Prévia do material em texto
Novos sujeitos do Direito Internacional 1. PERSONALIDADE JURÍDICA NO DIREITO INTERNACIONAL · No âmbito civil, relaciona-se com a capacidade jurídica de determinada pessoa, física ou jurídica, de possuir direitos e contrair obrigações; · No campo do Direito Internacional, associa-se à titularidade de direitos e obrigações na ordem jurídica internacional; 2. DEFINIÇÃO DE PERSONALIDADE JURÍDICA INTERNACIONAL Segundo PORTELA: “Na doutrina internacionalista, o exame da personalidade internacional alude, em regra, à faculdade de atuar diretamente na sociedade internacional, que comportaria o poder de criar as normas internacionais, a aquisição e o exercício de direitos e obrigações fundamentadas nessas normas e a faculdade de recorrer a mecanismos internacionais de solução de controvérsias. Aqueles que possuem a capacidade de praticar os atos acima citados seriam os sujeitos de Direito Internacional” 3. CARACTERÍSICAS TRADICIONAIS DA PERSONALIDADE JURÍDICA INTERNACIONAL · Tradicionalmente, a doutrina reconhece que são características típicas dos sujeitos titulares de personalidade jurídica de Direito Internacional poder atuar diretamente na ordem jurídica internacional e: · criar as normas internacionais; · adquirir direitos e exercitar obrigações fundamentadas nessas normas criadas; e, · recorrer a mecanismos internacionais de solução de controvérsias. 4. MUDANÇA DE PERSPECTIVAS NO EXERCÍCIO DA PERSONALIDADE JURÍDICA INTERNACIONAL · Tradicionalmente, poucos eram aqueles considerados como “Sujeitos de Direito Internacional”, dentre os quais se destacavam os Estados (evidentemente), as Organizações Internacionais e a Santa Sé (incluindo Estado do Vaticano). · Entretanto, com o advento da globalização e com a consolidação de transformações institucionais na sociedade internacional, recorrentemente outras pessoas e entidades vêm influenciando cada vez mais as relações jurídicas na sociedade internacional. · Com a consolidação de um modelo internacional de proteção dos direitos humanos, o indivíduo vem ganhando atenção e voz na sociedade internacional. Desta forma, se antes ele apenas era “objeto do Direito Internacional” (isto é, era destinatário das normas internacionais, para ele pensadas), hoje em dia o indivíduo tornou-se ativo, participa, por si só, de foros internacionais, acessa Tribunais Internacionais etc. · Igualmente, com o impacto econômico da globalização, vem crescendo a atuação e a representatividade, por exemplo, de “empresas multinacionais”; · Com a descolonização tardia de alguns territórios, bem como diante da existência de diversos conflitos étnico-culturais, igualmente vê-se, nos dias atuais, conflitos separatistas, movimentos de independência etc, que, por mais que não sejam considerados Estados, merecem a atenção do Direito Internacional · Diante de tais fatos, o exercício de direitos e deveres na ordem internacional vem se alterando, motivo pelo qual é possível pensar em novas dimensões no exercício da personalidade jurídica internacional ou até mesmo em novos sujeitos de Direito Internacional 5. CLASSIFICAÇÃO DOS SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL Tradicionais: Estados, Organizações Internacionais e Santa Sé; Novos (fragmentários): Indivíduos, ONG’s e Empresas Transnacionais; e, Atípicos ou sui generis: beligerantes, insurgentes, nações em luta pela soberania, blocos regionais, Cruz Vermelha etc 6. CARACTERÍSTICAS DOS SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL Segundo Portela: Obs: a expressão “fragmentários” decorre do fato de que possuem apenas “fragmentos” de uma personalidade jurídica “completa”. 7. SUJEITOS X ATORES DE DIREITO INTERNACIONAL · Conforme mencionado acima, nem todas as pessoas e entidades que atuam na sociedade internacional possuem as características tradicionais de Sujeitos de Direito Internacional; · Justamente por esse motivo, faz-se uma diferenciação entre “Sujeitos de Direito Internacional” e “Atores Internacionais”; e, · Enquanto a primeira expressão é um termo jurídico, relacionado ao exercício da personalidade jurídica internacional, o outro é um termo mais comumente utilizado nas relações internacionais e engloba todos aqueles que, sendo ou não sujeitos de Direito Internacional, interagem, em maior ou menor medida, no mundo globalizado.