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Direito e Legislação Ambiental

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SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2 
UNIDADE 1 – NOÇÕES BÁSICAS AO DIREITO AMBIENTAL ................................. 3 
1.1 DIREITO AMBIENTAL: DEFINIÇÃO ............................................................................ 3 
1.2 DIREITO AMBIENTAL NO BRASIL ............................................................................. 3 
1.3 HISTÓRICO ........................................................................................................... 4 
1.4 CONCEITOS IMPORTANTES .................................................................................... 7 
1.4.1 MEIO AMBIENTE ................................................................................................. 7 
1.4.2 BEM AMBIENTAL ................................................................................................ 7 
1.4.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ...................................................................... 7 
1.4.4 DEGRADAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL ............................................................. 7 
1.4.5 POLUIÇÃO ......................................................................................................... 7 
1.4.6 POLUIDOR ......................................................................................................... 8 
1.4.7 RECURSOS AMBIENTAIS ..................................................................................... 8 
1.4.8 DIREITO AMBIENTAL ........................................................................................... 8 
1.5 PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL ....................................................................... 8 
1.6 ÉTICA AMBIENTAL ............................................................................................... 13 
1.7 CLASSIFICAÇÕES DO MEIO AMBIENTE ................................................................... 17 
1.8 RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL .................................................................. 18 
1.9 AÇÃO CIVIL PÚBLICA ........................................................................................... 21 
1.10 PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE NA PROBLEMÁTICA AMBIENTAL.............................. 24 
1.11 DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA NA QUESTÃO AMBIENTAL ..................... 26 
UNIDADE 2 – LEI 6.938/81....................................................................................... 29 
2.1 SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ............................................................... 31 
2.2 CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O MEIO AMBIENTE ....................................................... 33 
UNIDADE 3 - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL .............................................................. 39 
3.1 RELAÇÃO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL PRINCIPAL .................................................. 39 
3.2 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO E AFINS ............................................................. 55 
3.2.1. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE ........................................................... 55 
3.2.2. ÁREAS DE RESERVA LEGAL ............................................................................. 55 
3.2.3 FAUNA ............................................................................................................ 56 
3.2.4 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ........................................................................... 56 
3.3 CRIMES AMBIENTAIS ........................................................................................... 59 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 71 
 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
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INTRODUÇÃO 
 
Atualmente, estamos vivenciando um novo drama social, que se desenrola 
num palco que é, ao mesmo tempo, o cenário e um dos atores, junto com a 
sociedade e o Poder Público. Trata-se do drama da sobrevivência no planeta em 
que vivemos. A vida no planeta Terra depende da água, do ar e do solo, para 
salvaguardar todos os aspectos da vida humana no que concerne à saúde e ao 
bem-estar de seus habitantes e à qualidade do meio ambiente que precisa ser 
preservada. 
É iminente que os problemas relacionados aos recursos naturais e sociais, 
intimamente associados, sejam considerados como uma cadeia complexa de inter-
relacionamentos, já que a má utilização desses recursos gera riscos e danos à vida 
humana; as atividades humanas, em conjunto com os avanços tecnológicos faz com 
que estes riscos e danos se agigantem em ocorrência e escala de 
comprometimento, ameaçando não só a saúde e a qualidade da vida no planeta, 
mas o próprio bem-estar público, financeiro e ocupacional da sociedade. 
Entretanto, os efeitos indesejáveis, traduzidos por esses riscos, poderão ser 
mitigados ou evitados a partir da consciência ecológica de todos os atores 
envolvidos nesse drama, quando puderem modificar as ações causadoras desses 
efeitos, resultando num processo que poderíamos chamar de gerenciamento 
ambiental, obtido principalmente através do desenvolvimento sustentável. 
 
 
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UNIDADE 1 – NOÇÕES BÁSICAS AO DIREITO AMBIENTAL 
 
1.1 Direito Ambiental: definição 
Direito Ambiental é um conjunto de normas jurídicas relacionadas à proteção 
do meio ambiente. Pode ser conceituado como direito transversal ou horizontal, pois 
abrange todos os ramos do direito, estando intimamente relacionado com o Direito 
Constitucional, Direito Administrativo, Direito Civil, Direito Penal, Direito Processual e 
Direito do Trabalho. 
O Direito Ambiental diz respeito à proteção jurídica do meio ambiente. Para 
facilitar a sua abordagem didática, CELSO ANTÔNIO PACHECO FIORILLO (2015) 
divide o meio ambiente em natural, artificial, cultural e do trabalho. Essa divisão não 
é a única, pois muitos autores costumam não incluir o meio ambiente do trabalho 
dentro do objeto do direito ambiental. 
A legislação ambiental faz o controle de poluição em suas diversas formas. A 
quantidade de normas dificulta a complexidade técnica, o conhecimento e a 
instrumentalização e aplicação do Direito nesse ramo do Direito. O ideal é a 
extração de um sistema coerente, cuja finalidade é a proteção do meio ambiente. 
Para a aplicação das normas de Direito Ambiental, é importante compreender as 
noções básicas e adequá-las à interpretação dos direitos ambientais. 
 
1.2 Direito Ambiental no Brasil 
Os antecedentes históricos da legislação ambiental brasileira remontam às 
Ordenações Filipinas1 que estabeleciam normas de controle da exploração vegetal 
no país, além de disciplinar o uso do solo, conspurcação de águas de rios e 
regulamentar a caça. Sobre a evolução histórica da legislação, o principal trabalho 
nessa matéria é o livro de Ann Helen Wainer (1992). 
Na Lei n° 4.717/652 foram tratados de forma pioneira assuntos relacionados 
ao Direito Material Fundamental. Todavia, a matéria do meio ambiente só foi 
 
1 As Ordenações Filipinas, ou Código Filipino, é uma compilação jurídica que resultou da reforma do 
código manuelino, por Filipe II de Espanha (Felipe I de Portugal), durante o domínio castelhano. Ao 
fim da União Ibérica (1580-1640), o Código Filipino foi confirmadopara continuar vigente em Portugal 
por D. João IV. 
2 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4717.htm que regula a ação popular 
 
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introduzida em nosso ordenamento jurídico através da Lei 6.938/813, que 
estabeleceu a PNMA – Política Nacional do Meio Ambiente. Em 1985, foi editada a 
Lei nº 7.3474, que proporcionou a oportunidade de agir processualmente, através da 
Ação Civil Pública, toda vez que houvesse lesão ou ameaça ao meio ambiente, ao 
consumidor, aos bens e aos direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e 
paisagístico. No projeto da citada Lei, em seu artigo 1º, inciso IV, foi a primeira 
oportunidade de se falar de defesa dos direitos difusos e coletivos do cidadão. 
A Constituição Federal de 19885, no entanto, trouxe ao nosso ordenamento 
jurídico a defesa dos bens coletivos, através da inclusão da redação constante no 
artigo 225. Admite, inclusive, a existência de uma terceira espécie de bem: o bem 
ambiental. Esse bem é caracterizado por não ter uma propriedade definida, isto é, 
não é interesse único do particular, nem tampouco é considerado bem público: é um 
bem comum, de uso coletivo de todo um povo. 
A ação civil pública, entretanto, foi introduzida novamente em nosso 
ordenamento jurídico quando da edição da Lei 8.078/906, que acrescentou o inciso 
IV, do artigo 1º, da Lei 7.347/85, anteriormente vetado. A Lei nº 8.078/90 também 
definiu os direitos metaindividuais, criando os institutos dos direitos difusos, 
coletivos, individuais e homogêneos. 
 
1.3 Histórico 
No Século XXI, é fácil observar que a sobrevivência humana no planeta 
esteve sempre condicionada à sua interação com o meio ambiente. Historicamente, 
essa percepção nem sempre se deu de forma tão nítida como a que temos nos dias 
de hoje, já que a primeira ideia de proteção da natureza foi concebida não pela 
consciência de sua necessidade e utilidade na vida do homem, mas sim pelo temor 
a Deus. Ao longo do tempo, com as descobertas e revoluções tecnológicas, adquire-
 
3 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm com inclusões diversas. 
4 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7347orig.htm 
5 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm 
6 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm, com alterações dadas pela Lei 
nº 13.425/17. 
 
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se o entendimento de que a preservação do meio ambiente como um todo é questão 
primordial para a manutenção da vida na Terra. 
Esse despertar ecológico é bastante recente, dado que até os anos 1960, 
poluir era permitido. Espantoso também é o teor da Lei Federal 2.126/60 que definia 
padrões para o lançamento de esgotos domésticos e industriais nos cursos d’água, 
estabelecendo o prazo de um ano para que as prefeituras com mais de 10 mil 
habitantes e indústrias se adequassem às absurdas exigências. Mesmo assim, 
alguns passos importantes foram dados, como a edição do Código Florestal 
abordando conceitos utilizados ainda hoje. 
A relação homem-natureza foi consagrada em 1972 na Conferência das 
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, que reuniu representantes de diversos 
países para discutirem a responsabilidade de cada um na busca da implementação 
de um modelo que levasse em conta a grave crise ambiental, econômica e social 
pelo qual a humanidade passava. No entanto, os representantes brasileiros, na 
contramão daquela tendência, afirmaram que em nosso território a poluição era bem 
vinda, por gerar o tão almejado desenvolvimento industrial, fato que foi amplamente 
criticado pela comunidade internacional. 
No Brasil, algumas medidas foram tomadas para mitigar a postura adotada, 
mas é certo que o marco inicial se deu com a Lei da Política Nacional do Meio 
Ambiente de 1981 (Lei nº 6.938/81), ainda vigente, substituindo a antiga legislação 
antes setorizada. A referida lei instituiu o SISNAMA – Sistema Nacional de Meio 
Ambiente (art. 6), visando harmonizar o desenvolvimento socioeconômico e o meio 
ambiente, mediante a adoção de condições para o desenvolvimento sustentável, ou 
seja, explorando os recursos naturais conscientemente, de acordo com os 
interesses da segurança nacional, garantindo principalmente à proteção da 
dignidade da vida humana. Posteriormente, a Constituição da República consagra 
esse entendimento, ao dedicar pela primeira vez um capítulo ao meio ambiente. E 
mais, busca nossa Lei Maior preservar não só o bem jurídico vida, como também a 
sadia qualidade de vida em um ambiente ecologicamente equilibrado, minimizando 
os riscos para as presentes e futuras gerações. 
Em 1983, o Secretário-Geral da ONU convidou a médica Gro Harlem 
Brundtland para estabelecer e presidir a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e 
 
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Desenvolvimento. Burtland foi uma escolha natural para este papel, à medida que 
sua visão da saúde ultrapassa as barreiras do mundo médico para os assuntos 
ambientais e de desenvolvimento humano. Em abril de 1987, a Comissão 
Brundtland, como ficou conhecida, publicou um relatório inovador, “Nosso Futuro 
Comum”, que traz o conceito de desenvolvimento sustentável para o discurso 
público. De acordo com o relatório, o desenvolvimento sustentável é o 
desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem comprometer a 
habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades. 
A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o 
Desenvolvimento de 1992 põe fim a qualquer questionamento externo sobre a 
posição adotada pelo Brasil, já que sediou o evento popularmente conhecido como 
ECO-92. Foi debatido o paradigma de desenvolvimento sustentável direcionado para 
o crescimento com responsabilidade, cujo alicerce é o fortalecimento das ações 
integradas da sociedade, fazendo com que as decisões contemplem aspectos 
ambientais, sociais e econômicos. A “Cúpula da Terra”, como ficou conhecida, 
adotou a ‘Agenda 21’, um diagrama para a proteção do nosso planeta e seu 
desenvolvimento sustentável, a culminação de duas décadas de trabalho que se 
iniciou em Estocolmo em 1972. 
Para assegurar o total apoio aos objetivos da Agenda 21, a Assembleia Geral 
estabeleceu, em 1992, a Comissão para o Desenvolvimento Sustentável como uma 
comissão funcional do Conselho Econômico e Social. A Cúpula da Terra também 
levou à adoção da Convenção da ONU sobre a Diversidade Biológica (1992) e a 
Convenção da ONU de Combate à Desertificação em Países que sofrem com a 
Seca e/ou a Desertificação, Particularmente na África (1994). 
Dez anos depois, em 2002, ocorreu em Joanesburgo, na África do Sul, a 
Rio+10; e em 2012, novamente no Rio de Janeiro, ocorreu a Conferência das 
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. 
Em setembro de 2015, ocorreuem Nova York, na sede da ONU, a Cúpula de 
Desenvolvimento Sustentável. Nesse encontro, todos os países da ONU definiram 
os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como parte de uma nova 
agenda de desenvolvimento sustentável que deve finalizar o trabalho dos ODM e 
não deixar ninguém para trás. Com prazo para 2030, mas com o trabalho 
 
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começando desde já, essa agenda é conhecida como a Agenda 2030 para o 
Desenvolvimento Sustentável. 
 
1.4 Conceitos Importantes 
1.4.1 Meio Ambiente 
Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem Física, 
Química e Biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas 
(Conceito extraído do Art. 3, § I, da Lei 6.938/81 da Política Nacional do Meio 
Ambiente). 
Obs.: o conceito legal não abrange amplamente todos os bens jurídicos 
tutelados, restringindo-se ao meio ambiente natural, como se verá. 
 
1.4.2 Bem Ambiental 
Definido constitucionalmente como sendo de uso comum do povo e essencial 
à sadia qualidade de vida das presentes e futuras gerações. (Art. 225, caput, CF/88). 
 
1.4.3 Desenvolvimento Sustentável 
Modelo de desenvolvimento amplamente discutido na ECO-92, resultando no 
documento conhecido como Agenda 21, em que se busca basicamente a harmonia 
entre o desenvolvimento econômico e a utilização dos recursos naturais de forma 
consciente, equilibrada ou sustentável. 
 
1.4.4 Degradação da qualidade ambiental 
Alteração adversa das características do meio ambiente (Conceito extraído do 
Art. 3, § I, da Lei 6.938/81 da Política Nacional do Meio Ambiente). 
 
1.4.5 Poluição 
Degradação da qualidade ambiental resultante de atividades, que ou 
indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; criem 
condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente 
 
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a biota7; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; lancem 
matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. 
(Conceito extraído do Art. 3, § I, da Lei 6.938/81 da Política Nacional do Meio 
Ambiente). 
 
1.4.6 Poluidor 
Pessoa física ou jurídica de direito público ou privado, responsável, direta ou 
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental (Conceito extraído 
do Art. 3, § IV, da Lei 6.938/81 da Política Nacional do Meio Ambiente). 
 
1.4.7 Recursos Ambientais 
A atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o 
mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora 
(Conceito extraído do Art. 3, § V, da Lei 6.938/81 da Política Nacional do Meio 
Ambiente). 
 
1.4.8 Direito Ambiental 
O Direito Ambiental, como o meio ambiente, não possui um conceito preciso 
acerca de sua definição. Contudo, pode-se afirmar que o Direito Ambiental trabalha 
as normas jurídicas dos vários ramos do direito, bem como se relaciona com outras 
áreas do saber humano como a Biologia, a Física, a Engenharia, o Serviço Social, 
entre outras. É, portanto, o Direito Ambiental, uma matéria multidisciplinar que busca 
adequar o comportamento humano com o meio ambiente que o rodeia. Outra 
importante constatação é o fato de ser um direito difuso, ou seja, pertence a todos 
os cidadãos e não a uma ou outra pessoa ou conjunto de pessoas determinadas. 
 
1.5 Princípios do Direito Ambiental 
Princípios são os mandamentos básicos e fundamentais nos quais se alicerça 
uma ciência. São as diretrizes que orientam uma ciência e dão subsídios à aplicação 
das suas normas. 
 
7 Biota representa o conjunto de todos os seres vivos de uma determinada região. 
 
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Os princípios são considerados como normas hierarquicamente superiores às 
demais normas que regem uma ciência. Em uma interpretação entre a validade de 
duas normas, prevalece aquela que está de acordo com os princípios da ciência. 
Apesar de ser uma ciência jurídica nova, o Direito Ambiental já conta com princípios 
específicos que o diferenciam dos demais ramos do Direito, apesar dos autores 
divergirem um pouco na colocação dos princípios. Aliás, nomes de alguns princípios 
diferenciam de autor para autor. Abaixo seguem os princípios norteadores do Direito 
Ambiental, que entendemos ocorrer. 
São eles: 
 Princípio da Legalidade: necessidade de suporte legal para obrigar-se a 
algo. Obrigatoriedade de obediência às leis (art. 5, II da Constituição Federal). 
 Princípio da Supremacia do Interesse Público: a proteção ambiental é um 
direito de todos, ao mesmo tempo em que é uma obrigação de todos (art. 225, CF). 
Isto demonstra a natureza pública desse bem, o que leva a sua proteção a obedecer 
ao princípio de prevalência do interesse da coletividade, ou seja, do interesse 
público sobre o privado na questão de proteção ambiental. 
 Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público: por ser o meio 
ambiente equilibrado um direito de todos (art. 225, CF) e ser um bem de uso comum 
do povo, é um bem que tem caráter indisponível, já que não pertence a este ou 
aquele. 
 Princípio da Obrigatoriedade da Proteção Ambiental: esse princípio está 
estampado no art. 225, caput, da Constituição Federal, que diz que o Poder Público 
e a coletividade devem assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente sadio e 
equilibrado. 
 Princípio da Prevenção ou Precaução: baseado no fundamento da 
dificuldade e/ou impossibilidade de reparação do dano ambiental. Artigo 225, §1º, IV 
da Constituição Federal, que exige o EIA/RIMA; Declaração do Rio sobre Meio 
Ambiente e Desenvolvimento de 1992, princípio 15, que diz: 
 
De modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser 
amplamente observado pelos Estados, de acordo com as suas 
necessidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a 
ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão 
para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a 
degradação ambiental. 
 
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 Princípio da Obrigatoriedade da Avaliação Prévia em Obras 
Potencialmente Danosas ao Meio Ambiente: a obrigatoriedade da avaliação 
prévia dos danos ambientais em obras potencialmente danosas ao público está 
disciplinada pelo art. 225 da Constituição Federal que obriga o Estudo de Impacto 
Ambiental e o seu respectivo relatório (EIA, RIMA). 
 Princípio da Publicidade: os Estudos de Impacto Ambiental e os seus 
respectivos relatórios (EIA, RIMA) têm caráter público, portratar do envolvimento de 
elementos que compõe um bem de todos, ou seja, o meio ambiente sadio e 
equilibrado (art. 225, CF). Por essa razão, deve haver publicidade ante sua natureza 
pública. A Resolução nº 9, de dezembro de 19878 do CONAMA, disciplina a 
audiência pública na análise do RIMA. 
 Princípio da Reparabilidade de Dano Ambiental: esse princípio vem 
estampado em vários dispositivos legais, iniciando-se na Constituição Federal, art. 
225, §3º, em que se diz que “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio 
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, as sanções penais e 
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”. O 
art. 4º, VII, da Lei 6.938/85, também obriga o poluidor e o predador a recuperar e/ou 
indenizar os danos causados. 
 Princípio da Participação: princípio 10 da Declaração do Rio sobre Meio 
Ambiente e Desenvolvimento de 1992; art. 225, CF, esclarece que a coletividade 
deve preservar o meio ambiente. Participação na elaboração de leis; participação 
nas políticas públicas através de audiências públicas e participação no controle 
jurisdicional através de medidas judiciais como ação civil pública, mandado de 
segurança coletivo, mandado de injunção e ação popular. 
 Princípio da Informação: em se tratando do tema ambiental, a sonegação 
de informações pode gerar danos irreparáveis à sociedade, pois poderá prejudicar o 
meio ambiente que além de ser um bem de todos, deve ser sadio e protegido por 
todos, inclusive pelo Poder Público, nos termos do art. 225, da Constituição Federal. 
Ademais, pelo inciso IV do citado artigo, o Poder Público, para garantir o meio 
ambiente equilibrado e sadio, deve exigir estudo prévio de impacto ambiental para 
 
8 Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=60 
 
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obras ou atividades causadoras de significativa degradação do meio ambiente, ao 
que deverá dar publicidade; ou seja, tornar disponível e público o estudo e o 
resultado, o que implica na obrigação de fornecimento de informação ambiental. 
 
- Art. 216, § 2º, da CF: disciplina o patrimônio cultural, traz especificamente que 
“cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação 
governamental e as providências para franquear a sua consulta a quantos dela 
necessitem”. 
- Lei 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente): prevê a divulgação de dados e 
informações ambientais para a formação de consciência pública sobre a 
necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico (art. 
4º, V). No art. 9º, XI, diz que entre os instrumentos da Política Nacional do Meio 
Ambiente está a garantia da prestação de informações relativas ao meio ambiente, 
obrigando-se o Poder Público a produzi-las quando inexistentes, inclusive. 
- Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor): traz a obrigação de informação 
em vários de seus artigos. 
- Lei 8.974/959 (Lei da Biossegurança): está previsto que os órgãos responsáveis 
pela fiscalização dos Ministérios envolvidos na temática e ali citados devem 
“encaminhar para publicação no Diário Oficial da União, resultado dos processos 
que lhe forem submetidos a julgamento, bem como a conclusão do parecer técnico”. 
(art. 7º VIII). 
- Lei 9.433/9710 (Política Nacional de Recursos Hídricos): estabelece como um de 
seus instrumentos, o sistema de informações sobre os recursos hídricos (art. 5º). 
- Lei 7.661/9811 (Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro): determina em seu art. 
8º que os dados e as informações resultantes do monitoramento exercido sob 
responsabilidade Municipal, Estadual ou Federal na Zona Costeira, comporão o 
Subsistema Gerenciamento Costeiro, integrante do Sistema Nacional de Informação 
sobre o Meio Ambiente – SINIMA. 
 
9 Revogada pela Lei nº 11.105, de 2005 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2005/Lei/L11105.htm#art42). 
10 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9433.htm 
11 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7661.htm 
 
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- Agenda 21, capítulo 40: determina, em suma, que no processo do desenvolvimento 
sustentável, tanto o usuário, quanto o provedor de informação devem melhorar a 
disponibilidade da informação. 
- Decreto 2.51912, de 1998: a Convenção sobre Diversidade Biológica aderida pelo 
Brasil pelo citado decreto prevê (art. 17º) a obrigatoriedade do intercâmbio de 
informações, disponibilizando-as ao público. 
- Dec. 2.741, de 199813: na Convenção Internacional de Combate à Desertificação, 
determina a divulgação das informações obtidas nos trabalhos científicos sobre a 
temática (art. 18). 
 Princípio da Função Sócio-Ambiental da Propriedade: com o advento da 
Constituição Federal de 1988, a propriedade passou a ter seu uso condicionado ao 
bem-estar social e a ter, assim, uma função social e ambiental, conforme consta dos 
seus artigos. 5º, XXIII, 170, III e 186, II. Para o Direito Ambiental, o uso da 
propriedade só pode ser concebido se respeitada sua função sócio-ambiental, 
tornando-se assim mais um dos seus princípios orientadores. 
 Princípio do Poluidor-Pagador: declaração do Rio sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento de 1992, princípio 16, art. 4º, Lei 6.938/81 (Política Nacional do 
Meio Ambiente) e Lei 9.433/9714 (Lei das Águas) e art. 225, § 3º Constituição 
Federal. 
 Princípio da Compensação: esse princípio não está expressamente previsto 
na legislação, mas existe em virtude da necessidade de se encontrar uma forma de 
reparação do dano ambiental, principalmente quando irreversível. O causador do 
dano irreversível pode fazer uma compensação com uma ação ambiental. Exemplo: 
o aterro irreversível de uma lagoa onde há vida selvagem, pode ser compensado 
com medidas de proteção efetiva em um lugar similar, ou mesmo a restauração de 
uma outra lagoa próxima. O art. 8º, da Lei 6.938/81, diz que compete ao CONAMA, 
entre outras coisas, homologar acordos visando à transformação de penalidades 
pecuniárias na obrigação de executar medidas de interesse para a proteção 
 
12 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2519.htm 
13 Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1998/decreto-2741-20-agosto-1998-
343203-publicacaooriginal-1-pe.html 
14 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9433.htm 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
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13
 
ambiental. Estando aí uma possibilidade de se compensar o prejuízo com uma ação 
ambiental. 
 Princípio da Responsabilidade: todo aquele que praticar um crime 
ambiental estará sujeito a responder, podendo sofrer penas na área administrativa, 
penal e civil. Lei 9.605/9815, que trata dos crimes ambientais; Lei 6.938/81,art. 14º, 
que trata da responsabilidade objetiva do degradador. 
 Princípio do Desenvolvimento Sustentável: declaração do Rio sobre Meio 
Ambiente e Desenvolvimento de 1992, Princípio 3, que definiu o desenvolvimento 
sustentável. Agenda 21. 
 Princípio da Educação Ambiental: Art. 225, § 1º, VI, da Constituição 
Federal, prevê o princípio da educação ambiental ao dizer que compete ao Poder 
Público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente. A educação 
ambiental tornou-se um dos principais princípios norteadores do direito ambiental. 
Está previsto ainda na Agenda 21. 
 Princípio da Cooperação Internacional: como a poluição pode atingir mais 
de um país, além do que a questão ambiental tornou-se uma questão planetária, 
assim como a proteção do meio ambiente, a necessidade de cooperação entre as 
nações, o princípio da cooperação internacional, tornou-se uma regra a ser 
obedecida, estabelecendo-se assim mais um princípio norteador do Direito 
Ambiental. Princípio 2 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, a Rio-92. 
 Princípio da Soberania dos Estados na Política Ambiental: Agenda 21. 
 
1.6 Ética Ambiental 
A palavra ética vem do grego ETHOS que significa: modo de ser, caráter 
enquanto forma de vida do homem. Ética é a forma de proceder ou de se comportar 
do ser humano no seu meu social, sendo, portanto uma relação intersocial do 
homem, seus parâmetros são as condutas aceitas no meio social e têm raízes no 
 
15 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm 
 
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14
 
fato da moral como sistema de regulamentação das relações intersociais humanas, 
assentando-se em um modo de comportamento. 
Portanto, a ética é uma ciência da moral e pode ser definida como: a teoria ou 
ciência do comportamento moral dos homens em sociedade (VASQUEZ, 1993). 
Podemos, também, dividi-la em: 
 ética normativa, que são as recomendações; 
 ética teórica, quando explica a natureza da moral relacionada às 
necessidades sociais. 
Enquanto teoria, a ética estuda e investiga o comportamento moral dos 
homens, tendo seu valor como teoria naquilo que explica e não no fato que 
recomenda ou prescreve. Atualmente, ante as correntes intuitivas, positivas e 
analíticas, a ética foi reduzida à análise da linguagem moral, abstraindo-se as 
questões morais (VASQUEZ, 1993). 
Resultado disso é que a moral e a ética perderam significado social, dando-se 
hoje em dia importância à obtenção finalista do sucesso pessoal e material a 
qualquer custo, ficando assim reduzidas a preceitos delimitadores das relações 
profissionais (Códigos Éticos), restando apenas a ética normatizada e direcionada 
às profissões, não havendo mais uma ética universal. Dessa forma, passamos por 
uma crise ética e moral, faltando uma orientação ética geral. 
Como ciência da moral, a ética como conhecemos está relegada a um plano 
inferior social, deixando de ser uma orientadora do comportamento humano como 
dantes. Uma nova forma de relação ética vem surgindo, como pretendemos 
demonstrar, ante a degradação ambiental em larga escala e o desenvolvimento 
científico, o qual vem desvendando a origem do homem, tirando-o do pedestal de 
espécie superior. 
Toda a sociedade é responsável pela degradação ambiental, pois o rico polui 
com sua atividade industrial, comercial, entre outras; o pobre polui por falta de 
condições econômicas de viver condignamente e por falta de informações, já que a 
maioria é semi-analfabeta; e o Estado polui por falta de informações ecológicas de 
seus administradores, gerando uma política desvinculada dos compromissos com o 
meio ambiente. 
 
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15
 
Somando isso aos novos conhecimentos científicos que concluem que o 
homem faz parte da natureza, como vemos, por exemplo, na teoria evolucionista de 
Darwin, pela qual a raça humana tem origem no mesmo ancestral dos grandes 
macacos e evolui como todos os demais seres viventes. E, ainda, a Teoria de Gaia 
de Lovelock para a qual a Terra, Gaia, é um ser vivo que pulsa em vida plena com 
todos os seus seres, incluindo o homem, em igualdade de condições, surgiu a 
necessidade do ser humano rever a sua ação predatória e, consequentemente, seu 
comportamento integral, fazendo com que a visão antropocêntrica que rege a 
conduta humana, tendo o homem como o centro do universo, comece a perder 
força. 
Ética antropocêntrica: a ética antropocêntrica, defendida principalmente por 
Kant, que orientou e deu base para as doutrinas posteriores, estuda o 
comportamento social do homem entre si, levando-o a condição de espécie superior 
pela razão, perde campo para uma nova visão: a visão ecocêntrica. 
Ética ecocêntrica: essa nova visão ecocêntrica que podemos definir como o 
homem centrado em sua casa – “oikos” = casa em grego –, ou seja, o homem 
centrado no tudo ou no planeta como sua morada, permite o surgimento de uma 
ética que estuda também o comportamento do homem em relação à natureza global; 
com ela, o ser humano passa a entender melhor a sua atuação e responsabilidade 
para com os demais seres vivos. Então, surge a necessidade de uma nova forma de 
conduta em relação à natureza. Uma nova concepção filosófica homem-natureza. A 
ética passa a ser também, nesse caso, um estudo extrassocial e extrapola os limites 
intersociais do homem, nascendo assim, uma nova ética diversa da ética tradicional. 
Surge a ética ambiental. Com ela, nós passamos a ter mais “humildade zoológica” e, 
consequentemente, passamos a ter um novo entendimento da vida. Mas para que 
isso ocorra, é necessário que tenhamos uma plena conscientização da problemática 
ambiental, caracterizando esta como ter pleno conhecimento de algo e o seu 
processo dá-se internamente, refletindo-se nas ações. Essa nova filosofia 
ecocêntrica e a conscientização fazem com que o ser humano passe a se preocupar 
com suas ações entendendo que ele faz parte na natureza, não é o “dono da 
Natureza”. Assim, espera-se que esse passe a compreender que a Natureza não 
está ali para servi-lo, mas para que ele possa sobreviver em harmonia com os 
 
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16
 
demais seres. Percebendo isso, o ser humano passará a se preocupar com suas 
ações, passará a ter ações coerentes em relação à Natureza e mesmo às suas 
ações intersociais passam a ser direcionadas à causa da preservação da vida 
global. Então, estará ele desenvolvendo cada vez mais uma “visão holística” do 
mundo, ou seja, uma visão global. Essa nova consciência e visão global trazem a 
necessidade de desenvolver uma nova linha de conduta ética com a Natureza, 
formando uma nova interligação ética homem-natureza. 
Ética ambiental: podemos definir essa Ética Ambiental como a conduta, ou a 
própria conduta, comportamental do ser humano emrelação à natureza, decorrente 
da conscientização ambiental e consequente compromisso personalíssimo 
preservacionista, tendo como objetivo a conservação da vida global. 
Uma nova relação ética: com essa nova ética, diferente da ética tradicional, 
pautamos toda a sua vida e assim estaremos agindo sempre com um maior 
compromisso ético. Compromisso criado por nós, dentro de nós. Sem nenhuma lei 
que não seja a nossa consciência. Esse compromisso ético é personalíssimo, de 
modo que não está adstrito a nenhum outro compromisso. É um compromisso de 
todos os conscientes. É um compromisso da sociedade consciente. É ético, não 
legal. Não se trata de obrigação legal, mas moral e ética de cada um. O 
compromisso ético reflete-se em ações éticas, isto é, em ações coerentes com os 
princípios éticos da pessoa, de modo que as ações impulsionadas por essa nova 
ética homem-natureza trarão resultados favoráveis à preservação ambiental e, 
consequentemente, a melhoria da qualidade de vida, ficando assim criada uma 
barreira ética protegendo a natureza como um todo. 
A ética ambiental aqui exposta passa a ser o início de uma nova ordem 
mundial, é uma nova filosofia de vida do ser humano alicerçada em novos valores 
extrassociais humanos. Sua base científica é o estudo da relação homem-natureza, 
englobando nesse binômio todas as raças humanas e todos os seres existentes, 
abrangendo também os inanimados como o solo, o ar e a água. Tudo que existe tem 
sua importância e passa a fazer parte dessa nova relação ética. Essa nova ética 
ajudará a formar uma humanidade consciente de sua posição perante a vida no 
planeta Terra e dará origem a uma nova postura, um novo comportamento calcado 
na preservação global da natureza, sendo uma nova esperança de vida. A 
 
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17
 
colocação em prática dessa nova forma de comportamento ético propiciará uma 
enorme satisfação subjetiva e íntima em cada indivíduo e, consequentemente, da 
sociedade humana de estar contribuindo com responsabilidade para a preservação 
do maior bem que existe, que é a Natureza como um todo. Isso nos dará a 
esperança de poderemos prolongar a existência de nossa espécie nesse planeta 
com condições mais dignas, permitindo que possamos usufruir juntamente com os 
demais seres desse bem que é a vida, só existente por comprovação científica na 
nave-mãe Terra. Uma nova forma comportamental e uma nova esperança de vida, 
daí a importância de se conscientizar todos os segmentos da sociedade para essa 
nova relação ética. 
 
1.7 Classificações do Meio Ambiente 
Apesar de para muitos ainda persistir a equivocada concepção de que 
preservar o meio ambiente é proteger somente a fauna e a flora, 
contemporaneamente, o meio ambiente, enquanto bem jurídico constitucionalmente 
tutelado, pode ser enquadrado sob cinco prismas diferenciados: i) o meio ambiente 
natural; ii) o meio ambiente artificial; iii) o meio ambiente cultural; iv) o meio ambiente 
do trabalho; e, v) o patrimônio genético. 
i) Cuida dos recursos naturais: interações com a atmosfera, a águas, o solo, o 
subsolo, os elementos da biosfera, a fauna, a flora e a zona costeira. (Lei 6.938/81). 
Biosfera: conjunto de regiões da Terra onde existe vida. 
ii) Construído pela ação humana, transformando os espaços naturais em espaços 
urbanos (Art. 21, XX; 182 e segs., e 225 CF/88). 
iii) Relacionado com os bens da natureza material e imaterial, os conjuntos urbanos 
e sítios de valor histórico, paisagístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e 
científico. 
iv) Protege o homem em seu local de trabalho mediante observância às normas de 
segurança (Art. 7º, XXII; 200, VII e VIII CF/88). 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
18
 
v) Informação de origem genética de espécies vegetais, animais, microbianas ou 
espécies de outra natureza, incluindo substâncias oriundas do metabolismo destes 
seres vivos (Lei 13.123/201516). 
 
1.8 Responsabilidade Civil Ambiental 
Para que tratemos da responsabilidade civil decorrente de danos ambientais, 
é de suma importância que primeiramente façamos um estudo sobre a 
responsabilidade civil e sua classificação. 
A palavra responsabilidade tem sua origem etimológica no verbo latino 
respondere, de spondeo, primitiva obrigação de natureza contratual do Direito 
Romano, pela qual o devedor se vinculava ao credor nos contratos verbais, tendo, 
portanto, a ideia e a concepção de responder por algo. 
Segundo ÁLVARO VILLAÇA AZEVEDO (2011), responsabilidade civil “é a 
situação de indenizar o dano moral ou patrimonial decorrente de inadimplemento 
culposo, de obrigação legal ou contratual, ou imposta por lei”. 
Quanto à classificação da responsabilidade civil, temos duas teorias: a 
subjetiva e a objetiva. 
A teoria subjetiva tem na culpa seu fundamento basilar, só existindo a culpa 
se dela resulta um prejuízo. Todavia, essa teoria não responsabiliza aquela pessoa 
que se portou de maneira irrepreensível, distante de qualquer censura, mesmo que 
tenha causado um dano. Aqui, argui-se a responsabilidade do autor quando existe 
culpa, dano e nexo causal. 
A teoria objetiva não exige a comprovação da culpa e hodiernamente tem sido 
subdividida em pura e impura. 
A responsabilidade civil é objetiva pura quando resultante de ato lícito ou de 
fato jurídico, como alguém que age licitamente e, mesmo assim, deve indenizar o 
prejuízo decorrente de sua ação. Nesse caso, a lei deve dizer, expressamente, que 
o indenizador deve indenizar independentemente de culpa, como nos danos 
ambientais (art. 14, § 1º, da Lei 6938/81), nos danos nucleares (art. 4, da Lei nº 
6.453/7717) e em algumas hipóteses do Código do Consumidor. 
 
16 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13123.htm 
17 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6453.htm 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
19
 
Por outro lado, a responsabilidade civil objetiva impura existe quando alguém 
indeniza, por culpa de outrem, como no caso do empregador que, mesmo não tendo 
culpa, responde pelo ato ilícito de seu empregado (Súmula 341 do Supremo Tribunal 
Federal). 
 
Responsabilidade Civil por Danos Ambientais: após breve explanação 
sobre as teorias da responsabilidade civil, podemos finalmente abordar o tema no 
âmbito dos danos ambientais. O legislador pátrio consagrou a teoria da 
responsabilidade objetiva no que tange à responsabilização decorrente de danos 
ambientais, tendo como base a teoria do risco, segundo a qual cabe o dever de 
indenizar àquele que exerce atividade perigosa, consubstanciando ônus de sua 
atividade o dever de reparar os danos por ela causados e, assim, para que se prove 
a existência da responsabilidade por danos ambientais, basta a comprovação do 
dano existente e do nexo causal, conforme veremos mais detalhadamente a seguir. 
A culpa não precisará ser provada.Previsão Legal: 
 Decreto-Lei nº 79.437/7718: promulgou a Convenção Internacional sobre 
Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo. 
 Lei nº 6.453, de 17 de outubro de 1977: trata da responsabilidade civil por 
danos nucleares, prevendo em seu artigo 4º que “será exclusiva do operador da 
instalação nuclear, nos termos desta Lei, independentemente da existência de culpa, 
a responsabilidade civil pela reparação de dano nuclear causado por acidente 
nuclear”. 
 Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981: lei na Política Nacional do Meio 
Ambiente, artigo 14, § 1º: 
 
Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor 
obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar 
os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua 
atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade 
para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados 
ao meio ambiente. 
 
18 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1970-1979/D79437.htm 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
20
 
 Lei nº 7.347/85: Ação Civil Pública. 
 Constituição Federal, 1988: 
 Art. 21, inciso XXIII, alínea “c” – referente aos danos causados por atividade 
de exploração de energia nuclear, sob regime de permissão, são autorizadas 
a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual 
ou inferior a duas horas19; 
 Art. 225, § 2º e 3º – o primeiro tratando das condutas e atividades 
consideradas lesivas ao meio ambiente, sujeitando os infratores, pessoas 
físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente 
da obrigação de reparar os danos causados; e o segundo referente àquele 
que explorar recursos minerais, ficando obrigado a recuperar o meio ambiente 
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público 
competente, na forma da lei. 
 Lei nº 7.797/89: Fundo Nacional do Meio Ambiente. 
 Lei nº 7.802/8920: dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a 
embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a 
propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos 
resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a 
fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências. 
 
Natureza Jurídica do Meio Ambiente: como expresso no artigo 225, caput 
da Constituição Federal, o meio ambiente é bem de uso comum do povo. Assim, 
tratando-se de responsabilidade civil ambiental, deverá ser levada em conta a tutela 
do direito de toda a qualidade de vida, da compensação pelo equilíbrio ambiental. 
Dano Ambiental: o dano ambiental pode ser compreendido como qualquer 
lesão aos recursos ambientais, causando a degradação e, consequentemente, o 
desequilíbrio ecológico. Caracteriza-se pela pluralidade de vítimas. Quando ocorre o 
dano ambiental, afeta-se o direito de viver em meio ambiente ecologicamente 
equilibrado e da fruição desse bem de uso comum de todos, como consagrado no 
 
19Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006 
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc49.htm#art1). 
20 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7802.htm 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
21
 
artigo 225 de nossa Constituição Federal. Assim, não apenas a agressão à natureza 
que deve ser objeto de reparação, mas também a privação do equilíbrio ecológico, 
do bem-estar e da qualidade de vida imposta à coletividade. 
Nexo causal: na responsabilidade objetiva, além do dano supra explanado, 
também se deve provar o nexo de causalidade, ou seja, a relação entre a ocorrência 
do dano e a fonte causadora. Se o dano for causado por mais de uma fonte, 
havendo pluralidade de agente degradadores, todos deverão responder 
solidariamente, nos termos do artigo 942 do Código Civil (Lei 10.406/200221). 
Conclusão: os danos causados ao meio ambiente poderão ser tutelados por 
diversos instrumentos jurídicos, com destaque para a ação civil pública, ação 
popular e mandado de segurança coletivo, porém, antes que cheguemos a este 
ponto, é mister que o princípio da prevenção prevaleça, pois é muito melhor prevenir 
do que reparar, e, além disso, em muitos casos, o prejuízo ao meio ambiente é 
irreversível. 
 
1.9 Ação Civil Pública 
Neste item apresentamos um esboço com algumas características da ação 
civil pública, para que o interessado tenha uma ideia do que se trata. 
Histórico: os grandes movimentos ambientais mundiais geram 
conscientização da problemática ambiental. A degradação ambiental mais a 
impunidade geraram a necessidade de se encontrar formas de proteção jurídica ao 
meio ambiente e assim surgiram as leis relacionadas à sua proteção, cujo conjunto 
acabou se tornando o que chamamos de Direito Ambiental. 
Devido aos reflexos da class actions americana – que é o instrumento 
adequado à tutela dos interesses coletivos à defesa de grupos de pessoas ou 
segmentos sociais, surgiu no direito brasileiro a ação civil pública ou coletiva 
disciplinada pela Lei 7.347/85, tendo sido prevista posteriormente também pelo art. 
129, III, da Constituição Federal, que prevê o instrumento de tutela de interesses da 
sociedade. 
 
21 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
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22
 
Definição: a ação civil pública é a ação de caráter público que protege o meio 
ambiente os consumidores e os direitos difusos e coletivos, entre outros. Essa ação 
é civil porque se processa perante o juízo cível e é pública porque defende o 
patrimônio público, bem como os direitos difusos e coletivos. 
Natureza Jurídica: eminentemente processual. 
Objeto: condenação em pecúnia ou obrigação de fazer ou não fazer (art. 3º 
da Lei 7.347/85). 
Protege: o meio ambiente; o consumidor; bens e direitos de valor artístico, 
estético, histórico, turístico e paisagístico e qualquer outro interesse difuso ou 
coletivo e infração da ordem pública. 
 INTERESSES DIFUSOS: indivisível, titulares pessoas indetermináveis. 
 INTERESSES COLETIVOS: indivisível, os titulares são grupos, classes ou 
categorias. 
Atualmente tem-se entendido que o objeto da ação civil pública é muito 
amplo, em vista do que dispõe o inc. IV do art. 1º da Lei 7.347/85 quando diz “rege a 
lei qualquer outro interesse difuso ou coletivo” e o art. 110 do Código do 
Consumidor. 
Foro: local do dano (art. 2º). Havendo intervenção ou interesse da União, 
autarquia ou empresa pública federal, e não houver Vara da Justiça Federal na 
Comarca, será competente o juízo estadual local e em segunda instância o Tribunal 
Regional Federal da Região respectiva. De acordo com a Medida provisórianº 
2.180-35, de 2001, a propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas 
as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o 
mesmo objeto. 
Prescrição: ação imprescritível. 
Cautelar: possibilidade. Atualmente, com a possibilidade do adiantamento da 
tutela pretendida (art. 300, Código de Processo Civil, Lei 13.105/201522), pode ser 
pedida liminar no bojo da ação (art. 12º da Lei 7.347/85). 
Legitimidade Ativa: Ministério Público, Defensoria Pública, União, Estados, o 
Distrito Federal, Municípios, autarquias, empresas públicas, fundações, sociedades 
 
22 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
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23
 
de economia mista e associações que incluam, entre suas finalidades institucionais, 
a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à 
ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou 
religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (art. 5º 
da Lei 7.347/85). 
Legitimidade Passiva: o causador do dano. 
Denunciação da Lide: não cabe, pois a responsabilidade objetiva não pode 
ser acumulada com a responsabilidade por culpa. 
Litisconsorte Ativo Facultativo: possibilidade. 
Inquérito Civil: procedimento administrativo investigatório, com natureza 
jurídica inquisitorial. (art. 8º, § 1º da Lei 7.347/85). É peça fundamental, podendo ser 
dispensável apenas em casos de urgência e relevância assim reconhecidas. A 
instauração do inquérito civil preparatória da ação civil pública é atribuição do 
Ministério Público, sendo sua função constitucional, nos termos do art. 129, III, da 
Constituição Federal. 
Compromisso de Ajustamento: previsto no inquérito (art. 5º, § 6º da Lei 
7.347/85), bem como na ação. 
Arquivamento: pelo MP (art. 9º da Lei 7.347/85). 
Código de Processo Civil: aplicação subsidiária (art. 19º da Lei 7.347/85). 
Reparação de Dano: para reparar dano ambiental que é a lesão aos 
recursos ambientais (Lei 6.938/81, art. 3º, V): 
a- retorno ao “status quo ante” pela reparação ou recuperação; 
b- indenização em dinheiro, forma final. 
Responsabilidade Objetiva: no caso de dano ambiental, independente de 
prova de culpa. Pressupostos: ação ou omissão do réu; evento danoso; relação de 
causalidade. 
Meio Ambiente: patrimônio indispensável do Estado. 
Sentença: efeito coisa julgada erga omnes (art. 16 da Lei 7.347/85), exceto 
se a ação for julgada improcedente por deficiência de provas. Ou seja: a sentença 
civil fará coisa julgada perante terceiros e frente a todos e não somente perante as 
partes. Coisa julgada é quando a sentença não está mais sujeita a recurso ordinário 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
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24
 
ou extraordinário, tornando-se imutável e indiscutível (art. 502 do Código de 
Processo Civil, CPC/2015). 
 
1.10 Participação da Sociedade na Problemática Ambiental 
A Constituição Federal, em seu art. 225, caput, diz que o meio ambiente sadio 
e equilibrado é um bem de uso comum do povo, insuscetível de apropriação por 
quem quer que seja. Como dito em outras ocasiões, “Meio Ambiente” pode ser 
definido como o conjunto de condições e de fatores físicos, químicos, climáticos e 
biológicos, entre outros, que favorece a existência, a manutenção e o 
desenvolvimento da vida animal e vegetal em interdependência em determinada 
área. 
Esse conjunto de condições é necessário à existência de vida animal e 
vegetal e é de suma importância, devendo ser protegida, daí porque é contemplado 
pela nossa Carta Magna, mas para sua proteção, é necessária uma sistemática 
legal eficaz, bem como uma fiscalização concreta na execução das políticas 
ambientais e na execução de obras que demandem depredação ao meio ambiente. 
Por último, é importante que seja permitida a provocação e consequente atuação do 
Poder Judiciário na repreensão dos transgressores para que seja mantida a ordem 
pública ambiental. 
Essas medidas referidas já encontram respaldo jurídico no Brasil, uma vez 
que é possibilitada a participação popular na apresentação de projetos de leis nos 
âmbitos Federal, Estadual e Municipal, limitando-se apenas a um certo número de 
cidadãos. Assim, as entidades ambientais e os cidadãos em conjunto podem iniciar 
o processo legislativo participando efetivamente na elaboração de leis de proteção 
ambiental. 
Também podem participar na fiscalização e na execução de obras e na 
política ambiental em discussão pública quando da elaboração do Estudo de 
Impacto Ambiental (EIA) e seu Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), peças 
fundamentais e obrigatórias nas obras com potencial de degradação ao meio 
ambiente. Dessa forma, a sociedade pode também participar e exarar um controle 
ambiental na execução de obras que demandem custo ecológico. Observa-se, 
 
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ainda, que a Constituição do Estado de São Paulo em seu artigo 193, caput, e XVIII, 
garante a participação da coletividade na proteção ao meio ambiente. 
Por último, para que se possa efetivamente barrar qualquer iniciativa 
predatória ao meio ambiente, podem e devem os cidadãos e/ou as entidades 
sociais, provocar a atuação jurisdicional do Estado, dispondo para isso da ação 
direita da inconstitucionalidade de lei ou ato normativo; da ação civil pública, ação 
popular constitucional para o fim de anular ato lesivo ao patrimônio público; 
mandado de segurança coletivo às entidades associativas, aos partidos políticos e 
aos sindicatos para defender interesses transindividuais; e ainda o mandado de 
injunção em se faltando norma regulamentadora a agasalhar um direito reconhecido. 
Assim, conclui-se que no ordenamento jurídico brasileiro há normas legais 
suficientes para que a sociedade como um todo possa participar na criação de leis 
ambientais, na fiscalização das atividades danosas ao meio ambiente, bem como 
proteger esse com medidas jurídicas eficazes, conforme normas abaixo 
relacionadas. 
Basta a boa vontade da coletividade aliada a uma conscientização da 
importância da preservação da natureza, sendo esse o mais rico legado que 
podemos deixar aos nossos descendentes. 
Legislação sobre a temática: Constituição Federal, art. 225, caput - Meio 
Ambiente como bem de uso comum do povo, insuscetível de apropriação. 
Meio Ambiente: conjunto de condições e de fatores físicos, químicos, 
climáticos e biológicos, entre outros, que favorecem a existência, a manutenção e o 
desenvolvimento da vida animal e vegetal em interdependência em determinada 
área. 
 PARTICIPAÇÃO POPULAR E DE ENTIDADES NA APRESENTAÇÃO DE 
PROJETOS DE LEIS: arts. 14, II, III; 29, XI e 61, § 2º da Constituição Federal e no 
caso de São Paulo nos arts. 22, IV e 24, § 3º, 1 e 2 da Constituição Estadual. 
 PARTICIPAÇÃO POPULAR E DE ENTIDADES NA FISCALIZAÇÃO E NA 
EXECUÇÃODE OBRAS: na elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e no 
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Lei 6.938/80, Lei 6.803/80, Dec. 88.351/83, 
 
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Res. 001/8623, do CONAMA. Constituição do Estado de São Paulo, art.193, caput, 
XVIII. 
 PARTICIPAÇÃO POPULAR E DE ENTIDADES NA PROTEÇÃO LEGAL: 
provocando a atuação jurisdicional do Estado mediante: ação direta da 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo (art. 102, I, “c”, art. 103 da C.F.); ação 
civil pública art. 129, III, e § 1º da C.F. c.c. Lei 7.347 de 24.07.85; ação popular 
constitucional art .5º, LXXIII da C.F.) para o fim de anular ato lesivo ao patrimônio 
público; mandado de segurança coletivo (art. 5º, LXXI da C.F.) às entidades 
associativas, aos partidos políticos e aos sindicatos para defender interesses 
transindividuais; e ainda o mandado de injunção (art. 5º, LXXII da C.F.) em se 
falando norma regulamentadora a agasalhar um direito reconhecido. 
 
1.11 Desconsideração da Pessoa Jurídica na Questão Ambiental 
Como se sabe, as pessoas jurídicas não se confundem com as pessoas 
físicas de seus sócios, sendo essa distinção amplamente reconhecida na legislação 
e na doutrina brasileiras. 
Porém, já há algum tempo essa diferenciação clássica vem sofrendo algumas 
limitações e restrições, notadamente quando se constata que a pessoa jurídica foi 
utilizada para fraudar ou impedir a responsabilização por atos fraudulentos, como 
por exemplo, constituição da empresa para acobertar negócios ilegais dos sócios e a 
delapidação do patrimônio social no correr de processo com o intuito de prejudicar 
credores. 
Todas as sociedades civis ou comerciais devem ter como objeto fins lícitos e 
quando cometem algum ato ilícito devem responder por ele, o que normalmente 
ocorre de forma monetária como nos casos de indenizações civis, trabalhistas, entre 
outros. Também pode acabar respondendo drasticamente com o patrimônio pela 
má-administração, culminando muitas vezes com a falência, o que liquida as suas 
possibilidades no mercado. Tudo isso forma o contexto de atividade normal de risco 
da sociedade. 
 
23 Alterada pelas Resoluções nº 11, de 1986, nº 05, de 1987, e nº 237, de 1997. 
 
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27
 
Mas quando ela é constituída com o intuito de fraudar, acobertar objetos 
ilícitos ou ainda passa a dificultar a sua responsabilização patrimonial com 
mecanismos ilegais, estará sujeita a ser desconsiderada para a recuperação dos 
bens ou para que seus sócios respondam com seu patrimônio pelos atos praticados 
por ela, aplicando-se assim o instituto jurídico denominado “desconsideração da 
personalidade jurídica”. 
A desconsideração da pessoa jurídica ou da personalidade jurídica, ou ainda 
do inglês “disregard of legal entity” já vem sendo aplicada no Brasil há alguns anos, 
estando a matéria praticamente consolidada tanto na doutrina quanto na 
jurisprudência. Com a entrada em vigor da Lei nº 9.605, de 13.2.98 (Lei dos Crimes 
Ambientais), o referido instituto voltou à tona já que é previsto especificamente em 
se tratando de ilícitos de cunho ambiental (art. 4º); pois vejamos. 
A citada lei ambiental prevê também inovações interessantes como a 
possibilidade de condenação do diretor, administrador, membro de conselho e órgão 
técnico, auditor, gerente, preposto ou mandatário de pessoa jurídica que sabendo da 
conduta criminosa de outrem elencada na lei deixar de impedir sua prática, quando 
podia agir para evitá-la (art. 2º). E ainda a possibilidade de responsabilização 
administrativa, civil e penal das pessoas jurídicas por infrações cometidas por 
decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado no 
interesse ou benefício da sua entidade (art. 3º). 
Já seu art. 4º diz que: “poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre 
que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à 
qualidade do meio ambiente”, estando aí prevista expressamente a figura da 
“desconsideração da personalidade jurídica” na esfera dos crimes ambientais. Isto é 
muito importante, pois a aplicação desse instituto permite a justiça inibir a fraude de 
pessoas que utilizam as regras jurídicas da sociedade para fugir de suas 
responsabilidades ou mesmo agir fraudulentamente. 
Ademais, não podemos esquecer que no caso dos crimes ambientais o bem 
tutelado é o meio ambiente que é considerado como bem de uso comum do povo 
(art. 225 da Constituição Federal), ou seja, é um bem difuso e de interesse de todos, 
que deve ser defendido por todos. Desse modo, a pessoa jurídica que praticar algum 
ilícito ambiental responderá juntamente com a pessoa física causadora do dano 
 
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entre as elencadas no art. 2º, pelos atos praticados por esta em seu nome (art. 3º). 
Também aquele que se esconder por detrás de uma sociedade, seja qual for, para 
praticar atos delituosos contra a qualidade do meio ambiente natural, artificial, 
cultural e do trabalho, deverá responder administrativa, civil e penalmente por eles, 
com aplicação do instituto da “desconsideração da pessoa jurídica”. 
Aliás, é bom observar também, quanto à indenização na esfera civil, que a 
responsabilidade objetiva está em vigor, bastando ser averiguado o dano e a autoria 
para gerar a obrigação de indenizar, pois a Lei nº 9.603/98 não excluiu a 
responsabilidade na esfera civil; e nem poderia por existir previsão constitucional 
nesse sentido - art. 225, §3º (CF/88) e Lei 6.938/81 que institui a Política Nacional do 
Meio Ambiente e regulamenta o tema, prevendo-o em seu art. 14, § 1º. 
Portanto, as empresas ou indústrias em geral devem estar atentas às 
questões ambientais para que possam adaptar suas atividades e parques industriais 
aos novos anseios mundiais preservacionistas senão quiserem estar expostas a 
sanções que poderão inviabilizar seu empreendimento. 
 
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UNIDADE 2 – LEI 6.938/8124 
 
A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional 
de Meio Ambiente (PNMA), seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá 
outras providências, foi realmente um marco histórico para o Brasil, momento a partir 
do qual nossos recursos ambientais passaram a vislumbrar proteção e preservação. 
A Lei de PNMA foi responsável pela inclusão do componente ambiental na 
gestão das políticas públicas e decisiva inspiradora do Capítulo do Meio Ambiente 
na Constituição de 1988. Transformou a visão sobre a temática ambiental nos 
empreendimentosbrasileiros, orquestrando um processo fundamental para a 
evolução do País rumo ao Desenvolvimento Sustentável (FIORI; LARA; JARDIM, 
2006). 
De acordo com o art. 1º, a lei é fundamentada nos incisos VI e VII do art. 23 e 
art. 235 da CF/88, estabelecendo a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e 
mecanismos e formulação e aplicação, constituindo ainda o Sistema Nacional do 
Meio Ambiente (Sisnama) e instituindo o Cadastro de Defesa Ambiental (redação 
dada pela Lei nº 8.028/90. 
Segundo LUÍS PAULO SIRVINSKAS (2005), a lei em questão definiu 
conceitos básicos como o de meio ambiente, de degradação e de poluição e 
determinou os objetivos, diretrizes e instrumentos, além de ter adotado a teoria da 
responsabilidade. 
De acordo com RICARDO CARNEIRO (2003), a política ambiental é a 
organização da gestão estatal no que diz respeito ao controle dos recursos 
ambientais e à determinação de instrumentos econômicos capazes de incentivar as 
ações produtivas ambientalmente corretas. 
 
A PNMA se resume no conjunto de metas e mecanismos que visam reduzir 
os impactos negativos da ação antrópica – aqueles resultantes da ação 
humana – sobre o meio ambiente. Como toda política, possui justificativa 
para sua existência, fundamentação teórica, metas e instrumentos, e prevê 
penalidades para aqueles que não cumprem as normas estabelecidas. 
Interfere nas atividades dos agentes econômicos e, portanto, a maneira pela 
 
24 Para alterações na referida lei, bem como anexos, verificar em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm 
 
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qual é estabelecida influencia as demais políticas públicas, inclusive as 
políticas industriais e de comércio exterior (LUSTOSA et al., 2003, p. 135). 
 
Sendo assim, por Política Nacional do Meio Ambiente se compreende as 
diretrizes gerais estabelecidas por lei que têm o objetivo de harmonizar e de integrar 
as políticas públicas de meio ambiente dos entes federativos, tornando-as mais 
efetivas e eficazes. 
A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, 
melhoria e recuperação da qualidade ambiental para a vida, visando assegurar, no 
país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança 
nacional e à proteção da dignidade da vida humana. 
Dessa maneira, o objetivo geral da Política Nacional do Meio Ambiente está 
dividido em preservação, melhoramento e recuperação do meio ambiente. Preservar 
é procurar manter o estado natural dos recursos naturais impedindo a intervenção 
dos seres humanos. Significa perenizar, perpetuar, deixar intocados os recursos 
ambientais (ANTUNES, 2000). 
Melhorar é fazer com que a qualidade ambiental se torne progressivamente 
melhor por meio da intervenção humana, realizando o manejo adequado das 
espécies animais e vegetais e dos outros recursos ambientais (SIRVINSKAS, 2005). 
É a atribuição ao meio ambiente de condições melhores do que ele apresenta 
(ANTUNES, 2000). 
Recuperar é buscar o status quo ante de uma área degradada por meio da 
intervenção humana, a fim de fazer com que ela volte a ter as características 
ambientais de antes (SIRVINSKAS, 2005). 
A recuperação é o objetivo mais difícil, em alguns casos até impossível, de 
ser alcançado, tendo em vista as características próprias do dano ambiental, sendo 
mais importante do que a punição de um degradador a imposição da recuperação do 
que foi degradado quando isso for possível (ANTUNES, 2000). 
Em 2012, com a Lei nº 12.651 (Código Florestal), que dispõe sobre a 
proteção da vegetação nativa e altera as Leis nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, nº 
9.393, de 19 de dezembro de 1996, e nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006; 
revoga as Leis nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e nº 7.754, de 14 de abril de 
1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; dando outras 
 
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providências e, na sequência, a Lei nº 12.727 de 17 de outubro de 2012, foram 
estabelecidos limites de uso da propriedade, que deve respeitar a vegetação 
existente na terra, considerada bem de interesse comum a todos os habitantes do 
Brasil. 
Entre as principais atualizações do Código Florestal Brasileiro, podemos 
destacar a obrigatoriedade de proteger e usar, de forma sustentável, as florestas, 
consagrando o compromisso do País com a compatibilização e harmonização entre 
o uso produtivo da terra e a preservação da água, do solo e da vegetação. Da 
mesma forma, incentiva a pesquisa científica e tecnológica na busca da inovação 
para o uso sustentável do solo e da água, a recuperação e a preservação das 
florestas e demais formas de vegetação nativa. Outra alteração bastante significativa 
foi quanto ao uso das faixas marginais de qualquer curso d’água natural, perene e 
intermitente. Foi incluído também o Capítulo III – A, que aborda o uso 
ecologicamente sustentável dos apicuns e salgados, estes podendo ser utilizados 
em atividades de carcinicultura e salinas, contanto que se garanta a manutenção da 
qualidade da água e do solo. 
 
2.1 Sistema Nacional do Meio Ambiente 
O Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISAMA, congrega os órgãos e 
instituições ambientais da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, 
cuja finalidade primordial é dar cumprimento aos princípios constitucionalmente 
previstos e nas normas instituídas, apresentando a seguinte estrutura: 
 CONSELHO DE GOVERNO: órgão superior de assessoria ao Presidente da 
República na formulação das diretrizes e política nacional do meio ambiente. 
 CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA): órgão consultivo 
e deliberativo. Assessora o Governo e delibera sobre normas e padrões compatíveis 
com o meio ambiente, estabelecendo normas e padrões federais que deverão ser 
observados pelos Estados e Municípios, os quais possuem liberdade para 
estabelecer critérios de acordo com suas realidades, desde que não sejam mais 
permissivos. 
 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA): planeja, coordena, controla e 
supervisiona a política nacional e as diretrizes estabelecidas para o meio ambiente, 
 
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executando a tarefa de congregar os vários órgãos e entidades que compõem o 
SISAMA. 
 INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS 
NATURAIS RENOVÁVEIS (IBAMA): é vinculado ao MMA. Formula, coordena, 
fiscaliza, controla, fomenta, executa e faz executar a política nacional do meio 
ambiente e da preservação e conservação dos recursos naturais. 
 INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE 
(ICMBio): autarquia em regime especial vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e 
integrada Sisnama. Foi criado pela lei nº 11.516, de 28 de agosto de 2007. É 
responsável por propor, implantar, gerir, proteger, fiscalizar e monitorar as unidades 
de conservação federais, além de fomentar e executar programas de pesquisa, 
proteção,

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