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539630671-LIVRO-Manual-de-Pericia-Grafotecnica

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Manual de Perícia 
Grafotécnica 
Luciana Boschi 
 
 
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
 
 1 – Breve histórico do sistema gráfico 
 2 – Princípios e as Leis do grafismo 
 3 – Evolução da escrita 
 4 – Fases da produção do grafismo 
 5 – Gestação de assinaturas 
 6 – Elementos gráficos 
 7 – Elementos técnicos 
 8 – Metodologia e procedimentos 
 9 – Análise de assinaturas 
 10 – Classificação das assinaturas 
 11 – Falsificações e disfarces 
 12 – Coleta de padrões gráficos 
 13 – Elementos técnicos para confronto 
 14 – Espontaneidade 
 15 – Dinâmica 
 16 – Recursos Óticos 
 17 – Estrutura e requisitos do Laudo 
 18 – Descrição da peca questionada 
 19 – Exemplos de textos para o Laudo 
 
 
 
 
1 - BREVE HISTÓRICO DO SISTEMA GRÁFICO 
 
1.1 - A historia da Grafoscopia 
 
1.2 - Conceitos gerais 
• Documento e qualquer objeto que fornece informações. A origem etimológica da palavra e o termo 
latino “docere”, que significa “ensinar”. 
• Grafoscopia e a área da Documentoscopia que estuda a escrita, objetivando verificar sua 
autenticidade ou não e, no caso de falsidade, determinar sua autoria. O objetivo inicial e o de esclarecer questões 
criminais, ligadas a área da criminologia. Alguns autores consideram a finalidade como determinar a origem do 
documento gráfico, uma vez que, através da Grafoscopia, podem ser apuradas características da produção de um 
documento. A partir da comparação entre os escritos, determina-se se foram produzidos pelo mesmo punho 
escritor, seja num texto completo ou em apenas uma rubrica. Com a finalidade de verificar autenticidade ou 
falsidade material de um escrito (texto, assinatura, rubrica, cifras, etc) a pericia grafotécnica se fundamenta no 
confronto das características dos escritos autênticos (padrões) e as confronta com os escritos questionados. 
Historicamente, surgiram diversos métodos, a saber: 
 
• A - Morfológico: consistia na comparação isolada de letras em seus elementos essenciais de forma, 
posição e dimensão. E absolutamente superficial e falho porque se ocupa apenas dos aspectos 
externos, que são os mais fáceis de imitar ou modificar com intuitos fraudulentos. Foi responsável por 
grandes erros judiciários, mas, mesmo assim, ainda e utilizado nos cartórios para reconhecimento de 
forma “por semelhança”. 
 
• B - Grafométrico: apreciação métrica da escrita, partindo do pressuposto que as proporções são 
invariáveis na escrita da cada pessoa. De pouca utilidade pratica, só teve a vantagem de destacar o 
exame da proporcionalidade e do calibre, fatores importantes no exame. 
 
• C - Grafológico: baseando-se no conceito dos “7 gêneros” proposto por CREPIEUX-JAMIN (tamanho, 
forma, direção, velocidade, pressão, continuidade e ordem), propõe a analise da personalidade pela 
observação do grafismo, mas de pouca importância para a determinação da autoria gráfica. Apesar de 
suas limitações, trouxe valiosa contribuição para a Grafotécnia ao se ocupar de elementos intrínsecos do 
grafismo relacionados com a própria gênese da escrita. 
 
• D - Grafocrítico: este método fez surgir a distinção entre elementos formais e estruturais que, no seu 
conjunto, constituem a fisionomia de um escrito, permitindo distingui-lo de qualquer outro. Destaca-se a 
importância dos gesto-tipos que aparecem tanto nos elementos constitutivos como nos estruturais, e, 
sendo inconscientes, são praticamente imperceptíveis ao leigo, se tornando valioso indicador de autoria. 
 
• E - Grafonômico: considerado o mais atual, este método agrega o que resultou de útil e valido nos 
métodos anteriormente usados. Consiste em analisar a maneira usual e típica da escrita da pessoa, 
sendo em 3 fases: o que e visível, os movimentos e a forca usada no traço. 
 
 
 
 
 
 
 
1.3 - Recursos técnicos 
 
Tradicionalmente, um documento esta ligado ao ato da escrita. Porem, com a finalidade de transmitir 
informação, documentos não são apenas textos produzidos em papel, mas também registros feitos em imagens, 
filmes, sistemas multimídia, como arquivos de computador ou paginas da web. 
 
• Materiais: o suporte do documento e o tipo de instrumento de registro das ideias 
• Gráficos: a forma como a informação e expressa no suporte: letras, números, pontos, pixels, etc. 
• Linguísticos: a linguagem em sentido amplo: escrita, audiovisual, de mídia, software, etc; 
• Intelectuais: conteúdo que o documento pretende transmitir (ex: cheque assinado em branco). 
 
 
 
2 - PRICIPIOS E LEIS DA ESCRITA 
 
 2.1 – Princípios fundamentais 
 
• Solange Pellat: 
 
“A escrita é individual e inconfundível, pois é resultante de estímulos cerebrais que determinam os 
movimentos que resultam em formas gráficas.” 
 
A escrita produzida por um individuo leva os sinais de sua personalidade. Assim como as pessoas são 
reconhecidas pela sua maneira de andar, falar, gesticular etc., o grafismo também identifica seu autor. 
A forma como o individuo desenvolve as letras, a maneira como são articuladas, as elaborações mais 
detalhadas de certos gráficos, a distancia entre as letras e palavras, enfim, diversas são as características 
individuais observadas na grafoscopia que podem identificar um determinado punho escritor. 
 
“As leis da escrita independem do alfabeto utilizado. As formas alfabéticas são resultantes dos 
movimentos originados a partir dos estímulos cerebrais, particulares a cada punho escritor.” 
 
As características e formas inseridas no grafismo de uma pessoa são individuais, podendo identifica-la. 
A presença de tais características gráficas independera de fatores tais como cultura, classe social, etc. 
 
o 1a LEI (do impulso cerebral) 
“O gesto gráfico esta submetido a influencia imediata do cérebro. O órgão que escreve não modifica a 
forma, se estiver funcionando normalmente e adaptado a sua função.” 
 
A escrita e dependente do cérebro e o órgão escritor e meramente um instrumento para a expressão do 
gesto gráfico. Exemplo disso e que a pessoa mutilada pode desenvolver a escrita com o uso do pé ou boca, após 
adaptação, resultando em gestos com mesmas características fundamentais, uma vez que somente o órgão motor 
foi atingido, mas não o cérebro. 
 
o 2a LEI (da ação do eu) 
“Quando se escreve, o “eu” está ativo, mas o sentimento quase inconsciente dessa atuação passa por 
alternância de intensidade e debilidade. O máximo de intensidade ocorre quando se tem que realizar um 
 
 
esforço, ou seja, nos começos, e o mínimo quando o movimento vem secundado pelo impulso adquirido, 
ou seja, nos finais.” 
 
Esta relacionada a Teoria Psicológica da escrita, associando-se o máximo de intensidade a ação do 
consciente e o mínimo ao inconsciente. As alternativas de intensidade podem ter relação com as variações da 
Dinâmica. 
 
o 3a LEI (da identidade gráfica) 
“A escrita habitual não poderá ser modificada voluntariamente num determinado momento, senão pela 
introdução, em seus traços, do esforço dispensado para obter essa modificação.” 
 
A escrita e processada pela mente subconsciente, quando o escritor, de forma consciente, tenta 
modificar seu grafismo, ha um conflito entre ações subconsciente e consciente. Este conflito resultara na presença 
de defeitos na escrita tais como paradas, retomadas, indecisões, tremores, claudicações, etc. Apos o exercício da 
escrita, esta se torna um habito do subconsciente e, por isso, difícil de alterar. Nesta Lei se enquadram os casos 
de falsificações e autofalsificacoes. 
 
o 4a LEI (da permanência dos caracteres) 
“Quando o ato de escrever é realizado em circunstâncias desfavoráveis ao escritor, ele registra, 
inconscientemente, as formas que lhe forem mais favoráveis e fáceis de serem executadas.” 
 
Pode ser considerada a “lei do mínimo esforço” ou “lei das simplificações” manifestada pelo 
subconsciente. O gesto gráfico se torna simplificado por questões permanentes ou fortuitas, e o escritor tende a 
produzir traços que são mais fáceis. No caso da falsificação, pode-se perceber que o falsário quando se depara 
comum traçado mais complexo, procura reproduzir traçados que lhe são familiares e característicos. 
 
o 5a LEI (da individualidade gráfica - enunciada por Crepieux Jamin, 1930): 
“Nenhuma escrita é idêntica a outra. Cada indivíduo possui uma escrita característica que se diferencia 
das demais e que é possível reconhecer.” 
 
o Lei das equivalências gráficas 
E a denominação dada a um principio de suma importância para o exame, assim formulado: 
“Dois grafismos de forma diferentes devem ser considerados idênticos sempre que ambos apresentarem 
o mesmo tipo de movimento ou desenvolvimento gráfico.” 
O perito deve ter sempre presente as seguintes observações, segundo BALBUENA: 
“A equivalência gráfica está mais relacionada com a semelhança do desenvolvimento do que com a 
identidade da forma que eles produzem.” 
Assim, “a arte do cotejo de firmas consiste em encontrar a semelhança dos desenvolvimentos e não a 
igualdade das formas.” 
Neste sentido, todas as formas gráficas diferentes, provenientes dos mesmos desenvolvimentos 
gráficos, pela lei da equivalência gráfica, deverão ser consideradas iguais. 
 
 
 
 
 
 
 
3 – EVOLUCAO DA ESCRITA 
 
Assim como o homem ultrapassa as fases da infância, adolescência, maturidade e velhice, a escrita 
também passa por um processo evolutivo. 
Na passagem destas etapas, a escrita adquire características próprias; no entanto, não se pode definir 
com exatidão o inicio e o fim de cada fase. 
A evolução da escrita e dependente do habito de escrever. Por isso, pessoas que não possuem 
destreza com o instrumento escritor podem chegar a idade madura com sua escrita pouco desenvolvida. 
Esta evolução esta relacionada com o estado psicossomático do escritor e sua capacidade de 
elaboração de um escrito. Em condições normais, a escrita pode ser classificada didaticamente em 4 etapas: 
 
 A - Canhestra (ou rústica): Escrita do aprendizado: e o contato inicial, rudimentar, com deformidades 
inerentes a baixa habilidade do escritor com o instrumento. 
 
 B - Escolar: Em grau avançado de aprendizado, o escrevente tem preocupação em se fazer legível, 
submetendo-se aos símbolos gráficos alfabéticos e, por isso, tem pouca velocidade. 
 
 C - Automatizada (ou secundária): Grau mais avançado resultando na maturidade gráfica, onde não 
ha mais obediência aos símbolos caligráficos formais, sendo introduzidos modismos particulares. Esta 
fase varia de pessoa para pessoa. 
 
 D - Senil (ou terciária): Caracterizada por traços com algumas deformidades, como tremores e 
indecisões, em virtude da diminuição da energia vital e da tonicidade dos músculos do braço e da mão, 
esta escrita se apresenta em processo de regressão. 
 
Além das etapas da evolução das escritas em condições normais, podemos citar duas outras variações: 
 
 Patológica: Apresenta deformações decorrentes de patologias temporárias ou permanentes, que 
afetam o sistema nervoso central, responsável pelos comandos nervosos de estímulos aos sistemas 
musculares ou parte motora, comprometendo a desenvoltura do punho. 
 Imitada: Esta escrita e a dos analfabetos ou semianalfabetos que imitam algum modelo previamente 
traçado (também pode ser classificada como rustica/canhestra). 
 
 
3.1 – Particularidades da escrita 
 
 A formação do traço 
O traço e resultante da atuação de duas forcas: vertical (pressão), que pressiona o instrumento escrevente 
contra o suporte; e lateral (progressão), que representa o movimento do instrumento no suporte. 
 
 A formação da escrita 
A reunião dos traços forma o traçado, e o traçado e o registro do traço em movimento, formando um 
lançamento gráfico. O grafismo resulta de uma serie de movimentos registrados através dos traços, que acabam 
por adquirir aspecto, isto e, forma ou feitio. As forcas (pressão e progressão) estão intimamente combinadas, 
sendo inversamente proporcionais. 
 
 
Os traços podem ter fraca, media ou forte pressão, que e observada no suporte pela sulcagem deixada pelo 
instrumento escrevente. Na analise da escrita, podem ser observadas regiões de claro-escuro que formam 
contrastes entre o branco do papel e a tinta da caneta. 
A conclusão e a de que a região mais clara tem menos pressão e a mais escura mais pressão. 10 Da mesma 
maneira, podemos interpretar a velocidade do traçado pela progressão da escrita, que pode ser rápida ou morosa. 
A rápida sugere habilidade do punho escritor, resultando em traçado espontâneo. A morosa sugere 
dificuldade na destreza manual. 
 
3.2 - Causas modificadoras da escrita 
 
 A - Voluntárias: também conhecidas como PROPOSITAIS, são modificações introduzidas na escrita 
visando o disfarce. 
 
 B - Involuntárias: estas modificações podem ser normais ou acidentais. Causas normais são 
decorrentes da evolução natural do individuo, ou seja, infância, maturidade e velhice. 
 
Causas acidentais independem da vontade do escritor e podem ser de duas naturezas: 
 
 Intrínsecas: decorrem de causas emocionais e que alteram o estado psicossomático, resultando em 
alguma deformidade. Aqui cabem os casos de euforia, medo, ira, depressão, ansiedade e ate uso de 
medicamentos, que, gerados no sistema nervoso central, provocam alterações na morfologia da escrita, 
em maior ou menor intensidade; 
 
 Extrínsecas: independem do punho escritor e podem estar relacionadas ao instrumento escrevente, 
posição incomoda na cadeira ou mesa, papeis ásperos ou muito lisos, calor ou frio excessivos, 
iluminação inadequada, etc. 
 
 
 
4 - FASES DA PRODUÇÃO DO GRAFISMO 
 
O individuo aprende a escrever tomando por base modelos utilizados como parâmetros, normalmente os 
utilizados na escola conforme os paradigmas apresentados pelos professores. E o que chamamos de escrita 
inicial. 
A medida que vai se desenvolvendo a escrita, automaticamente a pessoa tende a deixar os padrões 
utilizados inicialmente na primeira fase do aprendizado, incorporando ou alterando os símbolos gráficos. 
Esta fase e chamada de escrita individual, pois esta já pode ser reconhecida quanto ao seu autor 
mediante o cotejo com outros padrões gráficos. 
Na produção do grafismo, podemos considerar três fases: 
 
1ª = morfologia: a pessoa busca a lembrança da forma gráfica da trajetória 
2ª = gênese: o individuo dimensiona a escrita de forma que fique proporcional ao campo disponível para 
o lançamento no papel 
3ª = sinergia: trata-se da execução da escrita propriamente dita. 
 
Para a análise propriamente dita, utilizam-se elementos básicos a serem considerados: 
 
 
 A imagem da assinatura, ou a forma como foi lançada; 
 A espontaneidade, ou seja, a naturalidade com que o grafismo foi produzido; 
 A dinâmica, que corresponde aos pontos de pressão utilizados pelo punho escritor no momento da 
execução da escrita. 
 
 
 
5 – GESTAÇÃO DE ASSINATURAS 
 
“Assinatura tem um ciclo vital: se gesta, nasce, cresce, se reproduz e... morre com seu titular.” 
 
5.1 - Fases da formação da assinatura 
 
 aprendizagem da escrita 
 busca do desenho da firma 
 repetição do modelo 
 gravação na memoria motriz 
 decisão inconsciente de imutabilidade do modelo 
 
5.2 - Lei da imutabilidade da firma 
A decisão definitiva de escolha do modelo de assinatura torna-o imutável, levando a uma renuncia 
inconsciente de modelos anteriormente utilizados. Mas, ainda assim, o titular mantem a capacidade de reproduzir 
os modelos em desuso. 
 
5.3 - Etapas do processo de formação da assinatura 
 
Uma vez decidida a imutabilidade da firma, cada vez que se quer assinar, ocorrem as seguintes etapas: 
 
 informação do consciente ao inconsciente (“quero assinar”) 
 exame dos estímulos materiais (caneta, papel, mesa, etc.) 
 exame dos estímulos gráficos (marcas gráficas, carimbos, selos, espaço para assinar...) 
 execução dos reflexos condicionados (estímulos conhecidos e desconhecidos) 
 processo motriz (impulsos sinápticos que ativam a memoria motriz) 
 posicionamentos prefixados: materialização dos reflexos condicionados 
 
5.4 - Proeminência doinconsciente 
 
E a superioridade hierárquica do inconsciente sobre o consciente na realização de ações automáticas. 
Manifesta-se com as seguintes características: 
 
 enquanto o consciente quer assinar, o inconsciente o substitui e toma o comando das ações; 
 as ações que o inconsciente realiza ficam despercebidas ou invisíveis para o consciente; 
 o consciente não interfere nas ações que o inconsciente dirige; 
 o consciente ignora totalmente as informações de que o inconsciente dispõe. 
 
 
 
5.5 - Movimentos graficados e não graficados 
 
O corpo da assinatura se compõe de movimentos graficados. Porem, seu espirito esta constituído pelos 
movimentos não graficados. 
 
 Graficados: aqueles que ficam registrados no papel e, por isso, são visíveis. Podem ser legíveis ou 
literais e consistem em pontos ou traços. 
 
 Não graficados: são aqueles produzidos “no ar” antes, durante ou depois do ato de escrever. São 
traços que não marcam o papel, mas conclui-se uma ligação entre o termino de um traço e o inicio de 
outro. São também chamados de ligações imateriais. 
 
5.6 - Tipos de legibilidade 
 
 Literal: geralmente legível, onde podem ser identificadas as letras que a compõe: 
 
 
 Semiliteral: parcialmente legível, onde se identifica as letras dos nomes: 
 
 
 Não literal: sendo ilegível, os traços não guardam correspondência com as letras 
 
 
 
 
 
 
 
6 - PADRÕES GRÁFICOS 
 
As análises grafoscópicas se dão por meio de comparações entre manuscritos com objetivo de 
identificar a autoria (questionados) e aqueles cuja autoria seja conhecida - os padrões gráficos. 
A função destes escritos padrões é permitir ao perito identificar os hábitos gráficos de uma determinada 
pessoa que se suspeite a autoria. 
Portanto, o sucesso da Grafoscopia dependerá basicamente de três fatores: 
 
 Características dos escritos questionados: este dificilmente poderá ser melhorado ou aperfeiçoado, 
já que não se pode escolher quais documentos serão examinados; 
 
 Capacidade técnica do perito: este depende de vários anos de estudo e trabalho prático para que 
tenha condições de atuar com eficiência, mas nunca mudará sua natureza humana, limitada e passível 
de falhas. 
 Qualidade dos padrões gráficos: é o único que pode chegar perto da perfeição, sem que imponha 
alguma limitação aos trabalhos. Existem basicamente dois tipos de padrões gráficos: 
o Padrões fornecidos sob demanda: produção solicitada especialmente para a realização de 
uma perícia grafoscópica, com conhecimento do fornecedor; 
 
OS: Padrões naturais: escritos sabidamente produzidos por uma pessoa durante sua vida normal, 
independente de estar implicada com as questões que motivaram a perícia. 
 
Os padrões sob demanda permitem que se obtenham textos com a mesma composição dos 
questionados, na quantidade que se julgue necessária, e tantas vezes quanto for preciso. 
O ideal é em torno de 20 assinaturas. No entanto, tais padrões estão sujeitos a diversas variações que 
podem ocorrer, desde aquelas de natureza psicológica, em virtude do estresse emocional que o fornecedor pode 
sentir durante sua produção até as variações intencionais: os disfarces gráficos. 
Além disso, se o documento for antigo, esses padrões podem não mais corresponder plenamente à 
escrita da época em que o documento questionado foi produzido, tornando-os não contemporâneos. 
Falecimentos ou não localização do fornecedor ou sua recusa também são fatores impeditivos ao 
fornecimento de padrões gráficos. 
Já os padrões naturais normalmente não sofrem grande influência de fatores psicológicos e, em tese, 
estão livres de disfarces gráficos. 
Porém, na prática jurídica, em muitos casos a perícia grafotécnica fica prejudicada pela dificuldade ou 
impossibilidade de obter padrões naturas contemporâneos de assinaturas questionadas. 
Para que se exerça satisfatoriamente sua função, os padrões gráficos devem atender os seguintes 
requisitos: 
 
 A - Autenticidade: certeza da origem = fidedignidade. Peças oriundas de pessoas qualificadas a 
produzi-las. Elas podem ser colhidas na presença do perito (peças testes) ou antes da solicitação, sem 
intenção pericial (peças padrão), sendo as duas peças de confronto. 
 
OBS: Cartões de assinatura em cartórios de notas, apesar da autenticidade presumida por lei, não são 
inteiramente confiáveis, já que também são passíveis de falsificação. 
 
 
 
 B - Adequabilidade: são as peças de confronto que exibem as mesmas condições do grafismo 
questionado. Na peça teste, o perito deve tomá-la em condições análogas às da peça questionada. 
 
EXEMPLO: 
Peça teste feita com caneta esferográfica e papel com pauta - o material colhido deve seguir estas 
mesmas condições. Isso vale também para o tamanho do espaço, etc. 
Estas condições permitem ao perito observar características decorrentes das modificações do grafismo 
habitual, principalmente em relação ao calibre. 
 
 C - Contemporaneidade: são peças produzidas em datas próximas, já que a escrita vai sofrendo 
alterações como evoluções, inovações e modismos ao longo da vida. Datas muito distantes podem 
evidenciar tais alterações. 
 
 D - Quantidade: quanto mais peças de confronto, melhor será a confiança na perícia, pois o perito terá 
mais condições de interpretação correta das variações acidentais, modismos e outras alterações 
existentes. Pode ser através de textos ou assinaturas ditados pelo perito e sugere-se a coleta de pelo 
menos 20 padrões para confronto. 
 
 E - Espontaneidade: diz-se do ato natural de escrever, onde a atenção do escritor se volta para o 
conteúdo do texto e não para o formato de letras e palavras. Nestas condições, o grafismo é uma ação 
quase inconsciente e os manuscritos são produzidos de forma natural e espontânea, evidenciando 
hábitos gráficos normais do escritor. 
 
 
 
7- ELEMENTOS GRÁFICOS 
 
“A escrita é a expressão muscular do centro nervoso do grafismo.” 
 
Se a manifestação do grafismo está intimamente ligada aos estímulos enviados a partir do sistema 
nervoso central e que este processo varia de pessoa para pessoa, pode-se afirmar que a escrita apresenta 
elementos personalíssimos que individualizam o punho escritor. 
São eles: 
 
 A - Elemento dinâmico: representa a sucessão dos movimentos determinados por comandos por 
comandos cerebrais que dão origem à forma. 
 
 B - Elemento estático: representa a forma gráfica, ou seja, o desenho gerado pela manifestação 
muscular e, por isso, está sujeita às alterações voluntárias do escritor. 
Este elemento não é individualizador e, por isso, diz-se que é o aspecto mais consciente da escrita. 
Neste sentido, deve-se ter atenção para não confundir forma e gênese. Os símbolos abaixo ilustram a diferença: 
 As circunferências acima são idênticas, ou seja, apresentam a mesma forma, mas não a mesma 
gênese. 
 No exemplo A, o movimento foi produzido da direita para a esquerda. Já o exemplo B foi produzido no 
sentido da esquerda para a direita. 
 
 
 
8 – METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS 
 
A perícia grafoscópica, em geral, implica em confrontos entre uma ou mais peças de que se deseja 
descobrir a autoria (peças questionadas) e outras de autoria conhecida (padrão gráfico). 
Porém, esta tarefa vai além da simples comparação ou busca por semelhanças e diferenças. Trata-se 
de um estudo aprofundado e abrangente dos hábitos gráficos registrados nas duas peças (tanto a padrão quanto a 
questionada). 
Hábitos gráficos são ações rotineiras e repetitivas, como mecanismos inconscientes, que o escrevente 
executa ao longo da onda gráfica e, muitas vezes, nem se dá conta dos gestos-tipo que vai deixando registrado no 
papel. 
Estes traços individuais são os que diferenciam sua escrita de todas as outras escritas do universo. 
Quando se tem um único exemplar da escrita, seja a padrão ou questionada, torna-se difícil identificar hábitos 
gráficos. 
Neste sentido, a fim de se ter maior margem de segurança na análise, deve-se trabalhar com uma 
grande quantidadede escritos, com repetição de frases, palavras ou assinaturas. 
Assim, a análise será feita com base nos hábitos gráficos, e não em características, aumentando então a 
eficiência do exame. 
Além disso, é sugerido analisar separadamente cada grafismo que será confrontado, para então 
confrontá-los entre si. 
Neste momento, o perito vai estar mais familiarizado com seus elementos identificadores, tendo, 
inclusive, alguma noção das características que devem ganhar mais peso e quais delas são mais frequentes ou 
mais raras. 
PS: Vale ressaltar que na maioria das perícias há confrontos que envolvem somente escritas de autoria 
desconhecida, onde só é possível identificar se há ou não unicidade de punho. 
Para evitar procedimentos desnecessários e consequente perda de tempo, vale adotar uma metodologia 
que não comprometa a qualidade da perícia, a saber: 
 
A) Ao analisar os escritos questionados, deve-se observar não só todo o documento como as 
circunstâncias em que supostamente foi produzido, evitando se restringir à analise do grafismo. 
Fato importante a ser considerado junto às circunstâncias do documento são as alegações das partes 
envolvidas. 
O prévio conhecimento das histórias contadas pelas partes é fundamental para o perito, não apenas 
para comparar com o resultado de seu trabalho, mas principalmente para buscar dados que corroborem ou 
contradigam o que foi declarado por elas. 
 
 A área da Grafo-Psicologia é uma base importante que tem muito a contribuir com a perícia judicial. 
Trata-se de uma ciência humanista que estuda a personalidade a partir de registros gráficos. Entretanto, 
esta aplicação somente deve ser feita com conhecimentos profundos da psiquiatria, psicologia e 
antropologia. 
 
 A grafo-psicologia judicial pode ser aplicada como especialidade de utilização forense no diagnóstico da 
personalidade para investigação de estado anímico ou de determinadas patologias que podem ser 
objeto do caso em questão. 
 
 Certos gestos-tipo também podem aparecer por descuido do falsificador e a Grafologia irá sinalizar uma 
personalidade dissimulada. 
 
 
 Entretanto, é preciso estar atento para não se influenciar no sentido de atribuir a responsabilidade à 
pessoa que grafologicamente apresenta maior predisposição à falsidade. 
 
Esta 1ª etapa inclui verificar a natureza e a morfologia da peça questionada: se se trata de uma 
assinatura ou textos diversos, se está em estilo cursivo ou letras desligadas, tamanho do campo gráfico, etc. 
 
B) Observar a natureza e a importância do documento questionado, que pode sinalizar o quanto 
alguém estaria disposto a investir tempo e dinheiro para imitar ou disfarçar a escrita de alguém. 
 
 C) Buscar sinais de raspagens, acréscimos ou sulcos gerados por outros manuscritos; identificar 
existência de retoques, sinais de hesitação, paradas, etc; 
 
D) Verificar a homogeneidade dos grafismos quanto ao instrumento escritor, estilo de escrita, calibre, 
pressão, etc; 
 
A partir destas observações, parte-se para o confronto utilizando equipamentos adequados como lupas, 
microscópio ou tela de computados, que permitam ampliações das imagens. Neste confronto também são 
analisados inclinação, alinhamento, espaçamentos, remates, etc. 
A comparação e a avaliação são etapas feitas em conjunto, pois tudo o que for comparado precisa ser 
simultaneamente ponderado. Comparar duas escritas consiste em verificar se os elementos discriminadores 
(verificados na fase da análise) são convergentes ou não. 
Esta comparação irá resultar numa relação quantitativa de divergências e semelhanças, onde cada 
característica identificada numa escrita deve ser comparada com o que existe na outra. Todas as avaliações feitas 
no documento padrão devem ser feitas na peça questionada. 
PS: Nas falsificações servis, as convergências superam as divergências. A razão disso é que o falsário 
prima por não deixar divergências, enquanto que o titular da assinatura não se importa se ela sai um pouco 
diferente. 
José Balbuena Balmaceda, em sua obra FIRMAS AUTÉNTICAS Y DETECCIÓN DE FIRMAS FALSAS, 
defende: 
• “As diferenças de forma de duas firmas que apresentam movimentos equivalentes fará pressupor a 
normalidade, provavelmente a autenticidade....” 
• “É correto pensar que todo imitador de firmas, busca prioritariamente que ela se pareça o máximo 
possível com os modelos autênticos. Certamente, quanto mais parecida a firma falsa, mais seguro se sentirá de 
lograr seu intento. Se a firma falsa lhe sai diferente da autêntica, tentará outra vez e, finalmente, guardará a que 
sela mais semelhante à autêntica. Como conclusão, então, podemos afirmar que: todo falsificador busca executar 
a firma o mais parecida com as autênticas....” 
• “Estas constatações nos permitem afirmar que: se há diferenças entre questionadas e autênticas, 
essas diferenças podem provir mais do que tudo do seu titular.” (id.Ibd.PG.200) 
 
No livro TRATADO DE DOCUMENTOSCOPIA, SILVA & FEUERHARMEL advertem: 
• “Se houver numerosas e significativas convergências entre as características dos escritos padrões e 
questionados, pode-se até mesmo concluir por unicidade de punho; a despeito da falta de contemporaneidade... 
• Já em uma situação oposta, isto é, no caso de serem encontradas muitas divergências, é preferível 
não emitir conclusões sobre autoria.” 
 
 
Esta relação pode ser verificada até mesmo por leigos, mas somente um estudo mais aprofundado será 
capaz de sinalizar o grau de relevância de cada aspecto, tornando, assim, a avaliação a fase mais crítica da 
perícia. 
 
 
 
9 - ANÁLISE DE ASSINATURAS 
 
Assinaturas são, em geral, os grafismos mais frequentemente produzidos por uma pessoa ao longo de 
toda a vida, inclusive em relação à escrita do próprio nome. 
Por isso, a assinatura acaba sendo o símbolo gráfico produzido com maior automatismo, 
espontaneidade e facilidade. 
Por esta razão, espera-se que a assinatura reflita mais fielmente os hábitos gráficos de seu detentor do 
que qualquer outro manuscrito de mesma extensão. 
 
 ASSINATURA: a escrita se apresenta de forma diferenciada para representar o nome de uma pessoa, 
identificada pela ASSINATURA. 
 
 FIRMA: diferencia-se da assinatura por ser um símbolo gráfico que representa formalmente uma 
determinada pessoa e é usado para autenticar documentos ou manifestar concordância com os 
 termos de um documento que lhe foi apresentado. 
 
 RUBRICA: firma abreviada, de importância secundária e usada para situações de menor criticidade, 
como vistos em documentos, etc. 
 
**Assinatura é uma firma produzida manualmente e usada como principal símbolo de autenticação 
pessoal. Assinatura é espécie e firma é gênero.” 
A produção de uma assinatura é tarefa que não pode ser delegada a terceiros, ainda que se nomeie um 
procurador para praticar quaisquer atos em seu lugar. 
No caso dos textos, isso não acontece, pois qualquer pessoa poderia escrevê-los. 
Porém, ao contrário de textos, assinaturas podem ser feitas de forma legível ou ilegível. Mas, ainda, 
assim, representam mais ricamente os hábitos gráficos de um escritor do que qualquer outra palavra ou sinal. 
Daí a importância em diferenciar “autenticidade” e “determinação de autoria de assinatura”. 
Se a assinatura é um sinal gráfico produzido por uma pessoa para demonstrar concordância ou 
conhecimento a respeito de um fato ou documento, e é aquilo que atesta fidedignidade ao que está dito acima, 
portanto, só pode ser produzida pela própria pessoa. 
A Grafoscopia visa basicamente a determinação da autoria de um manuscrito, e o exame de uma 
assinatura também consiste em determinar o autor: se foi produzida pelo seu detentor, será considerada autêntica; 
caso contrário será falsa. 
Desta forma, a verificação da autenticidade de uma assinatura consiste em determinar se ela foi 
produzida pelo próprio detentor ou não. Trata-se, portanto, de uma determinação de autoria muito específica. 
No caso das perícias judiciais, o objetivo principal é verificarse a assinatura questionada foi produzida 
ou não por determinado autor, pois a determinação da autoria de uma assinatura falsa é tarefa muito difícil. 
Os padrões podem ser preexistentes (cédulas de identidade, título de eleitor, carteira profissional, cartas, 
etc) ou coletados pelo perito, normalmente mediante ditado de palavras ou textos ou produção de assinaturas e 
rubricas (também denominados peças testes). 
 
 
É importante ressaltar que a semelhança de forma indica identidade gráfica, pois a primeira coisa que o 
falsário procura imitar é o aspecto visual da escrita. Neste sentido, pode-se afirmar que: 
 
“Se duas assinaturas são exatamente iguais, uma é falsa.” 
 
Conforme escreveu CREPIEUX-JAMIN (1930): 
 “Nenhuma escrita é idêntica a outra. Cada indivíduo possui uma escrita característica, que se diferencia 
das demais e que é possível reconhecer.” 
 
Segundo FEDERICO CARBONEL: 
 “Assim como não existem duas pessoas com exata fisionomia, também não existem dois escritos 
traçados por distintas mãos com idêntica ou exata fisionomia.” 
 
Daí se conclui que o reconhecimento de firma por semelhança, tão comum em cartórios e 
estabelecimentos bancários, não garante a autenticidade de uma assinatura, pois não tem caráter técnico-
científico. 
 
 
 
10 - CLASSIFICAÇÃO DAS ASSINATURAS 
 
A assinatura é uma forma representativa do nome do emitente e pode ser elaborada através de gestos 
gráficos legíveis, ilegíveis, sobrepostos ou de resumida execução. 
Assinaturas podem se apresentar de duas formas: 
 
 Cursiva: estilo que segue o modelo escolar e apresenta caracteres interligados 
 Forma: ou sincopado é o estilo que copia os caracteres de imprensa 
 
10.1 - Assinatura segura 
 
Uma assinatura que permita identificar categoricamente sua autenticidade ou falsidade pode ser 
considerada totalmente segura. 
Alguns modelos estão muito próximos deste extremo, outros muito distantes, e a maioria deles em 
posições intermediárias. 
Para se aproximar ao máximo deste extremo de segurança, uma assinatura precisa atender a vários 
critérios como traçado extenso (quanto maior o traçado, maior a chance de um imitador cometer erros), gênese 
gráfica complexa, dinamismo, levantamentos discretos da caneta, com equilíbrio entre a força e a pressão, sem 
tremores ou hesitações. 
Afirmava ROBERT SAUDEK no início do Séc. XX: 
“Ninguém é capaz de imitar, ao mesmo tempo, estes cinco elementos do grafismo: riqueza e variedade de 
formas, dimensão, enlaces, inclinação e pressão.” 
 
10.2 - Simplificada 
 
 Modelo de gestos resumidos, inexpressivos, ausentes de formas gráficas representativas, mas com 
elementos grafocinéticos suficientes para o confronto. 
 
 
 
 
 Apesar de se tratarem de rabiscos como sinais gráficos, a perícia pode usar vários recursos gráficos 
para a verificação como, por exemplo, analisar a trajetória do traço inicial, observar se apresentam 
curvas ou ângulos, o calibre, ganchos, ataques e remates, seu dinamismo, força, velocidade e qualidade 
geral do traçado. 
 
 As proporções longitudinais e angulares dos espaçamentos internos dos gramas também deverão ser 
consideradas, assim como pausas no movimento, curvas mais fechadas ou mais abertas, inclinação e 
hábitos gráficos do escritor. 
 
10.3 - Trajetórias sobrepostas 
 
Quando ocorrerem sobreposições de traços, a perícia deverá se ater às trajetórias (ataques e remates), 
pontos escuros ou grossos, onde se percebe muita velocidade, mas o escritor não tocou na superfície do papel 
suporte. 
 
 
10.4 - Cursiva, legível e evoluída 
 
Por não apresentar claudicações, tremores, dinâmica, espontaneidade e naturalidade, mas com 
velocidade, ritmo e habilidade peculiares de um punho evoluído, esta assinatura é a mais difícil de falsificar. 
Quando em condições normais, este modelo também apresenta harmonia na forma simplificada das 
articulações gramaticais, bem como proporção entre o primeiro e último passantes superiores em relação aos não 
passantes, como no exemplo abaixo: 
 
 
10.5 - Cursiva, legível e não evoluída 
 
Em geral, ocorre com punho de pouca habilidade gráfica, formando um traçado lento e arrastado, com 
tremores, paradas em pontos não habituais ou claudicações, tornando mais fácil a imitação, o que dificulta a 
identificação pelo perito. 
 
 
Nestes casos, a assinatura tende a se manter igual, com traços mais grossos e escuros do início ao fim, 
sem alternâncias de pressão nem dinamismo. 
 
 
10.6 - Não legível 
 
São símbolos gráficos indefinidos. Neste caso, o perito deve se familiarizar com o gesto gráfico do autor, 
fazendo isso a partir da coleta de outras palavras ou nomes que contenham parte da peça questionada. 
O exemplo abaixo apresenta formação de arpão no início (1), com movimento na base dos não 
passantes e remate em estilo infinito (2). Tais características ajudarão no confronto final. 
 
 
 
 
11 - FALSIFICAÇÕES E DISFARCES GRÁFICOS 
 
Embora a palavra falsificação seja corriqueiramente utilizada em laudos periciais, deve ser evitada, pois 
sugere ocorrência de fraude e vontade de realizá-la (dolo). 
O termo mais indicado é imitação, já que elimina o perito de fazer considerações sobre a real intenção 
de seu autor e das consequências jurídicas que acarreta e que são decididas pelo Juiz de Direito. 
 
11.1 - Firmas autênticas e inautênticas 
 
Firma autêntica é aquela constituída pela forma ou conjunto de formas gráficas que, provindo de seu 
titular, em determinado tempo, mantém constantes as características que ele espontaneamente escolheu para se 
identificar. 
 
 Pode haver mais de uma forma ou conjunto de formas gráficas na constituição de firmas. Muitas 
pessoas têm mais de uma firma (completa, abreviada, rubrica); 
 
 Só o titular da firma pode utilizá-la. Por mais semelhante que seja uma firma escrita por quem não é seu 
titular, ela não será autêntica; 
 
 As firmas autênticas têm tempo de vigência. Uma firma autêntica em 1950 pode não ser mais autêntica 
em 1980. Não significa que passe a ser falsa, mas torna-se uma firma em desuso. O modelo que é 
autêntico hoje pode não sê-lo amanhã; 
 
 
 
As firmas autênticas têm que manter constância das características gráficas escolhidas para identificação do 
titular. 
Se o titular não mantiver as mesmas características gráficas, poderá estar produzindo uma forma antiga, ou 
disfarçada ou firmada com mão oposta à habitual, o que retira a qualificação de autêntica; 
 
 As firmas evoluem e as modificações introduzidas costumam ficar incorporadas aos novos modelos, 
geralmente após 4 ou 5 anos; 
 
 Nem toda firma inautêntica é falsa: se alguém assina um documento, atualmente, utilizando modelo de 
30 anos atrás, já alterado ou evoluído, não está produzindo uma firma falsa, mas está produzindo uma 
firma inautêntica. 
 
 Firma falsa é qualquer firma produzida por quem não é seu titular; 
 
“Quem não é titular de uma firma jamais poderá produzi-la como autêntica, e quem é o titular de uma firma 
jamais poderá realizá-la como falsa. 
 
11.2 - Modificações de boa-fé (voluntárias e involuntárias) 
 
 Voluntárias: quando ocorre, por exemplo, mudança do nome pelo casamento, há necessidade de 
simplificar a assinatura quando tem que assinar muitos documentos, etc. 
 Involuntárias: também de boa-fé, ocorrem quando, por exemplo, há a necessidade de escrever com a 
mão não habitual, uma irregularidade no suporte ou do instrumento escrevente e a posição do escritor. 
 
11.3 - Disfarces gráficos 
 
O disfarce consiste em fazer parecer falso um escrito autêntico. Por isso, alguns autores o denominam 
de “falsa falsificação”. 
Algumas causas de distorções na escrita podem ocorrer em função de problemas temporários ou 
permanentes de saúde, uso ou ausência de medicação, posição da escrita, uso de álcool ou drogas. 
No caso do disfarce, este tem como característica a intencionalidade. Ao dissimular sua escrita, o 
escrevente faz um esforço consciente para mudar seus modos gráficos a fim deevitar ser identificado. 
Portanto, escritas disfarçadas são aquelas em que o autor busca, propositadamente, não deixar 
transparecer as suas características gráficas habituais, e sem imitar a de outra pessoa. 
 
As estratégicas de disfarce mais encontradas são: 
 
 escrita cursiva com modificação das formas dos caracteres 
 alteração da inclinação 
 uso da forma caligráfica com velocidade lenta 
 utilização do padrão tipográfico 
 aumento ou diminuição do calibre das letras 
 aumento ou diminuição do espaçamento 
 uso da mão não habitual para gerar diferenças 
 deformação dos traços e caracteres gerais. 
 
 
 
Em caso de suspeita de disfarce no fornecimento de padrões, deve-se empenhar em colher grande 
quantidade de padrões. Um sinal claro de que uma amostra de padrão possa ser um disfarce é a ocorrência de 
inconsistência entre os lançamentos da escrita, ou seja, divergências entre termos do próprio padrão. 
Se o autor da escrita altera sua inclinação, ele irá voltar para sua escrita normal durante um lapso de 
concentração. Se o escritor introduz formas não usuais, poderemos encontrar formas normais entre as atípicas. 
Mudanças no tamanho ou velocidade podem ser evidentes. Portanto, se houver ausência de 
consistência interna, podemos estar diante da hipótese de disfarce. 
 
11.4 - Tipos de falsificação 
 
Principais tipos: 
 
A - Falsificação sem imitação: 
 
O falsificador não conhece a assinatura verdadeira, mas sabe o nome e eventualmente alguns outros 
detalhes, como CPF, RG, etc. Pode fazê-lo da sua própria mente e acabar lançando traços de sua própria grafia. 
 
Verdadeira: Falsificada: 
 
 
B - Falsificação por imitação de memória: 
 
Situação em que o estelionatário já viu, mesmo que só uma vez, a assinatura original da vítima. 
Consegue imitar apenas em alguns detalhes, como letras maiúsculas iniciais ou chamativas e pouco complexas, 
deixando um resultado que dependerá da capacidade para guardar detalhes. 
 
Verdadeira: Falsificada: 
 
 
C - Imitação servil 
 
- simples: o imitador dispõe de um modelo genuíno, mas não conhece as variações do titular, 
produzindo uma imitação sem treino suficiente. Facilmente detectável devido às falhas e à velocidade lenta pela 
insegurança do falsificador. 
 
- exercitada: é aquela treinada diversas vezes. Esta é a técnica mais elaborada e, dependendo da 
habilidade do falsário e simplicidade da firma, pode-se conseguir reproduzir satisfatoriamente a morfologia do 
 
 
modelo, com traçados igualmente dinâmicos. É a técnica mais elaborada de falsificação e, por isso, a mais difícil 
de identificar. 
 
Verdadeira: Falsificada: 
 
 
D - Falsificação com modelo à vista: 
 
Com posse de algum documento com assinatura da vítima, o estelionatário copia a assinatura de forma 
lenta e paciente para evitar que gestos bruscos ou tremores atrapalhem a fraude. 
 
E - Falsificação por sobreposição (decalque): 
 
Pode se dar de duas maneiras: 
 
o Direta: uma folha em branco é colocada em cima da folha com assinatura 
o Indireta: a partir de um rascunho ou com carbono, percorre-se o traçado da assinatura a fim 
de deixar sulcos na folha de baixo. 
 
Verdadeira: Falsificada: 
 
 
F - Falsificação própria ou inventada: 
 
Neste caso, o falsário não conhece a assinatura da vítima e não se preocupa em imitá-la, e sim inventar 
qualquer assinatura que ache viável. O falsário geralmente procura escrever, em forma de assinatura, o nome da 
vítima por extenso, pois desta forma a fraude se torna mais fácil e aceitável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Verdadeira: Falsificada: 
 
 
G - Autofalsificação: 
 
Quando o próprio titular tenta modificar o lançamento caligráfico com objetivo de promover algum tipo de 
fraude. 
 
Verdadeira: Falsificada: 
 
 
H - Simulação de falso: 
 
Diferente da autofalsificação, pois o falsário reproduz sua assinatura naturalmente e somente depois 
acrescenta traços anormais e estranhos àquele grafismo, a fim de apontá-lo como espúria. Os retoques são feitos 
de forma cautelosa para que não fiquem evidentes. 
O exame poderá indicar a correspondência dos aspectos genéticos para provar que se trata de 
assinatura legítima quando comparada ao padrão. 
O examinador deve avaliar se cabe afirmar tratar-se de simulação de falso, uma vez que necessita de 
outras informações que corroborem a observação. 
 
I - Negativa de autenticidade: 
 
O escritor lança sua assinatura naturalmente e depois nega autoria. Não há dificuldade no confronto, já 
que há convergências de natureza formal e de gênese gráfica em relação ao padrão. 
Este caso pode estar relacionado com a pessoa que se quer livrar de um compromisso ou a pessoa, de 
boa fé, que assinou um documento em branco, após um golpe ardiloso aplicado pelo falsário. Este caso é 
considerado falsidade ideológica, onde a pessoa não reconhece o conteúdo de determinado documento; porém a 
assinatura é legítima. 
 
J - Transplante de assinatura: 
 
Neste caso, já em desuso, há necessidade de se recortar o local onde está a assinatura alvo para 
recolocá-la na área de interesse e proceder aos retoques do traçado. 
A assinatura é legítima, mas há complementação de traços que, porventura, não tenham acompanhado 
todo o conjunto. 
 
 
 
11.5 - Indicadores de falsificações 
 
São muitos os indicadores de falsificação. Seguem abaixo os mais comuns: 
 
 paradas, levantamentos, retoques, retificações, repasses 
 rasuras, apagamentos, fibras eriçadas, raspadas ou aplainadas 
 restaurações, alisamentos, (passar o ferro) no papel 
 sulcos sem entintamento ou sem correspondência com os traços 
 traços encobertos 
 tremores inconsistentes 
 diferentes medidas nos espaçamentos 
 pressão uniforme ou ausência de pressão 
 
 
 
12 - COLETA DE PADRÕES GRÁFICOS 
 
Uma das principais ações a serem tomadas para correta condução e estabelecimento da conclusão 
pericial é a realização da coleta de padrões gráficos com a técnica adequada. 
A eficiência do trabalho pericial fundamenta-se na qualidade dos padrões coletados, haja vista a 
complexidade desta etapa e diversidade de peças padrão apresentadas e utilizadas para o confronto. 
Ele também deve se aproximar o quanto possível dos materiais utilizados para o lançamento gráfico, 
principalmente analisando as diversas variáveis que ocorrem ao utilizarmos diferentes tipos de instrumento 
escritores e papéis suportes. 
Daí a indispensável presença do perito no momento da coleta, atestando a qualidade e quantidade das 
peças, estando atento para que os padrões sejam da mais alta qualidade, pois talvez não haja outra chance. 
Para tanto, recomenda-se um bom planejamento, evitando-se assim improvisos e consequente 
possibilidade de insucesso. 
 
12.1 – Objetivo da perícia 
 
Inicia-se a perícia pelo conhecimento prévio dos documentos questionados e os objetivos da perícia a 
ser realizada. Quanto mais informação sobre o caso melhor, pois a perícia pode envolver a autenticidade de uma 
assinatura, autoria de algarismos numa agenda, autoria de uma carta, etc. 
Devemos também considerar a possibilidade do fornecedor ser a vítima de falsários ou ele mesmo ser 
um hábil falsificador. 
 
12.2 – Documentos pessoais 
 
Os documentos pessoais do escritor devem ser comparados com os anexados aos autos. Isto ajudará o 
perito a conhecer dados pessoais do escritor, como idade, naturalidade e nacionalidade, devolvendo-os somente 
ao final da coleta. 
 
 
 
 
 
 
12.3 - Características do manuscrito 
 
Deve-se identificar as principais características do manuscrito como idioma, tipo de escrita, instrumento 
escritor, campo gráfico (se pautado, restrito, quadriculado, etc), palavras que compõem o texto e como foram 
produzidas. 
 
12.4 - Papel suporte 
 
As folhas suportes devem apresentar as mesmas características do documento questionado, devendo 
ser preparadas previamente. Exemplo: se o questionamento é sobre uma assinatura em cheque bancário, pode-se 
criarum modelo de talão semelhante com o mesmo texto do documento questionado. 
Deve-se usar de preferência papel branco e sobrepor algumas folhas a fim de fazer calço e registrar com 
maior eficiência as oscilações da dinâmica empregada no lançamento gráfico. 
A superfície onde se irá escrever, como mesa de madeira por exemplo, pode apresentar irregularidades 
que podem acarretar acidentes gráficos, como tremores, torções, etc. 
É interessante, quando possível, anexar ao laudo pericial papéis suportes semelhantes aos utilizados 
para o lançamento de peças questionadas. Este cuidado visa reproduzir de forma mais fidedigna as reações do 
grafismo em relação à espessura e o tipo de papel. 
 
12.5 - Instrumento escritor 
 
O instrumento escritor deve ser o mais semelhante possível ao que foi usado na peça questionada. Por 
exemplo, se for caneta esferográfica, qual a cor da caneta, etc. 
Os instrumentos mais encontrados no mercado são a esferográfica, a tinteiro e a hidrográfica. Cada um 
desses tem uma deposição de tinta diferenciada e pode, assim, alterar a visualização das características no 
grafismo. 
 
12.6 – Postura corporal 
 
O ambiente deve ser o mais confortável e agradável possível, evitando influências externas de calor, 
iluminação, ou ainda de fatores psicológicos e fisiológicos como nervosismo, sede, indignação, etc. 
A atitude postural deve ser da melhor maneira possível para evitar interferências físicas. Sentar-se de 
maneira confortável e deixar o braço com angulação de 45 graus em relação ao tronco e com o cotovelo apoiado. 
 
12.7 - Aspecto muscular 
 
Qualquer atividade física exige a utilização de determinados grupos musculares e, no caso da grafia, os 
músculos usados são do antebraço e flexores e extensores do punho e dos dedos. 
O exagero na quantidade de padrões coletados pode causar fadiga muscular e consequentemente 
alterações no grafismo e debilidade das funções motoras, que poderão influenciar aspectos como espontaneidade 
e dinamismo. 
Para tanto, pode-se fazer algumas pausas para relaxar os músculos. Mas deve-se ter atenção ao fato de 
que a musculatura poderá apresentar-se tensa, com o objetivo de evitar o lançamento espontâneo do grafismo, 
momento em que as características pessoais serão mascaradas. 
Neste caso, um bate-papo informal e fora do contexto pode ajudar a desviar a atenção ao que será 
lançado. 
 
 
Por outro lado, sabe-se que o lançamento contínuo das peças padrões ocasionará maior naturalidade no 
grafismo e consequente registro dos caracteres gráficos pessoais. 
 
12.8 – Fator psicológico 
 
A disponibilidade para fornecer os padrões para confronto vão dizer muito sobre o indivíduo, pois o 
sentimento de culpa e o medo poderão interferir no grafismo, podendo mascarar certas características pessoais. 
Para desviar a atenção sobre a peça questionada, pode-se usar expressões com a mesma sequência 
de símbolos gráficos, pois assim os hábitos pessoais serão inseridos com naturalidade em palavras diferenciadas. 
 
12.9 – Padrões contemporâneos 
 
Se a peça questionada foi lançada há muito tempo e a mudança da escrita dificultar a análise, pode-se 
recorrer a instituições como bancos, cartórios, juntas comerciais, departamento de trânsito, contadores, etc. já que 
estes lugares mantêm arquivos de processos e documentos por longo período de tempo, sendo fontes úteis de 
pesquisa. 
 
12.10 – Padrões com naturalidade 
 
A naturalidade nos lançamentos dos padrões fará com que os gestos gráficos pessoais sejam 
visualizados com mais facilidade. 
Se o perito perceber algum tipo de alteração proposital, pode efetuar uma pausa na coleta e retomar 
posteriormente. 
 
12.11 – Membro escritor 
 
Acidentes podem ocasionar mudança do membro escritor. Como é o cérebro que escreve e comanda o 
impulso gráfico, as características do grafismo permanecem do mesmo jeito. 
Pode aparecer pouca habilidade para lançar o grafismo, mas não haverá alteração nas características 
do mesmo. Neste caso, detecta-se falta de espontaneidade, senilidade e distorções na imagem. 
 
12.12 – Outras patologias 
 
Algumas patologias podem afetar o sistema nervoso central ocasionando disfunções psíquicas ou 
motoras ou motoras, como Parkinson, AVC, isquemias, etc. 
Casos como perda de sensibilidade e motricidade, atrofias, flacidez, ausência de coordenação ou 
mesmo padrões posturais podem dificultar o lançamento gráfico. Neste caso, sugere-se buscar padrões 
contemporâneos e abandonar a coleta. 
 
12.13 - Cuidados gerais 
 
Sugere-se alguns cuidados na coleta: 
 
- As folhas em branco usadas como calço devem ser anexadas ao material, pois ficaram marcadas pelos 
sulcos. E devem ser evitadas para uso em outras coletas. 
 
 
 
- Ao concluir o preenchimento de uma folha, esta é recolhida e colocada fora do alcance da visão, 
evitando que o escritor observe os grafismos e tente copiar. 
 
- Pode-se pedir que o fornecedor reproduza algumas formas de assinaturas e rubricas que já tenha 
utilizado, pelo menos outras 3 vezes, a fim de confrontá-las, mesmo que preliminarmente, com as assinaturas dos 
documentos. 
 
- Ao final da coleta, o perito deve assinar todas as folhas coletadas e devolver os documentos pessoais 
do fornecedor. 
 
- Os padrões naturais devem sempre ser analisados exaustivamente antes de seu emprego, garantindo 
sua real autoria, bem como a eventual presença de escritos feitos por outras pessoas. 
 
 
 
13 - ELEMENTOS TÉCNICOS PARA CONFRONTO 
 
Para analisar a autenticidade do grafismo e elaborar o confronto das peças, deve-se observar os 
seguintes elementos técnicos: 
 
13.1 – Partes da assinatura 
 
Teoricamente, toda assinatura extensa, e muitas das assinaturas reduzidas ou mesmo rubricas, podem 
ser divididas em até 4 partes: 
 
1 = Grafia capital 
2 = Caixa caligráfica (ou signatural) 
3 = Passantes 
4 = Rasgo de saída 
 
Nem toda assinatura apresenta as 4 partes, mas URCIA BERNABÉ, em seu livro “Verificacion de 
Firmas”, assegura que, numa amostragem de 100 mil firmas, verificou que 85% apresentavam todas elas. 
 
13.2 - Caixa caligráfica 
 
 Limitantes gráficas: são linhas que delimitam a pauta da caixa caligráfica. As caixas regulares podem 
apresentar diversos formatos, tais como simples, dupla, sinuosa, côncava, convexa, retilínea, paralela, 
gladiolada (em forma de espada ou gládio), ingladiolada, ascendente, descendente ou horizontal. 
 
Linhas de caixa caligráfica: 
 
 
 
 
 
13.3 - Registros gráficos 
 
 Ponto: registro gráfico produzido por um único toque do instrumento. 
 
 Traço: é o arrasto do instrumento escrevente sobre o suporte. Pode ser essencial (faz parte da 
configuração do caracter) ou acessório (conectam caracteres). 
 
 Traçado: registro gráfico representado por um ou mais traços. Quando um traço se superpõe a outro, 
forma o retraço ou retraçado. 
 
 Rasgos: linhas secundárias que se agregam ao modelo padrão, por hábitos adquiridos pelo autor do 
escrito, em geral no início ou no fim das assinaturas. 
 
 Grama, ou unidade gráfica, é o resultado de um gesto gráfico feito sem mudança brusca de sentido e 
sem interrupção. 
 
Deste modo, a cada mudança de direção, surge um novo grama. 
Nas imagens abaixo, pode-se identificar os traços que compõem letras do modelo caligráfico padrão, 
com o respectivo número de gramas. De acordo com Del Picchia, as letras são divididas quanto ao número de 
gramas: 
 
 letras formadas por 1 grama: c; o; u 
 
 
 letras formadas por 2 gramas: a; b; d; e; f; h; i; j; l; n; p; q; r; s; t; u; v; x; y; z 
 
 
 letras formadas por 3 gramas: k; m; g 
 
 
 letras formadas por 4 gramas: w 
 
 
 
 
OBS: com as variações formais da escrita, as letras podem não conter o número mínimo de gramas especificado 
no exemplo. 
 
 Os pingos das letras I e J, cedilhas, barras do T e o til são traços que podem ser estudados quanto à 
sua posição, forma, presença ou ausência. 
Circular: 
 
 
Semicircular: 
 
 
Sinuoso: 
 
 
Vertical: 
 
 
Horizontal:Laçada: 
 
 
 
A letra é a unidade do alfabeto. As letras possuem características para sua identificação em um exame 
grafotécnico e podem se apresentar de variadas formas: 
 
A – Gramas não passantes: gramas que permanecem entre as linhas de base e ápice 
 
 
B – Gramas passantes superiores: gramas que extrapolam a delimitação determinada pela linha de ápice 
(hastes das letras): 
 
 
C – Gramas passantes inferiores: gramas que extrapolam a delimitação determinada pela linha de base (pernas 
das letras): 
 
 
D – Gramas duplo passante: gramas que ultrapassam os limites tanto da linha de base com da linha de ápice 
(letra F): 
 
 
OBS: As letras minúsculas são sempre consideradas passantes. 
 
E – Gramas com presilhas: letras V e B minúsculas 
 
 
 
 
 
 
F – Gramas com dupla presilha: letra R minúscula 
 
 
G – Gramas com anel: letra E e L minúsculas 
 
 
H – Gramas com platô: letra R minúscula 
 
 
13.4 – Inclinação axial 
 
A inclinação axial define-se através de um eixo perpendicular imaginário em relação à linha de base, que 
pode ser imaginária ou real. Assim, partindo-se do ângulo inicial de 90°, o grafismo pode comportar-se das 
seguintes formas quanto à inclinação: 
 
A - Vertical, alinhada ou perpendicular (mantém-se o eixo de 90 graus): 
 
 
B - Destrógira (à direita) 
 
 
C - Sinistrógira (à esquerda) 
 
 
 
 
13.5 – Ataque 
 
É o traço inicial do grafismo que acontece sempre que o instrumento escritor é colocado sobre a 
superfície de um papel. Para cada movimento gráfico haverá um ataque. Trata-se de uma característica individual, 
que varia de cada punho escritor e pode ser classificada como: 
 
A - Apoiada: traço que começa com pressão provocando aparecimento de um ponto na parte inicial, típico de 
punho pesado e cultura gráfica baixa 
 
 
B - Não apoiada: a pressão se mantém igual ao restante do traço, com o mesmo calibre. 
 
C – Infinita: o punho desce em grande velocidade e, ao tocar o papel, o traço fica claro, afilado, firme, reto e 
fluente. Neste caso, temos o predomínio da progressão e é um comportamento característico de punho leve e 
cultura gráfica alta. 
 
 
D – Em arpão: o punho desce em grande velocidade e, ao tocar o papel, ainda em velocidade, produz um traço 
reto, firme, claro e afilado parecendo um anzol. 
 
 
13.6 – Remate 
 
É a parte final do grafismo e tem grande relevância, pois muitas vezes, passa despercebida pelo 
falsificador, evidenciando a imitação. 
 
A - Apoiado: traço final que passa da progressão para a pressão provocando aparecimento de um ponto escuro 
produzido pelo excesso de tinta, típico de cultura gráfica baixa: 
 
 
 
 
 
 
 
 
B - Sem apoio: a pressão se mantém igual à progressão, mantendo o mesmo calibre ao final do grafismo: 
 
 
C – Em fuga (infinito): é o término da ação da pressão, culminando em um traço claro, afilado, reto e fluente no 
final do lançamento. Característico de punho leve: 
 
 
D – Em arpão: pode ocorrer quando finaliza o movimento gráfico ainda em velocidade, que resulta em um traço 
com característica de um anzol: 
 
 
13.7 – Observações 
 
Em algumas escritas podem ocorrer situações que dificultam a identificação de ataques ou remates. 
A – Encavalamento: movimentos sucessivos e sobrepostos coincidindo com as extremidades do grafismo: 
 
 
B – Entintamento: massa de tinta descarregada no início ou final do grafismo: 
 
 
C – Erro de planejamento: quando partes do grafismo situam-se fora do espaço destinado. Isto pode ser 
observado em situações onde o espaço é reduzido, como, por exemplo, em cartões de crédito. 
 
 
D – Fechamento dos gramas circulares 
A gênese da escrita costuma seguir o movimento dos ponteiros de um relógio e o momento de seu fechamento se 
dará num determinado horário. Cabe observar se ocorrerá alguma alteração no ponto do fechamento. O confronto 
dos gramas circulares deve ser feito somente entre os símbolos correlatos, ou seja, o primeiro de uma peça com o 
primeiro de outra, e assim sucessivamente. 
 
 
 
 
13.8 - Hábitos gráficos (Idiografismo ou Gesto-tipo) 
 
É a formação de símbolos não convencionais que podem acontecer de diversas formas. São gestos 
típicos de cada pessoa e são como um tique nervoso que tem grande valia na investigação de manuscritos. 
Podem ser identificados no ataque, no remate, em pingos dos I, barras dos T, etc. 
 
A – Gancho ou arpão: movimento regressivo que se manifesta em qualquer lugar da letra. 
 
 
B – Golpe de sabre: movimento brusco, anguloso e seco, produzido por um impulso em qualquer direção. 
 
 
C – Golpe de chicote: movimento para a frente, de maneira impulsiva com forma de laço. 
 
 
D – Triângulo: gesto mais comum nas pernas das letras. 
 
 
E – Espiral: lembra um caracol, podendo ser no início ou no final das letras. É mais comum nas letras C, L, M, N, 
R e S. 
 
 
 
 
 
 
 
 
F – Laço: assemelha-se ao bucle, sendo comum nos F e Q. 
 
 
G – Nó: sinal da vogal que cruza início e final das letras, podendo ser para dentro ou para fora. 
 
 
H – Serpentina: barra do T em forma de til. 
 
 
I – Guirlandas: curvas ascendentes que pode ser no início ou final das letras. 
 
 
J – Arcos: curvas que iniciam de baixo para cima formando um arco antes das letras. 
 
 
L – Unha de gato: traço regressivo à esquerda e por baixo da palavra. 
 
 
M – Traço regressivo: gesto que retorna à esquerda e por cima da palavra. 
 
 
 
 
 
N – Traço do procurador: movimento que se prolonga para a direita. 
 
 
O - Tremor: movimentos bambos, frouxos e sem firmeza. Traços quebrados. 
 
 
P - Torção: desvio de direção em traços que deveriam ser retos. 
 
 
13.9 – Alinhamento gráfico 
 
É a direção da escrita em relação às linhas de pauta, sendo ela real ou imaginária. Pode se apresentar 
da seguinte forma: 
 
A – Alinhado (apoiado ou tangente): obedece rigorosamente à linha de pauta 
 
 
B – Não alinhado (sem apoio ou superior) (a pessoa escreve acima da pauta): 
 
 
C - Não alinhado (sem apoio ou inferior) (a pessoa escreve abaixo da pauta): 
 
 
 
 
 
 
 
D – Ascendente: a grafia se eleva da esquerda para a direita: 
 
 
E – Descendente: a grafia tende a descer durante sua execução: 
 
 
F – Sinuoso: apresenta sinuosidade ao longo do traçado: 
 
 
G – Arqueado convexo: traçado que sobe e desce em relação à pauta: 
 
 
H - Arqueado côncavo: traçado que desce e sobe em relação à pauta: 
 
 
13.10 – Tendência de punho 
 
É o comportamento do gesto gráfico que leva à formação de ângulos ou curvas. 
 
A – Anguloso: traços pontiagudos: 
 
 
B – Arcada: traços arredondados formando arcos, principalmente em Ms e Ns: 
 
 
 
 
 
 
C – Guirlanda: traços em forma de U, principalmente em Ms e Ns: 
 
 
13.11 – Calibre 
 
É a altura das letras não passantes. Neste aspecto, devemos considerar os espaços destinados à 
assinatura em alguns documentos (ex: cartão de crédito). 
 
A – Pequeno: altura inferior a 3mm: 
 
 
B – Médio: varia entre 3 e 4mm: 
 
 
C – Grande: altura superior a 4mm: 
 
 
13.12 – Espaçamento 
 
Este tópico considera o espaçamento entre os gramas, letras ou vocábulos. 
 
A – Intervocabular: espaços entre palavras: 
 
 
B – Interliteral: espaços entre letras: 
 
 
 
 
 
 
 
C – Intergramatical: espaços entre os gramas: 
 
 
13.13 – Gladiolagem 
 
Em relação à altura dos gramas não passantes, é possível perceber, em alguns grafismos, aumentos ou 
diminuições progressivas até o final do traçado. 
 
A – Gladiolado positivo: letras não passantes que vão diminuindo progressivamente (decrescentes): 
 
 
B – Gladiolado negativo: letras que começam pequenas e terminam grandes (crescentes): 
 
 
C – Não gladiolado: letras que permanecem do mesmo tamanho do início ao fim: 
 
 
13.14 – Trajetória do punho 
 
A trajetória do punho diz respeito ao caminho utilizado pelo escritor para o desenvolvimento dos traços. 
Deve-se observar, na comparação, se a trajetória desenvolvida é a mesma entre as peças. 
Compare os dois exemplos abaixo:14 – ESPONTANEIDADE 
 
A naturalidade na execução do grafismo é observada a partir da presença ou não de tremores, 
indecisões no traçado, claudicações ou paradas em locais não habituais. 
 
 
 
A – Assinatura espontânea (escrita com o punho escritor habitual) 
 
 
B – Não espontânea: apresenta alterações no curso do traçado (punho escritor não habitual) 
 
 
14.1 – Fatores que influenciam a quebra da naturalidade 
 
A falta de naturalidade do traço pode ter origem em diversas causas, a saber: 
 
A – Acidentais: alguns fatores externos podem provocar acidentes como superfícies irregulares, fadiga muscular, 
etc. 
 
B – Emotivas: emoções como depressão, raiva, tristeza, euforia, ira, etc. 
 
C – Patológicas: problemas de saúde que afetam as funções motoras ou patologias neurológicas. De acordo com 
a patologia, que pode ser passageira ou irreversível, a escrita sofre deformidades mais ou menos intensas. As 
mais comuns são Parkinson, esquizofrenia, epilepsia, alcoolismo, uso de drogas e outras demências. 
 
 Normal Acidental Emotiva Patológica 
 
 
 
 
D – Senis: a senilidade aqui está relacionada ao grafismo e não ao escritor. Podemos encontrar pessoas com 
idade avançada e excelente coordenação motora e, por outro lado, pessoas jovens com claudicações e tremores 
em seus traçados. 
 
 
E – Fraudulentas: a falsificação também pode interferir na espontaneidade, pois a tentativa de manter a forma da 
grafia faz o indivíduo refrear o gesto gráfico, provocando tremores e paradas em locais não habituais. 
 
 
 
 
15 – DINÂMICA 
 
A dinâmica indica como o punho escritor alterna o uso da força e velocidade durante a formação dos 
gramas. A força e a velocidade podem ser visualizadas nos traços escuros ou grossos (força) e nos claros ou finos 
(velocidade). 
O tipo de caneta pode modificar a formação da dinâmica, como, por exemplo, a caneta tinteiro, que 
deixa um traço espesso quando usada com força. Já a caneta esferográfica alterna a dinâmica mediante o 
emprego da pressão e velocidade no traçado. 
 
 
 
 
16 – RECURSOS ÓTICOS 
 
Apesar de a análise grafotécnica ser direcionada ao confronto do grafismo, torna-se necessário 
observarmos possíveis alterações contidas no papel-suporte. 
Tais alterações somente são perceptíveis através da utilização de equipamentos óticos de ampliação, 
possibilitando a identificação. 
Outras alterações somente serão perceptíveis através da incidência sobre o papel-suporte de raios 
luminosos com radiações diferenciadas. 
 
Para a escolha do equipamento ótico, duas variáveis deverão ser conhecidas: 
 
 o nível de ampliação a ser atingido; 
 o campo de visualização necessário para efetuar a análise. 
 
 
 
Como a análise é bastante minuciosa, o perito deverá se valer de todos os recursos óticos possíveis 
para a fundamentação da conclusão da perícia. 
 
16.1 – Conta-fios 
 
Sendo um equipamento de baixa capacidade de ampliação, seu campo de visão varia de 1 a 10cms de 
diâmetro. Não possui iluminação, mas têm duas vantagens: possui régua interna que possibilita precisar 
milimetricamente as características observadas, e o fato de ser dobrável, facilitando sua posição sobre o papel-
suporte. 
 
 
 
16.2 – Lupa 
As melhores lupas que existem são aquelas feitas de cristal, pois garantem baixíssimos níveis de 
distorção da imagem. 
Podem apresentar uma variedade de ampliação de 2 a 20 vezes. Lupas com pequena capacidade de 
ampliação apresentam campo visual com diâmetro bastante variado, porém a espessura da lente é pequena. 
Por outro lado, equipamentos com maior capacidade de ampliação apresentam um pequeno campo 
visual e lentes com grande espessura. Ou seja, a capacidade de ampliação de uma lupa é diretamente 
proporcional à espessura de sua lente. 
Da mesma forma que o conta-fios, a lupa também não possui iluminação própria. Por isso, deve–se 
procura trabalhar em locais com grande luminosidade. 
 
 
16.3 – Lupa estereoscópica 
 
Com capacidade de ampliação maior que lupas comuns, o microscópio estereoscópico mostra-se 
bastante útil para análises documentoscópicas e grafotécnicas. 
Esta lupa possui iluminação artificial dos tipos incidente e transmitida, o que proporciona boa 
luminosidade. Algumas ainda têm o recurso do controle de iluminação. 
 
 
Estes equipamentos podem ser monoculares ou binoculares. Alguns ainda apresentam o sistema de 
zoom, que permite ampliações de 10 a 160 vezes. 
Tal variação torna possível visualizar detalhes mínimos do material. Porém, seu campo de visualização, 
ou extensão do foco, é relativamente pequeno, podendo alcançar 85mm. 
E quanto maior a ampliação do documento, menor o campo visual obtido. Ou seja, a ampliação do 
material é inversamente proporcional ao campo visual analisado. 
 
 
16.4 – Microscópio 
 
A diferença do microscópio para a lupa estereoscópica é a capacidade de ampliação e campo visual. O 
primeiro possui alta capacidade de ampliação e campo visual reduzido; a lupa, por outro lado, tem capacidade de 
ampliação menor, mas com campo visual maior. 
Algumas lentes objetivas apresentam boa capacidade de ampliação, mas com campo visual 
extremamente pequeno. Suas imagens podem ser ampliadas de 40 a 1.000 vezes. 
A capacidade de iluminação é igual à da lupa, inclusive com controle de intensidade. 
Sendo assim, comparando os dois equipamentos, concluímos que as lupas estereoscópicas têm maior 
aplicabilidade, pois apresentam ampliação satisfatória e campo visual maior. 
 
 
16.5 – Digitalização de imagens 
 
Este recurso auxilia muito nas análises, pois é possível ampliar, recortar e ilustrar o laudo, tornando o 
trabalho bastante didático. 
Deve-se, então, ter a atenção para que se use equipamento de alta definição para não comprometer o 
aspecto original do grafismo. 
 
16.6 – Instrumentos utilizados 
 
No conteúdo do Laudo Pericial, deverão constar as características técnicas do equipamento utilizado na 
perícia. 
 
 
Deve-se ressaltar o nível de ampliação imposto à imagem, tipo de equipamento utilizado e demais 
técnicas que levaram à conclusão. 
 
 
 
17 – ESTRUTURA E REQUISITOS DO LAUDO 
 
A conclusão de uma perícia grafotécnica é o resultado final de um trabalho investigativo intenso. Como é 
a resposta para as indagações propostas, trata-se da parte mais importante do trabalho. 
A descrição da conclusão deve traduzir a opinião final do perito e deve empregar palavras ou 
expressões claras, concisas e objetivas, evitando termos que sugiram entendimento dúbio ou que venham de 
encontro ao parecer final. 
Cada profissional tem seu estilo de laudo, mas os tópicos abaixo têm o objetivo de exemplificar e 
demonstrar como estabelecer de maneira sucinta as ações tomadas pelo perito. 
É imprescindível detalhar as razões que o levaram àquelas conclusões, incluindo no laudo o item que 
descreva as fundamentações ou razões que subsidiaram a conclusão. Nesta etapa, entram o complemento de 
ilustrações e suas respectivas explicações. 
Enquanto o tópico do confronto entre peças questionadas e padrões descreve suas correlações, a 
fundamentação apresenta os argumentos técnicos, descrevendo, de maneira minuciosa, os caracteres, a análise 
do traçado em suas qualidades e elementos gerais e específicos do grafismo. 
Não podemos esquecer que o laudo poderá ser lido por pessoas que não detêm conhecimento 
aprofundado da matéria. 
Neste caso, as ilustrações podem não trazer o efeito esperado pela dificuldade de interpretação das 
mesmas. 
A leitura e entendimento da conclusão pericial estão diretamente relacionados à qualidade das imagens 
inseridas no trabalho, as quais explicam e fundamentam a mesma. Daí a importância as escolha das ilustrações a 
serem anexadas. 
Dada sua importância, a conclusão deve ser um item a parte, com destaque para as fontes consultadas. 
Seu enunciado deve estar totalmente fundamentado em observações que assegurem ao peritototal segurança no 
resultado de seu trabalho. 
Vale ressaltar que o laudo deverá ter um texto límpido, conciso e que exprima na medida certa o 
resultado das observações durante o trabalho pericial. 
A conclusão pode ser expressa apenas diante das respostas aos quesitos formulados pelas partes 
envolvidas, dispensando apresentação de item específico. 
 
A - Cotejos entre assinaturas questionadas e os padrões de confronto, com anotação e interpretação de 
suas convergências e divergências, conforme a metodologia pericial grafocinética: análise propriamente 
dita das peças confrontadas, ou seja, servirá de guia para a fundamentação da conclusão do trabalho 
pericial, onde serão demonstradas todas as características do grafismo. 
 
B - Adicionar as melhores imagens digitalizadas ilustrativas A utilização de imagens fica a critério de 
cada profissional, mas sugere-se obedecer a três princípios básicos: 
o Ilustrar o trabalho pericial 
o Demonstrar as características do grafismo analisado 
o Fundamentar a conclusão pericial 
 
 
 
C - Coordenação de todos os dados técnicos apurados 
o Apresentar alternância de imagens de peças questionadas e padrões e suas descrições ajuda 
o rápido entendimento do motivo da perícia. 
 
D – Características visíveis a olho nu como ataques, remates, tremores, etc. Veja no exemplo abaixo, 
uma das maneiras de se mencionar tais aspectos: 
 
 
Comentário: “Observamos no detalhe que o passante inferior apresenta inclinação destra, movimento ascendente 
em curva com menor pressão comparado ao movimento descendente.” 
 
 
Comentário: 
“O passante superior apresenta grande semelhança nos espaçamentos internos, e remate com movimento 
semicircular em direção destra com tendência infinita. Alinhamento apenas do primeiro grama em relação à linha 
de base, e presença do mesmo número de momentos gráficos.” 
 
Mesmo sabendo que as imagens têm caráter apenas ilustrativo com objetivo de complementar o 
argumento, elas contribuem para a fundamentação da conclusão pericial. 
 
E – Citar o papel suporte e alguns comentários e se houve adulterações. Neste caso, cita-se o recurso 
ótico como conta-fios, lupa, radiações diferenciadas, etc. 
 
F – Na peça questionada, citar a situação em que se encontra o documento. 
 
G – Descrição das características: 
o A descrição comparativa deve se focar não só nos símbolos gráficos, mas também em outros 
elementos inerentes, como localização da assinatura em relação a um texto. 
 
Novo Código de Processo Civil 
 
Com as alterações do Novo Código de Processo Civil, amparadas pela Resolução do Conselho Nacional 
de Justiça – CNJ (que determinou a aplicabilidade destas alterações passasse a vigorar a partir do dia 17 de 
Outubro de 2017), o artigo 473 assim determina: 
 
“Artigo 473. O laudo pericial deverá conter: 
l – a exposição do objeto da perícia; 
ll – a análise técnica ou científica realizada pelo perito; 
 
 
lll – a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente aceito pelos 
especialistas da área do conhecimento da qual se originou; 
lV – resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério 
Público. 
£ 1º. No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem simples e com coerência lógica, 
indicando como alcançou suas conclusões. 
£ 2º. É dedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir opiniões pessoais que 
excedam o exame técnico ou científico do objeto da perícia. 
£3º. Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos podem valer-se de todos os meios 
necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte, 
de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos, 
fotografias ou outros elementos necessários aos esclarecimentos do objeto da perícia.” 
 
 
 
18 – DESCRIÇÃO DA PEÇA QUESTIONADA 
 
A perícia começa efetivamente pela descrição da peça em exame. Assim, deve-se utilizar todos os 
recursos disponíveis para análise do documento, inclusive destacando possíveis alterações tanto no grafismo 
quanto no papel-suporte. Esta descrição se divide em três etapas: 
 
1ª: descrição do grafismo: considerações somente sobre o que está inserido na peça questionada, 
com atenção a possíveis alterações como recoberturas, borrões, emendas, raspagens, tipo de instrumento 
escritor, tipo de massa ou tinta e aspectos gerais. 
 
2ª: descrição do papel-suporte: considerações sobre o estado físico do documento apresentado, 
destacando características como alteração de pigmentação, coloração do papel, dobras, recortes, rasgaduras, 
desfibramento, raspagens, recoberturas, colagens, uso d papel carbono, sulcos, etc. 
 
3ª: descrição do conteúdo visual: abrange aspectos mecânicos, manuscritos, carimbos, corretivos, 
logo e outras ilustrações como datas, números, valor, etc. 
Nestas etapas, os comentários são abordados de maneira superficial e genérica, visando unicamente à 
descrição do documento questionado. As considerações referentes ao exame propriamente dito, ou seja, a efetiva 
análise do documento abordará minuciosamente, serão comentados em tópico específico. 
 
 
 
19 – EXEMPLOS DE TEXTOS PARA O LAUDO 
 
19.1 - Exemplo de Introdução para elaboração de Laudo 
 
“Aos dezessete dias do mês de maio do ano de dois mil e um, nesta cidade de Curitiba – PR, os 
infrafirmados Sr. XX e SR. YY, ambos peritos grafotécnicos e documentoscopistas, conforme solicitação do Sr. ZZ, 
passaram a realizar exames dos documentos descritos em tópico seguinte deste trabalho. 
 
 
Esgotados todos os recursos possíveis para melhor condução e elaboração do trabalho pericial 
grafotécnico/Documentoscópico, passamos a apresentar os resultados obtidos.” 
 
*Trecho retirado do livro “Entendendo o Laudo Pericial Grafotécnico e a Grafoscopia” 
 
19.2 - Modelo de texto com cotejo entre peças 
 
*“Nesta etapa, os infrafirmados passam a efetuar o cotejo entre as firmas questionadas e os padrões 
gráficos utilizados. De início foram observadas características grafocinéticas, forma e qualidades gerais que 
identificam tais espécimes. A este respeito, os peritos destacam o mesmo tipo de comportamento quanto à 
inclinação de alguns símbolos, o alinhamento em relação às linhas de pautas dos documentos, os espaçamentos 
interliterais, além de se observar também semelhança na alternância do dinamismo empregado nas peças 
cotejadas. 
Observa-se também entre as peças confrontadas, que os sinais gráficos apresentam componentes de 
movimentos proporcionais, onde ficam evidenciadas as predominâncias no estilo curvilíneo entre os gramas 
cotejados. 
Além disso, estes profissionais não detectaram quaisquer sinais de simulação nos espécimes com o 
intuito de introduzir movimentos diferentes dos habituais produzidos pelo punho escritor.” 
 
*Trecho retirado do livro “Entendendo o Laudo Pericial Grafotécnico e a Grafoscopia” 
 
19.3 - Modelo de conclusão quando o objetivo da perícia for único 
 
*”Diante das afirmações efetuadas no confronto entre as peças objeto de análise e as características 
gráficas ilustradas na fundamentação do trabalho que o grafismo questionado foi lançado pelo punho escritor do 
Sr. XX. 
Ao observar as divergências demonstradas junto às ilustrações que compõe a fundamentação do 
trabalho e os comentários contidos em item específico ao confronto das peças, concluem estes peritos que a 
grafia questionada não pertence ao punho escritor do Sr.XX.” 
 
*Trecho retirado do livro “Entendendo o Laudo Pericial Grafotécnico e a Grafoscopia”

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