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Material de Estudo _ PI (pedido e valor da causa)

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PEDIDO 
 
CPC “Art. 319 – A petição inicial indicará: (...) 
IV – o pedido com as suas especificações”. ( pedido) 
 
Se, como visto anteriormente, a causa de pedir é o “ porquê”, a razão pela qual se vai a juízo, o 
pedido sinaliza o “para que” se busca o Poder Judiciário. Para o jurisdicionado o que efetivamente 
interessa em uma petição inicial é o pedido: é ele que o motiva a buscar a proteção judiciária. 
Assim, se o autor sofreu danos e quer ser indenizado, seu pedido será a condenação do réu a pagar a 
quantia em dinheiro capaz de ressarcir os prejuízos experimentados. Diferentemente, o contratante que 
entende que o pacto traz alguma cláusula nula pedirá que o juiz declare a nulidade de tal contrato. 
Além disso, se um locatário deixa de pagar o aluguel, então o pedido do locador será que o juiz 
rescinda o contrato e determine a desocupação do imóvel (despejo). 
Por ser sucinto e objetivo, o pedido é um tópico de elaboração técnica mais precisa (mais técnica, por 
exemplo, que a causa de pedir), razão pela qual o advogado deve ser muito cuidadoso ao redigi-lo. 
Como ao magistrado é vedado exceder os limites do pedido, a petição inicial indicará o máximo que o 
juiz poderá conceder se acolher o pleito do autor. Pode-se afirmar que o pedido da exordial representa 
um projeto de dispositivo da sentença. 
Se o pedido não é formulado de forma adequada quando da elaboração da petição inicial, não é 
possível, pela via interpretativa, ampliá-lo, tendo em vista os princípios da inércia da jurisdição e da 
congruência. 
Inovando em relação ao Código anterior (que apontava que o pedido deveria ser interpretado de forma 
restritiva), aponta o Novo CPC que o pedido vai ser interpretado conforme “o conjunto da postulação e 
observará o princípio da boa-fé” (art. 322, § 2º). Como se percebe, o juiz terá mais margem para 
interpretar o pedido. 
A título de exemplo, se uma petição inicial traz como pedido a locução “Pelo exposto, pede-se seja o 
réu condenado a indenizar todos os prejuízos causados ao autor”, estaria incluído aí o dano moral ou 
somente o dano material? Em que montante(s)? 
 
A partir do Novo CPC será essencial que o magistrado aprecie todas as formulações da petição inicial 
para bem aferir o conjunto da postulação. O juiz também terá de apreciar o teor da contestação para 
não proferir decisão surpresa em violação ao contraditório. De todo modo, é adequado que o pedido 
seja explícito em relação ao seu teor para evitar dúvidas e/ou controvérsias. 
Assim, uma fórmula melhor que a exposta seria a seguinte: “Diante do exposto, pede 
o autor: (i) a condenação do réu ao pagamento dos danos materiais, na quantia de R$ 10.000,00 (dez 
mil reais) e (ii) a condenação do réu ao pagamento de danos morais, na quantia de R$ 20.000,00 (vinte 
mil reais).” 
O pedido deve ser certo e determinado, segundo os arts. 322 e 324 do CPC. 
Como distinguir a certeza da determinação do pedido? O que significam uma e outra? 
Para que bem se compreenda essa distinção, é necessário atentar para o fato de que todo pedido, na 
verdade, se desdobra em dois (e não falamos aqui em cumulatividade de pedidos). 
A certeza do pedido diz respeito à providência jurisdicional pleiteada, ao verbo: no pedido deve-se 
fazer menção a condenar, declarar ou constituir. 
A determinação do pedido diz respeito ao complemento, ao bem da vida: ao pedir a condenação 
(certeza do pedido), deve-se indicar de quanto se quer a condenação. 
Para entender melhor, tome por base uma ação de alimentos. Quando a pessoa procura o advogado, o 
que pretende? A pensão alimentícia, ou seja, a comida no prato ou o dinheiro no bolso. Esse é o 
chamado “bem da vida”, o objetivo da parte ao acionar o Poder Judiciário. 
No entanto, para que o bem chegue ao patrimônio do jurisdicionado antes é necessário que o juiz 
profira uma decisão determinando que o réu pague ao autor a quantia fixada. Tal pedido, a providência 
jurisdicional pleiteada, deve constar na petição inicial. 
Assim, ao formular o pedido, o subscritor deve pleitear um provimento jurisdicional (condenação, 
declaração ou constituição – o chamado pedido/objeto imediato) e, na sequência, o bem da vida 
pretendido pelo autor (a quantia em dinheiro, a coisa a ser entregue – o denominado pedido/objeto 
mediato). 
 
Portanto, no caso de uma ação de alimentos, o pedido imediato é a condenação do réu, ao passo que o 
pedido mediato é a quantia em dinheiro ou os alimentos a serem entregues diretamente por ele ao 
autor. 
Também o quantum desejado deve ser expresso na formulação do pedido. Como exceção, em certas 
hipóteses o Código permite que se faça um pedido genérico, ilíquido (em que não se indica, desde 
logo, o objeto mediato); tais hipóteses estão previstas no § 1º do art. 324 do CPC/2015.26 
Contudo, nunca será possível um pedido incerto, que deixe de especificar o pedido imediato: a parte 
deve indicar a providência definida como seu objetivo – se pretende uma condenação, uma declaração 
ou uma constituição/desconstituição de relação jurídica. 
Como exposto, o pedido deve ser certo (CPC/2015, art. 322). No entanto, por força de previsão legal, 
há situações em que, mesmo que o autor não tenha formulado pedido, é possível que o juiz se 
manifeste sobre certos pontos; eis as hipóteses: juros legais, correção monetária e verbas de 
sucumbência, inclusive honorários advocatícios (CPC/2015, art. 322 § 1o ); prestações periódicas 
vencidas (CPC/2015, art. 323); conforme o caso, multa diária ou outras medidas (busca e apreensão, 
remoção de pessoas e coisas etc.), para que o réu faça ou deixe de fazer alguma coisa (CPC/2015 art. 
497 e art. 536 § 1º). 
Nada obstante a possibilidade de o juiz apreciar tais matérias por sua própria iniciativa (de ofício), é 
sempre conveniente que a petição inicial as aborde expressamente no pedido. Para fins de Exame de 
Ordem ou de concurso público (em que se avaliam o conhecimento e a técnica do candidato) é 
fundamental que assim se proceda. 
A legislação permite que, na mesma petição inicial, haja a formulação de mais de um pedido. Trata-se 
da denominada cumulação de pedidos (p. ex., danos morais e materiais; investigação de paternidade e 
alimentos; rescisão contratual e retomada do bem; inexistência da dívida protestada e danos morais 
etc.). 
Para que a cumulação seja possível, é necessária a presença dos requisitos constantes no art. 327, § 1º, 
do CPC: 
A) compatibilidade de pedidos; 
B) competência do mesmo juízo para apreciá-los; 
C) adequação do tipo de procedimento para todos os pedidos. 
Quanto ao último quesito esclarece o Novo CPC: quando, para cada pedido, corresponder um tipo 
diverso de procedimento, a cumulação será admitida se o autor empregar o procedimento comum – 
sem prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais 
a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados que não forem incompatíveis com as disposições 
sobre o procedimento comum (§ 2º). 
Eis um exemplo: Gesilei vendeu um carro a Rayllon em quatro prestações, mas este deixou de pagar as 
últimas duas parcelas. Para propor uma ação de rescisão contratual com pedido de reintegração de 
posse do bem, o autor deverá adotar o procedimento comum; poderá ali pedir a liminar possessória, já 
que ela não é incompatível com o procedimento. 
Em relação ao pedido cumulado, é possível se falar ainda em pedido sucessivo: nesse caso, apenas se 
procedente o primeiro pedido é possível passar para a apreciação do segundo. Exemplo é a 
investigação de paternidade cumulada com alimentos: apenas se procedente o pedido investigatório 
passa-se à analise do pedido de alimentos. 
A legislação permite ainda o chamado pedido alternativo (CPC/2015, art. 325): pede-se “A” ou “B”, 
indistintamente, por força da lei ou do contrato; em tal caso, não há preferência pelo autor quanto a 
qualquer dos pedidos, ficando a escolha a critério do juiz ou do réu. É exemplo o contratode seguro 
em que consta a escolha de pagar a indenização ou entregar veículo semelhante ao sinistrado. 
Há expressa previsão, também, de formulação de um pedido subsidiário ou eventual (CPC, art. 326): 
pede-se “A”, que é o pedido principal; se ele não puder ser concedido, pede-se então “B”, o pedido 
subsidiário ou eventual. Para que isso seja possível, o pedido sucessivo deve ser elaborado já na 
petição inicial, não sendo lícito formulá-lo posteriormente – a não ser que haja concordância do réu, o 
que é altamente improvável que ocorra (CPC/2015, art. 329, II). Inova o CPC/2015 ao prever ser lícito 
ao autor formular mais de um pedido, alternativamente, para que o juiz acolha um deles (art. 329, 
parágrafo único). 
Vale destacar que se a parte tiver interesse na concessão de tutela provisória de urgência (CPC/2015, 
art. 300), deverá requerê-la na petição inicial. Claro é que, antes de tal pedido, as razões para a 
concessão da tutela, previstas no já mencionado dispositivo legal, devem ter sido expostas no 
momento de elaboração da causa de pedir. Vale, então, aqui, a regra de que não deve haver formulação 
de pedido sem a anterior exposição da causa de pedir. 
Segundo o art. 300, para o deferimento da tutela antecipada é necessário haver elementos que 
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. O 
mais comum é, ao tratar dos argumentos de direito, demonstrar a presença desses requisitos e, ao final, 
formular expressamente pedido nesse sentido. 
PEDIDO E REQUERIMENTO 
Por fim, apesar de não existir maior aprofundamento quanto à diferença na lei processual, uma 
classificação interessante é a que distingue pedido de requerimento. Do ponto de vista técnico, 
“pede-se” uma providência, enquanto “se requer” uma diligência, uma providência concreta da 
serventia judicial. 
A partir dessa lógica, aquilo que, para ser atingido, necessitar de um ato material, no mundo dos fatos 
(a ser realizado pela parte, por oficial de justiça ou outro auxiliar do juízo) será requerido. Assim, 
requer-se a citação, requer-se a juntada de documento, requer-se a intimação do MP, requer-se a 
expedição de mandado de citação. Uma dica para perceber tal ocorrência situa-se no fato de que, 
geralmente, é o cartório ou um auxiliar do juízo quem providencia tal realização. 
Por outro lado, pede-se a condenação do réu para indenizar o autor, pede-se a declaração de nulidade 
do contrato, pede-se a desconstituição do vínculo matrimonial, pede-se a condenação do réu ao 
pagamento do ônus da sucumbência. Tais providências, por certo, competem ao magistrado e não a 
seus auxiliares. 
Assim, ao se elaborar o tópico “do pedido” em uma petição inicial, na verdade apenas o objeto 
mediato/imediato e a condenação em honorários é que, propriamente, serão pedidos. Os demais pleitos 
serão requerimentos. 
Apesar de a distinção ser tecnicamente justificável, a verdade é que não se revela imprescindível sua 
exposição, seja no dia a dia forense, seja no Exame de Ordem ou em concurso público. Contudo, para 
demonstrar técnica apurada recomendamos que a petição seja dividida em tópicos (dos fatos, do 
direito, dos pedidos e requerimentos). 
Por fim, vale reiterar que, com as partes (inciso II), a causa de pedir (inciso III) e o pedido (inciso IV), 
estão configurados os chamados elementos identificadores da demanda, que têm relevância prática 
para a verificação de hipóteses de conexão, continência, coisa julgada e litispendência, dentre outros 
fenômenos. 
 
VALOR DA CAUSA 
CPC “Art. 319 – A petição inicial indicará: (...) 
V – o valor da causa; (...)”. 
O valor da causa é um requisito muitas vezes esquecido quando da elaboração de petições iniciais, 
tanto no cotidiano forense quanto em exames de Ordem e concursos públicos. 
Se esse esquecimento se verifica no cotidiano forense, o juiz (provocado pela parte contrária ou 
mesmo de ofício) atua para corrigir a falha, o que retarda o julgamento da demanda por algum período. 
Tratando-se de Exame de Ordem e concurso público, certamente o candidato perderá pontos que 
poderão ser determinantes para a sua reprovação. 
Assim, para que não haja problemas, basta que o subscritor da petição lembre-se, antes de finalizar a 
redação da petição inicial, de verificar se foram observados todos os requisitos do art. 319 do 
CPC/2015. 
O fato é que toda causa cível, contenciosa ou não, qualquer que seja a discussão, deverá mencionar o 
valor da causa por força do art. 291 da lei processual. 
Para a atribuição do valor à causa, existem dois critérios básicos: há casos em que a fixação é legal e 
outros em que a atribuição é voluntária. 
Nos casos de fixação legal ou obrigatória, a atribuição do valor da causa é matéria de ordem pública, 
de sorte que o valor já foi previamente definido pelo legislador. São exemplos o art. 292 do CPC/2015 
e outros casos previstos em legislações extravagantes, como a lei do inquilinato – Lei no 8.245/1991, 
art. 58, III). 
Em tais hipóteses, para se chegar ao correto valor da causa, basta seguir o que foi determinado pelo 
legislador; a correlação será feita sempre com base no pedido. 
Assim, por exemplo, se na inicial houver cumulação de pedidos – pleiteiam-se os valores de R$ 5 mil 
de danos materiais e a mesma quantia de danos morais –, o valor da causa deverá ser de R$ 10 mil, 
consoante previsão do art. 292, VI, do CPC/2015. 
O Novo CPC se alinhou a tal entendimento ao prever que o valor da causa, na ação indenizatória – 
inclusive a fundada em dano moral – corresponderá ao valor pretendido (art. 292, V). A previsão 
deverá alterar a jurisprudência formada no sistema anterior, já que deixa de ser possível pleitear dano 
moral sem indicar o montante pretendido. 
A lei processual aborda com detalhes o valor das causas que envolvem diversas prestações. Quando a 
causa versar relação continuativa com prestações vencidas e vincendas, sua consideração deverá 
ocorrer da seguinte maneira: 
- soma das prestações vencidas e vincendas se a obrigação tem tempo inferior a um ano (ex.: o 
contrato é de nove meses. Foram inadimplidas duas parcelas e ainda faltam três: o valor da causa 
somará as duas vencidas mais as três restantes); 
- soma das parcelas vencidas mais 12 vezes o valor das prestações vincendas se a obrigação durar 
tempo superior a um ano (ex.: não foram pagas duas prestações e ainda faltam 22; nesse caso, o valor 
da causa considerará as duas vencidas mais 12 vincendas). 
Situação distinta é a da fixação voluntária do valor da causa. Nessa hipótese, como não há previsão 
legal trazendo baliza para o valor da causa, ele será livremente fixado a partir de uma estimativa do 
autor. 
Exemplo clássico é o da investigação de paternidade: como não há no pedido propriamente um 
proveito econômico, o Código silencia a respeito. Nessas situações, costuma-se atribuir à causa um 
valor genérico (por exemplo, R$ 1.000,00 – mil reais) para fins de distribuição. 
O valor da causa tem importâncias processual e fiscal. 
Do ponto de vista processual, o valor da causa: no Juizado Especial Cível é determinante para a 
fixação da competência e para aobrigatoriedade ou não da presença de advogado; é base de cálculo 
para multas e outras penas impostas pelo juiz; é parâmetro para a fixação dos honorários do advogado 
em caso de improcedência ou sentença sem resolução do mérito. 
Do ponto de vista fiscal, o valor da causa é base de cálculo para o pagamento da taxa judiciária. 
Destarte, como se percebe da exposição anterior, é tecnicamente errada e ineficaz a declaração, muito 
frequente no foro, de que “Dá-se à causa o valor de R$ 1 mil, apenas para fins fiscais”. Arelevância do 
valor da causa é não só fiscal, mas também processual. 
As petições iniciais e as reconvenções devem trazer o valor da causa. Por veicularem demandas 
(configuram ações porque, tecnicamente, formulam pedidos), é necessário atribuir valor a tais causas.De outra banda, quando não se tratar propriamente de nova ação, mas de um simples incidente 
processual (já que não haverá tecnicamente pedido, mas apenas requerimento), não haverá necessidade 
de indicação de valor da causa. É o caso, por exemplo, do incidente de desconsideração de 
personalidade jurídica. Tampouco há valor da causa nos recursos, ainda que interposto por petição 
autônoma, como o agravo de instrumento. 
Como se percebe, há um intenso regramento no Código de Processo Civil sobre o valor da causa, o 
que demonstra que o legislador reconheceu significativa importância ao tema configurando-o como 
matéria de ordem pública. 
Diante disso, em caso de irregularidade no valor atribuído, o juiz corrigirá, de ofício e por 
arbitramento, o valor da causa quando verificar que ele não corresponde ao conteúdo patrimonial em 
discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor; nesse caso, o autor procederá ao 
recolhimento das custas correspondentes (CPC/2015, art. 292, § 3º). 
Caso, porém, o magistrado não detecte o erro, o réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o 
valor atribuído à causa pelo autor, sob pena de preclusão; o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o 
caso, a complementação das custas (CPC/2015, art. 293). 
 
REQUERIMENTO DE PROVAS 
CPC “Art. 319. A petição inicial indicará: (...) 
VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados”. 
(requerimento de provas) 
O autor, na inicial, precisa esclarecer como pretende provar suas alegações. A lógica que permeia o 
sistema é que, na elaboração da causa de pedir (basicamente na parte fática), é mencionada uma série 
de situações (que poderão se revelar divergentes daquelas que serão mencionadas na contestação do 
réu). 
A produção de provas objetiva traz elementos para que o juiz forme seu convencimento sobre os fatos 
alegados pelas partes. Diante disso – e considerando que, em regra, o ônus da prova é de quem faz as 
alegações –, o legislador incluiu, como requisito da petição inicial, a indicação de quais provas 
pretende o autor produzir. 
Vale reiterar que se trata de requisito essencial da petição inicial, razão pela qual o advogado não deve 
dele se esquecer ao elaborar a peça (menos ainda deve se esquecer o candidato que presta o Exame de 
Ordem ou algum concurso público). 
Não obstante esta afirmação, o fato é que se reconhece que este inciso na verdade burocratiza o 
processo. Tanto é assim que, nos Juizados Especiais, em que as formalidades são menores, a própria 
lei, ao apontar os requisitos da inicial, omite o requerimento de provas. 
Apesar disso, este requisito permanece em vigor no CPC/2015. Por tal razão, acabou-se por adotar, na 
praxe, uma frase genérica em que se pleiteia a produção de todos os meios de prova. 
Eis exemplo de tal frase: “Requer provar o alegado por todos os meios de prova permitidos em lei, 
ou seja, documental, testemunhal, depoimento pessoal, pericial e inspeção judicial”. 
Cabe, ainda,formular o requerimento da seguinte forma: “Requer provar o alegado por todos os 
meios de prova admitidos em Direito, como provas documental, testemunhal, depoimento pessoal, 
pericial e inspeção judicial”. 
Apesar de ser esta a praxe (que deverá ser reproduzida em Exame de Ordem e em concurso público), é 
recomendável que fazer menção específica ao meio de prova pertinente que se pretende utilizar para 
provar os fatos alegados na petição inicial. 
Por sua vez, também se vê no foro o uso da expressão “Protesta provar o alegado”, e não “Requer 
provar o alegado”, como aqui utilizamos. A nosso ver, do ponto de vista prático, não há distinção entre 
os termos. 
Entretanto, no passado era usual diferenciar os verbos. O “protesto” seria mais genérico, abstrato, ao 
passo que a efetiva solicitação para a produção de prova somente viria com o “requerimento”. Como 
exposto, a nosso ver trata-se de discussão estéril. De qualquer forma, para evitar prejuízo ao cliente (ou 
na pontuação em Exame da OAB ou concurso), é recomendável que se utilize sempre a fórmula 
“requerprovar o alegado”. 
Vale ainda lembrar que, segundo a regra geral, pelo fato de o ônus da prova do fato constitutivo do 
direito pertencer ao autor (CPC/2015, art. 373, I), caso este não consiga provar suas alegações, o 
pedido da causa será julgado improcedente (CPC/2015, art. 487, I), sendo que tal decisão, após o 
trânsito em julgado, produzirá coisa julgada material. 
Por outro lado, o ônus da prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor deve 
ser observado pelo réu (CPC/2015, art. 373, II). Assim, caso este não consiga provar suas alegações, o 
pedido do autor será julgado procedente. 
 
OPÇÃO PELA REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO OU CONCILIAÇÃO 
CPC “Art. 319. A petição inicial indicará: (...) 
VII – a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação”. 
A previsão, inovadora no CPC/2015, alinha-se à forte tendência verificada no Poder Judiciário de 
promover sessões para que os jurisdicionados encontrem consensualmente saídas para seus conflitos e 
finalizem suas demandas. 
Do ponto de vista eminentemente prático, em uma perspectiva simples, a petição deverá trazer, 
preferencialmente ao final, uma simples afirmação: se há ou não interesse do autor em realizar a 
audiência inaugural de conciliação ou mediação. 
No silêncio do autor, considerando a opção do Código pelos métodos consensuais, há de se concluir 
que há interesse do autor pela audiência de conciliação ou mediação. 
Mas, mais do que apenas o aspecto prático, na sequência expõe-se a construção teórica relativa aos 
meios consensuais de solução dos conflitos que podem ser úteis no plano concreto. Afinal é essencial 
que o advogado conheça os variados mecanismos de solução de disputas aptos a contribuir na 
construção de saídas proveitosas para as pessoas em conflito. 
 
OUTRAS INDICAÇÕES DA PETIÇÃO INICIAL 
Anteriormente analisamos cada um dos incisos do art. 319 do CPC/2015, expondo o que, pelo Código, 
é imprescindível para a petição inicial. Todavia, além dos requisitos previstos em tal dispositivo, é 
interessante conhecer outras indicações que podem ser consideradas relevantes para a postulação 
inicial. 
Elementos ligados à capacidade postulatória 
O Código aponta outras formalidades necessárias à petição inicial, sob pena de seu indeferimento, nos 
termos do art. 330 do CPC/2015. Um desses requisitos é a indicação do endereço do advogado que 
postula em causa própria. No passado muitas vezes não se revelou preocupação, nem ocorreram 
maiores consequências, ante a inobservância de exigência similar; afinal, ou o endereço do advogado 
já constava no papel timbrado em que era impressa a petição, ou tal informação era encontrada na 
procuração. 
O fato é que pelo menos em algum local acabava constando o endereço do advogado. Para fins de 
Exame de Ordem e concursos públicos (em que não há logicamente papel timbrado ne procuração, não 
sendo nem sequer possível a identificação da prova), não se deve esquecer tal exigência quando o 
enunciado da questão indicar a circunstância de que está atuando um advogado em causa própria. 
Como é preciso ter cuidado para não identificar a petição, não devem ser criados elementos que não 
constem no enunciado. 
Outro elemento importante que merece indicação é o mandato. É preciso que a petição inicial esteja 
acompanhada da procuração, instrumento em que o cliente outorga poderes ao advogado. 
Requerimento da forma de citação 
À semelhança do requerimento de provas, a formulação de requerimento para citação era considerado, 
no regime do CPC/1973, uma mera formalidade do sistema processual. Afinal, se alguém promove 
uma demanda, expõe a causa de pedir e formula pedido em face de um réu, é certo que este, em 
atenção às garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa, deverá ser citado. 
O CPC/2015 deixou de exigir que oautor faça constar na petição inicial o requerimento de citação do 
réu. Contudo, é interessante que o autor aborde o tema: requerendo a citação na exordial, poderá o 
autor indicar a forma pela qual quer ver citado o réu (por correio, por oficial de justiça etc.). A 
iniciativa é relevante do cotidiano forense, especialmente nas situações em que é admitida mais de 
uma modalidade de citação. 
Recolhimentos e documentação 
Por fim, deve o advogado, com a petição inicial, comprovar (juntando vias das guias recolhidas) o 
pagamento das taxas judiciárias referentes ao processo (custas judiciais, taxa de mandato, guia de 
oficial de justiça ou taxa para pagamento do correio). 
Por sua vez, se o cliente for vulnerável economicamente (CPC/2015, art. 98: pessoa com insuficiência 
de recursos para pagar custas, despesas processuais e honorários advocatícios), em regra não haverá 
necessidade de recolhimento das taxas judiciárias. 
Nessa situação, basta que o advogado, na inicial, exponha a situação de insuficiência de recursos e 
pleiteie a incidência dos benefícios da gratuidade para deixar de recolher tais taxas. 
Em relação a outros documentos que devem instruir a petição inicial e que se referem especificamente 
à causa (como o contrato de locação na ação de despejo), esta determinação já se encontra incluída no 
inciso VI do art. 319 (que se refere às provas). 
Como já exposto, o autor, na inicial, deverá indicar como pretende provar suas alegações. Se for fazê-
lo por documentos, estes já deverão ser juntados aos autos com a petição inicial (CPC, arts. 320 e 434). 
Portanto, em síntese, o advogado não deve esquecer, ao elaborar uma petição inicial, de: 
A) observar os requisitos constantes do art. 319 do CPC; 
B) juntar a procuração; 
C) juntar as guias de recolhimento de custas (salvo se beneficiário da justiça gratuita); 
D) juntar os documentos essenciais à causa (art. 320 do CPC) 
. 
Menções diferenciadas 
Por fim, merecem destaque duas menções especiais que podem se revelar pertinentes. Nos termos do 
art. 1.048 do CPC/2015, terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os 
procedimentos judiciais: 
A) em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos; 
B) em que figure como parte ou interessado pessoa portadora de doença grave (assim compreendida 
qualquer das enumeradas no art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988); 
C) regulados pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). 
A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à 
autoridade judiciária competente para decidir o feito, que determinará ao cartório do juízo as 
providências a serem cumpridas (Novo CPC, art. 1.048, § 1º). 
A tramitação prioritária independe de deferimento pelo órgão jurisdicional e deverá ser imediatamente 
concedida diante da prova da condição de beneficiário (Novo CPC, art. 1.048, § 4º). 
Por fim, caso se trate de demanda em que o Ministério Público deva atuar como fiscal da ordem 
jurídica (nos termos do art. 178 do CPC/2015), é importante, para efeito de Exame ou concurso, 
requerer sua intimação para que possa se manifestar no processo.

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