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APG – SOI 1 S4P1 - POTENCIAL DE AÇÃO DO CORAÇÃO INFORMAÇÕES INICIAIS - As extremidades das fibras musculares cardíacas se ligam às fibras vizinhas por espessamentos transversais irregulares de sarcolema chamados discos intercalares. Os discos contêm desmossomos, que mantêm as fibras unidas, e junções comunicantes, que possibilitam que os potenciais de ação musculares sejam conduzidos de uma fibra muscular para as fibras vizinhas. As junções comunicantes possibilitam que todo o miocárdio dos átrios ou dos ventrículos se contraia como uma única unidade, coordenada. - O coração consiste em quatro câmaras, de modo que o átrio e o ventrículo esquerdo são parte da circulação sistêmica e o átrio e o ventrículo direito fazem parte da circulação pulmonar, atuando, assim, como uma bomba dupla. Para o bom funcionamento mecânico desta “bomba de sangue”, é necessário um eficiente sistema de condução de impulsos elétricos para permitir a despolarização do miocárdio e, consequentemente, a contração cardíaca. - A atividade elétrica inerente e rítmica é o motivo das contrações cardíacas ao longo da vida. A fonte desta atividade elétrica é uma rede de fibras musculares cardíacas especializadas chamadas fibras auto rítmicas, porque são autoexcitáveis. As fibras auto rítmicas produzem repetidamente potenciais de ação que desencadeiam contrações cardíacas. Elas continuam estimulando o coração a contrair, mesmo após terem sido removidas do corpo. SISTEMA DE CONDUÇÃO CARDÍACA (SISTEMA HIS-PURKINJE) O coração é dotado de um sistema especial para: (1) Agem como marca-passo, definindo o ritmo da excitação elétrica que provoca a contração do coração. (2) Formam o sistema de condução do coração, uma rede de fibras musculares cardíacas especializadas que oferecem uma via para que cada ciclo de excitação cardíaca se propague pelo coração. - O sistema de condução garante que as câmaras do coração sejam estimuladas de modo a se contrair coordenadamente, tornando o coração uma bomba eficaz; - Este sistema condutor é o responsável pela sincronia dos eventos do ciclo cardíaco; - Os potenciais de ação cardíacos se propagam ao longo do sistema de condução na seguinte sequência: 1º. Inicio da excitação no nó sinoatrial (SA), localizado na parede atrial direita. As células do nó SA se despolarizam repetida e espontaneamente até um limiar. A despolarização espontânea é um potencial marca-passo. Quando o potencial marca-passo alcança o limiar, ele dispara um potencial de ação. Cada potencial de ação do nó SA se propaga ao longo de ambos os átrios via junções comunicantes nos discos intercalares das fibras musculares atriais. Após o potencial de ação, os dois átrios se contraem simultaneamente. 2º. Ao ser conduzido ao longo das fibras musculares atriais, o potencial de ação alcança o nó atrioventricular (AV), localizado no septo interatrial. No nó AV, o potencial de ação se desacelera consideravelmente, como resultado de várias diferenças na estrutura celular do nó AV. Este atraso fornece tempo para os átrios drenarem seu sangue para os ventrículos. 3º. A partir do nó AV, o potencial de ação entra no fascículo atrioventricular (AV) (feixe de His). Este fascículo é o único local em que os potenciais de ação podem ser conduzidos dos átrios para os ventrículos. 4º. Depois da propagação pelo fascículo AV, o potencial de ação entra nos ramos direito e esquerdo. Os ramos se estendem ao longo do septo interventricular em direção ao ápice do coração. 5º. Por fim, os ramos subendocárdicos calibrosos (fibras de Purkinje) conduzem rapidamente o potencial de ação, começando no ápice do coração e subindo em direção ao restante do miocárdio ventricular. Em seguida, os ventrículos se contraem, deslocando o sangue para cima em direção às válvulas semilunares. CÉLULAS MIOCÁRDICAS Podemos identificar três tipos de células cardíacas, com diferentes propriedades eletrofisiológicas: (1) Células musculares: Presentes nas paredes atriais e ventriculares, são especializadas na contração, sendo responsáveis, assim, pelo acoplamento entre o impulso elétrico e a contração mecânica cardíaca; (2) Células de condução: São especializadas na condução rápida de impulso elétrico e estão localizados no sistema His-Purkinje; são essenciais para que o coração se contraia na totalidade; (3) Células marca-passo: com propriedade de auto-despolarização, conseguindo gerar o estímulo elétrico que se propagará pelo sistema cardíaco de condução; estas células estão localizadas ao longo do sistema His-Purkinje, destacando-se as células marca-passo presente no nodo sinusal. POTENCIAL DE REPOUSO O potencial de repouso de uma membrana é o potencial transmembrana da mesma quando se observa um fluxo nulo efetivo de correntes através desta. Ou seja, o número de cargas positivas que entram na célula deve ser exatamente igual ao de cargas positivas que saem dela. Deste modo, todos os íons presentes nos meios intra e extracelular podem contribuir para o potencial transmembrana de uma célula. A manutenção do potencial de repouso dentro de certos valores é fundamental para a ativação normal do coração, uma vez que os principais canais iônicos responsáveis pela atividade elétrica cardíaca são dependentes de voltagem. Assim, para a ativação normal do miocárdio (excetuando-se o marca-passo), é fundamental que tal potencial seja mantido na faixa de -80 a -90 mV. POTENCIAL DE AÇÃO DAS CÉLULAS CARDÍACAS CÉLULAS MARCA-PASSO - NÃO possui um potencial de repouso verdadeiro; - O potencial marca-passo se dá pelo influxo de sódio (Na+) através dos canais engraçados; - A despolarização se dá pelo influxo de cálcio (Ca-) através dos canais de cálcio; - Não possui PLATEO; - Disparam em torno de 80 potencial de ação por minuto; - São auto-excitaveis; - a voltagem começa em tono de -60mV e se move para cima de forma espontânea até chegar no limiar de -40mV; - As células marca-passo possui canais engraçados(if) que permite um INFLUXO (entrada) de Sódio(Na+) para DENTRO da célula quando a voltagem fica menor de -40mV, DESPOLARIZANDO a célula, resultando no POTENCIAL MARCA-PASSO; - No limiar, os canais de Cálcio se abrem e os íons de cálcio (Ca+2) entram da célula, despolarizando mais ainda a membrana, resultando na parte mais ascendente do gráfico, a DESPOLARIZAÇÃO; - No seu pico, os canais de cálcio se tornam inativos e os canais de Potássio (K) se abrem para que os íons de potássio deixem a célula (EFLUXO) e com isso a voltagem retorna para -60mV, essa é a fase descendente de potencial de ação (REPOLARIZAÇÃO). CÉLULAS CONTRÁTEIS - Possuem Retículo sarcoplástico, que armazena uma abundância de Cálcio (Ca++); - Possuem também, miofibrilas; - A DESPOLARIZAÇÃO (mais sódio e cálcio dentro da célula) acontece apenas mediante estímulo; - Possui um potencial de repouso de -90mV e o limiar de -70mV; - O estímulo inicia quando íons da célula anterior migram para a próxima, ocasionando no aumento da voltagem da célula até o limiar de -70mV. - Quando a voltagem chega no limiar, canais de Sódio velozes se abrem criando um INFLUXO(entrada) rápida de Na+ para dentro da célula, ocasionando um aumento acentuado na voltagem (FASE DESPOLARIZADORA); - Canais de Cálcio também se abrem, causando um influxo lento porem constante de cálcio para dentro da célula. No seu pico os canais de sódio se fecham rapidamente, e canais de potássio se abrem resultando numa pequena diminuição de potencial de membrana, conhecido como REPOLARIZAÇÃO PRECOCE; - Os canais de Potássio se mantêm abertos, e o efluxo de potássio é equilibrado eventualmente pelo influxo de Cálcio, o que mantêm o potencial de membrana relativamente estável, resultando na fase conhecida cono PLATEAU. - O Cálcio é o elemento principal para ocorrer a excitação muscular, porem, o influxo de cálcio não é suficiente para induzir a contração, então o cálcio que entra na célula vai ativar uma liberação maior deCálcio que existe dentro do RS (retículo Sarcoplasmático), em um processo conhecido como liberação de cálcio induzido por cálcio. Com isso ocorre o desencadeamento da contração muscular por mecanismos de filamento deslizante. - Posteriormente, ocorre o fechamento dos canais de cálcio e consequentemente ocorre o predomínio do efluxo de potássio e a voltagem da membrana retorna à seu valor de repouso. ELETROCARDIOGRAMA O eletrocardiógrafo amplifica os sinais elétricos do coração, com ele é possível determinar: (1) se a via condutora está anormal, (2) se o coração está dilatado, (3) se determinadas regiões do coração estão danificadas e (4) a causa da dor torácica. Em um registro típico, três ondas claramente reconhecíveis aparecem a cada batimento cardíaco: - Onda P, é um pequeno desvio para cima no ECG. A onda P representa a despolarização atrial, que se propaga do nó SA ao longo das fibras contráteis em ambos os átrios. - Complexo QRS, começa com uma deflexão para baixo, continua como uma grande onda vertical triangular, e termina como uma onda descendente. O complexo QRS representa a despolarização ventricular rápida, conforme o potencial de ação se propaga ao longo das fibras contráteis ventriculares. - A onda T representa a repolarização ventricular e ocorre apenas quando os ventrículos começam a relaxar. A onda T é menor e mais larga do que o complexo QRS, porque a repolarização ocorre mais do que a despolarização. Durante o período de platô da despolarização constante, o traçado do ECG é reto. Correlação das ondas do ECG com sístoles atriais e ventriculares O termo sístole refere-se à fase de contração; a fase de relaxamento é a diástole. As ondas do ECG predizem o momento da sístole e diástole atrial e ventricular. Em uma frequência de 75 bpm, a sincronização é a seguinte: 1. Um potencial de ação cardíaco surge no nó SA. Ele se propaga ao longo do músculo atrial e para baixo em direção ao nó AV em cerca de 0,03 s. Enquanto as fibras contráteis atriais se despolarizam, a onda P aparece no ECG. 2. Depois do início da onda P, os átrios se contraem (sístole atrial). A condução do potencial de ação se desacelera no nó AV, porque as fibras têm diâmetros muito menores e menos junções comunicantes. O 0,1 s de atraso resultante possibilita tempo para os átrios se contraírem, aumentando assim o volume de sangue nos ventrículos antes de a sístole ventricular começar. 3. O potencial de ação se propaga rapidamente de novo após entrar no fascículo AV. Cerca de 0,2 s após o início da onda P, ele se propagou ao longo dos ramos, ramos subendocárdicos e todo o miocárdio ventricular. A despolarização progride para baixo pelo septo, para cima a partir do ápice, e para fora da superfície do endocárdio, produzindo o complexo QRS. Ao mesmo tempo, ocorre a repolarização atrial, mas esta normalmente não é evidente em um ECG, porque os complexos QRS maiores a mascaram. 4. A contração das fibras contráteis ventriculares (sístole ventricular) começa pouco depois do complexo QRS aparecer e continua durante o segmento S-T. Conforme a contração prossegue do ápice à base do coração, o sangue é espremido para cima em direção às válvulas semilunares. 5. A repolarização das fibras contráteis ventriculares começa no ápice e se espalha por todo o miocárdio ventricular. Isso produz a onda T do ECG em cerca de 0,4 s depois do início da onda P. 6. Logo após a onda T começar, os ventrículos começam a relaxar (diástole ventricular). Em 0,6 s, a repolarização ventricular está completa e as fibras contráteis ventriculares estão relaxadas. REFERÊNCIAS TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Rio de Janeiro - RJ. EDITORA GUANABARA KOOGAN LTDA., 2016. E-book. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/book s/9788527728867/. Acesso em: 24 ago. 2022.