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PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO


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Prévia do material em texto

2 
PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO 
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; 
OLIVEIRA, Leonardo Pestillo de.
 Psicologia do Esporte e do Exercício. Leonardo Pestillo de Oliveira.
 Maringá - PR.:Unicesumar, 2018.
 168 p.
 “Graduação em Educação Física - EaD”.
 1. Psicologia do Esporte. 2. Rendimento Esportivo. 3. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-1660-4
CDD - 22ª Ed. 150
CIP - NBR 12899 - AACR/2
NEAD 
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
Impresso por: 
Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecilia Rafael Lopes, Projeto Gráico José Jhonny Coelho, 
Editoração Humberto Garcia da Silva, Designer Educacional Ana Claudia Salvadego, Revisão Textual 
Meyre Barbosa da Silva, Ilustração Bruno Pardinho, Mateus Fotos Shutterstock.
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor 
Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio 
Ferdinandi.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Minco�, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia 
Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Produção 
de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima, 
Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Gerência 
de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas, 
Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo.
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e proissionalismo, não 
somente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão 
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
nos em 4 pilares: intelectual, proissional, emocional 
e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de 
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil 
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro 
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa 
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, 
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. 
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais 
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos 
pelo MEC como uma instituição de excelência, com 
IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 
maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educadores 
soluções inteligentes para as necessidades de todos. 
Para continuar relevante, a instituição de educação 
precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, 
coragem e compromisso com a qualidade. Por 
isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, 
metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor 
do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes áreas 
do conhecimento, formando proissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
boas-vindas
Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à 
Comunidade do Conhecimento. 
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar 
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores 
e pela nossa sociedade. Porém, é importante 
destacar aqui que não estamos falando mais daquele 
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas 
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, 
atemporal, global, democratizado, transformado pelas 
tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, 
informações, da educação por meio da conectividade 
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares 
e da mobilidade dos celulares. 
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram 
a informação e a produção do conhecimento, que não 
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em 
segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer 
transformou-se hoje em um dos principais fatores de 
agregação de valor, de superação das desigualdades, 
propagação de trabalho qualiicado e de bem-estar. 
Logo, como agente social, convido você a saber cada 
vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a 
tecnologia que temos e que está disponível. 
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg 
modiicou toda uma cultura e forma de conhecer, 
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, 
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa 
cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o 
conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância 
(EAD), signiica possibilitar o contato com ambientes 
cativantes, ricos em informações e interatividade. É 
um processo desaiador, que ao mesmo tempo abrirá 
as portas para melhores oportunidades. Como já disse 
Sócrates, “a vida sem desaios não vale a pena ser vivida”. 
É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. 
Willian V. K. de Matos Silva
Pró-Reitor da Unicesumar EaD
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
proissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes 
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível 
com os desaios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem 
dialógica e encontram-se integrados à proposta 
pedagógica, contribuindo no processo educacional, 
complementando sua formação profissional, 
desenvolvendo competências e habilidades, e 
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, 
de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, 
estes materiais têm como principal objetivo “provocar 
uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta 
forma possibilita o desenvolvimento da autonomia 
em busca dos conhecimentos necessários para a sua 
formação pessoal e proissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento 
e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos 
fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe 
das discussões. Além disso, lembre-se que existe 
uma equipe de professores e tutores que se encontra 
disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em 
seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe 
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória 
acadêmica.
boas-vindas
Débora do Nascimento Leite
Diretoria de Design Educacional
Janes Fidélis Tomelin
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Kátia Solange Coelho
Diretoria de Graduação 
e Pós-graduação
Leonardo Spaine
Diretoria de Permanência
http://lattes.cnpq.br/5641304042011472
apresentação do material
PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO
Professor Dr. Leonardo Pestillo de Oliveira
Olá, prezado(a) acadêmico(a), é com grande satisfação que apresento a você a nossa 
disciplina de Psicologia do Esporte e do Exercício como uma disciplina do curso 
de Educação Física. A realização desta disciplina possibilitará a compreensão de 
elementos da Psicologia que fazem parte do contexto esportivo.
Tendo conhecimento da importância de se compreender as característicaspsi-
cológicas envolvidas na prática esportiva, seja ela proissional ou não, espero que 
você se sinta inclinado a buscar uma qualiicação adequada que possa colaborar 
com sua atuação proissional após a conclusão desta graduação. 
Todo mecanismo de aprendizagem perpassa duas vias, uma delas é responsa-
bilidade do professor, que objetiva transmitir o conteúdo com a preocupação de 
que este seja realizado com qualidade, a outra é a do aluno, que deve compreender 
a importância de cada elemento a ele fornecido, pois trata-se de um processo em 
construção constante.Veremos, aqui, elementos da Psicologia e sua contribuição 
para o contexto esportivo de rendimento ou não.
Na Unidade I, temos como conteúdo um pouco da história da Psicologia do 
Esporte e do Exercício no mundo e um pouco de sua história no Brasil. Este tópico 
é importante para termos uma visão geral sobre como a área surgiu, compreen-
deremos as suas principais características e como ela pode ser importante para os 
praticantes. Desmistiicaremos um dos principais mitos existentes sobre a área, 
o mito de que a Psicologia do Esporte e do Exercício é importante apenas para 
atletas proissionais. Ou seja, precisamos compreender que esta área de atuação 
está presente em qualquer contexto que envolva o esporte e a atividade física.
Na Unidade II, após termos discutido um pouco do histórico, faremos uma 
discussão sobre como o desenvolvimento humano e o desenvolvimento no con-
texto esportivo ocorrem concomitantemente. Veremos como o esporte pode ser 
uma ferramenta importante para colaborar com o desenvolvimento de crianças 
e adolescentes, além de veriicar como o desenvolvimento de um atleta ocorre, 
quais fases e características são importantes ao longo do tempo.
Já na Unidade III, temos como tema principal as características individuais 
que inluenciam o sujeito a iniciar, continuar ou parar uma prática esportiva. Al-
gumas variáveis psicológicas são muito discutidas no contexto da Psicologia do 
Esporte e do Exercício, e teremos alguns tópicos relacionadas a elas. Teremos uma 
discussão sobre a motivação do sujeito, como a autoconiança e as expectativas de 
rendimento podem inluenciar a prática e também quais habilidades psicológicas 
estão presentes neste contexto.
Após a discussão de variáveis individuais, teremos, na Unidade IV, uma apre-
sentação de características presentes na coletividade, ou seja, no trabalho com 
grupos. A coesão de grupo é uma das variáveis mais discutidas quando se fala em 
rendimento esportivo, mas não podemos deixar de discutir também o papel do 
líder neste processo bem como a cooperação e a comunicação entre todos os que 
fazem parte de uma mesma equipe, ou grupo.
Para inalizar, teremos, na Unidade V, a discussão sobre os elementos que 
envolvem características de saúde e bem-estar psicológico. Estas características 
são importantes tanto para trabalharmos com atletas proissionais como com 
amadores ou pessoas que realizam atividades físicas com objetivo de melhorar 
sua qualidade de vida. Falaremos um pouco sobre como as lesões, no esporte, 
podem atrapalhar e até interromper uma carreira de sucesso, e também como a 
prática excessiva do esporte pode vir a se tornar um vilão à saúde física e mental.
Espero que este enfoque dado a alguns elementos da Psicologia do Esporte 
e do Exercício possam contribuir para sua formação de forma satisfatória e que 
possa estimulá-lo a continuar seus estudos e sua busca por conhecimento sobre a 
área. Com experiência em duas áreas que são fundamentais para esta disciplina, 
formação interdisciplinar, quero, também, fornecer a você um pouco do que a 
Psicologia do Esporte e do Exercício pode colaborar com a formação de um pro-
issional de Educação Física e em sua atuação proissional futura.
Desejo a você boa leitura e bons estudos!
INTRODUÇÃO
U
ma parcela signiicativa da população tem uma percepção 
de que a Psicologia é uma área que se ocupa apenas de tra-
balhar com a área clínica e ainda considerando o estereóti-
po de “loucura”, termo já não utilizado para descrever pes-
soas que sofrem de transtornos mentais. Engana-se quem ainda tem esta 
visão limitada em relação à área clínica da Psicologia, pois há diversos 
outros campos de atuação em que a Psicologia se faz presente, entre eles 
está o contexto esportivo, e é sobre isso que falaremos nesta Unidade I.
A Psicologia enquanto ciência é jovem quando comparada a outras 
áreas, e por mais que o foco inicial tenha sido a saúde mental das pessoas 
com transtornos mentais, as demais áreas da Psicologia também surgi-
ram em paralelo. Os primeiros estudos da área de Psicologia do Esporte 
e do Exercício que se tem conhecimento datam do inal do século XIX, 
mesmo período em que a Psicologia passa a ser reconhecida enquanto 
ciência e área especíica de atuação.
Com isso, estudaremos alguns elementos do início da área, compre-
enderemos como ela se desenvolveu ao longo do tempo e quais caracte-
rísticas ainda hoje estão presentes e garantem sua permanência no ce-
nário atual. Um ponto importante a ser discutido também é sobre como 
a Psicologia do Esporte e do Exercício pode ser ferramenta importante 
não apenas para psicólogos, mas também para proissionais de Educação 
Física. Basta compreendermos qual a função de cada proissional dentro 
de suas características especíicas, sabendo quais os limites de atuação e 
como estas duas áreas podem atuar em conjunto.
O objetivo principal desta Unidade é fornecer uma visão geral sobre a 
área e sobre como utilizar estes conhecimentos na atuação proissional, seja 
no esporte de rendimento, seja no esporte amador, seja, inclusive, no contex-
to escolar, pois este também é um contexto em que o esporte está presente.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 15
realizar, levando em consideração todos os pos-
síveis resultados deste planejamento. A sua com-
preensão sobre como a Psicologia do Esporte e do 
Exercício surgiu, como se desenvolveu e como está 
atualmente será mais adequada se você também se 
planejar, estabelecer um plano de leitura, estudo e, 
principalmente, se buscar outras fontes de infor-
mação, pois este livro dará apenas uma explicação 
geral sobre a área.
Feito este planejamento, começaremos com o 
que se conhece, de início, como Psicologia do Es-
porte e do Exercício, e que suscitou as primeiras 
discussões sobre a área. Para isso, precisamos dei-
nir o que pretendemos estudar. O que seria, então, 
Psicologia do Esporte e do Exercício? Weinberg e 
Gould (2017) dão-nos uma deinição que nos leva 
a compreender a área como o estudo cientíico do 
comportamento das pessoas quando estão envolvi-
das em atividades esportivas, em atividades físicas 
e, principalmente, na aplicação prática deste co-
nhecimento. Ou seja, não basta apenas estudarmos 
os principais conceitos e as características, é preci-
so colocá-los em prática.
Uma deinição ainda mais abrangente e que nos 
permite ter uma visão geral da área é apresentada 
pela American Psychological Association - APA, 
principal organização cientíica e proissional que 
representa a Psicologia, nos Estados Unidos, e que 
serve de base para muitos outros países. Segundo 
o site da própria organização, a Psicologia do Es-
porte é a capacidade de se utilizar conhecimentos 
e habilidades psicológicas para atender ao ótimo 
desempenho e ao bem-estar dos atletas, aos as-
pectos sociais e de desenvolvimento de praticantes 
de esportes, e às questões sistêmicas associadas a 
conigurações e a organizações esportivas ([2018], 
on-line)1.
Com estas deinições, podemos perceber que 
a Psicologia do Esporte e do Exercício é uma área 
que pode abranger diversos contextos, não apenas 
o do esporte proissional, de rendimento, em que os 
atletas fazem do contexto esportivo a sua principal 
atividade proissional. Basta considerarmos que em 
qualquer local em que o esporte esteja envolvido, e 
que tenhamos pessoas praticando,a Psicologia po-
derá também estar lá, levando seus conhecimentos 
e proporcionando aos praticantes uma busca mais 
adequada aos resultados.
Sendo assim, podemos considerar dois objetivos 
principais da área. O primeiro seria voltado ao con-
texto esportivo proissional, pois visa a compreender 
como os fatores psicológicos dos atletas podem afe-
tar o seu desempenho físico. Já o segundo objetivo 
seria voltado ao público não proissional, mas que 
está, de alguma forma, envolvido no contexto espor-
tivo, ou seja, compreender como a prática esportiva 
e de exercícios de um sujeito pode afetar o seu de-
senvolvimento psicológico, a sua saúde e o seu bem-
-estar (WEINBERG; GOULD, 2017).
Partindo destes dois objetivos, pode-se imagi-
nar como os pesquisadores começaram a inserir os 
conhecimentos da Psicologia no contexto esportivo. 
Após compreendermos quais os objetivos da Psico-
logia do Esporte e do Exercício, precisamos saber 
da sua história, como começou e como chegou até 
os dias atuais. A história remete-nos à Grécia Anti-
ga, considerada o berço dos estudos sobre a relação 
mente e corpo. Avançando no tempo, o inal do sé-
culo XIX ica marcado pelos primeiros estudos e as 
pesquisas sobre as questões psicológicas, no contex-
to esportivo (SAMULSKI, 2009). Este desenvolvi-
mento da Psicologia do Esporte e do Exercício pode 
ser dividido em seis períodos, e alguns dos princi-
pais fatos estão destacados a seguir.
16 
PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO 
Entre os anos de 1893 e 1920, alguns países destacaram-se, sendo considerados os 
pioneiros dos estudos cientíicos da área. O primeiro deles é os Estados Unidos, em 
1893. E. W. Scripture realiza estudos baseados em dados de atletas de Yale, e temos, na 
Universidade de Indiana, os primeiros experimentos direcionados para a relação entre 
a Psicologia e o esporte. Estes estudos foram conduzidos por Norman Triplett, que, em 
1897, estudou sobre como um adversário pode inluenciar no rendimento de um atleta, 
neste caso, no ciclismo. Seus estudos chegaram a algumas respostas, mostrando que a 
presença de um outro atleta poderia ser um estímulo para a liberação de uma energia 
que não, necessariamente, estava manifestada no atleta, dando início, então, aos estu-
dos da motivação no contexto esportivo (GOULD; VOELKER, 2014; TRIPLETT, 1898). Em 
1899, Scripture de Yale descreve traços de personalidade que acreditava serem favo-
recidos pela prática esportiva, e, em 1918, o ainda estudante Coleman Griith conduz 
estudos informais de jogadores de futebol americano e de basquetebol na University of 
Illinois (WEINBERG; GOULD, 2017).
1893-1920 1921-1938
Primeiros anos
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Após este período do inal do século XIX, o início do século XX é marcado pelo desen-
volvimento dos primeiros laboratórios e Institutos de Psicologia do Esporte. Além dos 
Estados Unidos, outros países, como Alemanha, Japão e Rússia também começaram a 
investir em pesquisas na área. 
• 1920: Robert Schulte dirige um laboratório de psicologia na German High School for Physi-
cal Education.
• 1920: início do primeiro laboratório de Psicologia do Esporte, por P. A. Rudik, em Moscou, 
no Instituto Estatal de Cultura Física.
Até então, alguns estudos isolados eram realizados, porém o americano Coleman Gri-
ith passa a dedicar sua carreira aos estudos da Psicologia, no contexto esportivo. En-
quanto psicólogo da University of Illinois, foi nomeado diretor, em 1925, do laboratório 
intitulado Research in Athletics Laboratory, o que lhe confere reconhecimento como o pai 
da Psicologia do Esporte, na América do Norte (GOULD; VOELKER, 2014). Entre os anos 
de 1921 e 1931, Griith publicou 25 artigos oriundos de pesquisas realizadas sobre 
Psicologia do Esporte.
Desenvolvimento de laboratórios e de testes psicológicos
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 17
1939-1965 1966-1977
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Já na década de 1940, entra um novo período do desenvolvimento da área, em que os 
estudos tornam-se mais especíicos e, na University of California, em Berkeley, Franklin 
Henry foi um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento cientíico da Psicologia 
do Esporte (WEINBERG; GOULD, 2017). 
• 1943: Dorothy Yates trabalha com boxeadores universitários e estuda os efeitos de inter-
venções de seu treino com relaxamento.
• 1949: Warren Johnson avalia as emoções experimentadas pelos atletas antes das com-
petições.
• 1951: John Lawther publica Psychology of Coaching.
Além dos Estados Unidos, outros países, como Austrália, Brasil, Inglaterra, Alemanha, 
Itália, Japão e União Soviética começam a apresentar estudos e trabalhos realizados no 
contexto da Psicologia do Esporte. Neste período, o trabalho com atletas envolvia técni-
cas comportamentais, cognitivas, e, principalmente Franklin Henry e Anna Espenscha-
de recomendavam a prática mental e visualização (EKLUND; TENENBAUM, 2014). Este 
período de desenvolvimento cientíico leva à realização do primeiro Congresso Mundial 
de Psicologia do Esporte, em Roma, no ano de 1965. Nesta cidade, também foi fundada 
a International Society of Sport Psychology (ISSP).
Preparação para o futuro
Todos estes fatos que marcam o início da área fazem com que ela chegue às univer-
sidades de forma mais especíica, não apenas em laboratórios ou estudos isolados, 
mas também em disciplinas dos cursos de graduação. Ao mesmo tempo, outras as-
sociações nacionais surgem também em diversos países. Em 1966, surgem a Associa-
tion for Sport Psychology, na Alemanha, e a North American Society for the Psychology of 
Sport and Physical Activity (NASPSPA), nos Estados Unidos, e, em 1967, a British Society of 
Sports Psychology (Inglaterra) e a French Society of Sports Psychology (França) (EKLUND; 
TENENBAUM, 2014).
Estabelecimento da psicologia do esporte como disciplina acadêmica
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 21
A principal estratégia utilizada para que a área de-
senvolva-se no contexto acadêmico, no Brasil, é a 
criação de laboratórios de pesquisa especializados e 
também a realização de eventos cientíicos que dão 
suporte e abrem espaço para as discussões teóricas e 
práticas entre proissionais da área. 
A Psicologia do Esporte e do Exercício é uma 
ciência e precisa ser compreendida como tal. Por 
isso a importância de que ela seja inserida cada vez 
mais no contexto acadêmico, abarcando os três pi-
lares que podemos citar como sendo as principais 
áreas de atuação, na atualidade. Alguns autores, 
que, no Brasil, a disciplina de Psicologia do Espor-
te e do Exercício não está presente em grande parte 
dos cursos de graduação de Psicologia, ou está pre-
sente apenas como uma disciplina eletiva. Fato que 
não ocorre com os cursos de Educação Física, pois 
a maioria destes apresenta a disciplina como parte 
obrigatória de sua matriz curricular (RUBIO, 2000).
como Samulski (2009) e Weinberg e Gould (2017) 
apontam que o proissional que atua hoje no cam-
po da Psicologia do Esporte tem a possibilidade de 
atuar em diversas carreiras. Porém há três papéis 
básicos que condensam as principais atividades, 
são eles: o papel de pesquisador, o papel de profes-
sor e o papel de consultor.
O primeiro registro da relação entre a Psico-
logia aplicada ao esporte no Brasil é de 1954. 
Nesse ano, João Carvalhaes foi contratado 
pela Federação Paulista de Futebol para tra-
balhar na avaliação, seleção e treinamento 
de árbitros de futebol. Devido à divulgação 
de seu trabalho com os árbitros, em 1957, 
foi contratado para aplicar a Psicologia nos 
atletas do São Paulo Futebol Clube. Nesse 
mesmo ano, foi convocado para compor a 
comissão técnica da Seleção Brasileira de 
Futebol, responsável pela preparação para 
a Copa de 1958.
Fonte: Hernandez (2011). 
SAIBA MAIS
A Psicologia do Esporte e do Exercício per-
mite um leque amplo de possibilidades de 
atuação. Proissionaisde Educação Física e 
de Psicologia devem unir esforços para que 
esta área se fortaleça ainda mais no Brasil.
REFLITA
Figura 1 - Os três papéis básicos da Psicologia do Esporte e do Exercício
Fonte: o autor.
22 
PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO 
FUNÇÃO DE PESQUISA
A pesquisa é uma função muito importante no con-
texto da Psicologia do Esporte e do Exercício. Neste 
caso, o papel de pesquisador é aquele desenvolvido 
no campo acadêmico e tem por objetivo aumentar 
o conhecimento cientíico da área, por meio de pes-
quisas cientíicas. A maioria dos psicólogos e pro-
issionais de Educação Física que atuam na área e 
que estão vinculados a alguma universidade empe-
nham-se em desenvolver pesquisas para compreen-
der melhor este contexto. Uma das vantagens da área 
acadêmica é a possibilidade de realizar pesquisas em 
conjunto com outros proissionais, o que pode cola-
borar para aumentar a interdisciplinaridade da área, 
fato este importante tendo em vista que o sujeito 
que está inserido no contexto esportivo precisa ser 
pensado enquanto um sujeito biopsicossocial, como 
já descrito por Urie Bronfenbrenner, na década de 
1970 (ROSA; TUDGE, 2013).
Como já destacado, o papel desempenhado 
neste caso é o de pesquisador, que pode desenvol-
ver teorias, procedimentos de avaliação de atletas e 
pessoas envolvidas no contexto esportivo, além de 
compreender melhor as variáveis psicológicas que 
estão envolvidas no esporte e na atividade física. O 
conhecimento que é adquirido na pesquisa servirá 
de base para uma função que discutiremos em bre-
ve, que é o da intervenção.
FUNÇÃO DE ENSINO
Talvez a área que mais se destaca no Brasil, a área 
do ensino é composta por professores que compar-
tilham seu conhecimento com alunos interessados 
em conhecer melhor a área. Muitos especialistas em 
Psicologia do Esporte e do Exercício estão no con-
texto acadêmico, ministrando cursos universitários 
e compondo corpo docente em disciplinas de cursos 
de graduação em Psicologia e Educação Física. Es-
tes transmitem seu conhecimento e suas habilidades 
técnicas acerca da área, e é o principal momento em 
que se pode compreender a relação entre fatores psi-
cológicos e a prática esportiva ou de atividade física. 
Samulski (2009) destaca algumas metas que de-
vem ser seguidas pelos professores neste contexto, 
ou seja, os principais pontos a serem transmitidos 
aos alunos, como:
• Princípios e fundamentos psicológicos presen-
tes nos processos de aprendizagem e de ensino.
• Conhecimentos e capacidades psicológicas 
para a educação prática nos diversos setores 
de aplicação no esporte.
• Conhecimentos e técnicas em metodologia 
da pesquisa psicológica.
FUNÇÃO DE INTERVENÇÃO
Após um período de formação proissional, é pos-
sível assumir uma posição de intervenção junto a 
atletas de esporte individual ou coletivo. O principal 
objetivo, neste caso, é trabalhar para o desenvolvi-
mento de habilidades psicológicas para melhorar o 
desempenho em competições e treinamento (VE-
ALEY, 2007).
Esta seria, talvez, a função que mais necessita 
de desenvolvimento no Brasil, tendo em vista a não 
existência de uma formação especíica e também a 
falta de conhecimento sobre qual seria o papel de 
um psicólogo esportivo junto a uma equipe ou a 
um atleta. Há muitas atividades que um psicólogo 
esportivo pode realizar junto a equipes esportivas, 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 23
atletas proissionais e amadores, atletas de equipes 
escolares, ou seja, em qualquer contexto envolvendo 
esporte e atividade física, o psicólogo poderá atuar 
visando ao auxílio dos envolvidos. No entanto, é pos-
sível dividirmos em dois tipos de especialidades que 
encontramos na Psicologia do Esporte e do Exercí-
cio contemporâneo: Psicologia Clínica do Esporte e 
Psicologia Educacional do Esporte. Veremos quais 
as principais características de cada uma delas.
Psicologia Clínica do Esporte
De acordo com Brewer e Petrie (2014) e Proctor e 
Boan-Lenzo (2010), esta é a área em que os prois-
sionais são qualiicados, extensivamente, em Psico-
logia. Isso porque aprendem a detectar e a tratar in-
divíduos que apresentam algum tipo de transtorno 
emocional, como depressão, ansiedade, tendências 
suicidas, entre outros transtornos que são detecta-
dos também na população geral. Além disso, este 
trabalho exige uma autorização especíica que, neste 
caso, é dada pelos Conselhos Federal e Regional de 
Psicologia, tendo em vista a profundidade de alguns 
destes problemas, exigindo uma qualiicação especí-
ica para tal.
Há um mito de que o atleta proissional não apre-
senta transtornos emocionais, pois este é visto pela 
população como um sujeito saudável, física e psico-
logicamente. Mas, assim como a população geral, os 
atletas e praticantes de atividade física desenvolvem 
desde transtornos leves até transtornos emocionais 
graves, necessitando, assim, de tratamento especíico. 
Os transtornos mentais estão presentes em qualquer 
estágio do desenvolvimento humano, alguns momen-
tos com maior prevalência que outros, mas há sempre 
a necessidade de cuidado (GULLIVER et al., 2012).
Psicologia Educacional do Esporte
Nesta especialidade, os proissionais recebem trei-
namento extensivo na área de ciência do esporte e 
do exercício, em Educação Física e em Cinesiolo-
gia. Esta é uma área em que os proissionais não 
são habilitados a tratar transtornos emocionais, 
estando capacitados apenas a compreender os as-
pectos psicológicos que podem contribuir para 
um melhor desempenho dos atletas e praticantes 
de atividade física. Este é o gancho importante 
para justiicar como os proissionais da Educação 
Física podem trabalhar com Psicologia do Esporte 
e do Exercício.
O controle da ansiedade, o auxílio no desenvol-
vimento de habilidades psicológicas, da coniança 
e do autocontrole são elementos que não neces-
sitam de uma habilitação em Psicologia para tal. 
Isso porque, na maioria dos casos, é o treinador, o 
preparador físico e o especialista em Ciências do 
Esporte que convivem diariamente com o atleta, 
estando em contato diário com suas característi-
cas mentais positivas e negativas (SI; STATLER; 
SAMULSKI, 2014).
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 25
TENENBAUM, 2007). Desenvolver habilidades 
pessoais, a percepção psicológica em função do ad-
versário (COIMBRA; BARA FILHO; MIRANDA, 
2013), a autoconiança (PALUDO et al., 2016), a 
autodeterminação (OLIVEIRA et al., 2015), o con-
trole das emoções (DIAS et al., 2013) são apenas al-
gumas das possibilidades de trabalho, tendo como 
foco principal as situações concretas em que os 
atletas estão envolvidos.
Há, ainda, a necessidade de se desenvolver um 
trabalho baseado nas características dos atletas. 
Principalmente quando se fala em equipes, há o de-
saio de se pensar nas características individuais de 
cada um dos membros desta. Os estudos sobre per-
sonalidade ajudam a compreender as características 
de cada sujeito, mas não determinam como estes se 
comportarão nem como responderão a determina-
dos estímulos que são emitidos ao longo do proces-
so (ROSADO; FONSECA; SERPA, 2013). Para isso, 
há diversas estratégias de treinamento psicológico 
que podem ser adaptadas às necessidades particu-
lares de cada atleta, levando-os a um autoconheci-
mento mais elaborado e a uma maior autogestão das 
emoções (WEINBERG; GOULD, 2017).
As exigências de desempenho estão cada dia 
maiores, os atletas buscam a excelência a cada trei-
namento, a cada competição, sendo este um dos 
fatores que, naturalmente, levam à percepção das 
diferenças entre um e outro. Proporcionalmente às 
exigências cada vez maiores, os atletas convivem 
com as pressões externas, o que interferem, direta-
mente, no seu desempenho. Voltamos à discussão 
sobre a necessidade de pensarmos o sujeito (neste 
caso o atleta) como um ser biopsicossocial (ROSA; 
TUDGE, 2013), culminando na percepção de que 
a preparação esportivacompreende fatores físicos, 
técnicos, táticos e psicológicos.
Toda preparação envolvida no contexto es-
portivo deve ser pensada e organizada de forma 
a facilitar o trabalho. A intervenção psicológica 
deve ser estruturada de acordo com a realidade 
dos atletas e/ou da equipe esportiva, seguindo 
etapas e pensando na realidade de cada esporte. 
Neste caso, o proissional da psicologia, ao iniciar 
um trabalho no contexto esportivo, deve levar em 
consideração as características de periodização do 
treinamento dos atletas.
Bompa (1999) apresenta três etapas que podem ser 
seguidas durante o que se conhece por uma tempo-
rada de treinamento esportivo: (1) Preparação, (2) 
Competição e (3) Transição. A partir disso, Lidor, 
Blumenstein e Tenenbaum (2007) indicam que a 
preparação psicológica deve reletir as necessidades 
especíicas dos atletas em cada uma das fases. Sendo 
assim, a intervenção psicológica no contexto espor-
tivo deve ocorrer com uma relação muito próxima 
da periodização do treinamento.
26 
PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO 
Seguindo esta perspectiva, Vieira, Vissoci e Oli-
veira (2010) aprofundaram esta discussão no cam-
po da intervenção psicológica e descreveram quatro 
etapas que podem ser seguidas no acompanhamen-
to de atletas de rendimento. A proposta foi dividida 
no seguinte modelo: 
• Etapa 1 - Contato inicial.
• Etapa 2 - Levantamento das necessidades. 
• Etapa 3 - Programa de intervenção. 
• Etapa 4 - Avaliação dos resultados.
As duas primeiras etapas do programa de inter-
venção psicológica são as que ocorrem em menor 
tempo. Isso porque devem ser realizadas logo nos 
primeiros momentos da intervenção. Durante o 
contato inicial, é preciso informar aos envolvidos 
todas as etapas que serão realizadas bem como qual 
o papel de cada envolvido neste processo, momento 
de estabelecimento de rapport (vínculo entre psicó-
logos e equipe esportiva) e também de deinição de 
metas/objetivos a serem atingidos, durante a tempo-
rada. Os objetivos devem ser delimitados de acordo 
com o cronograma da equipe, as competições alvo, 
e também os objetivos individuais, tendo em vista 
que os atletas de esporte coletivo também têm suas 
metas individuais (WEINBERG; GOULD, 2017).
Após todas as apresentações e já com as dúvidas 
sanadas, é o momento de a equipe psicológica realizar 
o levantamento das necessidades psicológicas para a 
equipe alvo. É preciso icar a par dos horários de trei-
namentos, os tipos de treinamento e a rotina diária dos 
atletas, pois isto se torna uma ferramenta de conheci-
mento individual e coletivo dos atletas. O foco princi-
pal é avaliar variáveis psicológicas da equipe e comissão 
técnica. São utilizados testes psicométricos individuais, 
entrevistas e observações de conduta em treinamentos 
e competições (VIEIRA; VISSOCI; OLIVEIRA, 2010).
Os dados obtidos nesta avaliação serão utili-
zados no decorrer do trabalho, mas uma das ava-
liações que ocorre durante todo o trabalho é a 
observação sistemática de treinamentos e competi-
ções, pois, quando realizada de maneira especíica, 
funciona como um instrumento que permite aos 
proissionais da psicologia identiicarem padrões 
de comportamentos dos atletas, da comissão téc-
nica, bem como relacionar estes padrões de com-
portamento dos atletas com o desempenho destes 
(CILLO, 2003). As características psicológicas po-
sitivas e negativas devem ser levadas em considera-
ção a todo momento, pois, silenciosamente, podem 
levar os atletas a aumentarem ou diminuírem seu 
desempenho, muitas vezes, de forma silenciosa, e, 
ao serem negligenciadas, podem causar sérias con-
sequências no decorrer da temporada.
Com as informações coletadas, chega o mo-
mento de executar o programa de inter-
venção, que seguirá o calendário 
esportivo da equipe e/ou do 
atleta. A intervenção psi-
cológica também deve se-
guir uma periodização 
especíica, isto porque 
as exigências psico-
lógicas em cada 
etapa da tempo-
rada esportiva se 
alteram e precisam 
ser reguladas, dependendo 
das exigências. No traba-
lho com atletas de mo-
dalidades individu-
ais, as sessões são 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 27
realizadas de acordo com as necessidades destes, 
mas a periodicidade semanal é uma das priori-
dades. Nos esportes coletivos, esta periodicidade 
também é preservada com atividades em grupo, 
mas, neste caso, há uma especiicidade que deve 
ser levada em conta, as intervenções individuais 
com os atletas, pois esta individualidade também 
precisa ser trabalhada, não com tanta frequência 
quanto às atividades em grupo, mas sempre que se 
achar necessário (SAMULSKI, 2009).
As intervenções são realizadas de um lado 
com características pedagógicas, visando a levar 
os atletas a conhecerem os conceitos psicológicos 
que os afetam diariamente, tais como ativação, an-
siedade, humor, motivação para a prática, entre 
outros. Este conhecimento inicial tem por obje-
tivo fazer com que os atletas cheguem a um au-
toconhecimento sobre suas características, 
sendo capazes de resolver seus próprios 
conlitos emocionais, principalmente, 
em momentos de tensão e competição 
(LIDOR; BLUMENSTEIN; TE-
NENBAUM, 2007).
Temas gerais de discus-
são, como coesão de gru-
po, motivação para a 
prática esportiva, 
melhora da comu-
nicação entre os 
membros e auto-
gestão da saúde 
mental são es-
senciais em qual-
quer equipe. Mas 
fatores especíi-
cos são levados em conta após o levantamento das 
necessidades individuais. Cada equipe terá suas pró-
prias características, e isso deve ser levado em conta. 
O treinamento psicológico que é fornecido aos atle-
tas torna-se importante, pois é uma das formas de 
levá-los ao autoconhecimento e à maior capacidade 
de lidar de maneira eicaz com as exigências físicas 
e emocionais às quais são expostos (WEINBERG; 
GOULD, 2017). 
A intervenção psicológica propriamente dita 
dura o tempo necessário, de acordo com o crono-
grama da temporada em questão e, ao im, é pre-
ciso realizar uma avaliação de todo o processo, vi-
sando a destacar os pontos positivos e negativos do 
trabalho. Uma forma de se fazer esta avaliação é 
pelos resultados da equipe ou dos atletas durante a 
temporada, mas basear o sucesso ou o fracasso de 
um trabalho apenas pelos títulos alcançados pode 
ser uma estratégia não muito adequada (ÁLVAREZ 
et al., 2013). 
É preciso reconhecer quais mudanças signii-
cativas ocorreram durante este processo, como os 
atletas se percebem após todo o trabalho realizado, 
a opinião da comissão técnica, ou seja, de todos os 
envolvidos. Pois, apenas com esta avaliação inal 
é possível realizar uma reestruturação do trabalho 
para que no ano seguinte as atividades possam ser 
realizadas de forma mais especíica possível. O ob-
jetivo sempre será levar os atletas a melhorarem 
seu desempenho esportivo, mas isso só será possí-
vel se metas reais forem traçadas. Metas reais ten-
dem a ser atingidas com trabalho e dedicação, mas 
metas que são deinidas sem uma avaliação correta 
tendem a não ser atingidas e podem gerar frus-
tração, sendo um ponto muito negativo em qual-
quer trabalho que seja realizado (WEINBERG; 
GOULD, 2017).
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 29
capacidades individuais dos alunos e os incenti-
varem a praticarem atividades que estimulem sua 
mente. Além disso, o desenvolvimento humano 
deve ser encarado como um processo que ocorre 
em diversas frentes: físico, cognitivo, afetivo, social 
e moral (SANTOS, 2016). 
iniciação de uma criança no esporte é permeada de 
mudanças, novas interações sociais e a possibilidade 
de se adaptar a novas realidades.
O esporte praticado nas escolas pode ser tam-
bém um trampolim para a proissionalização. E este 
aspecto envolve também um ponto importante, que 
é o econômico. Quanto mais desigualdade social um 
país apresenta, mais as pessoas buscam alternativas 
para melhorar suas condições de vida, e o esporteé uma destas ferramentas (MACHADO; MOIOLI; 
PRESOTO, 2016). Por isso, as relações devem ser 
estabelecidas sempre visando o desenvolvimento 
natural das crianças, sem a obrigatoriedade de se re-
alizar uma atividade não desejada.
A prática esportiva na infância não deve ser en-
carada apenas como um trampolim social, tampou-
co como uma obrigatoriedade de que estas crianças 
venham a se tornar atletas proissionais. Mesmo que 
a etapa escolar seja um momento de desligamento 
das questões familiares, a família continua com um 
papel fundamental no desenvolvimento das crian-
ças, motivo este pelo qual as discussões sobre a rela-
ção cada vez mais próxima das famílias com o con-
texto escolar são importantes.
Toda atividade que o ser humano realiza pre-
cisa ser um momento que lhe cause prazer, e com 
as crianças e os adolescentes não é diferente. Este 
início da carreira esportiva pode ser um momento 
não tão agradável assim, tendo em vista as diversas 
variáveis envolvidas neste processo. Estas variáveis 
terão sua parcela de inluência na continuidade da 
prática esportiva, mas também na possibilidade de 
abandono da prática.
Algumas pesquisas têm sido conduzidas com o 
intuito de compreender o que se chama de dropout, 
um fenômeno para nomear o abandono esportivo 
(PIRES; BRANDÃO; MACHADO, 2005). Há di-
Há sempre um foco maior em atletas proissionais 
quando o assunto é esporte, mas estes mesmos atle-
tas tiveram seu período de aprendizagem e de de-
senvolvimento antes de se tornarem os atletas que 
são. O comportamento humano adapta-se de acor-
do com as características do ambiente em que está 
inserido e, durante seu desenvolvimento, há com-
portamentos que são inatos (ligados aos fatores bio-
lógicos) e os que são moldados pela atividade cultu-
ral das pessoas com as quais se relaciona. Berger e 
Luckmann (2012) descrevem que o indivíduo nasce 
e se torna membro de uma sociedade, ou seja, é um 
ser social, que vive em grupo.
Ao sair do seio da família e adentrar ao contexto 
escolar, a criança passa a se relacionar com pessoas 
de outras culturas e locais, rompendo com o modelo 
de educação que vinha recebendo em casa, e, assim, 
passa a receber inluência deste novo núcleo de con-
vivência (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). A 
30 
PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO 
versas causas para o abandono precoce da prática 
esportiva, tais como as elevadas exigências técnicas, 
os treinos exaustivos e a não adaptação psicológica 
às demandas do contexto (FONSECA; ZECHIN; 
MANGINI, 2014). 
A intervenção psicológica, no contexto do início 
da carreira esportiva, perpassa também o contexto 
escolar e deve ser realizada de forma adequada, ten-
do em vista sua complexidade, pois envolve múlti-
plas responsabilidades. Estas responsabilidades são 
referentes aos próprios atletas jovens, aos pais, aos 
técnicos, aos professores, aos árbitros e, até mesmo, 
aos torcedores que acompanham o desenvolvimen-
to dos jovens atletas. A intervenção, neste momento, 
visa a uma relexão por parte dos envolvidos de que 
o futuro é incerto, e o trabalho a ser realizado neste 
momento é o de direcionar o jovem a ter a capacida-
de de decidir o que fará com sua vida ao longo dos 
anos que virão.
É preciso icar atento, pois o esporte com 
crianças e adolescentes também tem um caráter 
recreativo e formativo. Não necessariamente se 
tornarão grandes atletas do esporte mundial, mas, 
claro, os exemplos dos adultos devem ser utiliza-
dos também, tendo em vista que as crianças e os 
jovens seguem seus passos, e a responsabilidade 
destes chamados “exemplos” cresce a cada com-
portamento realizado.
 31
considerações inais
Para encerrar, faremos uma retomada do assunto que foi discutido nesta Unidade 
cuja estrutura foi elaborada com o intuito de que você, aluno(a), fosse apresenta-
do(a) aos elementos iniciais da Psicologia do Esporte e do Exercício.
Foram apresentados quatro tópicos principais para a compreensão inicial da 
área. Iniciamos falando um pouco sobre como começaram as discussões relacio-
nadas à importância da Psicologia ao ser utilizada no contexto esportivo para 
ajudar os atletas a melhorarem seu desempenho. Este início foi marcado por ex-
periências especíicas, em determinados países que ainda hoje são os grandes 
produtores cientíicos da área.
Em seguida, entramos nas discussões sobre como a Psicologia do Esporte e 
do Exercício está na atualidade, as relações entre a Educação Física e a Psicolo-
gia, como grandes áreas precisam se estreitar cada vez mais, sempre buscando 
o desenvolvimento dos interesses em comum. Só com a união dos proissionais 
é que poderemos ter mais destaque no trabalho com o contexto esportivo e a 
atividade física.
Finalizamos a Unidade I apresentando duas formas de pensar a atuação da 
Psicologia do Esporte e do Exercício hoje. A intervenção no esporte de rendi-
mento, que é o campo de trabalho em que as pessoas mais acreditam estar inseri-
da a Psicologia. Mas não devemos nos esquecer de que os grandes atletas inicia-
ram suas carreiras em locais e equipes com características diferentes. O início da 
carreira e seu desenvolvimento, que será discutido de forma mais especíica na 
Unidade II, precisa ser considerado e, muitas vezes, o esporte escolar é o início 
de muitas carreiras de sucesso.
Espero que esta explicação inicial tenha despertado em você o interesse por 
compreender melhor quais as contribuições que a Psicologia pode trazer para o 
contexto esportivo. Cada área com suas especiicidades pode e deve contribuir 
para o desenvolvimento humano e, assim, levar os atletas a melhores desempe-
nhos, dentro de suas próprias possibilidades.
32 
atividades de estudo
1. Mário sempre quis ser professor de Educação Física, no entanto ele se sente frus-
trado porque seus alunos do Ensino Médio têm pouco interesse em desenvolver 
capacidades e em aprender habilidades básicas. O objetivo de Mário é motivar 
os alunos sedentários a engajarem-se em atividades físicas. Neste sentido, é im-
portante que Mário conheça alguns elementos principais da área chamada Psi-
cologia do Esporte (WEINBERG; GOULD, 2008). Considere as assertivas a seguir:
I - O psicólogo do esporte e do exercício identiica princípios e diretrizes que 
os proissionais podem usar para ajudar adultos e crianças a participarem 
e se beneiciarem de atividades esportivas e de exercícios.
II - Entender como os fatores psicológicos afetam o desempenho físico de um 
indivíduo pode ser considerado um dos objetivos da Psicologia do Esporte.
III - Entender como a participação em esportes e exercícios afeta o desen-
volvimento psicológico, a saúde e o bem-estar de uma pessoa pode ser 
considerado um dos objetivos da Psicologia do Esporte.
IV - A Psicologia do Esporte aplica-se a uma ampla parcela da população.
Assinale a alternativa que contenha assertivas verdadeiras sobre a Psicologia do Esporte:
a) I e II.
b) II e III.
c) I e III.
d) I e IV.
e) I, II, III e IV.
2. Os proissionais que atuam no contexto da Psicologia do Esporte e do Exercício 
têm possibilidade de atuação junto a diversos atletas e a modalidades esportivas, 
e não apenas atletas proissionais, como também atletas amadores e aqueles 
que praticam atividade física. Analise as alternativas a seguir e assinale aquela 
que melhor representa o motivo pelo qual cada um destes tipos de atletas prati-
cam o esporte/atividade física. Siga a ordem: atletas proissionais, atletas amado-
res e praticantes de atividade física.
a) Orientados para performance; orientados para a superação de recordes; 
foco na competição.
b) Orientados para competição; orientados para o bem-estar; orientados 
para o lazer.
c) Opção proissional; foco na superação pessoal; prazer da atividade física.
d) Questão de sobrevivência; escolha da prática como meio de vida; diiculda-
de em aderir ao exercício.
e) Relexão sobre a prática; cobrança pessoal e institucional; sem intenção decompetir.
 33
atividades de estudo
3. Há muito o que se fazer no contexto da Psicologia do Esporte e do Exercício, e 
isso se deine, também, dependendo da área em que se atua. É possível inserir 
o trabalho da Psicologia do Esporte e do Exercício em diversas frentes, como o 
esporte de rendimento, esporte escolar, esporte recreativo, prevenção, saúde e 
reabilitação. Assinale a alternativa correta sobre o esporte escolar:
a) Contexto em que se analisa a modiicação dos fatores psíquicos determi-
nantes do rendimento no esporte, com a inalidade de melhorá-lo e otimi-
zar o processo de recuperação.
b) É o contexto em que se analisa o comportamento recreativo de grupos 
de diferentes faixas etárias, classes socioeconômicas e atuações de dife-
rentes motivos.
c) Parte do princípio de se analisar, por um lado, os processos de ensino e 
aprendizagem e, por outro, processos de educação e socialização.
d) Principais temas de análise são esporte e personalidade, agressão, inte-
ração entre treinador e atleta, estresse psíquico na competição e motiva-
ção esportiva.
e) Contexto em que são pesquisadas as possibilidades preventivas e terapêu-
ticas do esporte.
4. Muitas discussões são realizadas atualmente sobre esta área de atuação, conhe-
cida como Psicologia do Esporte e do Exercício, por isso, é importante conhecer 
qual o propósito desta área. Baseando-se nas discussões de Weinberg e Gould 
(2007), descreva o que é (deinição) Psicologia do Esporte e do Exercício, ressal-
tando quais os dois objetivos principais desta área de atuação.
5. A atuação proissional mais conhecida no contexto da Psicologia do Esporte e do 
Exercício está relacionada aos esportes de alto rendimento, mas não é só isso o 
foco do psicólogo do esporte. Os psicólogos do esporte modernos seguem car-
reiras variadas, desempenhando três papéis básicos em suas atividades prois-
sionais. Explique quais são os três campos de atuação de um psicólogo esportivo, 
abordando seus papéis principais.
36 
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Referência on-line:
1Em: <http://www.apadivisions.org/division-47/index.aspx>. Acesso em: 30 jul. 2018.
INTRODUÇÃO
A
pós a apresentação sobre a história da Psicologia do Esporte 
e do Exercício, chega o momento de começarmos a discutir 
sobre alguns assuntos mais especíicos de como pode ser reali-
zado o trabalho dentro desta área. A partir da Unidade II, co-
meçaremos um percurso mais detalhado sobre temáticas que envolvem 
questões individuais dos atletas e também as questões de grupo.
No contexto da Psicologia, é extremamente importante compreender 
o desenvolvimento humano. É por meio de teorias que nos embasamos 
para identiicar o momento em que as pessoas estão dentro do quadro 
de desenvolvimento e, assim, podermos deinir também as formas que 
podemos utilizar para agir junto a estas pessoas. Com isso, discutiremos 
um pouco sobre algumas teorias especíicas da Psicologia que nos levam 
a compreender o desenvolvimento humano de forma mais detalhada.
A partir daí, estudaremos também uma característica que todos te-
mos, mas que também é muito especíica, a personalidade. Esta precisa 
ser compreendida dentro de alguns parâmetros para que, cientiicamen-
te, possamos entender melhor as pessoas com quem convivemos. E já que 
falaremos sobre desenvolvimento humano, estudaremos, também, como 
se dá o desenvolvimento de crianças e adolescentes por meio do esporte 
e quais as contribuições que o contexto esportivo pode trazer para este 
público, como ser um elemento de desenvolvimento moral. 
Por im, veremos por quais fases estas crianças e adolescentes passam 
até se tornarem atletas proissionais de sucesso ou, às vezes, nem tanto 
assim. É preciso, também, dividir as fases de desenvolvimento dentro do 
contexto esportivo para que, assim, possamos ter uma visão mais especí-
ica em cada um dos momentos em que esses atletas estão vivendo.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 45
Todo proissional que trabalha diretamente com 
pessoas deve ter conhecimento básico sobre como 
elas se comportam, como elas chegaram até ali, en-
im, é preciso conhecê-las. A Psicologia, enquanto 
uma ciência, fornece elementos essenciais para que 
as pessoas possam se relacionar de forma eiciente e 
em busca de atingir os objetivos traçados em algum 
contexto, no nosso caso, o esportivo.
Todas as decisões que tomamos ao longo de nos-
sas vidas são baseadas na nossa história (passado), 
levando em consideração as pessoas com quem con-
vivemos diariamente (presente) e, principalmente, 
pensando nos objetivos que pretendemos alcançar 
(futuro). Começamos, então, a nos questionar sobre 
o porquê de algumas pessoas escolherem se dedicar 
ao esporte e, dentro deste contexto, se dedicarem a 
modalidades esportivas especíicas (ALVES, 2015; 
SENA et al., 2017).
Antes de falarmos em desenvolvimento do atle-
ta, precisamos compreender o desenvolvimento do 
ser humano, pois, antes de escolher ser atleta, o in-
divíduo precisa aprender a ser um sujeito posto em 
um contexto. As relações humanas são estabeleci-
das, e o primeiro núcleo social em que a criança é 
inserida é a família (LEME et al., 2016), o que nos 
leva a compreender que as principais características 
que apresentamos atualmente foram também in-
luenciadas por esta família.
A Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Hu-
mano, uma proposta consistente de Bronfenbrenner 
(2011), leva-nos a compreender, por exemplo, quais 
motivos levam as pessoas a se envolverem em de-
terminadas atividades, entre elas, as atividades es-
portivas. Esta teoria oferece-nos a possibilidade de 
compreender o desenvolvimento humano a partir 
de sistemas que inluenciam o desenvolvimento, ao 
mesmo tempo em que são inluenciados.
Para começarmos a discutir essa teoria, precisa-
mos entender sua principal característica. Segundo 
Bronfenbrenner (2011), o desenvolvimento humano 
é resultado da interação entre o indivíduo e o am-
biente em que ele está inserido. Essa interação dá-
-nos a perspectiva de compreender as características 
deste indivíduo, bem como as suas relações com as 
outras pessoas e com o ambiente. Além disso, é por 
meio dela que as atividades são realizadas e, tam-
bém, sua história é construída.
46 
PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO 
A partir do que se observa na Figura 1, podemos com-
preender a divisão do desenvolvimento humano em 
etapas, ou melhor dizendo, em sistemas. O desenvolvi-
mento humano é considerado um processo que depen-
de de uma interação sinérgica de quatro componentes: 
o Processo, a Pessoa, o Contexto e o Tempo (BRON-
FENBRENNER, 2011). Estas interações constantes 
ocorrem ao longo do desenvolvimento humano, que é 
tanto produto quanto produtor do seu processo. Veja-
mos as características de cada um destes componentes:
multidimensional que esta abordagem nos fornece, 
implicando respeitar o espaço de todos os proissio-
nais envolvidos no processo.
A representação gráica do modelo bioecológico 
pode ser uma das principais formas de compreen-
dermos o seu signiicado. Isso pode ser ilustrado na 
Figura 1.
As pesquisas sobre o desenvolvimento de atletas 
apresentam bastante semelhança com as caracterís-
ticas da abordagem bioecológica, pois compreen-
dem os processos que são gerados ao longo do tem-
po e o desenvolvimento biopsicossocial do sujeito/
atleta que está dentro deste ambiente (ROTHER; 
MEJIA, 2015). Isto nos leva a considerar toda a ótica 
Figura 1 - Modelo de Bronfenbrenner
Fonte: adaptado de Bronfenbrenner (2011).
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 47
PROCESSO
O Processo representa todas as mudanças que 
ocorrem no desenvolvimento da pessoa. Bron-
fenbrenner enfatizou o papel desempenhado pela 
pessoa em seu próprio desenvolvimento por meio 
de um mecanismo denominado processos proxi-
mais (ROSA; TUDGE, 2013). As interações entre a 
pessoa e o ambiente são importantes, mas só serão 
eicazes se ocorrerem com regularidade e ao longo 
de períodos extensos de tempo (LEME et al., 2016). 
Os processos proximais são o centro da teoria bio-
ecológica e são vistos como as forças motrizes do 
desenvolvimento humano (BRONFENBRENNER; 
MORRIS, 2006).
PESSOA
O segundo elemento considerado por Bron-
fenbrenner em sua teoria é a Pessoa. Este elemen-
to envolve características biológicas e psicológicas 
que são já determinadas, mas também envolve as 
características que surgem como resultado das in-
terações com o ambiente (BRONFENBRENNER, 
2011). Neste sentido é que se denominam caracte-
rísticas biopsicológicas, que são produto e produ-
toras do seu desenvolvimento. Leme et al. (2016) 
descrevem que este elemento Pessoa apresenta três 
características biopsicológicas, as quais denominam 
Força, Recursos e Demandas.
Força
A Força é considerada a mais provável de in-
luenciar os resultados de desenvolvimento de 
uma pessoa, seja de forma geradora ou disrupti-
va. As características desenvolvimentais gerado-
ras contemplam a curiosidade, disposição para 
engajar-se em atividades solitárias ou coletivas, 
prontidão para seguir metas de longo prazo. Já as 
características disruptivas envolvem impulsivida-
de, intempestividade, distração, falta de habilidade 
para adiar gratiicações imediatas, agressividade 
(ROSA; TUDGE, 2013).
Recursos
A característica dos Recursos é de inluenciar as ha-
bilidades da pessoa em engajar-se efetivamente nos 
processos proximais (BRONFENBRENNER; MOR-
RIS, 2006). Estes recursos podem sofrer algumas 
limitações, tais como deiciências que restringem 
ou inibem o desenvolvimento da pessoa. Estas de-
iciências podem variar como doenças físicas e/ou 
mentais, distúrbios genéticos e também podem ser 
relacionados à competência da pessoa, ao conheci-
mento e às experiênciasadquiridas ao longo da vida 
(LEME et al., 2016).
Demandas
Por im, as Demandas contemplam as caracterís-
ticas da pessoa que estimulam ou desencorajam as 
reações ao ambiente, o que pode contribuir, ou não, 
para o aumento dos processos proximais (BRON-
FENBRENNER; MORRIS, 2006). Um exemplo de 
como nossas características sofrem esta inluência 
são as questões de aparência física, idade, gênero e 
etnia, que são inluenciadas constantemente pelas 
crenças, pelos valores e pelos papéis sociais estabele-
cidos pela cultura em que a pessoa vive.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 51
Após compreendermos como se dá o desenvolvi-
mento humano de forma geral, a partir dos conhe-
cimentos de Bronfenbrenner (2011), precisamos 
detalhar algumas características individuais que 
nos levam a compreender melhor alguns compor-
tamentos e atitudes das pessoas. Uma das carac-
terísticas mais discutidas e também mais contro-
versas é a personalidade, que, por si só, nos leva 
à compreensão de que somos seres humanos. A 
personalidade é a característica comum a todos os 
seres humanos e o que nos diferencia dos demais 
seres vivos.
Muito se ouve, no dia a dia, sobre o que é perso-
nalidade e, partindo para a literatura da Psicologia 
do Esporte, Weinberg e Gould (2017) descrevem-na 
como um conjunto de características de uma pessoa 
que a faz única. Pensando nesse conjunto de carac-
terísticas, há diversas teorias e diversos instrumen-
tos que são utilizados para descrever este fenômeno 
na vida do ser humano. As organizações esportivas 
fazem esforços constantes para um desenvolvimen-
to dinâmico e o máximo de facilidades para manter 
seus atletas, mas, apesar de todo este esforço, apenas 
uma pequena parcela destes atletas chega ao topo 
(KHAN et al., 2016).
É comum encontrarmos pesquisas no âmbito 
esportivo que analisam a personalidade dentro de 
padrões. Podemos considerar que as teorias que 
compõem o que se conhece por Abordagem Traço 
são muito utilizadas neste meio. Esta abordagem 
pressupõe que as características principais da perso-
nalidade de uma pessoa são relativamente estáveis, 
ou seja, os traços são permanentes e consistentes 
em diversas situações. Um dos modelos mais aceitos 
hoje é o dos cinco grandes fatores da personalidade, 
conhecido também como Big 5 (ALLEN; GREEN-
LESS; JONES, 2013).
A razão para que os modelos da abordagem 
traço sejam muito utilizados no contexto esportivo 
circunda a necessidade de alguns treinadores e ges-
tores esportivos compreenderem quais atletas terão 
sucesso, ou não, a partir de uma medida psicológica. 
Este fato é muito completo, tendo em vista que as 
características atuais de uma pessoa não determi-
nam o caminho que ela seguirá. O fato de um atleta 
apresentar determinado traço psicológico que o pre-
disponha a se comportar de determinada maneira 
não signiica que isso ocorrerá em todas as situações 
(WEINBERG; GOULD, 2017).
O Modelo Big 5 é composto por cinco diferentes 
aspectos associados com o conceito de personalidade: 
• Variação individual de um indivíduo sobre 
o design evolucionário geral para a natureza 
humana, expressa como um padrão em de-
senvolvimento de:
• Traços disposicionais. 
• Adaptações características.
• Histórias de vida integrativas complexas e di-
ferencialmente situadas.
• Em cultura (LIDOR, 2014). 
Baseados em teorias como esta, é possível veriicar o 
que se chama de “personalidade do esporte”, referên-
cia a atletas que possuem determinadas caracterís-
ticas e qualidades que os levam a se tornar grandes 
atletas, como disciplina, inteligência de jogo, con-
trole emocional, motivação positiva, entre outros 
(SAMULSKI, 2009).
A principal característica do modelo Big 5 é a 
deinição dos cinco traços de personalidade mais 
amplos, chamados de Extroversão, Amabilidade, 
Conscienciosidade, Neuroticismo e Abertura para 
Experiências (GOMES; GOLINO, 2012). Vejamos 
cada uma destas características como ilustradas 
na Figura 2.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 55
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 57
de regra social ou de justiça. O segundo momento, 
chamado Heteronomia, surge quando a criança já 
é capaz de compreender, rudimentarmente, as re-
gras sociais e apresenta pouca noção de justiça. Já 
o último momento, conhecido por Autonomia, é a 
fase em que os adolescentes apresentam consciên-
cia de que as regras são importantes instrumentos 
que regulam as relações sociais (FREITAS, 2002; 
LELEUX, 2003).
A partir das discussões iniciais de Piaget, Kohl-
berg (1964, 1981, 1984) desenvolve suas ideias 
empiricamente e sistematiza todo o conhecimen-
to sobre o desenvolvimento moral em estágios 
sequenciais e organizados hierarquicamente. Ao 
apresentar o conceito de “competência moral”, 
Kohlberg (1964) explica como o sujeito tende a 
agir, conscientemente, quando se depara com situ-
ações que envolvem aspectos morais. Por consciên-
cia moral entende-se que é a “capacidade de tomar 
decisões e emitir juízos morais (baseados em prin-
cípios internos) e a agir de acordo com tais juízos” 
(KOHLBERG, 1964, p. 425).
Kohlberg (1971) explica esses conceitos por 
meio de três estágios de desenvolvimento moral 
(Pré-Convencional, Convencional e Pós-Conven-
cional), e cada estágio é subdividido em dois níveis, 
como descritos a seguir:
58 
PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO 
Estágios do Desenvolvimento Níveis de Consciência Moral Noção de Justiça
Pré-Convencional 1. Orientação “Punição-obediência”
Ordem Social 
Os mais fracos devem obediência 
aos mais fortes.
A criança é capaz de responder 
a regras culturais, noção de 
bom e mau, certo e errado.
2. Orientação 
instrumental-relativista
Polidez 
Troca de agrados ou ofensas. Tratar 
os outros como eles lhe tratam.
Convencional 3. Orientação “Bom moço” Compreensão da regra de outro Relexão sobre o role taking.
As crianças neste estágio 
demonstram como é 
importante satisfazer as 
expectativas da família ou do 
grupo social pertencente.
Neste nível, observa-se uma orientação no sentido de autoridade, de papéis ixos e de manutenção da ordem 
4. Orientação “Lei e Ordem”
Perspectiva de 
manutenção da lei e da ordem
Pós-Convencional 5. Orientação Legalismo social-contratual
Princípio racional de 
legitimação do direito justa é aquela que é deinida em termos de direitos individuais gerais e padrões examinados pela sociedade 
Principal característica deste 
estágio é o sujeito agir de 
acordo com os princípios 
morais universais, baseados na 
reciprocidade e igualdade.
conceitos de reversibilidade e universalidade. Neste período, justo é aquilo que é deinido pela decisão que é 
6. Orientação no sentido de 
princípios éticos universais
Moral point of view
Quadro 1 - Etapas do desenvolvimento moral segundo Kohlberg
Fonte: Kohlberg (1971, 1976, 1981).
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 59
Nível 1: Orientação “punição-obediência”
Uma ação é considerada boa ou má a partir das consequências físicas que ela gera. As crianças neste nível ainda 
não conseguem realizar operações mentais concretas no sentido de reversibilidade, ou seja, no sentido da reci-
procidade lógica. A justiça é compreendida no sentido de uma ordem social, castigo, punição (HABERMAS, 1990).
Nível 2: Orientação instrumental-relativista
Todas as ações que satisfazem instrumentalmente as próprias necessidades (e ocasionalmente a necessidade 
dos outros) são consideradas ações justas. A noção de reversibilidade lógica já está presente e pode ser ilus-
trada no seguinte ponto: “tu te inclinas a mim e eu me inclino a ti” (HABERMAS, 1990, p. 60).
Relexão sobre o 
Nível 3: Orientação “bom moço”
O comportamento que agrada aos outros é considerado o ideal e adequado. As pessoas consideradas autori-
dades e as instituições reconhecidas socialmente são importantes, pois as regras e convenções determinadas 
por elas embasam aquilo que é correto e moral. Este é o estágio em que o sujeito pode assumir uma função 
(role taking) ou diferentes papéis(APEL, 1994).
expectativas da família ou do 
Nível 4: Orientação “lei e ordem”
Neste nível, observa-se uma orientação no sentido de autoridade, de papéis ixos e de manutenção da ordem 
social (HABERMAS, 1990). A manutenção da ordem social é considerada a principal forma de perspectiva moral 
(BATAGLIA; MORAIS; LEPRE, 2010).
Nível 5: Orientação Legalismo social-contratual
Principal característica deste nível é o princípio do contrato social e dos direitos à vida e à liberdade, uma ação 
justa é aquela que é deinida em termos de direitos individuais gerais e padrões examinados pela sociedade 
(BATAGLIA; MORAIS; LEPRE, 2010). Mas é preciso considerar que alguns direitos e valores são considerados re-
lativos, ou seja, devem ser sustentados por toda a sociedade, independente da opinião da maioria, neste caso, 
estamos falando de vida e liberdade (LELEUX, 2003).
Nível 6: Orientação no sentido de princípios éticos universais
Nível de desenvolvimento moral em que está presente o conceito de competência de juízo moral, além dos 
conceitos de reversibilidade e universalidade. Neste período, justo é aquilo que é deinido pela decisão que é 
tomada de forma autônoma, baseada na consciência, de acordo com os princípios éticos (KOHLBERG, 1964). 
Considera-se ainda que, neste nível de desenvolvimento moral, estejam presentes os princípios éticos univer-
sais de justiça (igualdade de valores) válidos pela humanidade.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 61
66 
PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO 
Pensar na carreira esportiva baseada nestas fases 
é considerar uma carreira com transições chamadas 
normativas. Esta Transição Esportiva Normativa é re-
lativamente previsível, segundo a lógica do desenvol-
vimento esportivo, seguindo padrões de organização 
esportiva e sem levar em consideração aspectos que 
possam atrapalhar este desenvolvimento (STAMBU-
LOVA, 2014). Mas é preciso pensar também nas Tran-
sições Esportivas Não-Normativas, que são menos 
previsíveis e estão relacionadas às questões esportivas, 
como lesões, mudanças de clube, perda de patrocínio 
e também a questões não esportivas da vida do atleta, 
que envolvem a separação dos familiares, insucesso 
nos estudos, problemas inanceiros e relacionamentos 
afetivos (SAMULSKI; MARQUES, 2009).
O apoio social e emocional ao atleta é de ex-
trema importância nos momentos de transi-
ção de carreira.
(Geraldine M. Murphy)
REFLITA
Pensar nas etapas que um atleta pode passar ao longo 
de sua vida é de extrema importância, principalmente, 
porque, como vimos, há fatores que são mais previsí-
veis e os que são menos previsíveis. O grande desaio 
desta temática e da prática é pensar no atleta a partir de 
seu desenvolvimento biopsicossocial e estar atento aos 
elementos que podem, de alguma maneira, inluenciar 
a transição de uma fase a outra. O trabalho realizado 
a partir da integração de diversos proissionais, como 
psicólogos, proissionais de Educação Física, especia-
listas em Administração e Marketing Esportivo pode 
facilitar a possibilidade de diminuir os fatores que pos-
sam por ventura prejudicar o andamento da carreir
 67
considerações inais
Chegamos ao inal da nossa Unidade II da disciplina de Psicologia do Esporte e 
do Exercício, em que começamos a compreender um pouco mais sobre as carac-
terísticas especíicas das pessoas que estão envolvidas no contexto esportivo, no 
caso, os atletas.
Discutimos, aqui, quatro pontos que são essenciais para compreendermos 
um pouco do que ocorre no desenvolvimento humano, baseando nossas discus-
sões no contexto esportivo. Pensar no desenvolvimento humano é pensar em 
quais características são importantes neste momento e, para isso, utilizamos uma 
das teorias que nos levam a pensar de forma global este processo, a Teoria Bioe-
cológica do Desenvolvimento Humano de Bronfenbrenner.
Bronfenbrenner faz-nos pensar em como nossa vida vai se desenvolvendo em 
algumas etapas e em relações que vamos assumindo ao longo do tempo. Mas, in-
dividualmente, é a personalidade que começa a ser importante, pois é o conjunto 
de características que adquirimos ao longo do tempo, a partir de características 
próprias e também de elementos de fora que são internalizados, do ambiente, das 
relações que estabelecemos.
Ao entrarmos, especiicamente, no contexto esportivo, vimos como ocorre 
o desenvolvimento psicológico de crianças e adolescentes por meio do espor-
te, assumindo que o esporte pode ser um ótimo contexto para se adquirir ca-
racterísticas psicológicas e comportamentais positivas. Já, quando o assunto é 
esporte proissional, o desenvolvimento da carreira bem estabelecido torna-se 
fundamental para que o atleta possa realizar suas transições de fase de forma 
saudável até chegar a uma aposentadoria baseada em bons desempenhos e bons 
relacionamentos dentro do esporte.
A partir destes elementos, o objetivo é levar a você, aluno(a), um pouco da 
compreensão de como as características individuais são importantes para o de-
senvolvimento humano e também para o desenvolvimento esportivo, seja no 
contexto esportivo proissional, seja no contexto esportivo voltado para a quali-
dade de vida e que contribui para o desenvolvimento humano.
68 
atividades de estudo
1. As transições de carreira são elementos importantes para se compreender 
como o atleta reage às mudanças que ocorrem ao longo de sua vida. A fase 
de aposentadoria é considerada uma das mais complexas, tendo em vista 
que muitos atletas não se preparam para ela, e pode apresentar aspectos 
que diicultam a inalização saudável desta carreira esportiva. Considerando 
esta fase de aposentadoria, assinale a alternativa que contém indicadores 
deste processo mal elaborado:
a) Diiculdade de desenvolver um novo papel social.
b) Proximidade entre nível de aspiração e nível de habilidade.
c) Relacionamentos de apoio ilimitados.
d) Experiência prévia com situação de perda.
e) Apoio das instituições esportivas para a superação desse momento.
2. A palavra personalidade tem origem no latim persona, que se referia a uma 
máscara teatral usada pelos atores romanos, nas encenações. Esses atores 
antigos usavam máscara, que representava o papel em que se projetava este 
“falso eu”. Sobre a personalidade, analise as airmativas a seguir:
I - Por personalidade, os psicólogos contemporâneos querem referir-se 
àqueles padrões relativamente consistentes e duradouros de percep-
ção, pensamento, sentimento e comportamento que dão às pessoas 
identidade distinta.
II - Personalidade é o padrão de características constantes que produzem 
consistência e individualidade em determinada pessoa.
III - A personalidade não pode ser vista como uma integração ou totalida-
de complexa e dinâmica, moldada por muitas forças.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas a airmativa I é correta.
b) Apenas a airmativa II é correta.
c) Apenas a airmativa III é correta.
d) Apenas as airmativas I e II são corretas.
e) Todas as airmativas estão corretas.
 69
atividades de estudo
3. Como abordamos, a personalidade é um aspecto do ser humano que lhe 
garante individualidade e permite que sejamos considerados únicos. O mo-
delo Big 5 da personalidade tem sido um dos mais utilizados em diversos 
contextos, inclusive, no esportivo. Segundo o modelo dos fatores, são cinco 
as dimensões básicas da personalidade: Extroversão, Amabilidade, Conscien-
ciosidade, Estabilidade Emocional (ou neurose) e Abertura para Experiências. 
Assinale a alternativa que apresenta a deinição correta do fator Extroversão:
a) Propensão de um indivíduo para acatar a ideia dos outros. As pessoas 
com esta característica são cooperativas, receptivas e coniáveis.
b) Uma pessoa com esta característica é responsável, organizada, coniá-
vel e persistente. 
c) Refere-se à capacidade de uma pessoa para lidar com o estresse. As 
pessoas com esta característica costumam ser calmas, autoconiantes 
e seguras. 
d) Refere-se aos interesses de uma pessoa e ao seu fascínio

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