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Indaial – 2023
Profissional
Prof.ª Grace Kelly Cabral dos Santos
1a Edição
fundamentos 
de teraPia 
ocuPacional e Ética
Elaboração:
Prof.ª Grace Kelly Cabral dos Santos
Copyright © UNIASSELVI 2023
 Revisão, Diagramação e Produção: 
Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
Impresso por:
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI.
Núcleo de Educação a Distância. SANTOS, Grace Kelly Cabral dos.
Fundamentos de Terapia Ocupacional e Ética Profissional. Grace Kelly Ca-
bral dos Santos. Indaial - SC: Arqué, 2023.
170p.
ISBN 978-65-5646-652-1
ISBN Digital 978-65-5646-653-8
“Graduação - EaD”.
1. Fundamentos 2. Terapia 3. Ética 
CDD 174
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Seja bem-vindo ao curso de Terapia Ocupacional, uma das profissões que mais 
cresce no país. Você está recebendo o livro didático da disciplina Fundamentos de 
Terapia Ocupacional e Ética Profissional. Neste, abordaremos os assuntos pertinentes 
aos ensinamentos em Terapia Ocupacional, servindo de base à sua futura profissão. 
Este livro está divido em três unidades, o que favorece uma melhor organização e 
estruturação dos temas abordados.
Na Unidade 1, estudaremos a introdução e fundamentação da Terapia 
Ocupacional, sendo destacados os principais pontos norteadores da profissão desde os 
primórdios aos dias atuais.
Na Unidade 2, intitulada Fundamentos Éticos e Morais da Terapia Ocupacional, 
abordaremos os princípios e aspectos éticos da profissão, caracterizando os principais 
órgãos e representantes da categoria em nível estadual, federal e mundial, além dos 
aspectos bioéticos envolvendo o atendimento e a pesquisa.
Na Unidade 3, intitulada Atuação do Terapeuta Ocupacional, estudaremos sobre 
os teóricos e tipos de métodos em Terapia Ocupacional, as especificidades da profissão 
nos diferentes cenários de prática e as atividades desenvolvidas nos níveis de atenção 
à saúde.
Ao final de cada tema de aprendizagem, você encontrará atividades autodirigidas 
para a consolidação do conteúdo aprendido, além de um resumo sobre os conteúdos 
apresentados em cada unidade.
Bons Estudos!
Grace Kelly Cabral dos Santos
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e 
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes 
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você 
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar 
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só 
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
GIO
QR CODE
Olá, eu sou a Gio!
No livro didático, você encontrará blocos com informações 
adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento 
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender 
melhor o que são essas informações adicionais e por que você 
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações 
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais 
e outras fontes de conhecimento que complementam o 
assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos 
os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. 
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um 
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na 
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada 
também digital, em que você pode acompanhar os recursos 
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo 
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura 
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no 
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que 
também contribui para diminuir a extração de árvores para 
produção de folhas de papel, por exemplo.
Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, 
apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, 
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com 
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
Preparamos também um novo layout. Diante disso, você 
verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses 
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos 
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, 
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os 
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO EM TERAPIA OCUPACIONAL ................ 1
TÓPICO 1 - HISTÓRICO DA TERAPIA OCUPACIONAL...........................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3
2 MARCOS HISTÓRICOS DA TERAPIA OCUPACIONAL NO MUNDO.....................................3
3 TERAPIA OCUPACIONAL NO BRASIL .................................................................................8
4 O SÍMBOLO DA TERAPIA OCUPACIONAL .........................................................................11
RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 13
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................14
TÓPICO 2 - FUNDAMENTOS EM TERAPIA OCUPACIONAL ................................................ 17
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 17
2 FUNDAMENTOS DA TERAPIA OCUPACIONAL NO EXTERIOR ........................................ 17
3 FUNDAMENTOS DA TERAPIA OCUPACIONAL NO BRASIL ............................................ 22
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 28
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 29
TÓPICO 3 - DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A TERAPIA 
 OCUPACIONAL ................................................................................................. 31
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 31
2 PROMULGAÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS ................................. 31
3 ESTRATÉGIAS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES 
 NACIONAIS PARA OS CURSOS DE TERAPIA OCUPACIONAL ........................................ 41
RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 46
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................47
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................49
UNIDADE 2 — FUNDAMENTOS ÉTICOS E MORAIS DA TERAPIA OCUPACIONAL ............ 53
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS E CONCEITOS SOBRE ÉTICA ..................................................... 55
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 55
2 PRINCÍPIOS E CONCEITOS SOBRE ÉTICA ...................................................................... 55
2.1 ÉTICA E DEONTOLOGIA DA PROFISSÃO ........................................................................................60
3 CÓDIGO DE ÉTICA DO TERAPEUTA OCUPACIONAL ...................................................... 63
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 68
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 69
TÓPICO 2 - SISTEMA DE CONSELHOS PROFISSIONAIS ................................................... 71
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 71
2 FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE TERAPEUTAS OCUPACIONAIS ............................... 71
3 CONSELHO FEDERAL E REGIONAL DE TERAPIA OCUPACIONAL ..................................72
4 ASSOCIAÇÕES .................................................................................................................75
RESUMO DO TÓPICO 2 .........................................................................................................78
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................79
TÓPICO 3 - BIOÉTICA ..........................................................................................................81
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................81
2 COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA .....................................................................................81
3 NORMATIVAS E DIRETRIZES PARA REALIZAÇÃO DE PESQUISA ENVOLVENDO
 SERES HUMANOS ............................................................................................................ 89
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................96
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................102
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................103
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................105
UNIDADE 3 — ATUAÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL ...............................................109
TÓPICO 1 — TEÓRICOS E MÉTODOS EM TERAPIA OCUPACIONAL ...................................111
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................111
2 RELAÇÃO TERAPEUTA x PACIENTE ...............................................................................111
3 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO EM TERAPIA OCUPACIONAL .............................................. 115
4 TEÓRICOS NA FUNDAMENTAÇÃO DA PRÁTICA ............................................................ 127
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 131
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................132
TÓPICO 2 - ÁREAS DE ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL ......................................135
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................135
2 TERAPIA OCUPACIONAL DA EDUCAÇÃO E INCLUSÃO ................................................135
3 TERAPIA OCUPACIONAL EM NEUROLOGIA ..................................................................136
4 TERAPIA OCUPACIONAL SOCIAL ................................................................................. 140
5 TERAPIA OCUPACIONAL NA GERIATRIA E GERONTOLOGIA .......................................142
6 TERAPIA OCUPACIONAL EM ONCOLOGIA E CUIDADOS PALIATIVOS .........................143
7 TERAPIA OCUPACIONAL NA SAÚDE MENTAL .............................................................. 144
8 TERAPIA OCUPACIONAL NA TECNOLOGIA ASSISTIVA ................................................145
9 TERAPIA OCUPACIONAL NA SAÚDE DO TRABALHADOR ............................................ 147
10 TERAPIA OCUPACIONAL NA SAÚDE DA CRIANÇA ..................................................... 147
11 TERAPIA OCUPACIONAL NO CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA .................................149
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 151
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................152
TÓPICO 3 - NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE ......................................................................155
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................155
2 TERAPIA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE .......................................155
3 TERAPIA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO SECUNDÁRIA À SAÚDE .................................156
4 TERAPIA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO TERCIÁRIA À SAÚDE ..................................... 157
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................158
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................162
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................163
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................165
1
UNIDADE 1 - 
INTRODUÇÃO E 
FUNDAMENTAÇÃO EM 
TERAPIA OCUPACIONAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer os marcos históricos da Terapia Ocupacional;
• conhecer a história da Terapia Ocupacional no Brasil;
• aprender os fundamentos e definições de Terapia Ocupacional;
• aprender os componentes fundamentais para a formação em Terapia Ocupacional.
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de 
reforçar o conteúdo apresentado.
TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – HISTÓRICO DA TERAPIA OCUPACIONAL 
TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – FUNDAMENTOS EM TERAPIA OCUPACIONAL
TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A 
TERAPIA OCUPACIONAL
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
HISTÓRICO DA TERAPIA OCUPACIONAL
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 1, abordaremos os marcos históricos 
da Terapia Ocupacional, enfatizando os principais pontos que trouxeram contribuições 
para a profissão como conhecemos.
Identificaremos os principais pontos de atuação já realizados por terapeutas 
ocupacionais no Brasil e no mundo, sendo explanadas as origens da Terapia Ocupacional, 
os princípios, conceitos e seus objetivos. 
Ademais, será abordada a história da profissão nos primeiros cursos de Terapia 
Ocupacional no Brasil, com destaque para a região sudeste do país.
Posteriormente, apresentaremos os símbolos que identificam a profissão, bem 
como o significado de cada item que os compõem. 
TÓPICO 1 - UNIDADE 1
2 MARCOS HISTÓRICOS DA TERAPIA OCUPACIONAL NO 
MUNDO
Pode-se enfatizar que a origem e o desenvolvimentoda Terapia Ocupacional 
estão relacionados ao momento histórico da humanidade. Apesar de a Terapia 
Ocupacional ser considerada uma profissão particularmente nova, surgida nos primeiros 
anos do século XX, o reconhecimento da cura da ocupação remonta a milhares de anos 
(WILLIARD; SPACKMAN, 2011).
No século XVII, por exemplo, Tomas Willis, imortalizado pelo polígono de Willis, já 
reconhecia o valor da utilização da ocupação na insanidade. Defendia o encaminhamento 
de pessoas para a realização de atividades que promovessem o bem-estar e alegria, 
como a dança, música, canto, caça, pesca e estudos (WILLIARD; SPACKMAN, 2011).
Contudo, esse tipo de tratamento foi pouco valorizado naquela época para o 
tratamento das pessoas com insanidade, sendo realizados os tratamentos médicos 
como sangrias, uso de purgantes e eméticos para o enfraquecimento e controle do 
comportamento do paciente (WILLIARD; SPACKMAN, 2011).
Somente no início do século XIX houve uma maior compreensão acerca da 
utilização da ocupação como ferramenta de tratamento em diversos contextos, mas 
principalmente no cuidado na saúde mental (WILLARD; SPACKMAN, 2011).
4
Diante da evolução da medicina e dos tipos de tratamento instaurados aos 
pacientes, ao longo do tempo, marcada por mudanças drásticas no estilo de vida e 
de hábitos, a Terapia Ocupacional surgiu como uma nova modalidade de tratamento 
(WILLARD; SPACKMAN, 2011).
Segundo Soares (2014), a profissão de Terapia Ocupacional possuiu diversas 
nomenclaturas. Contudo, no início do século XX, George Barton sugeriu a denominação 
hoje conhecida e aceita em diversos países. Isso contribuiu para a formação de uma 
linguagem talvez universal na Terapia Ocupacional.
George Edward Barton, norte-americano, arquiteto, em 1917, fundou a sociedade 
nacional de profissionais de Terapia Ocupacional, conhecida hoje como American 
Occupational Therapy Association. Seu principal objetivo era investigar, experenciar 
e conhecer o uso da ocupação como terapia, principalmente após seu adoecimento 
(MONTAÑO; VALER; CASTILHO, 2015).
A Terapia Ocupacional possui sua definição e conceito atualizados periodicamente. 
Hoje é possível encontrar essa nomeação adotada pelos países americanos e países 
anglo-americanos como Austrália, Japão e África do Sul entre outros (SOARES, 2014). 
O termo ergoterapia é adotado pelo continente europeu, o qual associou a 
palavra à sua origem etimológica, que deriva do grego ergein, que significa fazer, 
trabalhar e agir (SOARES, 2014).
Diversas definições tentaram conceituar o fazer em Terapia Ocupacional. Ela 
“bebeu” em diversas fontes de conhecimento ao longo do tempo, mas, principalmente, 
no seu início, quando a prática da profissão era pautada nos princípios do trabalho 
enquanto ocupação (SOARES, 2014).
Figura 1 – Reunião de fundação para a Sociedade Nacional para a promoção da Terapia Ocupacional, em 1917
Fonte: https://img3.findhealthclinics.com/146/176/788755281461768.jpg. Acesso em: 27 fev. 2022.
5
Na figura 1, da esquerda para a direita, sentados: Susan Cox Jonhson, George 
Barton, Eleanor Clarke Slagle. De pé, da esquerda para a direita: Willian Rush 
Dunton, Isabel Gladwin Barton, Thomas Bessell Kidner.
NOTA
Para Williard e Spackman (2011), "a Terapia Ocupacional é a arte e a ciência de 
ajudar as pessoas a realizarem atividades cotidianas que sejam importantes e significativas 
para sua saúde e bem-estar por meio do engajamento em ocupações valorizadas".
Pode-se citar que a Terapia Ocupacional remonta à Antiguidade, apresentando, 
como precursores, gregos e romanos, os quais consideravam o trabalho, tarefas, artes 
e artesanatos como meios de “cura” para aqueles que estavam possuídos, e estas 
atividades também eram oferecidos a todos os doentes como meio de contato com o 
divino (DE CARLO; BARTALOTTI, 2008).
Em meados de 1786, o médico francês Philippe Pinel instaurou uma nova 
abordagem no tratamento dos doentes mentais asilados, sendo associada a utilização 
da ocupação como tratamento, sendo conhecido como tratamento moral, em que o 
trabalho era o melhor método para estabelecer uma boa moral e disciplina (CONSELHO 
REGIONAL DE FISOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL 12ª REGIÃO, 2017).
Contudo, a maioria dos autores referem os ensaios da Terapia ocupacional que 
datam de 1789 da Revolução Francesa e da Primeira Guerra Mundial, períodos históricos 
e marcados por transformações sociopolíticas e econômicas (SOARES, 2014).
Nesse período, novas instituições de saberes foram criadas, principalmente 
na área da saúde mental, na qual houve mudanças significativas no tratamento dos 
pacientes, que antes eram enclausurados em manicômios e passaram a agregar espaços 
de tratamento. Contudo essas mudanças ainda necessitariam de novas perspectivas, 
como elucidado futuramente (SOARES, 2014).
Nas épocas anteriores às revoluções, havia a segregação dos diferentes (loucos, 
incapazes, idosos, deficientes, prostitutas), que eram isolados do convívio social, com o 
objetivo de proteger a sociedade da desordem e dos perigos que eles representavam. Nos 
asilos, conhecidos como antigos leprosários na Idade Média, os marginalizados recebiam 
ações punitivas em um sistema semipenitenciário (DE CARLO; BARTALOTTI, 2008).
Os hospitais, nesse contexto, tinham a função muito mais religiosa do que 
médica, pois deveria ser um local de transformação espiritual. A equipe possuía o papel 
6
caritativo, mais voltado ao cuidado para salvar a alma. A presença do médico era só para 
justificar o serviço de promoção à saúde (DE CARLO; BARTALOTTI, 2008). 
Após as transformações técnico-científicas, o tratamento das doenças mentais 
passou a ser o cérebro, sendo caracterizadas pela etiologia como doenças de ordem 
cerebral. Ou seja, uma visão mais biomédica se instaurou.
Isso contribuiu para o crescimento dos princípios da psicobiologia, que 
relacionava os padrões de hábitos e doença mental. A metodologia de intervenção 
consistia em utilizar o tempo de maneira ativa e intencional do tempo, equilibrando o 
trabalho, repouso, lazer e sono (DE CARLO; BARTALOTTI, 2008).
Baseado nessas informações, e com o advento do crescimento da preocupação 
com a prevenção e manifestação de doenças e o aumento significativo, de pessoas 
incapacitadas em decorrência da guerra, surge o movimento denominado reabilitação, 
o qual consistia em utilizar a ocupação no atendimento de pacientes com demandas 
físicas e mentais (DE CARLO; BARTALOTTI, 2008).
Os princípios norteadores da Terapia Ocupacional também se referem à 
organização do comportamento a partir do agir, com a utilização ativa e intencional 
do tempo no contexto dos indivíduos. Isso contribuiu para os determinantes teóricos 
e práticos na criação de uma nova profissão – a Terapia Ocupacional (DE CARLO; 
BARTALOTTI, 2008).
Ademais, a concepção da utilização das ocupações como ferramenta terapêutica 
na prática médica – exercida principalmente por enfermeiras e assistentes sociais – surgiu 
na literatura a partir do século XVII, sendo reconhecida, dois séculos depois, como uma 
prática de saúde no âmbito biopsicossocial (DE CARLO; BARTALOTTI, 2008).
A profissão, no seu início, era praticada por mulheres, pois acreditava-se que 
elas tinham o “dom” natural de cuidar, voltado principalmente à concepção da saúde 
que configurava a mulher com sentimentos maternais intrínsecos a ela. Estas também 
foram denominadas de “auxiliares de reconstrução” (DE CARLO; BARTALLOTI, 2008).
Além disso, o envolvimento de mulheres, para alguns autores, reflete as 
mudanças sociais que já vinham sendo realizadas, pois elas podiam ampliar suas 
possibilidades para além do ambiente doméstico (MONZELI; MORISSON; LOPES, 2019).
Jane Addams e Ellen Gates Starr, como principais fundadoras da Hull 
House  no final dos anos de 1880, Julia Lathrop, uma das primeiras 
a se incorporar a essa instituição, e Eleanor Clarke Slagle foram as 
primeiras mulheres responsáveis pelas ações da  Hull House. Esse 
trabalho, no âmbito da ação social, do lidar comdemandas da questão 
social da sociedade capitalista que se levantava sob os alicerces 
estadunidenses, sob um enfoque político, começa também, para parte 
7
dessas mulheres, a oferecer parâmetros para ações que, mais tarde, 
viriam compor propostas em torno da Terapia Ocupacional (MORRISON, 
2016 apud MONZELI; MORRISON; LOPES, 2019).
O tratamento dos pacientes variava de premissas puramente físicas até as 
exclusivamente psíquicas, porém era comum a observação da mistura dos dois fatores 
na literatura inicial, onde o exercício restaurava a saúde física e esta restaurava a saúde 
mental (WILLARD; SPACKMAN, 2011).
Kielhofner e Burke apud De Carlo e Bartalotti (2008) referem que a Terapia 
Ocupacional, enquanto ciência, precisou se adequar ao método e rigor científicos presentes 
nas décadas de 1930 e 1940, onde, com o avanço do conhecimento científico, com 
melhores caracterizações das doenças e patologias, houve a necessidade da adequação 
do conhecimento do senso comum para um tratamento com respaldo científico.
Em meados de 1915, foi criado o primeiro curso de Terapia Ocupacional, no 
Estado de Chicago, nos Estados Unidos. Posteriormente, a profissão é difundida na 
Europa, no pós-guerra, com a criação de departamentos de Terapia Ocupacional em 
hospitais militares (CONSELHO REGIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL 
12ª REGIÃO, 2017).
A profissão continuou a crescer e a se definir a partir dos anos 1950. Os números 
de cursos de Terapia Ocupacional continuava a crescer e o número de profissionais 
graduados também, iniciando a avaliação da utilização de assistentes treinados na 
carência de profissionais capacitados para o tratamento dos pacientes (WILLIARD; 
SPACKMAN, 2011).
A partir dos anos 1960 e 1970, houve um crescimento considerável da profissão, 
bem como mudanças, sendo incorporados novos conhecimentos, principalmente na 
área neurocomportamental, instaurando a criação de novas abordagens de tratamento, 
como a abordagem da integração sensorial desenvolvida por A. Jean Ayres (WILLIARD; 
SPACKMAN, 2011).
Ayres foi influenciada por teóricos como Margaret Rood, Carl e Bertha 
Bobath no tratamento das disfunções neuromuscular, e por Piaget, que conceituou o 
desenvolvimento a partir de uma visão sensório-motora. A autora compreendia que as 
experiências sensoriais são incorporadas e utilizadas pelo ser humano para permitir a 
adaptação comportamental. Tal abordagem serve de base e continua sendo aprimorada 
no tratamento e acompanhamento de crianças na área da terapia comportamental, 
atualmente (WILLIARD; SPACKAMN, 2011). 
Diante da historicidade da Terapia Ocupacional, nos Estado Unidos, enquanto 
profissão, pode-se considerar que alguns fatores foram decisivos para a criação/
implantação da Terapia Ocupacional na América Latina, porém não existe um consenso 
em relação a uma única história da profissão. 
8
No ano de 2017, comemorou-se o centenário da profissão no mundo, e a 
Associação Americana de Terapia ocupacional enfatizou a importância da Terapia 
Ocupacional como uma poderosa profissão, amplamente reconhecida e respaldada 
pela prática baseada em evidência, atendendo a necessidades ocupacionais da 
sociedade, enfatizando, também, o fortalecimento da atuação da Terapia Ocupacional 
em colaboração com outras profissões (WILLIARD; SPACKMAN, 2011).
Destaca-se que o fato de a profissão ter sido criada por pessoas com diferentes 
tipos de formações possibilitou a pluralidade na formação de terapeutas ocupacionais, 
além de proporcionar a criação de uma visão holística sobre as ocupações humanas 
(SOARES, 2022).
3 TERAPIA OCUPACIONAL NO BRASIL
Com os seus primórdios e consolidação nos Estados Unidos e na Europa, a 
Terapia Ocupacional, enquanto profissão, começou a ser implantada em outros países e 
outros continentes, com destaque para a América Latina. 
Monzeli, Morrison e Lopes (2019), destacam a América Latina da seguinte 
maneira:
Começar com uma definição de América Latina, para além de 
importante, é bastante complicado e, em alguns momentos, 
paradoxal. É importante porque se coloca a tarefa de localizar 
histórica e geograficamente uma região, alguns idiomas e muitos 
povos distintos e diversos. Complicado, exatamente por essa 
enorme diversidade, não só de povos e culturas, mas também de 
discursos sobre essas diversidades. Paradoxal, pois, para falar dessa 
complexidade, muitas vezes, se tomam perspectivas postas pelas 
nações invasoras e colonizadoras, criando uma identidade “América 
Latina” em oposição e assimetria a essas nações.
Países como México, Venezuela, Chile e Brasil foram alguns países que 
incorporaram e reconheceram a Terapia Ocupacional enquanto profissão de reabilitação, 
sendo importante frisar os acontecimentos em nível de saúde pública no momento da 
criação dos primeiros cursos nesses países (MONZELI; MORRISON; LOPES, 2019). 
Em 1950, os primeiros cursos técnicos de Terapia Ocupacional foram criados 
nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Esse movimento se consolidou a partir das 
revoluções ocorridas mundialmente no setor da reabilitação. Posteriormente, outros 
cursos foram sendo criados em outros estados brasileiros (REIS; LOPES, 2018).
Uma das pioneiras em relação à incorporação da Terapia Ocupacional no Brasil 
foi Fernanda de Carvalho, formada na segunda turma do curso de Terapia Ocupacional 
no país pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Implantou o Setor de 
Terapia Ocupacional na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (MELO; GALLIAN, 2017).
9
Para Fernanda de Carvalho, a profissão possibilitou o contato com o outro, de 
maneira intensa, principalmente com as pessoas que sofriam discriminação naquela 
época. E por muito tempo não se entendia a necessidade do terapeuta ocupacional nas 
equipes de assistência, pois estes eram substituídos erroneamente por psicólogos que 
realizam arteterapia (MELO; GALLIAN, 2017).
As primeiras turmas da profissão realizavam a formação completa e intensiva 
em 2 anos. A Escola de Reabilitação do Rio de Janeiro (ERRJ) foi criada para atender às 
demandas do centro de reabilitação, contudo, devido à procura pelo curso aumentar, 
optou-se pela continuidade do curso (REIS; LOPES, 2018).
Paulatinamente, o curso também era implantado no Estado de São Paulo, o qual 
contou com o apoio Associação Brasileira de Reabilitação, no movimento realizado pela 
Organização Mundial de Saúde, Organização Internacional de Trabalho e a Organização 
das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, com o objetivo de disseminar e 
consolidar a reabilitação mundialmente (REIS; LOPES, 2018). 
Ressalta-se que os primeiros cursos de Terapia Ocupacional apresentaram 
dificuldades frente a uma graduação incipiente e precária, onde as referências 
bibliográficas eram escassas, possuindo poucos manuais e jornais estrangeiros. O 
conhecimento era propagado a partir da experiência dos próprios terapeutas recém-
formados, sem uma sistematização, de fato, científica (CARDINALLI; SILVA, 2021b).
Ainda na região Sudeste, a profissão na região de Belo Horizonte surgiu 
com o intuito de criação de mão de obra na área da reabilitação para a realização de 
atendimento especializado na área das desordens do sistema locomotor. Em 1969, 
o curso ganhou status de ensino superior, e, em 1974, o curso passou pela primeira 
proposta de reformulação de currículo (REIS; LOPES, 2018).
No Recife, a Terapia Ocupacional chegou ao Nordeste com a criação do Instituto 
Universitário de Reabilitação. O curso tinha a duração de 75 dias, e estava incorporado 
ao Curso de Reabilitação. Em 1962, iniciaram-se os cursos técnicos de Fisioterapia e 
Terapia Ocupacional com a duração bianual, de caráter privado e com acesso mediante 
aprovação em processo seletivo (REIS; LOPES, 2018). 
Em 1969, a profissão foi regulamentada no Brasil e reconhecida em todo o 
território como uma formação de ensino superior, por meio do Decreto nº 938, de 13 de 
outubro de 1969 (REIS; LOPES, 2018).
O curso de Terapia Ocupacional daUFSCar foi estruturado em 1978 pelo médico 
José Rodrigues Louzã. Contudo a docente Maria Luísa Guilhamon Emmel assumiu a 
coordenação do curso. Naquela época, era pouco ocupado por terapeutas ocupacionais 
de fato, mas conseguir a atuação desses profissionais significa um avanço na área 
(REIS; LOPES, 2018).
10
As décadas de 1970 e 1980 foram de grande transformação para a Terapia 
Ocupacional no Brasil, principalmente na organização dos cursos de graduação e nas 
demandas internacionais sobre a regulamentação no país (ABRATO, 2021).
As mudanças curriculares seguiram o modelo do primeiro currículo mínimo 
nacional em 1983 e, posteriormente, foram sendo realizadas novas mudanças sendo a 
última realizada em 2015 e implantada em 2016 no curso de Terapia Ocupacional (REIS; 
LOPES, 2018).
De fato, os primeiros terapeutas ocupacionais que adentraram pela 
carreira docente tiveram que enfrentar inúmeros obstáculos para dar 
continuidade aos cursos; tiveram que inventar uma nova profissão 
e, ao mesmo tempo que se inventavam enquanto docentes, era 
necessário construir cursos, formar pessoas e abrir o mercado de 
trabalho para as novas gerações de profissionais (REIS; LOPES, 2018).
A Terapia Ocupacional tornou-se uma profissão que permitiu e permite sua 
mutação ao longo das demandas populacionais. Além de ser uma atuação disciplinar, 
ela considera o resgate de atividades de direitos e emancipatórias (SOARES, 2014).
Sobre a metamorfose da profissão, Galheigo et al. (2018) destacam o seguinte:
Ao longo dessas seis décadas, desde a criação dos primeiros cursos 
de Terapia Ocupacional no Brasil, em 1956, referenciais teóricos e 
metodológicos vêm sendo incorporados e substituídos de acordo 
com os contextos e mudanças históricas, sociais e políticas do 
país, tendo sido o ensino, a pesquisa e a extensão desenvolvidos 
nas universidades, importantes vetores de produção de novas 
perspectivas e tendências para a profissão.
Destaca-se que a curiosidade pelo desconhecido possibilitou um movimento de 
transformação no país. A Terapia Ocupacional, enquanto curso de nível superior, mostrou 
a necessidade da incorporação de uma profissão que conseguisse unir disciplinas e 
áreas de diferentes interesses (CARDINALLI; SILVA, 2021b).
Galheigo et al. (2018) referem que o processo de problematização da prática 
é desencadeado a partir das conjunturas sócio-históricas que corroboram para o 
questionamento da prática e favorecem a criação de novas abordagens na profissão. 
Ou seja, o saber em Terapia Ocupacional é sempre mutável, contribuindo, assim, para a 
modernização da profissão.
Quadro 1 – Linha do tempo acerca da evolução teórico-prática da Terapia Ocupacional no Brasil
Tendência Início Nome
1ª 1956
Constituição das primeiras bases teórico-
práticas da terapia ocupacional no Brasil
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Fonte: adaptado de Galheigo e Braga (2018b)
Figura 2 – Antigo Brasão da Terapia Ocupacional
Fonte: Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional 13ª Região (2014, s.p.)
2ª Fim dos 1970s
Problematização dos saberes e práticas da 
terapia ocupacional, a partir de aportes da Saúde 
Coletiva e das Ciências Humanas e Sociais
3ª Após meados de 1990s
Constituição dos campos de saber e prática da 
terapia ocupacional por meio de contextualiza-
ção sócio-política, problematização teórico-con-
ceitual e proposição de práticas emancipatórias
4ª Após 2000/5
Intensa diversificação teórico-conceitual e 
metodológica na produção de saberes e práticas 
de terapia ocupacional
4 O SÍMBOLO DA TERAPIA OCUPACIONAL
O símbolo da Terapia Ocupacional foi criado por André Luís Bentin Lacerda 
e Patrícia Moreira Bastos, sob a influência da mitologia grega. Como observado 
abaixo, o fogo representa o elemento da natureza que transmite a ideia de fonte de 
energia que impulsiona o fazer; a serpente é o desenvolvimento do conhecimento, 
sabedoria, conversão de intenções; O círculo representa a livre criação, o infinito e o 
universo, relacionado a algo que não tem fim; O delta ou triângulo representa a tríade 
terapeuta-cliente-atividade, ou seja, o processo terapêutico (CONSELHO REGIONAL DE 
FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL 13ª REGIÃO, 2014).
Em 2017, o Brasão oficial da Terapia Ocupacional brasileira mudou, a partir de 
consulta pública, sendo promulgado pela resolução nº 481, de 26 de abril de 2017, em 
homenagem ao centenário da profissão.
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Figura 3 – Brasão Oficial da Terapia Ocupacional
Fonte: Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional 12ª Região (2017b, s.p.)
O bastão de Esculápio refere-se ao poder da cura, sendo representado pela 
letra T, simbolizando o processo de intervenção e ressignificação do cotidiano, pela 
busca da autonomia e independência. As asas da fênix representam a transformação 
e renascimento da vida ocupacional do sujeito. As serpentes rementem a astúcia, 
criatividade e capacidade de resiliência dos terapeutas a partir do processo de terapia. 
A letra "O" representa as ocupações/atividades significativas do sujeito ocupacional 
(CONSELHO REGIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL 12ª REGIÃO, 2017b).
Os símbolos representativos da Terapia Ocupacional colaboram para a construção 
e o fortalecimento da identidade profissional, bem como auxiliam na representação da 
profissão perante a sociedade. Sendo assim, conhecer o significado dos símbolos que 
permeiam a profissão é essencial na compreensão sobre as origens, fundamentos e o 
que é, de fato, ser terapeuta ocupacional.
Além disso, a mudança pode sinalizar e confirmar as mudanças ocorridas 
na profissão ao longo dos anos, o que nos permite reconhecer a adaptação desta ao 
período histórico.
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Neste tópico, você aprendeu:
• Os marcos históricos que contribuíram para criação da Terapia Ocupacional, 
principalmente revoluções sociais, políticas, econômicas e científicas do século XX. 
• Os pioneiros na criação da profissão, nos Estados Unidos, com destaque para George 
Barton, Susan Cox Jonhson, Eleanor Clarke Sangle, dentre outros.
• A história da Terapia Ocupacional no Brasil, destacando os principais percursores 
dos primeiros cursos no país, desde os cursos técnicos ao reconhecimento da 
profissão como curso de ensino superior.
• Os símbolos de representação da Terapia Ocupacional no Brasil, nos quais consta o 
significado de cada elemento e sua relação na abordagem terapêutica ocupacional 
na prática.
RESUMO DO TÓPICO 1
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AUTOATIVIDADE
1 O trabalho como mecanismo para tratar pessoas enfermas já era utilizado desde a 
Grécia Antiga, sendo de grande importância para o tratamento em saúde naqueles 
tempos e durante alguns fatos históricos da história contemporânea. Diante disso, e 
considerando o surgimento da Terapia Ocupacional, identifique os principais marcos 
históricos que contribuíram para a criação e crescimento da profissão e assinale a 
alternativa CORRETA:
a) ( ) Revolução Industrial, Renascimento e II Guerra Mundial.
b) ( ) I e II Guerras Mundiais, Monarquia e Independência do Brasil.
c) ( ) Revolução Industrial, Renascimento, I e II Guerras Mundiais.
d) ( ) Revolução Francesa, Revolução Industrial, Renascimento, I e II Guerras Mundiais.
2 Os primeiros cursos de Terapia Ocupacional no Brasil surgiram com a necessidade 
de estabelecer ações de reabilitação no país, em consonância com as atividades 
mundiais. Considerando o exposto, elabore um parágrafo sobre a implantação dos 
primeiros cursos de Terapia Ocupacional no país.
3 O fazer em Terapia Ocupacional sempre foi permeado de possibilidades, por isso, 
conceituar a profissão em uma única vertente é uma tarefa árdua. Contudo a 
profissão necessita de um “norte” para poder seguir. Sendo assim, a regulamentação 
da profissão em um país é de suma importância para o embasamento da prática e 
direcionamento dos profissionais atuantes. Considerando o exposto sobre a profissão 
de Terapia Ocupacional no Brasil, esta foi reconhecida e regulamentada em 1989. Isso 
se deu a partir de qual Decreto?
a) ( ) Decreto nº 938, de 13 de outubrode 1969.
b) ( ) Decreto nº 839, de 13 de outubro de 1969.
c) ( ) Decreto nº 922, de 13 de outubro de 1969.
d) ( ) Decreto nº 983, de 13 de outubro de 1969.
4 Muitos percursores tiveram a sua contribuição para a Terapia Ocupacional se 
consolidar como profissão no Brasil. Em alguns casos, terapeutas ocupacionais 
estrangeiros vieram ao país para incorporar essa nova profissão. Contudo muitos que 
estavam se capacitando em Terapia Ocupacional eram alunos e, ao mesmo tempo, 
docentes do curso. Diante disso, uma personagem brasileira foi muito importante nos 
primeiros cursos técnicos de Terapia Ocupacional. Assinale a alternativa CORRETA 
acerca do nome dessa percussora:
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a) ( ) Joaquina de Carvalho.
b) ( ) Fernanda de Carvalho.
c) ( ) Janaína de Carvalho.
d) ( ) Eleonor de Carvalho.
5 Acerca da Terapia Ocupacional nos Estados Unidos, um dos principais percursores foi 
o engenheiro George Edward Barton, o qual necessitou da reabilitação em sua vida. 
Considerando a contribuição de George Barton para a Terapia Ocupacional, discorra 
acerca da criação da Associação Americana de Terapia Ocupacional, hoje conhecida 
mundialmente.
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FUNDAMENTOS EM TERAPIA 
OCUPACIONAL
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 2, abordaremos os fundamentos em 
Terapia Ocupacional no Brasil e no mundo, abordando os aspectos norteadores da 
profissão atualmente.
Destacaremos os desafios em “definir”, qualificar e delimitar fronteiras entre 
as áreas da saúde e afins, além das mudanças políticas e sociais que interferiram na 
fundamentação da profissão. 
Enfatizaremos as bases filosóficas que fundamentam o exercício da profissão 
no Brasil e no mundo, destacando os principais autores que contribuíram para o saber 
em Terapia Ocupacional.
UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 
2 FUNDAMENTOS DA TERAPIA OCUPACIONAL NO 
EXTERIOR
A transição da terapia pelo trabalho para a Terapia Ocupacional ocorreu a partir 
da Primeira Grande Guerra, devido, principalmente, a pressões sociais dos veteranos de 
guerra, os quais buscavam autonomia financeira e valorização social (SOARES, 2014).
Os fundamentos da profissão consolidaram-se ao longo do reconhecimento 
da profissão nos Estados Unidos, no início do século XX, quando se considerou como 
elemento fundamental os hábitos. A principal referência nesse assunto foi Eleanor 
Clarke Slagle, umas das fundadoras da Associação Americana de Terapia Ocupacional e 
da formação da profissão nos Estados Unidos (DRUMMOND, 2014). 
O arcabouço teórico de Eleanor Clarke Slagle sofreu influência de Adolf Meyer, 
o qual fundamentou a ideia das relações entre os padrões de hábitos e doença mental, 
associando a noção de homem à perspectiva de organismo complexo, dividindo o ser 
em categorias e áreas do cotidiano (DE CARLO; BARTALOTTI, 2008).
Estabelecer uma rotina com hábitos saudáveis era o principal objetivo da 
atuação do terapeuta ocupacional, visto que a realização de tais atividades poderiam 
contribuir para que o paciente conseguisse uma vida mais saudável (DRUMMOND, 2014).
18
Ao longo do avanço da profissão, e com o advento de novos cursos e entidades 
representativas, surgiu a necessidade de embasamento teórico para sustentar a prática 
terapêutica ocupacional. 
Tal fato foi desencadeado por fatores externos e internos à profissão. 
Como fatores externos à profissão, pode-se apontar a repercussão 
econômica, política e social advinda da Segunda Guerra Mundial 
ao incrementar a produção de bens tecnológicos e a busca das 
especializações em diversas áreas. [...] Como fatores internos à profissão, 
pode-se apontar o desejo de autonomia dos terapeutas ocupacionais 
em relação à classe médica e a própria insatisfação quanto à falta de 
domínio teórico das práticas realizadas (DRUMMOND, 2014).
Nota-se que a busca por embasamento teórico-metodológico para os 
terapeutas ocupacionais se estabeleceu a partir das mudanças político-sociais e 
devido às demandas dos profissionais diante das necessidades dos grupos atendidos 
(DRUMMOND, 2014).
Autores como Reed e Sanderson (1980) apud Francisco (1988) propõem que 
a Terapia Ocupacional seja reconhecida como uma análise e aplicação da ocupação 
para autoatividade, participação e lazer, as quais devem ser identificadas a partir das 
avaliações, raciocínio clínico e proposta de tratamento, os quais possam identificar e 
tratar os problemas que estejam interferindo no desempenho funcional.
No final dos anos 1940 e 1950, a área da saúde começou a observar o homem a 
partir do modelo biomédico, concentrando-o nos aspectos bioquímicos e biofísicos sob a 
perspectiva da psiquiatria. Durante esse período de reducionismo, a Terapia Ocupacional 
sofreu pressão da comunidade médica a assumir tais fundamentos para atuar.
Então, surgiu o desafio de transformar o uso da atividade em algo cientificamente 
aceitável. Isso gerou a busca por resposta, o que contribuiu para o surgimento da 
aplicação da ocupação, agora com a aplicação de exercícios (FRANCISCO, 1988).
Essa nova estruturação deixou de lado o homem ocupacional enquanto objeto 
de estudo e atuação, sendo substituído por um modelo mecânico e progressivo linear. 
Diante desse fato, o terapeuta ocupacional se transforma em especialista em exercícios 
progressivos de resistência, atividades de vida diária, trata de lesões em músculos, 
tendões, memória e atenção (FRANCISCO, 1988). 
Para a aplicação da atividade como exercício, são propostos alguns 
procedimentos para se obter o sucesso no tratamento. São eles:
a) Análise da atividade: objetiva conhecer a atividade em suas minúcias, destacando 
suas especificidades científicas, e as propriedades (componentes físicos e mentais) 
para sua realização;
b) Adaptação das atividades: a atividade deve ser capaz de estimular a parte lesada 
do paciente, com o objetivo de reabilitar. Para isso, a adaptação deve seguir alguns 
19
critérios – a atividade deve proporcionar mais movimentos do que posicionamento; 
permitir graduação; proporcionar um número de repetições de movimentos; poder 
ser realizada em etapas.
c) Seleção e graduação da atividade: o objetivo é possibilitar a reabilitação das funções 
prejudicadas, considerando a tolerância na realização das atividades ou etapas;
Nos anos 1950 e 1960, a psicodinâmica passou a ser utilizada na ação da 
Terapia Ocupacional. O fazer humano era carregado de simbolismo, tendo a psicanálise 
de Sigmund Freud como percursora. A expressão de sentimentos, idealizações e o 
inconsciente eram utilizados durante a atividade (FRANCISCO, 1988).
Pelo fato de a profissão ainda não possuir um vasto arcabouço teórico, 
Drummond (2014) refere que as primeiras fontes de conhecimento foram as áreas da 
medicina e da psicologia, o que contribuiu para o domínio de questões envolvendo as 
patologias e os aspectos biológicos e psicológicos envolvidos no processo terapêutico 
ocupacional.
A partir da década de 1970, os preceitos em terapias ocupacionais começaram 
a ser fundamentados e consolidados, e as áreas de atuação da Terapia Ocupacional 
conseguiram encontrar um ponto de congruência, principalmente sobre a perspectiva 
da produção da ocupação. Destaca-se, portanto, a atuação de Mary Reilly, a qual retratou 
a produção do comportamento ocupacional (DRUMMOND, 2014).
Esse conceito de comportamento ocupacional considerou teorias filosóficas, 
psicológicas, sociológicas e antropológicas, ou seja, as ciências humanas e sociais, para 
embasar e fundamentar os princípios norteadores da Terapia Ocupacional, partindo do 
pressuposto de que a ocupação era o centro da atuação (DRUMMOND, 2014).
Nesse momento, as pesquisas em Terapia Ocupacional passaram a considerar 
a ocupação como objeto de estudo, descentralizando as doenças, as quais eram o 
elemento principal nas análises das pesquisas e práticas dos terapeutas ocupacionais 
(DRUMMOND, 2014).
Diante disso, surgem os primeiros modelos de estudos centrados no 
comportamento ocupacional, sendo eles o modelo da ocupação humana e a Ciência 
Ocupacional, osquais contribuíram para a criação da estrutura da prática de Terapia 
Ocupacional: Domínio e Processo e da Terminologia Uniforme da Terapia Ocupacional 
(DRUMMOND, 2014).
A ciência ocupacional resgata as ideias dos fundadores da Terapia Ocupacional, 
os quais acreditavam que a ocupação e o conhecimento da sua capacidade para a 
promoção da saúde e bem-estar poderiam ser utilizados para melhorar a qualidade de 
vida da população em geral (WILLIARD; SPACKMAN, 2011).
20
Sob a liderança de Yerxa, o primeiro programa de ciência ocupacional foi 
desenvolvido na Universidade do Sul da California com o objetivo de melhor compreender 
a complexidade da ocupação humana (WILLIARD; SPACKMAN, 2011).
A autora também defendeu o engajamento do profissional em Terapia 
Ocupacional na pesquisa científica, com o objetivo de desenvolver as bases filosóficas 
e teóricas da profissão. Isso contribuiu para os três princípios da Terapia Ocupacional 
contemporânea, que são: prática centrada no cliente, prática centrada na ocupação e 
prática baseada em evidências (WILLIARD; SPACKMAN, 2011).
Os princípios acerca da prática centrada no cliente, prática centrada na 
ocupação e prática baseada em evidências serão abordados nas próximas 
unidades.
NOTA
Figura 4 – Domínio e Processo
Fonte: American Occupational Therapy Association (2020, s.p.)
O domínio e processo são interligados, apesar de serem descritos separadamente 
para melhor compreensão. Os componentes que integram ambos possuem uma 
constante relação entre si. A Figura 5 apresenta os campos do domínio e processo, com 
o objetivo geral da profissão no alcance da saúde, bem-estar e participação a partir do 
processo terapêutico (GOMES; TEIXEIRA; RIBEIRO, 2021).
21
A 4ª edição do documento de Domínio e Processo, publicado em 2020, refere 
as competências e os aspectos que devem ser observados no atendimento terapêutico 
ocupacional (GOMES; TEIXEIRA; RIBEIRO, 2021). Esse documento destaca os pilares da 
profissão para distingui-la de outras profissões:
a) valores e crenças fundamentados na ocupação;
b) conhecimento e a experiência o uso terapêutico da ocupação;
c) comportamentos e normas da profissão;
d) comportamentos e normas profissionais;
e) uso terapêutico do eu.
Mais especificamente, o domínio se refere a ocupações, contextos, padrões de 
desempenho, competências de desempenho e fatores do cliente. Todos esses aspectos 
têm uma relação dinâmica de interdependência (GOMES; TEIXEIRA; RIBEIRO, 2021). Os 
aspectos do domínio de Terapia Ocupacional incluem as ocupações, contextos, padrões 
de desempenho, competências de desempenho e fatores do cliente.
• Ocupações: atividades de vida diária, atividades instrumentais de vida diária, gestão 
em saúde, descanso e sono, educação, trabalho, brincar/jogar, lazer e participação 
social.
• Contextos: fatores ambientais e fatores pessoais.
• Padrões de desempenho: incluem hábitos, rotinas, papéis e rituais.
• Competência do desempenho: competências motoras, competências de 
processo, competências de interação social.
• Fatores do cliente: valores, crenças, e espiritualidade, funções do corpo, estruturas 
do corpo.
Os conceitos fundamentais do domínio e processo ressaltam a importância 
dos contextos e complexidade do ser humano, contribuindo para o arcabouço teórico-
prático da profissão, para diferi-la de outras profissões, na prestação de serviços 
(GOMES; TEIXEIRA; RIBEIRO, 2021).
Já a Terminologia Uniforme da Terapia Ocupacional, criada pela Associação 
Americana de Terapia Ocupacional, propôs a apresentação de terminologias comuns 
à profissão, para conseguir diferenciá-la das demais, como as áreas de desempenho, 
componentes do desempenho e contextos de desempenho (WILLARD; SPACKMAN, 2011).
Outro pressuposto refere-se à tríade pessoa-atividade-ambiente, onde as 
habilidades e as capacidades são consideradas na realização da atividade, destacando 
a motivação, novidade, tolerância, engajamento e a familiaridade para o sucesso no 
desempenho ocupacional do indivíduo (WILLIARD; SAPARCKAM, 2011). 
Ao longo do tempo, outros aspectos foram sendo incorporados na prática e 
teoria em Terapia Ocupacional. Destaca-se a prática baseada em evidências, a qual se 
mostra como o mais novo avanço da sociedade e da profissão, pois busca o refinamento 
22
do tratamento a partir da compreensão acerca dos meios mais efetivos do tratamento 
oferecido aos pacientes, clientes, usuários ou populações (WILLIARD; SPACKMAN, 2011).
Nota-se que há várias tentativas de conceituar a Terapia Ocupacional como 
uma profissão da área da saúde envolvida com o social, contudo diferentes teóricos 
apontam para a prática da profissão ser mais neutra em relação à saúde dos envolvidos 
(FRANCISCO, 1988).
Portanto a atuação do terapeuta ocupacional deve estar sempre se 
transformando, pois muitos se pautam no passado e não conseguem ir além, o que 
impede o avanço da profissão (FRANCISCO, 1988).
3 FUNDAMENTOS DA TERAPIA OCUPACIONAL NO BRASIL
Até meados de 1980, no Brasil, observou-se que os fundamentos da profissão 
se baseavam na literatura estrangeira e na própria vivência dos profissionais, o que 
delimitava o saber e a legitimação da prática (DRUMMOND, 2014). 
Berenice Rosa expõe que o fazer em Terapia Ocupacional perpassa por uma série 
de ações em que, primeiramente, a atividade humana deve ser compreendida como um 
lugar de criação, recriação e produção humana, em que o ato de realizar determinada 
tarefa esteja atrelado não somente ao fato biológico, mas que esteja permeado por 
sentimentos, intenções e necessidades (FRANCISCO, 1988).
Posteriormente, o fazer deve considerar as necessidades, a problematização, ser 
desafiante para superar os conflitos envolvidos. Em terceiro lugar, não existe receita ao 
lidar com o outro, e nem técnicas específicas que garantirão a resolução dos problemas. 
Por último, o terapeuta ocupacional deve estar preparado a se dispor, a ser um mediador, 
instrumento ou recurso terapêutico na resolução do caso (FRANCISCO, 1988).
Muito se discursa para delimitar a prática da Terapia Ocupacional em uma única 
definição, mas observa-se a sua mutação ao longo da história, envolvendo diretamente 
as ciências sociais. Por isso, nota-se que a questão das diferenças entre as atuações 
está relacionada ao modelo teórico e prático da profissão (FRANCISCO, 1988).
No Brasil, a prática de Terapia Ocupacional nas décadas de 1960 e 1970 pautava-
se no conceito positivista de ciência. Assim como no resto do mundo, a profissão 
buscava seu embasamento teórico-metodológico, essa corrente influenciou a formação 
dos primeiros profissionais no país (PINTO, 1990 apud DRUMMOND, 2014).
No final dos anos 1980, os terapeutas ocupacionais passam a produzir 
nacionalmente, além de criticar a influência recebida, principalmente a norte-americana. 
sobre a prática da Terapia Ocupacional no Brasil, principalmente pelo modelo biomédico 
amplamente utilizado como objetivo de terapêutica (DRUMMOND, 2014).
23
Além disso, muitos profissionais foram sendo formados, o que repercutiu no 
questionamento coletivo da formação, devido ao aumento do número de docentes 
e, consequentemente, da prática profissional. A inserção da Terapia Ocupacional na 
saúde primária estabeleceu uma rotina de cuidados dentro da realidade da população 
brasileira, a qual não condizia com o ideal estrangeiro (DRUMMOND, 2014).
Vale lembrar que a profissão foi regulamentada em plena Ditadura Militar, por um 
decreto em conjunto com a fisioterapia, em um período em que a sociedade brasileira 
perecia de desigualdades sociais, concentração de riquezas e a impossibilidade de 
acesso aos direitos básicos (OLIVER; SOUTO; NICOLAU, 2018).
Diante disso, grupos de terapeutas ocupacionais engajados em movimentos pela 
justiça social e comprometidos pela redemocratização do país participam da articulação 
para a construção da Constituição de 1988, contribuindo para o estabelecimento das 
políticas e diretrizes das políticas sociais universais, contemplando as áreasda saúde, 
social, educação e trabalho (OLIVER; SOUTO; NICOLAU, 2018).
A experiência e competência dos profissionais de Terapia 
Ocupacional são reconhecidas, e estes, como parte das equipes 
de diferentes setores, se engajam na proposição, desenvolvimento 
e implementação de programas e serviços para favorecer o acesso 
a direitos essenciais. Alguns desses profissionais são convidados a 
participar em assessorias e consultorias de políticas e programas em 
saúde, assistência social, reabilitação, trabalho e/ou cultura (OLIVER; 
SOUTO; NICOLAU, 2018).
Os terapeutas ocupacionais demonstram também as diferenças entre 
o cotidiano e as atividades de vida diária, como uma das áreas de desempenho 
ocupacional. Reforçam que a redução do cotidiano as áreas do desempenho interfere 
significativamente na análise da complexidade humana (DRUMMOND, 2014).
A partir da década de 1990, houve avanços na literatura em Terapia Ocupacional 
no Brasil, além da contribuição de outras áreas, voltando a formação e atuação 
interdisciplinar, em que a compreensão sobre o impacto dessa nova atuação se faz 
necessária, para o entendimento da realidade profissional (DRUMMOND, 2014). 
O engajamento da profissão na composição de equipes multiprofissionais, 
multidisciplinares e interdisciplinares possibilitou o crescimento da Terapia Ocupacional 
em outros cenários de prática, como a saúde coletiva, hospitalar, gerontologia, educação, 
dentre outros (CARDINALLI; SILVA, 2021b).
Ademais, destaca-se a contribuição da Terapeuta Ocupacional M. J. Benneton, 
a qual se dedica ao desenvolvimento da psicodinâmica em Terapia Ocupacional desde 
a década de 1970 pelo médico Luiz Cerqueira, um dos principais percussores da criação 
de serviços extra-hospitalares de saúde mental (DE CARLO; BARTALOTTI, 2008).
24
O Termo “atividade humana”, adotado a partir dos anos 1990, passou a integrar 
a produção nacional em Terapia Ocupacional. Isso trouxe, de certa maneira, uma melhor 
identidade profissional para além da concepção do trabalho, ofertando um sentido mais 
amplo da manifestação humana (CARDINALLI; SILVA, 2021a).
As dificuldades em definir uma terminologia única para a Terapia Ocupacional 
perduram até hoje. De acordo com Cardinalli e Silva (2021a), há uma intensa 
diversificação teórico-conceitual e metodológica na produção de saberes e práticas de 
Terapia Ocupacional, marcada pelo aumento progressivo da produção acadêmica, como 
publicações de livros e de pesquisas.
No estudo desenvolvido por Cazeiro, Barcellos e Costa (2019), os autores referem 
que até a utilização de termos para designar as ações da Terapia Ocupacional são 
mutáveis e dependem do arcabouço teórico-prático que norteia a prática profissional.
Há concepções adversas em relação aos termos ocupação, ação e fazer. Para 
os profissionais de Terapia Ocupacional brasileiros, eles estão interligados. A ocupação, 
geralmente, está associada à atividade (CAZEIRO; BARCELLOS; COSTA, 2019). Para 
Pedral e Bastos (2008), ambas são coexistentes, pois não pode haver ocupação sem a 
atividade, e vice-versa, visto que a ocupação é a realização dos papeis desempenhados 
no cotidiano.
A Terapia Ocupacional, portanto, é plural, possui potencialidades e desdobra-
mentos históricos que permeiam a sua prática. Por isso, defini-la em algo singular e 
linear dificulta a compreensão do indivíduo como um todo (CARDINALLI; SILVA, 2021b).
Destaca-se que a elaboração do arcabouço teórico em Terapia Ocupacional 
no país foi influenciada pelas bases teóricas internacionais, especialmente dos países 
europeus, Estados Unidos e Canadá. Além disso, a dialética com outras áreas possibilitou 
a criação de saberes únicos que envolvem o cotidiano do profissional, sua expertise e os 
aspectos culturais (CARDINALLI; SILVA, 2021b).
Autores como Cardinalli e Silva (2021b) referem 14 categorias em relação à rede 
de conhecimentos de Terapia Ocupacional no Brasil. São elas:
[...] a) interesse pelo desconhecido; b) graduação incipiente e 
precária; c) formação continuada em Terapia Ocupacional; d) marcas 
da repressão e resistência do/ao Regime Militar; e) desenvolvimento 
e organização política da categoria; f) investimentos à pesquisa em 
Terapia Ocupacional; g) compreensões sobre especificidades da 
profissão; h) adoção e/ou enunciação de concepções, perspectivas, 
métodos ou campos; i) redes amplas, que instigam e oferecem 
suporte para investimento na produção de conhecimento; j) crítica e/
ou resistência aos padrões acadêmico-científicos; k) o encantamento 
por conhecer e, posteriormente, fazer e criar essa profissão; l) prazer 
em produzir conhecimento em/de/sobre Terapia Ocupacional; m) 
protagonismo feminino; n) construção de conhecimento diretamente 
relacionado ao fazer da Terapia Ocupacional.
25
Esses aspectos são essenciais no desenvolvimento da história coletiva e 
individual da profissão, principalmente no campo de conhecimento, refletindo a busca 
por sua identidade profissional, auxiliando na compreensão do conhecimento específico 
da Terapia Ocupacional (CARDINALLI; SILVA, 2021b).
Destaca-se, também, a rede de suporte entre os terapeutas ocupacionais na 
troca de experiências e compartilhamento de saberes para o investimento em produções 
científicas na área. A expertise do outro em determinado assunto ou situação pode 
contribuir para um aprimoramento da prática ou vivência, suscitando novas maneiras 
de saber (CARDINALLI; SILVA, 2021b).
A experiência na prática é igualmente importante, pois, teoria e prática são 
construídas e modificadas em conjunto, por isso, quando se considera a produção do 
conhecimento, o arcabouço teórico e a experiência precisam dialogar, pois muito se 
questiona sobre os saberes adquiridos longe da academia (CARDINALLI; SILVA, 2021b). 
O diálogo com os marcos históricos, sociais e políticos favoreceu a produção 
acadêmica e profissional nacional, contribuindo, assim, para a construção da identidade 
e referencial teórico-prático, sendo categorizados quatro movimentos, considerando o 
período histórico (GALHEIGO et al., 2018).
De certa maneira, os conhecimentos e pensamentos acerca da Terapia 
Ocupacional, apesar de múltiplos e diversificados em várias áreas, permitem a troca de 
perspectivas entre si, o que colabora para o fortalecimento profissional (GALHEIGO et 
al., 2018).
Em síntese, o primeiro movimento iniciou-se na criação dos primeiros cursos 
de Terapia Ocupacional na Escola de Reabilitação do Rio de Janeiro e no Instituto de 
Ortopedia do Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo. Contudo a psiquiatra 
Nise da Silveira já realizava práticas de Terapia Ocupacional como método de tratamento 
não conservador aos pacientes psiquiátricos nos anos 1940 (CASTRO; LIMA, 2007). 
A utilização da arte e da cultura foram ferramentas primordiais nos processos 
terapêuticos na esquizofrenia. Nise buscou aprimorar-se de uma terapêutica mais 
humanística, indo contra as práticas psiquiátricas daquele tempo, as quais se baseavam 
em eletrochoques, lobotomias, terapia química e medicamentosa (CASTRO; LIMA, 2007).
26
Figura 5 – Atividades desenvolvidas pelos pacientes no Centro Psiquiátrico Pedro II.
Figura 6 – Imagens do Inconsciente
Fonte: Centro Cultural do Ministério da Saúde (2014, s.p.)
Fonte: Hirzman (1983)
Decidiu conhecer a subjetividade dos esquizofrênicos, para poder conhecer 
a fundo suas dores, pensamentos e, assim, pode melhorar sua qualidade de vida. 
Debruçou-se na terapêutica ocupacional e propôs o fortalecimento do método e 
fundamento científico da atuação, desenvolvendo uma prática clínica em Terapia 
Ocupacional (CASTRO; LIMA, 2007).
No período no qual esteve no Centro Psiquiátrico Pedro II e à frente do setor de 
terapêutica ocupacional, Nise da Silveira desenvolveu diversas pesquisas com o objetivo 
de registrar os resultados obtidos com o uso das atividades, comprovar a eficácia dessa 
maneira de terapêutica, investigar os efeitos adversos dos tratamentos psiquiátricos 
tradicionais, além de comprovar a capacidadee habilidades criativas e de aprendizado 
dos esquizofrênicos (CASTRO; LIMA, 2007).
Nesse período, dezessete núcleos de atividades foram desenvolvidos, 
dentre eles, a marcenaria, trabalhos manuais, costura, dança e teatro. Tais atividades 
possibilitavam o fortalecimento do ego dos pacientes, estabelecendo a ampliação do 
relacionamento com o meio social através da expressividade (CASTRO; LIMA, 2007).
27
Além disso, a terapêutica ocupacional objetivava a mudança do ambiente 
hospitalar, e na própria psiquiatria, onde as atividades eram desenvolvidas com objetivo 
puramente clínico, e não para gerar benefícios à instituição.
A psique era um dos principais objetos de estudo da psiquiatra, entender 
como os pacientes se expressavam a partir da pintura, por exemplo. Para isso, a teoria 
junguiana e seu método de investigação, que considerava a psique como um sistema 
dinâmico-regulador, era muito semelhante aos pensamentos de Nise, servindo, assim, 
como principal base para sua atuação (CASTRO; LIMA, 2007).
Jung reconhecia os aspectos de natureza pessoal presentes no 
inconsciente, mas acreditava que o inconsciente trazia consigo 
um estrato mais profundo da psique, comum a toda a humanidade. 
Distinguia, portanto, duas esferas na psique inconsciente: um 
inconsciente pessoal relacionado à história pessoal de cada indivíduo, 
e um inconsciente coletivo, que compõe um elo e um vínculo ente o 
indivíduo e a humanidade (CASTRO; LIMA, 2007, p. 25).
O trabalho desenvolvido pela psiquiatra Nise possibilitou uma nova maneira 
de compreensão da saúde mental, com novas possibilidades de tratamento, e do 
entendimento da linguagem não verbal dos pacientes acompanhados (CENTRO 
CULTURAL DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). 
Portanto, os fundamentos da Terapia Ocupacional não são algo acabado, 
tangível e delimitado. Deve-se compreender que a produção do conhecimento perpassa 
pela história, pelas clientelas que se compõem o tempo e espaço, as diferentes 
culturas, aos aspectos sociais, políticos e econômicos que determinarão as práticas, 
as transdisciplinaridades e as infinitas construções e (re)construções acerca dos 
fundamentos em Terapia Ocupacional (DRUMMOND, 2014).
O cuidado com o outro deve ser um dos pilares da Terapia Ocupacional, 
pois, objetiva a melhora do bem-estar do indivíduo, sendo permeada por ocupações 
significativas. O cuidado em saúde pode ser desempenhado pelo profissional de maneira 
voluntária ou paga (SOARES, 2022). 
No caso do terapeuta ocupacional, o cuidado está inserido em uma visão 
biomédica, na qual se configura como um conjunto de técnicas e procedimentos que 
visam ao tratamento de uma doença e a reabilitação (SOARES, 2022).
28
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• Os principais fundamentos da Terapia Ocupacional nos contextos nacional e 
internacional, enfatizando os marcos da época de regulamentação da profissão.
• Os desafios encontrados na implementação e definição do seu objeto de estudo e na 
transformação da atuação da profissão, em atividade com comprovação científica e 
embasamento teórico-metodológico da profissão enquanto ciência.
• Os movimentos de terapeutas ocupacionais brasileiros, na reformulação das 
atuações nos diferentes cenários de prática, com inserção em campos e contextos 
de vulnerabilidade e injustiça social, para a garantia de direitos constitucionais 
básicos.
29
AUTOATIVIDADE
1 No ano de 2022, a Terapia Ocupacional completou 53 anos de regulamentação no 
Brasil, a construção e consolidação da profissão foi influenciada por marcos históricos, 
sendo um reflexo da sociedade e do momento político e econômico do país. Sendo 
assim, destaque em linhas breves o período e contexto no qual a Terapia Ocupacional 
surgiu no Brasil.
2 Na fundamentação da Terapia Ocupacional enquanto ciência, ela buscou, em outras 
fontes, conhecimentos para embasar a profissão, o que direcionou sua prática. Cite 
as principais bases de conhecimentos que fundamentaram a profissão no seu início.
3 A história da Terapia Ocupacional se relaciona diretamente com o período da 
história, sendo influenciada diretamente pelos acontecimentos técnico-científicos 
que ocorreram ao longo do tempo, a nível nacional e internacional. Por isso, o saber 
da profissão necessitou de adequações para acompanhar a evolução dos saberes 
médicos. Por isso, a fundamentação teórica e prática foi essencial no fortalecimento 
da profissão enquanto ciência. Diante disso, e sobre a fundamentação da Terapia 
Ocupacional, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Nos anos 1960, a prática da Terapia Ocupacional, no Brasil, era pautada no modelo 
negacionista.
( ) O modelo da Ciência da Ocupação contribuiu para a elaboração da Estrutura e 
Prática: Domínio e Processo e o Terminologia Uniforme em Terapia Ocupacional.
( ) A partir dos anos 1980, a formação e incorporação de docentes brasileiros em 
Terapia Ocupacional suscitou novos questionamentos acerca dos modelos vigentes 
em Terapia Ocupacional, sob a influência norte-americana, a qual condizia com a 
realidade brasileira em todos os aspectos.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) F -V - F.
b) ( ) F - F - V.
c) ( ) V - F - V.
d) ( ) V - V - V.
4 Segundo Berenice Rosa, em sua obra Terapia Ocupacional, de 1988, alguns critérios 
devem ser considerados quando se tratar da atividade como exercícios, os quais 
devem possuir alguns critérios-chave para sua execução. Sendo assim, assinale 
a alternativa CORRETA que apresenta os procedimentos, em ordem cronológica, a 
serem utilizados na escolha de uma atividade:
30
a) ( ) Análise da atividade; adaptação; seleção; e graduação.
b) ( ) Objetivos, análise da atividade; graduação; e resultados.
c) ( ) Objetivos; análise da atividade;, adaptação; e regulação.
d) ( ) Escolha; adaptação; graduação; e resultados.
5 Segundo os estudos realizados até aqui, alguns teóricos foram fundamentais na 
criação e fortalecimento da Terapia Ocupacional ao redor do mundo. Contudo sempre 
é valido destacar a participação dos pioneiros da profissão. Por conseguinte, assinale 
a alternativa CORRETA que se refere à principal autora da fundamentação da profissão 
de Terapia Ocupacional nos Estados Unidos, no início do século XX:
a) ( ) Mary Sheily.
b) ( ) Eleanor Clarke.
c) ( ) Emanuela Sligle.
d) ( ) Mary Reilly.
31
TÓPICO 3 - 
DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS 
PARA A TERAPIA OCUPACIONAL
1 INTRODUÇÃO
Considera-se que a Terapia Ocupacional é uma profissão da área da saúde, a qual 
possui a atividade humana como objeto de estudo, incluindo a promoção, prevenção e 
reabilitação em diferentes contextos e ambientes, por isso, as diretrizes curriculares 
devem ser utilizadas para que os cursos formadores possam, de fato, contribuir para 
habilitar profissionais capacitados para atender às necessidades da população.
No Tema de Aprendizagem 3, abordaremos as diretrizes curriculares nacionais 
para a formação em Terapia Ocupacional no Brasil, destacando os principais pontos que 
os cursos de formação devem possuir para oferecer uma qualificação profissional que 
atenda às demandas da população.
Além disso, destacaremos as principais metodologias utilizadas nos cursos de 
graduação de Terapia Ocupacional no Brasil, enfatizando os desafios da implantação das 
metodologias de ensino, as vantagens e desvantagens acerca da incorporação dessas 
metodologias, com destaque para o método de Aprendizagem Baseada em Problemas.
UNIDADE 1
2 PROMULGAÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES 
NACIONAIS 
 O primeiro documento a ser utilizado na regulamentação da Terapia 
Ocupacional enquanto profissão foi o Decreto Lei nº 938, de 13 de outubro de 1969, 
o qual definia as particularidades da profissão em seu âmbito, primordialmente, de 
reabilitação (SOARES, 2014).
Contudo a profissão já vinha se consolidando no território brasileiro, sendo 
destacada pelos primeiros cursos, como o do Instituto de Reabilitação, que mais tarde 
seria transferido para a Universidadede São Paulo. Por meados de 1975, criou-se o 
Conselho Profissional da categoria em conjunto com a Fisioterapia, o qual, em conjunto 
com as associações mundiais, buscou criar o currículo mínimo para os cursos de 
graduação. Em 1982, o Ministério da Educação e Cultura resolve aprovar a carga horária 
de 3.240 horas a serem realizadas em 4 anos (FACULDADE DE MEDICINA DA USP, 2020).
No Brasil, a reforma nacional dos currículos dos cursos de graduação iniciou 
no ano de 1996, e objetivou o desenvolvimento da articulação entre a teoria/formação 
32
acadêmica e a prática profissional, considerando as exigências do mercado de trabalho 
e a flexibilização curricular (BREGALDA; MÂNGIA, 2020). 
Na formação dos cursos de graduação, as competências são os principais 
norteadores, envolvendo os conhecimentos teóricos e práticos, habilidades e ações para a 
realização da prática profissional específica a cada profissão (BREGALDA; MÂNGIA, 2020).
No ano de 2001, existiam 29 escolas de Terapia Ocupacional no Brasil, sendo 
sete nas regiões Norte e Nordeste, duas na região Centro-Oeste, dezesseis na região 
Sudeste e quatro na região Sul. Nota-se a maior concentração de cursos nas regiões 
mais desenvolvidas do país - Sudeste e Sul (DE CARLO; BARTALOTTI, 2008).
Atualmente, no Brasil, existem 38 cursos de graduação em funcionamento, sendo 
21 em instituições públicas e 17 em instituições privadas. Existem, também, três cursos 
de pós-graduação em Terapia Ocupacional, sendo dois strictu sensu e um profissional na 
Universidade de Federal de São Carlos (UFSCar), em São Paulo (BRASIL, 2020).
A resolução nº 650, de 4 de dezembro de 2020, dispõe sobre as recomendações do 
Conselho Nacional de Saúde quanto às diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação 
de Terapia Ocupacional. A reformulação das diretrizes surgiu durante o XVI Encontro Nacional 
de Docentes de Terapia Ocupacional, realizado em Vitória-ES (BRASIL, 2020).
O documento seguiu os seguintes princípios: Perfil do Egresso, Princípios 
Orientadores da Formação, Conhecimentos Essenciais, Estratégias de Formação e 
Projetos Pedagógicos do Curso (BRASIL, 2020).
Os artigos 3º e 4º dessa resolução referem que o curso deverá ter, no mínimo, 3600 
horas, integralizadas em 4 anos. O egresso deverá ter sua formação voltada a uma atuação 
generalista, humanista, crítica-reflexiva, sendo capaz de atuar com grupos e indivíduos em 
suas ocupações, cotidianos e atividades, atuando nas áreas da saúde, educação, seguridade 
social, esporte, trabalho, lazer, cultura e meio ambiente (BRASIL, 2020).
O art. 5º condiz com o perfil do egresso de Terapia Ocupacional, após a formação. 
Reneto (2020, s.p.) descreve 50 subitens, destacados a seguir:
1. Compreender a problemática específica das pessoas, grupos, 
coletivos e populações com as quais trabalhará, contextualizada 
em seus processos/implicações pessoais, sociais, culturais e 
políticos/as que influenciam o engajamento em suas atividades/
ocupações/cotidianos.
2. Conhecer e manter-se atualizado acerca dos indicadores e 
conjunturas sociais, econômicos, culturais, ambientais e políticos 
global, nacional, regionais e locais, fundamentais à cidadania e à 
prática profissional.
3. Conhecer e analisar as realidades nacional, regionais e locais da 
sociedade brasileira em relação ao modo de produção e trabalho 
das diferentes pessoas, grupos, coletivos e populações que a 
compõem.
33
4. Conhecer as políticas públicas de seguridade social (saúde, 
assistência social e previdência social), e outras políticas e 
programas sociais referentes à educação, habitação, cultura, 
mobilidade e direitos humanos na atenção a pessoas, grupos, 
coletivos e populações de todas as faixas etárias e diferentes 
classes, raças/etnias e gêneros.
5. Reconhecer a saúde, a proteção e inclusão social, a cultura, a 
educação e o trabalho como direitos e atuar de forma a garantir 
a intersetorialidade e a integralidade da assistência, entendida 
como conjunto articulado e contínuo das ações individuais e 
coletivas realizadas em serviços e equipamentos sociais em 
todos os níveis de complexidade.
6. Conhecer as políticas públicas para compreender sua 
constituição, a dimensão das responsabilidades das instâncias 
federativas (federal, estadual e municipal) e a inserção e 
atribuições do terapeuta ocupacional.
7. Reconhecer as modificações nas relações societárias, de 
trabalho e comunicação em âmbito mundial, nacional e regional, 
assim como entender os desafios de tais mudanças para a vida 
cotidiana, possibilitando ações e intervenções que garantam o 
exercício de direitos e a participação na vida social.
8. Conhecer a realidade loco-regional considerando os indicadores 
sociais que influenciam na inserção, na participação social e no 
exercício da cidadania dos sujeitos, com vistas à formulação de 
estratégias de intervenção em Terapia Ocupacional.
9. Conhecer as dinâmicas culturais e determinantes sociais 
relacionados aos processos de exclusão, segregação, asilamento, 
institucionalização, discriminação e estigmatização de diferentes 
grupos e territórios e seu impacto nas atividades/ocupações/
cotidianos, para defender e promover a inclusão e participação 
social como direito.
10. Conhecer os fundamentos históricos da Terapia Ocupacional em 
nível mundial, nacional e regional.
11. Conhecer os fundamentos epistemológicos e teórico-metodoló-
gicos da Terapia Ocupacional e seus diferentes modelos/pers-
pectivas/abordagens de compreensão, avaliação e intervenção.
12. Compreender a relação das pessoas, grupos, coletivos e popu-
lações com as atividades/ocupações/cotidianos em diferentes 
contextos, considerando fatores biológicos, funcionais, relacio-
nais, afetivos, históricos, sociais, econômicos, tecnológicos, cul-
turais e políticos.
13. Identificar, experienciar, compreender, analisar, interpretar e ava-
liar a atividade/ocupação/cotidiano de pessoas, grupos, coletivos 
e populações, considerando a centralidade das atividades coti-
dianas: culturais, artísticas, artesanais, educacionais, de traba-
lho, de lazer, sociais, lúdicas, esportivas, básicas e instrumentais 
da vida diária, descanso e sono, para a construção complexa da 
identidade dos sujeitos e do processo terapêutico ocupacional, 
que visem a autonomia, a ampliação de direitos, a independên-
cia, a participação, inclusão e a emancipação social.
14. Conhecer os fundamentos de diferentes perspectivas teóricas 
sobre a atividade/ocupação/cotidiano, funcionalidade, ativida-
des de vida diária, autonomia, independência, acessibilidade, 
participação e emancipação social.
15. Conhecer os principais métodos de diagnóstico, formulação 
de objetivos, estratégias de planejamento, desenvolvimento e 
avaliação da intervenção que constituem o processo terapêutico-
ocupacional.
34
16. Realizar registros das intervenções em Terapia Ocupacional por 
meio de linguagem adequada ao contexto em que ocorrem, 
reconhecendo sua importância assistencial, educacional, 
científica, administrativa e jurídica.
17. Conhecer como os contextos e dinâmicas sociais interferem na 
realização de atividades/ocupações/cotidiano e na participação social 
das pessoas, grupos, coletivos e populações, bem como a dimensão 
coletiva dessa realização e do seu potencial de transformação 
social, considerando os movimentos sociais, as políticas ambientais 
e socioeconômicas, as questões de gênero, etnia, classe social, 
geracionais, nacionalidade, naturalidade, dentre outras.
18. Compreender as relações indivíduo-sociedade, os processos de vul-
nerabilidade, de exclusão-inclusão social e de saúde-doença-defici-
ência em suas múltiplas determinações, contemplando os aspectos 
biológicos, históricos, econômicos, psicossociais, culturais, espirituais 
e ambientais para o processo terapêutico-ocupacional, visando auto-
nomia, participação, inclusão e emancipação social.
19. Desenvolver atividades profissionais junto à diferentes grupos 
populacionais, que apresentem alterações nas dimensões mo-

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