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A redução dos gastos sociais como uma das premissas essenciais do neoliberalismo, abria horizontes sombrios para o futuro da educação. A política educacional típica do período consistiu em reformar: reformar para tornar eficiente e eficaz a educação; reformar para adequar a educação aos ditames do novo paradigma da acumulação capitalista; reformar para flexibilizar as relações de trabalho entre os trabalhadores da área; reformar para criar mecanismos de controle (avaliação e autonomia) do ensino e da produção científica; reformar para tornar a forma de organização e gestão do ensino apto a converter-se em campo de domínio do capital e da produção de mercadorias. As lutas sociais que haviam adquirido força e presença política nos anos 80, conquistando importantes mudanças na Constituinte de 1987-8, passaram a ser desconstruídas tão logo foi promulgada a Constituição. No campo educacional, a liberdade concedida ao capital traduzir-se-ia pela ampliação progressiva de seu campo de ação, dando continuidade e ampliando a tendência privatizante dos anos da Ditadura Militar. Uma das maiores perdas para o ensino público, nesse sentido, ocorreu na própria Constituição Federal de 1988, que não garantiu a exclusividade de recursos públicos para os estabelecimentos de ensino mantidos pelo Estado, abrindo uma brecha – que, aliás, ainda não foi fechada – para o setor privado apropriar-se de novas fatias do fundo público para a educação. Extraído de Minto (2007). Os anos 90 foram marcados pela discussão das ideias de Piaget e Vygotsky, que possibilitou uma reflexão mais intensa sobre o cotidiano escolar, vislumbrando novos horizontes para vários temas importantes, com destaque para o currículo, que ensejou que o MEC elaborasse os Parâmetros Curriculares Nacionais PCN. Ocorreu, ainda, a aprovação da nova LDB, a Lei nº 9.394/96 (que será analisada detalhadamente na próxima aula). PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PCN A partir de meados de 1990, o MEC os editou, nas diversas disciplinas dos Ensinos Fundamental e Médio, na intenção de garantir um currículo mínimo para os estudantes de todo o Brasil. A homogeneidade pretendida é denunciada por ignorar (e/ou desprezar) as singularidades regionais (e/ou locais), que são exatamente os saberes que estão vinculados ao sentimento de identidade. A despeito desta pertinente preocupação, os PCN revelam o esforço do governo federal de fortalecer o sistema de ensino brasileiro. 32