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A dogmaticidade do direito na idade média Após o declínio do Império Romano, a herança espiritual e política de Roma passou para a Igreja Cristã. O direito canônico assume a posição equiparada ao direito natural; 1. Período: século VI até o século XV Inicia-se com a Queda do Império Romano do Ocidente e termina durante a transição para a Idade Moderna 2. Principais filósofos cristaos: Santo Agostinho e São tomás de aquino A lei, define Tomás de Aquino, é uma ordenação da razão direcionada ao bem comum, promulgada por aquele a quem incumbe o cuidado da comunidade. Surgia, assim, um novo saber prudencial, destinado a conhecer e a interpretar a lei e a ordem de forma peculiar, pois enquanto para os romanos o direito era um saber das coisas divinas e humanas, para a Idade Média os saberes eram distintos, ainda que guardassem uma relação de subordinação. 3. Tipos de jusnaturalismo da época: jusnaturalismo divino e teológico De acordo com a Teoria do Jusnaturalismo, o direito é algo natural e anterior ao ser humano, devendo seguir sempre aquilo que condiz aos valores da humanidade (direito à vida, à liberdade, à dignidade, etc) e ao ideal de justiça. O jusnaturalismo divino, praticado no feudalismo é dividido em duas categorias a) Totalmente irracional: importância do apóstolo Paulo e Santo Agostinho; segundo os pensadores, os seres humanos devem reproduzir as leis, desde que tenham sido traduzidos pela igreja. Nao seria baseado na razão, pois para eles, Deus tomaria decisões sem a necessidade de se explicar para os homens b) Racional: São Tomás de Aquino vai, pela primeira vez, justificar racionalmente a existência e as leis de Deus, durante a baixa idade média. Para que o universo começasse, seria necessário a existência de um motor imovel (deus), fazendo uma releitura de platão (platônico), além de se aproveitar das obras de aristóteles. 4. O direito dos feudos se inspira e obedece ao direito canônico Até por volta do século VI, a sociedade era politeista, até que a igreja passou a se impor como Estado (Estado como conceito só surge no século XVI), figura central. Assim, as leis produzidas pelos reis nos feudos, eram vistas como direito positivo, civil. Após o declínio do Império Romano, a herança espiritual e política de Roma passou para a Igreja Cristã. O direito canônico assume a posição equiparada ao direito natural; O papa, durante a idade média, possui autoridade bélica e política. Dessa forma, fica evidente a predominância da religião sobre os demais assuntos, sendo destacado a visão teocêntrica, ou seja, o conhecimento era passado pelo filtro da igreja católica. Assim, não se tinha uma separação nítida do que era direito e do que era religião. O direito canônico desenvolve a ideia de que as doutrinas servem para justificar os dogmas e assim, a interpretação não deve questionar ou refutar os dogmas. Nesse sentido, a hermenêutica jurídica tem a mesma base do direito canônico 5. A noção de dogmática jurídica é aprimorada pelo direito canônico O pensamento dogmático, em sentido estrito, pode ser localizado, em suas origens, nesse período. Seu desenvolvimento foi possível graças a uma resenha crítica dos digestos justinianeus, a Littera Boloniensis, os quais foram transformados em textos escolares do ensino na universidade. Consequentemente, nos dogmas, autoridade e razão mesclam-se, aparecendo os textos da Littera Boloniensis como verdadeira ratio scripta, fundamento de todo o direito.instaura pouco a pouco uma teoria que vai servir ao domínio político dos príncipes, como instrumento de seu poder. A partir daí é que se abre o caminho para uma progressiva tecnização da teoria jurídica, em termos de um instrumento político. 6. Durante a idade media nao ha o conceito de estado 7. Surge o conceito de soberania Na Idade Média, a fonte do direito continua a ser os costumes, pois ainda não apareceu o conceito de Estado. Pode-se, pois, dizer, o pensamento jurídico se fez essencialmente em torno do poder real. E a recuperação do direito romano serviu-lhe como instrumento de organização. Assim, ao se colocar o rei como personagem central de todo o edifício jurídico, aparece, nessa época, um conceito-chave, que irá dominar a organização jurídica do poder: a noção de soberania. Assim, a soberania, enquanto direito fundante da ordem jurídica, era limitada pela idéia de soberania divina, ou seja, de um poder político que encontra sua fonte e seu limite em Deus ( o conceito de soberania surge para justificar o porque que as leis deviam ser obedecida pelos reis), atuando como uma limitadora do poder político- os objetivos do poder são o bem comum, o bem comum é a obediência às leis que o poder prescreve. 8. O código de justiniano é tratado como livro sagrado Aceitos como base indiscutível do direito, tais textos foram submetidos a uma técnica de análise que provinha das técnicas explicativas usadas em aula. Assim, as fontes contemporâneas eram consideradas secundárias e, na teoria, subordinadas às anteriores Nesse sentido, a Idade Média vai tratar o código de justiniano como se fosse uma bíblia, devendo ser obedecida como dogma, já que supostamente teria sido escrito sob a luz de deus. 9. A littera boloniensis: trabalho dos glosadores de bolonha Os glosadores surgem, destarte, através da necessidade de manejo e interpretação dos mecanismos jurídicos herdados de Roma. Com a descoberta do Corpvs Ivris Civiles, e de sua posterior resenha pela Littera Bolonienses, manejava-se as técnicas filosóficas, interpretativas e discursivas para o estudo dos textos, o que, segundo Tércio Sampaio, obrigava o jurista a uma harmonização a partir da exegese dos diplomas. Os glosadores eram comentaristas do Corpus juris civilis para aprofundar e aprimorar as normas a serem estabelecidas. A littera boloniensis foi um documento de grande importância, marcando a produção do direito