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Direitos dos pacientes

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Universidade Federal de Sergipe 
 
Lorena Bianchi Lembrance 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direitos dos Pacientes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aracaju 
2021 
2 
 
Lorena Bianchi Lembrance 
 
 
 
 
 
 
DIREITOS DOS PACIENTES 
 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado à disciplina de Medicina 
Legal, Deontologia e Perícia Médica da 
Universidade Federal de Sergipe, como requisito 
parcial para obtenção de nota. 
 
Professor: Gilberto Bezerra 
Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Aracaju 
2021 
 
3 
 
Sumário 
1. DIREITOS HUMANOS 5 
1.1 Princípio da Dignidade Humana 5 
2. O PACIENTE E A DOENÇA 5 
3. HISTÓRICO DOS DIREITOS DOS PACIENTES 6 
3.1 Histórico dos direitos dos pacientes no Brasil 9 
4. TEORIA DOS DIREITOS HUMANOS DOS PACIENTES 11 
4.1 Direitos Humanos dos Pacientes e a Bioética 11 
4.2 Princípio do Cuidado Centrado no Paciente 12 
4.3 Princípio da autonomia relacional 13 
4.4 Princípio da Responsabilidade dos Pacientes 13 
5. OS DIREITOS DOS PACIENTES 14 
5.1 Direito à Vida: 15 
5.1.1: Segurança do Paciente: 16 
5.1.2: Cuidados em Saúde de emergência hospitalar 17 
5.2 Direito a não ser submetido à tortura e nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos 
ou degradantes: 18 
5.2.1 Tratamento desumano e degradante de pessoas com transtorno mental: 18 
5.2.2 Cuidados Paliativos 19 
5.3 Direito ao Respeito pela Vida Privada: 20 
5.3.1 Suicídio Assistido e Eutanásia 21 
5.3.2 participações de estudantes de medicina em tratamentos e procedimentos relativos 
aos cuidados em saúde do paciente: 22 
5.3.3 Direito do respeito à confidencialidade das informações relacionadas à saúde: 22 
5.3.4 Direito de Consentir ou não acerca de seus cuidados em saúde: 23 
4 
 
5.4 Direito à Liberdade e a Segurança Pessoal 24 
5.4.1 Admissão e retenção involuntárias de pacientes com transtorno mental e deficiência 
intelectual: 24 
5.5 Direito a Informação: 25 
5.5.1 Direito ao acesso às informações constantes no prontuário Médico 26 
5.5.2 Direito de ser plenamente informado de seus cuidados em saúde: 26 
5.6 Direito de não ser discriminado: 27 
5.6.1 Direito a não discriminação das mulheres 28 
5.7 Direito à Saúde: 29 
6. Agente do Paciente 30 
7. Normas que regem os direitos dos pacientes no Brasil: 30 
7.2 Legislações sobre direitos dos pacientes nos estados brasileiros: 33 
7.2.1 Lei 10.241, de 17.03.1999 de São Paulo 33 
7.2.2 Lei 2.804, 25.10.2001 do Distrito Federal e Lei Complementar 283, de 09.10.2007 do 
Mato Grosso: 33 
7.2.3 A lei 3.613, de 18.07.2001 do Rio de Janeiro 33 
7.2.4 Lei 14.254, de 04.12.2003 do Estado do Paraná 34 
7.2.5 Lei 8.855, 23.04.2008 do Espírito Santo 34 
8. O que o CFM diz sobre os direitos dos Pacientes no Código de ética: 34 
9. Conclusão 39 
10. Referências 40 
 
 
5 
 
1. Direitos Humanos 
Os direitos humanos são aqueles inerentes a todos os seres humanos, afirmados pela 
ONU (Organização das Nações Unidas), sendo eles independentes de local de 
residência, sexo, nacionalidade, origem étnica, cor, religião, linguagem, orientação 
sexual e qualquer outra característica; além disso, estão previstos por normas 
internacionais, previstos na segurança da lei, centrados no Princípio da Dignidade 
Humana, são direitos interdependentes, apesar de serem conectados entre eles e são 
considerados universais; 
O sistema de Direitos Humanos da ONU se divide em: sistema Europeu de Direitos 
Humanos, sendo o mais desenvolvido em direitos humanos dos pacientes e o Sistema 
Interamericano de Direitos Humanos, além do Sistema Africano de Direitos Humanos; 
assim, os direitos humanos da ONU estabelecem a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos e 9 tratados centrais de Direitos Humanos. A declaração contém direitos 
civis e políticos, como direito a vida, direito à liberdade, a segurança pessoal e outros. 
1.1 Princípio da Dignidade Humana 
Norteia os Direitos Humanos firmados pela ONU, reafirmando a necessidade de que 
todos os seres humanos merecem igual respeito de tratamento, são direitos 
existenciais, compartilhados por todos os homens em proporções similares; 
Dignidade vem do latim que significa virtude, honra, se estendendo a qualidade moral, 
possuída por uma pessoa; 
2. O paciente e a doença 
O ser humano na figura de paciente se torna um ser vulnerável, que apresenta uma 
quebra em sua saúde, definida por Georges Canguilhem como “a vida no silêncio dos 
órgãos”; a posição do paciente é em si muito delicada, visto que a doença é um 
fenômeno subjetivo e se baseia numa experiencia individual, suas queixas devem ser 
avaliadas com cuidado, mesmo que não constem nas bagagens cientificas, pois pode 
ser resultado de fenômenos necessários ao diagnóstico daquele paciente. 
 Ademais, aliada a doença se encontra a dor, que segundo o IASP (International 
Association for the Study of Pain) é uma experiencia sensorial e emocional 
desagradável, associada a um dano tecidual real ou potencial, ou descrita em termos 
6 
 
de tal dano; assim, cada individuo aprende sobre a dor, de acordo com suas vivencias 
e relatará os sintomas da forma que aprendeu; e é partindo desse pressuposto que 
os direitos dos pacientes deve ser traçado, nenhum paciente é igual ao outro em 
vivências, mas devem ser tratados com dignidade e respeito em todas as situações, 
mesmo naquelas em que não foram relatadas pela ciência. 
Nos séculos XX e XXI, a Medicina perdeu o foco do paciente e passou a focar nas 
doenças, o que se caracteriza como uma situação delicada, pois a doença encontra 
uma generalidade, mas se manifesta sempre de forma particular em cada ser humano. 
Hoje, vem se transformando e sabe-se que o cuidado em saúde consiste em uma 
série de ações humanas e a relação entre os seus sujeitos (paciente e profissional) é 
crucial para a obtenção de sua finalidade, que é o tratamento. 
“Pessoas enfermas, apesar de discutível passividade, impotência e fragilidade, podem 
ser protagonistas da vida e tratamento. (CLOTET, 2009); 
3. Histórico dos Direitos dos Pacientes 
Os primeiros achados dos Direitos dos Pacientes são vistos na fala de Galeno, que 
dizia que a obediência completa ao paciente era um pré-requisito para a cura. 
O movimento dos Direitos dos Pacientes deu início nos EUA, na década de 70, quando 
os pacientes passaram a lutar de forma ativa por suas necessidades e preferencias, 
foi assim que o movimento surgiu; 
Baseados em ativistas feministas, movimentos de direitos civis (nas décadas de 40 e 
50) se colocaram contra as práticas segregacionistas no campo da saúde – hospitais 
para negros e brancos localizados no sul dos EUA, assim como exclusão de negros 
da Associação Médica Americana, grupos anti-pobreza clamavam pela participação 
de pobres e negros em seus próprios cuidados de saúde, uma variedade de 
organizações dos pacientes desafiou a autoridade médica, como no questionamento 
do paternalismo médico e pacientes psiquiátricos desafiando o absolutismo do poder 
médico. 
As feministas se ocuparam de lutar por questões relacionadas a saúde da mulher, 
como contracepção, aborto, parto e doenças sexualmente transmissíveis, de forma 
que em 1971, o livro “Our Bodies, Ourselves” (Nosso corpo, nós mesmas), 
7 
 
desenvolvido pelo The Boston Women’s Health Book Collective abriu espaço para o 
debate dos direitos das mulheres no campo da saúde, pois contava com saberes de 
autocuidado, contracepção, sexo seguro e violências, feito por relatos reais de 
mulheres e foi distribuído a baixo ou, por vezes, a nenhum custo para que uma grande 
gama da sociedade pudesse ter acesso a ele. Hoje o OBOS, como o livro ficou 
conhecido, é uma ONG voltada para mulheres em diversos locais. 
Esses movimentos, entretanto, não foram suficientes para mudar as políticas 
nacionais dos EUA; ademais os profissionais de saúde ajudaram apenas por não 
considerarem que os sistemas de saúde serviam deforma inadequada as pessoas, 
mas não foram fundamentais na luta dos direitos dos pacientes. 
Ainda nos anos 70, nos EUA, a Organização Nacional dos Direitos do Bem-Estar 
promoveu a luta por maior assistência e controle sobre a regulação relativa ao bem-
estar, incluindo a saúde. Composta majoritariamente por mulheres negras, deu passo 
significativo no direito dos pacientes, por reivindicarem o direito à saúde. Foi assim 
que em 1969, a Comissão para Acreditação de hospitais, uma organização privada, 
lançou a proposta de alteração de suas normativas internas. Em resposta, a 
Organização Nacional dos Direitos do Bem-estar formulou 26 demandas de saúde, 
sendo a carta dos direitos dos pacientes, dentre elas: direito do paciente em ter 
advogado, medidas para preservar a privacidade do paciente e atenção imediata aos 
pacientes em urgência. Russel diz que a “carta de direitos dos pacientes” da 
Organização Nacional dos Direitos do Bem-estar influenciou o subsequente 
documento da Associação Americana dos Hospitais (RUSSEL, 2014). Martinez 
sustenta que o documento é a primeira declaração de direitos dos pacientes oriunda 
de uma entidade alheia do âmbito médico. (MARTÍNEZ, 2011); Em 1973, depois de 
todos os acontecimentos, a Associação Americana de Hospitais e seus membros, 
adotaram a Carta de Direitos dos Pacientes, revista em 1992, influenciando a 
elaboração de documentos similares em outros países. 
O Reino Unido teve os direitos dos pacientes firmado em época análoga aos Estados 
Unidos, embora antes da década de 70, associações de voluntariado questionavam 
diversas das práticas profissionais da área da saúde; sendo que em 1961, a 
Associação Nacional para o Bem-Estar das Crianças Hospitalizadas desempenhou 
8 
 
papel importante nos direitos dos pacientes (COULTER, 2011); em 1974, Conselhos 
Comunitários da Saúde foram estabelecidos como parte do National Health System 
(NHS), conhecido como o sistema público de saúde do Reino Unido, sendo incluída a 
participação social no sistema de decisão em diversas questões. Foi então que com 
o início da década de 80, lançou-se a primeira campanha para os Direitos dos 
Pacientes, resultado da publicação da carta para as crianças hospitalizadas, pela 
Associação Nacional para o Bem-Estar das Crianças Hospitalizadas (1984) e seguiu 
com a publicação de outras, como a Carta para os Pacientes, da Associação dos 
Conselhos Comunitários em Saúde com foco na Inglaterra e país de Gales (1986). 
Em 1991, foi efetivado o uso da Carta dos Pacientes, revista em 1995 e 1997; 
É importante salientar que até o fim de 60 e início de 70, o direito dos pacientes ainda 
soava estranho aos que ouviam. Nos anos 70 e 80, ativistas criaram o “contundente 
advocacy”, ou uma “forte defesa” baseados em doenças especificas, assim, existiam 
associações de pessoas com câncer de mama, pessoas com HIV/AIDS. Estes 
mobilizaram milhares de pessoas que contribuíram para modificar a percepção social 
sobre essas doenças e aumentaram também a busca e os recursos para pesquisas 
sobre tais enfermidades, o que motivou as pessoas que portavam tais doenças a lutar 
por seus próprios direitos como pacientes na esfera de suas necessidades. 
Contudo, a criação das associações de acordo com as enfermidades gerou um pouco 
de crise, pois nem todos os pacientes eram contemplados, e as associações 
buscavam alcançar seus próprios direitos. O cenário nos anos 80 era de Organizações 
centradas em uma enfermidade; organizações estruturadas a partir de um certo grupo 
populacional, crianças, pessoas com deficiência ou idosas; organizações 
abrangentes, focadas na defesa dos direitos ou cuidados na área de saúde. Foi então 
que, na década de 90 foi criada a Legislação Nacional Sobre os Direitos dos 
Pacientes, o que motivou o cenário internacional a criar suas legislações para os 
direitos dos pacientes; 
A nível internacional, os direitos dos pacientes ganharam cada dia mais força, como: 
• 1979 → Carta dos pacientes em hospital, Comitê de Hospital da Comunidade 
Econômica Europeia; 
9 
 
• 1981 → Declaração de Lisboa sobre o direito dos pacientes, adotada pela 
Associação Médica Mundial; 
• 1994 → Declaração sobre a Promoção dos Direitos dos Pacientes, realizada 
pelo Escritório da OMS para Europa e pelo governo da Holanda; 
• 1997 → Convenção para a Proteção dos Direitos Humanos e da Dignidade do 
Ser Humano face às aplicações da Biologia e da Medicina é intitulada na Convenção 
sobre Direitos humanos e da Biomedicina, adotada no Conselho da Europa. A 
Convenção sobre os Direitos Humanos e Biomedicina é o mais completo documento 
internacional sobre os direitos dos Pacientes. (ANNAS, 2004); 
• 1999 → OMS- decide na Europa sobre a Declaração de Direitos dos Pacientes 
e a Corresponsabilidade dos Cidadãos, resultado da consulta sobre o tema feita na 
Dinamarca; 
Em alguns países, os Direitos Humanos dos Pacientes foram sendo incorporados 
pelos Conselhos de Medicina, e seus Códigos de Ética; 
• 1980 → Associação Médica Americana introduziu os direitos dos pacientes em 
seu código de ética. 
• 2002 → Carta Europeia dos Direitos dos Pacientes 
Atualmente, há consenso dos países Europeus, Estados Unidos, Canadá e Australia 
que os direitos dos pacientes devem ser protegidos e promovidos pela lei e pelos 
Estados; 
3.1 Histórico dos direitos dos pacientes no Brasil 
No Brasil não houve movimentos em prol dos Direitos dos Pacientes, partindo de 
próprios pacientes ou de movimentos ativistas como os que ocorreram nos EUA ou 
no Reino Unido, mas sim de empreendimentos levados a cabo pelos profissionais de 
Medicina, embora no Código de ética de 1965, não há nada sobre direitos dos 
pacientes; já em 1984, o Código Brasileiro de Deontologia Médica faz uma menção 
vaga sobre os direitos humanos. 
10 
 
Os direitos dos pacientes começaram a ser incorporados a partir da década de 90, no 
Código de Ética Médica de 1988, há um capítulo para os direitos humanos dos 
pacientes; reproduzido no Código de ética médica de 2009 e no de 2019; 
Em 2006, o Ministério da Saúde brasileiro lançou a primeira portaria sobre direitos dos 
usuários de saúde, a portaria 675 30.03.2006 aprova a Carta dos Direitos de Usuários 
da Saúde; em 2009, a portaria 1.820, 13.08.2009, estabelece os direitos e deveres de 
usuários de saúde. 
É importante ressaltar um problema atual nos movimentos dos pacientes do Brasil é 
a quebra de sua atuação conforme as doenças. Assim, observam-se diferenças de 
poder de articulação, recursos, capacidade de influência em políticas públicas e de 
acesso as mídias, conferindo ganhos distintos em termos de direitos aos grupos de 
pacientes por enfermidade; a saber: a lei brasileira 9.313, 13.11.1996, prevê que 
“portadores de HIV e doentes de AIDS receberão, de forma gratuita, do SUS, toda a 
medicação do seu tratamento.”, já a Lei 9.797, 06.05.1999, direito da mulher que sofrer 
mutilação total ou parcial de mama, decorrente da utilização da técnica para 
tratamento de câncer, de realizar cirurgia plástica reconstrutiva. Na Lei 
12.732,22.11.2012, o paciente com neoplasia maligna deve receber do SUS todos os 
tratamentos necessários, bem como direito de se submeter ao primeiro tratamento do 
SUS, no prazo de 60 dias, a partir do dia que for contado o diagnóstico em laudo 
patológico ou no prazo menor, conforme necessidade terapêutica de prontuário. 
Outro fator importante é que o Brasil se insere como um dos países do MERCOSUL, 
e além deste na Organização-Pan Americana, ambos não possuem diretrizes sobre 
os direitos dos pacientes. Dessa forma, há um hiato nos direitos dos pacientes entre 
a esfera europeia e a latino-americana. 
Alguns Estados brasileiros possuem diretrizes próprias sobre os Direitos dos 
Pacientes, como São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, todos serão vistos no 
final deste trabalho. Havendo, dessa maneira, apenas o Código de Ética Médica doBrasil para nortear os Direitos dos Pacientes, com o ponto de vista dos médicos, o 
que os médicos não devem fazer para não ferir a integridade do paciente e seus 
direitos. Outrora, existe no Brasil a Carta dos Direitos dos Usuários de Saúde que traz 
alguns direitos dos pacientes de forma subjetiva, através dos direitos humanos, mas 
11 
 
é necessário lembrar que o significado de usuário se distingue de paciente, como será 
visto adiante. 
4. Teoria dos Direitos Humanos dos Pacientes 
Direitos humanos dos pacientes são um ramo do Direito Internacional dos Direitos 
Humanos que abarcam o conjunto de convenções, pactos e declarações 
internacionais em matéria dos direitos humanos. Assim, a jurisprudência Internacional 
do assunto foi construída pelos órgãos de monitoramento dos direitos humanos da 
ONU, baseado no Sistema Europeu de Proteção dos Direitos Humanos e no Sistema 
Interamericano de Direitos Humanos, além do Sistema Africano de Proteção dos 
Direitos Humanos; 
É visto que os Direitos dos Pacientes compartilham, junto aos Direitos Internacionais 
de Direitos Humanos, o Princípio da Dignidade Humana reconhecido como seu 
princípio matriz. Este participa dos Direitos Humanos dos Pacientes através dos 
seguintes princípios: O princípio do cuidado centrado no paciente, o princípio da 
autonomia relacional e pelo princípio da responsabilidade dos pacientes, entre alguns 
outros; 
Apesar destes direitos serem assegurados pela jurisprudência internacional, no Brasil 
eles só se apresentam em declarações, salvo os Estados em que são protegidos por 
Lei, e não há segurança jurídica para assegurar que os pacientes sejam respaldados 
por eles. Embora, seja estudado no campo do direito médico, do direito da 
personalidade ou do direito do consumidor. 
4.1 Direitos Humanos dos Pacientes e a Bioética 
A bioética é reconhecida como um saber teórico e prático, que aponta para a reflexão 
sobre questões éticas relacionadas à Medicina, e aquela entra em ação nesta por ser 
aplicada aos seres humanos devendo ter concordância com os Direitos dos Pacientes, 
logo com os Direitos Humanos. 
É necessário saber que a bioética engloba três dimensões, sendo: a dimensão teórica 
que é expressa em artigos e livros; dimensão institucional, que abrange os comitês e 
comissões de bioética, onde realizam analises éticas de protocolos de pesquisas, 
vista também nas comissões de ética em pesquisa médico hospitalar e conselhos 
12 
 
nacionais de bioética; dimensão normativa fala sobre as normas produzidas a nível 
nacional e internacional com cunho bioético, como as Declarações Universais sobre 
os Direitos Humanos e o Genoma Humano, em 1997; Declaração Internacional sobre 
Dados Genéticos em 2003; além da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos 
Humanos de 2005; Todas as declarações foram adotadas pela Unesco e também 
foram utilizadas no Brasil, sendo normatizadas para uso em pesquisa. 
A bioética e os direitos humanos dos pacientes compartilham do Princípio da 
Dignidade Humana. Ambos os saberes compartilham valores como liberdade, 
segurança e a justiça, assim, a bioética não existe sem os Direitos Humanos dos 
Pacientes, e estes são assegurados por ela. 
4.2 Princípio do Cuidado Centrado no Paciente 
Na década de 50, nos EUA, iniciou-se o debate, através dos movimentos ativistas de 
início, sobre a importância do modelo de cuidado centrado no paciente. Foi a partir do 
relatório de Crossing the Quality Chasm, do Instituto de Medicina dos Estados Unidos, 
em 2001, que o cuidado centrado nos pacientes passou a ser um fator constitutivo na 
qualidade em saúde. 
Sistemas de saúde e cuidados de saúde devem obter uma concepção mais holística 
e centrada no paciente. Assim, o paciente é um agente fundamental dos cuidados e o 
principal beneficiário dos serviços de saúde, sendo útil no tratamento a parceria entre 
pacientes, suas famílias, a saber a família é importante para o cuidado centrado no 
paciente e envolve-la no processo de tomada de decisões pode ser essencial ao 
paciente, contudo é ele quem define quem considera família, apta a intervir; e os 
profissionais; Embora, os indivíduos tenham liberdade de deliberar sobre as opções 
de tratamento, quando existentes, observando suas necessidades físicas e 
emocionais e os profissionais entenderem a opinião de seus pacientes ou familiares 
nestes casos; outrora, familiares e pacientes devem entender quando o médico 
precisar usar de toda o seu conhecimento em caso de risco iminente de morte, 
assinando por exemplo: o consentimento informado ou livre e esclarecido. 
Os conceitos que norteiam o Princípio da Centralidade no Paciente são: dignidade e 
respeito; compartilhamento de informação; participação; colaboração; direito pela vida 
privada e direito a informação; 
13 
 
O princípio assegura que o tratamento atenda às necessidades social, emocional e 
física do paciente, levando em conta valores e preferencias. Experiencias emocionais 
do paciente podem influenciar no seu tratamento, visto que a dor, por exemplo, é 
definida por ser um fenômeno biopsicossocial. 
São componentes do princípio do cuidado centrado ao paciente: comunicação entre 
os profissionais de saúde e os pacientes; informação em relação ao processo de 
cuidado, procedimentos e efeitos colaterais; cultura organizacional que encoraje os 
profissionais de saúde e funcionários da unidade de saúde que sejam sensíveis as 
necessidades dos pacientes; estimulo ao suporte afetivo de familiares e amigos; 
participação do paciente na elaboração e acompanhamento do plano terapêutico; 
conforto físico do paciente, como adoção de medidas endereçadas a evitar: 
compartilhamento de enfermaria e sanitários com pessoas de outro sexo, nutrição de 
baixa qualidade, agitação e ruido nas horas de dormir, design de interior que não 
favoreça a mobilidade do paciente e respeito à privacidade do paciente. (ENGANGING 
PATIENTS IN HEALTH CARE – 2011); 
4.3 Princípio da autonomia relacional 
A Autonomia é a noção da bioética/ética médica, que versa sobre o autogoverno do 
indivíduo sobre sua própria vida, determinando suas escolhas e se conduzindo 
conforme elas. 
Tradicionalmente o paciente decide sozinho o que quer, baseado em seus interesses. 
Contudo, a realidade é que a interdependência com o meio em que o circunda acaba 
interferindo nas suas escolhas, a saber relacionamentos, relação com familiares e 
amigos, fatores de ordem social, econômica, cultural e religiosa. (patient as policy actors, 
2011); 
Se une ao princípio de responsabilidade dos pacientes, pois ao tomar decisões o 
paciente deve pensar em si, refletir sobre o impacto sobre os outros, pois possui 
responsabilidades morais com os familiares, profissionais de saúde e com a 
comunidade que se insere, em alguns casos. 
4.4 Princípio da Responsabilidade dos Pacientes 
As responsabilidades dos pacientes são divididas em: responsabilidade em cuidados 
em saúde – processo terapêutico; responsabilidades ordinárias, como estilo de vida e 
14 
 
de consumo do paciente; responsabilidades em saúde pública, ao se submeter às 
medidas de saúde pública, como vacinação obrigatória e quarentena; 
O paciente deve compartilhar informações com os profissionais de saúde, como: sua 
experiencia de vida e adoecimento; circunstâncias econômicas e sociais; hábitos 
passados e presentes; comportamentos e atitudes de risco; valores, preferencias, 
cultura e religião, pois assim ele reparte a responsabilidade pelo tratamento escolhido; 
Os pacientes são responsáveis por fornecer informações sobre doenças passadas, 
internações, medicamentos e outros assuntos relacionados a sua saúde; devem fazer 
perguntas, solicitar informações, esclarecimentos adicionais sobre seu estado e 
tratamento, quando não entenderam. São responsáveis por garantir que a instituição 
de saúde tenha uma cópia de suas diretivas antecipadas de vontade por escrito, casonecessário; são responsáveis por informar os profissionais de saúde acerca da 
desistência do tratamento prescrito e mudanças inesperadas em sua condição de 
saúde; devem seguir o plano terapêutico acordado com o profissional de saúde; cabe 
aos pacientes cumprirem as regras e regulamentos dos serviços de saúde, devendo 
ser respeitosos com os direitos de outros pacientes, profissionais de saúde e 
funcionários do hospital. 
5. Os Direitos dos Pacientes 
Os direitos dos pacientes são contidos em cartas especificas e legislações, derivados 
do Direito Internacional dos Direitos Humanos, são abordados a partir de referenciais 
de Direito Civil e do Direito do Consumidor (que afasta do princípio primordial dos 
direitos dos pacientes); e em sua maior parte tem como foco a dignidade humana, 
tendo livre escolha para tomar as decisões informadas ou não, direito de privacidade, 
de recusa ao tratamento, cuidados de tratamento e ao agente do paciente, este não 
se aplica ao Brasil, pois no país não existe essa figura que media e torna mais fácil a 
garantia dos direitos dos pacientes, falado em breve. 
O conjunto de direitos dos pacientes é conhecido por Annas, nos EUA, como o Núcleo 
dos Direitos dos Pacientes (ANNAS, 2004) e é dito como o direito mais importante para 
o paciente, aquele que lhe assegura receber cuidados de um médico responsável que 
15 
 
compartilhe informação de saúde com o paciente, permitindo que ele tome a decisão 
final. 
Na Europa, os direitos mais vistos são o direito de receber serviços de atenção a 
saúde, como cuidados com qualidade, proteção e prevenção de saúde, direito para a 
autodeterminação e a privacidade, direito de informação plena, além do direito de 
participação no planejamento e na avaliação de serviços de saúde. (COULTER, 2011); 
É notório que não existe um consenso a nível mundial quanto a quais são os Direitos 
dos Pacientes, exceto pelo direito a informação, privacidade e liberdade de escolha 
pelo próprio tratamento, estes são inseridos dentro de alguns dos Direitos Humanos 
Internacionais, que acabam sendo definidos como também os Direitos dos Pacientes, 
de forma geral, como: direito à vida, à não ser submetido a tortura, direito a liberdade 
e a segurança pessoal, direito ao respeito pela vida privada, direito a informação, 
direito de não ser discriminado e o direito a saúde. Estes direitos são assegurados 
pela ONU, Sistema Europeu e Sistema Interamericano, sendo valido ressaltar que o 
Brasil encontra segurança no Sistema da ONU e ao Sistema Interamericano; 
5.1 Direito à Vida: 
Paciente possui o direito primordial a vida, tendo sua proteção e punição aqueles que 
atentem contra ela; é um pré-requisito para os demais direitos, pois se não for 
respeitado, os outros direitos ficam sem sentido. Esse direito se insere nas questões 
de saúde como: eutanásia e suicídio assistido, mas internacionalmente os temas são 
colocados no âmbito do respeito pela vida privada. A corte Europeia de Direitos 
Humanos, por exemplo, reconhece o princípio da sacralidade da vida e aceita que o 
direito à vida não contempla aspectos relativos à qualidade de vida ou à 
autodeterminação; assim, no direito à vida não se insere o direito de morrer. O direito 
a vida obriga as entidades a respeitar a vida do paciente e de abster-se de suprimi-la, 
impelindo condições de vida digna pelo Estado; A comissão interamericana de direitos 
humanos assentou que o direito à vida abarca o acesso a medicamentos para 
HIV/AIDS, pois há risco iminente de morte. 
O direito a vida abarca três tipos de obrigações pelo Estado: dever de abster-se de 
suprimir a vida de alguém, salvo nas exceções legalmente previstas, como legitima 
16 
 
defesa; dever de investigar mortes suspeitas e punir de acordo com as normas 
judiciais cabíveis; dever de adotar medidas positivas que previnam a morte evitável. 
5.1.1: Segurança do Paciente: 
A segurança do paciente se respalda na “redução, ao mínimo aceitável, do risco de 
dano desnecessário associado ao cuidado de saúde”, segundo a OMS. (Segurança dos 
Pacientes, OMS; 2013); e apesar da luta constante da OMS para reduzir os riscos 
enfrentados pelos pacientes em internamentos hospitalares ou a riscos associados a 
cuidados em saúde, 1 em cada 18 pacientes da Europa ainda sofrem infecção 
associada a cuidados em saúde; (FARIA; 2013), onde se percebe que há muito o que 
se lutar pelos direitos dos pacientes, sendo o modelo dos direitos dos pacientes 
europeu considerado o mais desenvolvido em todo o mundo. 
Como uma consequência do direito à vida, o paciente tem direito a receber cuidados 
de saúde que não ponham em risco o seu direito primordial de viver, sendo de 
obrigação estatal a segurança de respeitar, zelar e realizar o que se puder para que 
este não seja quebrado no cidadão. 
Assim, deriva-se do Direito a Vida, o Direito ao Cuidado em Saúde seguro, que 
engloba diretrizes sobre: 
• É de direito do paciente perguntar ao profissional de saúde se as mãos dele 
estão higienizadas; 
• Direito do paciente em ter um agente do paciente, quando a situação se aplica, 
sendo que no Brasil esta prática ainda não entrou na vivência na relação 
médico-paciente, sendo esta incumbida de o acompanhar 24hrs por dia e se 
certificar de fazer perguntas e avaliar se os procedimentos de segurança estão 
sendo realizados de forma correta; 
• É de seu direito ser informado sobro o medicamento prescrito, sua aparência 
física (sólido, líquido ou em gás inalatório), modo de uso e tempo de uso, além 
dos efeitos colaterais; 
• Ser informado sobre os cuidados individuais após alta hospitalar; 
• Antes de procedimento cirúrgico, pode questionar o médico sobre o local de 
cirurgia, para se certificar da segurança do procedimento; 
17 
 
• É de direito, perguntar o nome e como contatar o médico responsável pelos 
seus cuidados; 
5.1.2: Cuidados em Saúde de emergência hospitalar 
Sendo a superlotação dos serviços de emergência, a nível mundial, a jurisprudência 
internacional começou a validar os direitos dos pacientes nesta área de cuidado em 
saúde; assim, os pacientes têm direito de receber atendimento ou tratamentos de 
emergência em qualquer situação que seja vista pelo Conselho Federal de Medicina, 
como condição médica que requeira atendimento imediato ao paciente. O médico se 
encarrega do atendimento, caso não possa, encaminha ao seu colega que possa e 
em casos em que o hospital não tenha capacidade para tal, naquele dado momento, 
deverá transferi-lo, após consentimento dele, e caso o paciente não possa consentir, 
o médico avalia diretivas antecipadas ou obtém consentimento do responsável legal 
naquele momento; mesmo nessa circunstância de hospital sem condições de 
atendimento no momento, o paciente deve receber os primeiros cuidados, 
resguardando a vida do paciente, até que seja transferido ao outro hospital ficando 
sob cuidados de outra equipe; 
Assim, quanto ao direito a cuidados em saúde de emergência hospitalar, tem se as 
seguintes diretivas: 
• Direito a ter acesso a cuidados em saúde de emergência hospitalar de 
qualidade; 
• Direito de não ser transferido para outra unidade de saúde sem o seu 
consentimento, ou de sua família e ou responsável, em casos que não possa 
consentir; 
• Direito de ter exames, testes e procedimentos médicos providos a ele, com 
objetivo de identificar sua condição de emergência; 
• Direito de ter seu prontuário encaminhado para o local de transferência; 
• Direito de ser transferido em segurança, quando seu estado de saúde estiver 
estabilizado; 
• Direito de ser transferido apenas quando for justificável e em beneficio a sua 
saúde; 
18 
 
5.2 Direito a não ser submetido à tortura e nem a penas ou tratamentos 
cruéis, desumanos ou degradantes: 
Este direito é considerado absoluto no campo dos Direitos dos Pacientes, pois não 
pode ser revogado em nenhuma situação; designa ao Estado odever de proteger os 
pacientes, mediante medidas legislativas ou outras, de atos dessa natureza praticados 
por profissionais ou provedores de saúde, públicos ou privados. 
O tratamento pode ser considerado desumano se causar intenso sofrimento físico ou 
psíquico, e pode ser degradante quando provocar na vítima sentimentos de medo, 
angústia, humilhação ou retirar-lhe a possibilidade de resistir moral, psíquica ou 
fisicamente a uma situação adversa. A saber, cuidado especial deve ser tomado em 
clínicas psiquiátricas. 
Fatores que classificam o tratamento como desumano: natureza, gravidade e duração 
do tratamento; se o tratamento afeta a vítima, física ou mentalmente; idade, sexo e 
estado de saúde do paciente. 
Tratamento desumano pode ser quando há falha em promover cuidados em saúde, 
por meio de negativa ou demora para realizá-lo, na sua supressão, quando o paciente 
vem recebendo tratamento e acaba interrompido. 
Tratamento degradante quando o paciente internado em um hospital e é medicado de 
forma ultrajante, sem respeito as suas decisões, à sua higiene pessoal e ao seu direito 
de visita, situação não incomum em hospitais psiquiátricos. 
5.2.1 Tratamento desumano e degradante de pessoas com transtorno mental: 
Pacientes com transtorno mental são protegidas por normas especificas, como 
diretrizes, princípios, legislações internacionais e nacionais; assim, na ONU, pela 
resolução 46/119 de 17.12.1991, tem-se os Princípios para Proteção das Pessoas 
com Transtornos Mentais e Melhoria da Atenção à Saúde Mental, esses princípios 
garantem que os cidadãos que são atendimentos como possuidores de transtorno 
mental tem direito a proteção contra maus tratos, sejam eles físicos ou de outras 
naturezas, além de proteção contra tratamento degradante, visto que pacientes com 
transtornos mentais se encontram em condições vulneráveis maiores do que 
pacientes que conseguem responder por si, e que possuem plena capacidade 
cognitiva; 
19 
 
Dessa forma, pacientes com transtorno mental devem ser alojadas em ambiente 
seguro e limpo, de forma que tenham a higiene pessoal adequada, sendo esta 
necessária para sua saúde física e mental, bem como seu bem estar; não bastante, 
por ser um direito absoluto, os Estados tem obrigação de alocar recursos suficientes 
para satisfazer necessidades básicas dos pacientes, os protegendo de sofrimento 
causado por falta de roupas, alimentos, recursos humanos, de higiene ou outras 
condições desumanas ou degradantes. 
O Direito de pessoas com Transtorno mental abarca: 
• Direito aos cuidados em saúde individualizados que considerem os bens 
particulares do paciente como suas crenças, valores e cultura; 
• Direito ao tratamento menos restritivo possível, e menos alterador de suas 
capacidades mentais; 
• Direito a submissão de terapia apenas após seu consentimento informado; 
• Direito de receber visita de familiares, agente do paciente ou de qualquer outra 
pessoa que desejar; 
• Direito a receber cuidados em saúde mental em locais salubres e de ter sua 
higiene pessoal assegurada; 
5.2.2 Cuidados Paliativos 
São definidos pela OMS como uma abordagem que melhora a qualidade de vida dos 
pacientes e de suas famílias quando envolvidos com questões relativas a doenças 
com risco de morte, por meio de prevenção e alívio do sofrimento mediante 
identificação precoce, avaliação eficaz e o tratamento da dor e outros problemas 
físicos, psicossociais e espirituais. 
Objetivam: proporcionar alivio da dor e outros sintomas angustiantes; afirmar a vida e 
conceber a morte como um processo normal; não acelerar ou adiar a morte; integrar 
os aspectos psicológicos e espirituais aos cuidados em saúde do paciente; oferecer 
um sistema de apoio para ajudar os pacientes a viverem ativamente tanto quanto 
possível até sua morte, bem como auxiliar a família a lidar com a doença do paciente 
e em seu luto; melhorar a qualidade de vida do paciente, podendo influenciar 
positivamente no curso da doença; 
20 
 
O direito aos cuidados paliativos, aborda: 
• Direito de ter a dor aliviada adequadamente mediante uso de medicamentos 
eficazes, incluindo analgésicos opiáceos; 
• Direito de morrer com dignidade e livre de dor; 
• Direito de integrar os aspectos psicológicos, culturais e espirituais aos cuidados 
em saúde; 
• Direito de ter apoio aos familiares para que estes lidem com a sua doença; 
5.3 Direito ao Respeito pela Vida Privada: 
No cuidado dos pacientes, diz respeito à sua privacidade e à confidencialidade de 
seus dados pessoais, como consulta, CID da consulta. Ao Estado, cabe zelar por este 
direito e adotar medidas legislativas e outras para fazer valer a proibição contra as 
interferências dos profissionais de saúde, de forma a assegurar a proteção da vida 
privada do paciente. 
O paciente tem direito de não ter nenhuma interferência em seu corpo e em suas 
escolhas pessoais, salvo em situações excepcionais cobertas por lei; De acordo com 
a Convenção Europeia, item 2, art. 8°, pode haver interferências quando a providencia 
for necessária para a segurança nacional, para a segurança pública, para o bem-estar 
econômico do pais, defesa de ordem, prevenção de infrações penais e para a proteção 
de direitos e liberdades de terceiros. Ex.: no contexto atual do Brasil, a quarentena 
para evitar a propagação do vírus SARS COV-2, é uma situação em que o Estado 
pode intervir e aplicar punição, caso o cidadão não tenha feito a quarentena 
recomendada por profissional de saúde, haja vista que coloca em risco a vida de 
terceiros. 
O direito a vida privada é um dos poucos que pode ter restrição, em casos como: 
quando houver uma lei que preveja restrição; quando a limitação tiver como 
fundamento legitimo sob o ponto de vista do Direito Internacional dos Direitos 
Humanos, quando a interferência for justificativa pelos meios empregados para se 
alcançar o objetivo almejado, revelando-se proporcional. O Comitê de Direitos 
Humanos da ONU recomenda que a legislação que preveja limitações ao direito pela 
vida privada especifique as circunstâncias precisas em que as interferências possam 
ser realizadas. 
21 
 
O Direito pela vida privada entra em assuntos como Eutanásia e Suicídio Assistido, 
uma vez que a jurisprudência internacional diz que o consentimento informado é: “O 
princípio do consentimento livre e informado, dado antes de qualquer intervenção na 
pessoa afetada, está intimamente relacionado com o direito ao respeito pela vida 
privada previsto no artigo 8° da Convenção Europeia dos Direitos Humanos. O mesmo 
aplica-se ao consentimento do paciente, de modo que seus dados pessoais sejam 
acessíveis comunicados a terceiros em condições que garantam o respeito a 
confidencialidade de tais dados.” Deixando claro que o paciente tem direito de decidir 
se fará ou não qualquer procedimento médico, salvo quando em dever legal de fazê-
lo. Sem o consentimento do paciente, o profissional pode ser denunciado criminal, civil 
e administrativamente, caso intervenha no corpo do paciente. 
Qualquer interferência na vida privada deve ser justificada e estar de acordo com a lei 
– critério de legalidade, ser necessária numa sociedade democrática – critério de 
legitimidade, ser proporcional – critério da proporcionalidade. 
5.3.1 Suicídio Assistido e Eutanásia 
A eutanásia e demais situações de terminalidade da vida não são encobertas pelo 
Direito Internacional dos Direitos Humanos, porém entendem-se que a eutanásia se 
insere no contexto de direito de libertar-se da dor. A corte europeia não entende que 
o morrer é uma extensão do direito a vida. A respeito da vida privada do paciente, a 
autonomia de escolher como conduzir sua própria vida, conforme suas escolhas é o 
que entra em cheque, pois entre esses direitos, pode ocorrer condutas danosas ou 
perigosas. Assim, é importante considerar, que mesmo quando as escolhas provocam 
ameaça a saúde do paciente,elas devem ser pensadas de acordo com a liberdade 
do paciente e às diretivas da lei. 
O direito de recusar cuidados em saúde abrange: 
• Direito de não realizar exames, testes e outros procedimentos terapêuticos; 
• Direito de buscar outra opinião médica; 
• Direito de ter tempo suficiente para tomar decisões, salvo em emergências; 
• Direito de ter suas diretivas antecipadas, respeitadas pela família e pelos 
médicos; 
22 
 
5.3.2 participações de estudantes de medicina em tratamentos e procedimentos 
relativos aos cuidados em saúde do paciente: 
Sabe-se que o paciente tem o direito de negar a presença de pessoas estranhas ao 
longo de seu tratamento ou no momento de exames físicos e procedimentos médicos, 
aliado a isso, a depender do período que o estudante de medicina estiver cursando, 
ele não saberá muito do que diz o código de ética médica e pode ser invasivo em 
determinadas ocasiões. 
Em discussões de casos clínicos, é necessário ressaltar que a identidade do paciente 
seja preservada e em casos em que a identidade precise ser divulgada em benefício 
de seu tratamento, assegura-se que ele deu total consentimento para a informação. 
Assim, estes direitos entram no Direito do Paciente hospitalizado de ter sua vida 
privada respeitada, com os seguintes direitos: 
• Direito de não ter estudantes e outros profissionais de saúde presentes quando 
for examinado; 
• Direito de ser examinado em lugar privado, salvo em situações de emergência 
ou de cuidados intensivos; 
• Direito de recusar qualquer visita; 
• Direito de consentir ou não, a presença de estudantes de Medicina e de 
profissional de saúde estranho aos seus cuidados diretos em saúde; 
• Direito de ser informado em momento adequado acerca da presença de 
estudantes de Medicina em seu tratamento ou procedimento; 
5.3.3 Direito do respeito à confidencialidade das informações relacionadas à saúde: 
As informações sobre as condições de saúde de uma pessoa são confidenciais 
(devem ser protegidas todas as informações sobre o paciente e não as divulgar para 
terceiros sem o consentimento dele); a quebra de confidencialidade pode configurar 
violação dos direitos humanos. 
O sigilo deve ficar entre os profissionais que estão cuidando do caso, envolve 
médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde, que só devem ter conhecimento 
do caso clínico do paciente, se forem ajudar no manejo e cuidado dele. 
Assim, este direito engloba: 
23 
 
• Direito de respeito à confidencialidade das informações relacionadas a saúde: 
direito de ter seus dados e registros devidamente manuseados e arquivados 
de modo a preservar sua confidencialidade; 
• Direito de consentir ou não, com a revelação de informações relacionadas a 
saúde para terceiros não autorizados, incluindo familiares, salvo as exceções 
consentâneas com as normas legais e consentâneas com os direitos humanos; 
• Direito de ser ouvido previamente em procedimento que vise a quebra da 
confidencialidade das informações relacionadas a saúde; 
5.3.4 Direito de Consentir ou não acerca de seus cuidados em saúde: 
Este direito começou a entrar em xeque em 2009, quando na luz dos Direitos 
Humanos, o relatório do Relator Especial sobre Direito à Saúde falou sobre o 
consentimento informado, firmando a necessidade do consentimento informado como 
prática do direito humano à saúde. 
O consentimento é uma decisão voluntária e informada, de forma suficiente, devendo 
promover autonomia, autodeterminação, integridade física e bem-estar do paciente. 
Assim, para a garantia de uma decisão totalmente informada, devem ser ofertadas 
todas as informações necessárias, abrangendo os benefícios do procedimento, os 
riscos, alternativas existentes, deve ser acessível e ser adequado às circunstâncias 
do paciente. 
Além de todas as suas benevolências, o consentimento caracteriza autonomia ao 
paciente, por livre determinação e da dignidade humana, sendo integrante do respeito, 
proteção e realização do direito de toda pessoa a desfrutar do mais alto nível de sua 
saúde física e mental. 
O direito de consentir ou não acerca de seus cuidados em saúde, abarca: 
• Direito de consentir ou não, em relação aos seus cuidados em saúde, salvo em 
situações de risco de morte ou em que esteja medicamente incapaz de 
consentir; 
• Direito de participar do processo de tomada de decisão sobre seus cuidados 
em saúde; 
24 
 
• Direito de ser envolvido ativamente nas deliberações sobre seus cuidados, 
verificando os tratamentos disponíveis, os objetivos e as prioridades, bem como 
participando da construção do plano terapêutico; 
• Direito de retirar o consentimento sem sofrer represálias; 
• Direito ao consentimento informado sem coerção ou influência indevida; 
5.4 Direito à Liberdade e a Segurança Pessoal 
O direito à liberdade diz respeito a liberdade física e a segurança pessoal diz respeito 
a liberdade de não ser submetido a dano físico ou mental, abrangendo a integridade 
física e mental. O Comitê de Direitos Humanos da ONU aponta a hospitalização 
involuntária como um tipo de restrição da liberdade individual. 
Sua maior aplicação na esfera dos direitos dos pacientes é vista quando se trata da 
restrição da liberdade de pacientes com transtorno mental. O direito à liberdade é 
considerado um direito limitado, pois há previsão de suas restrições nas normativas 
de direitos humanos, como no artigo 5° da Convenção Europeia de Direitos Humanos. 
O comitê de Direitos Humanos da ONU pede que os Estados revejam suas legislações 
sobre saúde mental, para que se evite detenções arbitrárias; pois a privação da 
liberdade pode ser um ato gravoso ao paciente, assim, medidas menos restritivas 
devem ser permanentemente implantadas mediante políticas e programas estatais. 
5.4.1 Admissão e retenção involuntárias de pacientes com transtorno mental e 
deficiência intelectual: 
O direito à liberdade é comumente utilizado quando há admissão de pacientes com 
transtorno mental, quarentena ou restrições da liberdade individual, de forma 
involuntária. O Relator Especial de Direito à saúde disse em sua gestão de 2002-2008 
que “A admissão involuntária de pessoas com deficiência mental não apenas constitui 
uma privação de liberdade, mas também se conjuga com a administração de 
tratamento médico sem o consentimento informado.” Por isso, muitas vezes, a 
retenção involuntária desses pacientes é vista como tratamento forçado, sem 
consentimento informado do paciente, configurando-se violação do direito ao respeito 
pela vida privada. 
Quanto aos direitos das pessoas com deficiência, os Estados devem exigir que os 
profissionais de saúde obtenham o consentimento livre e esclarecido delas, de acordo 
25 
 
com o estabelecido pela Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com 
Deficiência. 
Assim, como previsto pelo direito à liberdade, toda restrição e procedimentos 
protetores dos direitos humanos devem ser legalmente previstos, por meio da qual o 
individuo seja cercado de garantias. De acordo com a Comissão dos Direitos 
Humanos, medidas restritivas de forma involuntária só podem ser tomadas quando há 
risco de deterioração das condições de saúde do paciente e não tenha alternativas 
menos restritivas de direitos para o caso específico daquele paciente. 
O direito de não ter a liberdade restringida arbitrariamente engloba: 
• Direito de ser informado acerca da natureza do tratamento e de todas as 
alternativas possíveis, e de ser envolvido, tanto quanto seja possível no 
desenvolvimento do plano de tratamento; 
• Direito de ser sempre submetido a alternativa menos restritiva; 
• Direito de ser internado em unidade de saúde apropriada para sua condição 
em saúde, nas hipóteses aceitas pelas normas dos direitos humanos; 
• Direito de ter sua admissão ou retenção involuntárias, revistas por um corpo de 
revisão independente e imparcial, que conte com a assistência de profissionaisde saúde mental, qualificados e independentes; 
• Direito de ter sua admissão ou retenção involuntária determinada por um 
período curto para observação e tratamento preliminar; 
5.5 Direito a Informação: 
Paciente é por definição vulnerável, é preocupado com sua enfermidade, quando 
hospitalizado não está em seu ambiente familiar e é submetido a procedimentos 
incompreensíveis. 
A ONU define que o direito à informação é expresso como o direito de procurar, 
receber e difundir informações. 
O direito a informação não é absoluto, assim como o pela vida privada e o direito pela 
liberdade; o exercício do direito a informação, pode estar sujeito às restrições 
aplicadas aos demais direitos, além disso, este direito abarca o que deve ser 
transmitido ao paciente, as circunstâncias e o modo de comunicação. O profissional 
26 
 
deve considerar questões psicossociais do paciente, que influenciam em sua 
percepção sobre o tratamento e as informações a serem transmitidas. 
Ao dar início aos seus cuidados em saúde, o paciente tem direito a informação que 
permita: monitorar seus sintomas e os efeitos do tratamento; estar ciente das questões 
de segurança e prevenção de eventos adversos; ter ideia realista de seu prognóstico; 
entender o resultado de exames e testes. 
5.5.1 Direito ao acesso às informações constantes no prontuário Médico 
Annas diz que a informação constante no prontuário médico pertence ao paciente, 
tendo o médico e o provedor dos serviços de saúde o dever de guarda do documento, 
se físico, ou das informações, quando eletrônico. (ANNAS; 2004) 
O acesso ao prontuário médico por parte do paciente, consiste numa manifestação do 
seu direito à informação, permitindo-lhe que possa manejar melhor sua própria 
condição de saúde. O acesso ao prontuário médico não é um direito absoluto, assim 
como o direito à informação, cabendo a legislação dos Estados estabelecerem as 
hipóteses em que pode ser restringido. 
Direito ao acesso ao prontuário médico: 
• Direito de ter acesso ao seu prontuário médico, inclusive de obter cópia sem 
ônus, de solicitar retificação e de exigir que seja mantido em segurança; 
• Direito de ter acesso ao seu prontuário médico sem justificativa específica. 
5.5.2 Direito de ser plenamente informado de seus cuidados em saúde: 
De acordo com o Comitê sobre direitos econômicos, sociais e culturais da ONU, além 
dos Relatores Especiais sobre Direito à Saúde, o acesso a informação traz à tona a 
noção da acessibilidade, que chegará a todas as parcelas da sociedade. O direito de 
acesso a saúde compreende a acessibilidade, a disponibilidade, a aceitabilidade e a 
qualidade. 
A informação deve ser “oportuna, completa, acessível, confiável e informal” 
(COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS; 2015). Nesse pressuposto, a 
Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência determina os 
Estados elaborem políticas para assegurar que as pessoas com deficiência exerçam 
a liberdade de buscar, receber e compartilhar informações, em igualdade de 
27 
 
oportunidades como as outras pessoas, por intermédio de qualquer forma de 
comunicação que for de suas escolhas, a saber a linguagem de sinais, braile e as 
comunicações aumentativa e alternativa. 
• Direito de ser plenamente informado sobre sua condição de saúde, as opções 
de tratamento, os riscos, os benefícios e os efeitos adversos dos 
medicamentos; 
• Direito de receber informação acessível, atualizada e completa sobre seus 
cuidados em saúde; direito de ter um intérprete ou, no caso da pessoa com 
deficiência, meios de assegurar sua acessibilidade; 
• Direito de não ser informado, quando desejar; 
• Direitos das mulheres e adolescentes de serem informados sobre métodos 
contraceptivos, incluindo suas consequências, efeitos e riscos para sua saúde. 
5.6 Direito de não ser discriminado: 
Todos têm direito de acesso a bens e serviços de saúde sobre bases não 
discriminatórias. 
A discriminação, de acordo com a corte interamericana dos Direitos Humanos, se 
insere no contexto de diferenças arbitrarias, incompatíveis com os direitos humanos e 
a diferenciação parte de tratamento diferenciado de pessoas ou grupo de pessoas; 
A Convenção Internacional sobre Eliminação de todas as Formas de Discriminação 
Racial, 1969, assenta que discriminação significa distinção, exclusão, restrição ou 
preferência, baseadas em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica, com 
objetivo de anular ou restringir o reconhecimento ou exercício em igualdade de 
condição, de direitos humanos no domínio político econômico, social, cultural ou em 
qualquer outro domínio de vida pública. 
A convenção sobre eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher, 
1979, define discriminação contra mulher como toda a distinção, exclusão ou 
restrição, baseada no sexo e que tenha como resultado prejudicar ou anular o 
reconhecimento ou exercício pela mulher, independente do seu estado civil, tendo 
como base a igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos nos campos 
político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro. 
28 
 
Os pacientes, portanto, não devem ser discriminados em questão de raça, cor, sexo, 
orientação sexual, idade, identidade de gênero, deficiência, língua, religião, opinião 
política ou por qualquer outra questão, seja de origem nacional ou social, de renda, 
de nascimento ou fatores pessoais. 
O direito do paciente de não ser discriminado, significa que ele não pode ser tratado 
de forma diferente, em situações similares, observando, por exemplo, seu estilo de 
vida, doenças preexistentes ou idade. Os princípios do SUS abarcam o conceito de 
equidade, que se diferencia de discriminação, haja vista que a equidade trata os 
pacientes de forma desigual, a partir de suas necessidades, para que tenham os 
mesmos direitos e mesmas perspectivas de tratamento. Já a discriminação trata de 
forma inferior, aquele diferente, através de descobertas pré-existentes, como 
deficiências, ou idade. 
Direito de não ser discriminado: 
• Direito de não ser tratado com distinção, exclusão, restrição ou preferência 
baseadas em raça, cor, orientação sexual, religião, deficiência, identidade de 
gênero, origem nacional ou étnica, renda, de modo que provoque restrições em 
seus direitos humanos na esfera dos cuidados em saúde; 
• Direito de ser chamado pelo nome de sua preferência; 
• Direito de ter suas especificidades consideradas quando fizer parte de grupos 
vulneráveis, como mulheres, pessoas idosas, pessoas com deficiência e 
crianças e povos indígenas. 
5.6.1 Direito a não discriminação das mulheres 
 Os cuidados em saúde da mulher, devem ser ancorados nas especificidades que 
repercutem na prevenção, diagnóstico e tratamento das enfermidades próprias da 
mulher; é necessário considerar pontos como: fatores biológicos (menarca, função 
reprodutiva e menopausa), fatores econômicos (vista a desigualdade de renda entre 
homens e mulheres) e fatores psicossociais, como depressão e o pós-parto. 
Estados tem obrigação de incluir nos programas de capacitação e de formação de 
profissionais de saúde, determinadas questões relacionadas à mulher, como violência 
29 
 
e discriminação de gênero. Além de que, todas as barreiras que impeçam a 
informação das mulheres sobre saúde sexual e reprodutiva devem ser removidas. 
5.7 Direito à Saúde: 
O Direito à Saúde está previsto no art. 12 do Pacto Internacional sobre Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais (maior referência no assunto). Neste, toda pessoa 
tem o direito de desfrutar o mais elevado nível possível de saúde física e mental, assim 
como o direito de desfrutar de uma gama de bens, serviços e condições necessárias 
para se alcançar o nível máximo de saúde. Determina não só o acesso à atenção de 
saúde, como também aos determinantes da saúde, como acesso a água potável, 
condições sanitárias e condições adequadasde moradia. 
O Direito a saúde inclui promoção e prevenção no campo da saúde. 
Os Estados têm o dever de respeitar, proteger e realizar os direitos à saúde, conforme 
os direitos humanos. Destacam-se ações obrigatórias básicas, que dizem respeito ao 
cumprimento mínimo do direto à saúde, como: atenção à saúde primária, acesso a 
bens e serviços sobre base não discriminatória, medicamentos essenciais e 
alimentação essencial mínima. 
A Corte Europeia dos Direitos Humanos decidiu que: quando o Estado se negar em 
prover cuidados em saúde a um indivíduo em particular, sendo este cuidado 
disponível para a população em geral, denota-se violação do direito à vida. Embora, 
é determinado que quando a proteção contra doenças requerer recursos do Estado, 
os países são livres para determinar seus objetivos e prioridades. 
O direito a saúde compreende: disponibilidade, acessibilidade, qualidade e 
aceitabilidade e abarca os determinantes sociais da saúde. A qualidade, sendo um 
bem fundamental, impacta nos outros direitos humanos dos pacientes, como direito a 
vida e direito ao respeito pela vida privada. 
Direito a cuidados em saúde de qualidade: 
• Direito a ser atendido em instalações físicas limpas e adequadas a receber 
pacientes; 
• Direito a medicamentos e outros insumos de saúde seguros e de qualidade; 
30 
 
• Direito a ser atendido por profissionais de saúde adequadamente formados e 
capacitados; 
• Direito de receber cuidados em saúde no tempo oportuno, adequado a sua 
condição de saúde. 
6. Agente do Paciente 
Pessoa cuja função é ajudar o paciente a exercerem seus direitos legalmente 
previstos; pode ser cônjuge ou outro familiar, amigo próximo, profissional de saúde, 
assistente social, advogado da área da saúde ou voluntário; 
São exemplos de entidades de agentes de pacientes: National Patient Advocate 
Foundation (EUA), que fornece serviços para gerenciamento de casos para indivíduos 
que enfrentam barreiras de acesso a cuidados de saúde; Alliance of Health 
Professional Advocates (EUA + 5 países); fornece apoio ao agente que atua de forma 
individual, facilitando o gerenciamento de casos, revisão do prontuário médico e sua 
discussão, auxílio na efetivação das diretivas antecipadas, compartilhamento da 
tomada de decisão, acompanhamento da medicalização do paciente. 
No Brasil ainda não foi incorporado ao ambiente de saúde o agente do paciente. Não 
existe lei que preveja este agente no país, a resolução CFM 1.995/12 diz somente que 
o paciente deve designar um representante caso precise evidenciar escolhas 
antecipadas do paciente. Seria uma figura essencial, se incorporada no Brasil, para 
que houvesse maior efetivação dos direitos humanos dos pacientes; 
As três atividades fundamentais do agente do paciente, conforme diretivas dos direitos 
humanos dos pacientes seriam: promover autonomia e autodeterminação do paciente, 
tendo seu direito pela vida privada; contribuir para a efetivação do direito da 
informação; assegurar o direito à vida, por meio de seu papel essencial no âmbito da 
segurança do paciente. 
7. Normas que regem os direitos dos pacientes no Brasil: 
A legislação dos direitos dos pacientes pode ser observada a partir dos anos 90; 
Legislação Específica para Direito dos Pacientes: 
• América Latina: Equador; Argentina; Chile; 
31 
 
• Europa: Reino Unido, Hungria; Bélgica; Espanha; Estônia; Lituânia; 
Holanda; Eslováquia; Finlândia; Dinamarca; 
• África: Carta dos Direitos dos Pacientes da África do Sul (2008) 
Direito dos Pacientes previstos em diferentes legislações: 
• Irlanda; Suécia; Alemanha; Itália; Portugal; Polônia e EUA; 
O princípio fundamental para as normas sobre os direitos dos pacientes é sua 
vulnerabilidade, onde é de dever do Estado protegê-los e defendê-los. Esta ação pode 
ocorrer de tais formas: leis sobre os direitos dos pacientes; normas sobre os direitos 
dos pacientes que não possuem estatuto legal; leis esparsas que versam sobre os 
direitos dos pacientes; 
Os estados do Brasil com legislação exclusiva para direitos dos pacientes são: São 
Paulo; Rio de Janeiro; Distrito Federal; Espírito Santo; Paraná e Mato Grosso; 
O Código de Ética Médica não se inclui em uma normativa de Direitos dos Pacientes, 
haja vista que foi escrito por uma equipe de médicos. 
7.1 Carta de Direito dos Usuários de Saúde 
A Portaria 1.820 de 13.08.2009, diz sobre os direitos e deveres dos usuários da saúde, 
é a Carta de Direito dos Usuários da Saúde. 
É importante lembrar que o termo usuário (vínculo com serviço, impessoal) destoa do 
termo paciente (vulnerabilidade de sua condição, relação entre os humanos e não 
entre serviços), e no que tange os Direitos Humanos, o correto seria paciente. 
A Carta não possui estatuto de lei, por isso são só recomendações. Alguns dos direitos 
da Carta são derivados dos Direitos fundamentais da constituição de 1988 e de 
tratados dos Direitos Humanos, porém sem garantia de lei, é difícil no cenário de 
cuidado em saúde não haver uma carta que regulamente de forma jurídica as ações. 
A carta é um avanço para o direito dos pacientes, porém é necessário que ela tenha 
força de lei para que regulamente melhor as ações de saúde. No Brasil, observa-se o 
Estatuto do Idoso, Estatuto da Criança e do Adolescente, Estatuto da pessoa com 
32 
 
Deficiência, Lei dos Transplantes, estes respaldam um pouco o direto destes como 
pacientes. 
A carta conta com: 
Art. 2°: “Toda pessoa tem direito ao acesso a bens e serviços ordenados e 
organizados para garantia de promoção, prevenção, proteção, tratamento e 
recuperação de saúde;” Não vai de acordo com os Direitos Humanos, pois não 
descreve a qualidade dos bens e serviços, bem como disponibilidade e acessibilidade; 
A perspectiva neste artigo é com relação ao direito de acesso ser do serviço e não do 
paciente; além do mais, em situações de Urgência e Emergência, estabelece que 
qualquer serviço de saúde deve receber e encaminhar, caso haja necessidade, por 
obrigação, os pacientes. Sendo o serviço de Urgência e Emergência vinculado ao 
direito a vida, cabe ao Estado assegurar que os pacientes sejam atendidos, nestas 
ocasiões. 
Art. 3°: estabelece o direito ao tratamento adequado e no tempo certo para resolver 
os problemas de saúde que venham a surgir, embora não se estabeleça o tempo 
máximo de espera para tratamentos, nem mecanismos que monitorem o cumprimento 
do direito acima. 
Art. 4°: A informação deve ser clara, objetiva, respeitosa e compreensível; além de 
que as possibilidades terapêuticas dos pacientes devem ser informadas, porém não 
traz na Carta o termo “direito à informação”; ademais, encontra-se o direito do paciente 
em decidir se seus familiares e acompanhantes devem ser informados de sua 
condição clínica, colocando em evidencia o direito pela vida privada; por fim, o artigo 
apresenta menções sobre o direito de não ser discriminado, sobre direitos de recusa 
ao tratamento, direito de escolha do local de morte e ao consentimento livre, voluntário 
e esclarecido. 
Enquanto carta de usuários, também estabelece a conduta de certos profissionais de 
saúde, provedores de serviços de saúde e autoridades que dirigem o SUS; em 
situações como receitas, prontuário médico e prescrições terapêuticas. A carta 
perpassa pelos direitos dos pacientes, mas em sua maior parte regulamenta o uso de 
bens e serviços do sistema de saúde. 
33 
 
Em relação ao direito a vida, diz que o ambiente do atendimento deve ser limpo, 
confortável e acessível, sem citar o direito pela segurança do paciente; além disso, 
prevê acompanhante e visita diária, direito ao sigilo, à confidencialidade de 
informações pessoais, garantia de envio e cópia de prontuário, à não limitação de 
acesso aos serviços de saúde por barreiras físicas, tecnológicas e de comunicação e 
indicação de livre escolha para determinar quem tomará decisões em eventualidades; 
contudo, comojá dito, a carta não possui respaldo de lei de forma que sem lei 
especifica, muitos dos direitos não são consolidados, pois acabam sendo apenas uma 
prescrição, um apontamento. Assim, a Carta dos Direitos dos Usuários de Saúde é 
um documento de grande valia para trazer à tona os Direitos Humanos dos Pacientes, 
mas apresenta pouca aplicabilidade no Brasil por não ser regulamentada e não tem 
foco direto no paciente, somente perpassa pelos direitos deles. 
7.2 Legislações sobre direitos dos pacientes nos estados brasileiros: 
As leis sobre os direitos dos pacientes de cada estado só podem ser aplicadas neles 
mesmos. 
7.2.1 Lei 10.241, de 17.03.1999 de São Paulo 
Prevê que o paciente tem direito a atendimento digno, atencioso e respeitoso; a ser 
identificado e tratado pelo seu nome e sobrenome; da confidencialidade de dados 
pessoais; direito a informações claras, objetivas e compreensíveis, além do direito ao 
prontuário médico; direito pela vida privada: direito de consentir ou recusar 
procedimentos diagnósticos ou terapêuticos, direito à privacidade, respeito aos 
valores éticos e culturais do paciente, direito de ser acompanhado e direito de optar 
pelo local de morte; em relação a segurança: direito de conhecer a procedência do 
sangue e dos hemoderivados e à segurança do procedimento. 
7.2.2 Lei 2.804, 25.10.2001 do Distrito Federal e Lei Complementar 283, de 
09.10.2007 do Mato Grosso: 
Seguem a lei do Estado de São Paulo. 
7.2.3 A lei 3.613, de 18.07.2001 do Rio de Janeiro 
Segue a lei do Estado de São Paulo, com direitos além, como na esfera da segurança 
do paciente, estabelece o direito do paciente receber medicamentos prescritos e 
acompanhados de bula impressa de forma compreensível e clara; traz a questão da 
34 
 
admissão e retenção de paciente com transtornos mentais e instrui a ser a última 
escolha de equipes de saúde; remete ao direito de não discriminação do paciente, e 
à prioridade de pacientes idosos e com deficiência no atendimento e tratamento 
médico; prevê sanções a quem descumprir as suas diretivas. 
7.2.4 Lei 14.254, de 04.12.2003 do Estado do Paraná 
Conteúdo geral aparenta a lei paulista, com incorporações como: todo material 
utilizado no paciente deve ser esterilizado de forma rigorosa e descartável, quando 
possível, além do direito de receber medicamentos com data de fabricação e prazo 
de validade especificados, com bula impressa acompanhando de forma clara e 
compreensível; o tempo de espera das consultas marcadas antecipadamente é de 1h 
no máximo; direito à morte digna e serena; emprega a fiscalização do cumprimento 
da disposição dos Direitos dos Usuários, formulado pelos Conselhos de Saúde, 
Conselhos Gestores de cada unidade de saúde e pelos serviços de vigilância sanitária 
em nível estadual e municipal; além disso, diz que é de competência da Secretária 
Estadual de Saúde conferir ampla divulgação aos direitos dos pacientes, por meio de 
publicação oficial, afixação obrigatória nos locais onde os serviços são prestados e 
distribuição de folders. 
7.2.5 Lei 8.855, 23.04.2008 do Espírito Santo 
Aparenta a do Rio de Janeiro, com disposições idênticas; acrescenta o direito de 
visitas de 2h no mínimo, respeitando o direito de recusa do paciente. 
8. O que o CFM diz sobre os direitos dos Pacientes no Código de ética: 
Como já dito, o Brasil não possuí legislações sobre os Direitos humanos dos 
Pacientes, salvo nos estados acima citados, ou como diretivas do que os médicos não 
devem fazer com os pacientes. 
Assim, consta-se na Resolução n° 2217 de 27/09/2019, as seguintes diretivas que 
corroboram com os Direitos dos Pacientes, estabelecidos de acordo com o Princípio 
da Dignidade Humana e pela Jurisprudência Internacional dos Direitos Humanos: 
“Capítulo IV 
 
DIREITOS HUMANOS 
 
35 
 
É vedado ao médico: 
 
Art. 22 Deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante 
legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso 
de risco iminente de morte. 
 
Art. 23 Tratar o ser humano sem civilidade ou consideração, desrespeitar sua 
dignidade ou discriminá-lo de qualquer forma ou sob qualquer pretexto. 
 
Parágrafo único. O médico deve ter para com seus colegas respeito, 
consideração e solidariedade. 
 
Art. 24 Deixar de garantir ao paciente o exercício do direito de decidir 
livremente sobre sua pessoa ou seu bem-estar, bem como exercer sua 
autoridade para limitá-lo. 
 
Art. 25 Deixar de denunciar prática de tortura ou de procedimentos 
degradantes, desumanos ou cruéis, praticá-las, bem como ser conivente com 
quem as realize ou fornecer meios, instrumentos, substâncias ou 
conhecimentos que as facilitem. 
 
Art. 26 Deixar de respeitar a vontade de qualquer pessoa, considerada capaz 
física e mentalmente, em greve de fome, ou alimentá-la compulsoriamente, 
devendo cientificá-la das prováveis complicações do jejum prolongado e, na 
hipótese de risco iminente de morte, tratá-la. 
 
Art. 27 Desrespeitar a integridade física e mental do paciente ou utilizar-se de 
meio que possa alterar sua personalidade ou sua consciência em 
investigação policial ou de qualquer outra natureza. 
 
Art. 28 Desrespeitar o interesse e a integridade do paciente em qualquer 
instituição na qual esteja recolhido, independentemente da própria vontade. 
 
Parágrafo único. Caso ocorram quaisquer atos lesivos à personalidade e à 
saúde física ou mental dos pacientes confiados ao médico, este estará 
obrigado a denunciar o fato à autoridade competente e ao Conselho Regional 
de Medicina. 
 
Art. 29 Participar, direta ou indiretamente, da execução de pena de morte. 
 
36 
 
 
Capítulo V 
 
RELAÇÃO COM PACIENTES E FAMILIARES 
 
É vedado ao médico: 
 
Art. 31 Desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal de 
decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, 
salvo em caso de iminente risco de morte. 
 
Art. 32 Deixar de usar todos os meios disponíveis de promoção de saúde e 
de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, cientificamente 
reconhecidos e a seu alcance, em favor do paciente. 
 
Art. 33 Deixar de atender paciente que procure seus cuidados profissionais 
em casos de urgência ou emergência quando não houver outro médico ou 
serviço médico em condições de fazê-lo. 
 
Art. 34 Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos 
e os objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação direta possa lhe 
provocar dano, devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seu 
representante legal. 
 
Art. 35 Exagerar a gravidade do diagnóstico ou do prognóstico, complicar a 
terapêutica ou exceder-se no número de visitas, consultas ou quaisquer 
outros procedimentos médicos. 
 
Art. 36 Abandonar paciente sob seus cuidados. 
 
§ 1° Ocorrendo fatos que, a seu critério, prejudiquem o bom relacionamento 
com o paciente ou o pleno desempenho profissional, o médico tem o direito 
de renunciar ao atendimento, desde que comunique previamente ao paciente 
ou a seu representante legal, assegurando-se da continuidade dos cuidados 
e fornecendo todas as informações necessárias ao médico que o suceder. 
 
§ 2°Salvo por motivo justo, comunicado ao paciente ou à sua família, o 
médico não o abandonará por este ter doença crônica ou incurável e 
continuará a assisti-lo e a propiciar-lhe os cuidados necessários, inclusive os 
paliativos. 
37 
 
 
Art. 37Prescrever tratamento e outros procedimentos sem exame direto do 
paciente, salvo em casos de urgência ou emergência e impossibilidade 
comprovada de realizá-lo, devendo, nesse caso, fazê-lo imediatamente 
depois de cessado o impedimento, assim como consultar, diagnosticar ou 
prescrever por qualquer meio de comunicação de massa. 
 
§ 1º O atendimento médico a distância, nos moldes da telemedicina ou de 
outro método, dar-se-á sob regulamentação do Conselho Federal de 
Medicina. 
 
§ 2ºAo utilizar mídias sociais e instrumentos correlatos, o médico deve 
respeitar as normas elaboradas pelo Conselho Federal de Medicina. 
 
Art. 38 Desrespeitar o pudor de qualquer pessoa sob seus cuidados 
profissionais. 
 
Art. 39 Opor-se à realização de junta médica ou segunda opinião solicitada 
pelo paciente ou por seu representante legal. 
 
Art. 40 Aproveitar-se de situações decorrentes da relação médico-paciente 
para obter vantagem física, emocional, financeira ou de qualquer outra 
natureza. 
 
Art. 41 Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu 
representante legal. 
 
Parágrafo único. Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico 
oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações 
diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em 
consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, ade 
seu representante legal. 
 
Art. 42 Desrespeitar o direito do paciente de decidir livremente sobre método 
contraceptivo, devendo sempre esclarecê-lo sobre indicação, segurança, 
reversibilidade e risco de cada método. 
 
 
CAPÍTULO IX 
Sigilo profissional 
38 
 
É vedado ao médico: 
 
Art. 73 Revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de 
sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por 
escrito, do paciente. 
 
Parágrafo único. Permanece essa proibição: a) mesmo que o fato seja de 
conhecimento público ou o paciente tenha falecido; b) quando de seu 
depoimento como testemunha (nessa hipótese, o médico comparecerá 
perante a autoridade e declarará seu impedimento); c) na investigação de 
suspeita de crime, o médico estará impedido de revelar segredo que possa 
expor o paciente a processo penal. 
 
Art. 74Revelar sigilo profissional relacionado a paciente criança ou 
adolescente, desde que estes tenham capacidade de discernimento, 
inclusive a seus pais ou representantes legais, salvo quando a não revelação 
possa acarretar dano ao paciente. 
 
Art. 75Fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou 
imagens que os tornem reconhecíveis em anúncios profissionais ou na 
divulgação de assuntos médicos em meios de comunicação em geral, mesmo 
com autorização do paciente. 
 
Art. 76 Revelar informações confidenciais obtidas quando do exame médico 
de trabalhadores, inclusive por exigência dos dirigentes de empresas ou de 
instituições, salvo se o silêncio puser em risco a saúde dos empregados ou 
da comunidade. 
 
Art. 77 Prestar informações a empresas seguradoras sobre as circunstâncias 
da morte do paciente sob seus cuidados, além das contidas na declaração 
de óbito, salvo por expresso consentimento do seu representante legal.” 
 
Os capítulos acima citados, bem como seus artigos são os considerados necessários 
para assegurar os direitos dos pacientes como respeito a vida, bem como à vida 
privada, direito a segurança pessoal e a liberdade, direito de não ser discriminado, 
direito à saúde e o Direito a informação; embora não seja um documento que expresse 
de forma direta os direitos dos pacientes, este revela ações vedadas aos médicos que 
tem por finalidade proteger os pacientes. 
 
 
 
39 
 
9. Conclusão 
Conforme apresentado no trabalho, é de suma importância considerar os direitos dos 
pacientes, para que exista uma condução ao respeito do ser humano, a imparcialidade 
no âmbito do cuidado e como forma de garantia de um serviço de qualidade ao 
paciente, que apesar de ser muito confundido com um usuário do sistema de saúde, 
é mais do que apenas isso, seus direitos não se resumem ao ser usuário, mas ao ser 
humano. 
Um ponto importante como o Agente do Paciente deveria ser implementado no Brasil, 
como forma de garantia maiores da aplicação dos direitos dos pacientes, pois eles 
são considerados porta voz no atendimento e nos tramites judiciais, quando o paciente 
se encontra em situação que se considere em descontentamento ou desprotegido. 
Embora, para que a figura deste agente seja bem implantada, é necessário no país 
um código de direitos dos pacientes, apenas voltados a eles. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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10. Referências 
ALBUQUERQUE, Aline. Direitos Humanos dos Pacientes. Curitiba: Juruá, 2016 
ANNAS, George. The Rights of Patients, New York: University Press, 2004 
COULTER, Angela. Engaging patients in healthcare. McGraw-Hill Education (UK), 
2011. 
MARTÍNEZ, Joaquim Ocampo. Los derechos de los pacientes: Elementos para 
una reflexion bioética. Disponível em: http://www;medigraphic.com/pdfs/abc/bc-
2011/bc112i.pdf>. Acesso em: 28 mai. 2021 
“Nossos corpos por nós mesmas”: um projeto de tradução feminista. Disponível 
em: https://diplomatique.org.br/nossos-corpos-por-nos-mesmas-um-projeto-de-
traducao-feminista/. Acesso em 26 de mai. 2021, às 10:30 
Our bodies our selves. Disponível em https://www.ourbodiesourselves.org/. Acesso 
em 26 de mai. 2021, às 10:40 
PORTARIA Nº 1.820, DE 13 DE AGOSTO DE 2009: Dispõe sobre os direitos e 
deveres dos usuários da saúde. Disponível em: 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2009/prt1820_13_08_2009.html. 
Acesso em 26 de mai. De 2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www;medigraphic.com/pdfs/abc/bc-2011/bc112i.pdf
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https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2009/prt1820_13_08_2009.html
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