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GESTÃO DA QUALIDADE E PRODUTIVIDADE UNIASSELVI-PÓS Autoria: Carla Eunice Gomes Correa Indaial - 2021 2ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Copyright © UNIASSELVI 2021 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. C824g Correa, Carla Eunice Gomes Gestão da qualidade e produtividade. / Carla Eunice Gomes Correa. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 128 p.; il. ISBN 978-65-5646-271-4 ISBN Digital 978-65-5646-270-7 1. Qualidade e produtividade. - Brasil. II. Centro Universitário Leon- ardo da Vinci. CDD 650 Impresso por: Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Jairo Martins Marcio Kisner Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOS..7 CAPÍTULO 2 FERRAMENTAS E SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE .......49 CAPÍTULO 3 CONTROLE ESTATÍSTICO DO PROCESSO (CEP) E PRODUTIVIDADE .......................................................................91 APRESENTAÇÃO Caro pós-graduando, os temas qualidade e produtividade são discutidos há muitos anos, mas durante esse período eles estiveram associados somente às atividades operacionais das organizações, ou seja, a setores ligados à produção. Nas últimas décadas, devido às reestruturações das empresas motivadas pela competitividade no mercado, esses assuntos tomaram novos rumos e começaram a ser vistos também como uma preocupação dos setores estratégicos. Sendo fator primordial na busca pela competitividade, a gestão da qualidade atualmente vem sendo implantada em diversos setores econômicos (industrial, comercial e de serviços). Por esse motivo, tem estado presente tanto em pesquisas científicas como nas tomadas de decisões gerenciais. Contudo, se pararmos para refletir, perceberemos que constantemente somos orientados a ser mais produtivos, uma vez que fazemos parte de uma empresa cujo objetivo é a geração de resultados positivos, ou seja, gerar lucros. Com base nisso, pensamos o presente livro em três capítulos. O primeiro capítulo apresenta os conceitos de qualidade e os princípios que a norteiam. Aborda, ainda, a evolução desses conceitos e também a sua aplicabilidade. O entendimento desses conceitos e princípios será muito útil ao longo da disciplina. Além disso, fazemos abordagem sobre a gestão da qualidade total (TQM) e a sua importância para as organizações, bem como o gerenciamento das diretrizes (GPD) e as rotinas no dia a dia da organização. Dando sequência aos estudos, no segundo capítulo apresentaremos o sistema de gestão da qualidade ISO 9001, desde sua criação, em 1987, suas evoluções e revisões até o momento atual. Ainda neste capítulo você conhecerá a norma ISO, que tem como objetivo apresentar os passos a serem seguidos até a certificação e também algumas ferramentas que poderão ser úteis na busca pela melhoria da qualidade dos processos, como as ferramentas básicas da qualidade, o método de análise e melhoria do processo (MASP), Seis Sigma e o Ciclo PDCA. Por fim, o terceiro capítulo é voltado ao estudo da produtividade. Faz um retrospecto da história da produtividade, os indicadores de produtividade, bem como a forma de avaliá-la. Além disso, apresenta a relação entre produtividade e qualidade. Será que podemos dialogar sobre produtividade sem citar a qualidade? Esperamos que você aproveite ao máximo os estudos desta disciplina e que possa contribuir no seu processo de ensino-aprendizagem, pois associada às estratégias, à competitividade das organizações e à qualidade, tem-se uma ferramenta de grande utilidade para as empresas, que é sua eficácia e, consequentemente, sua produtividade. Boa leitura! CAPÍTULO 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOS A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: • Conhecer a história e a evolução da qualidade. • Compreender o conceito de qualidade. • Entender os princípios da qualidade. • Compreender o desdobramento do conceito de qualidade. • Aplicar as teorias da qualidade. • Conhecer e diferenciar os princípios da qualidade. • Utilizar as estratégias de implantação de qualidade total. • Aplicar a metodologia Lean Manufacturing no processo de gestão da qualidade. 8 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE 9 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOS Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Nos últimos anos, as organizações têm focado suas ações na busca pela competitividade e neste contexto, a redução de custos, a produção sem desperdícios e gerenciar o tempo passaram a ser preocupações dos gestores da organização, que precisam entregar um produto com qualidade e excelência no mercado tão competitivo. Com base nesse contexto, este primeiro capítulo objetiva fazer um resgate histórico da evolução do conceito da qualidade. Muito se ouve falar em qualidade, mas poucas são as pessoas que conseguem defi ni-la. Assim, você verá por que é tão difícil encontrar uma defi nição exata para o termo e quais são os fatores que infl uenciaram para a evolução do conceito. Também conheceremos os chamados Gurus da Qualidade, ou seja, os primeiros estudiosos que introduziram a temática nas linhas de produção, a evolução destas ideias até os dias atuais e como infl uenciam as tomadas de decisões nas organizações. Associada às estratégias, à competitividade das organizações e à qualidade, tem-se apresentado uma ferramenta de grande utilidade para as empresas. Ainda neste capítulo, iniciaremos nossos estudos sobre a Gestão da Qualidade Total (TQM). Veremos como surgiu o sistema TQM, sua origem e o porquê de as organizações buscarem implantá-la nos processos produtivos, tanto nas indústrias como no comércio, no setor de serviços e governamentais. Você sabia que atualmente até os setores governamentais já estão implantando o sistema de gestão da qualidade com o objetivo de melhorar a qualidade dos serviços oferecidos à sociedade? Ao longo dos nossos estudos apresentaremos alguns exemplos e como foi possível avaliar os serviços por meio desta ferramenta. Também estudaremos um pouco mais sobre o sistema Lean Manufacturing. Esse sistema de produção foi adotado pela Toyota em sua linha de produção na década de 1980 e vem sendo adaptado por outras organizações e outros sistemas produtivos, como serviços e comércio. Então, vamos ver quais os objetivos que esta ferramenta oferece? 10 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE 2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE A ciência da administração sofreu, no decorrer dos anos, diversas mudanças em seus conceitos e abordagens, concomitantemente com a da humanidade. Nesse sentido, as perspectivas da administração clássica, humana, comportamentalista e moderna contribuíram signifi cativamente para o desenvolvimento e a constituição da perspectiva contemporânea, ou seja, a era da qualidade. FIGURA 1 – PERSPECTIVAS DA ADMINISTRAÇÃO FONTE: Adaptada de Chiavenato (2000) As primeiras preocupações com a qualidade surgiram com maior intensidade a partir da Segunda Guerra Mundial, mas os conceitos que norteiam os programas de qualidade nasceram, basicamente, nos Estados Unidos. Sua aplicabilidade, no entanto, deu-se no Japão, que foi o país pioneiro em adotar tais conceitos em seus processos produtivos. Na fi gura a seguir, podemos observar que a qualidade como integrantedos objetivos e metas da empresa (sistema administrativo) possibilitou que as empresas alcançassem diferenciais competitivos. Os conceitos que norteiam os programas de qualidade nasceram, basicamente, nos Estados Unidos. 11 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOS Capítulo 1 FIGURA 2 – DESENVOLVIMENTO DA QUALIDADE COMO SISTEMA ADMINISTRATIVO SHEWHART FONTE: Adaptada de Seleme e Standler (2010) A troca de informações entre japoneses e americanos ocorreu por intermédio de Deming e Juran – com auxílio de Feigenbaum – e da União Japonesa de Cientistas e Engenheiros (JUSE – sigla em inglês). Para saber mais sobre a JUSE (Union of Japanese Scientists and Engineers), acesse: https://translate.google.com/translate?hl=pt- BR&sl=en&u=https://www.juse.or.jp/english/&prev=search. Se analisarmos a literatura sobre a história da qualidade com maior profundidade, perceberemos que o conceito de qualidade, com o passar dos anos, sofreu uma série de mudanças chamadas por alguns autores e também por Garvin (1997) de eras da qualidade, com características específi cas que marcaram cada um dos períodos. Pouco antes da Revolução Industrial, surgia a chamada Era da Inspeção, que se desenvolveu a partir da necessidade de controle da produção em massa. Esse período foi marcado pela publicação da obra The Control of Quality in Manufactoring, escrita por G. S. Radford, em 1922. A era O conceito de qualidade, com o passar dos anos, sofreu uma série de mudanças chamadas de eras da qualidade. 12 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE da inspeção tinha como principal interesse a verifi cação do produto, com ênfase na uniformidade. O controle da qualidade utilizava como método de trabalho instrumentos de medição que se resumiam à inspeção, à classifi cação, à contagem, à avaliação e ao reparo. Na década de 1930, com a adoção do controle estatístico do processo, implementado por Shewhart, surgia a Era do controle estatístico da qualidade, que permitia monitorar o processo produtivo e identifi car a necessidade de fazer ações de melhoria. Para isso, Shewhart utilizou técnicas estatísticas básicas para a determinação de limites e métodos gráfi cos para avaliar se as variações estavam dentro da faixa aceitável. Ao mesmo tempo em que Shewhart trabalhava nos controles estatísticos e desenvolvia as Cartas de Controle de Processos, outros pesquisadores, como Harold Doming e Harry Roming, trabalhavam na prática da amostragem. Durante esses períodos, tanto o desenvolvimento conceitual como as práticas de controle da qualidade eram voltados para a inspeção e controle dos resultados dos processos de fabricação, com o objetivo de garantir a conformidade dos resultados com as especifi cações dos produtos (GARVIN, 1997; CARPINETTI, 2016). A partir da década de 1950, surgia a chamada Era da gestão estratégica da qualidade, dando uma nova dimensão à prática da qualidade, cujo objetivo continuava sendo a garantia da qualidade, porém, expandida para outros setores estratégicos da empresa e com a utilização de outros instrumentos de controle além da estatística, como a quantificação de custos da qualidade. Esse período também foi marcado pela publicação da obra Manual de Controle da Qualidade (Quality Control Handbook) por Joseph Juran, em 1951 (GARVIN, 1997; CARPINETTI, 2016). Podemos citar, ainda, como instrumentos de controle da qualidade utilizados nesse período, o controle total da qualidade, proposto por Armand Feigenbaum, em 1956, a engenharia de confiabilidade, que tinha por objetivo garantir um desempenho aceitável do produto ao longo do tempo, e o defeito zero, que teve sua gênese na Martin Company, em 1961-1962, com a entrega de mísseis sem defeito, que só era possível por meio de uma inspeção maciça no processo produtivo. Enfi m, chegamos ao período denominado de Era da Gestão Total da Qualidade, cujo foco principal é o impacto estratégico. O controle da qualidade signifi ca uma oportunidade de diferenciação da concorrência. A ênfase nessa era está no cliente e nas suas necessidades. Para alcançar os objetivos, a equipe utiliza o planejamento estratégico da organização, desenvolve metas, investe em 13 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOS Capítulo 1 treinamento, contratação de consultorias especializadas e desenvolvimento de programas e sistemas de informática. Atualmente, a gestão estratégica da qualidade deixou de ser uma responsabilidade do departamento de produção e também passou a ser responsabilidade da alta gerência. Contudo, segundo Garvin (1997, p. 33), “não existe um único modelo de gestão estratégica da qualidade. As empresas têm necessidades diferentes, que exigem atenção para diferentes questões e um enfoque em diferentes departamentos operacionais [...]”. Assim, se compararmos as abordagens da qualidade antes da Revolução Industrial (início do século XX) com a atual, percebe-se que a qualidade, atualmente, está relacionada aos anseios e às necessidades dos clientes. Entretanto, podemos observar que, independente do tamanho da organização, encontramos empresas preocupadas em adotar programas de qualidade (MARSHALL JUNIOR, 2003). Da mesma forma, verifi ca-se que a aplicabilidade deste conceito não é tarefa fácil, veremos nos próximos capítulos que esta atividade se torna complexa, uma vez que precisamos da participação e envolvimento de todos os níveis da organização e principalmente da participação e aceitação das pessoas. 1 Agora, praticaremos o conhecimento adquirido até aqui. Correlacione as colunas: I- Era da Inspeção ( ) Era marcada pela prevenção associada à utilização de instrumentos de controle, como a quantifi cação de custos da qualidade, o controle total da qualidade, a engenharia de confi abilidade e defeito zero. II- Era do controle es- tatístico da qualidade ( ) A ênfase nesta era está no cliente e nas suas necessidades. Nesta era, a gestão estratégica da qualidade deixa de ser responsabilidade do departamento de produção e envolve a alta gerência. III- Era da gestão estratégica da qua- lidade ( ) Seu foco está na verifi cação do produto, uma vez que o controle da qualidade é realizado pelo departamento de produção com a utilização de instrumentos de medição que se resumem à inspeção, à classifi cação, à contagem, à avaliação e ao reparo. 14 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE IV- Era da Gestão Total da Qualidade ( ) Era marcada pela utilização de técnicas estatísticas básicas para a determinação de limites e métodos gráfi cos para avaliar se as variações estão dentro da faixa aceitável. Alguns pesquisadores evoluíram para a aplicação da amostragem. 3 CONCEITO DE QUALIDADE Podemos dizer que o conceito de qualidade é bastante antigo. Segundo Silva (2004, p. 444), “como conceito, a qualidade é conhecida há alguns milênios. Como disciplina, ainda está em formação”. Contudo, atualmente vem sendo utilizada com maior aplicabilidade em vários segmentos do mercado, tanto na indústria como na área de serviços. O conceito de qualidade surgiu há milênios; pode-se dizer que ele é tão antigo quanto a história do homem. Desde as primeiras civilizações, sempre se buscou o aperfeiçoamento para se fazer coisas um pouco melhores, mas foi somente com a produção em massa e a implantação das linhas de produção em série que esse conceito se tornou formal. Contudo, durante muitos anos, este permaneceu atrelado exclusivamente a setores de produção e operações (GARVIN, 1997). Defi nir qualidade muitas vezes é complexo. Embora todos digam que sabem o que é qualidade, na maioria das vezes o termo qualidade é utilizado de acordo com as situações do nosso cotidiano e conforme a aplicação recebe signifi cados diferentes, não é mesmo? Nesse sentido, Garvin (1997, p. 47) faz alguns questionamentos que nos levam a uma refl exão: “A qualidade é objetiva ou subjetiva? É relativa ou absoluta? Independe do tempo oué socialmente determinada? Pode ser dividida em categorias mais restritas e de maior signifi cado?”. Com base nesses questionamentos, o autor apresenta cinco abordagens do conceito para a 15 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOS Capítulo 1 qualidade: a transcendente, a baseada no produto, a baseada no usuário, a baseada na produção e a baseada no valor. No Quadro 1, apresentaremos de forma sintetizada cada uma das abordagens apresentadas por Garvin (1997) com as principais defi nições. QUADRO 1 – ABORDAGENS DA QUALIDADE SEGUNDO GARVIN (1997) Abordagem Princípio Conceito TRANSCENDENTAL A qualidade é sinônimo de excelência inata. A qualidade não é uma coisa concreta, mas uma terceira identidade independente das duas, embora não possa defi nir qualidade, sabe-se o que ela é (PIRSING, 1974, p. 185). BASEADA NO PRODUTO A qualidade é vista como uma variável precisa e mensurável. Melhor qualidade somente com custo elevado. É vista como característica inerente ao produto, e não como algo atribuído a ele. Diferenças de qualidade corres- pondem a diferenças de quan- tidade de algum ingrediente ou atributo desejado (ABBOUT, 1955, p. 126-127). BASEADA NO USUÁRIO A qualidade é uma variável subjetiva. Parte da premissa de que a qualidade está diante dos olhos de quem observa. Qualidade é a adequação de uso (JURAN, 1968, p. 37). BASEADA NA PRODUÇÃO Qualidade é o grau em que um produto específi co está de acordo com um projeto ou especifi cação (GILMORE, 1974, p. 16). BASEADA NO VALOR A qualidade é defi nida em termos de custos e preços. Qualidade é o grau de exce- lência a um preço aceitável e o controle da variabilidade a um custo aceitável (BROH, 1982, p. 3). FONTE: Adaptado de Garvin (1997) 16 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE Para aprofundar seu conhecimento sobre as eras da qualidade, sugerimos a leitura do capítulo 1 do seguinte livro: CARPINETTI, L. C. R. Gestão da qualidade: conceitos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2016. Diversos estudiosos apresentaram teorias sobre a qualidade, mas alguns receberam um destaque maior e atualmente são conhecidos como os gurus da qualidade. “O que eles têm em comum é que fi zeram parte da história, tanto pela contribuição teórica como pela intervenção em empresas” (CARVALHO, 2005, p. 10). O Quadro 2 apresenta os principais nomes citados na literatura acadêmica e profi ssional a respeito dos gurus da qualidade: Walter A. Shewhart, W. Edwards Deming, Joseph M. Juran, Philip B. Crosby e Kaoru Ishikawa. Você também verá as principais características destes gurus, bem como as suas principais contribuições e pressupostos. QUADRO 2 – GURUS DA QUALIDADE DADOS BIBLIOGRÁFICOS DEFINIÇÃO DE QUALIDA-DE CONTRIBUIÇÃO SH EW HA RT Americano, graduou-se em Engenharia com doutorado em Física. Conhecido como pai do controle estatístico da qualidade. Qualidade é subjetiva e objetiva. Controle estatístico da quali- dade (CEP). Propõe o ciclo PDCA (plan- -do-check-act). DE MI NG Americano, engenheiro eletri- cista e doutor em matemática e física. Pai do controle da qualidade no Japão. Seu nome se tornou o Prêmio Japonês da Qualidade – De- ming Prize. Qualidade é a satisfação das necessidades do cliente em primeiro lugar. Os 14 princípios de Deming. Desenvolvimento do controle estatístico do processo (CEP). 17 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOS Capítulo 1 JU RA N Natural da Romênia, graduou- -se em Engenharia e Direito. Colaborador da Revolução da Qualidade Japonesa. Qualidade é adequação ao uso. Qualidade é a conformidade às especifi cações. Os 10 pontos de Juran. Trilogia do plano de melhoria da qualidade. CR OS BY Americano, formou-se em Engenharia. Especialista na área da quali- dade. Qualidade é satisfazer radi- calmente ao cliente para ser agressivamente competitivo. Os 14 pontos de Crosby. Quality is Free (1979). Defeito Zero. IS HI KA W A Natural do Japão, graduou-se em química aplicada. Desempenhou importante papel no modelo Japonês. Qualidade é satisfazer radi- calmente ao cliente para ser agressivamente competitivo. Controle da Qualidade por toda a empresa (Company Wide Quality Control – CWQC). As sete ferramentas da qualidade. Na fi gura a seguir, você verá os princípios de Deming, Jura e Crosby. No decorrer dos próximos capítulos, você compreenderá a aplicabilidade destas contribuições, quando estudaremos sobre PDCA, Controle Estatístico do Processo (CEP) e as ferramentas da qualidade. 18 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE FIGURA 3 – PRINCÍPIOS DESENVOLVIDOS POR DEMING, CROSBY E JURAN Deming FONTE: Adaptada de Lopes e Saraiva (2009); Garvin (1997) As contribuições dos Gurus da Qualidade foram aperfeiçoadas ao longo do tempo e vêm sendo utilizadas até os dias atuais. Embora muita coisa tenha mudado em termos de inovação nos processos produtivos e no papel desempenhado pelos profi ssionais em relação ao início, observamos que em muitas empresas a responsabilidade de inspecionar e controlar a qualidade de toda a empresa ainda está vinculada aos setores produtivos, pois nem todas apresentam uma estrutura específi ca para a qualidade. Nas empresas cujas estruturas estão implementadas e consolidadas, observa-se que “[...] esta estrutura é responsável pelo gerenciamento e pela operação do sistema da qualidade, seus procedimentos, documentos e métodos que incluem padrões para os produtos, política de qualidade e procedimento padrão” (CARVALHO, 2005, p. 19). 19 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOS Capítulo 1 1 Cite quais são as abordagens da qualidade: R.:____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 4 PRINCÍPIOS DA QUALIDADE Os Princípios Gerais da Qualidade compreendem os seguintes elementos: Total Satisfação do Cliente, Gerência Participativa, Desenvolvimento de Recursos Humanos, Aperfeiçoamento Contínuo do Sistema, Gestão e Controle de Processos, Garantia da Qualidade (OLIVEIRA, 2004). Para compreendermos melhor a importância desses princípios, vamos analisá-los de forma individualizada. A total satisfação do cliente, ou seja, o foco no cliente, corresponde à missão de toda organização, pois o cliente é sua razão de ser e, consequentemente, suas necessidades e requisitos devem ser claramente identifi cados, atendidos e, se possível, superados, visando assegurar sua total satisfação. A gerência participativa atualmente pode ser considerada a mola propulsora da empresa. Entretanto, algumas empresas brasileiras não consideram as opiniões dos funcionários na tomada de decisão gerencial, atitude que pode trazer sérias consequências para o bom andamento do processo produtivo. Assim, a alta gerência deve instituir métodos de trabalho adequados, trabalho em equipe e gestão participativa (CARPINETTI, 2016). O desenvolvimento de recursos humanos tem sido a preocupação das empresas nos últimos anos. Capacitá-los continuamente é uma forma de aprimorar seu desenvolvimento e habilidades. Além disso, primar por sua motivação e melhoria de trabalho, bem como por sua qualidade de vida, faz com que os funcionários contribuam com os propósitos da qualidade. Para Carpinetti (2010, p. 44), “as pessoas são as ‘matérias-primas’ mais importantes da organização. Consequentemente, o total comprometimento e envolvimento delas permite um melhor aproveitamento desses recursos em prol da organização [...]”. 20 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE O aperfeiçoamento contínuo do sistema faz com que as empresas estejam sempre acompanhando os processos e mudanças da sociedade. Assim, é possível monitorar o comportamento do consumidor, permitindo que as estratégias da empresa estejam alinhadas às necessidades e anseios dos clientes. Em consequência, há a necessidade dese instituir sistemas de parâmetros de medição de qualidade que indiquem se as mudanças implementadas têm alcançado os resultados esperados. A Gestão e Controle de Processos compreende diversos subprocessos que partem do nível de uma tarefa individual e se interligam, formando várias cadeias cliente-fornecedor que, a partir do cliente externo, vão se comunicando, sendo o processo anterior o fornecedor e o processo seguinte o cliente. Para Conte e Dursk (2002, p. 58), “gerenciar esse processo signifi ca aplicar constantemente o ciclo denominado PDCA (Plan, Do, Check e Act), ou seja, planejar, executar, verifi car e atuar de forma corretiva”. O Ciclo PDCA (planejar, desenvolver, controlar e ajustar) de Deming foi adaptado, no Brasil, por Falconi para o MASP (metodologia de análise e soluções de problemas) (SELEME; STANDLER, 2010). A Garantia da Qualidade é considerada um dos princípios mais formais, uma vez que trata do estabelecimento de normas e procedimentos da organização que formam um sistema passível de certifi cação e que deverá estar de acordo com as normas internacionais. Dessa forma, “[...] a certifi cação assegura que o fornecedor tem total controle sobre o processo e pode repetir aquilo que foi feito. A formalização dos processos deve assegurar, portanto, a rastreabilidade e a disponibilidade de produtos e serviços” (CONTE; DURSK, 2002, p. 58). Para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema Princípios da Qualidade, sugerimos a leitura da obra: KIMOLI, R. Princípios da qualidade: saiba quais são e como aplicá-los para aumentar seu desempenho. Campinas: Komedi, 2008. 21 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOS Capítulo 1 Neste livro, o autor faz uma abordagem sobre oito princípios da qualidade voltados à organização, focada no cliente, na liderança, no envolvimento das pessoas, na abordagem de processo, na abordagem sistêmica, na melhoria contínua, na abordagem baseada em fatos para a tomada de decisões e na relação mutuamente benéfi ca com os fornecedores. 5 DIMENSÕES DA QUALIDADE Devido à complexidade do conceito do termo qualidade, Garvin (1997) identifi cou oito dimensões ou categorias da qualidade. No quadro a seguir, você verá cada uma destas dimensões e os principais aspectos que as diferem umas das outras. QUADRO 3 – AS OITO DIMENSÕES DA QUALIDADE Dimensões Descrição Desempenho São as características operacionais básicas de um produto. Combina elementos das abordagens com base no produto e no usuário. A descrição de desempenho do produto inclui termos associados à qualida- de, ao lado de termos que não conseguem dar a ideia dessa associação. Exemplo: uma lâmpada de 100W permite um maior desempenho (iluminação forte) do que uma lâmpada de 60W, porém, poucos consumidores associa- riam esta diferença de desempenho a uma medida de qualidade. Características São os adereços do produto, ou seja, as características secundárias que suplementam o funcionamento básico do produto. Confiabilidade A confi abilidade refl ete a probabilidade de mau funcionamento de um produto ou de ele falhar num determinado período. Conformidade Representa o grau em que o projeto e as características operacionais de um produto estão de acordo com os padrões estabelecidos. Durabilidade É uma medida de vida útil do produto, possui dimensões econômicas e técni- cas. Uso proporcionado por um produto até que ele se deteriore fi sicamente. A durabilidade e a confi abilidade estão associadas. Atendimento Tempo que o cliente terá que esperar para ter o problema resolvido, caso o produto apresente algum tipo de falha. Estética É uma dimensão subjetiva. Está relacionada com a qualidade percebida. É uma questão de julgamento e refl exo de preferências individuais. Qualidade perce- bida Geralmente, utiliza medidas indiretas na avaliação do produto (propaganda) e comparação entre marcas. A reputação do produto é um dos principais fatores que contribuem para esta dimensão. FONTE: Adaptado de Garvin (1997) 22 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE Qual a utilidade destas dimensões na gestão da qualidade? Podemos dizer que a identifi cação das dimensões é importante para fi ns estratégicos. Segundo Garvin (1997, p. 73), “a competição em qualidade torna-se muito mais complexa; dimensões múltiplas implicam que os produtos podem ser diferenciados de inúmeras maneiras”. Complementando essa ideia, Carpinetti (2010) coloca que a gestão da qualidade como estratégia competitiva faz com que as empresas necessitem identifi car requisitos e se organizem de forma que a pesquisa de mercado seja devidamente transmitida por todo o ciclo do produto. A pesquisa de mercado atualmente é vista como um pós-uso de determinado produto, portanto, deve-se medir a qualidade no momento do uso, ou seja, para auxiliar no processo de inovação das empresas, a pesquisa de mercado deve ser substituída por pesquisa etnográfica, que procura verifi car a qualidade no momento do uso de um produto. Etnografia é uma metodologia de pesquisa que se baseia em longos períodos de observação das pessoas em seu “habitat natural”, ou seja, em casa, e combina as informações coletadas com entrevistas para conseguir uma compreensão precisa e detalhada da conduta humana. Além da pesquisa de mercado, também é considerável nesse contexto a inovação tecnológica. Um dos precursores a tratar do tema inovação dentro das organizações foi Schumpeter (1883-1950) e, atualmente, a inovação tem sido vista como uma aliada na busca pela competitividade, sendo incluída nas estratégias das organizações. O texto a seguir deixa claro como a inovação tecnológica pode contribuir na gestão da empresa. Inovação Tecnológica O surgimento de novas tecnologias de tempos em tempos representa grandes oportunidades para muitas empresas quando estas priorizam tornar mais consistentes seus instrumentos negociais, dos quais são dependentes para gerenciar suas operações internas 23 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOS Capítulo 1 e manter a competitividade, subsidiando a tomada de decisão e impulsionando a produtividade. Por sua vez, a inovação, basicamente o processo de transformação de velhos hábitos e costumes onerosos em práticas mais enxutas e fl uidas que demandem menos recursos e ofereçam maiores e melhores resultados, não ocorre exclusivamente por meio de investimentos fi nanceiros. Para que ela se estabeleça, sobretudo, é preciso a manutenção da capacidade inovadora – geralmente resultado da experiência organizacional – permeando todas as etapas dos processos de negócio, além de um ambiente favorável e políticas de incentivos específi cos que aproximem ideias promissoras de realizações concretas. Toda empresa precisa levar em conta que a atratividade, a durabilidade e a utilidade de seus produtos ou serviços são naturalmente limitadas. A isto se atribui o fato de que tanto o mercado quanto seus consumidores, infl uenciados pelo surgimento de novas tendências e tecnologias, experimentam ajustes permanentes em seus padrões de exigências, preferências e necessidades. Nesse sentido, as inovações tecnológicas representam a adoção de técnicas, modelos ou ferramentas mais efi cientes que impactam o fator de desenvolvimento de produtos e serviços em geral, normalmente em nível de processos, modifi cando, reorientando ou refi nando seus scripts de criação [...]. A inovação tecnológica adquiriu uma importância crucial como perspectiva de desenvolvimento e sustentabilidade na ótica empresarial. Com efeito, a competitividade de um negócio está cada vez mais subordinada à habilidade das organizações em desenvolver estratégias que assimilem novos conhecimentos e novas tecnologias, tanto em seus produtos quanto em seus processos de produção, gestão e comercialização. O rápido desenvolvimento tecnológico e a crescente especialização do conhecimento impedem que uma empresa detenha todo o conhecimento relevante. Dessaforma, todas as organizações são forçadas a demonstrar suas capacidades produtivamente, movimentando o mercado e estabelecendo uma relação de dependência de conhecimentos complementares, nutrindo o processo de inovação [...]. FONTE: ORTIZ, A. Inovação tecnológica. c2021. Disponível em: https://www.infoescola.com/administracao_/inovacao-tecnologica/. Acesso em: 5 abr. 2021. 24 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE As inovações podem ser tanto pela ótica do produto, quando é lançado um produto novo no mercado, quanto no processo, através de novos investimentos em máquinas e equipamentos. Portanto, independente do tipo de inovação que seja adotado pela empresa, ela deverá contribuir na melhoria da produtividade e qualidade. Inovação: a palavra é derivada do latim novus (ou novo), sendo o termo defi nido com a introdução de algo novo, de uma nova ideia, um novo método (SARAIVA; ROLO, 2009). O que seria inovar? Manãs (2001, p. 35) coloca que “[...] a necessidade de ser competitivo, de manter-se vivo ou de atirar-se e manter-se à frente dos concorrentes é a noção fundamental da frequente procura pela inovação”. Quantas vezes você já não se deparou com pessoas cheias de ideias e que, muitas vezes, transformam-se em novos negócios do dia para a noite. Isso é consequência das mudanças radicais que vivenciamos a cada dia. A inovação pode ser radical, quando há a introdução de um novo processo ou equipamento que altera a estrutura organizacional e demanda investimentos altos, ou pode ser incremental, quando apenas faz um incremento ao processo e/ ou produto visando à melhoria da qualidade deste (SARAIVA; ROLO, 2009). Independente do porte da empresa, a inovação é fundamental no processo de busca da competitividade. Para Manãs (2004, p. 41), “inovar com qualidade e ter qualidade com inovação são necessidades hoje e sempre, entretanto, para que isso seja possível, é fundamental que ocorram refl exos em suas atividades diversas”, destacando: a necessidade de orientação para objetivos, planejamento em longo prazo, fl exibilidade e rapidez, interação com o mercado, investimentos e capacidade técnica. 25 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOS Capítulo 1 1 Vimos no decorrer de nossos estudos o quanto a inovação é importante para a empresa se manter competitiva no mercado. Assim, diferencie inovação radical e inovação incremental. R.:____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 6 GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL (TQM) Desde os primórdios, a qualidade sempre foi um problema a ser administrado pelas organizações. Vimos, inicialmente, que este problema era de responsabilidade somente do departamento de controle de qualidade, entretanto, com a evolução do processo, a visão de qualidade total foi estendida a outros departamentos da organização, surgindo, assim, os sistemas de qualidade total. Assim, existe alguma diferença entre qualidade e qualidade total? A Qualidade Total tem como objetivo o acréscimo de valor contínuo. Kaizen (japonês) é uma palavra que signifi cava um processo de gestão e uma cultura de negócios e que passou a signifi car aprimoramento contínuo e gradual, implementado por meio do desenvolvimento ativo e comprometido de todos os membros da organização no que ela faz e na maneira como as coisas são feitas (CHIAVENATO, 2000, p. 433). A seguir, podemos observar como a qualidade e a Gestão da Qualidade Total se relacionam. A Figura 4 ilustra a inter-relação entre elas e apresenta os elementos que a compõem. 26 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE FIGURA 4 – INTER-RELAÇÃO DOS CONCEITOS: QUALIDADE, GESTÃO DA QUALIDADE E OS ELEMENTOS QUE A COMPÕEM efi ciência. FONTE: Miguel (2005, p. 87) Podemos observar na fi gura anterior que a gestão da qualidade total envolve a participação de todos os membros da organização com um objetivo comum de atender às necessidades do cliente e da sociedade. Para a ISO 8402 (1994 apud MIGUEL, 2005, p. 87), “qualidade total signifi ca o modo de gestão de uma organização, centrado na qualidade, baseado na participação de todos os seus membros, visando ao sucesso a longo prazo, por meio da satisfação dos clientes e dos benefícios de todos os membros da sociedade”. A qualidade total teve sua origem na década de 1950, baseada na visão japonesa conhecida como CWQC (Company Wide Quality Control) e na visão norte-americana chamada TQC (Total Quality Control). Tanto o modelo japonês como o norte-americano passou por um processo de evolução no decorrer dos anos, entretanto, enquanto os norte-americanos tinham suas atenções voltadas para a detecção de problemas, os japoneses desenvolviam processos efi cazes que detectavam e solucionavam os problemas. Todo esse processo evolutivo resultou no TQM (Total Quality Manegement) no fi nal de década de 1980 (MIGUEL, 2005). Para Feigenbaum (1994, p. 6, grifos nossos): 27 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOS Capítulo 1 Controle de qualidade total é um sistema efi ciente que visa integrar esforços para desenvolvimento, manutenção e aperfeiçoamento da qualidade de vários grupos numa organização, de forma a permitir marketing, engenharia, produção e assistência dentro dos níveis mais econômicos e que possibilitem satisfação integral do consumidor. Quando falamos em Gestão pela Qualidade Total ou Total Quality Management (TQM) estamos fazendo referência à qualidade de forma mais ampla, ou seja, abrangendo diversos setores econômicos, como indústria, comércio e serviços. Trata-se de um conjunto de atividades coordenadas com o objetivo de dirigir e controlar uma organização com relação à qualidade, incluindo, assim, o planejamento, o controle, a garantia e a melhoria da qualidade. O TQM se constitui de uma série de atividades/ações que a empresa deve adotar para alcançar a melhor qualidade e se tornar competitiva no mercado, ou seja, é [...] um sistema estruturado que visa satisfazer clientes internos e externos, além dos fornecedores, integrando o ambiente de negócios com a melhoria contínua, através de ciclos de desenvolvimento, melhoria e manutenção aliados a uma mudança cultural na organização (MIGUEL, 2001, p. 53). Para Feigenbaum (1986 apud SLACK, 1999, p. 503), a TQM é “um sistema efi caz para integrar esforços de desenvolvimento, manutenção e melhoria da qualidade dos vários grupos de uma organização, permitindo levar a produção e o serviço aos níveis mais econômicos da operação e que atendam plenamente à satisfação do consumidor”. Complementando essa ideia, Carpinetti, Miguel e Gerolamo (2007, p. 9) colocam que “[...] as defi nições apresentam o TQM como uma estratégia de fazer negócios que objetiva maximizar a competitividade de uma empresa por meio de um conjunto de princípios de gestão, métodos e ferramentas de gestão da qualidade”, que podem ser visualizados na Figura 5. 28 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE FIGURA 5 – ELEMENTOS DA GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL (TQM) FONTE: Adaptada de Carpinetti, Miguel e Gerolamo (2007) 1 Com base no que estudamos até aqui, conceitue controle de qualidade total. R.:____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Você deve ter observado que em vários conceitos apresentados até agora constava a palavra sistema. Quantas vezes você já ouviu ou até mesmo utilizou esta expressão no dia a dia, não é mesmo? No entanto, você sabe o que signifi ca um sistema? 29 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOSCapítulo 1 Sistema é um conjunto de partes que interagem e se interdependem, formando um todo único com objetivos e propósitos em comum, efetuando sinergicamente determinada função (OLIVEIRA, 2004, p. 15). Para entendermos melhor o sistema, vamos comparar a organização a um ser vivo. Os seres vivos para viverem bem e saudáveis precisam que todo o seu “sistema” funcione bem, do contrário, fi cam doentes e acabam morrendo, correto? O mesmo ocorre com as organizações, se alguma parte do sistema da organização deixar de funcionar, ela deixa de ser efi ciente, perde mercado e, se não houver uma intervenção adequada, também acaba morrendo. Assim, a efi ciência da empresa é a responsável pelos lucros de que ela necessita para crescer e prosperar (MARANHÃO, 1994). Voltamos agora para a parte prática das organizações. Nas organizações, os sistemas compreendem os elementos de entrada, conhecidos como (inputs), o processamento, os elementos de saída, chamados de (outputs), e a retroalimentação. Normalmente, os sistemas das organizações apresentam a confi guração de acordo com a Figura 6, ou seja, entram os insumos (mão de obra, material, capital e informação), estes, por sua vez, passam por um processo produtivo de transformação, o que consequentemente leva a uma saída de produtos, serviços ou até mesmo de novas informações que vão sendo retroalimentadas, fazendo o sistema funcionar. FIGURA 6 – SISTEMA EMPRESARIAL FONTE: Oliveira (2004, p. 16) ç 30 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE Nesse sentido, o mesmo ocorre com o sistema de qualidade. Por ser um sistema dinâmico, formado por diversas atividades que visam à melhoria contínua dentro da organização, tem como princípios fundamentais: foco no cliente e na qualidade em primeiro lugar; melhoria contínua de produtos e processos; envolvimento, comprometimento e desenvolvimento dos recursos humanos (CARPINETTI; MIGUEL; GEROLAMO, 2007). Com a difusão do conceito de gestão da qualidade total, após a década de 1980, bem como a adoção de métodos e ferramentas, a gestão da qualidade foi associada aos sistemas de gestão da qualidade, como a ISO 9000, que estudaremos no decorrer do livro. 1 Com base no que estudamos, cite os princípios fundamentais de um Sistema de Qualidade. R.:____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Para a implantação do Gerenciamento da Qualidade Total, são utilizadas estratégias conhecidas como: gerenciamento pelas diretrizes e o gerenciamento da rotina. 6.1 GERENCIAMENTO PELAS DIRETRIZES O gerenciamento pelas diretrizes também é conhecido como Hoshin Kanri ou planejamento hoshin ou desdobramento das diretrizes, tem suas origens no Statistical Quality Control e é um dos pilares do TQM. É um sistema administrativo que determina os objetivos da organização através do planejamento estratégico e permite o seu desdobramento em todos os níveis hierárquicos, sem se desviar desse rumo estratégico, além de ser um sistema para o controle da qualidade e para as atividades de melhoria contínua. 31 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOS Capítulo 1 Nesse sentido, Campos (1996, p. 32) afi rma que o gerenciamento das diretrizes “é um mecanismo que concentra toda a força intelectual de todos os funcionários, focalizando-a para as metas de sobrevivência da organização”. Para Bouer (2005, p. 188), o gerenciamento das diretrizes “trata-se de uma sistemática para alinhar a organização em torno de seus objetivos estratégicos, mostrando a contribuição que se deve esperar de cada uma de suas partes, ou seja, [...] desdobram-se objetivos gerais em específi cos de modo participativo”. Martins (1998, p. 58), em sua tese de doutorado, partindo da visão de diversos autores, defi ne gerenciamento das diretrizes como: [...] Um processo de gestão que desdobra, de forma negociada por mecanismos denominados “catchball”, as diretrizes da organização para os níveis hierárquicos abaixo da alta administração, chegando até no âmbito da execução das tarefas. A cada nível de desdobramento são geradas medidas de desempenho que funcionarão como itens de controle para a execução da etapa de verifi cação (check) do ciclo PDCA. Você se recorda o que é uma diretriz? Para Bauer (2005), uma diretriz é composta de um conjunto de componentes: a) Direção: o que conquistar e para onde caminhar. b) Objetivo: quantitativo e ao longo do tempo. c) Condições de contorno. d) Linhas mestras: estratégias de ação. Com relação a sua fi nalidade de utilização, segundo Campos (2004), o gerenciamento das diretrizes se constitui por dois sistemas: a) Gerenciamento funcional: que visa à manutenção e melhoria contínua das operações do dia a dia de uma organização, também chamado de Gerenciamento da Rotina do Dia a Dia (Daily Work Routine Management) ou Gerenciamento pela Organização. É considerado a prática do controle da qualidade. b) Gerenciamento interfuncional: que visa dar a solução de problemas prioritários da alta administração por meio do desdobramento das diretrizes e seu controle interfuncional. A Figura 7 demonstra como se dá a constituição do gerenciamento das diretrizes, ou seja, apresenta os dois sistemas juntamente as suas funções e deixa claro quais são as metas estabelecidas pela chefi a e quais são as metas estabelecidas pela alta direção. 32 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE FIGURA 7 – CONSTITUIÇÃO DO GERENCIAMENTO DAS DIRETRIZES FONTE: Adaptada de Campos (2004) O gerenciamento das diretrizes pode ser aplicado a qualquer tipo de objetivo, seja ele relacionado ao custo, à produtividade, à qualidade, ao tempo de ciclo, ao retorno sobre investimento, seja com o objetivo de se colocar em prática através de desdobramento de indicadores, linhas mestras e condições de contorno (BOUER, 2005). Assim, o autor apresenta como condições necessárias: • Determinação. • Recursos. • Comprometimento da equipe. • Melhoria contínua (estar de acordo com os objetivos PDCA). Por outro lado, segundo Carpinetti, Miguel e Gerolamo (2007), o gerenciamento das diretrizes é um sistema de diretrizes que tem por objetivo estabelecer, desdobrar e implementar diretrizes, portanto, um conjunto de fases. • Estabelecer (1ª fase): defi nição de um objetivo de desempenho prioritário com base nos fatores: importância para o cliente; áreas carentes de melhorias; oportunidade de vantagem competitiva. O estabelecimento de uma diretriz a ser atingida consiste em defi nir uma meta (indicador de desempenho e um valor a ser atingido) e a defi nição dos meios ou métodos para se atingir a meta. • Desdobramento (2ª fase): corresponde ao desdobramento de uma diretriz da alta direção através da estrutura hierárquica funcional da organização. Assim, o meio e a meta de uma diretriz da alta direção são 33 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOS Capítulo 1 desdobrados em meios e metas inter-relacionadas, desde um nível de divisão até o chão de fábrica. • Implementação (3ª fase): nesta fase, o gerenciamento das diretrizes pressupõe que a implementação de melhorias requer cooperação interfuncional em alto grau de comprometimento e participação. Por isso, os instrumentos utilizados na implementação de melhorias são, entre outros, gerenciamento interfuncional, gerenciamento da rotina do dia a dia, trabalho em equipe, autocontrole, educação e treinamento em ferramentas de melhoria da qualidade. Dessa forma, podemos dizer que o gerenciamento das diretrizes é focado no cliente, nas necessidades ou nas oportunidades de melhoria prioritárias, nos processos, nos meios e nas medidas de desempenho. Fábula dos três pedreiros Uma fábula antiga conta a história de um viajante que encontrou três pedreiros e perguntou a eles o que estavam fazendo: – Estou quebrando pedras – disse o primeiro. – Estou levantando uma parede– disse o segundo. – Estou construindo uma catedral! – disse o terceiro. O terceiro pedreiro da fábula foi o único que conseguiu perceber que seu trabalho, apesar de simples, era parte de um projeto muito maior. Assim, podemos dizer que o gerenciamento pelas diretrizes é um instrumento que pode ser usado para garantir que todos saibam que estão, em conjunto, “construindo uma catedral”. FONTE: PLANEJAMENTO EMATER. Gerenciamento pelas diretrizes. 2006. Disponível em: http://www.emater.mg.gov.br/ doc/intranet/upload/SIG/5%20-%20gerenciamento%20pelas%20 diretrizes.pdf. Acesso em: 1º maio 2020. 34 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE Caso você queira aprofundar seus conhecimentos sobre a aplicação do gerenciamento pelas diretrizes nas organizações, pesquise: PALMERI, N. L.; VENDRAMETTO, O.; KRONIG, R. Abrangência de aplicação do gerenciamento pelas diretrizes. 2008. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfi le.php/5579419/mod_resource/ content/5/T2b_Palmeri_Planejamento.pdf. 1 Vimos ao longo do texto que o Gerenciamento das Diretrizes é um sistema cujo objetivo é estabelecer, desdobrar e implementar diretrizes. Explique cada uma destas fases. R.:____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ___________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 35 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOS Capítulo 1 6.2 GERENCIAMENTO PELA ROTINA O gerenciamento pela rotina é um método de gerenciamento das pequenas tarefas do dia a dia com objetivo de controlar a qualidade em cada uma das atividades, mantendo a qualidade fi nal do produto. Segundo Perez (1996), esse método conduz à prática do melhoramento contínuo da qualidade na organização. Integra principalmente ações de manutenção, ou seja, através do cumprimento de resultados, padrões e ações corretivas sobre as causas do processo, quando detectados desvios, e de melhorias, visando à mudança dos padrões para a busca de resultados ainda não alcançados. Podemos dizer que o gerenciamento pela rotina é o próprio controle da qualidade exercido nos processos do dia a dia da organização, pois faz parte do sistema da qualidade total que garante tanto a manutenção do desempenho como promove a melhoria contínua (BOUER, 2005). Já para Campos (1996, p. 19), o Gerenciamento da Rotina são “as ações e verifi cações diárias conduzidas para que cada pessoa possa assumir as responsabilidades no cumprimento das obrigações conferidas a cada indivíduo e a cada organização”. Agora que já vimos as defi nições de gerenciamento da rotina, veremos como ocorre a implantação desse método. Segundo Bouer (2005), a implantação do gerenciamento da rotina se dá por quatro etapas, que veremos no Quadro 4: QUADRO 4 – METODOLOGIA PARA IMPLANTAÇÃO DO GERENCIAMENTO DA ROTINA ETAPAS AÇÕES ORIENTAÇÃO PARA O MICROPROCESSO 1. Identifi car os microprocessos da unidade sobre os quais se deve apli- car o gerenciamento da rotina. 2. Selecionar os microprocessos mais importantes que têm apresentado desempenho insatisfatório. 3. Analisar o microprocesso por meio de seu fl uxograma, da correta iden- tifi cação de fornecedores e clientes e das tarefas que agregam valor. 4. Caracterizar o microprocesso, formalizando qual é a sua fi nalidade, quais linhas mestras e condições de contorno devem ser consideradas. ORIENTAÇÃO PARA O CLIENTE 1. Identifi car os clientes do microprocesso. 2. Identifi car as necessidades, expectativas e exigências dos clientes do microprocesso. 3. Defi nir características mensuráveis associadas às necessidades, ex- pectativas e exigências. 4. Estabelecer indicadores da qualidade que permitam monitorar e avaliar o alcance, ou não, das características mensuráveis preestabelecidas. 36 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE ORIENTAÇÃO PARA O CONTROLE DO MICROPROCESSO 1. Estabelecer objetivos e limites de controle para os indicadores da qua- lidade. 2. Defi nir o sistema de controle para o acompanhamento e a avaliação da evolução dos indicadores da qualidade. 3. Estabelecer “pontos de controle” do microprocesso. 4. Defi nir características de controle do output da etapa do microproces- so. 5. Defi nir parâmetros de controle durante a etapa do microprocesso. 6. Defi nir métodos de controle. 7. Defi nir frequência de controle. 8. Defi nir responsabilidades pelo controle. 9. Implementar o sistema de controle. ORIENTAÇÃO PARA A MELHORIA 1. Verifi car os efeitos indesejados em cada uma das etapas do micropro- cesso que estão comprometendo o alcance dos indicadores da qualidade. 2. Analisar as causas possíveis (causas potenciais), responsáveis pelos efeitos indesejados. 3. Propor ações de melhoria para eliminação das causas potenciais. 4. Defi nir a forma de execução das ações de melhoria, o cronograma para implantação, responsável e recursos necessários. 5. Gerenciar a evolução e os resultados decorrentes da aplicação das ações de melhoria. FONTE: Adaptado de Bouer (2005) A Figura 8 apresenta o fl uxograma do gerenciamento da rotina com as suas etapas de implantação. FIGURA 8 – FLUXOGRAMA DO GERENCIAMENTO DA ROTINA 37 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOS Capítulo 1 FONTE: A autora Você já conseguiu identifi car a diferença que existe entre o gerenciamento pela rotina e o gerenciamento pelas diretrizes? O gerenciamento pela rotina é voltado à organização das operações do dia a dia da empresa. Já o gerenciamento pelas diretrizes é utilizado na gestão da conduta das operações. Para que você compreenda as diferenças desses procedimentos e possa fazer um comparativo entre eles, no Quadro 5 serão apresentadas as principais características de cada um. O gerenciamento pela rotina é voltado à organização das operações do dia a dia da empresa. O gerenciamento pelas diretrizes é utilizado na gestão da conduta das operações. 38 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE QUADRO 5 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO GERENCIAMENTO DA ROTINA E DO GERENCIAMENTO DAS DIRETRIZES Finalidade Gerenciamento pela Rotina Gerenciamento pelas diretrizes Manutenção e melhoria Melhorias drásticas (rupturas) Padrões Acompanhado e melhorado Reprojeto Atividades básicas Manutenção e padronização do processo Desdobramento das diretrizes Principal processo Fazendo as coisas de modo correto Localizando as coisas certas a fazer Ponto de partida e gerenciamento Gerentes de cada uma das unidades Direção superior Pessoas envolvidas no planejamento Gerentes de unidades Da direção até o nível médio de gerência Pessoas envolvidas na execução Todos Qualquer um que possa contribuir FONTE: Adaptado de Bouer (2005) Sugerimos a leitura do livro Gerenciamento da rotina do trabalho no dia a dia, de Vicente Falconi Campos. Este livro apresenta um roteiro de fácil entendimento sobre como melhorar seu gerenciamento. Para tanto, são aplicadas algumas técnicas modernas de comunicação, como o uso intenso de diagramas e das palavras-chave. 1 O gerenciamento da rotina é uma metodologia utilizada para gerenciar as pequenas tarefas do dia a dia. Com base nas características básicas, explique o gerenciamento pela rotina. R.:________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 39 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOS Capítulo 1 Antes de passarmos para o nosso próximo assunto, gostaríamos de salientar que a busca pela excelência na qualidade dos serviços tem sido o foco dos serviços públicos. Várias autarquias governamentais, como prefeituras e outros órgãos ligados ao governo, já estão implantando medidas de gestão de qualidade. Assim, sugerimos que você faça uma pesquisa na internet e encontre diversas prefeituras com o selo de certifi cação ISO 9001 – Sistema de Gestão da Qualidade. 7 LEAN MANUFACTURING COMO GESTÃO DA QUALIDADE Vimos anteriormente que a evolução da qualidade total nas organizações foi responsável pelo desenvolvimento de novas técnicas e metodologias que foram implantadas visando qualifi car os processos produtivos. Nesse contexto, a Produção Enxuta, embora cause controvérsias na opinião dos pesquisadores científi cos, não é vista como uma inovação, pois se utiliza de diversos conceitos antigos na sua aplicabilidade, como qualidade, organização e engenharia. Por outro lado, para outros, o termo enxuto é uma revolução no sistema de produção (MACHADO, 2007). Você lembra o que é Produção Enxuta? A referência internacional do termo Produção Enxuta foi materializada através da Fábrica da Toyota que, em 1990, criou seu próprio modelo de produção com o objetivo de aumentar a efi ciência da produção pela eliminação contínua dos vários tipos de desperdícios (MACHADO; HEINECK, 2001; MONDEN, 1984). Segundo Machado e Heineck (2001), o conceito de produção enxuta foi incorporado a uma comunidade ampla e está associado ao lançamento do livro A máquina que mudou o mundo, escrito por Womack, Jones e Ross em 1992. O que é desperdício? Entende-se por desperdício: Toda atividade que consome recursos e não agrega valor ao produto [...]. Desta forma, estoques que custam dinheiro e ocupam espaços, transporte interno, paradas intermediárias – decorrentes das esperas do processo –, refugos e retrabalhos são formas de desperdícios e devem ser eliminadas ou 40 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE reduzidas ao máximo (MARTINS; LAUGENI, 2006, p. 404). Os princípios da mentalidade enxuta, além de serem embasados na diminuição do desperdício, incluem o desenvolvimento de fl uxos contínuos de produção, a produção baseada na demanda real dos clientes com foco na necessidade e a melhoria do fl uxo de valor (matéria-prima até produtos acabados) (WOMACK; JONES, 1998; MACHADO; HEINECK, 2001). Inicialmente, foi proposto pelos pesquisadores americanos o termo Produção Enxuta (Lean Production), visando traduzir ao mundo ocidental as técnicas adotadas pela Toyota. Posteriormente, segundo Womack e Jones (1998), o termo foi ampliado para Mentalidade Enxuta (Lean Thinking), visando que fosse aplicado a todos os setores da empresa. Assim, esses princípios aos poucos foram adotados por diversos setores da indústria, como aeroespacial, metalúrgico, químico, produtos de consumo etc. e, na atualidade, diversos segmentos de negócios já vêm adotando os princípios da produção enxuta (MACHADO; HEINECK, 2001). Atualmente, encontramos estudos com resultados positivos da adaptação e aplicação dessa metodologia ao serviço público, cuja metodologia passou a ser chamada de Lean Oficce, ou seja, ‘Escritório Enxuto’, devido às características dos ambientes, que são áreas administrativas. Do chão de fábrica ao escritório enxuto: os robôs aprendem processos de negócios O ambiente organizacional está sendo reconstruído e guiado por fatores que vão de novos métodos de trabalho a mudanças nos fatores demográfi cos fortemente infl uenciados pelas novas tecnologias e pela mistura de gerações que convivem e trabalham em equipe – dos babyboomers aos millennials, e a geração Z, que começa a entrar no mercado de trabalho agora. As organizações que criam valor estão desenvolvendo os ambientes de trabalho da próxima década, levando em consideração não somente o comprometimento e o desenvolvimento de seus colaboradores, mas também a mescla de gerações e a tendência de ter suas equipes distribuídas em diversas geografi as. As áreas de desenvolvimento humano e organizacional precisarão utilizar não só práticas inovadoras como, inevitavelmente, adotarão tecnologias emergentes em prazos bem mais curtos do que pensavam. 41 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOS Capítulo 1 Ao contrário do que muitos imaginaram, não são as áreas de tecnologia de informação que liderarão este processo nas empresas, mas sim as envolvidas com recursos humanos. Nunca a tecnologia havia tornado possível integrar, de modo tão simples, qualquer pessoa, em qualquer lugar. Este fato muda o cenário das empresas, impactando dramaticamente a forma como elas trabalham e aumentando o potencial de desempenho e resultados. No entanto, as novidades em processos, ferramentas e formas de reter e desenvolver talentos desembarcam nas áreas de desenvolvimento humano e organizacional, exigindo ação imediata. Sob a perspectiva fi nanceira, as empresas entram em um movimento de desmobilização de ativos. Sejam salas e escritórios, sejam de equipamentos. A quebra do paradigma da localização física e a fi losofi a de “usar seus próprios equipamentos” – do inglês, bring your own device (byod) – ainda apresentam desafi os que estão sendo pouco a pouco vencidos. Por outro lado, a satisfação pessoal e profi ssional dos colaboradores é necessária para uma força de trabalho colaborativa, efi caz e com alto desempenho. Os ambientes digitais de trabalho se desenvolvem rapidamente como resposta a estas tendências, e é inevitável a chegada dos processos automatizados por robôs. Atualmente, comum na manufatura, chegará também aos escritórios e aos postos de trabalho administrativos. Hoje responsáveis por tarefas necessárias, as quais são repetitivas, exigem precisão, ritmo e assertividade, não criam valor nem para clientes, nem para acionistas. No escritório enxuto, eles serão executados por robôs RPA (Robotic Process Automation) é uma forma emergente das tecnologias utilizadas para automação de processos de negócio – chamados, em inglês, de business process automation ou workfl ow automation – um conceito de trabalhador virtual baseado em robotização por software – automação – e inteligência artifi cial – aprendizado. Embora esse movimento seja visto como uma forte tendência pelos analistas, alguns aspectos controversos estão nas mesas de discussão. Segundo a Harvard Business Review, empresas que começam a adotar o RPA prometem que o objetivo não seja trocar pessoas por robôs para demiti-las. Pelo contrário. Falam que a robotização está sendo aplicada no ser humano de forma indevida, com tarefas que podem e devem ser realizadas por máquinas. “Deixem os humanos usarem seus cérebros onde realmente podem agregar valor”, menciona um executivo importante quando o assunto emprego é mencionado. Muitos processos executados 42 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE em plataformas humanas offshore poderão ser repatriados com segurança, em seus próprios data centers locais. Se isso realmente ocorrer, abrirá novas vagas para profi ssionais com conhecimento em desenho de processos. Abrem-se os espaços para os postos de trabalho a serem preenchidos por trabalhadores virtuais especializados e baratos. Não para substituir humanos, mas para ajudá-los nas tarefas em que eles não agregam valor, abrindo espaço de crescimento profi ssional e satisfação pessoal. No Brasil, com os problemas que conhecemos, ainda teremos muitas discussões já muito conhecidas de que não estamos preparados para as consequências desse movimento [...]. FONTE: <https://tiinside.com.br/22/10/2018/do-chao-de-fabrica-ao-escritorio-enxuto-os-robos-aprendem-processos-de-negocios/>. Acesso em: 5 jun. 2020. 7.1 PRÊMIOS DA QUALIDADE Depois da Segunda Guerra Mundial, as empresas passaram a buscar prêmios e certifi cações pelos resultados apresentados nos processos, ou seja, uma forma de reconhecimento dos esforços dedicados e sucessos obtidos na qualidade. Os prêmios da qualidade geralmente são instituídos por órgãos governamentais, como é o caso dos EUA, e não governamentais, como ocorre no Brasil. A maioria dos países tem seus programas de avaliação baseados nos modelos desenvolvidos no Japão, em 1951, pelo Instituto JUSE (Japanese Union of Scientists and Engineers). Este prêmio também é conhecido como Prêmio Deming, em homenagem a Deming por suas contribuições ao desenvolvimento da gestão da qualidade no Japão. Contudo, nas décadas de 1980 e 1990, os prêmios passaram a ser instituídos em diversos países do ocidente (CARPINETTI, 2010). Prêmio Nacional da Qualidade Malcom Baldrige (Malcom Baldrige National Quality Award – MBNQA), dos EUA, foi instituído em 1987 pelo Presidente Reagan, com o objetivo de incentivar a melhoria da qualidade e competitividade da indústria americana. 43 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOS Capítulo 1 O prêmio é administrado pelo NIST (National Institute of Standards and Technology), um órgão da administração federal sediado em Washington. São seis categorias de premiação: manufatura; serviços; pequenos negócios; educação; serviços de saúde; e sem fi ns lucrativos. O NIST defi ne também três conjuntos de critérios, com algumas variações em função da categoria da premiação: negócio, educação ou serviços de saúde. A Fundação Europeia para a Qualidade (EFQM) foi fundada em 1989, também com o objetivo de difundir e fomentar a cultura de gestão da qualidade entre as empresas da comunidade europeia. Com esse propósito, ela criou um sistema de premiação que se baseia em um modelo de excelência em gestão com critérios e pontuação muito parecidos aos do prêmio americano. A premiação é concedida em quatro categorias: grandes empresas, setor privado e público ou sem fi ns lucrativos, e pequenas e médias empresas, também no setor privado e público ou sem fi ns lucrativos. Assim, podemos dizer que os prêmios são fundamentais para as organizações, pois visam à melhoria constante dos processos. Entretanto, os critérios de avaliação de cada prêmio precisam necessariamente adequar-se à realidade de cada organização, do contrário, elas não alcançarão os resultados almejados. Além disso, esses prêmios também visam ao compartilhamento de informações, formando um banco de dados com relação a atividades e estudos de caso em todo o mundo. No Brasil, a Fundação Prêmio Nacional da Qualidade, hoje apenas Fundação Nacional da Qualidade, foi criada em 1991 com os mesmos propósitos da fundação europeia e do prêmio americano. O prêmio brasileiro é inspirado nos prêmios americano e europeu. O modelo de excelência em gestão da FNQ contempla basicamente os mesmos critérios do prêmio americano. A exceção é o critério sociedade, que no modelo brasileiro recebe maior destaque. Para a premiação das empresas, a FNQ se baseia num modelo de visão sistêmica da organização, que pode ser observado na fi gura a seguir. 44 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE FIGURA 9 – VISÃO SISTÊMICA DA GESTÃO ORGANIZACIONAL FONTE: <www.fnq.org.br/site/376/default.aspx>. Acesso em: 3 jun. 2020. Cabe salientar que o Modelo de Excelência em Gestão defi nido pela FQN é baseado em onze fundamentos: pensamento sistêmico; aprendizado organizacional; cultura de inovação; liderança e constância de propósitos; orientação por processos e informações; visão de futuro; geração de valor; valorização de pessoas; conhecimento sobre o cliente e o mercado; desenvolvimento de parcerias; responsabilidade social. Além disso, inclui-se na avaliação a análise de outros critérios: liderança; estratégias e planos; clientes e sociedade. Antes de fi nalizarmos o capítulo, gostaríamos de apresentar uma parábola que mais uma vez demonstra que mesmo com novos processos produtivos e tecnologias avançadas, implementar a gestão da qualidade em alguns casos ainda é difícil, pois trata-se de uma atividade que não depende somente de um setor ou de uma pessoa, e sim da participação de todos. Certa vez, um funcionário escreveu a seguinte carta para o diretor da empresa: Sr. Paulo, tenho acompanhado com 45 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOS Capítulo 1 interesse a implantação do novo sistema da qualidade, porém noto que ninguém faz nada para pôr em prática o que se fala nas reuniões. Aqui dentro existem pessoas (inclusive eu) que por ciúme bobo, ou mesmo por incapacidade, não podem ver ninguém tentando implantar algo novo que logo torcem para que dê errado e vibram quando isso acontece. Nesse período, tenho observado muitas coisas, principalmente as pessoas. Tem muita gente com boas intenções aqui, porém têm pessoas que sentem prazer quando veem o erro dos outros e que saem tentando crucifi car a pessoa que errou. Eu acho bonito e corajoso alguém tentar implantar algo novo, mesmo que no começo haja falhas e erros, mas é preciso tentar. É apoiando e ajudando aqueles que tentam que nós chegaremos a uma qualidade, senão total, pelo menos muito melhor! Eu vou mudar e fazer a qualidade acontecer no meu setor (RANGEL, 2003, p. 130). Dessa forma, podemos mais uma vez observar que para se ter sucesso na implantação de programas de qualidade total, tão fundamental quanto o conhecimento técnico é o trabalho em equipe e a vontade das pessoas em apoiar e participar do processo de implantação, bem como a sua manutenção contínua. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Nesse capítulo, você pôde observar como o conceito de qualidade tem acompanhado as mudanças ocorridas nas organizações. O termo consolidou- se com a produção em massa após a Revolução Industrial e perpetua-se até hoje. Entretanto, no decorrer dos anos, passou por diversos estágios e, consequentemente, foi atribuído a setores bem específi cos da organização. Além disso, vimos que a qualidade apresenta princípios e dimensões que também evoluíram juntamente aos conceitos e sofrem infl uência de fatores que estão presentes no dia a dia da organização. Também tivemos a oportunidade de conhecer um pouco o funcionamento da gestão da qualidade total (TQM). Embora fala-se sobre isso dentro das organizações, vimos que a implantação da gestão da qualidade total não é uma tarefa muito fácil. 46 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE REFERÊNCIAS BOUER, G. Gerenciamento da rotina. In: CARVALHO, M. de M.; PALADINI, E. P. (Coord.). Gestão da qualidade: teoria e casos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. p. 237-260. CAMPOS, V. F. Gerenciamento pelas diretrizes. São Paulo: INDG, 2004. CAMPOS, V. F. 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Disponível em: www.fnq.org.br. Acesso em: 7 abr. 2021. GARVIN, D. A. Gerenciandoa qualidade: a visão estratégica e competitiva. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997. 47 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE E SEUS PRINCÍPIOS Capítulo 1 LOPES, S. B.; SARAIVA, M. Qualidade e certifi cação: aplicação empírica numa organização certifi cada pela norma ISO 9001. In: SARAIVA, M.; TEIXEIRA, A. A qualidade numa perspectiva multi e interdisciplinar. Lisboa: Edições Silabo, 2009. p. 194-207. MACHADO, L. F. M.; HEINECK, R. L. Modelos de produção enxuta destinados à viabilização de vantagens competitivas. 2001. Disponível em: http://www. repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/8201/1/2001_eve_lfmheineck_modelos.pdf. Acesso em: 5 abr. 2021. MACHADO, M. C. Princípios enxutos no processo de desenvolvimento de produtos: proposta de uma metodologia para implementação. Tese (Doutorado). Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia de Produção. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2007. 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CAPÍTULO 2 FERRAMENTAS E SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: • Entender os sistemas de melhorias. • Conhecer os sistemas de qualidade aplicados às diversas empresas. • Compreender as ferramentas da qualidade. • Utilizar as estratégias para implantação de programas de qualidade. • Aplicar os conceitos de Seis Sigma e BSC. • Utilizar as ferramentas da qualidade. 50 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE 51 FERRAMENTAS E SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Capítulo 2 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Estudamos no Capítulo 1 sobre a história e origem da qualidade, principalmente nos sistemas produtivos industriais. Agora, dando continuidade ao assunto, estudaremos sobre um dos sistemas de melhoria da qualidade, dando enfoque para a ISO 9000. Ainda neste capítulo, também estudaremos sobre a ferramenta de gestão Seis Sigma e o Balanced Scorecard (BSC), utilizado pelas empresas na busca da melhoria da qualidade, e apresentaremos algumas ferramentas aplicadas à gestão da qualidade que facilitam a tomada de decisão dos gestores atualmente. Com certeza você já deve ter escutado muito sobre a certifi cação ISO 9000, afi nal, a maioria das empresas de médio e grande porte tem trabalhado e se adaptado no sentido de obter essa certifi cação. Você sabia que alguns países têm exigido esta certifi cação, dependendo do ramo de atividade, na hora da exportação? Se é tão necessária a certifi cação, por que nem todas as empresas são certifi cadas? Nós teremos estas e outras respostas ao longo dos estudos deste capítulo. Boa leitura! 2 FERRAMENTAS DA QUALIDADE Algumas ferramentas são muito úteis na busca por melhorias da qualidade. Iniciaremos pelas ferramentas básicas da qualidade, que incluem a elaboração de gráfi cos e alguns termos estatísticos. Muitas vezes, escutamos que as empresas estão buscando melhorias, correto? No entanto, nem sempre sabemos como isto é possível. Veremos agora que com a aplicação de métodos, como MASP, ciclo PDCA e Seis Sigmas, esta atividade é possível, bem como apresenta ótimos resultados. As ferramentas da qualidade não foram criadas visando à resolução de problemas, mas para auxiliar as pessoas nas tomadas de decisões e melhoramentos dos processos. Segundo Corrêa e Corrêa (2005, p. 134), elas foram montadas com o propósito de “[...] municiar os participantes dos processos com ferramentas simples e ao mesmo tempo fortes, de fácil entendimento e aplicação, de forma a apoiá-los na resolução e controle de problemas de qualidade o mais próximo possível de suas concorrências”. 52 GESTÃo DA QuALiDADE E ProDuTiViDADE As ferramentas da qualidade são: • Estratifi cação. • Folhas de verifi cação. • Gráfi co de Pareto. • Diagrama de causas e efeitos. • Histogramas. • Diagramas de dispersão. • Gráfi co de controle de processos. Você também encontrará na literatura as chamadas sete ferramentas gerenciais, formadas por: diagrama de relações, diagrama de afi nidades, diagrama em árvores, matriz de priorização, matriz de relações, diagrama de processos decisórios e diagrama de atividades. Alguns desses diagramas veremos com maior detalhamento neste livro de estudos. As sete ferramentas da qualidade são originadas do conhecimento e, embora muitas dessas ferramentas sejam utilizadas com base nas ideias e opiniões dos colaboradores, ou seja, a equipe de trabalho, elas podem ser classifi cadas quanto a sua fi nalidade. No quadro a seguir, apresentaremos a aplicabilidade de acordo com a sua fi nalidade. QUADRO 1 – PRINCIPAIS FINALIDADES DAS FERRAMENTAS DA QUALIDADE Finalidade Ferramentas Identifi cação e priorização de problemas Amostragem e estratifi cação Folha de verifi cação Gráfi co de Pareto Gráfi co de tendência, gráfi co de controle Mapeamento do processo Brainstorming Matriz de priorização Análise e busca de causas raízes Brainstorming Estratifi cação Diagrama espinha de peixe Diagrama de afi nidades Diagrama de relações Relatório das três gerações (passado, presente, futuro). Elaboração e implementação de soluções Diagrama de árvore Diagrama de processo decisório 5W1H 5S FONTE: A autora 53 FERRAMENTAS E SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Capítulo 2 Agora veremos cada uma destas ferramentas da qualidade de forma detalhada, então, vamos lá! 2.1 ESTRATIFICAÇÃO A estratifi cação tem por objetivo agrupar os dados em duas ou mais subpopulações e/ou subgrupos com dados distintos. A divisão dos dados em estratos recebe o nome de estratifi cação. Essa ferramenta tem grande utilidade na fase de observação e análise, pois com ela é possível separar os fatores que são
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