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8 Isabele Espairani - DPP Princípio do efeito imediato ou da aplicação imediata: no conflito da lei processual no tempo, vige o princípio do tempus regit actum (os atos são regidos pela lei processual do seu tempo), com a consequência de que: Não importa se o novo código é melhor, o princípio que vai valer é o princípio do tempus regit actum. 1) os atos processuais realizados sob a égide da lei anterior são válidos: 2) as normas processuais têm aplicação imediata, regulando o desenrolar restante do processo. Art. 2º CPP. A lei processual penal aplicar-se- á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. IRRETROATIVIDADE: a lei processual penal brasileira não é retroativa, pois se aplica aos fatos processuais ocorridos durante a sua vigência. Irretroatividade da nova lei, ela só é aplicada a partir da sua data de vigência, ou seja, não é aplicada para atos anteriores a ela. Normas processuais: regulam o início, desenvolvimento e fim do processo; as que indicam as formas com que os sujeitos processuais podem valer-se das suas faculdades e direitos processuais etc. Art. 37 CPP. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes. A representação vincula uma forma de iniciar um processo, está ligada ao direito de ação. O promotor não pode iniciar uma ação sem a autorização da vítima. Art. 396 CPP. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la- á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Art. 399 CPP. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. Prescrição: perda do direito do Estado de punir e indireta do indivíduo (pois só o juiz pode exercer). Representação: autorização da pela vítima para que o ministério público possa entrar com a ação. Decadência: perda do direito de ação por não manifestação e a perda do direito indireto de punir (pois ocorre me seguida). Causa instintiva de punibilidade. O direito de punir e exercido de forma indireta, feito pelo juiz. Normas penais: todas aquelas que atribuem virtualmente ao Estado o poder punitivo ou o poder de disposição do conteúdo material do processo. Quando a norma está ligada ao direito de punir, quer privando ou disponibilizando o Estado o direito de punir, é norma penal. Exemplo: Sursis, abdica o direito de punir por questão de regime criminal. Art. 121 CP. Matar alguém. Pena – reclusão, de seis a vinte anos. NORMAS MISTAS: processuais materiais ou híbridas- caráter penal e processual. Lei Processual no Tempo Normas 9 Isabele Espairani - DPP Se um preceito processual for constituído também de caracteres de natureza penal, aplica-se a retroatividade benéfica. Art. 38 CPP. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31. A primeira parte do artigo disciplina uma maneira de iniciar uma ação/processo, pois sem a representação o processo não se inicia, sendo, portanto, uma norma processual. Já a segunda parte é uma norma penal, pois está ligada ao direito de punir ao disciplinar a perda do direito de ação, e consequentemente a perda do direito de punir. No Direito Processual, diferente do Direito Penal, não faz o raciocínio de permanecer a lei mais favorável. Portanto, norma processual pura não retroage, tendo como exceção as normas materiais (pois estabelecem direitos/dão garantias, sendo do CP ou do CPP) e as normas mistas que retroagem. Heterotopia: situação em que, apesar do conteúdo da norma conferir-lhe uma determinada natureza, encontra-se ela prevista em diploma de natureza distinta. Ex: art.100 do CP. Artigo 186 do CPP (direito ao silêncio). Noma revestida de natureza jurídica, estranha a codificação em que ela se encontra inserida, ou seja, uma norma processual pura. Art. 100 CP. A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. Art. 186 CPP. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas. Podem retroagir beneficamente quando se revestem de conteúdo material, como o direito ao silêncio, embora previsto no CPP. Sistema Acusatório: Implica o estabelecimento de uma verdadeira relação processual entre autor, réu e juiz, estando em pé de igualdade autor e réu e, acima deles, como órgão imparcial o juiz. Relação de triangulo, com o juiz no topo e com autor e réu na base, de forma igualitária. Sistema Inquisitivo: é a antítese do acusatório; não há contraditório, as funções de acusar, defender e julgar concentram-se na mesma pessoa que é o juiz. Favorece todo o devido processo legal. Tínhamos esse sistema em que era atribuído ao mesmo órgão o poder de investigar e julgar, o juiz era o grande inquisidor. Sistema Misto ou acusatório formal: é constituído de uma instrução inquisitiva (investigação preliminar e instrução probatória) e de um posterior juízo contraditório (de julgamento). É utilizado em vários países da Europa. Primeiro há a fase inquisitiva no qual o ministério público investiga e acusa, e depois há a fase acusatória realizada pelo órgão julgador (devido processo legal). A segunda fase é igual a do Brasil, só se distingue do nosso pois lá o ministério público que investiga, enquanto aqui é a polícia, tendo o ministério público atuação na segunda fase. As leis processuais são eminentemente territoriais: não ultrapassam os limites do território do Estado. Como uma autoridade ou uma jurisdição repressiva exprime por sua atividade um dos aspectos da soberania Sistemas Processuais Aplicação da lei processual penal no espaço 10 Isabele Espairani - DPP nacional, não pode ela ser exercida senão dentro nas fronteiras do respectivo Estado. Hipóteses de aplicação fora do território. Função de soberania de um estado que não pode invadir a função de soberania de outro estado. A lei processual do Estado pode ser aplicada fora de seus limites territoriais nas hipóteses de: 1) aplicação da lei processual penal de um Estado em território nulo; 2) quando houver autorização do Estado onde deva ser praticado o ato processual; 3) em caso de guerra, em território ocupado. Art. 1o CPP. O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados: I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100); III - os processos da competência da Justiça Militar; IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, no 17); V - os processos por crimes de imprensa.Ressalvas do artigo 1º do CPP: Tratados, convenções e regras de direito internacional. Aos crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves estatais estrangeiras, em águas territoriais e espaço aéreo brasileiros, não se aplicam a lei penal nem a lei processual pátrias; Não se aplica também a nossa lei processual aos agentes diplomáticos aqui acreditados – imunidade formal – Convenção de Viena (1961). Os encarregados de certa missão especial; os que se acreditam para representar o Governo em conferências, congressos ou outros organismos internacionais). Os funcionários diplomáticos que vivam em companhia dos respectivos agentes gozam dessas prerrogativas. A imunidade alcança os familiares, bem como os funcionários das organizações internacionais, quando em serviço. Estão excluídos os funcionários particulares dos agentes. Os chefes de Estado e sua comitiva desfrutam dos mesmos privilégios quando em território nacional. As sedes de embaixadas ou legações são considerados territórios do país onde se acham situadas. Contudo, são consideradas invioláveis. Os cônsules não gozam das mesmas prerrogativas, salvo nos delitos funcionais. Os atos processuais nas cartas rogatórias obedecem à lei do Estado rogado. Imunidade parlamentar: processual ou relativa – refere-se à prisão, ao processo, prerrogativas de foro e para servir como testemunhas. Desde a expedição de diploma, o parlamentar não pode ser preso, salvo em flagrante de crime inafiançável. Em tal caso, os autos serão remetidos dentro de 24 horas para a Casa do parlamentar que deliberará, por maioria absoluta sobre a prisão. Art. 53 CF. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. A ação penal pode ser suspensa por decisão da respectiva Casa por crime cometido após a diplomação. A Casa deve deliberar no prazo de 45 dias, após provocação de partido http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art86 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art86 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art89 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art89%C2%A72 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art100 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art122.17 11 Isabele Espairani - DPP político, pela maioria absoluta dos seus membros. Os deputados estaduais alcançam a mesma imunidade. O partido político do deputado pode protocolar a Mesa (diretora da Câmara) a sentença com requerimento provocando a suspensão dessa ação. Anteriormente, ele podia peticionar sobre a prisão, e nesse momento sobre a própria ação penal. O procurador geral denunciou o parlamentar, o Supremo recebeu a ação, esta já está tramitando, e o partido a que pertencer o deputado protocolará a suspensão dessa ação. A Mesa pauta os deputados e estes, por maioria absoluta, podem aprovar a suspensão da ação penal. Ação penal será parada. O prazo que a Câmara terá é de 45 dias para deliberar a suspensão da ação. Caso não faça isso dentro do prazo, não poderá mais deliberar sobre a ação (perempção). O prazo final que o partido tem para provocar a parte é a ação definitiva. Enquanto não houver decisão definitiva (acórdão transitado julgado), o partido pode provocar. Terminado o mandato, retoma a ação penal. Os deputados estaduais alcançam a mesma imunidade. Art. 27, § 1º CF. Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas. Imunidade processual e concurso de agentes: Em caso de suspensão da ação, separa-se o processo. Exemplo: Assessor envolvido no caso. A Câmara deliberará sobre a suspensão da ação em relação ao deputado, não sobre o assessor. Suspende tão somente a ação em relação ao parlamentar, quer seja senador ou deputado. Suspensão da prescrição: Em caso de suspensão da ação, suspende-se também a prescrição. Art. 53, §5º. A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. Imunidade para depor: O senador e o deputado não são obrigados a testemunhar sobre informações recebidas no exercício do mandato e nem sobre as pessoas que lhe confiaram as informações. Não seria possível exercer eficientemente a tarefa de fiscalização do Poder Executivo caso não houvesse a imunidade. Direito de preservar as fontes. Art.53 CF. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. § 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. Prerrogativa de foro: Os deputados e senadores são julgados pelo STF. Em face da importância do cargo, o indivíduo é processado em outro tribunal. Art. 53 CF. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. Art. 102 CF. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; Estado de sítio: Tais imunidades subsistirão durante o estado de sítio, podendo ser suspensas por voto de 2/3 da Casa no caso de ato praticado fora do recinto do Congresso e que sejam incompatíveis com a execução da medida. 12 Isabele Espairani - DPP Art. 53 CF. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. § 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. Presidente da República: imunidade formal em relação ao processo. Juízo de Admissibilidade pela Câmara, 2/3 do voto de seus membros. Art. 86 CF. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. Prisão: somente será preso nos crimes comuns após a prolação do Acórdão condenatório. Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. § 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidenteda República não estará sujeito a prisão. Caso o Presidente tenha cometido o crime de peculato (art. 312 CP), o Procurador Geral da República apresentará aos ministros do Supremo. Para o Supremo receber essa denúncia é preciso receber a permissão da Câmara (quórum de 2/3 dos deputados). Crime de responsabilidade. Prerrogativa de foro: Nos crimes comuns será julgado pelo STF e nos crimes de responsabilidade pelo Senado Federal. Vice-Presidente, Ministros de Estado e Forças Armadas nos crimes de Responsabilidade conexos com o do Presidente serão julgados pelo Senado Federal – art.52. O STF julgará os crimes de responsabilidade praticados pelos Ministros de Estado e Forças Armadas, membros dos Tribunais Superiores, os do T.C.U. (tribunal de Contas da União) e os chefes de missão diplomática de caráter permanente. O Senado Federal julgará os crimes de responsabilidade praticados pelos Ministros do STF, os membros do CNJ e do CNMP, o PGR e o ADGU. Art. 52, II CF. Compete privativamente ao Senado Federal: II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado- Geral da União nos crimes de responsabilidade; Militares: crimes militares é de competência da Justiça (CPPM). Art. 1°, III CPP. O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados: III - os processos da competência da Justiça Militar; Art. 124 CF. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ___________________________________________