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Pâmela Brandão da Silva – Medicina UniFG 2020.2 (Semestre II) 
UCIV – Abrangência das ações de saúde 
 
1 
 
 
TUTORIA 1 – MÓDULO 4 – 10/08/2020 
SP1- “Por onde começar? ” 
 1) RECONHECER A HISTÓRIA DA IMPLANTAÇÃO DO SUS, COM SEUS 
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES, ABRANGENDO O UNIVERSO DOS 
CUIDADOS À SAÚDE DA POPULAÇÃO NO PAÍS. 
LINHA DO TEMPO: A HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL 
Com 518 anos de história brasileira – contados a partir da vinda dos portugueses –, as políticas 
de saúde sofreram diversas mudanças. 
 
Colonização e Império: pouco – ou nada – feito em relação à saúde pública no Brasil 
Como se sabe, antes da chegada de europeus em território brasileiro, os povos indígenas já o 
habitavam há centenas de anos. Os povos indígenas já tinham enfermidades, mas com a 
colonização portuguesa tudo piorou, principalmente pela conhecida expressão usada em aulas 
sobre a história do Brasil: as “doenças de branco”. Doenças comuns na Europa, que não existiam 
no Brasil, acabaram sendo trazidas. O ponto de atenção é de que os indígenas não tinham 
imunidade para elas e a consequência foi a morte de milhares deles. Durante os 389 anos de 
duração da Colônia e do Império, pouco ou nada foi feito com relação à saúde. Não havia políticas 
públicas estruturadas, muito menos a construção de centros de atendimento à população. Além 
disso, o acesso a tratamentos e cuidados médicos dependia da classe social: pessoas pobres e 
escravos viviam em condições duras e poucos sobreviviam às doenças que tinham. As pessoas 
nobres e colonos brancos, que tivessem terras e posses, tinham maior facilidade de acesso a 
médicos e remédios da época. Portanto, suas chances de sobrevivência eram maiores. Com a 
chegada da Família Real portuguesa ao Brasil, em 1808, e a sua vontade em desenvolver o Brasil 
para que se aproximasse da realidade vivida em Portugal, uma das primeiras medidas foi a 
fundação de cursos universitários. Foram criados cursos de Medicina, Cirurgia e Química, sendo 
os pioneiros: a Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro e o Colégio Médico-Cirúrgico no Real 
Hospital Militar de Salvador. Assim, aos poucos, os médicos estrangeiros foram substituídos por 
médicos brasileiros, ou formados no Brasil. 
 
Caridade, filantropia e saúde: o papel das Santas Casas de Misericórdia 
A ligação entre entidades religiosas e tratamentos de saúde é bastante forte e existe desde a 
colonização do Brasil. Movimentos da Igreja Católica, da Igreja Protestante, da Igreja Evangélica, 
da Comunidade Espírita, entre outras, chegam a ter 2.100 estabelecimentos de saúde espalhados 
por todo o território brasileiro, de acordo com a Confederação de Santas Casas de Misericórdia 
(CMB). As Santas Casas de Misericórdia são uma dessas entidades que se destinaram a prestar 
assistência médica às pessoas. As santas casas foram, durante décadas, a única opção de 
acolhimento e tratamento de saúde para quem não tinha dinheiro. Elas eram fundadas pelos 
religiosos e, num primeiro momento, conectadas com a ideia de caridade – entre o século XVIII 
e o ano de 1837. Sobre seu financiamento, a CMB explica: “desde sua origem, até o início das 
relações com os governos (especialmente na década de 1960), as Santas Casas foram criadas e 
mantidas pelas doações das comunidades, vivendo períodos áureos, em que construíram seus 
patrimônios, sendo boa parte destes tombados como patrimônio histórico.” De acordo com a 
Confederação das Santas Casas de Misericórdia do Brasil, o surgimento das primeiras santas casas 
Pâmela Brandão da Silva – Medicina UniFG 2020.2 (Semestre II) 
UCIV – Abrangência das ações de saúde 
 
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coincidiu já com o “descobrimento” do Brasil. Elas foram criadas antes mesmo de o país se 
organizar juridicamente e determinar as funções do Estado – a organização jurídica brasileira 
ocorreu, de fato, com a Constituição Imperial de 1824. Antes da Constituição de 1824, algumas 
das santas casas no Brasil eram: as Santas Casas de Santos (1543), Salvador (1549), Rio de 
Janeiro (1567), Vitória (1818), São Paulo (1599), João Pessoa (1602), Belém (1619), entre 
diversas outras. De 1838 a 1940, as santas casas mudaram seu propósito e começaram a agir por 
meio da filantropia, que é, de acordo com a CMB, uma forma de “tornar a ajuda útil àqueles que 
dela necessitam”. Mais importante do que bens, a filantropia seria a orientação das pessoas e a 
preocupação com o seu bem- estar futuro. 
 
Independência ou morte? Mudanças nas políticas de saúde durante o Império 
Em 1822, D. Pedro II declara a independência brasileira com relação a Portugal bradando: 
“Independência ou morte!”. Relacionando o bordão com a saúde pública, pode-se dizer que houve 
avanços durante o período imperial – de acordo com o Dr. Dráuzio Varella, pouco eficazes. Além 
de transformar escolas em faculdades, D. Pedro II criou órgãos para vistoriar a higiene pública 
principalmente na nova capital brasileira, o Rio de Janeiro. A cidade, além de sofrer diversas 
mudanças urbanas, como calçamento de ruas e iluminação pública, também visava a higienizar o 
centro urbano – de maneira sanitária e social. Social, pois expulsava do centro da cidade os 
casebres e as pessoas de classe social mais inferior, proliferando então o desenvolvimento de 
favelas nas áreas periféricas. A higienização sanitária deveria ocorrer por conta das recorrentes 
endemias de febre amarela, peste bubônica, malária e varíola, doenças associadas à falta de 
saneamento básico e de higiene. Os esgotos, na época, corriam a céu aberto e o lixo era depositado 
em valas. Assim, o alvo da campanha pela saúde pública nesse princípio de século XIX foi 
estruturar o saneamento básico. 
 
Saúde pública na República: as vacinas e os sanitaristas 
Com a declaração do fim da escravidão em 1888, o país ficou dependente de mão de obra 
imigrante para continuar no cultivo de insumos que eram a base da economia brasileira, 
principalmente o café. Entre 1900 e 1920, o Brasil ainda era refém dos problemas sanitários e das 
epidemias. Portanto, para a recepção dos imigrantes europeus, houve diversas reformas urbanas 
e sanitárias nas grandes cidades, como o Rio de Janeiro, em que houve atenção especial às suas 
áreas portuárias. Para o governo, o crescimento do país dependia de uma população saudável e 
com capacidade produtiva, portanto era de seu interesse que sua saúde estivesse em bom estado. 
Os sanitaristas comandaram esse período com campanhas de saúde, sendo um dos destaques o 
médico Oswaldo Cruz, que enfrentou revoltas populares na defesa da vacina obrigatória contra a 
varíola – na época, a população revoltou-se com a medida, pois não foram explicados os objetivos 
da campanha e do que se tratavam as vacinas. As ações dos sanitaristas chegaram até o Sertão 
Nordestino, divulgando a importância dos cuidados com a saúde no meio rural. Lá, porém, as 
pessoas eram muito pobres econtinuavam em moradias precárias, vitimadas por doenças mesmo 
com a disseminação de vacinas. Ainda nos anos de 1920, foram criadas as CAPS: Caixas de 
Aposentadoria e Pensão. Os trabalhadores as criaram para garantir proteção na velhice e na 
doença. Posteriormente e devido à pressão popular, Getúlio Vargas ampliou as CAPS para outras 
categorias profissionais, tornando-se o IAPS: Instituto de Aposentadorias e Pensões. 
 
Período Getulista: o começo da organização das leis 
Com a presidência de Getúlio Vargas, houve reformulações no sistema a fim de criar uma atuação 
mais centralizada, inclusive quanto à saúde pública. O foco de seu governo foi o tratamento de 
Pâmela Brandão da Silva – Medicina UniFG 2020.2 (Semestre II) 
UCIV – Abrangência das ações de saúde 
 
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epidemias e endemias, sem muitos avanços, pois os recursos destinados à saúde eram desviados 
a outros setores – de acordo com o Dr. Dráuzio Varella, parte dos recursos dos IAPS ia para o 
financiamento da industrialização. A Constituição de 1934, promulgada durante o governoVargas, concedia novos direitos aos trabalhadores, como assistência médica e “licença-gestante”. 
Além disso, a Consolidação das Leis Trabalhistas de 1943, a CLT, determina aos trabalhadores 
de carteira assinada, além do salário mínimo, também benefícios à saúde. 
 
Anos 50 e a 3a Conferência Nacional da Saúde 
Em 1953, foi criado o Ministério da Saúde. Foi a primeira vez em que houve um ministério 
dedicado exclusivamente à criação de políticas de saúde, com foco principalmente no atendimento 
em zonas rurais, já que nas cidades a saúde era privilégio de quem tinha carteira assinada. As 
Conferências Nacionais de Saúde tiveram um papel muito importante na consolidação do 
entendimento da importância da saúde pública no Brasil. A 3a Conferência Nacional de Saúde 
ocorreu nofinal de 1963 e apresentou diversos estudos sobre a criação de um sistema de saúde. 
De acordo com o doutor em saúde pública Gilson Carvalho, houve duas bandeiras principais nessa 
conferência: 
1. A criação de um sistema de saúde para todos, o direito à saúde deveria ser universal; 
2. A organização de um sistema descentralizado, visando ao protagonismo do município. Além 
disso, afirma que a ditadura militar, iniciada em março de 1964, sepultou a proposta poucos meses 
depois. 
 
A saúde pública durante a ditadura militar (1964-1985) 
A saúde sofreu com o corte de verbas durante o período de regime militar e doenças como dengue, 
meningite e malária se intensificaram. Houve aumento das epidemias e da mortalidade infantil, 
até que o governo buscou fazer algo. Uma das medidas foi a criação do INPS (Instituto Nacional 
de Previdência Social), que foi a união de todos os órgãos previdenciários que funcionavam desde 
1930, a fim de melhorar o atendimento médico. Passou-se a enxergar a atenção primária de 
pacientes cada vez mais como responsabilidade dos municípios; os casos mais complexos eram 
responsabilidade dos governos estadual e federal. De acordo com o Dr. Gilson Carvalho, houve 
“projetos privatizantes como o do Vale Consulta e para as regiões mais pobres uma reedição da 
Fundação Sesp denominado Programa de Interiorização de Ações e Serviços de Saúde (Piass). O 
Piass não se implantou por falta de vontade política dos governos à época. Tinha mais virtudes 
que defeitos. Faltou interesse público para levá-lo à frente.” Durante os anos de 1970, mesmo no 
auge do milagre econômico, as verbas para saúde eram baixas: 1% do orçamento geral da União. 
Ao fim da década, as prefeituras das cidades que mais cresciam começaram a se organizar para 
receber e conceder aos migrantes algum tipo de atendimento na área da saúde. Começou-se a 
estruturar políticas públicas que envolveram as Secretarias Municipais de Saúde, que depois se 
estenderam aos estados e a ministérios, como os Ministérios da Previdência Social e da Saúde. 
 
Anos 80 e o princípio da saúde pública como direito 
O Movimento Sanitarista e a 8a Conferência Nacional de Saúde 
O movimento sanitarista foi de importância ímpar ao entendimento de saúde pública, do 
conceitode saúde e também da evolução do direito à saúde no Brasil. A reforma sanitária se refere 
às ideias de uma série de mudanças e transformações necessárias à saúde. Sua composição era de 
técnicos da saúde – médicos, enfermeiros, biomédicos... – e intelectuais, partidos políticos, 
diferentes correntes e tendências e movimentos sociais diversos. Ao fim da década de 1970, o 
movimento adquiriu certa maturidade em função de uma série de estudos acadêmicos e práticos 
Pâmela Brandão da Silva – Medicina UniFG 2020.2 (Semestre II) 
UCIV – Abrangência das ações de saúde 
 
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realizados, principalmente, nas faculdades de Medicina. Nas universidades, o entendimento de 
medicina se tornava cada mais social, pensando a saúde como uma série de fatores que vão além 
do bem-estar do corpo humano. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), alguns dos 
atores do movimento sanitarista foram os médicos residentes, “que na época trabalhavam sem 
carteira assinada e com uma carga horária excessiva”, por exemplo. Outras movimentações da 
Reforma Sanitária foram as primeiras greves realizadas depois de 1968 e os sindicatos médicos, 
que também estavam em fase de transformação. “Esse movimento entra também nos conselhos 
regionais, no Conselho Nacional de Medicina e na Associação Médica Brasileira – as entidades 
médicas começam a ser renovadas. A criação do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), 
em 1976, também é importante na luta pela reforma sanitária. A entidade surge com o propósito 
de lutar pela democracia, de ser um espaço de divulgação do movimento sanitário, e reúne pessoas 
que já pensavam dessa forma e realizavam projetos inovadores”, de acordo com a Fiocruz. 
Enquanto a ditadura militar existia, o movimento sanitarista foi “testando” uma série de hipóteses 
a respeito do seu entendimento de saúde. Na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da 
Fundação Oswaldo Cruz são colocados em prática diversos projetos “e pessoas que faziam 
política em todo Brasil foram treinadas”. 
 Os projetos envolviam: 
→ saúde comunitária; 
→ clínica de família; 
→ pesquisas comunitárias. 
No final da década de 80, o INAMPS adotou uma série de medidas que o aproximaram ainda 
mais de uma cobertura universal de clientela, dentre as quais se destaca o fim da exigência da 
Carteira de Segurado do INAMPS para o atendimento nos hospitais próprios e conveniados da 
rede pública. Esse processo culminou com a instituição do Sistema Unificado e Descentralizado 
de Saúde (SUDS), implementado por meio da celebração de convênios entre o INAMPS e os 
governos estaduais. Assim, podemos verificar que começava a se construir no Brasil um sistema 
de saúde com tendência à cobertura universal, mesmo antes da aprovação da Lei 8.080 (também 
conhecida como Lei Orgânca da Saúde), que instituiu o SUS. Isso foi motivado, por um lado, pela 
crescente crise de financiamento do modelo de assistência médica da Previdência Social e, por 
outro, à grande mobilização política dos trabalhadores da saúde, de centros universitários e de 
setores organizados da sociedade, que constituíam o então denominado “Movimento da Reforma 
Sanitária”, no contexto da democratização do país. Ao fim da ditadura, as propostas da Reforma 
Sanitária foram reunidas num documento chamado Saúde e Democracia, enviado para aprovação 
do Legislativo. Uma das conquistas foi a realização da 8ª Conferência Nacional da Saúde em 
1986. Pela primeira vez na história, foi possível a participação da sociedade civil organizada no 
processo de construção do que seria o novo modelo de saúde pública brasileiro. Essa conferência 
foi tão importante pois desde o seu tema – “saúde como direito de todos e dever do Estado” – teve 
como resultado uma série de documentos que basicamente esboçaram o surgimento do Sistema 
Único de Saúde (SUS). A conferência ampliou os conceitos de saúde pública no Brasil, propôs 
mudanças baseadas no direito universal à saúde com melhores condições de vida, além de fazer 
menção à saúde preventiva, à descentralização dos serviços e à participação da população nas 
decisões. O relatório da conferência teve suas principais resoluções incorporadas à Constituição 
Federal de 1988. 
 
A Constituição de 1988 e a criação do SUS: o direito à saúde como dever do Estado 
A Constituição Federal de 1988 foi o primeiro documento a colocar o direito à saúde 
definitivamente no ordenamento jurídico brasileiro. A saúde passa a ser um direito do cidadão e 
Pâmela Brandão da Silva – Medicina UniFG 2020.2 (Semestre II) 
UCIV – Abrangência das ações de saúde 
 
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um dever do Estado. A Constituição ainda determina que o sistema de saúde pública deve ser 
gratuito, de qualidade e universal, isto é, acessível a todos os brasileiros e/ou residentes no 
Brasil. O Sistema Único de Saúde foi regulado posteriormente pela lei 8.080 de 1990, em que 
estão distribuídas todas as suasatribuições e funções como um sistema público. 
 
Compreender a atuação da gestão pública frente ao caso (doenças transmissíveis) 
Estrutura do SUS 
 
 Ministério da Saúde 
 
Gestor nacional do SUS, formula, normatiza, fiscaliza, monitora e avalia políticas e ações, 
em articulação com o Conselho Nacional de Saúde. Atua no âmbito da Comissão Intergestores 
Tripartite (CIT) para pactuar o Plano Nacional de Saúde. Integram sua estrutura: Fiocruz, 
Funasa, Anvisa, ANS, Hemobrás, Inca, Into e oito hospitais federais. 
 Secretaria Estadual de Saúde (SES) 
 
Participa da formulação das políticas e ações de saúde, presta apoio aos municípios em 
articulação com o conselho estadual e participa da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para 
aprovar e implementar o plano estadual de saúde. 
 Secretaria Municipal de Saúde (SMS) 
 
Planeja, organiza, controla, avalia e executa as ações e serviços de saúde em articulação 
com o conselho municipal e a esfera estadual para aprovar e implantar o plano municipal de 
saúde. 
 Conselho Nacional de Saúde (CNS) 
 
O CNS propõe, delibera, monitora e avalia as políticas públicas e o plano de saúde adotados 
nas três esferas de governo. Os conselhos de saúde garantem a participação da população na 
fiscalização e formulação de estratégias da aplicação pública dos recursos de saúde. 
 Conselho de Saúde (municipal ou estadual) 
 
São 26 conselhos estaduais, um do DF e conselhos municipais que atuam como instância 
de participação social e controle das políticas e planos de saúde. 
 Conselho Nacional de Secretário da Saúde (Conass) 
 
Entidade representante das secretarias estaduais de saúde e do DF, integra a CIT e atua em 
prol de ações e serviços de saúde. 
 
 
Pâmela Brandão da Silva – Medicina UniFG 2020.2 (Semestre II) 
UCIV – Abrangência das ações de saúde 
 
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 Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) 
 
Entidade representante das secretarias municipais de saúde, integra a CIT e atua em prol de 
ações e serviços de saúde. 
 Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) 
 
Representação estadual dos Conasems, integra a CIB, articula e mobiliza os secretários 
municipais para o intercâmbio de experiências e fortalecimento das políticas de saúde. 
 Comissão Intergestores Tripartite (CIT) 
 
Instância deliberativa que integra gestores municipais, estaduais e federais para o 
planejamento, implementação e avaliação de políticas de planos de saúde. 
 
 Comissão Intergestores Bipartite (CIB) 
 
Instância deliberativa que integra gestores estaduais e municipais para o planejamento, 
implementação e avaliação de políticas e planos de saúde. 
Gestão do Sistema Único de Saúde 
Para efeito de entendimento das funções no Sistema Único de Saúde conceituamos: 
 Gerência como a administração de uma unidade ou órgão de saúde (ambulatório, hospital, 
instituto, fundação, etc) que se caracterizam como prestadores de serviços do SUS. 
 Gestão como a atividade e responsabilidade de comandar um sistema de saúde (municipal, 
estadual ou nacional) exercendo as funções de coordenação, articulação, negociação, 
planejamento, acompanhamento, controle, avaliação e auditoria. 
Para que se possa discutir o papel de cada esfera de governo no Sistema Único de Saúde é 
importante definir quem são os gestores do SUS em cada nível e o que são as funções gestoras no 
SUS. Os gestores do SUS são os representantes de cada esfera de governo designados para o 
desenvolvimento das funções do Executivo na saúde. As funções gestoras no SUS podem ser 
definidas como “um conjunto articulado de saberes e práticas de gestão necessários para a 
implementação de políticas na área da saúde” (Souza, 2002). 
Definir o papel e as atribuições dos gestores do SUS nos três níveis de governo significa 
identificar as especificidades da atuação de cada esfera no que diz respeito a cada uma das 
macrofunções(formulação de políticas/planejamento; financiamento; coordenação, regulação, 
controle e avaliação [do sistema/ redes e dos prestadores públicos ou privados]; prestação direta 
de serviços de saúde) gestoras, de forma coerente com a finalidade de atuação do Estado em cada 
esfera governamental, com os princípios e objetivos estratégicos da política de saúde, e para cada 
campo da atenção na saúde (promoção da saúde, articulação intersetorial, Vigilância Sanitária, 
Vigilância Epidemiológica, saúde do trabalhador, assistência à saúde, entre outros). 
A Legislação do SUS e diversas normas e portarias editadas nos anos 90 empreenderam 
esforços no sentido de definir e diferenciar o papel dos gestores da saúde nas três esferas de 
governo. A Constituição Federal estabelece os princípios, diretrizes e competências do Sistema 
Único de Saúde, mas não define especificamente o papel de cada esfera de governo no SUS. Um 
Pâmela Brandão da Silva – Medicina UniFG 2020.2 (Semestre II) 
UCIV – Abrangência das ações de saúde 
 
7 
 
maior detalhamento da competência e das atribuições da direção do SUS em cada esfera – 
nacional, estadual e municipal – é feito pela Lei 8.080/90 ou Lei Orgânica da Saúde. 
 
A Lei Orgânica da Saúde estabelece em seu artigo 15 as atribuições comuns das três 
esferas de governo, de forma bastante genérica e abrangendo vários campos de atuação. São 
definidas como atribuições comuns da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, 
em seu âmbito administrativo: 
 Definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação e de fiscalização das ações e 
serviços de saúde; 
 Administração dos recursos orçamentários e financeiros destinados, em cada ano à saúde; 
 Acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde da população e das condições 
ambientais; 
 Organização e coordenação do sistema de informação em saúde; 
 Elaboração de normas técnicas e estabelecimento de padrões de qualidade para promoção da 
saúde do trabalhador; 
 Participação na formulação da política e na execução das ações de saneamento básico e 
colaboração na proteção e recuperação do meio ambiente; 
 Elaboração e atualização periódica do plano de saúde; 
 Elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de Saúde – SUS de conformidade 
com plano de saúde; 
 Realização de operações externas de natureza financeira de interesse da saúde, autorizadas 
pelo Senado Federal; 
 Requisição, pela autoridade competente da esfera administrativa correspondente, de bens e 
serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, assegurada justa indenização, para 
atendimento de necessidades coletivas, urgentes e transitórias, decorrentes de situações de 
perigo eminente, de calamidade pública ou irrupção de epidemias; 
 Celebração de convênios, acordos e protocolos internacionais relativos à saúde, saneamento 
e meio ambiente; 
 Elaboração de normas técnico-científicas de promoção, proteção e recuperação da saúde; 
 Articulação com os órgãos de fiscalização do exercício profissional e outras entidades 
representativas da sociedade civil para a definição e controle dos padrões éticos para a 
pesquisa, ações e serviços de saúde; 
 Articulação da política e dos planos de saúde; 
 Realização de pesquisas e estudos na área de saúde; 
 Fomento, coordenação e execução de programas e projetos estratégicos e de atendimento 
emergencial; 
 
Uma análise geral da Lei 8.080/90 permite destacar em relação à competência de cada 
nível específico de gestão do SUS os pontos a seguir descritos 
 
 
 
 
Pâmela Brandão da Silva – Medicina UniFG 2020.2 (Semestre II) 
UCIV – Abrangência das ações de saúde 
 
8 
 
Competências da União 
À direção nacional do Sistema Único de Saúde compete: 
 Formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição; 
 Participar na formulação e na implementação das políticas de controle das agressões ao meio 
ambiente, de saneamento básico e relativas às condições e aos ambientes de trabalho; 
 Definir ecoordenar os sistemas de redes integradas de assistência de alta complexidade, de 
rede de laboratórios de saúde pública, de Vigilância Epidemiológica e Vigilância Sanitária; 
 Participar da definição de normas e mecanismos de controle, com órgãos afins, de agravo 
sobre o meio ambiente ou dele decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana; 
 Participar da definição de normas, critérios e padrões para o controle das condições e dos 
ambientes de trabalho e coordenar a política de saúde do trabalhador; 
 Coordenar e participar na execução das ações de Vigilância Epidemiológica; 
 Estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o controle da qualidade sanitária de 
produtos, substâncias e serviços de consumo e uso humano; 
 Prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para 
o aperfeiçoamento da sua atuação institucional; 
 Elaborar normas para regular as relações entre o Sistema Único de Saúde e os serviços 
privados contratados de assistência à saúde; 
 Promover a descentralização para as Unidades federadas e para os Municípios, dos serviços 
e ações de saúde, respectivamente de abrangência estadual e municipal; 
 Acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde, respeitadas as competências 
estaduais e municipais; 
 Elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito do SUS, em cooperação técnica com 
os Estados, Municípios e Distrito Federal; 
 Estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a avaliação técnica e financeira do 
SUS em todo o Território Nacional, em cooperação técnica com os Estados, Municípios e 
Distrito Federal; 
 
 
Competência do Estado 
À direção estadual do Sistema Único de Saúde compete: 
 Promover a descentralização para os municípios dos serviços e das ações de saúde; 
 Acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do Sistema Único de Saúde; 
 Prestar apoio técnico e financeiro aos municípios e executar supletivamente ações e serviços 
de saúde; 
 Coordenar e, em caráter complementar, executar ações e serviços: de Vigilância 
Epidemiológica, de Vigilância Sanitária, de alimentação e nutrição e de saúde do trabalhador; 
 Participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agravos do meio ambiente que tenham 
repercussão na saúde humana; 
 Participar da formulação da política e da execução de ações de saneamento básico; 
 Participar das ações de controle e avaliação das condições e dos ambientes de trabalho; 
 Identificar estabelecimentos hospitalares de referência e gerir sistemas públicos de alta 
complexidade, de referência estadual e regional; 
 Estabelecer normas, em caráter suplementar para o controle e avaliação das ações e serviços 
de saúde; 
Pâmela Brandão da Silva – Medicina UniFG 2020.2 (Semestre II) 
UCIV – Abrangência das ações de saúde 
 
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 O acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indicadores de morbidade e mortalidade 
no âmbito da UF; 
 
Competência do Município 
À direção municipal do Sistema Único de Saúde compete: 
 Planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde e gerir e executar os 
serviços públicos de saúde; 
 Participar do planejamento, programação e organização da rede regionalizada e hierarquizada 
do Sistema Único de Saúde, em articulação com sua direção estadual; 
 Participar da execução, controle e avaliação das ações referentes às condições e aos ambientes 
de trabalho; 
 Executar serviços de Vigilância Epidemiológica, de Vigilância Sanitária, de alimentação e 
nutrição, de saneamento básico e de saúde do trabalhador; 
 Colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente que tenham repercussão sobre a 
saúde humana e atuar junto aos órgãos municipais, estaduais e federais competentes para 
controlá-las; 
 Formar consórcios administrativos intermunicipais; 
 Gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros; 
 Celebrar contratos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de saúde, bem 
como controlar e avaliar sua execução; 
 Controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços privados de saúde; 
 Normatizar complementarmente as ações e serviços públicos de saúde no seu âmbito de 
atuação. 
 
 
 2) IDENTIFICAR O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA EM UMA PERSPECTIVA 
NÃO APENAS INDIVIDUAL, MAS COLETIVA, EM UM DETERMINADO 
TERRITÓRIO. 
O plano coletivo expande ainda mais o entendimento sobre o processo saúde-adoecimento, que é 
encarado não como a simples soma das condições orgânicas e sociais de cada indivíduo 
isoladamente, senão a expressão de um processo social mais amplo, que resulta de uma complexa 
trama de fatores e relações, representados por determinantes do fenômeno nos vários níveis de 
análise: família, domicílio, microárea, bairro, município, região, país, continente etc. (NARVAI 
et al., 2008). Nessa linha, fica mais fácil compreender a definição de Minayo (1994 apud NARVAI 
et al., 2008) sobre saúde: “fenômeno clínico e sociológico vivido. 
Muito se tem escrito sobre o processo saúde-doença, no entanto um novo instrumento intelectual 
para a apreensão da saúde e da doença deve levar em conta a distinção entre a doença, tal como 
definida pelo sistema da assistência à saúde, e a saúde, tal como percebida pelos indivíduos. 
Ademais, deve incluir a dimensão do bem-estar, um conceito ainda mais amplo, no qual a 
contribuição da saúde não é a única e nem a mais importante. O sofrimento experimentado pelas 
pessoas, suas famílias e grupos sociais não corresponde necessariamente à concepção de doença 
que orienta os provedores da assistência, como os profissionais da Estratégia Saúde da Família. 
Pâmela Brandão da Silva – Medicina UniFG 2020.2 (Semestre II) 
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10 
 
Saúde e doença não são duas faces de uma mesma moeda. De fato, se considerarmos um sistema 
de saúde, por exemplo, o SUS, é possível verificar que as ações voltadas para o diagnóstico e o 
tratamento das doenças são apenas duas das suas atividades. Inclusão social, promoção de 
equidade ou de visibilidade e cidadania são consideradas ações de saúde. O entendimento da 
saúde como um dispositivo social relativamente autônomo em relação à ideia de doença, assim 
como as repercussões que esse novo entendimento traz para a vida social e para as práticas 
cotidianas em geral e dos serviços de saúde em particular, abrem novas possibilidades na 
concepção do processo saúde-doença. 
Dessa maneira, o processo saúde-doença está diretamente atrelado à forma como o ser humano, 
no decorrer de sua existência, foi se apropriando da natureza para transformá-la, buscando o 
atendimento às suas necessidades (GUALDA; BERGAMASCO, 2004) 
Em síntese, pode-se dizer, em termos de sua determinação causal, que o processo saúde-doença 
representa o conjunto de relações e variáveis que produzem e condicionam o estado de saúde-
doença de uma população, que varia em diversos momentos históricos do desenvolvimento 
científico da humanidade 
 3) RECONHECER AS FUNÇÕES DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA e 
DISCUTIR MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA 
A vigilância epidemiológica tem como propósito fornecer orientação técnica permanente para 
os que têm a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle de doenças e 
agravos, tornando disponíveis, para esse fim, informações atualizadas sobre a ocorrência dessas 
doenças ou agravos, bem como dos seus fatores condicionantes em uma área geográfica ou 
população determinada. Subsidiariamente, a vigilância epidemiológica constitui-se em 
importante instrumento para o planejamento, a organização e a operacionalização dos serviços de 
saúde, como também para a normatização de atividades técnicas correlatas. Sua operacionalização 
compreende um ciclo completo de funções específicas e intercomplementares que devem ser, 
necessariamente, desenvolvidas de modo contínuo, permitindo conhecer, a cada momento, o 
comportamento epidemiológicoda doença ou agravo escolhido como alvo das ações, para que as 
medidas de intervenção pertinentes possam ser desencadeadas com oportunidade e eficácia. São 
funções da vigilância epidemiológica: coleta de dados; processamento de dados coletados; 
análise e interpretação dos dados processados; recomendação das medidas de controle 
apropriadas; promoção das ações de controle indicadas; avaliação da eficácia e efetividade das 
medidas adotadas; divulgação de informações pertinentes Todos os níveis do sistema de saúde 
têm atribuições de vigilância epidemiológica compreendendo o conjunto das funções 
mencionadas. Quanto mais eficientemente essas funções forem realizadas no nível local, maior 
será a oportunidade com que as ações de controle tenderão a ser desencadeadas. Além disso, a 
atuação competente no nível local estimulará maior visão do conjunto nos níveis estadual e 
nacional, abarcando o amplo espectro dos problemas prioritários a serem enfrentados em 
diferentes situações operacionais. Ao mesmo tempo, os responsáveis técnicos no âmbito estadual, 
e, com maior razão, no federal, poderão dedicar-se seletivamente, a questões mais complexas, 
emergênciais ou de maior extensão, que demandem a participação de especialistas e centros de 
referência, inclusive de nível internacional. Dessa forma, não mais se admite que a atuação no 
âmbito local esteja restrita à realização de coleta de dados e à sua transmissão a outros níveis. O 
fortalecimento de sistemas municipais de saúde, tendo a vigilância epidemiológica como um de 
seus instrumentos mais importantes de atuação, deve constituir-se na estratégia principal de 
Pâmela Brandão da Silva – Medicina UniFG 2020.2 (Semestre II) 
UCIV – Abrangência das ações de saúde 
 
11 
 
institucionalização. A Norma Operacional Básica do SUS - NOB-SUS/96, no seu item 14 já prevê 
a transferência de recursos financeiros fundo a fundo para estados e municípios para custeio das 
ações de epidemiologia e de controle de doenças/agravos formalizando a criação e operação de 
sistemas locais de vigilância epidemiológica com aporte de recursos diferenciados para cada área 
de acordo com o desenvolvimento desses sistemas, que serão aferidos pelo índice de Valorização 
de Resultados (IVR) (12.1.6 da NOB/SUS/96). 
Gestão do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica 
Atribuições do Ministério Da Saúde 
 
A portaria 1.399/99, em seu artigo 1º, atribui ao Ministério da Saúde, por intermédio da 
Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), a gestão do Sistema Nacional de Vigilância 
Epidemiológica e Ambiental em Saúde no âmbito nacional, compreendendo: 
 
 Coordenação nacional das ações de Epidemiologia e Controle de Doenças, com ênfase 
naquelas que exigem simultaneidade nacional ou regional para alcançar êxito; 
 Execução das ações de Epidemiologia e Controle de Doenças, de forma complementar à 
atuação dos estados; 
 Execução das ações de Epidemiologia e Controle de Doenças, de forma suplementar, em 
caráter excepcional, quando constatada insuficiência da ação estadual; 
 Definição das atividades e parâmetros que integrarão a Programação Pactuada Integrada 
PPIECD para a área de Epidemiologia e Controle de Doenças; 
 Normatização técnica; 
 Assistência técnica a estados e, excepcionalmente, a municípios; 
 Provimento dos seguintes insumos estratégicos: imunobiológicos; inseticidas; meios de 
diagnóstico laboratorial para as doenças sob monitoramento epidemiológico (kits 
diagnósticos); 
 Participação no financiamento das ações de Epidemiologia e Controle de Doenças; 
 Gestão dos sistemas de informação epidemiológica (SINAN, SIM, SINASC, SI-PNI e outros 
sistemas que venham a ser introduzidos) 
 Divulgação de informações e análises epidemiológicas;7 
 Promoção, coordenação e execução, em situações específicas, de pesquisas epidemiológicas 
e operacionais na área de prevenção e controle de doenças e agravos; 
 Definição de Centros de Referência Nacionais de Epidemiologia e Controle de Doenças; 
 Fiscalização, supervisão e controle da execução das ações de Epidemiologia e Controle de 
Doenças programadas na PPI-ECD, incluindo a permanente avaliação dos sistemas estaduais 
de Vigilância Epidemiológica e ambiental em saúde; 
 Coordenação do Programa Nacional de Imunizações incluindo a definição das vacinas 
obrigatórias no País, as estratégias e normatização técnica sobre sua utilização. 
 
 
Atribuições dos Estados 
 
Segundo o artigo 2º da portaria 1399/99, compete aos Estados a gestão do componente 
estadual do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica e Ambiental em Saúde, 
compreendendo as seguintes ações: 
 
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12 
 
 Coordenação e supervisão das ações de prevenção e controle, com ênfase naquelas que 
exigem simultaneidade estadual ou microrregional para alcançar êxito; 
 Execução das ações de Epidemiologia e Controle de Doenças, de forma complementar à 
atuação dos municípios; 
 Execução das ações de Epidemiologia e Controle de Doenças, de forma suplementar, quando 
constatada insuficiência da ação municipal; 
 Definição, em conjunto com os gestores municipais, na Comissão Intergestores Bipartite - 
CIB, da Programação Pactuada Integrada PPI-ECD para as ações de Epidemiologia e 
Controle de Doenças, em conformidade com os parâmetros definidos pela FUNASA; 
 Assistência técnica aos municípios; 
 Participação no financiamento das ações de Epidemiologia e Controle de Doenças 
 Provimento dos seguintes insumos estratégicos: medicamentos específicos, nos termos 
pactuados na CIT; equipamentos de proteção individual; seringas e agulhas; óleo de soja; e 
equipamentos de aspersão de inseticidas; 
 Gestão dos estoques estaduais de insumos estratégicos, inclusive com abastecimento dos 
municípios; 
 Gestão dos sistemas de informação epidemiológica, no âmbito; 
 Divulgação de informações e análises epidemiológicas; 
 Execução das atividades de informação, educação e comunicação IEC de abrangência 
estadual; 
 Capacitação de recursos humanos; 
 Definição de Centros de Referência Estaduais de Epidemiologia e Controle de Doenças; 
 Normatização técnica complementar à do nível federal para o seu território; 
 Fiscalização, supervisão e controle da execução das ações de Epidemiologia e Controle de 
Doenças realizadas pelos municípios, programadas na PPI-ECD, incluindo a permanente 
avaliação dos sistemas municipais de Vigilância Epidemiológica e ambiental em saúde; 
 Coordenação das ações de vigilância ambiental de fatores de risco à saúde humana, incluindo 
o monitoramento da água de consumo humano e contaminantes com importância em saúde 
pública; 
 Provimento de diagnóstico laboratorial das doenças de notificação compulsória e outros 
agravos de importância epidemiológica, na rede estadual de laboratórios de saúde pública; 
 Coordenação das ações de vigilância entomológica para as doenças transmitidas por vetores 
(artrópodes), incluindo a realização de inquéritos entomológicos; 
 Coordenação do componente estadual do Programa Nacional de Imunizações; 
 
Atribuições dos Municípios 
 
Compete aos Municípios, segundo o artigo 3º. da portaria 1399, a gestão do componente 
municipal do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica e Ambiental em Saúde, 
compreendendo as seguintes atividades: 
 
 Notificação de doenças de notificação compulsória, surtos e agravos inusitados, conforme 
normatização federal e estadual; 
 Investigação epidemiológica de casos notificados, surtos e óbitos por doenças específicas; 
 Busca ativa de casos de notificação compulsória nas unidades de saúde, inclusive 
laboratórios, domicílios, creches e instituições de ensino, entre outros, existentes em seu 
território; 
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13 
 
 Busca ativa deDeclarações de Óbito e de Nascidos Vivos nas unidades de saúde, cartórios e 
cemitérios existentes em seu território; 
 Provimento da realização de exames laboratoriais voltados ao diagnóstico das doenças de 
notificação compulsória, em articulação com Secretaria Estadual de Saúde; 
 Provimento da realização de exames laboratoriais para controle de doenças, como os de 
malária, esquistossomose, triatomíneos, entre outros a serem definidos pela PPI-ECD; 
 Acompanhamento e avaliação dos procedimentos laboratoriais realizados pelas unidades 
públicas e privadas componentes da rede municipal de laboratórios que realizam exames 
relacionados à saúde pública; 
 Monitoramento da qualidade da água para consumo humano, incluindo ações de coleta e 
provimento dos exames físico, químico e bacteriológico de amostras, em conformidade com 
a normatização federal; 
 Captura de vetores e reservatórios, identificação e levantamento do índice de infestação; 
 Registro, captura, apreensão e eliminação de animais que representem risco à saúde do ser 
humano; 
 Ações de controle químico e biológico de vetores e de eliminação de criadouros; 
 Coordenação e execução das ações de vacinação integrantes do Programa Nacional de 
Imunizações, incluindo a vacinação de rotina com as vacinas obrigatórias, as estratégias 
especiais como campanhas e vacinações de bloqueio e a notificação e investigação de eventos 
adversos e óbitos temporalmente associados à vacinação; 
 Vigilância Epidemiológica da mortalidade infantil e materna; 
 Gestão dos sistemas de informação epidemiológica, no âmbito municipal; 
 Divulgação de informações e análises epidemiológicas; 
 Participação no financiamento das ações de Epidemiologia e Controle de Doenças; 
 Participação, em conjunto com os demais gestores municipais e Secretaria Estadual de Saúde, 
na Comissão Intergestores Bipartite - CIB, na definição da Programação Pactuada Integrada 
epidemiologia e controle de doenças PPI-ECD para a área de Epidemiologia e Controle de 
Doenças, em conformidade com os parâmetros definidos pela FUNASA; 
 Gestão dos estoques municipais de insumos estratégicos, inclusive com abastecimento dos 
executores das ações; 
 Coordenação e execução das atividades de IEC de abrangência municipal; 
 Capacitação de recursos humanos. 
 
Investigação epidemiológica 
 
Três enfoques 
 Estudo de casos 
I. Usado para avaliação inicial de problemas ainda mal conhecidos e cujas 
características ou variações naturais não foram convenientemente detalhadas; 
II. Relativamente fácil de ser realizado e de baixo custo; 
III. É um enfoque qualitativo e exploratório, embora muitas facetas possam ser 
quantificadas; 
IV. Possibilidade de observação intensiva de cada caso; 
 
 
 Investigação experimental de laboratório 
I. Possível imprimir maior precisão a todas as etapas de investigação; 
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14 
 
II. Grau de subjetividade pode ser reduzido, em laboratório, pela adoção de rigorosos 
controles, que servem também de parâmetros para a comparação dos resultados; 
 
 Pesquisa populacional 
 
Estudos descritivos 
Têm o objetivo de informar sobre a distribuição de um evento, na população, em termos 
quantitativos. 
A inspeção da distribuição das frequências de um evento, sejam elas dispostas em tabelas, gráficos 
ou outra forma de expressão de resultados, é utilizada para alcançar dois objetivos principais: 
I. Identificar grupos de risco, o que informa sobre as necessidades e as características 
dos segmentos que poderiam beneficiar-se de alguma forma de medida saneadora; 
II. Sugerir explicações para as variações de frequência, o que serve de base ao 
prosseguimento de pesquisas sobre o assunto, através de estudos analíticos; 
 
Estudos analíticos 
As pesquisas analíticas estão usualmente subordinadas a uma ou mais questões científicas, as 
“hipóteses”, que relacionam eventos: uma suposta “causa” e um dado “efeito”. 
Outras vezes, pode não haver uma hipótese explicitada, mas sim a busca por fatores que 
contribuam para o aparecimento de doenças. 
O intuito é explorar, em profundidade, a relação “causa-efeito”. 
A presença de um grupo-controle, formado simultaneamente por um grupo de estudo, e que serve 
para a comparação de resultados. 
 
 
 Estudo experimental, do tipo “ensaio clínico randomizado” 
I. Parte-se da “causa” em direção ao “efeito”; 
II. Os participantes são colocados “aleatoriamente” para formar grupos: o de estudo e 
o de controle. A alocação aleatória tem o objetivo de formar grupos com 
características semelhantes. 
III. Em seguida, procede-se à “intervenção”, em que se deseja avaliar os resultados, em 
apenas um dos grupos, servindo o outro para termos de comparação de resultados; 
 
 Estudo de coorte 
I. Parte-se da “causa” em direção ao “efeito”; 
II. Não há alocação aleatória da exposição; 
III. Os grupos são formados por “observação” das situações, na vida real, ou por alocação 
arbitrária de uma intervenção, permitindo comparações como as seguintes: obeso X não-
obeso ou operados X os que recusam cirurgia; 
 
 Estudo de caso-controle 
I. Parte do “efeito” para chegar às “causas”; 
II. Pesquisa etiológica retrospectiva, feita de trás para frente, só podendo ser realizada 
“após o fato consumado”, ou seja, depois de o efeito já ter ocorrido; 
 
 Estudo transversal 
I. “Causa” e “efeito” são detectados simultaneamente; 
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15 
 
II. Somente a análise de dados que permite identificar os grupos de interesse, os 
“expostos”, os “não-expostos”, os “doentes” e os “sadios”, de modo a investigar a 
associação entre exposição e doença; 
 
Estudos ecológicos 
A unidade de observação é um conjunto de indivíduos. O termo “estudo ecológico” tem origem 
na utilização de áreas geográficas como unidades de análise e, por extensão, generalizou-se para 
outras situações em que a unidade é formada por um grupo. Atualmente, denomina-se “variável 
ecológica”, aquela que descreve o que ocorre em grupos de indivíduos: por exemplo, porcentagem 
de adultos com vida sedentária. Os dados já estão agregados e não se sabe se um determinado 
indivíduo tem esta ou aquela característica. 
 
Etapa 1. Coleta de Dados sobre os Casos 
Em geral, as unidades de saúde dispõem de formulários padronizados do Sinan (Ficha de 
Investigação Epidemiológica) para a maioria das doenças incluídas no sistema de vigilância 
epidemiológica. Quando se tratar de evento inusitado, uma ficha de investigação especial deverá 
ser elaborada, considerando-se as características clínicas e epidemiológicas da doença/agravo 
suspeito. O preenchimento desta ficha deve ser muito cuidadoso, registrando-se com o máximo 
de exatidão possível as informações de todos os seus campos. O investigador poderá acrescentar 
novos itens que considere relevantes. O espaço reservado para “observações” deve ser utilizado 
para anotar informações adicionais que possam ajudar no esclarecimento do evento. Dados 
obtidos mediante entrevista com o paciente, familiares, médicos e outros informantes:  
Identificação do paciente - nome, idade, sexo, estado civil, profissão, local de trabalho e de 
residência, com ponto de referência;  Anamnese e exame físico - data de início dos primeiros 
sintomas, história da moléstia atual, antecedentes mórbidos, antecedentes vacinais, mudanças de 
hábitos nos dias antecedentes aos sintomas e dados do exame físico;  Suspeita diagnóstica - na 
pendência de dados complementares para firmar o diagnóstico, devem ser formuladas as 
principais suspeitas visando possibilitar a definição de medidas de controle preliminares e a 
solicitação de exames laboratoriais;  Meio ambiente - depende do tipo de doença investigada. 
Por exemplo, se a suspeita for uma doença de veiculaçãohídrica são essenciais as informações 
sobre o sistema de abastecimento e o tratamento de água, bem como o destino de resíduos 
líquidos, sólidos e lixo, alagamentos, chuvas; em outros casos, podem estar envolvidos insetos 
vetores, inseticidas e pesticidas, etc.;  Exames laboratoriais - devem ser solicitados com vistas 
ao esclarecimento do diagnóstico do paciente, fontes de contaminação, veículo de transmissão e 
pesquisa de vetores, conforme cada situação. É importante salientar que embora os exames 
laboratoriais representem importante contribuição para a conclusão diagnóstica, em muitas 
ocasiões não se faz necessário aguardar os seus resultados para dar início às medidas de controle. 
 
Etapa 2. Busca de Pistas 
Esta é uma etapa essencial da investigação epidemiológica, pois visa buscar subsídios que 
permitirão responder a várias das questões formuladas. Cabe ao investigador, considerando os 
dados já coletados nas etapas anteriores, estabelecer que outras informações são importantes para 
o esclarecimento do evento, sendo relevante para este raciocínio identificar:  fontes de infecção 
(a exemplo de água, alimentos, ambiente insalubre, etc.);  período de incubação do agente;  
modos de transmissão (respiratória, sexual, vetorial, etc.);  faixa etária, sexo, raça e grupos 
sociais mais acometidos (características biológicas e sociais);  presença de outros casos na 
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16 
 
localidade (abrangência da transmissão);  possibilidade da existência de vetores ligados à 
transmissão da doença;  fatores de risco: época em que ocorreu (estação do ano); ocupação do 
indivíduo; situação de saneamento na área de ocorrência dos casos (fonte de suprimento de água, 
destino dos dejetos e do lixo, etc.); outros aspectos relevantes das condições de vida nas áreas de 
procedência dos casos (hábitos alimentares, aspectos socioeconômicos, etc.); potenciais riscos 
ambientais (físicos, químicos, biológicos, etc.). As equipes de outras áreas devem ser acionadas 
para troca de informações e complementação de dados a serem utilizados nas análises (parciais e 
final), no sentido de permitir uma caracterização mais abrangente do evento e orientar os passos 
seguintes da investigação. Ou seja, a avaliação dessas e de outras variáveis, em seu conjunto, 
fornecerão as pistas que contribuirão para a identificação do problema e a tomada de medidas 
mais específicas orientadas para o seu controle. 
 
Etapa 3. Busca Ativa de Casos 
O propósito desta etapa é identificar casos adicionais (secundários ou não) ainda não 
notificados ou aqueles oligossintomáticos que não buscaram atenção médica, e tem como 
finalidade:  tratar adequadamente esses casos;  determinar a magnitude e extensão do evento; 
 ampliar o espectro das medidas de controle. Para isso, deve-se identificar e proceder a 
investigação de casos similares no espaço geográfico onde houver suspeita da existência de 
contatos e/ou fonte de contágio ativa. Esta busca de casos pode ser restrita a um domicílio, rua ou 
bairro e/ou ser realizada em todas as unidades de saúde (centros, postos de saúde, consultórios, 
clínicas privadas, hospitais, laboratórios, etc.), ou ainda ultrapassar as barreiras geográficas de 
municípios ou estados, conforme as correntes migratórias ou características dos veículos de 
transmissão. 
 
Etapa 4. Processamento e Análises Parciais dos Dados 
Na medida em que se dispor de novos dados/informações, deve-se sempre proceder 
análises parciais visando definir o passo seguinte, até que a conclusão da investigação e as 
medidas de controle tenham se mostrado efetivas. A consolidação, análise e interpretação dos 
dados disponíveis devem considerar as características de pessoa, tempo, lugar e os aspectos 
clínicos e epidemiológicos, para a formulação de hipóteses quanto ao diagnóstico clínico, fonte 
de transmissão, potenciais riscos ambientais e efetividade das medidas de controle adotadas até o 
momento. Quando a investigação não se referir a casos isolados, os dados colhidos deverão ser 
consolidados em tabelas, gráficos, mapas da área em estudo, fluxos de pacientes e outros. Essa 
disposição fornecerá uma visão global do evento, permitindo a avaliação de acordo com as 
variáveis de tempo, espaço e pessoas (quando? onde? quem?), possível relação causal (por quê?), 
e deverá ser comparada com a informação referente a períodos semelhantes de anos anteriores. 
Uma vez processados, os dados deverão ser analisados criteriosamente. Quanto mais oportuna e 
adequada for a análise, maior será a efetividade desta atividade, pois orientará com mais precisão 
o processo de decisão-ação. 
 
Etapa 5. Encerramento de Casos 
Nesta etapa da investigação epidemiológica, as fichas epidemiológicas de cada caso 
devem ser analisadas visando definir qual critério (clínico-epidemiológico-laboratorial; clínico-
laboratorial; clínico-epidemiológico) foi ou será empregado para o diagnóstico final, 
considerando as definições de caso específicas para cada doença, de acordo com as instruções 
constantes neste Guia. 
 
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17 
 
 
Etapa 6. Relatório Final 
Os dados da investigação deverão ser sumarizados em um relatório que inclua a descrição do 
evento (todas as etapas da investigação), destacando-se:  causa da ocorrência, indicando, 
inclusive, se houve falhas da vigilância epidemiológica e/ou dos serviços de saúde e quais 
providências foram adotadas para sua correção;  se as medidas de prevenção implementadas em 
curto prazo estão sendo executadas;  descrição das orientações e recomendações, a médio e longo 
prazos, a serem instituídas tanto pela área de saúde quanto de outros setores;  alerta às 
autoridades de saúde dos níveis hierárquicos superiores, nas situações que coloquem sob risco 
outros espaços geopolíticos. Este documento deverá ser enviado aos profissionais que prestaram 
assistência médica aos casos, bem como aos participantes da investigação clínica e 
epidemiológica, representantes da comunidade, autoridades locais, administração central dos 
órgãos responsáveis pela investigação e controle do evento. 
 4) EXPLORAR AS NECESSIDADES COLETIVAS DE SAÚDE EM POPULAÇÕES. 
No que tange às necessidades em saúde, elas também são social e historicamente 
determinadas e se situam entre natureza e cultura, ou seja, não dizem respeito somente à 
conservação da vida, mas à realização de um projeto em que o indivíduo, ponte entre o 
particular e o genérico, progressivamente se humaniza. As necessidades em saúde não 
são apenas necessidades médicas, nem problemas de saúde como doenças, sofrimentos 
ou riscos, mas dizem respeito também a carências ou vulnerabilidades que expressam 
modos de vida e identidades, expressos no que é necessário para se ter saúde e que 
envolve condições necessárias para o gozo da vida(3). A complexidade desses objetos da 
prática em Saúde Coletiva exige a instrumentalização do profissional de saúde para que 
respondam adequadamente ao seu caráter coletivo(4) . As necessidades em saúde podem 
funcionar como analisadoras das práticas em saúde, considerando que seus 
reconhecimento e enfrentamento estão vinculados aos princípios do Sistema Único de 
Saúde (SUS), o que implica, por parte das equipes de saúde, em esforço de tradução e 
atendimento às necessidades trazidas pela população(5). Acredita-se que os serviços de 
saúde, quando se organizam com foco nas necessidades da população, podem ou tendem 
a serem mais eficientes, no sentido de apresentar maior capacidade de escutar e atender 
as necessidades em saúde(6). A adoção de instrumentos com potência para o 
reconhecimento das necessidades dos diferentes grupos sociais pode contribuir para a 
reorganização das práticas de saúde, para que sejam operacionalizadasem respostas às 
necessidades que as originaram, numa circularidade entre necessidades em saúde e 
trabalho em saúde. Atrelado a isso, ao permitir a complementaridade entre aspectos 
objetivos da realidade e concepções subjetivas da população valoriza, também, a 
possibilidade de expressão dos sujeitos envolvidos e os significados atribuídos aos seus 
modos de vida, saúde e sofrimento(5). Nos espaços onde se operam as articulações entre 
os serviços de saúde e a população é que se definem, recortam, objetivam e são 
reconhecidas as necessidades em saúde. É também nesses espaços, integrados às demais 
instâncias da rede de atenção à saúde, que se buscam atender as necessidades em saúde. 
 
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SUGESTÕES PARA UMA MELHORA NA SAÚDE COLETIVA: 
  Alterações de determinados termos ou expressões que se mostraram de difícil 
compreensão.  Melhora na relação de equipe da UBS. 
 5) REFLETIR SOBRE O PAPEL, ESTRUTURA DA ORGANIZAÇÃO DAS 
VIGILÂNCIAS EM SAÚDE. 
 
Vigilância em saúde ambiental 
 Conjunto de ações e serviços que propiciam o conhecimento e a detecção de mudanças nos 
fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana, 
com a finalidade de recomendar e adotar medidas de promoção à saúde, prevenção e 
monitoramento dos fatores de riscos relacionados às doenças ou agravos à saúde; 
 
 Possui objetivos diversos: 
I. Produzir e tratar as informações sobre as questões ambientais com o intuito de 
disponibilizar ao SUS instrumentos para o planejamento e execução de ações relativas às 
atividades de promoção de saúde e de prevenção e controle de doenças relacionadas ao 
meio ambiente; 
II. Identificar os riscos e divulgar as informações referentes aos fatores ambientais 
condicionantes e determinantes das doenças e outros agravos à saúde; 
III. Fomentar ações intersetoriais com vistas a fornecer respostas integradas aos problemas 
ambientais; 
IV. Atua de forma a reduzir ou eliminar potenciais riscos à saúde, derivados e/ou relacionados 
às condições ambientais; 
 
 No caso da VSA, o foco do trabalho é a exposição dos indivíduos e comunidades aos fatores 
de risco de origem ambiental, que podem causar alterações orgânicas que resultem em 
malefícios às pessoas; 
 Atualmente, o Subsistema de Vigilância em Saúde Ambiental (SINVSA) está subdivido em 
três grandes áreas, todas sob a Coordenação Geral da Vigilância Ambiental (CGVAM), ligada 
à Secretaria de Vigilância em Saúde: vigilância em saúde de populações expostas a 
contaminantes químicos, vigilância da qualidade da água e vigilância em saúde ambiental 
relacionada aos desastres naturais. 
 
Vigilância em saúde do trabalhador e da trabalhadora 
 Conjunto de ações que visam promoção da saúde, prevenção da morbimortalidade e redução 
de riscos e vulnerabilidades na população trabalhadora, por meio da integração de ações que 
intervenham nas doenças e agravos e seus determinantes decorrentes dos modelos de 
desenvolvimento, de processos produtivos e de trabalho. 
 Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de atividades que se 
destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e 
proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde 
dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho, 
abrangendo: 
Pâmela Brandão da Silva – Medicina UniFG 2020.2 (Semestre II) 
UCIV – Abrangência das ações de saúde 
 
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I. Assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de doença 
profissional e do trabalho; 
II. Participação, no âmbito do SUS, em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos 
riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de trabalho; 
III. Participação, no âmbito de competência do SUS, da normatização, fiscalização e 
controle das condições de produção, extração, armazenamento, transporte, 
distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos 
que apresentam riscos à saúde do trabalhador; 
IV. Avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde; 
V. Informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre os 
riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os 
resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, 
periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional; 
VI. Participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do 
trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas; 
VII. Revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de trabalho, 
tendo na sua elaboração a colaboração das entidades fiscais; 
VIII. A garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão competente a 
interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho; 
 
 A VISAT trabalha sempre em conjunto com outras instituições, como sindicatos; 
 Busca caracterizar o território, perfil social, econômicos e ambiental da população 
trabalhadora; 
 Objetiva intervir nos fatores determinantes dos riscos e agravos à saúde da população 
trabalhadora, visando eliminá-los ou, na sua impossibilidade, atenuá-los e controlá-los; 
 
Vigilância epidemiológica 
 
 Conjunto de ações que proporcionam o conhecimento e a detecção de mudanças nos fatores 
determinantes e condicionantes da saúde individual e coletiva, com a finalidade de 
recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças, transmissíveis e não-
transmissíveis, e agravos à saúde; 
 Tem como propósito fornecer orientação técnica permanente para os profissionais de saúde, 
que têm a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle de doenças e 
agravos, tornando disponíveis, para esse fim, informações atualizadas sobre a ocorrência 
dessas doenças e agravos, bem como dos fatores que a condicionam, numa área geográfica 
ou população definida; 
 Instrumento para o planejamento, a organização e a operacionalização dos serviços de saúde, 
como também para a normatização de atividades técnicas correlatas; 
 A comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde feita à autoridade 
sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de 
intervenção pertinentes; 
 Funções da Vigilância Epidemiológica: 
I. Coleta de dados (em todos os níveis de atenção do sistema); 
II. Processamento dos dados coletados; 
III. Análise e interpretação dos dados processados; 
IV. Recomendação das medidas de controle apropriadas; 
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V. Promoção das ações de controle indicadas; 
VI. Avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas; 
VII. Divulgação de informações pertinentes; 
 Doenças transmissíveis 
I. As doenças transmissíveis ainda representam importante causa de adoecimento e 
mortalidade das populações, principalmente nos países em desenvolvimento, devido 
a carências relacionadas às condições sociais e econômicas, que determinam más 
condições de qualidade de vida; 
II. A descoberta dos microrganismos e posteriormente dos antibióticos – era da 
bacteriologia –, instaurou um período de esperança de controlar e acabar com os 
causadores das doenças transmissíveis. Contudo, apesar de todo o desenvolvimento 
de inúmeros medicamentos e antibióticos, as doenças transmissíveis persistem em 
nosso meio; 
 
 
 Doenças e agravos não transmissíveis 
I. As doenças e agravos não transmissíveis (DANT) são algumas das principais causas 
de morbidade e mortalidade no Brasil, por isso se tornaram um importante problema 
de saúde pública, o que leva à perda na qualidade de vida, redução da autonomiae 
forte impacto na economia global. Os agravos como acidentes de transporte, 
homicídios e suicídios apresentam crescimento na sociedade moderna, o que 
representa um novo desafio para o setor saúde, pois atingem populações jovens e 
sadias e economicamente ativas; 
II. As doenças crônicas têm um alto custo para o SUS, pois os indiví- duos podem ficar 
anos em tratamento. A prevenção e o controle dessas doenças são essenciais para 
manter a qualidade de vida e inclusive conter os gastos; 
III. Fatores de risco: sedentarismo, tabagismo, consumo de álcool e outras drogas, 
hábitos alimentares inadequados etc. 
 
 
Vigilância sanitária 
 
 Conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos 
problemas sanitários decorrentes do ambiente, da produção e circulação de bens e da 
prestação de serviços do interesse da saúde. Abrange a prestação de serviços e o controle de 
bens de consumo que, direta ou indiretamente se relacionem com a saúde, compreendidas 
todas as etapas e processos, da produção ao consumo e descarte; 
 Nas áreas de atuação da vigilância sanitária estão inseridas ações relacionadas ao controle de 
riscos sanitários em: 
I. Produtos: Alimentos, medicamentos, cosméticos, saneantes, sangue e derivados, 
equipamentos para a saúde; 
II. Serviços de saúde: unidades de assistência ambulatorial, clínicas, hospitais, ações de 
assistência domiciliar, práticas de interesse à saúde, serviços de diagnóstico e terapia 
em particular os de radiações ionizantes, hemoterapia e terapia renal substitutiva, 
odontologia e prótese; 
III. Ambiente: água, resíduos sólidos, edificações, ambiente do trabalho etc. 
IV. Saúde do trabalhador: ambiente de trabalhador e a saúde do trabalhador; 
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V. Portos, aeroportos e fronteiras: controle específico de portos, aeroportos e fronteiras, 
de veículos, cargas e pessoas; 
 
 As principais unidades componentes do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária que 
estruturam sua operacionalização: 
I. Nível federal: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Instituto Nacional 
de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS); 
II. Nível estadual: Os 27 órgãos de vigilância sanitária das secretarias estaduais de saúde 
que também contam com suporte laboratorial central em cada UF com grandes 
diferenças de capacidade técnica e analítica; 
III. Nível municipal: Serviços de vigilância sanitária organizados em ações 
desenvolvidas articuladas com outras áreas de vigilância em especial a 
epidemiológica com denominações organizacionais diversas, como vigilância da 
saúde, proteção à saúde, entre outras; 
 O cidadão tem o direito de ser informado sobre os riscos, sobre a qualidade e a eficácia dos 
produtos e serviços; 
 A vigilância sanitária tem o papel ético de compreender que as desigualdades podem ser 
reduzidas por meio de orientações fundadas na equidade e na responsabilidade social, e não 
podem ser unicamente baseadas no princípio da eficiência econômica; 
 
 6) DIFERENCIAR SURTOS, EPIDEMIAS, ENDEMIAS, PANDEMIAS E 
SINDEMIAS. 
 Surto epidêmico 
No surto, a ocorrência pode estar restringida a um grupo ocasional de pessoas, ou a um 
coletivo de população permanente como um colégio, um quartel, edifício de apartamentos, e até 
mesmo todo um bairro. 
 Epidemia 
I. Ocorrência de doença em grande número de pessoas ao mesmo tempo; (lato sensu) 
II. É uma alteração, espacial e cronologicamente delimitada, de estado de saúde-doença de 
uma população, caracterizada por uma elevação progressivamente crescente, inesperada 
e descontrolada dos coeficientes de incidência de determinada doença, ultrapassando e 
reiterando valores acima do limiar epidêmico preestabelecido; (conceito operativo) 
III. Restrita a um intervalo marcado por um começo definido e um término esperado com 
retorno da incidência aos patamares endêmicos observados antes da ocorrência 
epidêmica; 
IV. Apresentam aspectos próprios e característicos, que as discriminam permitindo que sejam 
agrupadas em conjuntos diferenciados entre si; 
V. Epidemia explosiva/maciça (a manifestação da doença ocorre envolvendo em pouco 
tempo a quase totalidade das pessoas sob risco / aquela que apresenta uma rápida 
progressão até atingir a incidência máxima num curto espaço de tempo); 
VI. Epidemia lenta (a velocidade com que é atingida a incidência máxima é lenta, a 
ocorrência é gradual e progride durante um longo tempo); 
VII. Epidemia propagada/progressiva (transmissão de hospedeiro a hospedeiro / a doença é 
difundida de pessoa a pessoa por via respiratória, anal, oral, genital, ou por vetores / a 
propagação da epidemia se dá em cadeia); 
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VIII. Epidemia por fonte comum (inexistência de um mecanismo de transmissão hospedeiro a 
hospedeiro / o fator extrínseco é veiculado pela água, por alimento, ar ou introduzido por 
inoculação / todos os afetados devem ter tido acesso direto ao veículo disseminador da 
doença, não necessariamente ao mesmo tempo e no mesmo lugar); 
IX. Epidemia por fonte pontual (leva em consideração o intervalo de tempo durante o qual a 
população afetada esteve em contato com uma fonte singular disseminadora da doença / 
exposição se dá durante um curto intervalo de tempo e cessa, não se tornando a repetir); 
X. Epidemia por fonte persistente (a fonte tem existência dilatada, e a exposição da 
população prolonga-se por um largo lapso de tempo); 
 
 Endemia 
I. Denomina-se endemia à ocorrência coletiva de uma determinada doença que, no decorrer 
de um largo período histórico, acometendo sistematicamente grupos humanos 
distribuídos em espaços delimitados e caracterizados, mantém a sua incidência constante, 
permitidas a flutuações de valores tais como as variações sazonais; 
II. O termo endemia refere-se à doença habitualmente presente entre os membros de um 
determinado grupo, em uma determinada área, isto é, presente em uma população 
definida; 
III. Prevalência usual da doença em um determinado local ou grupo; 
 
 Pandemia 
I. Ocorrência epidêmica caracterizada por uma larga distribuição espacial, atingindo várias 
nações. A pandemia pode ser tratada como uma série de epidemias localizadas em 
diferentes regiões e que ocorrem em vários países ao mesmo tempo; 
 
 7) RECONHECER O FLUXO E OS SISTEMAS DE NOTIFICAÇÃO DE 
DOENÇAS. 
Introdução 
Nada pode ser feito em epidemiologia sem o uso da informação. Nenhum dos seus 
campos de atuação e entre eles, a vigilância epidemiológica, pode ser desenvolvido sem 
informação. Por outro lado, deve-se ter claro que a informação é uma atividade “meio” e não 
“fim”. Assim, para que se possa atuar em vigilância epidemiológica é necessário dispor de 
informação: já se tornou clássica a expressão do processo “ informação-decisãoação” como eixo 
central da vigilância epidemiológica. Essa informação deve ser a mais atualizada, completa e 
fidedigna possível e depende do preenchimento dos instrumentos (fichas de notificação, 
declarações, boletins de atendimento etc), e da coleta e organização dos dados, de forma a permitir 
a análise dos mesmos, o que deve ser feito por técnicos com formação específica para esse fim. 
É fundamental também que todos os profissionais de saúde tenham acesso às informações de 
saúde e as tornem disponíveis à comunidade. A informação, sob este aspecto, deve ser vista como 
um importante instrumento de participação da comunidade, uma vez que possibilita à comunidade 
o acompanhamento e avaliação das atividades dos serviços de saúde, a análise das prioridades 
políticas a partir da realidade epidemiológica de determinado espaço geográfico e, de fundamental 
importância, o acompanhamento da aplicação dos recursos públicos. Conceitua-se dado como 
“ um valorquantitativo obtido para caracterizar um fato ou circunstância” ou “o número bruto 
que ainda não sofreu qualquer espécie de tratamento estatístico”, ou ainda, “a matéria-prima da 
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produção de informação”. Por outro lado, entende-se informação como “o conhecimento obtido 
a partir dos dados e que implica em interpretação por parte do usuário” ou “informação é o dado 
trabalhado. É o resultado da análise e combinação de vários dados”. Um sistema é um conjunto 
de unidades de produção, análise e divulgação de dados, atuando articuladamente, com a 
finalidade de atender à necessidade de informação da instituição que implementa esse sistema. 
Um sistema de informação seria uma reunião de pessoas e máquinas que visa a obtenção e 
processamento de dados que atendam à necessidade de informação da instituição que implementa 
esse sistema. Um sistema de informações se faz necessário para que o planejamento, as decisões 
e as ações dos gestores, num determinado nível decisório (municipal, estadual e federal), não 
sejam baseados em dados subjetivos, em conhecimentos ultrapassados ou em preconceitos. 2 Guia 
de Vigilância Epidemiológica Um sistema de informação em saúde constitui-se, assim, num 
componente do sistema de saúde e tem como propósito geral facilitar a formulação e avaliação 
das políticas, planos e programas de saúde, subsidiando o processo de tomada de decisões, com 
vistas a contribuir para a melhoria da situação de saúde da população. São funções do Sistema de 
Informação em Saúde (SIS) o planejamento, a coordenação e a supervisão dos processos de 
seleção, coleta, aquisição, registro, armazenamento, processamento, recuperação, análise e 
difusão de dados e geração de informações. Os dados requeridos pelo sistema de saúde são 
coletados e processados regularmente no setor saúde, cabendo ao SIS o planejamento e operação 
dos respectivos subsistemas. Também são de interesse os dados produzidos extrasetorialmente, 
cabendo ao SIS a articulação com os órgãos que os produzem, com vistas a suprir as necessidades 
do setor saúde e estabelecer um fluxo regular de informação. Assim sendo, o SIS deve obter e 
fornecer dados nas seguintes áreas: demografia: incluindo informações sobre a população, 
mortalidade e natalidade; morbidade: morbidade hospitalar e ambulatorial, registros especiais, 
seguro social, acidentes de trânsito, de trabalhos, etc.; meio ambiente: saneamento básico, 
abastecimento de água, destino dos dejetos e lixo, poluição ambiental, condições de habitação, 
estudo de vetores; recursos de saúde e produção de serviços: recursos físicos, humanos, 
financeiros, produção na rede de serviços básicos de saúde e em outras instituições de saúde, 
vigilância sanitária; e documental e administrativa: legislação médico-sanitária, referências 
bibliográficas, sistemas administrativos. Existem também dados necessários ao setor saúde que 
não são coletados regularmente e que podem ser obtidos através de inquéritos e estudos especiais, 
de forma eventual e localizada, ou mesmo em âmbito nacional. Cabe aqui colocar a importância 
dos indicadores em relação aos dados utilizados num Sistema de Informação de Saúde, pois não 
é qualquer dado que tem utilidade para o sistema de saúde. É preciso haver alguma racionalidade 
na definição dos dados que serão coletados, processados e analisados nos SIS para evitar 
desperdício de tempo, recursos, descrédito no sistema de informação pela população e mesmo 
pelos técnicos: os dados que devem preferencialmente ser coletados são os necessários para a 
construção de indicadores. Indicadores são informações produzidas com periodicidade definida e 
critérios constantes e devem apresentar os seguintes requisitos para a sua obtenção: 
disponibilidade de dados, simplicidade técnica, uniformidade, sinteticidade e poder 
discriminatório. Sistemas de Informação em Saúde e a Vigilância Epidemiológica 3 Indicadores 
de saúde são variáveis suscetíveis à mensuração direta, que refletem o estado de saúde de pessoas 
numa comunidade. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os indicadores de saúde 
dividem-se em 5 grandes grupos: Indicadores de política de saúde; Indicadores sócio-
econômicos; Indicadores de provisão de serviços de saúde; Indicadores de provisão/cobertura 
de serviços de atenção básica de saúde; e Indicadores básicos de saúde. 
 
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Sistemas de Informação em Saúde 
Historicamente, a construção dos Sistemas de Informação vinha sendo voltada para uma 
racionalidade de centralização e verticalização, que se demonstrava na organização e 
disponibilidade dos bancos de dados nacionais. O que se verificava, a partir dessa concepção, era 
o acúmulo de dados, com pequena utilização para apoio à decisão e poucas informações 
integradas para dar conta da complexa situação de saúde nas diferentes regiões do país. A 
implantação do SUS requer que o Sistema de Informação em Saúde seja diferente: os indicadores 
escolhidos devem refletir a concepção de saúde que norteia o Sistema Único e devem subsidiar 
as análises necessárias ao seu desenvolvimento. Consta da Lei nº. 8.080, no capítulo II - Dos 
princípios e diretrizes do SUS, no Art. 7º, VII: “... utilização da epidemiologia para o 
estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática...” e no 
Capítulo IV - Da competência e das atribuições do SUS, na Seção I, Art. 15, IV: “...organização 
e coordenação do sistema de informação em saúde”. Um dos objetivos básicos do Sistema de 
Informação em Saúde na concepção do SUS é possibilitar a análise da situação de saúde no nível 
local, análise essa que tome como referencial microrregiões homogêneas e, necessariamente, leve 
em consideração as condições de vida da população no processo saúde-doença. Um outro aspecto 
de fundamental importância é a existência de um sistema hierarquizado, no qual o fluxo 
ascendente de variáveis se dê de modo inversamente proporcional à agregação geográfica. Deve-
se ressaltar, ainda, a necessidade de integração dos bancos de dados e uma maior dinamização das 
ações de vigilância epidemiológica, através da utilização dos sistemas nacionais informações 
como pré-requisitos para o desenvolvimento de uma política de informação e informática para o 
SUS. Neste sentido, consideráveis esforços estão sendo realizados pelo Ministério da Saúde 
através do DATASUS, SAS e CENEPI para fortalecer as grandes bases de dados nacionais. No 
âmbito do REFORSUS, vem sendo implantada a Rede Nacional de Informações em Saúde - 
RNIS, que busca desenvolver a capacidade informacional, em todos os níveis, para operação dos 
cinco maiores sistemas: SIH, SIA, SIM, SINASC e SINAN. Complementarmente, há a iniciativa 
da Rede de 4 Guia de Vigilância Epidemiológica Informações para a Saúde - RIPSA, que visa 
articular as principais instituições responsáveis pela produção de indicadores e dados básicos de 
interesse para a saúde, objetivando a análise da situação de saúde e suas tendências. Entre as 
atividades em curso, busca-se estabelecer padrões para compatibilizar os diferentes sistemas, 
possibilitando o uso integrado de dados e transformar aqueles que anteriormente eram 
processados de modo centralizado e de utilização restrita ao âmbito federal, em sistemas de base 
municipal, através da alteração de fluxos e do uso de recursos de informática. Os sistemas de 
informação apresentados na Tabela I possuem manuais instrucionais e modelos dos instrumentos 
de coleta (fichas e declarações) para implantação e utilização no microcomputador. Os programas 
e seus manuais encontram-se no CENEPI à disposição dos interessados. 
 
Sistema de Informação de Mortalidade - SIM 
O SIM foi criado pelo Ministério da Saúde em 1975, como um

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