos: considerando que os recursos são uma continuidade da situação jurídico-processual, há que se fazer a análise da (in)disponibilidade dos recursos para o acusador à luz da natureza da ação processual penal. Em caso de ação penal de iniciativa privada, regida pela disponibilidade, o querelante (recorrente) poderá, a qualquer momento, desistir que haja interposto, arcando com as custas. Sendo a ação penal de iniciativa pública, de acordo com o Artigo 576 do CPP, o Ministério Público não poderá desistir do recurso que haja interposto. “à renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta”.
Requisitos dos recursos 
Acompanhe agora os requisitos objetivos:
· Cabimento e adequação: O recurso deve estar previsto em lei (taxatividade) e ser adequado à decisão que deseja impugnar. É na dimensão da adequação que incide o princípio da fungibilidade recursal, relativizando-o em casos excepcionais.
· Tempestividade: O recurso deve ser interposto dentro do prazo previsto em lei, sob pena de preclusão. No processo penal, os prazos variam, havendo recurso de dois dias (embargos de declaração), cinco dias (apelação e recurso em sentido estrito), dez dias (embargos infringentes) e quinze dias (recurso especial).
Atenção!
A contagem do prazo para o recurso vem estabelecido no Artigo 798 do CPP. Os prazos recursais são fatais, contínuos e peremptórios, conforme Artigo 798 do CPP.
· Regularidade formal: O recurso deve preencher as formalidades legais para ser recebido. Em relação à forma, a regra geral está prevista no Artigo 578 do CPP. Outra formalidade essencial ao recurso é a motivação, isto é, a apresentação das razões.
· Preparo: específico para os recursos nos processos instaurados a partir da ação penal de iniciativa privada. O pagamento das despesas recursais é um requisito cujo descumprimento conduz à deserção. Ausência de fatos impeditivos ou extintivos (desistência, deserção, preclusão e renúncia)
· A desistência não se aplica ao MP, por força do que determina o Artigo 576 do CPP – indisponibilidade;
· A deserção é o não pagamento das custas para a interposição do recurso – o Artigo 806, §2º, do CPP aponta que: a falta de pagamento das custas, no caso de ação de iniciativa privada, se o recorrente não for pobre, acarreta a deserção, impedindo o julgamento do mérito da pretensão recursal;
· A preclusão é a perda da faculdade de recorrer;
· A renúncia é a manifestação de vontade no sentido de não interpor o recurso. Diferencia-se da desistência, pois esta ocorre após a interposição do recurso, e aquela, antes.
Requisitos subjetivos 
· Legitimidade: é a pertinência subjetivados recursos, isto é, somente se admitirá recurso interposto pela parte que tenha legítimo interesse na modificação da decisão – Artigo 577 do CPP. Lembramos que, caso haja divergência entre a vontade do réu e de seu defensor no sentido da interposição do recurso, prevalecerá a vontade daquele que desejar sua interposição.
· Interesse: se a lesão ou ameaça a direito não foi afastada pela decisão, somente através do recuso poderá ser corrigida. Deve ser respeitado o binômio necessidade/utilidade. Em regra, estará presente o interesse nas hipóteses de sucumbência, que significa a desconformidade entre o que foi pedido e o que foi decidido. No entanto, há hipóteses que haverá interesse, ainda que não haja está aparente desconformidade, como vimos anteriormente.
Efeitos 
Atenção!
Teoria da causa madura: Nos recursos em que a devolução da matéria for ampla, é possível que o juízo ad quem conceda o que não foi pedido pela parte, desde que haja provas suficientes para tal.
Juízo de admissibilidade dos recursos
O recurso submete-se a uma nova fase procedimental, dividindo-se em duas partes:
1) Juízo de admissibilidade (juízo de prelibação): é o exame dos requisitos processuais, ou seja, o exame da admissibilidade ou não da pretensão recursal. É realizado em ambas as instâncias. Primeiro, o juízo a quo, onde, preenchidas as formalidades legais, o juiz de primeiro grau recebe ou não o recurso. Segundo, no juízo ad quem, onde o tribunal, após analisar a presença dos requisitos intrínsecos e extrínsecos (formalidades legais), conhece ou não do recurso.
2) Juízo de mérito (juízo de delibação): Ultrapassado o juízo de prelibação, o tribunal passará ao juízo de delibação ou de mérito. Nesta fase, serão analisados os eventuais vícios de procedimento ou de julgamento que possam macular a decisão (error in procedendo e error in judicando, respectivamente). No primeiro caso, a sentença é anulada, cassada e outra deverá ser proferida pelo juízo a quo. No segundo caso, a sentença é reformada ou modificada diretamente pelo tribunal, pois, se os autos fossem baixados para que o juiz proferisse outra decisão, haveria ofensa ao livre convencimento motivado e à independência funcional.
Recursos em espécie 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO: é cabível para impugnar as decisões interlocutórias do magistrado, nas hipóteses expressamente previstas em lei.
Rol do Artigo 581 do CPP: Trata-se, segundo a doutrina majoritária, de rol taxativo. Tal entendimento leva em conta o princípio da taxatividade dos recursos.
Cabe recurso em sentido estrito da decisão que rejeita a denúncia ou queixa. Assim, é possível, embora não haja previsão legal, aceitar o cabimento para a decisão que rejeita o aditamento da denúncia.
Procedimento do recurso em sentido estrito
O juiz profere a decisão. No prazo de cinco dias, a parte ajuíza apenas a petição de interposição, manifestando o seu inconformismo com a decisão (Artigo 586 do CPP).
O juiz faz o juízo de admissibilidade do recurso; se o recurso for recebido, devem ser observadas as fases abaixo; se o recurso não for recebido, é possível a interposição do recurso de carta testemunhável (Artigo 639 a 646 do CPP), apenas para discutir a admissibilidade do recurso em sentido estrito.
Após receber o recurso, o juiz intima a parte recorrente para que apresente suas razões recursais.
· No prazo de dois dias, a parte recorrente deve apresentar suas razões recursais. (Artigo 588).
· No prazo de dois dias, a parte recorrida deve apresentar as suas contrarrazões recursais. (Artigo 588).
· No prazo de dois dias, com as razões e as contrarrazões, o juiz tem a possibilidade de exercer o juízo de retratação (Artigo 589, caput, do CPP).
· Se o juiz não exercer o juízo de retratação, ou seja, se for mantida a decisão recorrida, os autos sobem ao tribunal para o julgamento do recurso.
Se o juiz exercer o juízo de retratação, ou seja, se for reconsiderada a decisão, os autos permanecem na primeira instância, e o processo segue normalmente, salvo se, inconformada com a reconsideração, a parte então recorrida interpuser recurso, sendo certo que, neste caso, através de simples petição, sem a necessidade de novas razões e contrarrazões, a parte inconformada com a reconsideração da decisão levará a matéria à apreciação do tribunal (Artigo 589, parágrafo único, do CPP).
Efeito devolutivo e regressivo
O recurso em sentido estrito possui efeitos devolutivo e regressivo e, em alguns casos, efeito suspensivo: O efeito suspensivo ocorre nos seguintes casos (Artigo 584 do CPP):
a) Perdimento de fiança;
b) Decisão que denegue a apelação ou a julgue deserta. Note que o recurso suspende os efeitos do despacho denegatório da apelação, e não os efeitos da sentença apelada;
c) Despacho que julgar quebrada a fiança;
d) Da pronúncia, mas somente quanto à realização do julgamento.
Atenção!
Recurso em sentido estrito e o assistente de acusação: O STF, através das Súmulas 208 e 210, pacificou sua jurisprudência no sentido de que o assistente de acusação somente pode recorrer em sentido estrito nos casos previstos no Artigo 584, §1º do CPP c/c 596 e 598, ambos do CPP (sentença de impronúncia – Artigo 416 c/c do CPP e a decisão que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade – Artigo 581, VIII).
Apelação
“Como se trata de decisão que aprecia e julga o mérito da pretensão punitiva, a apelação é o recurso que permite a maior amplitude quanto à matéria impugnável, devolvendo ao tribunal toda a matéria de fato e de direito, segundo a aplicação do tantum devoluntum quantum apellatum, isto é, nos limites da impugnação.” A apelação está prevista nos Artigos 593 a 606 do CPP.
Embargos infringentes e de nulidade 
Previsão legal: Artigo 609, parágrafo único, do CPP. É o recurso oponível contra o acórdão não unânime que houver reformado, em grau de apelação, a sentença de mérito, desde que desfavorável ao réu.
Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto da divergência. Os embargos de nulidade são os embargos infringentes quando a questão é estritamente processual, decidindo-se se o processo será ou não anulado.
Requisitos de admissibilidade:
· Existência de decisão não unânime;
· Decisão desfavorável ao acusado;
· Proferimento de decisão no julgamento de recurso em sentido estrito ou recurso de apelação.
Prazo: Os embargos deverão ser interpostos no prazo de dez dias, a contar da publicação do acórdão, dirigidos e apresentados diretamente no Tribunal responsável pelo julgamento do recurso.
Procedimento: Os embargos infringentes e de nulidade devem ser interpostos no prazo de dez dias, e dirigidos ao desembargador relator do acórdão recorrido, o qual fará o juízo de admissibilidade.
A petição de interposição deve vir acompanhada das razões recursais.
A outra parte, ou seja, a parte embargada terá dez dias para apresentar suas contrarrazões. Os autos serão distribuídos à câmara criminal distinta daquela que proferiu o acórdão recorrido. Outros cinco desembargadores devem julgar os embargos.
De acordo com o Artigo 615, §1º, do CPP, no caso de empate na votação, concede-se decisão mais favorável ao réu.
Embargos infringentes no STF 
Cabimento: De acordo com o Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal – Artigo 333, I, II e IV –, cabem embargos infringentes da decisão não unânime do Plenário ou da Turma que: julgar procedente a ação penal; improcedente a revisão criminal; for desfavorável ao réu em recurso criminal ordinário.
Na Ação Penal nº 470 (Caso Mensalão), por uma maioria apertada (6x5), o STF julgou admissível os embargos infringentes em sede de julgamento de ação penal originária quando o acórdão condenatório contiver, no mínimo, quatro votos favoráveis à absolvição.
Atenção!
Não existem embargos infringentes no Superior Tribunal de Justiça.
Embargos declaratórios 
Buscam esclarecer a decisão embargada quando nela houver ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão interpostos para o órgão prolator da decisão. O recurso de embargos declaratórios é previsto em primeira e segundainstâncias.
1) Contra sentença, estão previstos no Artigo 382 do CPP.
2) Contra acórdão, estão previstos no Artigo 620 do CPP.
Legitimidade e processamento: Podem embargar a decisão o acusado, o Ministério Público ou querelante e o assistente de acusação. Nada impede, por outro lado, que a parte vencedora se utilize dos embargos a fim de sanar, por exemplo, eventuais omissões ou contradições. A petição de interposição deve vir acompanhada das razões recursais. Em regra, a outra parte, ou seja, a parte embargada não apresenta contrarrazões.
Prazos: Nos procedimentos em geral, os embargos serão opostos no prazo de dois dias, contados da intimação, e serão endereçados ao juiz (na hipótese de sentença) ou ao relator (na hipótese de acórdão).
Nos procedimentos do Juizado Especial Criminal, porém, o prazo para oposição dos embargos declaratórios é de cinco dias (Artigo 83, §1º, da Lei nº 9.099/95).
Efeitos: O CPP não disciplina as consequências da oposição dos embargos para a fluência dos prazos. Aos demais recursos, aplicam-se, por analogia, as disposições da legislação processual civil em relação à matéria: de acordo com a redação do Artigo 538 do Código de Processo Civil, a oposição dos embargos acarreta a interrupção do prazo para outros recursos. Nos Juizados Especiais Criminais, contudo, a oposição dos embargos implica a suspensão do prazo para a interposição de outros recursos (Artigo 83, §2º, da Lei nº 9.099/95), ou seja, após o julgamento dos embargos, o prazo corre apenas pelo período restante.
Carta testemunhável 
É o recurso que tem por fim provocar o reexame da decisão que denega recurso interposto – Artigo 639, I, do CPP – ou que impede o seguimento daquele admitido – Artigo 639, II, do CPP.
1) Denegação da apelação: cabe recurso em sentido estrito – Artigo 581, XV, do CPP;
2) Denegação de embargos infringentes e de nulidade: cabe agravo regimental, nos termos do regimento interno respectivo;
3) Prazo: 48 horas após a ciência do despacho. O recurso deve ser dirigido ao escrivão, indicando o requerente as peças do processo que deverão ser trasladadas;
4) Efeito: não possui efeito suspensivo – Artigo 646 do CPP;
5) Procedimento: segue o previsto no Artigo 639 e seguintes do CPP. Na instância superior, o rito do recurso denegado – Artigo 645 do CPP.
Atenção!
Somente será cabível quando a lei não previr expressamente outro recurso.
Assim, é um recurso raramente utilizado na prática.
Recursos constitucionais 
Os recursos especial e extraordinário são institutos de direito processual constitucional. Trata-se de espécies excepcionais de impugnação recursal, com domínios temáticos próprios que lhes foram reservados constitucionalmente.
· Recurso especial: Conceitua-se o como aquele destinado a devolver ao Superior Tribunal de Justiça a competência para conhecer e julgar questão federal de natureza infraconstitucional, suscitada e decidida perante os Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais de Justiça do Estado e do Distrito Federal – Artigo 105, III, a, b, e c da Constituição.
· Condições de admissibilidade: Além das condições gerais de admissibilidade dos recursos, são exigidos alguns pressupostos específicos, como: hipóteses de cabimento.
· Causa decidida em única ou última instância pelos TRFs e TJs; significando que o recurso especial visa à impugnação de uma decisão final sobre questão levada ao conhecimento do Poder Judiciário. Decisão final é aquela proferida após o esgotamento das vias recursais ordinárias.
· Prequestionamento: entende-se que não pode ser objeto de recurso especial questão que não haja sido expressamente conhecida e decidida em instância inferior.
· Questão federal de natureza infraconstitucional: a própria Constituição, no Artigo 105, III, cuida de arrolar as questões que ensejam o julgamento do recurso especial. São elas: contrariar tratado ou lei federal ou negar-lhes vigência, julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal e dar à lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
Recurso extraordinário 
É o recurso destinado a devolver ao Supremo Tribunal Federal a competência para julgar questão federal de natureza constitucional, suscitada e decidida em única ou última instância.
Sua finalidade principal é conferir aplicação uniforme ao direito constitucional a fim de garantir a autoridade e a unidade da Constituição Federal em todo o território nacional, posto ser ela o fundamento e a condição de validade de todo o ordenamento jurídico nacional.
O Recurso extraordinário está previsto no Artigo 102, III, a, b, c e d da Carta de 1988:
Condições de admissibilidade: assim como no recurso especial, além das condições gerais de admissibilidade dos recursos, são exigidos alguns pressupostos específicos, como: hipóteses de cabimento.
Causa decidida em única ou última instância: o recurso extraordinário será julgado pelo STF após uma decisão em única ou última instância pelos Tribunais de Justiça dos Estados e Distrito Federal ou de Tribunais Regionais Federais, e, ainda, após o julgamento do recurso especial por parte do STJ, se cabível.
Prequestionamento: não é suficiente que a parte ventile a violação da norma constitucional: a questão deve ser decidida pelo tribunal a quo; caso isso não seja feito, deve a parte interpor embargos declaratórios para forçar a manifestação sobre a violação alegada.
A demonstração da repercussão geral: a Emenda Constitucional 45 alterou o Artigo 102, §3º, da CF, que passou a exigir que, no recurso extraordinário, o recorrente demonstre a repercussão geral das questões constitucionais discutidas nos casos, nos termos da lei. A matéria foi regulamentada pela Lei nº 11.418/06, que alterou o Artigo 406 do CPC. 
Efeitos – recurso especial e recurso extraordinário
Tanto o recurso especial quanto o recurso extraordinário possuem apenas efeito devolutivo. Por força do Artigo 27, §2º, da Lei nº 8.038, não é admitido efeito suspensivo, mas tanto o STJ quanto o STF têm relativizado essa regra para admitir que o réu recorra em liberdade. No STJ, o instrumento para obter o efeito suspensivo é a medida cautelar inominada – Artigo 798 do CPC –, mas, no STF, o instrumento adequado é o habeas corpus.
Interposição e processamento
O prazo para interposição dos referidos recursos é de 15 dias, de acordo com o Artigo 26, caput, da Lei nº 8.038/90, a partir da publicação do acórdão. A petição deve ser dirigida ao Presidente do Tribunal que proferiu a decisão recorrida, devendo ser fundamentada e conter a exposição do fato e do direito, a demonstração do cabimento do recurso e as razões do pedido de reforma da decisão. Recebida a petição pela Secretaria do Tribunal, o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 dias. Com as contrarrazões, os autos serão conclusos ao Presidente do Tribunal para o juízo de admissibilidade. No Supremo, o procedimento do recurso, além de seguir os dispositivos da Lei nº 8.038/90, regula-se também pelos preceitos do Regimento Interno do Tribunal. Assim, ao chegar ao juízo ad quem, os autos do processo com recurso extraordinário serão distribuídos a uma das Turmas. O relator sorteado determinará a remessa dos autos ao Procurador-Geral da República para manifestação no prazo de cinco dias. Após, será pedido dia para julgamento, no qual será realizado o juízo de prelibação e, se aceito, será realizado o julgamento do mérito.
Recurso extraordinário com agravo e agravo em recurso especial 
É o agravo de instrumento um recurso que se destina a permitir o processamento, a subida do recurso extraordinário ou especial barrado no juízo de pré-admissibilidade feito no Tribunal de origem, que não poderá negar seguimento ao agravo. O agravo interposto contra a decisão que denega recurso extraordinário está disciplinado, ainda, nas Resoluções 450 e 451 do STF, que instituiu a nova categoria do recurso extraordinário com agravo, dispondo expressamente que a Lei nº 12.322/10 tem aplicação em matéria penal e processual penal.
Artigo 544 do CPC – “... caberá agravo nospróprios autos, no prazo de 10 (dez) dias”.
Artigo 28 da Lei nº 8.038/90 – “...caberá agravo de instrumento no prazo de 5 (cinco) dias”.
Súmula 699 do STF: “O prazo para interposição de agravo, em processo penal, é de cinco dias, de acordo com a Lei nº 8.038/90, não se aplicando o disposto a respeito nas alterações da Lei nº 8.950/94 ao Código de Processo Civil”. (Editada em 2003).
Para a Corte Suprema, o entendimento é de que o prazo para interposição de agravo quando o recurso extraordinário não for admitido, em matéria penal, é de cinco dias, previsto no Artigo 28 da Lei nº 8.038/90, tendo total aplicabilidade a Súmula 699. Diante da posição assumida pelo Supremo, o agravo – tanto no recurso extraordinário quanto no recurso especial – em matéria penal e processual penal é de 5 (cinco) dias.
Recurso ordinário constitucional 
É cabível tanto no Supremo Tribunal Federal quanto no Superior Tribunal de Justiça.
Hipóteses de cabimento:
a) No Supremo Tribunal Federal, cabe recurso ordinário constitucional:
1. Das decisões dos Tribunais Superiores que julgarem, em única instância, o mandado de segurança, o habeas data, o habeas corpus e o mandado de injunção, desde que denegatórias – Artigo 102, II, a, da CF.
2. Das decisões referentes a crimes políticos, previstos na Lei de Segurança Nacional – Artigo 102, II, b. Nesse caso, é chamado de recurso criminal ordinário constitucional.
b) No Superior Tribunal de Justiça, o recurso ordinário constitucional é cabível:
1. Das decisões denegatórias de habeas corpus, proferidas em última ou única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais de Justiça – Artigo 105, II, a, da CF.
2. Das decisões denegatórias de mandado de segurança, proferidas em última ou única instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais de Justiça – Artigo 105, II, b, da CF.
3. Das decisões proferidas em causas em que forem parte Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no país – Artigo 105, II, c, da CF.
Procedimento: 
c) É interposto por meio de petição dirigida ao Presidente do Tribunal recorrido, dentro do prazo de cinco dias, no caso de denegação de habeas corpus – Lei nº 8.038/90, Artigo 30 –, ou quinze dias, no caso de mandado de segurança – Lei nº 8.038/90, Artigo 38 –, com as razões do pedido de reforma.
Em seguida, os autos vão com vistas ao Ministério Público para parecer em dois dias, no caso de habeas corpus – Lei nº 8.038/90, Artigo 31 –, ou cinco dias, no caso de mandado de segurança – Lei nº 8.038/90, Artigo 35. Os autos são distribuídos ao relator, que marcará data para julgamento.
Do agravo na execução
É o recurso cabível das decisões proferidas pelo Juízo da Execução Penal.
Previsão legal: das decisões proferidas pelo juiz das execuções, caberá recurso de agravo de execução, geralmente, sem efeito suspensivo, conforme Artigo 197 da LEP, sendo inaplicável o cabimento do recurso em sentido estrito, previsto no Artigo 581 do CPP.
· Prazo: pela regra da Súmula 700 do STF, será de cinco dias o prazo para dito recurso.
· Cabimento (previsão legal): das decisões do Juízo de Execução, desde que advindas de processo de execução onde ocorreu a condenação do acusado, em que sobreveio sentença de absolvição imprópria (em se tratando de inimputáveis), ou homologação de transação penal.
· Legitimidade: é recurso pro et contra (cabível para a acusação e para a defesa).
· Efeitos: devolutivo, tendo ainda o efeito regressivo, podendo o juízo se retratar da decisão anteriormente prolatada.
· Interposição: deve se dar juntamente com as razões, em que pese ao entendimento majoritário jurisprudencial, que indique que caso tal recurso seja interposto sem suas razões, necessário se faz que o juízo de execuções conceda prazo de dois dias para que elas sejam apresentadas, seguindo-se a regra do recurso em sentido estrito (Artigo 581 do CPP). Após a interposição, deve o Juízo de Execuções abrir o prazo de dois dias para a juntada das contrarrazões da parte adversa.
· Procedimento: o mesmo do recurso em sentido estrito, em que pese, no passado, já se tenha utilizado o rito previsto para o agravo de instrumento.
· Julgamento: deve o juízo a quo, uma vez apreciando a admissibilidade do recurso, admiti-lo ou não. Caso o admita, poderá se retratar da decisão, reformando-a. Caso assim não o faça, encaminhará o processo para o Tribunal (órgão ad quem), que o distribuirá para o desembargador relator, que o relatará e encaminhará para a Câmara ou Turma.
EXERCÍCIOS
1. Em relação aos recursos no processo penal, é correto afirmar: É vedada à parte a interposição simultânea ou cumulativa de recursos contra a mesma decisão, salvo nos casos de decisões objetivamente complexas.
2. Assinale a alternativa correta relativamente aos recursos no processo penal. Quatro são os possíveis efeitos recursais: devolutivo, suspensivo, regressivo e extensivo.
3. Encerrando a discussão sobre a renúncia ao direito de apelação, a matéria foi tratada por uma das súmulas do Supremo Tribunal Federal (Súmula nº 705). Assinale a alternativa correta com relação ao tema. A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta.
4. José, após responder ao processo cautelarmente preso, foi condenado à pena de oito anos e sete meses de prisão em regime inicialmente fechado. Após alguns anos no sistema carcerário, seu advogado realizou um pedido de livramento condicional, que foi deferido pelo magistrado competente. O membro do parquet entendeu que tal benefício era incabível no momento e deseja recorrer da decisão. Agravo em execução, no prazo de 5 (cinco dias)
5. São requisitos necessários para que se articulem os embargos infringentes e de nulidade do parágrafo único do Artigo 609 do CPP:
I. Decisão de segunda instância.
II. Decisão desfavorável ao réu.
III. Decisão unânime.
É correto o que se afirmar em: I, II e III
6. Em relação aos recursos no processo penal, assinale a opção correta. A decisão judicial que, em sede da ação de habeas corpus, reconheça, de forma expressa, que o fato investigado evidentemente não constitui crime ou que a punibilidade do agente está extinta por qualquer razão, é impugnável por meio de recurso em sentido estrito.
7. Em relação aos recursos excepcionais ou extraordinários, é correto dizer que: A técnica do sobrestamento de recurso extraordinário com idêntica controvérsia com outro recurso também se aplica ao especial.
8. Joel foi condenado pela prática do crime de extorsão mediante sequestro. A defesa interpôs recurso de apelação, que foi recebido e processado, sendo certo que o Tribunal, de forma não unânime, manteve a condenação imposta pelo juízo a quo. O advogado do réu verifica que o acórdão viola, de forma direta, dispositivos constitucionais, razão pela qual decide continuar recorrendo da decisão exarada pela segunda instância. De acordo com as informações acima, assinale a alternativa que indica o recurso a ser interposto: Embargos infringentes
9. Após obter vista da decretação da prisão preventiva de Domingos, o DP encarregado de sua defesa decidiu adotar medida judicial contra a decisão. A impugnação restou negada, por maioria, pelo órgão jurisdicional competente. Objetivando reformar o acórdão, foi apresentado outro meio de impugnação, o qual, igualmente, restou denegado. Com base na situação hipotética acima apresentada, é correto afirmar, no que se refere aos recursos em geral e aos meios autônomos de impugnação, que, contra a decisão que decretou a prisão preventiva de Domingos, caberia: A impetração de habeas corpus; do acórdão não unânime denegatório do habeas corpus, poderia ser interposto recurso ordinário constitucional para o STJ; do julgamento pelo tribunal superior, poderia ser interposto recurso extraordinário para o STF.
10. Em tema de recursos especial e extraordinário que versem sobre matéria penal e processual penal, é INCORRETO afirmar que:
a) A repercussão geral deverá ser demonstrada