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5º SEMESTRE TUTORIA 01 OBJETIVOS: 1. Compreender a tuberculose. 2. Estudar a anemia megaloblástica. 3. Revisar a semiologia abdominal 4. Entender os exames laboratoriais e clínicos da tuberculose e anemia megaloblástica Objetivo 1 - Compreender a tuberculose A tuberculose (TB) é uma doença infecto-contagiosa, crônica, granulomatosa e necrosante causada pelo bacilo álcool-ácido-resistente (BAAR) Mycobacterium tuberculosis ou por qualquer patógeno do complexo: • Mycobacterium bovis, • Mycobacterium africanum, • Mycobacterium canetti, • Mycobacterium pinnipedi, • Mycobaxterium microti • Mycobacterium caprae. No entanto, o patógeno principal é o M. tucerbulosis, também chamado de Bacilo de Koch (BK). Geralmente, acomete os pulmões, porém pode afetar qualquer órgão ou tecido. O reservatório da doença é caracteristicamente encontrado em pessoas com doença pulmonar ativa. A transmissão comumente é direta e por microrganismos aerossolizados, gerados por expectoração ou exposição a secreções contaminadas oriundas de pessoas infectadas que são inalados pelo contactante. A chance de uma pessoa se infectar após contato com um paciente bacilífero depende da concentração de bacilos expelidos pelo paciente tuberculoso, da intensidade e frequência do contato, de condições ambientais e da resistência natural do indivíduo exposto. Apenas os que desenvolvem “tuberculose-doença” podem eliminar bacilos e transmiti-lo. Ainda, dos que adoecem, nem todos eliminam bacilos. Podemos dividir os infectados em dois grupos: Os chamados multibacilíferos: são definidos pela presença de baciloscopia positiva no escarro (“BAAR positivos”) e são os principais responsáveis pela transmissão da tuberculose. Os paucibacilíferos, quando a baciloscopia do escarro está negativa, mas com cultura positiva. Classificação Primária: A tuberculose primária se desenvolve em pacientes não expostos e, desse modo, não sensibilizados. Idosos e pacientes imunossuprimidos podem perder a sensibilidade ao bacilo da tuberculose e desenvolver tuberculose primária mais de uma vez. Quando reinfectados, 5% adquirem doença de forma significativa. A TB pulmonar primária normalmente ocorre em seguida ao primeiro contato do indivíduo com o bacilo e, por isso, é mais comum em crianças. Secundária: A tuberculose secundária surge em hospedeiros previamente sensibilizados. Pode surgir logo após a primária, porém, mais comumente, surge da reativação de lesões primárias dormentes muitas décadas após a infecção inicial, particularmente quando imunossupressão do hospedeiro. Além disso, pode surgir após a reinfecção exógena devido à queda na proteção proporcionada pela doença primária ou devido à inoculação de um grande inóculo de bacilos virulentos. Entretanto, poucos pacientes (menos de 5%) com a doença primária desenvolvem tuberculose secundária subsequente. A TB pulmonar pós-primária ou secundária pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum no adolescente e no adulto jovem. A TB miliar: é um aspecto radiológico pulmonar específico, pode ocorrer tanto na forma primária quanto na forma secundária da TB. É uma forma grave da doença, que é mais comum em pacientes imunocomprometidos, como pessoas infectadas com HIV em fase avançada de imunossupressão. Quadro Clinico Primária: As manifestações clínicas podem ser enganadoras, com o paciente apresentando-se irritadiço, com febre baixa, sudorese noturna e inapetência. Nem sempre a tosse está presente. O exame físico pode ser inexpressivo. Secundária: Tem como característica principal a tosse seca ou produtiva. Em locais com elevadas taxas de incidência de TB pulmonar, toda pessoa que procura a unidade de saúde devido à tosse prolongada (busca passiva) deve ter a TB incluída na sua investigação diagnóstica. • Em casos de tosse é produtiva, a expectoração pode ser purulenta ou mucoide, com ou sem sangue. • A febre vespertina, sem calafrios, não costuma ultrapassar os 38,5ºC. • A sudorese noturna e a anorexia são comuns. • O exame físico geralmente mostra fácies de doença crônica e emagrecimento, embora indivíduos com bom estado geral e sem perda do apetite também possam ter TB pulmonar. • A ausculta pulmonar pode apresentar diminuição do murmúrio vesicular, sopro anfórico ou mesmo ser normal. TB Miliar: A apresentação clínica pode ser aguda ou subaguda, com maior frequência em crianças e em adultos jovens. De uma forma mais incomum, a TB miliar apresenta-se como doença crônica (idosos) ou mesmo febre de origem obscura. Os sintomas como febre, astenia, emagrecimento e tosse ocorrem em 80% dos casos. O exame físico pode mostrar hepatomegalia (35% dos casos), alterações do sistema nervoso central (30% dos casos) e alterações cutâneas do tipo eritemato-máculo-pápulo-vesiculosas (incomum). Diagnostico Para o diagnóstico da tuberculose são utilizados, principalmente, os seguintes exames: • exame microscópico direto (baciloscopia direta) • cultura para micobactéria com identificação de espécie • teste de sensibilidade antimicrobiana • teste rápido para tuberculose (TR-TB) • radiografia de tórax. • TC de tórax • Prova tuberculinica Além desses exames, recomenda-se que o teste anti-HIV seja oferecido a todas as pessoas com tuberculose. Para as pessoas com maior risco de adoecimento por tuberculose, como os contatos de pessoas infectadas por tuberculose e pessoas vivendo com o HIV/aids, recomenda-se investigar a infecção latente da tuberculose por meio da prova tuberculínica para tratar, quando indicado, a infecção latente antes que a pessoa adoeça. Tratamento O tratamento da Tuberculose deve ser feito em regime ambulatorial, supervisionado, no serviço de saúde mais próximo a residência do doente. Antes de iniciar a quimioterapia, e necessário orientar o paciente quanto ao tratamento. Para isso, deve-se explicar, em linguagem acessível, as características da doença e o esquema de tratamento que será seguido - drogas, duração, benefícios do uso regular da medicação, consequências advindas do abandono do tratamento, e possíveis efeitos adversos dos medicamentos. Principal estratégia do novo modelo de atenção ao paciente com Tuberculose, o DOTS, Estratégia de Tratamento Diretamente Observado, e fator essencial para se promover o real e efetivo controle da Tuberculose. A estratégia DOTS visa o aumento da adesão dos pacientes, maior descoberta das fontes de infecção (pacientes pulmonares bacilíferos), e o aumento da cura, reduzindo-se o risco de transmissão da doença na comunidade. As drogas usadas, nos esquemas padronizados, são as seguintes: • Isoniazida - H; • Rifampicina - R; • Pirazinamida - Z; • Etambutol - E. Em crianças menores de cinco anos, que apresentem dificuldade para ingerir os comprimidos, recomenda-se o uso das drogas, na forma de xarope ou suspensão. Está recomendado o uso de Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida e Etambutol na primeira fase do tratamento durante dois meses seguidos de Rifampicina e Isoniazida durante quatro meses, mantendo dessa forma o regime de curta duração de 6 meses. Para crianças (< 10 anos de idade) continua a recomendação com 3 fármacos na 1a fase (RHZ) e 2 fármacos (RH) na 2a fase. 1ª fase (ou de ataque) - As 4 drogas preconizadas serão administradas em comprimidos compostos por dosagens fixas de Rifampicina – 150mg, Isoniazida – 75mg, Pirazinamida – 400mg e Etambutol – 275mg. 2ª fase (ou de manutenção) - As 2 drogas preconizadas serão administradas em comprimidos com dosagens fixas de Rifampicina – 150mg e Isoniazida – 75mg. Objetivo 2 - Estudar a anemia megaloblástica. A anemia megaloblástica é um tipo de anemia em que a medula óssea produz hemácias maiores que o normal e diminuição do tamanho dos glóbulos brancos e das plaquetas, resultam, na maioria das vezes, de deficiências de vitamina B12 e folato no sangue. Etiologia A causa mais comum de deficiência de B12 é a anemiaperniciosa decorrente do comprometimento da secreção de fator intrínseco, pode se desenvolver mesmo na ausência de idade avançada. Outras causas comuns são má absorção decorrente de gastrite, derivação gástrica ou teníase. A deficiência alimentar é rara, mas pode ocorrer em pacientes veganos. A deficiência de folato é extremamente rara em países em que os cereais e grãos são enriquecidos com ácido fólico. Entretanto, a deficiência de folato pode ocorrer em pacientes com dietas restritivas, consumo abusivo crônico de álcool ou anorexia. Doenças de má absorção como doença celíaca, espru tropical e síndrome do intestino curto são outras causas prováveis. Quando a necessidade de folato aumenta, inclusive durante a gestação e em pacientes com hemólise crônica (i.e., hemoglobinopatias), pode ocorrer deficiência de folato. https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/s%C3%ADndromes-de-m%C3%A1-absor%C3%A7%C3%A3o/doen%C3%A7a-cel%C3%ADaca https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/s%C3%ADndromes-de-m%C3%A1-absor%C3%A7%C3%A3o/espru-tropical https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/s%C3%ADndromes-de-m%C3%A1-absor%C3%A7%C3%A3o/s%C3%ADndrome-do-intestino-curto Outras causas de megaloblastose são os fármacos que interferem na síntese de DNA (em geral antineoplásicos, como a hidroxiureia, ou imunossupressores) e os distúrbios metabólicos raros (p. ex., acidúria orótica hereditária) Quadro clinico As manifestações megaloblásticas das deficiências de VIT B12 e de folato são clinicamente indistinguíveis, a não ser pela historia recente na deficiência de folato (em torno de 6 meses) e mais prolongado na deficiência de B12 (três anos ou mais) Manifestações hematológicas: fraqueza, palidez, dispineia, claudicação intermitente (um sintoma de doenças vasculares que causa dores intensas nas pernas, similares às câimbras e fisgadas, ao caminhar e realizar atividades físicas), dermatites, além de pele “cor de limão” Manifestações gastrointestinais: mais frequente na perniciosa, glossite (perda das papilas da língua, que fica lisa, brilhante e intensamente vermelha), sangramento de mucosas, infecções crônicas. Manifestações neuropsíquicas: mais frequente na de B12, neuropatia periférica e degeneração das colunas posteriores e lateral da medula espinal, que causa distúrbios de marcha e equilíbrio, déficit cognitivo, polineuropatia sensitiva, depressão, irritabilidades, insônia, psicose e distúrbios visuais Diagnostico • Hemograma completo, índices de eritrócitos, contagem de reticulócitos e esfregaço periférico • Níveis de B12 e folato Os achados no hemograma e no esfregaço sanguíneo são iguais em ambas as deficiências e podem apresentar: • Anemia macrocitica • Leucopenia e/ou trombocitopenia leve • Contagem de reticulócitos é normal ou baixa Em pacientes com achados típicos no hemograma, deve-se pedir a dosagem sérica de VIT B12 e ácido fólico (B9). Deficiência de Folato: tanto o folato sérico quanto eritrocitário estão diminuídos, enquanto os níveis de VIT B12 estão normais ou aumentados Deficiência de VIT B12: os níveis de cobalamina VIT B12 estão geralmente baixos e os de folato normais. Tratamento Tratamento por via oral ou parenteral, para pacientes com absorção intestinal prejudicada, a via parenteral é a mais indicada Objetivo 3 - Revisar a semiologia abdominal. Objetivo 4 - Entender os exames laboratoriais e clínicos da tuberculose e anemia megaloblástica. Tuberculose Baciloscopia direta: Por ser um método simples e seguro, deve ser realizado por todo laboratório público de saúde e pelos laboratórios privados tecnicamente habilitados. Em crianças, a sensibilidade da baciloscopia é bastante diminuída pela dificuldade de obtenção de uma amostra com boa qualidade. A baciloscopia de escarro é indicada nas seguintes condições: • No sintomático respiratório, durante estratégia de busca ativa; • Em caso de suspeita clínica e/ou radiológica de TB pulmonar, independentemente do tempo de tosse; • Para acompanhamento e controle de cura em casos pulmonares com confirmação laboratorial; • A baciloscopia de outros materiais biológicos também está indicada na suspeição clínica de TB extrapulmonar. A baciloscopia de escarro deve ser realizada em duas amostras: uma por ocasião do primeiro contato com a pessoa que tosse e outra, independentemente do resultado da primeira, no dia seguinte, com a coleta do material sendo feita preferencialmente ao despertar. Teste rápido molecular para tuberculose (TRM-TB): está indicado, prioritariamente, para o diagnóstico de tuberculose pulmonar e laríngea em adultos e adolescentes. Em alguns municípios brasileiros, o teste rápido molecular para TB (TRM-TB, GeneXpert®) encontra-se disponível na rede pública de saúde e deve ser utilizado de acordo com algoritmos estabelecidos. Está indicado nas seguintes situações: • Diagnóstico de casos novos de TB pulmonar e laríngea em adultos e adolescentes; • Diagnóstico de casos novos de TB pulmonar e laríngea em adultos e adolescentes de populações de maior vulnerabilidade; • Diagnóstico de TB extrapulmonar nos materiais biológicos já validados; • Triagem de resistência à rifampicina nos casos de retratamento; • Triagem de resistência à rifampicina nos casos com suspeita de falência no tratamento da TB; • Amostras recomendadas para realização do TRM-TB: Escarro, escarro induzido, lavado broncoalveolar, lavado gástrico, líquor, gânglios linfáticos e outros tecidos. Cultura para micobactéria, identificação e teste de sensibilidade: A cultura é um método de elevada especificidade e sensibilidade no diagnóstico da TB. Nos casos pulmonares com baciloscopia negativa, a cultura do escarro pode aumentar em até 30% o diagnóstico bacteriológico da doença. A identificação da espécie é feita por métodos bioquímicos e fenotípicos ou por meio de técnicas moleculares. O resultado da cultura confirma o diagnóstico de micobacteriose, sendo necessária a identificação de espécie para caracterizar se é um caso de TB ou outra micobactéria. Radiografia de tórax: é o de escolha na avaliação inicial e no acompanhamento da TB pulmonar. Podem ser observados os vários padrões radiológicos sugestivos de atividade de doença, como cavidades, nódulos, consolidações, massas, processo intersticial (miliar), derrame pleural e alargamento de mediastino. O exame radiológico em pacientes com diagnóstico bacteriológico tem como principais objetivos excluir outra doença pulmonar associada, avaliar a extensão do acometimento e sua evolução radiológica durante o tratamento. Tomografia computadorizada de tórax: A tomografia computadorizada (TC) do tórax é mais sensível para demonstrar alterações anatômicas dos órgãos ou tecidos comprometidos e é indicada na suspeita de TB pulmonar quando a radiografia inicial é normal, e na diferenciação com outras doenças torácicas, especialmente em pacientes imunossuprimidos. Diagnóstico pela prova tuberculínica: A prova tuberculínica (PT) pode também auxiliar o diagnóstico de tuberculose ativa em crianças. Consiste na inoculação intradérmica de um derivado proteico purificado do M. tuberculosis para medir a resposta imune celular a esses antígenos. Não há evidências para utilização de PT como método auxiliar no diagnóstico de TB pulmonar ou extrapulmonar no adulto. Uma PT positiva não confirma o diagnóstico de TB ativa, assim como uma PT negativa não o exclui. Assim, a PT é indicada para: identificar casos ILTB em adultos e crianças e auxiliar no diagnóstico de TB ativa em crianças. Indivíduos com PT documentada e resultado ≥ 5 mm não devem ser retestados, mesmo diante de uma nova exposição ao M. tuberculosis.