Prévia do material em texto
Aula 14 – Anotações e Imagens baseadas na aula de Doenças Virais da Professora Dra Aline da Hora Cinomose Definição Doença infecciosa viral, sistêmica, com alta morbidade e mortalidade, que acomete canídeos domésticos e selvagens, além outros mamíferos, com ocorrência mundial (América do Norte e Europa não tem uma frequência muito grande), de especial importância para cães. Etiologia → Família: Paramyxoviridae → Gênero: Morbillivirus → Espécie: Canine morbillivirus (nomina atual) o Canine distemper virus (CDV) > nomenclatura antiga → Vírus do sarampo humano → Vírus RNA → Envelopado: sensível ao ambiente → Diversas cepas/linhagens com diferentes patogenicidades => evolução genética natural (vírus RNA tem taxa de mutação maior que os de DNA). No Brasil como tem um grande numero de animais infectados, favorece a mutação. Problema: suspeita de que pode ter ineficácia das vacinas > as cepas vacinais encontram-se filogeneticamente distante das cepas encontradas. Vacinas recombinantes produzem resposta do organismo melhor. → Proteínas importantes: de fusão e hemaglutinina> importante para resposta imune e ligação ao receptor e entrada na célula. Epidemiologia → Distribuição mundial → Susceptíveis: o Qualquer idade o Mais comum: filhotes não vacinados ou vacinados com protocolos erradas, 12-16 semanas de idade. Nathália Gomes Bernardo Há uma diversidade de animais que já foram descritos com cinomose. Cão doméstico é o reservatório natural. Nos EUA, os guaxinins são os principais reservatórios > estes animais são reservatórios nos países em que a vacinação dos cães é bastante criteriosa e bem implementada. Por inoculação experimental gatos e suínos tem resistência natural. Transposição de barreira de hospedeiro: passa do hospedeiro principal para hospedeiros não usuais > pode ocorrer por contato com cães ou guaxinins que possuem o vírus. Uma diversidade de animais pode contrair por diversas vias: urina, carne dos animais, alimentos contaminados, aerossóis, etc. Gato doméstico é resistente, mas os felídeos silvestres não são. Trabalhos mostram laboratorialmente a possível infecção de células humanas com o vírus da cinomose: será que temos imunidade cruzada devido a vacina de sarampo? Zoonose um dia? Animais marinhos também podem ter cinomose. Furões em alguns países são bastante populares > devem ser vacinados. Patogenia Disseminação viral: de 3 a 4 meses pós infecção. Porem um artigo demonstrou que um cão teve disseminação viral que persistiu 6 meses após a cura clínica> então no total o animal disseminou a doença por 17 meses. Informação importante no caso de controle da doença (abrigos principalmente, pois a doença é frequente). Sinais clínicos Muito variáveis por dependerem: → cepa viral → idade e do estado imunológico do hospedeiro → infecções concomitantes com outros vírus e bactérias (em Uberlândia é bastante comum a co- infecção com Herliquiose) Mais de 50% das infecções por CDV são assintomáticas!! Os sinais clínicos são variáveis, mas tem os locais os quais ocorre com maior frequência. Dermatite postular não é patognomonico, mas é sinal de alertas. Geralmente o animal acometido primeiro tem sinais respiratórios, posteriormente gastrointestinais e depois neurológicos (mas isso não é regra). Sinais de envolvimento sistema respiratório → Febre → Secreção serosa bilateral nasal e ocular → Conjuntivite → Tosse não produtiva → Dispneia → Infecção bacteriana secundaria (imunossupressão): o Secreção nasal e ocular se torna mucopurulenta o Broncopneumonia bacteriana => taquipneia, tosse produtiva, letargia e diminuição do apetite o Bordetella bronchiseptica > infecção secundária mais comum > tosse dos canis; ▪ CDV pode passar desapercebido!!! Completo respiratório infecciosa canino: → Bordetella bronchiseptica; → Streptococcus equi sub zooepidemicus → Mycoplasma spp → Vírus da influenza canina → Coronavírus respiratório → Vírus da parainfluenza → Adenovírus → Herpervírus Sinais de envolvimento sistema gastrointestinal Devido destruição viral do epitélio do trato gastrointestinal → inapetência, → vômitos, → diarreia, → anormalidades eletrolíticas → desidratação → co-infecção com: CPV, CCoV (coronavírus canino) Sinais envolvimento dermatológico → Dermatite vesicular e pustular em filhotes. → Hiperqueratose plano nasal e coxins => geralmente associada com sinais neurológicos. Sinais de envolvimento sistema nervoso Até 30% dos cães acometidos apresentam sinais do SNC. Geralmente 1 a 6 semanas após o início da doença aguda. Podem ocorrer mesmo quando a infecção inicial é subclínica. Algumas cepas são mais propensas a causar sinais neurológicos. Cães podem apresentam apenas sinais neurológicos. Sinais progressivos e geralmente não desaparecem *Cães que se recuperam frequentemente apresentam déficits neurológicos. Manifestações neurológicas são divididas em 5 entidades clínicas: → Encefalopatia dos cães jovens; → Encefalite dos animais adultos; → Encefalite esclerosante dos animais idosos; → Encefalopatia pós-vacinal; → Polioencefalite com corpúsculos de inclusão pelo vírus da cinomose. Todas as manifestações clinicas tem desmielinização > principal alteração na histopatologia > mioclonias> tremor involuntário de músculos individuais ou grupos musculares. Na literatura ainda não tem nenhuma outra doença que causa mioclonias > mas não pode afirmar que é um sinal patognomonico. Encefalopatia dos cães jovens: → Idade: até 2 anos; → Doença sistêmica com infecções secundárias: manifestação sistêmica (respiratória e gastrintestinal além de neurológica) → Apresenta: Mioclonias, ataxia, mono até tetraparesia e ocasionais convulsões. Encefalite dos animais adultos: → Idade: entre os 2 e os 6 anos de idade; → Com ou sem doença sistêmica → Apresentam: Incoordenação, tetraplegia, epilepsia, inconsciência e convulsões graves nas fases finais de doença. Encefalite esclerosante dos animais idosos: → Idade: mais de 6 anos → Panencefalite subaguda com perda seletiva do estado mental → Sinais semelhantes ao raiva, o Alterações de comportamento: ▪ depressão com epidódios de agressividade mesmo contra tutor (animal que antes era dócil e passa a ser agressivo) ▪ ataque a objetos ▪ latidos intermitentes ▪ andar obstinado, propulsivo ou atáxico Encefalopatia pós-vacinal: → 3 dias a 2 semanas pós-vacinação; → Ocorre por suscetibilidade maior do filhote ao produto vacinal ou → Reativação de um vírus vacinal → Animais apresenta: Comportamento violento e agressivo, ataxia progressiva, paresia, decúbito e morte em poucos dias; Polioencefalite com corpúsculos de inclusão (agregados proteicos virais): → Cães jovens sem histórico de vacinação recente; → Grande quantidade de corpúsculos de inclusão em neurônios; → Sinais clínicos intermediários entre encefalopatia pós-vacinal e encefalite do cão idoso. Sinais oculares Os animais podem apresentar: → Uveíte leve em cães com encefalomielite → Corioretinite → Ceratoconjuntivite seca (complicação frequente) o Ocorre por lesão na glândula lacrimal pelo CDV o Transitória ou permanente o Pode causar ceratite e úlcera de córnea → Ceratite: por lesão direta do vírus → Neurite => associada com cegueira súbita => pupilas dilatadas não responsivas Uveíte pode ser classificada de acordo com o local de lesão. Se for restrito a câmara anterior: uveíte anterior. Uveíte intermediária. Uveíte posterior. Panveíte. Imunossupresão Resultado de: → linfopenia → necrose das células hematopoiéticas → disfunção das células dendríticas → função das células T prejudicada Outras infecções oportunistas associadas com CDV: Toxoplasmose Salmonelose=> diarreia hemorrágica fatal ou sepse NocardioseDemodecose generalizada Hemoparasitoses Sinais de acometimento aparelho locomotor → Pode ocorre em cães em fase de crescimento: osteosclerose metafisária em ossos longos → Mais comum em raças grandes com 3 a 6 meses de idade → Artrite reumatoide: por depósito de imunocomplexos no líq. sinovial → Sinais: dor e claudicação → Suspeita que pode ocorrer Osteodistrofia hipertrófica o Pode estar relacionada com CDV Infecção transplacentária por CDV → Infertilidade → Natimortos ou aborto → Sinais neurológicos em filhotes com menos de 4 a 6 semanas de idade → Síndrome do definhamento do neonato → Filhotes infectados no útero podem sobreviver=> imunodeficiência permanente Filhotes infectados no útero podem sobreviver=> imunodeficiência permanente => lesões tecidos linfoides Lesões dentais → Filhotes infectados antes da erupção dos dentes permanentes → Lesões em esmalte, dentina ou raízes dentárias → Hipoplasia esmalte + sinais neuro em cão adulto => infecção prévia por CDV → Erupção parcial dos dentes → Oligodontia (ausência de muitos dentes) Diagnóstico → Histórico: animal vacinado corretamente? Animal teve contato com outros antes de terminar o protocolo vacinal? → Sinais Clínicos compatíveis → Linfopenia → Trombocitopenia < 30.000células/µL → Anemia arregenerativa → Corpúsculos de Lentz (intracitoplasmáticos – corpúsculos da cinomose): Linfócitos, Monócitos, Neutrófilos, Hemácias, células epiteliais (bexiga, conjuntiva), astrócitos e neurônios. o A presença desse corpúsculo não é muito frequênte. > Não restringir o diagnóstico a isso. → Hipoglobulinemia tanto em filhotes infectados pré-natal quando neonato. Diagnóstico → Radiografia pulmonar: o padrão intersticial => começo da infecção; o padrão alveolar => infecção bacteriana 2ária e broncopneumonia grave. → Análise LCR: o Encefalomielite desmielinizante não-inflamatória e aguda: ▪ sem alterações em LCR] o Encefalomielite crônica: ▪ proteína > 25mg/dL ▪ contagem celular >10cls/ L com predominância de Li o Corpúsculos de Lentz podem ser observados → Diagnóstico -Detecção de Ag o ELISA ou imunocromatografia o Falso positivo => animais vacinados (até 4 semanas pós-vacinação com vacina vírus vivo atenuado) o Sensibilidade e especificidade ? > não tem trabalhos comparativos com técnicas diferentes para diagnóstico o Amostra de sangue, urina. → Diagnóstico -Detecção de Ac o Soroneutralização e testes rápidos (ELISA, imunocromatografia) o Ac aparecem 10 –20d pós-infecção o Utilizados em amostras de soro. o Pode ocorrer FALSO POSITIVO em animal vacinado o LCR: Anticorpos circulantes na corrente sanguíneo não passam a barreira hemato encefálica. Coleta correta de LCR, se tiver anticorpo é porque foi produzido pelo sistema nervosos central. Mundo ideal → Quantificação de Ac → Determinar se o animal está protegido=> é necessário vacinar? → Aumento 4x em um intervalo de 2-4 semanas =>infecção recente → Diferenciar se Ac no LCR é por infecção ativa e por passagem na barreira hematoencefálica → Infecção ativa SNC => títulos Ac mais altos no LCR que no sg o Cuidado com contaminação sangue na coleta LCR RT-PCR → Sangue, soro, LCR, urina (melhor amostra), swab conjuntival, biópsia de pele ou tecidos → Falso positivo: vacinação vírus vivo, 2 dias pós-vacinação até 4 semanas o Exceção: vacinas recombinantes → Teste negativo => não pode descartar infecção o Degradação do RNA o Não havia quantidade de vírus suficiente na amostra → Em casos de surto em abrigos=> pool de amostras de 5-10 animais aumentam as chances de detecção → Pode ser capaz de diferenciar cepas vacinais de cepas de campo Diagnóstico diferencial → Parvovirose canina, → Outras causas infecciosas de gastroenterite, → Outras causas de doença respiratória infecciosa canina (tosse dos canis), → Raiva, nos casos de manifestação neurológica → Toxinas como chumbo e etileno glicol, → Corpo estranho gastrointestinal, → Indiscrição de dieta → Meningoencefalite protozoária, → Infecções fúngicas sistêmicas (criptococose), → Shunt causando encefalopatia hepática Tratamento → Isolamento → Controle → Difícil controle quando há cães em elevado contato → Sensível: o Luz UV o Aquecimento ▪ 50 –60°C, 30 minutos ▪ Em locais de clima quente => não resiste na ausência do hospedeiro ▪ Sobrevive menos de 1 dia à temperatura ambiente o Dessecamento o Detergentes, desinfetantes comuns Controle Vacinação → Animais vacinados com manifestações por CDV → Falhas vacinais: o Diversidade de cepas?! o Vacinação na presença de Ac maternos o Co-infecção por protozoários e agentes imunossupressores o Contato com animais infectados durante o período de imunização o Conservação e manipulação inadequada das vacinas ▪ Vacinas devem ser reconstituídas imediatamente antes do uso até no máx. 1h o Vacinas de baixa qualidade