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As nulidades são vícios, ou seja, são irregularidades constatadas ao longo do procedimento licitatório ou da execução contratual. Na teoria dos ato...

As nulidades são vícios, ou seja, são irregularidades constatadas ao longo do procedimento licitatório ou da execução contratual. Na teoria dos atos administrativos, ao se identificar uma nulidade, a administração deverá proceder a anulação do ato, exceto quando for possível a sua convalidação, também conhecida como saneamento. Nos contratos administrativos, a situação é muito semelhante. Entretanto, o legislador deu prioridade para o saneamento dos vícios. Logo, a declaração de nulidade somente ocorrerá quando não for possível sanear o vício do ato administrativo. Além disso, a nulidade ou a suspensão do contrato somente poderão ser declaradas se tais medidas atenderem ao interesse público. Aparentemente, o legislador quis mitigar as hipóteses de declaração de nulidade àquelas que efetivamente se mostrarem necessárias. Assim, constatada irregularidade no procedimento licitatório ou na execução contratual, caso não seja possível o saneamento, a decisão sobre a suspensão da execução ou sobre a declaração de nulidade do contrato somente será adotada na hipótese em que se revelar medida de interesse público. Nesse caso, o administrador deverá avaliar, entre outros, os seguintes aspectos (art. 147): a) impactos econômicos e financeiros decorrentes do atraso na fruição dos benefícios do objeto do contrato; b) riscos sociais, ambientais e à segurança da população local decorrentes do atraso na fruição dos benefícios do objeto do contrato; c) motivação social e ambiental do contrato; d) custo da deterioração ou da perda das parcelas executadas; e) despesa necessária à preservação das instalações e dos serviços já executados; f) despesa inerente à desmobilização e ao posterior retorno às atividades; g) medidas efetivamente adotadas pelo titular do órgão ou entidade para o saneamento dos indícios de irregularidades apontados; h) custo total e estágio de execução física e financeira dos contratos, dos convênios, das obras ou das parcelas envolvidas; i) fechamento de postos de trabalho diretos e indiretos em razão da paralisação; j) custo para realização de nova licitação ou celebração de novo contrato; k) custo de oportunidade do capital durante o período de paralisação. Note como o legislador quis pesar as consequências da paralisação ou nulidade do contrato. Logo, o administrador não deverá analisar friamente o cumprimento da lei, mas também outras razões de interesse público. Nesse caso, os princípios do interesse público, da segurança jurídica, da eficiência e outros, justificam a mitigação do princípio da legalidade. Isso porque, em determinados casos, realizar a anulação terá consequências mais graves do que a manutenção do ato irregular. Assim, caso a paralisação ou anulação não se revele medida de interesse público, o poder público deverá optar pela continuidade do contrato e pela solução da irregularidade por meio de indenização por perdas e danos, sem prejuízo da apuração de responsabilidade e da aplicação de penalidades cabíveis (art. 147, parágrafo único). Em resumo, a nulidade somente poderá ser adotada se: a) o vício for insanável; b) a medida atender ao interesse público, observados os aspectos listados acima. A declaração de nulidade do contrato administrativo requererá análise prévia do interesse público envolvido, e operará retroativamente, impedindo os efeitos jurídicos que o contrato deveria produzir ordinariamente e desconstituindo os já produzidos (art. 148). Logo, a declaração de nulidade possui efeitos retroativos (ex tunc). Com efeito, caso não seja possível o retorno à situação fática anterior, a nulidade será resolvida pela indenização por perdas e danos, sem prejuízo da apuração de responsabilidade e aplicação das penalidades cabíveis. Por exemplo: a empresa construiu dois andares e não deu causa à nulidade – não há como “desconstituir” o trabalho já realizado, então a empresa será indenizada por aquilo que ela construiu. Além disso, ao declarar a nulidade do contrato, a autoridade, com vistas à continuidade da atividade administrativa, poderá decidir que ela só tenha eficácia em momento futuro, suficiente para efetuar nova contratação, por prazo de até seis meses, prorrogável uma única vez. Portanto, a nulidade poderá ter “efeito para o futuro” (seria uma “modulação dos efeitos”). Por exemplo: um contrato de prestação de serviços contínuos poderia continuar a ser executado, enquanto a administração realiza nova licitação. O prazo máximo será de até seis meses, prorrogável uma vez. Requisitos (cumulativos) para a declaração da nulidade Vício insanável A anulação deverá atender ao interesse público

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O texto apresenta informações sobre as nulidades em contratos administrativos. De acordo com o texto, as nulidades são vícios ou irregularidades constatadas ao longo do procedimento licitatório ou da execução contratual. Quando identificada uma nulidade, a administração deve proceder à anulação do ato, exceto quando for possível a sua convalidação, também conhecida como saneamento. Nos contratos administrativos, a situação é muito semelhante. Entretanto, o legislador deu prioridade para o saneamento dos vícios. Logo, a declaração de nulidade somente ocorrerá quando não for possível sanear o vício do ato administrativo. Além disso, a nulidade ou a suspensão do contrato somente poderão ser declaradas se tais medidas atenderem ao interesse público. A decisão sobre a suspensão da execução ou sobre a declaração de nulidade do contrato somente será adotada na hipótese em que se revelar medida de interesse público. O administrador deverá avaliar, entre outros, os seguintes aspectos: impactos econômicos e financeiros decorrentes do atraso na fruição dos benefícios do objeto do contrato; riscos sociais, ambientais e à segurança da população local decorrentes do atraso na fruição dos benefícios do objeto do contrato; motivação social e ambiental do contrato; custo da deterioração ou da perda das parcelas executadas; despesa necessária à preservação das instalações e dos serviços já executados; despesa inerente à desmobilização e ao posterior retorno às atividades; medidas efetivamente adotadas pelo titular do órgão ou entidade para o saneamento dos indícios de irregularidades apontados; custo total e estágio de execução física e financeira dos contratos, dos convênios, das obras ou das parcelas envolvidas; fechamento de postos de trabalho diretos e indiretos em razão da paralisação; custo para realização de nova licitação ou celebração de novo contrato; custo de oportunidade do capital durante o período de paralisação. A nulidade somente poderá ser adotada se o vício for insanável e a medida atender ao interesse público, observados os aspectos listados acima. A declaração de nulidade do contrato administrativo requererá análise prévia do interesse público envolvido e operará retroativamente, impedindo os efeitos jurídicos que o contrato deveria produzir ordinariamente e desconstituindo os já produzidos. A nulidade poderá ter "efeito para o futuro", por exemplo, um contrato de prestação de serviços contínuos poderia continuar a ser executado, enquanto a administração realiza nova licitação. O prazo máximo será de até seis meses, prorrogável uma vez.

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