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SUMÁRIO ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO ......................................................................................11 CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO PODER EXECUTIVO FEDERAL ............................................................................................................................................. 11 DECRETO Nº 1.171, DE 1994 ...........................................................................................................................11 DECRETO Nº 6.029, DE 2007 ...........................................................................................................................15 REGIME JURÍDICO ÚNICO .............................................................................................19 LEI 8.112, DE 11 DE NOVEMBRO DE 1990 E ALTERAÇÕES ............................................................ 19 AGENTES PÚBLICOS ........................................................................................................................................19 Espécies e Classificação ................................................................................................................................. 19 Poderes, Prerrogativas, Direitos e Vantagens ................................................................................................ 20 Cargo, Emprego e Função Públicos ................................................................................................................ 24 REGIME JURÍDICO ÚNICO ...............................................................................................................................24 Provimento ....................................................................................................................................................... 24 Vacância ........................................................................................................................................................... 26 Remoção .......................................................................................................................................................... 26 Redistribuição e Substituição ......................................................................................................................... 26 REGIME DISCIPLINAR ......................................................................................................................................26 Deveres ............................................................................................................................................................. 26 Responsabilidade Civil, Criminal e Administrativa......................................................................................... 27 O SERVIDOR PÚBLICO COMO AGENTE DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL ................................... 32 SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NO SERVIÇO PÚBLICO .................................................................. 32 NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL ...............................................................39 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ...................................................................................... 39 DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS ........................................................................................39 Direito à Vida, à Liberdade, à Igualdade, à Segurança e à Propriedade ....................................................... 39 DIREITOS SOCIAIS ............................................................................................................................................52 NACIONALIDADE .............................................................................................................................................58 CIDADANIA E DIREITOS POLÍTICOS ...............................................................................................................59 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .............................................................................................................. 62 DISPOSIÇÕES GERAIS ......................................................................................................................................62 DOS SERVIDORES PÚBLICOS ..........................................................................................................................71 NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO ................................................................77 ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ........................................................................ 77 CONCEITOS E ELEMENTOS .............................................................................................................................77 PODERES ...........................................................................................................................................................77 ORGANIZAÇÃO .................................................................................................................................................77 NATUREZA E FINS ...........................................................................................................................................78 DIREITO ADMINISTRATIVO .............................................................................................................. 78 CONCEITO .........................................................................................................................................................78 FONTES .............................................................................................................................................................81 PRINCÍPIOS .......................................................................................................................................................81 ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA UNIÃO ................................................................................ 84 ADMINISTRAÇÃO DIRETA ...............................................................................................................................84 ADMINISTRAÇÃO INDIRETA ............................................................................................................................84 AGENTES PÚBLICOS ......................................................................................................................... 89 PODERES ADMINISTRATIVOS ......................................................................................................... 89 PODER HIERÁRQUICO ......................................................................................................................................90 PODER DISCIPLINAR ........................................................................................................................................91 PODER REGULAMENTAR .................................................................................................................................91 PODER DE POLÍCIA ...........................................................................................................................................92 USO E ABUSO DO PODER .................................................................................................................................93 ATO ADMINISTRATIVO...................................................................................................................... 93 VALIDADE ..........................................................................................................................................................95 EFICÁCIA ...........................................................................................................................................................95 ATRIBUTOS .......................................................................................................................................................95 EXTINÇÃO ........................................................................................................................................................96DESFAZIMENTO ...............................................................................................................................................96 SANATÓRIA .......................................................................................................................................................97 CLASSIFICAÇÃO ...............................................................................................................................................97 Vinculação e Discricionariedade..................................................................................................................... 97 ESPÉCIES ..........................................................................................................................................................98 EXTERIORIZAÇÃO ............................................................................................................................................99 SERVIÇOS PÚBLICOS ........................................................................................................................ 99 CONCEITO .........................................................................................................................................................99 CLASSIFICAÇÃO .............................................................................................................................................101 REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE ................................................................................................................102 FORMA DE PRESTAÇÃO E MEIOS DE EXECUÇÃO .......................................................................................102 REQUISITOS ....................................................................................................................................................103 DELEGAÇÃO: CONCESSÃO, PERMISSÃO, AUTORIZAÇÃO ..........................................................................103 CONTROLE E RESPONSABILIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO ......................................................108 CONTROLE ADMINISTRATIVO ......................................................................................................................109 CONTROLE JUDICIAL .....................................................................................................................................109 CONTROLE LEGISLATIVO ..............................................................................................................................109 RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO .......................................................................................................111 LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992 E AS ALTERAÇÕES ACRESCENTADAS PELA LEI 14.230, DE 26 DE OUTUBRO DE 2021 ......................................................................................113 LEI N°9.784, DE 29 DE JANEIRO DE 1999 (LEI DO PROCESSO ADMINISTRATIVO) ..................127 LÍNGUA PORTUGUESA.................................................................................................137 COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ........................................................................137 TIPOLOGIA TEXTUAL .....................................................................................................................................139 GÊNEROS TEXTUAIS ......................................................................................................................................143 ORTOGRAFIA OFICIAL .....................................................................................................................152 ACENTUAÇÃO GRÁFICA .................................................................................................................154 EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS ......................................................................................155 EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE ...............................................................................175 SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO ............................................................................................176 PONTUAÇÃO.....................................................................................................................................185 CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL .........................................................................................188 REGÊNCIAS NOMINAL E VERBAL ..................................................................................................193 SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS .....................................................................................................195 REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS OFICIAIS (CONFORME MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA) .......................................................................................................197 RACIOCÍNIO LÓGICO .....................................................................................................229 CONCEITOS BÁSICOS DE RACIOCÍNIO LÓGICO ...........................................................................229 PROPOSIÇÕES, VALORES LÓGICOS DAS PROPOSIÇÕES, SENTENÇAS ABERTAS, NÚMERO DE LINHAS DA TABELA VERDADE, CONECTIVOS, PROPOSIÇÕES SIMPLES E PROPOSIÇÕES COMPOSTAS ........................................................................................................................229 TAUTOLOGIA ...................................................................................................................................................233 OPERAÇÃO COM CONJUNTOS ......................................................................................................234 CÁLCULOS COM PORCENTAGENS ................................................................................................239 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS ...........................................................................245 SEGURIDADE SOCIAL ......................................................................................................................245 ORIGEM E EVOLUÇÃO LEGISLATIVA NO BRASIL.........................................................................................245 CONCEITUAÇÃO .............................................................................................................................................251 ORGANIZAÇÃO ...............................................................................................................................................251 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ...................................................................................................................251 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA .....................................................................................................255 CONTEÚDO, FONTES E AUTONOMIA ............................................................................................................255 APLICAÇÃO DAS NORMAS PREVIDENCIÁRIAS ...........................................................................................256 VIGÊNCIA, HIERARQUIA, INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO ......................................................................256 REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL ....................................................................................258 SEGURADOS OBRIGATÓRIOS ........................................................................................................................259 FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO .................................................................................................................................259 CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E ABRANGÊNCIA ......................................................................................262 Empregado, Empregado Doméstico, Contribuinte Individual, Trabalhador Avulso e Segurado Especial .........................................................................................................................................262SEGURADO FACULTATIVO .............................................................................................................................269 Conceito, Características, Filiação e Inscrição ............................................................................................269 TRABALHADORES EXCLUÍDOS DO REGIME GERAL ....................................................................................269 EMPRESA E EMPREGADOR DOMÉSTICO ......................................................................................269 CONCEITO PREVIDENCIÁRIO ........................................................................................................................269 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL.................................................................................270 RECEITAS DA UNIÃO ......................................................................................................................................270 RECEITAS DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS ...................................................................................................270 Dos Segurados, das Empresas, do Empregador Doméstico, do Produtor Rural, do Clube de Futebol Profissional, Sobre a Receita de Concursos de Prognósticos ....................................................................270 Receitas de Outras Fontes ............................................................................................................................278 SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO .......................................................................................................................278 Conceito..........................................................................................................................................................278 PARCELAS INTEGRANTES E PARCELAS NÃO-INTEGRANTES ...................................................................279 LIMITES MÍNIMO E MÁXIMO .........................................................................................................................281 Proporcionalidade e Reajustamento ............................................................................................................281 ARRECADAÇÃO E RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS À SEGURIDADE SOCIAL .......282 COMPETÊNCIA DO INSS E DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL ......................................283 OBRIGAÇÕES DA EMPRESA E DEMAIS CONTRIBUINTES ...........................................................................283 Prazo de Recolhimento ..................................................................................................................................283 RECOLHIMENTO FORA DO PRAZO ................................................................................................................285 Juros, Multa e Atualização Monetária ..........................................................................................................285 DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO .........................................................................................................286 CRIMES CONTRA A SEGURIDADE SOCIAL ....................................................................................287 RECURSO DAS DECISÕES ADMINISTRATIVAS ............................................................................290 PLANO DE BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL .....................................................................291 BENEFICIÁRIOS ..............................................................................................................................................291 ESPÉCIES DE PRESTAÇÕES ...........................................................................................................................292 BENEFÍCIOS ....................................................................................................................................................293 DISPOSIÇÕES GERAIS E ESPECÍFICAS.........................................................................................................311 PERÍODOS DE CARÊNCIA ...............................................................................................................................313 SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO E RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO ......................................................................314 REAJUSTAMENTO DO VALOR DOS BENEFÍCIOS .........................................................................................316 MANUTENÇÃO, PERDA E RESTABELECIMENTO DA QUALIDADE DE SEGURADO ....................316 LEI Nº 8.212, DE 1991, E LEI Nº 8.213, DE 1991, E ALTERAÇÕES ................................................318 DECRETO Nº 3.048, DE 1999, E ALTERAÇÕES ..............................................................................318 LEI DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (LOAS) ............................................................................................340 CONTEÚDO, FONTES E AUTONOMIA (LEI Nº 8.742/1993 E DECRETO Nº 6.214/2007 E ALTERAÇÕES) ..............................................................................................................................................340 ÉT IC A N O S ER V IÇ O P Ú B LI C O 11 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO PODER EXECUTIVO FEDERAL DECRETO Nº 1.171, DE 1994 O Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994, foi san- cionado pelo Presidente da República, tendo por base o disposto no art. 37, da Constituição, e em leis espar- sas (8.112, de 1990, e 8.429, de 1992). CF Art. 37 8.112/90 e 8.429/92 1.171/94 Com a aprovação do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, ficam definidos os órgãos e entidades da Administra- ção Pública Federal direta e indireta como destinatá- rios da medida. O prazo para implementação foi de 60 (sessenta) dias, inclusive mediante a Constituição da respectiva Comissão de Ética que será integrada por três servidores ou empregados titulares de cargo efe- tivo ou emprego permanente. CÓDIGO DE ÉTICA Servidores Públicos Federais da Adm. Pública Federal direta e indireta Comissões formadas por 3 servidores ou empregados de cargo efetivo ou emprego permanente O decreto é bem curto, sendo assim precisa ser lido várias vezes. Vamos lá! Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994 Art. 1º Fica aprovado o Código de Ética Profissio- nal do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que com este baixa. Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta e indireta implementarão, em sessenta dias, as providências necessárias à ple- na vigência do Código de Ética, inclusive mediante a Constituição da respectiva Comissão de Ética, integrada por três servidores ou empregados titu- lares de cargo efetivo ou emprego permanente. Parágrafo único. A constituição da Comissão de Éti- ca será comunicada à Secretaria da Administração Federal da Presidência da República, com a indica- ção dos respectivos membros titulares e suplentes. Art. 3º Este decreto entra em vigor na data de sua publicação. O Código inicia suas disposições, estabelecendo as regras deontológicas. As regras deontológicas são nor- mas de conduta de uma determinada profissão. No caso do Decreto 1.171, de 1994, as regras de conduta aplicam-se aos servidores do poder executivo federal na administração direta e indireta. CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO PODER EXECUTIVO FEDERAL Administração Pública Federal direta e indireta Órgãos e entidades da Administração Pública Federal Destinatários da Medida Das Regras Deontológicas Terminado o texto da lei, vamos nos deter nas regras deontológicas que fazem parte do anexo. Assim, todos os incisos presentes no Capítulo I, Seção I, são de leitura obrigatória e alguns merecem o devi- do comentário. São eles: Art. 3º [...] I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primadosmaiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preservação da honra e da tradição dos serviços públicos. DecoroConsciência ZeloEficácia Dignidade PRIMADOS MAIORES As palavras destacadas são de suma importância para esta primeira parte e precisam ser sempre lem- bradas. É interessante que você as decore! II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4º, da Constituição Federal. 12 O servidor público deverá decidir sobretudo entre o honesto e o desonesto. Seu eixo principal de orienta- ção é o bem comum. Veja só: o servidor deverá decidir com base em diversos valores, todavia, seu eixo prin- cipal de orientação é o bem comum. III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalida- de, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo. Sempre que falamos de moralidade ou de moral estamos nos referindo a normas de conduta ou conjunto de normas. Esse conjunto de valores, necessariamente, depende do equilíbrio entre a legalidade e a finalidade. Legalidade Finalidade IV - A remuneração do servidor público é custea- da pelos tributos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade admi- nistrativa se integre no Direito, como elemento indissociável de sua aplicação e de sua finalidade, eri- gindo-se, como consequência, em fator de legalidade. Essa informação é recorrentemente cobrada em provas de concurso. Fique atento! V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio. VI - A função pública deve ser tida como exercí- cio profissional e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a- -dia em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional. Importante! A vida privada do servidor importa na qualidade do seu exercício profissional. Nesse ponto, o Código de Ética afirma que a vida privada do servidor é relevante para o desempenho de sua profissão. Note que os atos do profissional em sua vida privada podem afetar diretamente sua car- reira no serviço público. VII - Salvo os casos de segurança nacional, inves- tigações policiais ou interesse superior do Estado e da Administração Pública, a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão compro- metimento ético contra o bem comum, imputável a quem a negar. Segundo Hely Lopes Meirelles, Ato administrativo é toda manifestação unila- teral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extin- guir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria. Art. 3º [...] VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servi- dor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria pessoa interes- sada ou da Administração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder cor- ruptivo do hábito do erro, da opressão ou da men- tira, que sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação. O servidor tem o dever de dar voz à verdade, ainda que em prejuízo da administração ou do interessado. IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tem- po dedicados ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamen- te significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los. X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução que compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na prestação do serviço, não caracteriza apenas ati- tude contra a ética ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos usuários dos serviços públicos. Atente-se ao fato de que filas longas, lentas ou sem motivo configuram dano moral. Mais uma vez, o Código de Ética demonstra seu interesse pelo desempenho do serviço público, porém, dessa vez, apresenta condutas que demonstram falta de comprometimento. XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais de seus superiores, velando atenta- mente por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função pública. XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase sempre conduz à desordem nas relações humanas. Geralmente, quando somos questionados sobre esse ponto da matéria, a expressão “injustificada” é retirada da pergunta. Por isso, atente-se ao fato de que as faltas devem ser injustificadas para configurarem desmoralização do serviço público. XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura organizacional, respeitando seus cole- gas e cada concidadão, colabora e de todos pode ÉT IC A N O S ER V IÇ O P Ú B LI C O 13 receber colaboração, pois sua atividade pública é a grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento da Nação. Dos Principais Deveres do Servidor Público Nesse ponto, o Código de Ética volta-se aos deve- res do servidor. Novamente, vamos separar algumas expressões que são essenciais para o estudo desse assunto. XIV - São deveres fundamentais do servidor público: a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou emprego público de que seja titular; b) exercer suas atribuições com rapidez, perfei- ção e rendimento, pondo fim ou procurando prio- ritariamente resolver situações procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em que exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário; c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum; SERVIDOR LealRetoJustoProbo d) jamais retardar qualquer prestação de con- tas, condição essencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu cargo; e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoando o processo de comunicação e conta- to com o público; f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços públicos; g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, respeitando a capacidade e as limitações individuais de todos os usuários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho políticoe posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes dano moral; h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de representar contra qual- quer comprometimento indevido da estrutura em que se funda o Poder Estatal; i) resistir a todas as pressões de superiores hierár- quicos, de contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer favores, benesses ou vanta- gens indevidas em decorrência de ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las; Podemos separar algumas expressões-chave do que vimos até agora, as quais, se você memorizar, serão um grande diferencial para seu estudo. São elas: “a tempo”, “rapidez, perfeição e rendimento”, “ser probo, reto, leal e justo” e “ser cortês, ter urbanidade”. j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exi- gências específicas da defesa da vida e da seguran- ça coletiva; A conduta de greve é mencionada e defendida pelo Código de Ética. Isso não poderia ser diferente, pois o direito constitucional da greve deve ser exercido, porém deve existir equilíbrio entre a busca de direi- tos e a manutenção de serviços de saúde e segurança. l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que sua ausência provoca danos ao trabalho orde- nado, refletindo negativamente em todo o sistema; Novamente, o servidor é impelido a demonstrar rendimento e presença no local de trabalho. O exercí- cio desses valores termina por beneficiar o rendimen- to e o ambiente de trabalho e sua ordem. m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as providências cabíveis; n) manter limpo e em perfeita ordem o local de tra- balho, seguindo os métodos mais adequados à sua organização e distribuição; o) participar dos movimentos e estudos que se rela- cionem com a melhoria do exercício de suas fun- ções, tendo por escopo a realização do bem comum; p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas ade- quadas ao exercício da função; q) manter-se atualizado com as instruções, as nor- mas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções; r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possível, com critério, seguran- ça e rapidez, mantendo tudo sempre em boa ordem. s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de direito; t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos jurisdicionados administrativos; u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua fun- ção, poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mesmo que observando as for- malidades legais e não cometendo qualquer viola- ção expressa à lei; v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe sobre a existência deste Código de Ética, esti- mulando o seu integral cumprimento. Dica Os deveres do servidor são sempre verbos e, obviamente, indicam ações positivas, tendentes a realizar o trabalho com rendimento e qualidade. Das Vedações ao Servidor Público XV - E vedado ao servidor público; a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem; b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servidores ou de cidadãos que deles dependam; Atenção! Para que ocorra a vedação apresentada, é preciso que exista dolo (vontade e consciência) do servidor em prejudicar a reputação dos demais. 14 c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro ou infração a este Código de Éti- ca ou ao Código de Ética de sua profissão; O servidor não poderá ser indulgente com as con- dutas transgressoras. d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou material; e) deixar de utilizar os avanços técnicos e cien- tíficos ao seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister; Nesse caso, o servidor tem a missão de manter-se atualizado. f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os jurisdi- cionados administrativos ou com colegas hierar- quicamente superiores ou inferiores; g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação, prê- mio, comissão, doação ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão ou para influen- ciar outro servidor para o mesmo fim; Em resumo, o servidor, familiar ou indicado não poderá receber qualquer vantagem de qualquer espé- cie para o cumprimento de suas atividades ou para influenciar outro servidor a cumpri-las. h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encaminhar para providências; i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que neces- site do atendimento em serviços públicos; j) desviar servidor público para atendimento a inte- resse particular; l) retirar da repartição pública, sem estar legalmen- te autorizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio público; m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço, em benefício pró- prio, de parentes, de amigos ou de terceiros; n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitualmente; o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a honestidade ou a dignida- de da pessoa humana; p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso. Das Comissões de Ética XVI - Em todos os órgãos e entidades da Adminis- tração Pública Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder públi- co, deverá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do servidor, no tratamento com as pessoas e com o patrimônio público, competindo-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento susceptível de censura. XVII - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) COMISSÕES DE ÉTICA Comissões formadas por 3 servidores ou empregados com cargo efetivo ou emprego permanente XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos organismos encarregados da execução do quadro de carreira dos servidores, os registros sobre sua conduta ética, para o efeito de instruir e fundamen- tar promoções e para todos os demais procedimen- tos próprios da carreira do servidor público. XIX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) XX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) XXI - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de Ética é a de censura e sua fundamen- tação constará do respectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do faltoso. XXIII - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) Censura é a única penalidade imposta pelo Códi- go de Ética. Trata-se de penalidade reservada para as infrações de menor potencial ofensivo cometidas pelo servidor público, caracterizada pela reiterada negligência ao cumprimento dos deveres inerentes ao cargo, ou realizando incorretamente algum procedi- mento que exija formalidade na sua execução. XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético, entende-se por servidor público todo aquele que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribui- ção financeira, desde que ligado direta ou indire- tamente a qualquer órgão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas, as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de economia mista, ou em qualquer setor onde pre- valeça o interesse do Estado. XXV - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) A definição de servidorpúblico feita no Decreto 1.171, de 1994, só se aplica aos servidores do Poder Exe- cutivo Federal da Administração Direta e Indireta. Isso se deve ao fato de que o decreto é do Presidente da Repú- blica. Caso fosse uma lei aprovada no Congresso Nacio- nal, teríamos uma abrangência muito maior.Atente-se ao fato de que o decreto não abrange os servidores do Judiciário ou do Legislativo, nem mesmo os servidores dos estados, municípios ou do Distrito Federal. EXERCÍCIOS COMENTADOS 1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Bruno, servidor contrata- do temporariamente para prestar serviços a determina- do órgão público federal, praticou conduta vedada aos servidores públicos pelo Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal. A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir à luz do disposto nos Decretos nº 1.171/1994 e nº 6.029/2007. Se, para a infração praticada por Bruno, estiverem pre- vistas as penalidades de advertência ou suspensão, a comissão de ética será competente para, após o regu- lar procedimento, aplicar diretamente a penalidade. ( ) CERTO ( ) ERRADO ÉT IC A N O S ER V IÇ O P Ú B LI C O 15 A Comissão de Ética não ostenta competência para a aplicação das penalidades de advertência e sus- pensão e, sim, tão somente detém atribuição legal para impor a pena de censura, conforme consta da regra de nº XXII, do Decreto 1.171, de 1994: “A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de Éti- ca é a de censura e sua fundamentação constará do respectivo parecer, assinado por todos os seus inte- grantes, com ciência do faltoso”. Resposta: Errado. 2. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Acerca do disposto nos Decretos nº 1.171/1994 e nº 6.029/2007, julgue o item subsequente. Embora deva respeitar a hierarquia, o servidor público está obrigado a representar contra ações manifesta- mente ilegais de seus superiores hierárquicos. ( ) CERTO ( ) ERRADO O assunto tratado nesta questão encontra previsão expressa tanto no Decreto 1.171, de 1994, quanto na própria Lei nº 8.112, de 1990, como será demons- trado. De acordo com a regra nº XIV, do Decreto 1.171, de 1994: “São deveres fundamentais do servi- dor público: [...] h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de representar contra qualquer comprometimento indevido da estrutura em que se funda o Poder Estatal”. Por sua vez, no corpo da Lei nº 8.112, de 1990, a norma do inciso XII, art. 116, diz que “São deveres do servidor: [...] XII - represen- tar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder”. Portanto, resta claro o acerto da afirmativa aqui analisada. Resposta: Certo. DECRETO Nº 6.029, DE 2007 O decreto nº 6.029, de 1º de fevereiro de 2007, institui o sistema de gestão da ética do Poder Execu- tivo Federal. Como forma de organizar e padronizar os con- selhos de Ética, foi instituído o Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal, com a finalidade de promover atividades que dispõem sobre a conduta ética no âmbito do Executivo Federal. As competên- cias do sistema são as seguintes: z Integrar os órgãos, programas e ações relaciona- das com a ética pública; z Contribuir para a implementação de políticas públicas tendo a transparência e o acesso à infor- mação como instrumentos fundamentais para o exercício de gestão da ética pública; z Promover, com apoio dos segmentos pertinentes, a compatibilização e interação de normas, procedi- mentos técnicos e de gestão relativos à ética pública; z Articular ações com vistas a estabelecer e efeti- var procedimentos de incentivo e incremento ao desempenho institucional na gestão da ética públi- ca do Estado brasileiro. O sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal é composto por três grandes grupos: z A Comissão de Ética Pública (CEP), instituída pelo Decreto de 26 de maio de 1999; z As Comissões de Ética de que trata o Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994; z As demais Comissões de Ética e equivalentes nas entidades e órgãos do Poder Executivo Federal. Vamos dar especial destaque para a composição das comissões, uma vez que tal assunto é muito cobra- do em concursos e deve ser, se possível, decorado: z CEP: 7 integrantes brasileiros com idoneidade moral, reputação ilibada e notória experiência designados pelo Presidente. O mandato será de três anos, não coincidentes e com aceitação de uma recondução. Importante ressaltar que as atividades desenvol- vidas no âmbito da Comissão de Ética Pública não ensejam qualquer remuneração para seus membros, tendo em vista que os trabalhos nela desenvolvidos são considerados como prestações de relevante inte- resse público. A CEP apresenta diversas competências, todas lis- tadas no art. 4º, do Decreto 6.029, de 2007. Dentre elas, a mais importante é a seguinte: atuar como instância consultiva do Presidente da República e Ministros de Estado em matéria de ética pública. Ou seja, a CEP deverá ser capaz de dirimir dúvidas na área da ges- tão da Ética no Executivo Federal, por isso a Comis- são possui um departamento Jurídico para prestar assessoria. Além disso, deverá apurar informações recebidas por meio de denúncias ou de ofício, quan- do presentes condutas que fiquem em desacordo com suas normas. Por fim, coordenará, avaliará e supervi- sionará o Sistema de Gestão da Ética Pública do Poder Executivo Federal. As instâncias superiores dos órgãos e entidades do Poder Executivo Federal, abrangendo a administração direta e indireta deverão observar as normas éticas e de disciplina, constituir as próprias comissões de ética e atender com prioridade as solicitações da CEP. Considerando o alto impacto que as ações desen- volvidas pela CEP podem causar nos servidores que forem investigados, algumas medidas rígidas foram adotadas para preservar os investigados. Deverá ser protegida a honra e a imagem das pes- soas investigadas, assim como a imagem do denun- ciante deverá ser mantida em sigilo, se este for o seu desejo, e os membros da CEP deverão ter independên- cia e imparcialidade para apurar os fatos, com todas as garantidas presentes no Decreto 6.029, de 2007. Possui legitimidade para provocar a atuação da CEP qualquer cidadão (servidor ou não), pessoa jurídica de direito privado, associação ou entidade de classe, visando à apuração de infração ética imputada a agen- te público, órgão ou setor específico do ente estatal. Importante! Definição de agente público estabelecida no Decreto 6.029, de 2007: “Entende-se por agente público todo aquele que, por força de lei, contra- to ou qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária, excepcional ou eventual, ainda que sem retribuição financeira, a órgão ou entidade da administração pública fede- ral, direta e indireta” (Parágrafo único, do art. 11). 16 Da Apuração dos Atos O Decreto organiza procedimento de apuração dos atos praticados em seu desacordo. Desta forma, privi- legia o contraditório e a ampla defesa. As apurações poderão ser praticadas de ofício (sem provocação) ou por meio de denúncia. É importante frisar que o processo inicia com um prazo de defesa prévia, posto que acusações com pouca fundamentação poderão ser combatidas desde logo. Nos termos do art. 12, do Decreto 6.029, de 2007, Art. 12 O processo de apuração de prática de ato em desrespeito ao preceituado no Código de Con- duta da Alta Administração Federal e no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal será instaurado, de ofí- cio ou em razão de denúncia fundamentada, respeitando-se, sempre, as garantias do contradi- tório e da ampla defesa [...]. As apurações serão feitas pela Comissão de Ética Pública ou pelas demais Comissões de Ética. Em todos os casos, o investigado será notificado para mani- festar-se, por escrito, no prazo de dez dias. Além disso, o investigado poderá produzir prova documen- tal necessária a sua defesa e as Comissões de Ética terão o poder de requisitar os documentos queenten- derem necessários à instrução probatória e, também, promover diligências e solicitar parecer de especialis- ta. Após a conclusão do processo, poderão ser adota- das as seguintes medidas: z Encaminhamento de sugestão de exoneração de cargo ou função de confiança à autoridade hie- rarquicamente superior ou devolução ao órgão de origem, conforme o caso; z Encaminhamento, conforme o caso, para a Con- troladoria-Geral da União ou unidade específica do Sistema de Correição do Poder Executivo Fede- ral de que trata o Decreto nº 5.480, de 30 de junho de 2005, para exame de eventuais transgressões disciplinares; z Recomendação de abertura de procedimento admi- nistrativo, se a gravidade da conduta assim o exigir. Ficam assegurados a todos os investigados, em respeito ao contraditório e à ampla defesa, o conhe- cimento do teor das acusações e o acesso aos autos (ainda que no recinto das Comissões de Ética). Por fim, fica garantido o acesso a cópias integrais dos proces- sos e de certidão do seu teor. As comissões de ética têm por dever proferir decisão sobre os temas de sua competência, independentemente de omissão do Código de Conduta da Alta Administração Pública. Eventuais omissões poderão ser supridas por uso da analogia ou dos princípios da legalidade, impes- soalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Art. 17 As Comissões de Ética, sempre que consta- tarem a possível ocorrência de ilícitos penais, civis, de improbidade administrativa ou de infração dis- ciplinar, encaminharão cópia dos autos às auto- ridades competentes para apuração de tais fatos, sem prejuízo das medidas de sua competência. O texto do art. 17, do Decreto, é tremendamente importante, justamente pelo fato de lembrar às Comis- sões de Ética que, além de realizarem seu dever, deve- rão estar atentas aos possíveis desdobramentos que poderão ocorrer em função das condutas praticadas. Os trabalhos nas Comissões de Ética que são dis- postas nos incisos II e III, do art. 2º, do Decreto 6.029, de 2007, são considerados relevantes e têm priorida- de sobre as atribuições próprias dos cargos dos seus membros, quando estes não atuarem com exclusivi- dade na Comissão. Chegamos ao final de mais um assunto com grande chance de ser objeto de questões. Lembre-se: o Códi- go de Conduta da Alta Administração Federal, o Códi- go de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal e o Código de Ética do órgão ou entidade serão aplicados ao servidor, ainda que essas autoridades e esses agentes públicos estejam em gozo de licença. EXERCÍCIOS COMENTADOS 1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Bruno, servidor contrata- do temporariamente para prestar serviços a determina- do órgão público federal, praticou conduta vedada aos servidores públicos pelo Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal. A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir à luz do disposto nos Decretos nº 1.171/1994 e nº 6.029/2007. Mesmo prestando serviço de natureza temporária, Bruno está sujeito às disposições contidas no Decreto nº 1.171/1994. ( ) CERTO ( ) ERRADO O Código de Ética abrange servidores estatutários, efe- tivos e comissionados, empregados públicos, agentes temporários e agentes em colaboração com o Estado. Portanto, Bruno, mesmo sendo servidor contratado temporariamente, está, sim, sujeito ao Código de Éti- ca, conforme regra de nº XXIV: “Para fins de apuração do comprometimento ético, entende-se por servidor público todo aquele que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas, as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado.” Resposta: Certo. 2. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Bruno, servidor contrata- do temporariamente para prestar serviços a determina- do órgão público federal, praticou conduta vedada aos servidores públicos pelo Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal. A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir à luz do disposto nos Decretos nº 1.171/1994 e nº 6.029/2007. Durante o procedimento de apuração da conduta de Bruno, a comissão de ética deverá garantir-lhe prote- ção à sua honra e à sua imagem. ( ) CERTO ( ) ERRADO ÉT IC A N O S ER V IÇ O P Ú B LI C O 17 O tema objeto da presente questão encontra sua dis- ciplina no âmbito do Decreto 6.029 de 2007, mais precisamente no inciso I, do art. 10: “Os trabalhos da CEP e das demais Comissões de Ética devem ser desenvolvidos com celeridade e observância dos seguintes princípios: I - proteção à honra e à imagem da pessoa investigada”. Resposta: Certo. HORA DE PRATICAR! 1. (CESPE-CEBRASPE – 2021) A respeito da ética no serviço público, da administração pública federal bem como dos servidores públicos federais e seus direitos e deveres, julgue o item que se seguem. De acordo com o Código de Ética Profissional do Servi- dor Público Civil do Poder Executivo Federal, ausência de servidor do seu local de trabalho é fator de desmo- ralização do serviço público, já que pode acarretar desordem nas relações humanas. ( ) CERTO ( ) ERRADO 2. (CESPE-CEBRASPE – 2020) A respeito de ética na administração pública, julgue o item a seguir. O agente público não pode desprezar o elemento ético de sua conduta, o que significa que ele deverá decidir somente entre o ilegal e o legal, uma vez que a função pública impede que ele deixe de cumprir os deveres impostos por lei. ( ) CERTO ( ) ERRADO 3. (CESPE-CEBRASPE – 2020) O item a seguir apresenta uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada à luz do disposto no Decreto n.º 1.171/1994. Servidor público federal em férias publicou mensagem em suas redes sociais sobre o comportamento de outro colega de trabalho, de forma ofensiva e antipá- tica. Nessa situação hipotética, embora a mensagem não tenha partido do local de trabalho e tenha sido feita fora do horário de serviço, a conduta do servidor fere o código de ética profissional. ( ) CERTO ( ) ERRADO 4. (CESPE-CEBRASPE – 2020) O item a seguir apresenta uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada à luz do disposto no Decreto n.º 1.171/1994. Raul é visto habitualmente embriagado fora de seu horário de expediente, sendo, inclusive, conheci- do pelas pessoas mais próximas como pé inchado; porém, cumpre suas atividades com zelo durante o horário de trabalho, não se atrasa e tampouco falta ao serviço. Nesse caso, a conduta de Raul não fere a ética do serviço público. ( ) CERTO ( ) ERRADO 5. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de ética no serviço público, julgue o item a seguir. Na administração pública, moralidade restringe-se à distinção entre o bem e o mal: o servidor público nun- ca poderá desprezar o elemento ético de sua conduta. ( ) CERTO ( ) ERRADO 6. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de ética no serviço público, julgue o item a seguir. No estrito exercício de sua função, o servidor público deve nortear-se por primados maiores — como a cons- ciência dos princípios morais, o zelo e a eficácia —; fora dessa função, porém, por estar diante de situação parti- cular, não está obrigado a agir conforme tais primados. ( ) CERTO ( ) ERRADO 7. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de ética no serviço público, julgue o item a seguir. Servidor público que se apresenta habitualmente embriagado no serviço ou até mesmo fora dele pode- rá ser submetido à Comissão de Ética, a qual poderá aplicar-lhe a pena de censura. ( ) CERTO ( ) ERRADO 8. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de ética no serviço público, julgue o item a seguir. Servidor público que, no exercício da função pública, desviar outroservidor para atender a seu interesse particular, ou, movido pelo espírito de solidariedade, for conivente com prática como esta, poderá ser sub- metido à Comissão de Ética. ( ) CERTO ( ) ERRADO 9. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o seguinte item, a respeito da ética no serviço público. A ausência injustificada de um servidor público ao seu local de trabalho constitui fator de desmoralização do serviço público ( ) CERTO ( ) ERRADO 10. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com base no disposto na legislação administrativa, julgue o item a seguir. A punição prevista para servidor por desvio de conduta ética reconhecido por comissão de ética é a censura ética. ( ) CERTO ( ) ERRADO 11. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com base no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, julgue o item a seguir. A criação de comissão de ética com a finalidade de orientar o servidor é facultativa às entidades que exer- çam atribuições delegadas pelo poder público. ( ) CERTO ( ) ERRADO 12. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com base no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, julgue o item a seguir. É vedado ao servidor público exercer atividade incom- patível com o interesse público, ainda que tal atividade seja lícita. ( ) CERTO ( ) ERRADO 13. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com base no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, julgue o item a seguir. O servidor deve respeitar a hierarquia e não contrariar ordens de seu superior, ainda que estas estejam em desconformidade com os princípios norteadores da administração pública. ( ) CERTO ( ) ERRADO 18 14. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com base no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, julgue o item a seguir. É proibido ao servidor público utilizar de notícia obtida em razão do exercício de suas funções em proveito próprio ou de terceiros. ( ) CERTO ( ) ERRADO 15. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com relação aos princí- pios e aos valores éticos e morais no serviço público, julgue o seguinte item. O servidor público poderá abrir mão do elemento ético de sua conduta quando, no exercício de sua função, determinada situação exigir rapidez e celeridade. ( ) CERTO ( ) ERRADO 16. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item seguinte, que versam sobre o disposto no Código de Ética Pro- fissional do Servidor Público e sobre gestão de pes- soas e de processos no serviço público. Conforme o Decreto n.º 1.171/1994, é vedado ao servidor público civil do Poder Executivo federal atrapalhar ou impe- dir o exercício regular de direito por qualquer pessoa. ( ) CERTO ( ) ERRADO 17. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No que se refere à ética no serviço público, julgue o item seguinte, à luz do dis- posto no Decreto n.º 1.171/1994 (Código de Ética Pro- fissional do Serviço Público). Não descumpre o dever de respeito à hierarquia o ser- vidor que denunciar pressões de superiores hierárqui- cos que visem obter vantagens indevidas. ( ) CERTO ( ) ERRADO 18. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No que se refere à ética no serviço público, julgue o item seguinte, à luz do disposto no Decreto n.º 1.171/1994 (Código de Ética Profissional do Serviço Público). Uma das regras deontológicas que regem a conduta dos servidores públicos federais é o espírito de soli- dariedade, conforme o qual se espera que o servidor seja complacente em caso de erro ou infração, pois a superação de falhas representa uma oportunidade para o engrandecimento profissional dos servidores públicos. ( ) CERTO ( ) ERRADO 19. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No que se refere a ética no serviço público, julgue o próximo item, com base no Decreto n.º 1.171/1994 — Código de Ética Profissional do Serviço Público. Constitui dever fundamental do servidor público abs- ter-se de exercer sua função com finalidade estranha ao interesse público, mesmo que observadas as for- malidades legais. ( ) CERTO ( ) ERRADO 20. (CESPE-CEBRASPE – 2021) A respeito da ética no serviço público, da administração pública federal bem como dos servidores públicos federais e seus direitos e deveres, julgue o item que se seguem. O investigado poderá ter vista dos autos, com direito a cópia se assim o desejar, mesmo antes da notifica- ção da existência de procedimento investigatório em comissão de ética. ( ) CERTO ( ) ERRADO 9 GABARITO 1 ERRADO 2 ERRADO 3 CERTO 4 ERRADO 5 ERRADO 6 ERRADO 7 CERTO 8 CERTO 9 CERTO 10 ERRADO 11 ERRADO 12 CERTO 13 ERRADO 14 CERTO 15 ERRADO 16 CERTO 17 CERTO 18 ERRADO 19 CERTO 20 CERTO ANOTAÇÕES R EG IM E JU R ÍD IC O Ú N IC O 19 REGIME JURÍDICO ÚNICO LEI 8.112, DE 11 DE NOVEMBRO DE 1990 E ALTERAÇÕES AGENTES PÚBLICOS Nas lições de Celso Antônio Bandeira de Mello, são agentes públicos as pessoas que exercem uma função pública, ainda que em caráter temporário ou sem remuneração. Trata-se de uma expressão ampla e genérica, uma vez que engloba todos aqueles que, dentro da organização da Administração Pública, exercem determinada função pública. Assim, podemos dizer que agente público é gênero, o qual comporta diversas espécies, como os agentes políticos, os agentes militares, os servidores públi- cos estatutários, os empregados públicos, os agentes honoríficos, entre outros. Por isso, vamos especificar cada um deles com maiores detalhes. Espécies e Classificação Os agentes políticos possuem como característica principal o fato de exercerem uma função pública de alta direção do Estado. Seu ingresso é feito mediante eleições, para atuarem em mandatos fixos, os quais têm o condão de extinguir a relação destes com o Estado de modo automático pelo simples decurso do tempo. Percebe-se, dessa forma, que a sua vinculação com o Estado não é profissional, mas estatutária ou institucional. São agentes políticos os parlamentares, o Presidente da República, os prefeitos, os governa- dores, bem como seus respectivos vices, ministros de Estado e secretários. Agentes Militares Os agentes militares constituem uma categoria à parte dos demais agentes políticos, uma vez que as instituições militares possuem fortes bases funda- mentadas na hierarquia e na disciplina. Apesar de também apresentarem vinculação estatutária, seu regime jurídico é disciplinado por legislação especial, e não aquela aplicável aos servidores civis. São agen- tes militares os membros das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros militares dos Estados, Distrito Federal e Territórios, bem como os demais militares ligados ao Exército, Marinha e Aeronáutica. Algumas características que merecem destaque são: a proibi- ção de sindicalização dos militares, a proibição do direito de greve e a proibição à filiação partidária. Servidores Públicos De modo geral, podemos dizer que a Constituição Federal de 1988 apresenta dois tipos de regimes para os agentes estatais: o regime estatutário ou de cargos públicos, e o regime celetista ou de empregos públicos. Os servidores públicos são contratados pelo regi- me estatutário, enquanto os empregados públicos são contratados pelo regime celetista, que muito se asse- melha às regras contidas na CLT. Atente-se a este conceito: servidor público é o agente contratado pela Administração Pública, direta ou indireta, sob o regime estatutário, sendo selecio- nado mediante concurso público, para ocupar cargos públicos, possuindo vinculação com o Estado de natu- reza estatutária e não-contratual. O regime dos cargos públicos é disciplinado pela Lei Federal nº 8.112, de 1990, também conhecida como Estatuto do Servidor Público. Frente a isso, um ponto relevante a ser ressaltado desse regime é o alcance da estabilidade mediante o fim do período de estágio pro- batório. Tal alcance permite que o servidor não seja desligado de suas funções, salvo pelas hipóteses pre- vistas em lei, como a sentença judicial transitada em julgado, processo administrativo disciplinar, ou a não aprovaçãoem avaliação periódica de desempenho (§ 1º, art. 41, da CF, de 1988). Dentre os cargos públicos, ainda, há aqueles que são vitalícios, que se apresentam de forma mais van- tajosa, uma vez que o estágio probatório possui um tempo menor (2 anos, sendo de 3 anos para os car- gos não vitalícios), bem como possui a característica de o desligamento ocorrer apenas mediante sentença condenatória transitada em julgado. São vitalícios os cargos de: Magistratura, do Tribunal de Contas, e os cargos dos membros do Ministério Público. Além da estabilidade, são também assegurados aos servidores estatutários alguns direitos trabalhis- tas. Vejamos, a seguir, os mais importantes, de acordo com o § 3º, art. 39, da CF, de 1988: z Salário-mínimo; z Remuneração de trabalho noturno superior ao diurno; z Repouso semanal remunerado; z Férias trabalhadas; z Licença à gestante. Empregado Público De modo diferente da contratação dos servidores, os empregados públicos são contratados mediante regime celetista, isto é, com aplicação das regras pre- vistas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Trata-se de uma vinculação contratual. A contratação de empregados públicos dá-se, em regra, pelas pessoas jurídicas de direito privado inte- grantes da Administração Indireta (empresas públi- cas, sociedades de economia mista, consórcios etc.). Além disso, o ingresso de tais pessoas também depen- de da sua aprovação em concurso público. O regime dos empregados públicos é menos prote- tivo do que o regime estatutário. Isso se deve ao fato de que os empregados públicos não gozam da estabilida- de que os servidores possuem. Ao serem empossados, os empregados passam por um período de experiên- cia de 90 dias. Todavia, mesmo após esse período, os empregados públicos podem ser dispensados. A diferença dos empregados públicos para com os demais consiste no fato de que a sua demissão será sempre motivada, após regular processo administra- tivo, mediante contraditório e ampla defesa. Impor- tante lembrar que, para a Administração Pública, a motivação de seus atos, bem como o tratamento 20 impessoal e a finalidade pública, são princípios nor- teadores de sua atuação. Uma demissão imotivada de um empregado público seria absolutamente inadmis- sível nessas condições. Poderes, Prerrogativas, Direitos e Vantagens A prerrogativa é qualquer situação de vantagem obtida pela natureza de um cargo ou de uma função. No caso dos agentes públicos, existem algumas prerrogati- vas que são comuns para todo e qualquer cargo público e existem algumas prerrogativas que são mais restritas, exclusivas apenas para alguns cargos. Geralmente, essas prerrogativas mais exclusivas são aplicáveis para os car- gos militares e para os cargos de natureza política. No momento, é importante focar nas prerrogativas que se aplicam para todos os servidores públicos, que ocupam cargos públicos em geral. A primeira grande prerrogativa diz respeito à estabilidade. A estabilidade é a condição que o servidor público atinge após completar alguns requisitos. O seu princi- pal efeito é que, uma vez estável no cargo, o servidor público não pode ser demitido por razões de conve- niência ou oportunidade pela Administração. Ela não pode demitir o servidor estável “porque não quer mais” trabalhar com ele. Segundo o art. 21, do Estatuto dos Servidores Públi- cos Civis da União, uma vez que o servidor seja “habi- litado em concurso público e empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade no serviço público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício”. Interessante observar que a Constituição Federal de 1988 também prevê a prerrogativa de estabilida- de em seu art. 41. Todavia, os requisitos são distintos. Para o Texto Constitucional, o servidor público só adquire estabilidade após completar 3 (três) anos de efetivo exercício. Isso não significa que, uma vez o servidor estando estável no seu cargo, ele pode fazer o que quiser e não sofrerá nenhuma punição. A estabilidade não lhe dá “carta branca” para agir como bem entender. Por isso, o conteúdo do art. 22, da Lei nº 8.112, de 1990: Art. 22 O servidor estável só perderá o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa. Vale destacar que o Texto Constitucional vai um pouco além, prevendo, ao todo, quatro modalidades de demissão de servidor estável. São elas: z Por sentença judicial transitada em julgado: é a forma mais demorada para se demitir um servi- dor, considerando todo o aspecto burocrático exis- tente no processo judicial. O trânsito em julgado da sentença somente ocorre quando esgotados todos os recursos cabíveis; z Mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa. As regras referentes ao Processo Administrativo Disciplinar (ou PAD) serão vistas mais adiante; z Mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa: quem não for aprova- do na avaliação periódica de desempenho pode ser exonerado de seu cargo público, independen- temente de ter completado o período de efetivo exercício; As hipóteses elencadas estão previstas nos incisos do art. 41. z Por excesso de gasto com pessoal: Essa última hipótese se encontra disposta no inciso II, § 3º, art. 169, da CF, de 1988. Sob o aspecto orçamentário e financeiro, não pode a Administração Pública rea- lizar gastos superiores àqueles previstos em seu orçamento anual. Com isso, havendo a necessida- de, é possível, sim, que um servidor estável seja exonerado de seu cargo apenas por motivos de “balancear” as contas públicas. Outra prerrogativa que merece maior destaque é a vitaliciedade. É um instituto bastante parecido com a estabilidade, mas não pode ser confundido com a mesma. A vitaliciedade não é adquirida por qualquer servidor: ela é somente concedida para alguns cargos públicos especiais. São considerados cargos vitalícios, segundo a pró- pria Constituição Federal: os cargos de Magistratura (inciso I, do art. 95), os membros do Ministério Público (alínea “a”, § 5º, do art. 128) e os cargos ocupados pelos membros do Tribunal de Contas da União ou TCU (§ 3º, do art. 73). A vitaliciedade é um instituto ainda mais forte do que a estabilidade. Uma vez que a pessoa ocupe um desses cargos vitalícios, ela somente pode ser exone- rada mediante sentença judicial transitada em julga- do. Essa é a única hipótese de exoneração, motivo pelo qual ela garante uma prerrogativa maior do que ape- nas a estabilidade. Das hipóteses de exoneração, apesar de ser um aspecto relativo ao Regime de Previdência, é também considerada como uma forma de exoneração a apo- sentadoria compulsória, isto é, a concessão do referido benefício previdenciário quando o servidor estável ou vitalício completar 75 (setenta e cinco) anos de idade. A diferença é que, no caso da aposentadoria compul- sória, o servidor para de trabalhar, mas continua rece- bendo uma “remuneração”, chamada de provento. A Lei nº 8.112, de 1990, em seus arts. 40 e 41, elen- ca diversos direitos e gratificações aos servidores públicos, os quais são de grande importância conhe- cer. É importante fazer a leitura da literalidade conti- da nos referidos artigos, acompanhemos: Art. 40 Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, com valor fixado em lei. Art. 41 Remuneração é o vencimento do cargo efe- tivo, acrescido das vantagens pecuniárias perma- nentes estabelecidas em lei. § 1° A remuneração do servidor investido em fun- ção ou cargo em comissão será paga na forma pre- vista no art. 62. § 2° O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou entidade diversa da de sua lotação rece- berá a remuneração de acordo com o estabelecido no § 1o do art. 93. § 3° O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de caráter permanente, é irredutível. § 4° É assegurada a isonomia de vencimentos paracargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho. § 5° Nenhum servidor receberá remuneração infe- rior ao salário mínimo. R EG IM E JU R ÍD IC O Ú N IC O 21 Vejamos os principais direitos: z Vencimentos: vencimentos está para o servidor assim como o salário está para o empregado. Con- siste na retribuição pecuniária pelo exercício do cargo público, cujo valor é previamente fixado em lei. Os vencimentos de cargos efetivos são, em regra, irredutíveis; z Remuneração: é mais abrangente. É o vencimen- to do cargo, somado a todas as outras vantagens pecuniárias estabelecidas em lei. O menor valor pago ao servidor público, independentemente de sua vinculação, é o valor do salário-mínimo vigen- te (§ 3º, art. 39, da CF, de 1988). O art. 39, da Constituição Federal, apresenta algu- mas regras gerais sobre o regime dos servidores públicos. Dentre as regras constitucionais, o § 1º do referido dispositivo prevê que a fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratório observará três aspectos: a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos car- gos componentes de cada carreira; os requisitos para a investidura; e também as peculiaridades dos cargos. Regime de subsídios: trata-se de uma forma espe- cial de remuneração, feita em uma única parcela. O regime de subsídios, previsto no § 4º, art. 39, da CF, de 1988, foi introduzido com a finalidade de coibir os “supersalários” comumente existentes no regime de servidores públicos brasileiros. Importante res- saltar que recebem por subsídios somente os Chefes do Poder Executivo, parlamentares, magistrados, ministros de Estado, secretários estaduais, membros do Ministério Público e da Advocacia Pública, entre outros. Das Vantagens À luz do disposto no art. 49, do Estatuto, além dos vencimentos, aos funcionários públicos serão pagas as seguintes vantagens: as indenizações, as gratifica- ções e os adicionais. z Indenizações As indenizações são valores pagos aos servi- dores, mas que não integram seus vencimentos. O Estatuto prevê algumas hipóteses de recebimento de indenizações: � Ajuda de custo por mudança (art. 53) devida como forma de compensar as despesas de ins- talação de servidor que tiver exercício em nova sede, ocorrendo mudança de seu domicílio; � Ajuda de custo por falecimento (§ 2º, art. 53): devido à família do servidor que vier a falecer na nova sede, sendo devido para custear o transporte para a localidade de origem; � Diárias por deslocamento (art. 58): devida ao servidor que se afastar, por motivos de serviço, da sede em caráter transitório, para outro local dentro ou fora do país, receberá tal indenização como forma de ajuda no custeio de passagens e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas extraordinárias com pousada, ali- mentação e locomoção urbana. O § 3º, do art. 59, prevê que o servidor que receber diárias e não se afastar da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias; � Transporte (art.60): será concedida inde- nização ao funcionário público que realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomoção para a execução de serviços exter- nos, por força das atribuições próprias do car- go, conforme disposto em regulamento; � Auxílio-moradia (art.60-A): trata-se de ressar- cimento das despesas comprovadamente rea- lizadas pelo servidor com aluguel de moradia ou com hospedagem realizado por algum hotel, dependendo do preenchimento de alguns requisitos, como não ter um imóvel funcional disponível para uso, seu cônjuge não ser ocu- pante de imóvel funcional, ou que nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba a mesma indenização etc. z Gratificações e Adicionais O art. 61, do Estatuto dos Servidores Públicos, tam- bém prevê o pagamento das seguintes gratificações: Art. 61 [...] I - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e assessoramento; II - gratificação natalina; III – revogado; IV - adicional pelo exercício de atividades insalu- bres, perigosas ou penosas; V - adicional pela prestação de serviço extraordinário; VI - adicional noturno; VII - adicional de férias; VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho; IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. Conforme o art. 76-A, a gratificação por encargo por curso ou concurso é devida ao servidor que Art. 76-A [...] I - atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvimento ou de treinamento regularmen- te instituído no âmbito da administração pública federal; II - participar de banca examinadora ou de comis- são para exames orais, para análise curricular, para correção de provas discursivas, para elabora- ção de questões de provas ou para julgamento de recursos intentados por candidatos; III - participar da logística de preparação e de reali- zação de concurso público envolvendo atividades de planejamento, coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultado, quando tais atividade não tiverem incluídas em suas funções permanentes; IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exames de vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas atividades. O servidor, em relação às férias, fará jus a trin- ta dias de licença para cada 12 meses de serviço, que podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso de necessidade do serviço (art. 77, Lei nº 8.112, de 1990). Poderão ser parceladas em até três períodos, desde que assim requeridas pelo servidor, e no inte- resse da administração pública, na forma do § 3º, do mesmo dispositivo legal. 22 Das Licenças As licenças são uma espécie de afastamento com algumas características próprias. Ou seja, os casos de licença ocorrem, via de regra, por interesse e a pedido do particular. Estão dispostas nos arts. 81 e seguintes, da Lei dos Servidores Públicos Federais. De acordo com o art. 81, conceder-se-á licença ao servidor: Art. 81 [...] I - por motivo de doença em pessoa da família; Essa licença somente poderá ser concedida se for indispensável assistência direta do servidor, de forma que não possa ser prestada simultaneamente com o exercício das funções públicas, pelo que dispõe o § 1º, do art. 83, da Lei nº 8.112, de 1990. II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; Trata-se de licença que poderá ser deferida ao servidor para acompanhar cônjuge que foi deslocado para outro ponto do território nacional, para o exterior ou para exercer mandato eletivo dos poderes executivo e legis- lativo. Nesse caso, a licença será por prazo indeterminado e sem remuneração, nos temos do caput e § 1º, do art. 84, da nº Lei 8.112, de 1990. III - para o serviço militar (art. 85 da Lei 8.112/1990); IV - para atividade política; Segundo o art. 86, da Lei 8.112, de 1990, o servidor terá direito à licença, sem remuneração, durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, e a partir do registro da candidatura e até o décimo dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses (§ 2º, do mesmo artigo). Vejamos a seguinte tabela: LICENÇA SEM REMUNERAÇÃO (ART. 86) LICENÇA COM REMUNERAÇÃO (ART. 86) Durante o período entre a escolha de sua conven- ção partidária A partir do registro da candidatura até o décimo dia seguinte ao da eleição: recebimento por até 3 meses de remuneração À véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral Se o servidor for candidato a cargo eletivo na localidade em que exerça cargo de direção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização, o servidor será obrigatoriamente afastado a partir do dia imediato ao do
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