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Prova_EQB725_Biocombustíveis_2021_1

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EQB725 - Biocombustíveis 
AVALIAÇÃO 2021 -1 
 
 
Questão 1: A fermentação alcoólica é tradicionalmente conduzida com Saccharomyces cerevisiae na indústria alcooleira a partir da sacarose do caldo de cana: 
a) Como aumentar a rentabilidade da indústria sucro-alcooleira convencional, tendo em vista os subprodutos gerados na produção de açúcar e etanol? Indique as alternativas de aplicação para cada subproduto formado. 
Existem vários meios para aumentar a rentabilidade da indústria sucro-alcooleira convencional, tendo em vista os subprodutos gerados na produção de açúcar e etanol. Conforme SCHNEIDER et al. (2012), o termo resíduo geralmente é associado à sobra, porém, sabe-se hoje que a concepção para resíduos sólidos está se desvencilhando desta ideia depreciativa e adquirindo caráter de subproduto, pois são considerados como aqueles que possuem valor econômico agregado, por possibilitarem seu reaproveitamento, sendo os resíduos da biomassa transformados em matéria prima para diversos outros processos.
O cultivo da cana-de-açúcar é um recurso natural e renovável, dela se extrai o etanol, o açúcar e a energia, além de subprodutos como vinhaça, torta de filtro, bagaço, levedura seca e partículas de cinza (AQUINO et al., 2014). 
O bagaço da cana-de-açúcar tem sido considerado como o maior resíduo da agroindústria brasileira visto que uma tonelada de cana produz em média 250 kg de bagaço. Todavia, as próprias usinas têm utilizado de 60% a 90% deste bagaço como fonte energética, substituindo o óleo combustível e/ou a madeira no processo de aquecimento das caldeiras (MARCONDES et al., 2013; SCHNEIDER et al., 2012). 		Dentre as alternativas para o emprego do bagaço da cana-de-açúcar como matéria-prima, destaca-se sua viabilização na indústria de papel e papelão, na fabricação de aglomerados, na indústria química, como material alternativo na construção civil, como ração animal, na produção de biomassa microbiana, cogeração de energia e até mesmo na coprodução de etanol (SANTOS et al., 2012). 
A cogeração de energia, nas usinas de açúcar e álcool, consiste no aproveitamento da energia térmica, produzida na forma de vapor, resultante da queima do bagaço em caldeiras. Este processo tem a finalidade de movimentar equipamentos da unidade industrial e também acionar conjuntos geradores de energia elétrica (MARCONDES et al., 2013).
Temos a produção em torno 40 kg de torta de filtro para cada tonelada de cana-de-açúcar moída. Sendo um composto orgânico rico em cálcio, nitrogênio e potássio (dependendo da variedade da cana, época de maturação, tipo de solo, processo de clarificação, entre outros) tem sido visualizada como fertilizante, ou seja, uma fonte de nutrientes para as plantas (FRAVET et al., 2010). A utilização da aplicação da torta de filtro como fertilizantes, possibilita uma diminuição no uso de adubos sintéticos e evita que este resíduo seja depositado diretamente em corpos d’água ou aterros sanitário.
De acordo com Schneider et al. (2012) a vinhaça se constitui no líquido resultante da fermentação do caldo de cana-de- açúcar e devido a sua riqueza, principalmente em potássio e matéria orgânica, passou a ser utilizada como fertilizante na cultura da cana-de-açúcar, com objetivo minimizar o impacto ambiental e incorporar nutrientes ao solo. 
A quantidade gerada pelas destilarias pode variar de 10 a 18 litros de vinhaça por litro de álcool produzido, dependendo das condições tecnológicas da destilaria. Este subproduto constitui-se no principal resíduo da industrialização da cana e apresenta um alto potencial poluidor quando lançado em cursos d’água em função da sua alta carga de matéria orgânica, alta concentração de sais e também uma alta demanda química por oxigênio.
Devido à rápida velocidade de crescimento da levedura que é
aplicada na fermentação do caldo extraído da cana-de-açúcar para formação do etanol, ocorre sempre excesso de produção. As leveduras provenientes da indústria alcooleira são utilizadas como enriquecimento protéico para rações de diferentes espécies animais e também vem sendo incluídas na alimentação humana (YAMADA et al.,2010).
MINOSSO (2016) relata que após extração do caldo, o bagaço é queimado nas caldeiras para gerar combustível, nessa queima, o vapor d’água é utilizado na produção de açúcar, álcool e em processos de cogeração de energia elétrica. 
As cinzas do bagaço da cana-de-açúcar apresentam em sua composição grande quantidade de sílica (SiO2) semelhante à areia extraída dos rios, isso traz benefícios como aditivo mineral em sistemas cimentícios, substituição parcial do cimento ou como substituição de agregado miúdo CANOVA (2015), assim temos soluções alternativas de materiais para a construção civil sustentáveis, como é o caso da utilização de cinzas na fabricação confecção de concreto e argamassa.
Referências:
AQUINO A. F., BIDÔ É. S., GALVÃO, M. L. M. e OLIVEIRA, V. N. O Etanol da Cana de Açúcar: Possibilidades Energéticas da Região de Ceará-Mirim-RN. Ceará. 19 p. Holos, ano 30, Vol. 01, pp 105-125, 2014.
CANOVA, José Aparecido; MIOTTO, José Luiz; DE MORI, Luci Mercedes. Avaliação de argamassa mista de revestimento com substituição da areia natural por cinza de bagaço de cana-de-açúcar. Ciência & Engenharia, v. 24, n. 1, pp. 125-134, 2015.
FRAVET, P. R. F., SOARES, R. A. B., LANA, R. M. Q., LANA, Â. M. Q., KORNDÖRFER, G. H. Efeito de doses de torta de filtro e modo de aplicação sobre a produtividade e qualidade tecnológica da soqueira de cana-de-açúcar. Ciência e Agrotecnologia, v.34, n.3, p.618-624, 2010.
MARCONDES, L. P., SANTOS PARISOTTO, I. R., SANTANA FARIA, S. G., ZUCCO, F. D., & FARAH, O. E. (2013). Obtenção do crédito de carbono através de projetos de cogeração de energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar em uma agroindústria sucroalcooleira da região noroeste do estado de são paulo. Revista Metropolitana de Sustentabilidade, 3(3), 116-136.
MINOSSO, Anariele Maria.; PIAIA, Maria Luiza.; FIDELIS, Nayara Vargas Witcel.; ZANANDREA, Vinicius.; WEISE, Andreas Dittmar. Vantagens da Utilização da Cinza do Bagaço da Cana de Açúcar como uma Medida Sustentável para a Indústria do Cimento. Paraná – VI Congresso Brasileiro de Engenharia de Produção – APREPRO – Associação Paranaense de Engenharia de Produção. UFSM / UTFPR, 2016.
SANTOS, F. A., QUEIRÓZ, J. D., COLODETTE, J. L., FERNANDES, S. A., GUIMARÃES, V. M., & REZENDE, S. T. (2012). Potencial da palha de cana-de-açúcar para produção de etanol. Química Nova, 35(5), 1004-1010. 
SCHNEIDER, C. F., et al. Formas de gestão e aplicação de resíduos da cana-de-açúcar visando redução de impactos ambientais. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, v. 7, n. 5, p. 08-17, 2012.
YAMADA, E. A.; CIPOLLI, K. M. A. V. B.; HARADA, M. M.; SGARBIERI, V.C. Utilização de extrato de levedura (Saccharomyces sp.) de destilaria de álcool em salsicha. Braz. J. Food Technol.,v. 13, n.3, p. 197-204, 2010.
b) Estabeleça as principais diferenças nos processos de produção de etanol 1G, 2G e 3G. 
Diferentemente do etanol de primeira geração que são produzidos por plantas (cereais, oleaginosas e culturas que fazem parte da alimentação humana e animal) que exigem áreas de cultivo extensas e gordura vegetal (óleo de fritura) ou animal (sebo); o de segunda geração são produzidos a partir da biomassa (resíduos ou rejeitos) de diversos tipos (RAELE et al., 2013, p. 207).
De uma forma geral, a produção do etanol de segunda geração inclui duas etapas adicionais ao processo convencional, são elas, pré-tratamento e hidrólise. Essas etapas são necessárias, pois a biomassa lignocelulósica não dispõe de dois açúcares livres em sua estrutura para os micro-organismos da fermentação, como no caso das matérias-primas do etanol de primeira geração. A estrutura lignocelulósica é composta majoritariamente por celulose, hemicelulose e lignina, sendo que as duas primeiras representam os substratos que podem ser utilizados para produção de açúcares fermentescíveis (MORO, 2015, p. 1-2).
Nos últimos anos os estudos sobrea produção de biocombustíveis a partir de algas, chamado terceira geração têm ganhado grande importância e interesse, tendo como objetivo, a substituição de combustíveis fósseis em motores de combustão interna, como veículos com motores do ciclo Otto e Diesel (Leary, 2009)
A produção de biocombustível a partir de algas tem se destacado um potencial promissor. Trata-se de um microrganismo fotossintético aquático que se desenvolve em diferentes ambientes como água salgada, água residual das zonas urbanas ou em terras inadequadas para agricultura (Chen, 2011).
Os biocombustíveis de terceira geração são compostos por um elevado teor de hidrogênio graças às proteínas e à clorofila. Quando comparado com demais fontes para a produção de biocombustíveis, o de 3ª geração tem um maior poder calorífico, baixa densidade e viscosidade, características que o torna mais apto para a produção de biocombustíveis do que os de origem de fonte de 1ª geração (Miao, 2011).
		Referências:
CHEN, C.-Y., YEH, K.-L., AISYAH, R., LEE, D. J., CHANG, J.-S. 2011. Cultivation, photobioreactor design and harvesting of microalgae for biodiesel production: A critical review. Bioresour. Technol. 102; 71-81.
LEARY, D., VIERROS, M., HAMON, G., ARICO, S., MONAGLE, C. 2009. Marine genetic resources: a review of scientific and commercial interest. Marine Policy. 33 (2); 183–194.
MIAO, X., WU, Q., YANG, C. 2011. Production of liquid biofuels from renewable resources. Progress in Energy and Combustion Science. 37; 52-68.
MORO, D. R. Pré-tratamento da biomassa de cana de açúcar por extrusão com dupla rosca. Dissertação, 107 p., 2015.
RAELE, R.; BOAVENTURA, J. M. G.; FISCHMANN, A. A.; SARTURI, G. Scenarios for the second generation ethanol in Brazil. Technological Forecasting and Social Change, v. 87, p. 205-223, 2014.
c) Identifique os principais gargalos tecnológicos na produção do etanol de segunda geração. 
Apesar das inúmeras pesquisas na área, existem diversas dificuldades tecnológicas associadas sobretudo aos processos de separação da lignina do material celulósico e à quebra da hemicelulose por leveduras em um tempo adequado.
O processo mais desafiador na produção de combustível de segunda geração é o pré-tratamento da biomassa. Os métodos de pré-tratamento se referem à solubilização e a separação de um ou mais componentes dessa biomassa. 
Devido à natureza cristalina da celulose, a barreira física formada por ligninas ao redor das fibras celulósicas e a presença de complexas interações entre hemicelulose e celulose presentes nas paredes celulares dos vegetais e entre estes polissacarídeos e ligninas, o pré-tratamento desse material representa uma etapa imprescindível na rota de produção, pois objetiva separar a matriz de lignina, reduzir a cristalinidade da celulose, aumentar a fração amorfa da mesma e solubilizar a hemicelulose, separando o hidrolisado da celulose para que o mesmo fique mais acessível às hidrólises biológicas e químicas (SARKAR et. al., 2012)
Por causa da heterogeneidade das matérias-primas lignocelulósicas, a escolha do processo de pré-tratamento dependerá da natureza do material a ser tratado e da aplicação a qual será submetido o hidrolisado (Murakami, 2015). A escolha das condições utilizadas na etapa de pré-tratamento interfere diretamente no rendimento de recuperação da celulose, hemicelulose e lignina, bem como na eficiência da sacarificação da celulose e de fermentação dos açúcares.
Atualmente, a rota mais utilizada e desenvolvida é a rota enzimática, na qual enzimas específicas são utilizadas para hidrolisar o material após o pré-tratamento (Murakami, 2015). Produzir essas enzimas de forma barata ainda é um dos principais entraves e desafios dessa tecnologia. Poucas empresas no mundo as produzem de forma comercial, além da dificuldade em reaproveitar esses organismos.
Referências:
MURAKAMI, T. G. L. (2015) Trajetórias tecnológicas na etapa de hidrólise enzimática para a produção de bioetanol de 2ª geração. Tese de doutorado. Campinas (SP), Unicamp.
SARKAR, N. et al. Bioethanol production from agricultural wastes: An overview. Renewable Energy, Índia, p.19-27, 2012.
d) Faça uma análise comparativa da atuação das celulases sobre materiais celulósicos, indicando o modo de atuação das enzimas e os produtos de hidrólise. 
As celulases são enzimas capazes de hidrolisar materiais lignocelulósicos, liberando açúcares fermentescíveis, como a glicose (CASTRO 2010). O complexo enzimático de celulases é composto principalmente por endoglucanases, exoglucanases e ß-glucosidases, divididos de acordo com o local de atuação (CASTRO, 2010).
As endoglucanases são responsáveis pelo início da hidrólise e realizam uma clivagem randômica das ligações glicosídicas internas da fibra lignocelulolósica, tornando-as mais expostas. Por este motivo elas são responsáveis por reduzir o grau de polimerização da fibra, gerando regiões amorfas e liberando oligossacarídeos com diferentes graus de polimerizacão, além de terminais redutores e não redutores. Essas regiões amorfas permitem uma melhor ação das enzimas por não possuírem ligações intermoleculares de hidrogênio tão fortes quanto às regiões cristalinas (MENDES, 2010)
As celulases responsáveis por atuar na região externa da celulose são as exoglucanases, divididas em celobiohidrolases tipo I e II, e glucano hidrolases. A celobiohidrolase tipo I hidrolisa os terminais redutores e a tipo II hidrolisa os terminais não redutores da celulose. Essas são responsáveis pela ruptura física do substrato, promovendo uma desestratificação das fibras e um aumento considerável das regiões amorfas. 
O produto liberado a partir da ação das celobiohidrolases é a celobiose, um dímero de glicose, sendo este também um inibidor da ação dessas enzimas. As glucano hidrolases também agem nas extremidades dos oligossacarídeos, porém são capazes de liberar glicose diretamente deste polímero (MENDES, 2010). O último tipo de celulase a atuar na hidrólise é a β-glucosidase, que promove a liberação de glicose a partir da celobiose.
Referência:
CASTRO, A. M. de; PEREIRA JUNIOR, N. Produção, propriedades e aplicação de celulases na hidrólise de resíduos agroindustriais. Química Nova, São Paulo, v. 33, n. 1, p.181-188, 2010
MENDES, F. M. Digestibilidade enzimática do bagaço de cana-de-açúcar tratado quimio-mecanicamente. 2010. 94 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Universidade de São Paulo, Lorena, 2010.
e) Discorra sobre o conceito de Biorrefinaria aplicado no contexto da produção de biocombustíveis de segunda e terceira geração. 
O conceito de biorrefinaria sugere que a exploração das biomassas precisa integrar uma visão multiproduto, explorando diversas correntes e processos, à semelhança das refinarias de petróleo que derivam do óleo um conjunto variado de produtos. No caso da biorrefinaria, os produtos energéticos aparecem ao lado de produtos químicos (BOMTEMPO, 2010) 
Nesse contexto, devem ser mencionados os combustíveis de segunda geração e terceira geração que vem sendo desenvolvidos em projetos em biorrefinarias. Os biocombustíveis de segunda geração, que podem ser produzidos a partir de matérias-primas residuais resultantes de processos produtivos, da agropecuária ou de atividades agro-florestais, Enquanto os de terceira geração concentram-se na produção de biodiesel a partir de culturas de algas.
Referência:
BOMTEMPO, José Vitor. “O futuro dos biocombustíveis II: Por que a indústria de biocombustíveis do futuro será diferente da que conhecemos hoje? Blog Infopetro. Setor de Estratégias Empresariais. Biocombustívies. Tecnologia. 10.05.2010. Disponível em: http://infopetro.wordpress.com/2010/05/10/o-futuro-dos-biocombustiveis-ii-por-que-a-industria-de-biocombustiveis-do-futuro-sera-diferente-da-que-conhecemos-hoje/. Acesso em 16.05.2021
f) A valoração de resíduos é potencialmente interessante para a obtenção de estruturas químicas por rota bioquímica que são base para a cadeia produtiva (blocos de construção). Indique quais moléculas se enquadram nesta categoria, sendo obtidas por rotabioquímica, e as respectivas cadeias produtivas. ??????
 
Questão 2: Atualmente o conceito de Biorrefinaria e valoração de resíduos propiciam a adoção de políticas e incentivos que estimulam a implantação de novas práticas agrícolas nas Usinas de produção de açúcar e álcool. Discuta o conceito geral de Biorrefinaria, suas diferentes plataformas apresentadas para a obtenção de energia e insumos para a elaboração de produtos finais com características de sustentabilidade. 
O pleno aproveitamento energético da cana-de-açúcar está ligado ao atual conceito de biorefinaria, que pode ser descrito ou resumido como: “A Biorefinaria é composta por facilidades e instalações produtivas que geram e utilizam matéria prima de origem vegetal e renovável, operando de forma totalmente integrada, e que através de processos físicos-químicos, enzimáticos ou biológicos transformam estas matérias em sub-produtos que atendam às necessidades do consumo moderno, de forma sustentável e com o mínimo de impacto ambiental.”
A vinhaça produzida na destilação do álcool é na sua quase totalidade retornada para o setor agrícola, reduzindo a necessidade de adubação química. A torta dos decantadores e as cinzas das caldeiras tem o mesmo destino. 
As usinas de álcool e açúcar são autosuficientes em energia elétrica durante a safra, sendo que muitas já produzem energia elétrica para venda, utilizando o bagaço excedente como fonte de energia. O bagaço excedente pode também passar por tratamento para aumentar a sua digestibilidade e ser utilizado como ração animal. 
Referência:
Núcleo de Análise Interdisciplinar de Políticas e Estratégias da Universidade de São Paulo, NAIPPE. “O Setor Sucroalcooleiro e o domínio tecnológico”. https://www.novacana.com/pdf/estudos/Livro_Naippe_Vol2.pdf . Acesso em 15/05/2021
Questão 3: Com base na estrutura química, faça uma análise comparativa entre amido e celulose, incluindo necessariamente os seguintes tópicos: macroestrutura e tipos de ligações; hidrólise ácida (condições operacionais, tipos e concentrações de ácidos), hidrólise enzimática (condições operacionais, uso de endo e exohidrolases, necessidade ou não de pré-tratamento, problemas de inibição). 
O amido e a principal reserva de alimento das plantas, sendo sintetizado na forma de granulos de geometria aproximadamente esferica, em organelas celulares em uma serie de diferentes tecidos das plantas (TESTER et al., 2006).
O amido é um homopolissacarídeo ramificado de unidades D-glicose, constituído por duas porções distintas, sendo estas: amilose, que é um polímero linear no qual as moléculas de glicose encontram-se unidas por ligações do tipo a-1,4 entre as unidades de glicose e que corresponde tipicamente a 15-30 % da massa total do amido; e amilopectina, que representa a região ramificada do amido, devido à presença de ligações do tipo a-1,6 (CORRADINI et al., 2005).
Enquanto a celulose é o principal constituinte das plantas, sendo o polímero natural mais abundante da Terra. A unidade repetitiva da celulose é composta por duas moléculas de glicose eterificadas por ligações β-1,4-glicosídicas. Esta unidade repetitiva, conhecida como celobiose, contém seis grupos hidroxila que estabelecem interações do tipo ligações hidrogênio intra e intermolecular (SILVA, 2009). 
Devido a essas ligações hidrogênio há uma forte tendência da celulose formar regiões cristalinas que a tornam completamente insolúvel em água e na maioria dos solventes orgânicos. O grau de cristalinidade da celulose varia de acordo com sua origem e processamento.
Referência:
SILVA, R., HARAGUCHI,S. K., MUNIZ, E. C., RUBIRA, A.F. Aplicações de fibras lignocelulósicas na química de polímeros e em compósitos. Quim. Nova, v. 32, n. 3, p. 661-671, 2009.
 
Questão 4: O Brasil possui uma grande variedade de matérias-primas para a produção de biocombustíveis. 
a) Comente sobre as três matérias-primas principais utilizadas para a produção de biodiesel. Quais são os principais compostos químicos presentes nessas matérias-primas? 
b) Em sala de aula foram apresentadas três rotas tecnológicas para a produção de biodiesel. Qual dessas rotas é a mais utilizada no Brasil e no mundo? Que qualidade de matéria-prima exige essa rota? 
c) Compare as características físico-químicas do biodiesel obtido a 
partir de cada matéria-prima empregada (oleaginosas, sebo, óleo de fritura, etc..). 
d) Analise e discuta os estímulos e políticas técnico-econômicas para o uso de biodiesel na mistura com o diesel mineral adotadas pelos países da América do Sul (Brasil, Argentina e Colômbia), na Indonésia, e o mercado norte americano. 
e) Na produção de biodiesel há a formação de grande quantidade de glicerol. Descreva as tecnologias existentes e em desenvolvimento que visam agregar valor a este importante co-produto da reação de transesterificação (Glicerolquímica). 
f) Discuta comparativamente as diferentes rotas de obtenção de bioquerosene, um biocombustível sustentável para uso na aviação. 
Questão 5: As microalgas representam um paradigma potencial para a produção de biocombustíveis. Quais são suas principais características e métodos de produção? 
 
Questão 6: Indique as principais características das Tecnologias XTL(GTL, CTL, BTL), os processos envolvidos, e os produtos obtidos. Analise como inserir neste contexto o conceito de Biorrefinaria e do agro-negócio no Brasil e no mundo. Apresente um diagrama de blocos que represente a dinâmica desta nova concepção tecnológica. 
 
Questão 7: O que é a distribuição de Anderson-Schulz-Flory? Qual a principal equação que governa tal distribuição? De que maneira tal distribuição afeta o processo Fischer-Tropsch? Identifique e descreva as rotas de beneficiamento para unidade FT com valor de  alto com a dedicada para valor baixo de . 
 
Questão 8: A digestão anaeróbia é, ao mesmo tempo, uma alternativa para o tratamento dos resíduos da produção agrícolas, da pecuária (suínos, bovinos, caprinos, eqüinos, aves, etc..), de resíduos urbanos e industriais, como, também, um caminho para a produção de energia de fonte renovável. 
a) Quais as etapas bioquímicas na degradação da matéria 
orgânica até a formação do biogás. Quais os principais grupos de microrganismos envolvidos. 
b) Quais os tipos de biodigestores existentes e formas de condução do bioprocesso na produção do biogás. 
c) Qual a diferença entre biogás e biometano quanto à composição. Como obter o biometano a partir do biogás? 
d) O conceito de processo sustentável no contexto das usinas sucroalcooleiras a produção de biogás se apresenta como alternativa para geração de energia e de insumos. Comente sobre a política nacional para estimular a produção de biogás e do biometano. 
e) Quando se compara o cenário brasileiro e o da comunidade européia, os resultados apontam para a defasagem brasileira em relação ao aproveitamento do biogás para produção de energia. Isso se constitui uma contradição, já que o Brasil concentra condições geográficas favoráveis para o desenvolvimento da biodigestão anaeróbia. Considerando os aspectos técnicos, políticos e sócio-econômicos a quais fatores pode-se atribuir o atraso no desenvolvimento do biogás para a produção de energia no Brasil? 
Questão 9: De acordo com as diretrizes e metas estabelecidas no Plano Nacional de Energia (2030) e no Plano Nacional de Agro-energia analise criticamente e discuta as medidas propostas, no que se refere: 
a) O potencial para o cultivo de biomassa em território nacional e no mundo para produção/geração de bioenergia (atual e projeção futura) ; 
 
b) O desenvolvimento de novas tecnologias (Inovação Tecnológica), e do conceito de sustentabilidade inserido no contexto da Química Verde, tendo em vista o novo paradigma/conceito de Biorrefinaria. 
 
c) Incentivos/Leis que regulamentam o uso e a comercialização dos biocombustíveis no mercado nacional e no mundo. 
 
d) A Lei 13.576, de 26 de dezembro de 2017 – que estabelece a nova Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio)–, promete incentivar a produção nacional de combustíveis renováveis, como etanol, biodiesel, biometano, bioquerosene, segunda geração, entre outros. Discorra sobre as metas propostas pelo REnovaBio (Nova unidades de créditos de descarbonização (CBios), onde cada CBio equivalerá a uma tonelada de carbono que deixou de ser lançada na atmosfera); setores envolvidos; metas anuais; metas individuais; papel da ANP; mercado de Cbios. 
 
e) Analise e discuta as políticas de incentivo e investimentos, considerando os aspectos sociais, agrícolas, técnicos e econômicos, assim como seus reflexos no território brasileiro, tendo em vista as diferenças regionais (PNE 2030 e PNE 2050). 
Questão 10: A partir de biomassa de fonte renovável ou do resíduo da agro-indústria proponha um esquema de Biorrefinaria Integrada (rota termoquímica, biotecnológica ou mista) visando a otimização na produção de bicombustível e/ou bioprodutos/produtos. 
Questão 11: Proponha um diagrama de blocos esquemático para a produção de etanol de segunda geração acoplada à produção de etanol de primeira geração, a partir de cana-de-açúcar. 
Adicionalmente, avalie possíveis estratégias de uso e valoração dos resíduos gerados visando à obtenção de produtos de maior valor agregado, segundo os conceitos de sustentabilidade e bioeconomia. 
 
 
Instruções: 
 
1. Data de entrega: 14 de junho de 2021. As referências consultadas para responder cada pergunta deverão ser citadas no parágrafo correspondente à sua descrição, e listadas ao fim da questão. 
Att. Professora Eliana M. Alhadeff 
 e-mail: ema@eq.ufrj.br