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CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 DIREITO PROCESSUAL PENAL II POR: NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES - PROVAS: . 27 de setembro de 2022 – 1ª avaliação. . 29 de novembro de 2022 – 2ª avaliação (morte súbita). - FICHAMENTO: . 1ª fichamento: . Sentença penal: incluso emendatio libeli e mutatio libeli. . Meios autônomos de impugnação de decisões judiciais. . 2ª fichamento: . Nulidades (teoria geral e nulidades em espécie). . Teoria Geral dos Recursos. . OBS: ENTREGAR UNICAMENTE PELO E-MAIL (rabgomes@faculdadebaianadedireito.com.br). . Fonte Arial, tamanho 12. . Assunto do e-mail: nome do aluno, turma, e Processo Penal II. mailto:rabgomes@faculdadebaianadedireito.com.br CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 COMPETÊNCIA E JURISDIÇÃO 1) Revisão: . Processo Penal como um conjunto normativo/sistêmico que estrutura a persecução penal, isto é, os meios processuais para que o Estado possa aplicar o Direito Penal ao caso concreto. . Estruturar os meios para a persecução = buscar provas que fundamentem/justifiquem aquela persecução. – PODER DE PERSEGUIR DENTRO DAS NORMAS = DENTRO DO QUE O ORDENAMENTO PERMITE (mecanismos impondo limites a persecução, garantindo ao indivíduo que esta não será desmedida). . Estruturação de meios de impugnação do indivíduo a persecução, isto é, meios para se opor a esta. Não adianta apenas criar os mecanismos persecutórios e limita-lo. É preciso que o indivíduo possa se contrapor a persecução. – Esses meios devem ser amplos (princípio da AMPLA DEFESA). . O Judiciário deve estar preocupado em não permitir que a persecução ultrapasse os limites impostos por lei (JUIZ DE GARANTIAS). . Persecução penal precisa ser eficiente, para que se cumpra um dos braços da segurança pública (que é um direito de todos). . Nenhum discurso pode levar a uma persecução desmedida. – Crítica que se faz em relação a LAVAJATO. . Etapa pré-processual: estrutura o sistema preliminar de investigação, os quais permitem elucidar um fato supostamente delituoso e consequentemente enseja também que seja possível analisar se é possível ou não cravar a ação penal. . Ação penal precisa de justa causa para ser iniciada. . Inquérito policial não é utilizado por outras instituições. . Polícia civil (estados e DF); Polícia Federal (União). . Procedimento Investigatório Criminal (PIC), Procedimento Parlamentar (CPI’s). . Procedimentos de corregedorias, órgãos administrativos etc. – Não possuem intuito de elucidar crimes, mas podem acabar encontrando traços criminais no âmbito de seus processos internos. . Termo Circunstanciado não é exclusivo da polícia judiciária (civil e federal), segundo STF. – Pode ser feita pela polícia rodoviária federal e militar também. . Lavratura de prisão em flagrante como forma de instauração de inquérito policial pressupõe/exige que a vítima tenha autorizado tal ato NOS CASOS DE AÇÃO PENAL PRIVADA OU AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA. CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 . Inquérito policial instaurado tem que ser agora INSTRUÍDO (diligências investigativas elencadas de forma exemplificativa nos artigos 6° e 7° do CPP/ Lei 12.830 que regula a carreira de delegado de polícia). . Legislador não prevê ANPP na ação penal privada. 2) Jurisdição: . A maneira de se aplicar qualquer tipo de sanção ao suposto agente de fato delituoso passa pelo Poder Judiciário. – Não temos como regra a autotutela, salvo raríssimas exceções como a legítima defesa. . Fase investigativa se submete ao controle do Poder Judiciário, uma vez que muitos atos não são autoexecutáveis, isto é, precisam de autorização do judiciário; ou até mesmo os autoexecutáveis precisam em alguns momentos passar por uma análise de controle de legalidade. . É necessário, então, um controle de legalidade, exercido pelo Judiciário. . Quais são os juízos que podem presidir os processos? . Temos ações que iniciam na instância inicial. Mas, qual o órgão competente em razão de lugar, matéria, função etc.? Temos ações que partem dos Tribunais etc. Assim reside a necessidade de estudar jurisdição e competência. . Jurisdição: é a capacidade genérica de aplicar o direito objetivo. . Poder de dizer/aplicar o Direito ao caso concreto. . Jurisdição é dita como UNA. . É una porque a capacidade de dizer o Direito de todos os juízes, depende da jurisdição = decorre do poder de julgar. – UNO ENTÃO É O PODER DE JULGAR. . A jurisdição pertence ao Poder Judiciário, diferenciando-se apenas no tocante à sua aplicação e grau de especialização. . Só podem falar ao final “isto posto, condeno...”, porque estão investidos do mesmo poder. . O poder é o mesmo, mas essa capacidade de dizer o Direito (que só nasce quando se tem a investidura de juiz), necessita de LIMITES. . A jurisdição é indivisível (cada órgão jurisdicional tem as suas funções que não são divididas com outros, isto é, são próprias dos órgãos); indelegável (um juiz não pode delegar suas funções para outro órgão – salvo exceções: carta precatória e carta de ordem); inerte (até como forma de garantir a imparcialidade, pois ao iniciar uma demanda cria-se um vínculo subjetivo com esta – a única exceção no processo penal seria a concessão de habeas corpus de ofício); substitutiva; imparcial; inevitável (não podemos escolher que a jurisdição lhe atinja). . Carta precatória e carta de ordem são, na verdade, delegação de competência. CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 4 . Inerte = em regra, os órgãos jurisdicionais para atuar precisam ser PROVOCADOS. – Vínculo subjetivo – imparcialidade. . Substitutiva = atuação do Estado em substituição à vontade das partes na resolução das lides, o que impede, em regra, a autotutela. . Outras características: . Existência de lide = pressupõe-se uma lide, um conflito de interesses qualificado pela pretensão resistida. – TODAVIA, SEGUNDO O PROFESSOR NESTOR TAVORA, NO PROCESSO PENAL NÃO HÁ, A RIGOR, CONFLITO DE INTERESSES, TENDO EM VISTA QUE TANTO A ACUSAÇÃO COMO A DEFESA TÊM UM MESMO OBJETIVO QUE É O “PROVIMENTO JURISDICIONAL”, além de que o MP deixou há muito tempo de ser mero órgão de acusação, passando a funcionar como fiscal da lei e guardião da sociedade. . IMUTABILIDADE = a jurisdição tem o seu exercício concluído em uma sentença que visando a pacificação social deve ter caráter definitivo, salvo exceções expressamente previstas em lei, a exemplo da revisão criminal pro reo. . INDECLINABILIDADE = juiz não pode deixar de julgar os casos que lhe forem apresentados. . INEVITABILIDADE = jurisdição não está sujeita a vontade das partes. . IMPRORROGABILIDADE = as partes, mesmo que queiram, não podem subtrair ao juízo natural o conhecimento de determinada causa na esfera criminal. . INAFASTABILIDADE = a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça ao direito. A) Princípio da correção ou reatividade: . Deve existir correspondência entre a sentença e o pedido feito. . É vedado julgamento extra, citra ou ultra petita. . Princípio da correlação x emendatio libeli: . Modificação, pelo juiz, da capitulação jurídica dada ao fato na inicial acusatória. . Momento: na prolação da sentença. . Exemplo: MP narra subtração com violência na descrição dos fatos na inicial, mas ao final requer condenação por furto. . Sem ouvir as partes, o magistrado altera o tipo penal, ainda que a pena do novo delito seja mais grave. . Não há prejuízo, pois o réu se defende dos fatos, e estes não foram alterados por ocasião da aplicação do instituto. . É possível aplicação em instância recursal. – Somentenão se aplica se for prejudicial ao réu. CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 5 . Possíveis consequências da aplicação do instituto: oferecimento da proposta de suspensão condicional do processo; ou remessa dos autos p/ o juiz competente. . Princípio da correlação x mutatio libeli: . Oportunidade do MP incluir nova circunstância fática, em razão de divergência entre os fatos indicados na inicial e aqueles apurados em instrução processual. . Momento: encerrada a instrução probatória. . Exemplo: MP narra subtração sem violência na denúncia e requer condenação por furto, mas a instrução revela ter havido violência na execução. . Abre-se vista para o MP aditar a denúncia no prazo de 5 dias. O defensor se manifesta também em 5 dias. – Haverá novo interrogatório, e oitiva de testemunhas (máximo de 3). . Como aqui estamos alterando fatos, e o réu se defende de fatos = ELE PRECISA SER INTIMADO E SE MANIFESTAR SOBRE O ADITAMENTO. . Não se aplica em fase recursal. . Aplica-se somente às ações públicas e a privada subsidiária da pública. . Possíveis consequências da aplicação do instituto: oferecimento da proposta de suspensão condicional do processo; ou remessa dos autos p/ o juiz competente. 3) Competência: . Competência é capacidade específica de aplicar o direito objetivo decorrente de uma delimitação prévia, constitucional e legal. . TODO JUIZ QUE POSSUI COMPETÊNCIA PARA ATUAR NO CASO CONCRETO POSSUI JURISDIÇÃO, MAS NEM TODO JUIZ QUE POSSUI JURISDIÇÃO POSSUI COMPETÊNCIA PARA ATUAR NO CASO CONCRETO. . Jurisdição todo juiz tem (investidura), mas competência não. . Exemplo: o STF tem competência sobre todo território nacional, enquanto um juiz de direito tem competência apenas na comarca que exerce suas funções. . Nós temos no Brasil jurisdições militar, comum, eleitoral e trabalhista. . Única justiça que não tem competência penal é a trabalhista. . A justiça militar federal só tem competência penal. . 1ª instância: juízo de conhecimento. . 2ª instância: tribunais de apelação. – Não são desembargadores, são juízes. . Instância superior: recursos de natureza extraordinária. – Preciso demonstrar a pertinência a Lei Federal (CF) para alcançar essa instância. – Alcança todos tribunais superiores (exceto STM, que não possui função nessa ordem). CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 6 . Instância (divisão administrativa/estrutural do Poder Judiciário) não se confunde com grau de jurisdição (capacidade de julgamento). . Normalmente instância e grau são equivalentes. Mas, posso iniciar o processo judicial na 2ª instância, se tornando este o 1° grau de julgamento (1°grau de jurisdição). STM STJ TSE TST TRT’s Varas Trabalhistas TRE Zonas eleitorais Conselho temporário Conselho permanente Auditorias militares TJDFT TRF’s TJ estaduais Turmas Recursais Varas Seções e Subseções Varas JECRIM Turmas Recursais JECRIM Turmas Recursais Varas; JEC (juizado de pequenas causas) e JECRIM Comarcas Entrâncias CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 7 . Justiças especializadas: justiça trabalhista; justiça eleitoral; justiça militar. . Justiças comuns: justiça estadual; justiça federal; TJFD. – Entre essas 03, a Federal é a mais especializada, pois possui competência típica (em casos envolvendo conexão ou continência, a Justiça Federal atrai, prevalecendo, pois é entre as comuns a mais especializada). . OBS: a conexão se revela como instrumento de unificação de processos que guardam, entre si algum vínculo. Já a continência, como o próprio nome indica, ocorre quando um fato criminoso contém outros, o que impõe que o julgamento de todos seja realizado em conjunto. A) Justiça eleitoral: . Tem competência para julgar crimes eleitorais e aqueles que lhe são conexos ou contingentes. . OBS - conexão entre crime eleitoral e crime contra a vida: considerando que ambos têm previsão constitucional, e que nos dois casos a competência é especializada, em caso de configurada tal conexão, deverá se separar os dois tipos penais, sendo o crime eleitoral julgado pela JUSTIÇA ELEITORAL; e o crime contra a vida, mediante o TRIBUNAL DO JURI. – É o entendimento doutrinário prevalente. . OBS: segundo o STJ, em relação ao crime caracterizado pela destruição de título eleitoral de terceiro, quando não houver vinculação com pleitos eleitorais e o intuito for, tão somente, impedir a identificação pessoal = competência da JUSTIÇA FEDERAL. . Previsão na CF nos artigos 118 a 121. . Justiça eleitoral não tem corpo próprio de servidores, usa-se o corpo de outro órgão. . Juiz eleitoral é na verdade um juiz de Direito exercendo uma função eleitoral. . TSE (3 ministros do Supremo, 2 ministros do STJ e 2 advogados escolhidos mediante habilitação e requisitos – PODE SER MAIOR, MAS ESSA É A MÍNIMA COMPOSIÇÃO). – 02 anos de mandato, cabendo recondução. . TRE (2 desembargadores indicados pelo TJ do Estado, 2 juízes indicados pelo TJ do Estado, 2 advogados, 1 juiz federal (nos estados sede do TFR, será um desembargador federal; já nos estados onde não houver sede de TRF será um juiz federal de primeira instância indicado pelo tribunal que ele está vinculado). – Mandato de 02 anos, cabendo recondução (“renovação do mandato para continuar atuando”). . OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: . Um município pode ser uma comarca. – Mas, existem comarcas que abrangem mais de um município. . Uma zona eleitoral pode equivaler a uma comarca. Essa comarca pode ter somente um município, ou mais de um. CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 8 . Uma comarca pode ter várias zonas eleitorais. – Exemplo: Salvador (que é também uma comarca com mais de 01 município, já que a comarca aqui abrange Madre de Deus também). . Comarca com um só juiz, ele é o juiz de comarca e o juiz da zona eleitoral (salvo algum impedimento legal ligado a pessoa). . Comarca com uma única zona eleitoral, mas com vários juízes, tem que haver um rodízio de juízes de 02 em 02 anos. . OBS: Compete à justiça eleitoral julgar as matérias eleitorais. – Quem diz o que é crime eleitoral é a lei, não o que achamos. Assim, não podemos simplesmente falar “ah, é candidato, é crime eleitoral”, porque DEPENDE!!!!!!!!!!!! . Não é o período eleitoral; nem a pessoa que cometeu o crime (se eleitor ou não) que define o crime eleitoral, mas tão somente a escolha do legislador. . Também pode processar MS ou habeas corpus que guarde pertinência com o tema. . Também julga crimes comuns com conexão ou continência aos crimes eleitorais, independente do crime comum ser de competência federal ou estadual. – Exceção dos crimes contra a vida (já que o tribunal do júri prevalece). . Se a infração eleitoral ou aquela que lhe seja conexa estiver dentro do menor potencial ofensivo, admite-se aplicação dos institutos despenalizadores da Lei 9.099/95, como a composição civil dos danos e transação penal. Também cabe a suspensão condicional do processo, ANPP e colaboração premiada. B) Justiça Militar: - Ente federado: a justiça militar aqui tratada é pertencente a união/federal, de forma que, existe a justiça militar dos Estados, mas não se está tratando dela agora. . A Justiça Militar da União analisa somente a natureza do crime cometido para definir a sua competência, seja o acusado civil ou militar. Portanto, tem-se que a competência da Justiça Militar da União, por decorrer somente da matéria (crime militar), é ratione materiae. . OBS: Civis (inclusive no exercício de polícia militar estadual) podem, excepcionalmente,ser julgados pela justiça militar, quando houver atentando a interesse militar, segundo entendimento do STF: "A submissão do civil, em tempo de paz, à Justiça Militar é excepcional, que só se legitima quando a conduta delituosa ofender bens jurídicos tipicamente associados às funções das Forças Armadas, delineadas, em linhas gerais, no artigo 142 da CF/88 (Constituição de 1988)”. CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 9 - STM: § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. . STM é um órgão de 2ª instância. – Ele é o próprio órgão recursal. . A CF adotou como parâmetro para a definição de crime militar o critério ratione legis = crime militar é aquele definido por lei competente para tal. . Justiça militar é incompatível com a Lei 9.099/95, então são se aplicam os institutos despenalizadores aqui. . Justiça militar estadual = julga bombeiro militar e polícia militar. . OBS: nem todo bombeiro é militar, de forma que se for bombeiro civil será julgado na justiça estadual. . Policial rodoviário federal não é julgado na justiça militar. . Justiça militar da união = julga forças armadas e civis (que porventura pratiquem infrações penais violando interesse militar, tal como roubo de armamento do quartel do exército). . STM – julgar crimes militares, MAS É PRECISO MUITA ATENÇÃO. . Exemplo: militar pratica homicídio contra um civil = não interessa, em regra, vai para o júri da justiça comum (onde se analisará se viola interesse da União p/ ser júri federal; ou se não viola, p/ ser júri estadual). – Salvo se for uma questão de militar das forças armadas culposamente em função pública de notável manutenção da garantia da lei e da ordem (GLO) vai para justiça militar. . OBS: crime praticado por militar, fora do serviço, com a arma da cooperação = JUSTIÇA COMUM. . Competência exclusivamente penal: a justiça militar especial só julga matéria penal. . Art. 9° e 10° do Código Penal Militar e traz todas as circunstâncias dos crimes militares. . OBS: a competência estadual da Justiça Militar Estadual é estipulada pelo local em que o policial estadual exerce as suas funções, pouco importando o Estado-membro em que houve a consumação do delito. SÚMULA 78 - COMPETE A JUSTIÇA MILITAR PROCESSAR E JULGAR POLICIAL DE CORPORAÇÃO ESTADUAL, AINDA QUE O DELITO TENHA SIDO PRATICADO EM OUTRA UNIDADE FEDERATIVA. . Exemplo: Se um policial de MG pratica um crime na Bahia, deverá, pois, ser julgado na Justiça Estadual de Minas Gerais. CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 10 . OBS - conexão entre crime militar e crime comum = separa os crimes para ser julgado em jurisdições distintas, tal qual a súmula abaixo: SÚMULA 90 - COMPETE A JUSTIÇA ESTADUAL MILITAR PROCESSAR E JULGAR O POLICIAL MILITAR PELA PRATICA DO CRIME MILITAR, E A COMUM PELA PRATICA DO CRIME COMUM SIMULTANEO AQUELE. . OBS: . Crimes militares próprios – são os que estão previstos e exclusivamente presentes no CPM. . Crimes militares impróprios – são os que dependem de uma condição especial para serem considerados militares, pois estão tipificados em outras leis. . Antes os crimes militares impróprios exigiam duas condições para atrair a competência da Justiça Castrense (i) previsão do mesmo crime no CPM e na lei comum, com igual definição; (ii) ter sido praticado nas hipóteses do Art. 9°, II do CPM. - Atualmente, abarca-se os delitos não identicamente previstos no CPM, exigindo apenas que tenha sido praticado nas condições do Art. 9°, II, e alíneas. . Auditorias militares: . Trata-se das “varas militares”, isto é, órgãos com atribuição específica para atuar em processos de crimes militares. . Cada região tem suas auditorias. . O militar é julgado pela auditoria na qual ele é vinculado, onde ele atua (prerrogativa de função). . Nas Auditorias Militares funcionam os Conselhos de Justiça, nas seguintes categorias: . Conselho permanente do STM: de 3 em 3 meses altera-se os 4 militares que o compõe. – Julgam os praças e graduados. . Conselho temporário do STM: julgar oficiais – respeitando a patente superior ou igual. . OBS: oficial de patente inferior não pode estar em um conselho para julgar oficial de patente menor que a dele, trata-se de regra geral aplicável em ambos os conselhos. . Os jurisdicionados pela justiça militar estadual o corpo de bombeiros militares e polícia militar (forças auxiliares). . A justiça militar estadual pode contar com um Tribunal de Justiça Militar quando o conjunto militar for superior a 20 mil pessoas. . Atualmente, apenas 3 (três) estados tem tribunal de justiça militar: SP, RS e MG. . Estados que não tem Justiça Militar – cabe recurso ao TJ. CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 11 . Estados que tem TJ militar- cabe recurso ao TJ Militar. . O STM não se pronuncia sobre justiça militar no âmbito dos Estados, no fim, cabe REsp ao STJ. C) Justiça do trabalho: . OBS – PEGADINHA!!!! - Processo que tramita na Vara trabalhista, e uma pessoa que é ouvida como testemunha mente, cometendo crime de falso testemunho. Nesse caso, como a justiça trabalhista não tem competência criminal, o que será? JUSTIÇA FEDERAL É A RESPONSÁVEL POR JULGAR O CRIME. . Outro exemplo: greve que ocorre com diversas violações ao patrimônio da empresa. Nesse caso também, como justiça trabalhista não tem competência criminal, será então julgado pela justiça federal se for caso de interesse geral/da coletividade; se for de interesse individual ou particularizado, será justiça estadual. . A justiça do trabalho não julga matéria penal em nenhumas hipóteses. . Nos casos em que matérias trabalhistas constituírem crimes, será preciso analisar qual interesse violado, pois o processo será remetido para a Justiça comum, nos seguintes termos: . Crimes que violam interesses individuais – o processo será remetido à Justiça Estadual. . Crimes que violam interesses coletivos ou da união – o processo será remetido à Justiça federal. D) Observações gerais: . Situação de improcedência no JECRIM ou JEC, o recurso vai para Turma Recursal. . OBS: BOB já viu juiz trabalhista determinando cumprimento de decisão sob pena de prisão. Ele não concorda, pois parece uma decisão equivocada, pois da maneira que o CPC foi redigido, utilizar a força física não seria decretar prisão (já que se o juiz penal poderia fazer isso, consoante a CF). . OBS: ato infracional praticado por criança ou adolescente é processado na justiça estadual. E) Entrâncias: . 1ª instância é dividida em degraus (entrâncias), que são divididos de acordo com cada estado. . 1ª entrância, 2ª entrância, 3ª entrância, estância final/especial. – Essa era anteriormente a divisão do Tribunal de Justiça da Bahia. . Em 2010, houve uma mudança em nossa estrutura, de forma que a 1ª entrância passou a ser chamada de entrância inicial; criou-se a entrância intermediária (algumas CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 12 comarcas de 2ª entrância, se entendeu que eram tão pequenas que se tornaram entrância inicial; outras se reuniram, ficaram “grandes” e viraram intermediárias). . Comarcas hoje são entrâncias. – E quem vai dizer qual é o tipo de entrância é a lei. . Entrância é divisão basicamente administrativa, que mantém relação com salário, carreira etc. 4) Espécies de competência: A) Observações e classificações gerais: .Está disposto no art. 69 do CPP (espécies de competência, verdadeiramente no Processo Penal, temos 04. Pois, nem tudo que está no art. 69 do CPP são consideradas como tal). – No Processo Penal Brasileiro são fatores de competência: . Em razão da matéria ou ratione materiae: em virtude da natureza da infração penal praticada. . Em razão da função ou ratione funcionae/personae: em virtude do foro por prerrogativa de função. . Em razão do lugar ou ratione loci: em qual comarca (Justiça Estadual) ou subseção judiciária (Justiça Federal) será processado e julgado o agente. . Em razão da distribuição. - Exemplo: em razão da distribuição, quando eu tenho mais de um juiz competente, eu distribuo (caso não haja prevenção). . Em razão da prevenção. . Em razão da conexão ou continência: . Em razão do domicílio ou residência do réu: . Verdadeiramente são espécies de competência: em razão do lugar; natureza da função; e prerrogativa de função. – As demais são formas definidoras de competência. . OBS: em processo penal, a competência será de regra, o lugar em que se consumar a infração. – ISSO PARA CRIMES CONSUMADOS. . Para os crimes tentados, é onde foi praticado o último ato. 5) Regime jurídico: CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 13 A) Competência absoluta: . Não permite prorrogação por envolver INTERESSE PÚBLICO. – IMPRORROGÁVEL E IMODIFICÁVEL. . Exemplo: deputado federal tem foro por prerrogativa de função, de forma que tem que ser processado perante o STF, assim se o MP entra com uma denúncia no 1° grau, essa incompetência é absoluta, deve ser reconhecida de ofício, e qualquer grau de jurisdição ou não, de forma que não será prorrogada. . A competência absoluta jamais pode ser modificada, pois é determinada de acordo com o interesse público, não sendo passível de mudança pelas circunstâncias processuais ou vontade das partes. Assim, devido ao interesse do Estado na ação, não existe a possibilidade alterar o foro por convenção das partes. . Pode ser arguida a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, inclusive de ofício, sob para de nulidade absoluta de todos os atos praticados no feito (decisórios ou instrutórios). . Pode ser arguida mesmo após o trânsito em julgado, desde que em favor do acusado. . Arguida de ofício desde que não esteja esgotada a sua jurisdição. CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 14 . Segundo posicionamento doutrinário mais abalizado, existem três hipóteses de competência absoluta. . COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA (ratione materiae): leva em conta a natureza da infração. . COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO (ratione personae): leva em conta o cargo público ocupado por determinada pessoa que cometeu a infração penal, o que implica em foro por prerrogativa de função. . COMPETÊNCIA FUNCIONAL: é aquela que leva em conta a distribuição dos atos processuais praticados, envolvendo 3 critérios: . Fase do processo: quando dois juízes atuam em fases distintas do feito, a exemplo do juiz que instrui e sentencia a causa criminal e daquele responsável pela fase de execução de execução penal. . Objeto do juízo: quando há distribuição de tarefas dentro de um mesmo processo, a exemplo do que ocorre no Tribunal do Júri, em que o juiz-presidente é responsável pelas questões de direito, pela prolação de sentença e pela dosimetria da pena; ao passo que compete aos jurados a votação dos quesitos. . Grau de jurisdição (competência funcional vertical): duplo grau de jurisdição, com o oferecimento de recursos, ou na competência originária dos Tribunais, em casos de foro por prerrogativa de função. B) Competência relativa: . Permite prorrogação, caso não seja arguida a tempo a incompetência do foro, afinal de contas ela interessa sobretudo às partes. . A prorrogação acontecerá quando ninguém suscitar a incompetência territorial (em razão do lugar), e um juiz que a princípio é incompetente não alegar de officio até o início da instrução e nem a parte até o prazo da defesa, ele se torna competente = competência se prorroga em razão da identidade física do juiz. . Pode ser modificada. . O desrespeito às normas de competência relativa gera no máximo nulidade relativa dos atos decisórios (não são anulados atos instrutórios, conforme melhor interpretação conferida ao art. 567 do CPP). . A inobservância de regra de competência relativa gera vício sanável, e deve ser arguida pelo réu em resposta à acusação, sob pena de preclusão para a parte interessada. . A sentença proferida por juiz relativamente incompetente não pode ser desconstituída por HC ou Revisão Criminal. . Três espécies: . Em razão do lugar. CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 15 . Competência por distribuição e prevenção. . Conexão e continência. . OBS: a incompetência relativa no PROCESSO CIVIL é dita preclusiva, prorrogável e não pode ser declarada de ofício. Já a incompetência absoluta no PROCESSO CIVIL, pode ser declara de ofício, é não preclusiva e improrrogável. . Ao importar isso no processo penal, há um problema, pois, o artigo 109 do CPP expressa que o juiz pode reconhecer ex officio qualquer tipo de competência. Art. 109. Se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer motivo que o torne incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou não alegação da parte, prosseguindo-se na forma do artigo anterior. . O direito penal é a forma mais violenta de reação do Estado, com sanções duras quando alcança o indivíduo. Assim, parte da doutrina entende que o juiz escolhido tem a finalidade de aplicar o direito mais agressivo e tem a função de limitar essa persecução mais gravosa. . Dessa forma, apenas o campo privado tem liberdade, de modo que o direito penal não possibilita às partes disporem da competência livremente. . Por conta do dito acima, alguns autores defendem que distinção entre competência absoluta e relativa não é compatível com o processo penal. . Então ainda assim você tem que fazer uma compatibilização da ideia de competência relativa civil com o que seria a competência relativa penal. . NESSE SENTINDO, EXISTEM 4 CORRENTES: . A primeira corrente é a da súmula 33 do STJ que diz que o juiz não pode conhecer de ofício incompetência em razão do lugar (incompetência relativa). Logo, se essa súmula tiver aplicação no Direito Processual Penal, o artigo 109 não terá mais função nenhuma. - ESSA POSIÇÃO NÃO É CONSOLIDADA. Súmula 33, STJ: a incompetência relativa não pode ser declarada de ofício. . A segunda corrente fala que a súmula 33 do STJ é inaplicável, pois tem natureza Processual Civil, e o artigo 109 é irrevogável, pois tem aplicação completa. Assim, todos os casos de Processo Penal o juiz pode conhecer ex officio a incompetência tanto relativa quanto absoluta. - ESSA NÃO É UMA POSIÇÃO ACEITA. AS DUAS POSIÇÕES A SEGUIR SÃO AS QUE MAIS SE APLICAM, EMBORA AINDA EXISTA DIVERGÊNCIA: . A terceira corrente dispõe que o juiz pode reconhecer de officio a incompetência absoluta (até mesmo após a sentença). . Todavia, em relação a incompetência relativa, fala-se que só é possível reconhece- la de officio até o primeiro momento que o indivíduo acusado fala nos autos, quando ele tinha o dever de alegar, isto é, no momento da defesa escrita. Assim, depois desse momento não pode nem o juiz reconhecer ex officio e nem ele alegar, afinal está matéria estaria preclusa (não poderá mais ser reconhecida de nenhuma outra forma). CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 16 . Aqui haveria, portanto, uma limitação ao artigo 109 pela própria súmula 33 do STJ. . A quarta corrente acredita que há umalimitação ao artigo 109, mas não pela súmula 33, e sim por uma norma penal que surgiu em 2008, no artigo 399, §2°. . Esse dispositivo estabelece que o juiz que inicia a audiência de instrução será o juiz que irá julgar a causa, então o processo penal em contraposição com o processo civil passou a adotar o princípio da identidade física do juiz. . O que o processo penal fez? No momento da audiência, o juiz é imutável, mas imutável quando? Não pode ser na competência absoluta porque ela pode ser conhecida a qualquer tempo, então ele se tornou imutável para as competências relativas, ou seja, é esse o marco para que o juiz não possa reconhecer ex officio, quando ele não pode mais alterar, pois foi estabilizado pela audiência de instrução e julgamento. . Até antes do início da audiência de instrução e julgamento é o momento em que o juiz poderia arguir de ofício a incompetência relativa. . O júri é o único procedimento que irá seguir corretamente esse princípio. 6) Fixação da competência criminal: . 1° se fixa a natureza da infração (eleitoral, militar, federal, estadual). . Depois se fixa o juízo TERRITORIALMENTE competente. . Teoria do resultado. – Crimes consumados. . Teoria da ubiquidade. – Crimes à distância (aqui devemos lembrar que tanto a ação quanto o resultado pode ter se dado no Brasil, e este será o lugar competente). . Teoria da ação/atividade. – Crimes tentaods; crimes plurilocais. 7) COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO: . Toda vez que tiver uma mesma base territorial, em todas elas pode haver a distribuição. CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 17 . A distribuição é um mecanismo em que você faz um sorteio eletrônico para definir onde há igualdade de competência. . Então, se há em um mesmo território juízes com igualdade de competência, é necessário fazer um sorteio, para evitar direcionamento. Seja no TRF, no TJ ou numa Comarca. . A distribuição será excepcionada pelo critério da prevenção. . A prevenção se dá por diversas situações. . A prevenção relaciona-se com a já existente tramitação uma determinada matéria ou as vezes embora aquele processo não tenha se iniciado, alguma cautelar vai ser julgada. . Mas a prevenção não se limita a isso. – Ela é um critério em que se fixa a competência em um juízo em detrimento de outro por diversas razões. . Esses critérios de prevenção levarão, nos casos em que acontece na mesma base territorial, a afastar a distribuição (mas preste atenção, a prevenção não tem nada a ver com a distribuição). . Há duas hipóteses de prevenção: Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa. . Ou seja, se na fase investigativa não houve nenhum tipo de pedido acautelatório, o que vai definir a prevenção é o ato do juiz no processo de conhecimento, de forma que uma vez oferecida a denúncia ou a queixa, é o ato do juiz nesse processo que tornará prevento. - OFERECIDA A DENÚNCIA OU A QUEIXA, O JUIZ QUE PRIMEIRO DESPACHAR NESSE PROCESSO SERÁ O JUÍZO PREVENTO. . Se houver algum pedido de medida cautelar (busca e apreensão, prisão temporária, concessão de fiança, medidas assecuratórias de arresto, sequestro, hipoteca, como exemplos) deferido, mesmo antes da denúncia ou queixa, o juiz que a deferiu é o juiz prevento para futura ação penal. . Pergunta: Em relação ao plantão judiciário, o juiz que decidir neste caso não seria prevento? NÃO. . Também não traz prevenção o juiz da audiência de custódia. 8) COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LUGAR: Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. . Em processo penal, a regra geral de competência em razão do lugar é definida pelo lugar em que foi consumada a infração. CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 18 . Portanto, o local onde se consumar a infração será o local da regra da prevenção. . Nos crimes tentados, a competência será no lugar em que se praticar o último ato em execução. - OBS: essa regra é a do CPP, ela não prevalece na Lei dos Juizados Especiais. . Essa regra do art. 70 do CPP, foi pensada para uma melhor produção probatória e consagra a teoria do resultado. . O Brasil adota a Teoria da Ubiquidade, que tanto vale a ação ou consumação, mas essa é a teoria para definir o estado julgador, por exemplo, se é o Brasil ou Argentina. - Depois de definir o país, digamos que seja o Brasil, então dentro do Brasil em que lugar eu vou julgar? Internamente a teoria adotada é a da consumação. Mas, e se for tentado? Escolhe- se o último lugar do ato da regra. . Isso é a regra, pensada em favor do processo, mas temos uma discussão da doutrina que foi parar nos tribunais acerca dos chamados CRIMES PLURILOCAIS. A) Crimes plurilocais: . Crimes plurilocais = crimes nos quais a ação ou omissão se dá em um lugar e o resultado em outro, desde que AMBOS OS LOCAIS SE ENCONTREM DENTRO DO MESMO TERRITÓRIO NACIONAL (PAÍS). . Exemplo: um indivíduo envia pelos correios de Belo Horizonte/MG uma carta- bomba dirigida à residência da vítima em Salvador/BA, provocando a sua morte. – Seguindo a Teoria do Resultado, o foro competente aqui seria Salvador/BA (local da consumação do crime). – TODAVIA, nos crimes plurilocais, embora a lei não diga isso, a jurisprudência tem entendido que, em vista de se tratar de competência em razão do lugar (que é relativa), torna-se possível se preferir o lugar da ação ao lugar da consumação, podendo haver prorrogação, pois é possível que o lugar da ação tenha a melhor produção probatória. Assim, no exemplo em tela, teríamos Belo Horizonte como foro competente. . OBS: quando se tem caso de homicídio envolvido em crimes plurilocais, tem-se que como forma de se privilegiar a verdade real, facilitando-se a colheita de prova, bem como garantir uma efetiva resposta à sociedade do local em que o crime foi executado, eis que naturalmente mais interessada na sua punição, se falaria na prevalência do juízo da ação ou omissão. – INFORMATIVO Nº 489 DO STJ e INFORMATIVO Nº 715 DO STF. B) Crimes à distância: . Situação em que a ação ou omissão ocorre em um país, e a consumação/resultado em outro. – Será competente o juízo do local que tocar por último o território nacional, pouco importando se é o local da ação ou omissão ou resultado, daí porque se fala na aplicação da teoria da ubiquidade. . Exemplo: um indivíduo envia pelos correios do Brasil uma carta-bomba dirigida ao Presidente da República que se encontra na Argentina, provocando sua morte. – O foro competente será o do local no Brasil em que o agente enviou a carta-bomba nos correios. C) Exceção da lei dos juizados especiais: CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 19 . A exceção está na Lei 9.099/95. Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal. . O CPP fala no lugar da consumação do delito ou no último lugar da execução. Assim, por qual razão o art. 63 usa outra expressão (“lugar em que foi praticada a infração”)? . i) existe uma parcela da doutrina que diz que a expressão “praticada” quer dizer a mesma coisa, só usou expressões diferentes, mas são da mesma ordem (essa não é a posição dominante). . ii) uma outra teoria acredita que pela legislação ser mais nova, ela adequa a essa indecisão rotineira nos crimes plurilocais (crimes em que a competência pode ser no lugar da ação e não da consumação)e desse modo, tanto faz, porque se o lugar da consumação e da ação for o mesmo, a expressão “praticada” vai alcançar ação e consumação, mas se o lugar da consumação for diferente, aplica-se o lugar da ação, pois praticar quer dizer agir. . iii) a posição atual é que essa norma do 63 não coincide com a do 70, e que a norma da consumação está prevista para todo o resto da estrutura penal, salvo para as situações de crime de menor potencial ofensivo (que seria o local da ação ou omissão = teoria da atividade). D) Observações gerais: . Quanto as exceções, existem momentos em que se há dúvida de onde é o local do crime, pois pode ser que o crime tenha acontecido no limite daquelas regiões, no limite de duas comarcas distintas, exemplo: Petrolina-Juazeiro (BA) e Espinosa (MG). Nesse caso de quem será a competência? Das duas, segundo a regra da prevenção. . Pode ser também que haja dificuldade de definir geograficamente o local do crime, exemplo: Lauro de Freitas e Salvador. Com isso, todos são competentes, quem vai resolver ou definir essa competência é a prevenção. Art. 70, § 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.- SÃO AS HIPÓTESES MENCIONADAS ACIMA. . O parágrafo primeiro e o parágrafo segundo tratam de crimes que são transnacionais, os quais são possíveis julgar no Brasil, pois o mesmo adota a Teoria da Ubiquidade. – CRIMES À DISTÂNCIA. § 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. . É a mesma regra do crime tentado no Brasil, quando acontece em mais de um lugar, será no local do último ato de execução. CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 20 § 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. . Art. 71: Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. . Esse artigo traz as regras nos casos de crimes permanentes ou continuados. . Os crimes permanentes são aqueles em que a conjugação (o verbo do tipo) se prolonga no tempo, não são vários crimes, o crime permanente é um crime único, mas é como se a execução se renovasse segundo a segundo, exemplo: sequestro (a execução persiste enquanto a vítima está sob o domínio do agente), cárcere privado, porte ilegal de armas, porte ilegal de drogas, etc. - QUANDO ACONTECER UMA COISA COMO ESSA, A SOLUÇÃO SERÁ PELA PREVENÇÃO, EM QUE SERÁ NECESSÁRIO OLHAR O CASO CONCRETO. . Os crimes continuados têm no plano naturalísticos vários fatos jurídicos e no plano jurídico uma ficção dá tratamento de crime único (diferente do crime permanente, que no campo naturalístico é um fato único e no plano jurídico é um crime único). No crime continuado no plano naturalísticos são fatos criminosos isolados que no plano jurídico o legislador determinou que o juiz quando assim identificasse os elementos que unificam esses fatos, desse tratamento de crime único para que haja razoabilidade na determinação da pena. . O crime é continuado quando há uma homogeneidade de condutas, uma identidade de condutas em um determinado lapso temporal (que a lei não fala qual é), que a doutrina delimitou 30 dias, que faz com que o juiz dê a esse crime, embora com fatos distintos, por uma razoabilidade, um tratamento uniforme. . Aqui o agente pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, mediante duas ou mais condutas, as quais, pelas condições de tempo, lugar e modo de execução podem ser tidos como uma continuação uns dos outros. . Exemplo: empregada doméstica decide furtas uma peça por dia do faqueiro da patroa, e após 120 dias está com o faqueiro completo. – Essa regra beneficia o agente, caso contrário neste exemplo teríamos pena mínima de 120 anos. . ENTÃO, TANTO NO CRIME PERMANENTE QUANTO NO CRIME CONTINUADO O TRATAMENTO SERÁ O MESMO, SE ACONTECER EM LUGARES DIFERENTES, OS JUÍZOS SÃO IGUALMENTE COMPETENTES E O QUE VAI DEFINIR É A PREVENÇÃO. . OBS – CRIME CONTINUADO X CRIME HABITAL: . No crime habitual cada um dos episódios agrupados não é punível em si mesmo, vez que pertencem a uma pluralidade de condutas requeridas no tipo para que configure um fato punível. Por outro lado, nos delitos continuados cada um dos atos agrupados, individualmente, reúne, por si só, todas as características do fato punível. CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 21 . No crime habitual somente a pluralidade de atos é um elemento do tipo, tal como o exercício ilegal da medicina, rufianismos, casa de prostituição, que deve cumprir-se habitualmente; na continuidade, ao invés, cada ato é punível e o conjunto constitui um delito por obra da dependência de todos eles. Com efeito, três furtos podem ser um só delito, mas isso não ilide o fato de que cada furto é um delito. Nesse sentido Guilherme de Souza Nucci, Cezar Roberto Bitencourt e outros. . O art. 72 traz a competência pelo domicílio do réu. TODAVIA, RELEMBRA-SE QUE A REGRA É DO ÚLTIMO LOCAL DA CONSUMAÇÃO DO DELITO. . Mais de um domicílio do réu = gera prevenção entre eles. Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu. § 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção. . Citando-se como exemplo um andarilho = SERÁ COMPETENTE O JUÍZO QUE PRIMEIRO TOMAR CIÊNCIA DO FATO. § 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato. . Nos casos que só se processam por ação penal privada, tanto exclusiva quanto personalíssima, o autor da ação (a vítima, o ofendido, o querelante) pode escolher um lugar ou outro, o foro de domicílio ou da residência do réu ou o lugar da infração, mesmo que seja conhecido o lugar da infração. Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. 9) COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO (ou em razão da matéria): A) Competência do Tribunal do Júri: . É uma competência defendida pela natureza da infração segundo a CF. . Julgamento dos crimes dolosos contra a vida, previstos nos artigos 121 a 127 do CP, consumados ou tentados. . Assim, não julga os outros crimes com resultado morte, como o latrocínio (“mata- se para roubar, sendo o homicídio o meio para se chegar ao fim), estupro seguido de morte, lesão corporal seguida de morte etc. . Competência constitucional (art. 5°, XXXVIII, “d”, CF) e mínima (não pode reduzir o rol existente, apenas ampliá-lo por lei). CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 22 . Homicídio, infanticídio, abordo e auxilio ou induzimento ao suicídio. . Esse artigo da CF deve ser analisado em conjunto com o art. 78, inciso I, do CPP, tendo que em vista que o Tribunal do Júri também terá competência para julgamento dos crimes conexos aos crimes dolosos contra a vida. . Em casos de DESCLASSIFICAÇÃO DE CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA PARA OUTRO TIPO: . Se a desclassificação é feita pelo juiz no momento da análise da pronúncia do réu, os autos devem ser remetidos ao juízo competente (art. 74, §3° do CPP). – Aqui, CASO NÃO HAJA ALTERAÇÃO FÁTICA DO DELITO, APENAS NOVO ENQUADRAMENTO LEGAL, NÃO É NECESSÁRIO O ADITAMENTO DA INICIAL, sendo recomendadoque o juízo competente possibilite as partes que se manifestem, inclusive indicando provas e requerendo diligências e apresentando alegações finais. TODAVIA, SE HÁ ALTERAÇÃO FÁTICA, DEVE O JUIZ COMPETENTE DETERMINAR QUE O AUTOR DA AÇÃO PENAL ADITE A INICIAL (mutatio libelli, art. 384 do CPP). . Se a desclassificação é feita pelo Conselho de Sentença em plenário, o juiz- presidente do Tibunal do Júri é quem vai julgar singularmente o feito, não o remetendo para o juízo competente por economia processual (art. 74, §3° e 492, §1° CPP). . O juiz competente do tribunal do júri: teoria da ação/atividade. . Exemplo: aluno questiona professor da UFBA na faculdade sobre notas, e descontente com a resposta/justificativa, mata-o. – UFBA é uma autarquia federal = tribunal do júri federal. . OBS: crimes preterdolosos não vão para júri. . Exemplo: agente comete crime de lesão corporal e a vítima acaba falecendo em decorrência da agressão sofrida. O resultado morte (culposo) não era esperado pelo autor, mas a conduta da lesão corporal (dolosa) causou o resultado. . No Tribunal do Júri, temos um sistema bifásico: . 1ª fase: fase de admissibilidade do caso, se seria realmente de competência do tribunal do júri ou não. – Isso pode ser feito tanto pelo juiz que preside o tribunal do júri quanto por um juiz de vara comum. . 2ª fase: acontece de fato a análise do julgamento do tribunal do júri. – PODEM ACONTECER 4 COISAS: . Pronúncia: juiz ao passar por toda 1ª fase de admissibilidade entende que tem uma “justa causa”, de forma que pronuncia o réu e encaminha para o plenário do júri propriamente. . Impronúncia: juiz entende que não tem prova suficiente de autoria/materialidade, de forma que impronuncia o réu. – Não diz que é inocente, mas apenas que por ora não há indícios. CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 23 . Desclassificação: juiz entende que não é caso de apreciação pelo júri, e então encaminha p/ o juiz competente. . Absolvição sumária: o juiz pode de logo absolver o acusado se provado que ele não é o autor ou partícipe; ou inexistência do ato; ou o fato não é infração penal; ou existe causa de isenção de pena/exclusão do crime. B) Competência da justiça estadual: . Como encontrar os crimes estaduais? . Primeiro analisar se é caso de competência por prerrogativa de foro de função (se for, tem tribunal exclusivo para esse caso), caso não seja: analisa se é competência da justiça militar ou eleitoral. . Se não for da justiça militar ou eleitoral, analise se há disposição expressa sobre ser de competência federal. . Se for crime, analiso se é caso de Justiça Militar ou Eleitoral. Caso não seja, analiso se tem interesse federal violado, se tiver = competência da justiça federal. . Caso não seja = é justiça estadual muito provavelmente. . Tem-se que identificar qual é o local para saber o órgão (comarca, subseção, zona), depois de definir isso, é necessário saber a natureza da infração para saber em que vara vai cair. . ANALISANDO TODAS E CONSTATANDO QUE NÃO É FEDERAL OU MILITAR, ELA SERÁ RESIDUAL (POIS A ESTADUAL É ASSIM CARACTERIZADA), ELA É TÍPICA, COMUM. – Tudo que não for expressamente previsto para outra competência, caberá a Justiça Estadual processar (acrescentando-se aqui também as situações em que a lei expressamente prever como a Justiça Estadual como competente). . OBS - EXISTEM CASOS ESPECÍFICOS EM QUE O LEGISLADOR ESCOLHE A JUSTIÇA ESTADUAL COMO COMPETENTE, SÃO ELES: . Contravenção Penal - são infrações penais consideradas menos graves, como a prática do jogo do bicho, direção perigosa de veículo, perturbação de sossego etc. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; Súmula do 38 STJ: COMPETE A JUSTIÇA ESTADUAL COMUM, NA VIGENCIA DA CONSTITUIÇÃO DE 1988, O PROCESSO POR CONTRAVENÇÃO PENAL, AINDA QUE PRATICADA EM DETRIMENTO DE BENS, SERVIÇOS OU INTERESSE DA UNIÃO OU DE SUAS ENTIDADES. . Aqui incluem-se até as contravenções penais que violem interesse da União. CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 24 . MAS, existe uma exceção: se quem praticou o ato tem prerrogativa por função. . OBS: quando houver conexão ou continência com crime de competência federal como uma contravenção penal, nesse caso a posição dominante é de que tem que reunir na justiça federal. . Ato infracional praticado por adolescente. . Mesmo que tenha violação a interesse da união, é justiça estadual a competente. . Quando houver violência doméstica ou familiar contra a mulher. . Aqui deve se observar: (i) delito não é doloso contra a vida, caso contrário enseja tribunal do júri; (ii) sujeito ativo da infração pode ser tanto homem quanto mulher; (iii) sujeito passivo é sempre pessoa do sexo feminino; (iv) a agressão deve ter ocorrido no contexto da relação afetiva, na seara doméstica ou familiar, cometida tanto no interior quanto fora da residência, mas sempre em razão daquela relação; (v) vítima é economicamente ou fisicamente mais frágil, demonstrando vulnerabilidade; (vi) violência pode acontecer em relações de parentesco diversas de um casal ou de companheiros, entre irmãos, por exemplo, mas sempre com a vítima sendo mulher. . OBS: Pode ser deslocado p/ competência federal na hipótese de existir grave violação a direitos humanos e da ineficiência dos órgãos locais de persecução penal (polícia, MP ou justiça). . A lei trafico transnacional (fora do Brasil) é de competência federal, mas o tráfico nacional é de competência estadual. S.522/STF - salvo ocorrência de tráfico para o exterior, quando, então, a competência será da justiça federal, compete à justiça dos estados o processo e julgamento dos crimes relativos a entorpecentes. . EXTRAS: . Estelionato - S.107/STJ - Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão a autarquia federal. . Sociedades de economia mista: como Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Petrobrás, Eletrobrás etc. A sociedade de economia mista é dotada de personalidade de direito privado, com participação do capital público, pois os seus objetivos transcendem os meramente comerciais. As sociedades de economia mista têm suas ações processadas e julgadas pela Justiça Estadual, já que a Constituição silenciou sobre elas no art. 109, I. S.556/STF - É competente a Justiça Comum para julgar as causas em que é parte sociedade de economia mista. CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 25 S.42/STJ - Compete a justiça comum estadual processar e julgar as causas cíveis em que e parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento. . Contudo, é preciso lembrar das regras de deslocamento da competência quando a União ou um de seus entes intervém no processo. Nesse caso, o processo tramitava na Justiça Estadual, porém, com a intervenção do Ente federal, ele é remetido. S.517/STF - As sociedades de economia mista só têm foro na Justiça Federal, quando a União intervém como assistente ou opoente. . Exemplos de sociedades de economia mista: Petrobrás, Eletrobrás, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, COPASA etc. . OBS: combustível adulterado é crime estadual. . OBS: além do art. 41 da Lei Maria da Penha e do 90-A da Lei dos Juizados que veda processamento no Juizado dos respectivos crimes (ainda que com pena mínima inferior a 2 anos), agora a LEI HENRY BORELdispõe que os crimes contra criança e adolescente não poderão ser julgados na JECRIM (Lei 9.099/95). . TODAVIA, existem divergências e não se tem ainda posicionamento majoritário. . OBS: julga também concessionária e permissionária de serviço público; sindicatos; entidade particular de ensino superior. C) Competência da Justiça Federal: . A competência da JF é sempre taxativa e expressa (ao contrário da estadual, que em regra é residual). . Justiça dos estados e do DF é chamada de Justiça Comum (historicamente justiça estadual). Mas, com o passar do tempo houve uma mudança em nossa doutrina e jurisprudência, para chamar também a Justiça Federal de Justiça comum (justiça federal é dentre as comuns a mais especializada = residual). . Havendo conexão ou continência entre crime de competência da JF e crime de competência da JE, prevalece a JF (Súmula 122 do STJ) = pois, a JF é mais especializada = atrai para si. . Os artigos 108 e 109 da Constituição estabelecem as competências da justiça federal: Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: I - processar e julgar, originariamente: a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; . Art. 109 da CF: Art. 109, IV, CF - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 26 . Crimes políticos é competência típica da justiça federal. – NÃO SE CONFUDEM COM CRIME ELEITORAL E NEM ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (é um ilícito civil administrativo). . Os crimes políticos foram construídos na CF/88 sem existir uma legislação própria sobre isso. Se considerava existente como crime político no Brasil os antigos crimes contra segurança nacional, que foram revogados em 64 pela Lei 14.197/2021, por entender que a lei tinha um viés antidemocrático e assim, origina-se a figura de crimes políticos. . O crime político é, para nossa doutrina, aquele fato típico de subversão do modelo democrático para alcançar parcela de poder. . A jurisprudência firmou que compete a justiça federal julgar as infrações penais em detrimento das autarquias, empresas públicas e fundações. Mas, não compete a justiça federal julgar fatos relativos a Sociedade de Economia Mista. . No entanto, existem tipos penais que levarão a competência federal (ou estadual), independente do órgão relacionado, por exemplo a lava jato que embora seja Sociedade de Economia Mista teve competência federal por conta do tipo de crime que é federal. . Se não for trabalhista e nem eleitoral, eu vou para residual, que é o inciso IV, que violou o interesse da União. Ou seja, tudo aquilo que viole interesse trabalhista, eleitoral e militar da União e que não comportar na competência trabalhista, militar e eleitoral da União vai para justiça residual da União, portanto, justiça federal. . Quando a matéria for crime, se houver interesse da União especializado na justiça militar = competência da justiça militar. . Quando a matéria for crime, se houver interesse da União especializado na justiça eleitoral = competência da justiça eleitoral. . Se o interesse da União não for especializado, quem julga = JUSTIÇA FEDERAL (residual). . OBS: a competência residual da justiça federal só acontece se houver interesse violado da União, caso contrário vai ser residual da justiça estadual. . Julga União, autarquias, fundações públicas, conselhos de fiscalização profissional (exemplos dos crimes cometidos contra a OAB e conselhos regionais federais). V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; . TOMAR CUIDADO: nem todo crime previsto em tratado ou convenção internacional será processado na justiça federal. HÁ UMA CONDIÇÃO: “iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; . Exemplo: Brasil é subscritor de tratado de internacional de tráfico de pessoas, se comprometendo internacionalmente a combater isso. – TODAVIA, SÓ SERÃO CRIMES FEDERAIS SE TIVER CARÁTER DE TRANSNACIONALIDADE (de dentro p/ fora ou vice- CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 27 versa) = logo, seria a hipótese de competência federal apenas se fosse do Brasil p/ o exterior ou vice-versa; se fosse dentro do BR, seria competência estadual. . Crimes ambientais são estaduais em regra, salvo algumas hipóteses que ensejam competência federal. . I- À míngua de previsão legal específica, aplica-se a regra geral da repartição de competência, em que a competência da Justiça Estadual é ampla e residual, reservados à Justiça Federal, na tutela penal ambiental, os crimes cometidos em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas (art. 109, IV, CF). . II- Tendo em vista que a competência para proteger o meio ambiente – bem como de exercer o poder de polícia com o fim de assegurar do cumprimento das normas – é comum, sendo compartilhada pela União, Estados e Municípios, o interesse da União (ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas) apto a atrair a competência da Justiça Federal deve ser direto, imeditato, específico e bem delineado. Sem essas características, apresentando-se um interesse genérico ou mediato para o caso específico, compartilhado igualmente pelos demais entes federativos, a competência é da Justiça Estadual. . III- Para a incidência da norma constitucional (art. 109, IV), basta a ofensa direta a bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, não sendo necessária a ocorrência de efetivo prejuízo; . IV- A atividade de fiscalização ambiental exercida pelo Ibama, ainda que relativa ao cumprimento da Lei de Crimes Ambientais, configura interesse genérico, mediato ou indireto da União, para fins do art. 109, IV, da Constituição Federal. E dessa forma, não atrai a competência da Justiça Federal, salvo se estiver presente um dos requisitos constitucionais: ofensa a bem, serviço ou interesse da União (ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas). V- A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; . Duas teorias se relacionam com o inciso acima, sendo elas: . A corrente dominante, a qual BOB não se alinha (pois enxerga ser um prejuízo da qualidade jurisdicional) entende que: se o fato é de competência estadual, estando inserido em nosso ordenamento jurídico como um tipo penal que o Brasil se obrigou internacionalmente a combater um tipo de coisa (mas, é uma obrigação não em qualquer tratado, mas sim em tratados que tratem sobre direitos humanos), quando ocorre um fato com esta grave violação de direitos humanos, e estando essa tipificação inserida em nosso ordenamento, a PGR vai ao STJ (órgão que submete juízes de tribunais diferente, estaduais e federais) suscitar um incidente processual para deslocar da justiça estadual para a justiça federal. . Poderia se deslocar tanto na fase investigativa quanto judicial. . Para essa teoria, uma vez que se assume essa possibilidade do PGR ir ao STJ requerer deslocamento da justiça federal para justiça estadual, está na CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 28 verdade se declarando que a justiça do local não está funcionando, mas que é preciso fazer que o processo/procedimentoande. . Exemplo emblemático: caso da irmã Doroty no Pará. . Bob se alinha mais a segunda, do professor Nestor Távora. – Quem definiria o que é uma grave ameaça aos direitos humanos? Vou medir as pessoas a partir do que? Qual critério técnico para isso? E mais ainda: quando eu proponho esse deslocamento, eu estou atestando que um órgão da jurisdição da justiça brasileira que não funciona tem como única solução mudar para justiça federal, sem que eu “Estado” intervenha em nada para mudar esse cenário. Esse critério é na verdade prejudicial, e muito mais para “inglês ver”. Reconheço a incompetência do MP e da polícia daquele estado, mas não faça nada para mudar. – Por isso Nestor Távora utilizando-se agora de um critério objetivo diz: se é decorrente de um tratado internacional no qual o Brasil é signatário + tem também uma grave violação aos direitos humanos = se quem assinou foi a União, ela é a responsável de fazer cumprir = vai direto para a Justiça Federal. – Na outra teoria, eu precisava demonstrar que a justiça não estava funcionando e que era grave violação aos direitos humanos, ou seja, dois critérios subjetivos. Aqui eu reduzo para 1 objetivo e um subjetivo. VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; . Os crimes contra o sistema financeiro nacional OU contra a ordem econômico-financeira precisam que a lei ordinária disciplinando a infração preveja expressamente a competência federal. . Esses crimes contra a organização do trabalho estão elencados no CPP do 197 e seguintes. . Posição do Tribunal Federal de Recursos = os crimes contra a organização do trabalho são de competência federal apenas se relativos à interesses COLETIVOS (se for o caso de interesses individuais/particularizados, tem-se competência estadual). . Art. 149 do CP está no capítulo de crimes individuais, e isso gerou uma discussão sobre ser de interesse individual ou coletivo, o que impactaria em ser de competência da justiça federal ou justiça estadual. Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto . Para Bob o simples fato do artigo estar naquele capítulo NÃO SIGNIFICA que ele se comportará plenamente como tal. O que irá definir será a própria natureza da infração. . Seria, pois, competência da justiça federal segundo o posicionamento majoritário. IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 29 . Se o crime for dentro de um navio militar = justiça militar. . MAS, se o crime for cometido a bordo de uma aeronave, não interessando se ela está em pouso ou a bordo = competência da justiça federal. . MAS, em relação a navio, não é qualquer embarcação. Navio é embarcação de grande porte, destinada a viagens grandes internacionais e com atribuição para tal. . Crime no ferryboat = competência estadual = não é considerado navio = navegação interna. X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; . O fato do estrangeiro está irregular no país não é o que enseja competência federal, pois isso é conduta a ser analisada administrativamente. O que será analisado aqui são os crimes que os estrangeiros cometem com o intuito de regularizar o seu ingresso ou permanência no Brasil. . Não é porque o crime tem indígena que será federal, pelo contrário, é um crime qualquer, EM REGRA de competência da justiça estadual. . Se houver disputa de direitos indígenas é que ensejará a competência da JUSTIÇA FEDERAL. – Exemplo: Gabriel é líder indígena, e estava defendendo terras em que sua tribo vive há décadas, que tem uma história local milenar, pleiteando a demarcação de terras pela União X fazendeiro locais que se opõem a isso. Um dos fazendeiros mata Gabriel = neste caso, tem-se ali disputa de direitos indígenas = crime de competência federal. . Exemplo: Gabriel é indígena e comprou terras de um fazendeiro, gerando posteriormente alguns problemas, e sendo morto. – CRIME ESTADUAL. . OBS: crime de genocídio contra índios é justiça federal singular (e não do júri federal). . OBS: ser coletivo não é a quantidade de pessoas envolvidas, mas a natureza e dimensão do fato. OBS: segundo Nestor Távora e Rosmar Rodrigues, por falta de previsão constitucional, em caso de demandas envolvendo outros entes como concessionárias de serviço público, sindicatos e entidade particular de ensino superior = TAMBÉM NÃO SERIA DE COMPETÊNCIA DA JF. . As regras de competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral prevalecem sobre a Justiça Federal, pois são especiais. . Conexão entre crime eleitoral e crime federal = deve-se se fazer a disjunção. D) Justiça Eleitoral: CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 30 . OBS: crime eleitoral não se confunde com crime político e tampouco com ato de improbidade. . Ato de improbidade é um ilícito civil administrativo. . É possível que ato de improbidade administrativa seja também crime eleitoral. – MAS, SE ATENTAR QUE SÃO COISAS DISTINTAS. . Crime eleitoral são aqueles crimes que a lei eleitoral ou extravagantes, definem aquela conduta como tal por ofensa ao sistema eleitoral brasileiro. E) Justiça Militar: . Tem-se a Justiça Militar da União. . Tem-se nos estados: . Aqueles que possuem Tribunal de Justiça Militar próprio. – Aqueles que possuem no mínimo 20 mil associados militares podem optar por criar. – Hoje só tem em MG, SP e RS. – SERIA AQUI O TRIBUNAL DE JUSTIÇA MILITAR. . Aqueles que dentro da própria justiça comum estadual possuem várias especializadas em crimes militares. . OBS: a Bahia, embora tenha mais de 20 mil militares associados, optou por não criar uma Justiça Militar Estadual, pelo alto custo. . Mas, nas duas a estrutura orgânica é da mesma ordem: . STM (que é o próprio órgão de 2ª instância = recursal); as auditorias militares (nas regiões); e os conselhos permanente e temporário (ou especial). . Auditorias nas regiões funcionam para as 03 forças: marinha, exército e aeronáutica. – EXISTIRÁ PARA CADA UMA DESSAS FORÇAS A COMPOSIÇÃO DOS CONSELHOS PERMANENTES (julga todos os fatos que envolvam os praças daquela região) e TEMPORÁRIOS. STJ TJ’s estaduais com as varas especializadas Tribunal de Justiça Militar CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 31 . OBS: praças não tem patente. – TEM GRADUAÇÃO. . É cabo, sargento, subtenente etc. . Crime DOLOSO contra a vida praticado por militar contra civil, não interessa se é dentro da corporação militar, com arma militar, exercício da função etc. = VAI PARA O TRIBUNAL DO JÚRI (federal ou estadual). . MAS, essa regra do crime doloso contra a vida, em relação ao militar federal, que tem regulação em norma infraconstitucional, sofreu alteração em 2017 para restringir: se um militar federal (marinha ou aeronáutica) praticar uma conduta letal em atividade de segurança pública (na garantia de lei e da ordem = GLO), a ordem de presidência da república ou de ministro do estado, esse crime ainda que doloso contra a vida, vai para justiça militar, . Quem fala em última instância em interpretação da lei federal na área militar no âmbito dos estados é o STJ. . O STF fala emâmbito constitucional. . A justiça militar dos Estados não se submete ao Superior Tribunal de Justiça Militar (STM). – Se perdeu na justiça militar dos Estados, recorre para o TJ do Estado ou para o TJ militar dos estados. – CABE RECURSO PARA O STJ. . Não existe conexão orgânica entre a área estadual e a justiça militar da união. . STM não se pronuncia sobre âmbito militar referente a prática de atos pelas corporações militares dos estados. . STM só fala em questões militar relativo a fatos praticados por integrantes da justiça da União. . Se o fato é da União = não interessa quem praticou = STM decide. . Se o fato é referente ao estado = só STJ. . No Brasil, o STJ acaba sendo um Tribunal Civil Comum, se pronunciando mais sobre direito militar. 10) Em razão do foro por prerrogativa de função: . Alguns falam em competência por privilégio de foro, mas para Bob isso é uma terminologia errada, pois privilégio e prerrogativa não se confundem. . Privilégio é dado a pessoa para tratá-la de forma diferente, por razões de castas, grupos sociais etc. . Prerrogativa é dada ao exercício de funções. . Exemplo: se você achar que o Estatuto da OAB tem ali coisas maiores do que as necessárias para o exercício da advocacia, isso não é prerrogativa, é privilégio. CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 32 . É possível até que aquilo que nasceu como prerrogativa vire privilégio, e vice- versa. . Vantagem de ser julgado por um órgão coletivo, com pessoas com maior tempo de carreira (maior densidade, em tese, de conhecimento) e maior temperança de comportamentos. . Os órgãos (quer seja de 1ª ou 2ª instância) terão competência de julgamento em ações penais originárias. . Quem tem prerrogativa de função é julgado nos Tribunais de 2ª instância ou superiores. . PRERROGATIVA É DO CARGO, E NÃO DA PESSOA. ENTÃO AO PERDER O CARGO = PERDE A PRERROGATIVA. . Antes da CF de 1988 QUALQUER CRIME (independente de ter relação com a função pública ou não, por isso se dizia “a pessoa quer se eleger para se livrar do processo”), em qualquer momento, praticado pela pessoa que futuramente virasse algum dos profissionais que tinha tal prerrogativa, seria julgado nesse tribunal especial (independente do crime ter sido praticado no cargo ou não). – Exemplo: cometeu um crime antes, e virou prefeito durante o processo = o processo subia para o foro por prerrogativa. . Mesmo com essa mudança em 1996, de perder o cargo e, por conseguinte, perder a prerrogativa, ainda se restou alguns embates a serem resolvidos. . Na ação penal 937 (SE REFERIU EXCLUSIVAMENTE A MANDADO PARLAMENTAR FEDERAL), em uma questão de ordem, o STF restringiu as prerrogativas de foro para às hipóteses de crimes praticados no exercício da função ou em razão dela. . Isto é, o crime tem que se relacionar com as funções que você exerce (exemplo do desvio de verba) E AINDA essa prerrogativa só vale enquanto você está na função (já que é para proteger o cargo). . Não é anormal ver decisões judiciais em que se manteve foro por prerrogativa mesmo após sair do cargo. . Só que ao Supremo decidir isso, na época a interpretação era de que se inclusive você mudasse de cargo, a prerrogativa deixava de existir para aquele ato, voltava para 1ª instancia. – Exemplo: se você cometeu o crime sendo deputado federal, mas depois foi eleito no curso do processo para senador = perdia o foro por prerrogativa de função sobre aquele ato. – Ou seja, mesmo que ele continuasse em função parlamentar, seria uma espécie de “novo” foro por prerrogativa de função, que não atingia o ato anteriormente praticado. . Ideia de privilégio vai acabando, na medida que se estabelece essa noção de crime ligado às funções, porque a ideia é proteger o cargo (e não a pessoa em si). . SÓ QUE ISSO SOFREU UMA MUDANÇA: CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 33 . Um dos parlamentares ligados à Bolsonaro foi julgado com relação as rachadinhas, e gerou um maior problema quanto ao foro de prerrogativa ser ou não aplicado. - O acusado foi governador por dois mandatos e exerceu posteriormente o cargo de senador, sendo eleito novamente governador por mais duas vezes. O caso se referia a um crime supostamente cometido durante o segundo mandato como chefe do Executivo estadual. . Isso levou a Corte Superior a acolher questão de ordem para determinar que uma ação penal (APn 874) contra governador fosse encaminhada para a primeira instância. . HOJE ISSO É UM PRECEDENTE. . Para a ministra Nancy Andrighi, relatora da ação no STJ, "a manutenção do foro após um hiato de posse de cargo no Legislativo federal e mais um mandato no Executivo estadual configuraria um privilégio pessoal, não albergado pela garantia constitucional". . A relatora observou que não se verifica, entre a conduta imputada e o exercício do cargo, a contemporaneidade necessária para justificar o foro por prerrogativa de função perante o STJ. . A questão de ordem foi suscitada para verificar se a competência originária do STJ pode ser estendida a supostos crimes praticados por governadores em mandatos anteriores já findos, nos casos em que a pessoa acusada volta a ocupar a função pública protegida pela prerrogativa de foro. . A ministra explicou que o foro especial exige contemporaneidade e pertinência temática entre os fatos em apuração e o exercício da função pública. Ela lembrou que o término do mandato acarreta, por si só, "a cessação do foro por prerrogativa de função em relação ao ato praticado nesse intervalo". . No entanto, em algumas situações, ainda que o crime imputado não tenha relação com a atividade do cargo, não se aplica a restrição ao foro. Em questão de ordem na APn 878, a Corte Especial estabeleceu que crimes comuns e de responsabilidade cometidos por desembargadores – mesmo que não tenham sido praticados em razão do cargo – poderão ser julgados pelo STJ. . Dessa forma, a prerrogativa de foro estabelecida no inciso I do artigo 105 da Constituição Federal será mantida sempre que um desembargador acusado da prática de crime sem relação com o cargo tivesse de ser julgado por juiz de primeiro grau vinculado ao mesmo tribunal que ele, pois a prerrogativa de foro visa, também, proteger a independência no exercício da função judicante. . Isso foi estendida para outras situações. . Compete ao STF julgar demandas no artigo 102 da CF. . Compete ao STJ julgar demandas dispostas no art. 105 da CF. A) Observações importantes de Nestor Távora: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1802050&num_registro=201702003371&data=20190603&formato=PDF https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1738511&num_registro=201601546950&data=20181219&formato=PDF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art105 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II – ROBERTO GOMES - FBD NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 34 . Qualidade da função pública desempenhada pelo sujeito ativo do delito. . É errado falar em foro privilegiado. . Prerrogativa de função – interesse público – não viola o princípio do juiz natural. . Confronto entre prerrogativa prevista em Constituição Estadual X Regra de competência prevista na CF = prevalece a CF. – Exemplo: prerrogativa de foro estabelecida em constituição estadual x tribunal do júri. . Outros exemplos: ADI 6512 e ADI 6513. . Para o STF, devem ser preenchidos 2 requisitos cumulativos: crimes praticados DURANTE O EXERCÍCIO DA FUNÇÃO (temporal) e EM RAZAO DA FUNÇÃO/desempenho da função (temática). . Tem jurisprudência do STJ contrária a isso. . Autoridades com foro por prerrogativa no Tribunal de Justiça e no TRF, se cometer crimes eleitorais, serão julgados no TRE. . O mesmo não
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