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APOSTILA SINESP OS MUNICIPIOS E A PREVENÇAO A VIOLENCIA

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Prévia do material em texto

Presidência da República 
Luiz Inácio Lula da Silva 
 
Ministério da Justiça e Segurança Pública 
Flávio Dino de Castro e Costa 
 
Secretaria Nacional de Segurança Pública 
Francisco Tadeu Barbosa de Alencar 
 
Diretoria de Ensino e Pesquisa 
Michele Gonçalves dos Ramos 
 
Coordenação-Geral de Ensino 
Ana Claudia Bernardes Vilarinho de Oliveira 
 
Coordenação Pedagógica 
Joyce Cristine da Silva Carvalho 
 
Coordenação de Ensino a Distância 
Renata Guilhões Barros Santos 
 
Gerente de Curso 
Maria Derli Silva dos Santos 
Luciana Costa Jatahy de Castro 
 
Conteudistas 
Juliana Teixeira de Souza Martins 
Nedson Moreira Gonçalves 
Rômulo Reis de Almeida 
 
Revisão Técnica 
Franciane Aparecida da Silva 
 
Revisão Pedagógica 
Ardmon dos Santos Barbosa 
Evania Santos Assunção Motta 
 
Revisão Textual 
Wener Vieira dos Santos 
 
Programação e Edição 
Renato Antunes dos Santos 
Fábio Nevis dos Santos 
 
Design Instrucional 
Anne Caroline Bogarin Manzolli Schumacher 
 
Sumário 
 
APRESENTAÇÃO DO CURSO ......................................................................................... 6 
2. OBJETIVO DO CURSO ........................................................................................... 9 
2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 9 
2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 9 
3. ESTRUTURA DO CURSO ..................................................................................... 10 
MÓDULO I – O MUNICÍPIO E A SEGURANÇA PÚBLICA: COMPETÊNCIAS E DESAFIOS ... 11 
Apresentação ................................................................................................................. 11 
Objetivos do módulo ..................................................................................................... 13 
Estrutura do módulo ...................................................................................................... 13 
AULA 1 - VIOLÊNCIA URBANA E PREVENÇÃO ................................................................ 14 
1.1 Violência urbana como fenômeno social ............................................................ 14 
1.2 Tendências recentes da criminalidade urbana no Brasil ..................................... 17 
1.3 Violência urbana e prevenção ............................................................................. 27 
AULA 2 – O PAPEL DO MUNICÍPIO NA SEGURANÇA PÚBLICA ....................................... 35 
2.1 Histórico da participação dos municípios na segurança pública ......................... 35 
2.2. Conselhos Municipais de Segurança Pública ...................................................... 38 
2.3. Gabinetes de Gestão Integrada Municipal (GGIMs) ........................................... 40 
2.4. Observatórios de Segurança Municipais ............................................................ 42 
2.5. Por que o município deve atuar na gestão de segurança pública? .................... 43 
2.7. O município como agente estratégico na segurança pública ............................. 44 
2.3 Indicadores de engajamento dos municípios na segurança pública ................... 48 
AULA 3 – GESTÃO DA SEGURANÇA EM ÂMBITO MUNICIPAL ........................................ 51 
3.1 Tipos de políticas de segurança cidadã ............................................................... 51 
3.2 Exemplos de políticas e ações municipais ........................................................... 52 
3.3 Dificuldades na execução de políticas municipais de segurança ........................ 69 
MÓDULO II – AS GUARDAS MUNICIPAIS NO SISTEMA ÚNICO DE SEGURANÇA PÚBLICA
 72 
Apresentação do módulo .............................................................................................. 72 
Objetivo do módulo ....................................................................................................... 73 
Estrutura do módulo ...................................................................................................... 74 
 
AULA 1 – COMPETÊNCIAS DAS GUARDAS MUNICIPAIS (LEI Nº 13.022/2014) .............. 75 
1.1 Introdução ao tema ............................................................................................. 75 
1.2 Abordagem legal das competências das Guardas Municipais............................. 78 
1.3 Atuação preventiva das guardas como polícias cidadãs e comunitárias em espaços 
de desordem social .................................................................................................... 85 
Aula 2 – Introdução ao Sistema Único de Segurança Pública ....................................... 92 
2.1 O que é o Susp? ................................................................................................... 94 
2.2 Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) ...................... 95 
2.3 Objetivos do Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Pessoal (PNSP) ..... 95 
Aula 3 - O papel das Guardas Municipais no Susp ........................................................ 97 
3.1 Aspectos introdutórios: Preparação das Guardas para integrar o Susp ............. 97 
3.2 O papel das Guardas Municipais no Susp: Propostas de Políticas Públicas 
Municipais.................................................................................................................. 98 
3.3 Preparação das Guardas Municipais para integrar o Susp ................................ 100 
3.4 Ordem Pública ................................................................................................... 104 
3.5 Cadastrar junto à Secretaria Nacional de Segurança Pública - SENASP. ............ 106 
Aula 4 - O Plano Nacional de Segurança Pública ......................................................... 108 
4.1 Ciclos de implementação previstos no Plano Nacional de Segurança Pública 
(PNSP) – ciclo 2021/2030: ....................................................................................... 108 
4.2 Objetivos do PNSPDS 2021-2030: ...................................................................... 109 
4.3 Fontes de dados e informações do PNSPDS 2021-2030:................................... 109 
4.4 Metas de resultado ............................................................................................ 110 
4.5 Ações estratégicas ............................................................................................. 111 
4.6 Indicadores ........................................................................................................ 113 
MÓDULO III – ESTRATÉGIAS DE ATUAÇÃO PARA AS GUARDAS MUNICIPAIS .............. 117 
Apresentação do módulo ............................................................................................ 117 
Objetivos do módulo ................................................................................................... 118 
Estrutura do módulo .................................................................................................... 118 
AULA 1 – O PODER DE POLÍCIA E A GUARDA MUNICIPAL ........................................... 119 
1.1 Aspectos introdutórios: Municípios e Segurança Pública ................................. 119 
1.2 O Conceito de Poder de Polícia ......................................................................... 122 
1.3 Poder de Polícia na Segurança Pública .............................................................. 125 
1.4 A Guarda Municipal com Poder de Polícia Preventivo ...................................... 128 
 
AULA 2 – AS NORMAS DE DIREITOS HUMANOS APLICADAS À FUNÇÃO DA GUARDA 
MUNICIPAL ................................................................................................................... 131 
2.1 O Uso da Força pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei .......... 131 
2.2 A Guarda Municipal e o Uso da Força ...............................................................133 
2.3 Princípios Reguladores do Uso da Força pelos Funcionários Responsáveis pela 
Aplicação da Lei (FRAL) ............................................................................................ 136 
2.4 O uso de Arma de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei 
(FRAL) ....................................................................................................................... 141 
AULA 3 – A TECNOLOGIA NA PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA .......................................... 146 
3.1 Introdução à tecnologia na Segurança Pública .................................................. 146 
3.2 Aplicações da Tecnologia na Prevenção do Crime ............................................. 149 
3.3 Tecnologia na Segurança Pública: privacidade e proteção de dados ................ 159 
AULA 4 – BOAS PRÁTICAS DE SEGURANÇA PÚBLICA MUNICIPAL ............................... 161 
4.1 A Inteligência Artificial na predição de infrações em Belo Horizonte: Crime NABI
 ................................................................................................................................. 162 
4.2 Protocolos Operacionais Padrão (POP): segurança jurídica para o FRAL .......... 163 
4.3 Integração entre Academia, Planejamento Operacional e Controle ................. 165 
Interno/Corregedoria: prevenindo violações de Direitos Humanos ...................... 165 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 170 
 
 
 
6 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
APRESENTAÇÃO DO CURSO 
 
Caras alunas e caros alunos, 
 
Sejam bem-vindas e bem-vindos ao curso "Os Municípios e a Prevenção da 
Violência: o papel da Guarda Municipal". Neste curso, você estudará sobre a importância 
dos municípios na prevenção e no enfrentamento à criminalidade e sobre o papel das 
Guardas Municipais na construção de cidades mais seguras. 
Diversas formas de violência, infelizmente, seguem afetando a vida de 
milhares de brasileiras e brasileiros todos os anos. Os municípios podem desempenhar 
um papel fundamental para reverter esse cenário de insegurança, sobretudo na redução 
dos fatores de risco das diferentes formas de violência, bem como no fortalecimento dos 
fatores de prevenção. Este é o ente federativo mais próximo das cidadãs e dos cidadãos: 
a capilaridade dos serviços municipais, o conhecimento dos territórios e dos diferentes 
grupos populacionais tornam o município um ator central na garantia dos direitos 
fundamentais da população brasileira. 
 
Figura 1: Protagonismo na prevenção à criminalidade 
 
Fonte: Instituto Cidade Segura. 
 
 
 
7 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
Versando sobre a atuação municipal na Segurança Pública, a Lei Federal nº 
13.022, de 8 de agosto de 2014, que dispõe sobre Estatuto Geral das Guardas Municipais, 
trouxe um avanço significativo na segurança jurídica da atuação destes órgãos, firmando 
seus deveres e competências, além de prever a cooperação com outros órgãos de 
segurança pública, reforçando a integração e a articulação necessárias para o sucesso de 
implementação das políticas de segurança pública. 
A Lei Federal nº 13.675, de 11 de junho de 2018, que instituiu o Sistema Único 
de Segurança Pública (Susp), reafirmou e consolidou as prerrogativas e responsabilidades 
dos municípios sobre o tema, reconhecendo as Guardas Municipais como órgão 
operacional integrante e corresponsável pela aplicação da lei, mediante o exercício do 
poder de polícia no âmbito local. 
 
Figura 2: Sistema Único de Segurança Pública 
 
Fonte: Ministério da Justiça e Segurança Pública / Divulgação. 
 
As Guardas Municipais são instituições fundamentais para a pacificação 
social e podem dar uma contribuição muito significativa ao apresentar 
novas estratégias de prevenção ao crime, inovando através de 
procedimentos padronizados de atuação, adoção de estratégias de 
policiamento baseado em evidências com emprego de tecnologia e 
fomento à proximidade com a comunidade. No entanto, é essencial que 
esses profissionais estejam devidamente capacitados e atualizados 
sobre as melhores práticas de prevenção da violência. 
 
 
8 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
Aliada à necessária capacitação técnica, se faz necessário também reforçar a 
identidade do guarda civil municipal, para que este profissional tenha o pleno 
conhecimento de sua atuação, das suas prerrogativas e dos referenciais normativos que 
orientam sua atuação. Cada um dos mais de 5 mil municípios brasileiros tem suas 
especificidades e dinâmicas próprias que impactam na segurança de seus habitantes. 
Diante deste universo de variáveis, o agente aplicador da lei deve reconhecer em si o 
papel de promotor e garantidor dos direitos da população. 
 As boas práticas das Guardas Municipais, nesse contexto, podem guiar novas 
ações de inovação e integração, aspectos imprescindíveis ao sistema de governança 
estabelecido pelo Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSP). Tomar 
conhecimento de novas ideias e novas experiências é fundamental para o avanço de 
políticas de segurança pública garantidoras de direitos, primando por estratégias de 
aproximação da comunidade mais efetivas, construídas com credibilidade e legitimidade 
das instituições de segurança pública e seus operadores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
2. OBJETIVO DO CURSO 
 
2.1 Objetivo Geral 
 
O curso "Os Municípios e a Prevenção da Violência: O papel da Guarda 
Municipal" tem como objetivo propiciar uma visão geral do panorama da violência no 
âmbito municipal, sensibilizando o agente sobre o papel e a responsabilidade dos 
municípios na prevenção da violência, e sobre a relevância da participação das Guardas 
Municipais como órgão integrante do Susp, detalhando as suas competências e 
responsabilidades. 
 
2.2 Objetivos Específicos 
 
✓ Apresentar uma visão panorâmica da violência nos municípios, incluindo suas 
causas, consequências e impactos na sociedade; 
✓ Explorar o papel da guarda municipal na prevenção e enfrentamento da violência, 
destacando suas atribuições, competências e responsabilidades legais. 
✓ Conceituar o Susp e as atribuições das Guardas Municipais no processo de 
integração entre as Instituições e a atuação interdisciplinares de segurança no 
Município; 
✓ Conhecer as estratégias previstas no Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa 
Social com impacto nos Municípios; 
✓ Relacionar a atuação da Guarda Municipal com as normas de Direitos Humanos e 
de limitação do uso da força, garantindo segurança jurídica da atuação; 
✓ Apresentar estratégias e boas práticas de inovação, emprego de tecnologia e de 
policiamento preventivo para a mitigação da violência, adoção de estratégias de 
policiamento baseado em evidências com emprego de tecnologia e fomento à 
proximidade com a comunidade. 
 
 
 
 
10 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
3. ESTRUTURA DO CURSO 
 
ESTE CURSO POSSUI 40 HORAS E COMPREENDE OS SEGUINTES MÓDULOS: 
 
Módulo 1: O Município e a Segurança Pública: competências e desafios 
Módulo 2: As Guardas Municipais no Sistema Único de Segurança Pública. 
Módulo 3: Estratégias de Atuação para as Guardas Municipais. 
 
 
 
 
11 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
MÓDULO 1 – O MUNICÍPIO E A SEGURANÇA PÚBLICA: 
COMPETÊNCIAS E DESAFIOS 
 
Apresentação 
 
Neste módulo, o profissional do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) 
estudará tendências da violência urbana do Brasil, conceito e prática da prevenção à 
violência, funções do município na Segurança Pública e exemplos de iniciativas municipais 
em segurança voltadas à construção de umacultura de paz. 
 
Antes de iniciar seus estudos, leia o parágrafo a seguir: 
 
 
 
 
Entre os estudiosos brasileiros generaliza-se a tese de 
que não é possível compreender o movimento da 
criminalidade urbana ignorando o funcionamento das 
agências de controle e repressão ao crime. A não observância, 
pelos agentes encarregados de manter a ordem pública, dos 
princípios consagrados na lei destinados à proteção dos 
direitos civis é frequentemente invocada, sobretudo pelas 
organizações de defesa dos direitos humanos, como 
responsável pela situação de tensão permanente a que se vê 
relegado o sistema de justiça criminal (ADORNO, 1993). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
VAMOS REFLETIR 
 
Reflita sobre o tema abordado acima partir das seguintes questões: 
 
 
 
 
● Por que estudiosos indicam não ser possível separar o 
fenômeno da violência urbana do funcionamento das 
instituições de segurança pública? 
● Quais elementos de tensão você percebe no cotidiano de sua 
instituição? 
 
 
 
 
 
 
 
Após a reflexão, guarde as respostas para uso ao longo do estudo do módulo. 
 
 
 
 
 
 
 
13 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
Objetivos do módulo 
 
Apresentar conceitos relativos à violência urbana e a segurança pública para 
os profissionais que atuam na preservação da lei e da ordem, sobretudo em âmbito 
municipal, proporcionando a reflexão acerca das competências e do papel desempenhado 
nesse ambiente orientado para uma cultura de paz. 
 
 
Estrutura do módulo 
Aula 1 - Violência urbana e prevenção 
Aula 2 - O papel do município na Segurança Pública 
Aula 3 - Gestão da segurança em âmbito municipal 
 
 
 
 
 
 
14 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
AULA 1 - VIOLÊNCIA URBANA E PREVENÇÃO 
 
1.1 Violência urbana como fenômeno social 
 
A violência é parte das relações que compõem uma sociedade. Como apontou 
Roberto DaMatta (1982), sua condição de “normalidade” se mostra como algo, em nossa 
sociedade, a ser reprimido e evitado – ou seja, sua existência expressa um estado dado 
de coisas. Nas sociedades primitivas, a violência era usada como meio de promoção dos 
mais aptos à liderança dos grupos. Nas sociedades atuais, integra dinâmicas de poder, 
sobretudo aquelas que se desenvolvem à margem da lei, pela ação de associações 
criminosas. A visão do senso comum ou popular entende a violência como o resultado da 
experiência das pessoas, de seres envolvidos em embates morais e materiais, mas ela 
também tem uma dimensão social que deve ser considerada. Ela varia de acordo com as 
relações sociais em diferentes grupos e sociedades. 
A violência é, portanto, um fenômeno inerente a qualquer tipo de sociedade, 
que reflete o tipo de sociedade da qual faz parte, que significado essa violência tem no 
contexto social no qual está inserido e, ao mesmo tempo, é algo que depende de 
estímulos desse grupo social (GULLO, 1998). 
 
SAIBA MAIS! 
O estudo da História já identificou, por exemplo, desde sociedades 
rurais do passado, o fenômeno do “banditismo social”, de criminosos como 
Lampião no Brasil no início do século 20, associados a imagens de rebeldes 
paladinos da justiça, construídas por ações em represália a poderes 
econômicos e políticos. 
 
A transição de uma economia pré-capitalista para uma economia capitalista 
complexa, contudo, ensejou mudanças na própria configuração social do criminoso. A 
violência, com a ampliação dos grupos criminosos, passou a refletir dinâmicas mais 
complexas na própria economia. Nas sociedades urbanas, a marginalidade social já foi 
associada a pelo menos quatro causas, não exaustivas: 
 
 
15 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
I 
II 
III 
IV 
existência de indivíduos sem condições de adaptação ao processo de trabalho, por 
problemas como ausência de formação, desorganização familiar, falta de orientação 
educacional e condições precárias de moradia; 
 
existência de mão-de-obra sem qualificação dedicada a ocupações irregulares, 
proscritas ou ilegais; 
 
 
existência do subemprego e do desemprego; 
 
 
características da estratificação social por elementos como educação, atividade 
ocupacional e riqueza. 
 
 
A marginalidade social pode se desdobrar em violência social, segundo Gullo 
(1998), quando: 
 
Figura 3: Desdobramento da Violência Social 
 
Fonte: do Conteudista. 
 
 
16 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
 
A violência é indissociável das lógicas de produção, consumo e 
relações de poder na sociedade. 
 
 
As cidades modernas, resultados de processos de urbanização do território, 
oferecem os cenários políticos, econômicos e geográficos que viabilizam a gênese da 
violência. A produção e a reprodução da violência urbana decorrem, sobretudo, de 
dinâmicas que se materializam em espaços urbanos específicos. 
A violência urbana envolve ações de natureza criminal, como roubos e 
homicídios, e pode alcançar um nível de presença no território que se traduz em poder 
paralelo ao Estado. É assim que a violência tem se manifestado em países em 
desenvolvimento da América Latina que mantêm estruturas de desigualdade social e 
econômica herdadas de passados coloniais. Nessas nações a pobreza urbana estrutural 
tem aumentado de forma progressiva, conforme indicou a Cepal (Comissão Econômica 
para a América Latina e o Caribe), em relatório de 2018. A violência marcada por altos 
índices de criminalidade e insegurança reflete diferenças socioeconômicas inscritas nos 
espaços das cidades, cenário que torna o combate à delinquência imperativo ao poder 
público (HIDALGO et al., 2021). 
 
 
SAIBA MAIS! 
 
Leia o estudo de pesquisadores brasileiros que abordaram a violência urbana 
a partir dos casos de quatro cidades latinoamericanas (Medellín - Colômbia, 
Guayaquil - Equador, Rio de Janeiro e Curitiba), usando a taxa de homicídios 
na comparação de resultados de políticas de segurança urbana. 
Acesse: 
https://www.redalyc.org/journal/196/19666824008/19666824008.pdf 
 
 
 
https://www.redalyc.org/journal/196/19666824008/19666824008.pdf
 
 
17 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
1.2 Tendências recentes da criminalidade urbana no Brasil 
 
Desde meados da década de 1970, diferentes estudos confirmaram uma 
tendência de elevação na criminalidade urbana no Brasil, bem como uma mudança de 
padrão dessa violência. Alguns elementos dessa mudança foram: 
 
Figura 4: Elementos que contribuíram para a elevação na criminalidade urbana no Brasil, década de 70 
 
Fonte: do Conteudista. 
 
 
Tal mudança na criminalidade urbana se consolidou e se ampliou 
geograficamente nos anos 1980, com a disseminação do tráfico de drogas, especialmente 
da cocaína, e a substituição de armas convencionais por armamentos com alto poder de 
destruição. 
A partir dos anos 2000, o quadro de violência no país se agravou com a 
proliferação de facções e organizações criminosas, que deram nova configuração à 
violência e aos conflitos pelo domínio das principais rotas de tráfico de drogas. Algumas 
dessas disputas tornaram-se notórias com o aumento da taxa de homicídios, degradação 
de bens públicos e homicídios dentro do sistema penitenciário em vários estados da 
Federação. Impactados por sucessivas crises fiscais ao longo das últimas décadas, os entes 
federativos viram diminuir sua capacidade de enfrentar o crescimento do crime 
organizado, que se tornou um ator global com presença dentro e fora do território 
nacional. 
 
 
18 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
Figura 5: Principais Facções no Brasil 
 
Fonte: Aplicativo Facções (2022). 
 
 
As fronteiras nacionais com 10 países incluem quatro produtoresmundiais de 
drogas, que têm no Brasil o segundo mercado consumidor mundial. O crime organizado 
tornou-se assim um flagelo para toda a sociedade. A partir da década de 1990, portanto, 
a questão da segurança urbana passou a fazer parte dos debates das administrações 
municipais. Ao longo dos anos 2000, os municípios passaram a sistematizar ações 
planejadas, cujo foco foi reduzir a violência e a criminalidade (ADORNO, 1993; KANT DE 
LIMA, MISSE e MIRANDA, 2000; MIKI, 2008; BRASIL, 2018). 
O fenômeno do crescimento da criminalidade urbana no Brasil não pode ser 
dissociado das características da transição que o país realizou de uma sociedade agrária 
para uma sociedade urbana. O Brasil foi um país majoritariamente rural durante a maior 
parte da sua história, mas experimentou nos últimos 60 anos um crescimento expressivo 
das cidades. A maior parte desse crescimento demográfico urbano correspondeu a um 
intenso fluxo migratório rural-urbano. Entre 1960 e o final dos anos 1980 estima-se que 
quase 43 milhões de pessoas tenham saído do campo em direção às cidades. 
 
 
 
 
19 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
SAIBA MAIS! 
Em 1950, a população brasileira se dividia em 36% no meio urbano 
e 63% no meio rural. Em 2010, a população urbana já representava 
84% da população total. Rápido e profundo, o crescimento das cidades 
deixou grandes carências sociais. Em 2010, por exemplo, as 20 regiões 
metropolitanas brasileiras à época concentravam 88% dos domicílios 
nos chamados aglomerados subnormais (assentamentos irregulares 
ou favelas) (BRITO, 2006; ALVES, 2020). 
 
 
Figura 6: Brasil – População rural e urbana, 1950/2000 
 
Fonte: Brito (2006). 
 
A consolidação das redes de tráfico e os efeitos da violência decorrente de 
suas transações tornaram mais complexo o estudo do fenômeno da criminalidade urbana, 
ampliando o escopo de pesquisas sobre o tema. Sob o título amplo de “violência urbana”, 
análises se desdobraram em subtemas como violência de gênero, violência doméstica, 
violência contra minorias sexuais, violência contra crianças, violência policial e 
institucional, violência nas prisões, violência nas escolas, violência de torcedores de 
futebol, disseminação de armas de fogo entre a população em geral, violência na mídia, 
violência no trânsito, violência de gangues juvenis, entre outros. 
 
 
20 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
Ao operar segundo moldes empresariais e muitas vezes com bases 
transnacionais, o crime organizado aproxima e articula diferentes formas de criminalidade 
(crimes contra a pessoa, contra o patrimônio, o sistema financeiro, a economia popular) 
em que sintomas visíveis são uso de violência excessiva mediante uso de armas de fogo, 
contrabando de armas como função estratégica, corrupção de agentes do poder público, 
desarranjos no tecido social e desorganização das formas convencionais de controle 
social. Nesse cenário, violações graves de direitos humanos tendem a piorar. 
 
Figura 7: Redes Criminosas 
 
Fonte: Wikipedia (2022). 
 
No passado, a violência urbana era observada, sobretudo, nas capitais, regiões 
metropolitanas e grandes municípios. Hoje, modificações em sua dinâmica conformam 
um fenômeno de interiorização, em que a violência urbana antes reconhecida apenas nas 
metrópoles passa a se verificar no interior do país (ADORNO, 2002; BRASIL, 2008). 
É preciso, contudo, não perder a noção do todo. No caso da violência letal, 
após o período entre 1980 e 2003, marcado pelo crescimento acentuado e regular dos 
homicídios no país, e a oscilação posterior das taxas em patamares elevados sob o ponto 
de vista comparativo global, o Brasil permanece sendo uma nação violenta. Um país 
marcado por diferenças raciais, de gênero, etárias e regionais que caracterizam, no caso 
da violência letal, quem são e onde vivem as vítimas. 
 
 
 
21 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
Figura 8: Evolução da taxa de homicídios por 100 mil habitantes no Brasil, 1980/2019 
 
Fonte: Ipea. 
 
Em 2022, o Brasil registrou 47.508 mortes violentas intencionais (MVI), 
categoria que agrega as vítimas de homicídio doloso (incluindo feminicídios e policiais 
assassinados), roubos seguidos de morte, lesão corporal seguida de morte e as mortes 
decorrentes de intervenções policiais. 
 
Figura 9: Ilustração MVI 
 
Fonte: do Conteudista. 
 
 
 
 
22 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
Em média, 91,4% das mortes violentas intencionais em 2022 vitimaram 
homens, enquanto 8,6% vitimaram mulheres. O perfil étnico-racial das vítimas refletiu 
padrões observados pela literatura da área: 76,5% dos mortos eram negros e 50,3% eram 
adolescentes e jovens com idade entre 12 e 29 anos. As armas de fogo são o principal 
instrumento utilizado para matar no Brasil, visto que 76,5% dos casos de mortes violentas 
intencionais no país em 2022 foram praticados com uso de arma de fogo (FBSP, 2023). 
 
SAIBA MAIS! 
Para aprofundamento no tema, assista ao vídeo sobre homicídios no 
Brasil e suas dinâmicas. Um debate promovido em 2023 pelo Fórum 
Brasileiro de Segurança Pública com os pesquisadores Mateus Rennó 
(USF), Tulio Kahn (FBSP e IPEA) e Daniel Cerqueira (IPEA e UVV), 
moderado por Ludmila Ribeiro (UFMG e FBSP) e Arthur Trindade (FBSP 
e UnB). 
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=JGTl57_5BbM 
 
Como indicam Bruno Paes Manso e Luis Felipe Zilli (2021), 
 
 
a violência letal, intencional e armada tem sido um dos 
grandes desafios para as instituições democráticas no 
Brasil urbano de hoje. A prevalência, indicam os 
autores, de homicídios em certos territórios informa 
sobre a existência de grupos armados que impõem 
seus interesses à população local mediante ameaças e 
violência, controlando negócios ilegais e desafiando o 
monopólio do uso legítimo da força pelo Estado 
brasileiro. 
 
 
A intensificação dos conflitos também revelou nas últimas décadas uma 
dimensão nova da violência urbana, que é o enfrentamento direto do Estado por grupos 
delituosos organizados, como se viu em ataques coordenados promovidos em 2006 por 
uma facção criminosa no Estado de São Paulo. Tais ataques evidenciaram a urgência do 
https://www.youtube.com/watch?v=JGTl57_5BbM
https://www.youtube.com/watch?v=JGTl57_5BbM
 
 
23 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
tema em nossa sociedade e a necessidade de soluções políticas e pactuadas entre 
diferentes instâncias do poder público para a pacificação social. 
Quando há disputa de poder entre grupos criminosos, o resultado é 
semelhante, com a imposição de silêncio forçado aos moradores e de uma rotina de 
confrontos que distancia ainda mais os cidadãos inocentes do Estado de Direito e da 
Justiça. A atuação criminosa desses grupos no espaço urbano muitas vezes mistura 
atuação em segmentos legais e ilegais, motivada pelas oportunidades de alto lucro. Tais 
segmentos podem ser a venda de drogas no varejo, o roubo de cargas e a venda para 
terceiros, o controle de operações clandestinas de transporte público, o roubo de carros 
e de bancos, a invasão e o loteamento ilegais de terras públicas. 
 
SAIBA MAIS! 
Pesquise o dossiê publicado pela Revista USP em 2021 sobre o 
fenômeno da violência urbana. A publicação procura explicar de 
maneira qualitativa e traz reflexões sobre formas de reverter a 
fragilização do monopólio da força pelo Estado. 
Acesse: https://jornal.usp.br/cultura/revista-usp-faz-radiografia-
daviolencia-urbana-no-brasil/ 
 
 
Homicídios praticados por grupos armados são um fenômeno nacional, mas 
que se concentram no espaço e atingem certos grupos sociais de forma desproporcional. 
Um estudo sobre dados de 2016 mostrou que metade dos homicídios que aconteceram 
naquele ano no Brasil ocorreram em apenas 123 cidades, ou 2,2% dos municípiosdo país. 
Dentro desses municípios, em mais uma amostra do caráter social da violência urbana, a 
concentração dos homicídios se dá em bairros mais pobres e menos urbanizados, e 
homens negros com menos de 25 anos são os que mais morrem. 
Outro dado relevante: a vida se passa nas cidades para mais de 85% da 
população brasileira. Independentemente do porte do município, todas as cidades têm o 
desafio de promover a segurança de seus cidadãos e visitantes. Como a definição de 
insegurança já não se restringe a homicídios e outras formas de violação pessoal e 
https://jornal.usp.br/cultura/revista-usp-faz-radiografia-daviolencia-urbana-no-brasil/
https://jornal.usp.br/cultura/revista-usp-faz-radiografia-daviolencia-urbana-no-brasil/
 
 
24 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
coletiva, a gestão das soluções no setor também deve configurar um campo 
multidisciplinar na administração estatal. 
 
SAIBA MAIS! 
Leia a reportagem da EBC sobre estudo do Ipea e do Fórum Brasileiro 
de Segurança Pública que abordou o fenômeno da concentração 
espacial dos homicídios no Brasil e a migração da violência letal para 
cidades menores. 
Acesse: https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-
humanos/noticia/201806/metade-dos-homicidios-em-2016-
ocorreram-em-apenas-2-dosmunicipios 
 
 
Uma das consequências da violência urbana é a difusão de sentimentos de 
medo e insegurança entre a população. Estudos indicam que mudanças nos padrões de 
violência provocam alterações no comportamento cotidiano das pessoas, em suas 
relações com os outros e com o espaço em que vivem. 
Em prefácio para o livro de 2003 “Criminalidade Urbana: Conflitos Sociais e 
Criminalidade Urbana – Uma Análise dos Homicídios Cometidos no Município de São 
Paulo”, de Renato Sérgio de Lima, Teresa Pires do Rio Caldeira escreveu: 
 
 
A violência urbana articula práticas que respondem 
por uma parte significativa do conflito social nas 
cidades brasileiras. Seu caráter factual não deve ser 
negado, como em análises que a apresentam como 
“paranoia” individual ou pura ficção alimentada por 
meios de comunicação e redes sociais. O medo tem 
bases reais e transforma formas de habitações e a 
própria paisagem das cidades, que ficam marcadas 
pela presença de dispositivos de proteção individual 
e da propriedade, como muros, fossos e cercas. 
 
 
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-06/metade-dos-homicidios-em-2016-ocorreram-em-apenas-2-dos-municipios
 
 
25 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
Figura 10: Nelson Mandela 
À medida que a violência e a insegurança crescem, a indústria de proteção 
eleva seus ganhos e estratégias de defesa privada redesenham a arquitetura nas cidades, 
agravando custos sociais e influenciando padrões de sociabilidade. Nesse sentido, o 
sentimento de calamidade pública gerado pela violência afasta o cidadão de soluções 
possíveis a partir do cotidiano e reduz sua confiança nos órgãos de segurança (SILVA, 2010; 
NEVES, 2016). Daí a dimensão do desafio em aberto colocado à sociedade brasileira e 
mundial, que permanece como descrito há mais de 20 anos pelo advogado, líder rebelde 
e ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, no relatório da ONU (Organização das 
Nações Unidas) sobre violência e saúde que em 2002 abordou a violência como um 
problema de saúde pública no mundo: 
 
O século vinte será lembrado como um século marcado 
pela violência. Em escala jamais vista e nunca possível na 
história da humanidade, ele nos oprime com seu legado de 
destruição em massa, de violência imposta. Mas esse 
legado - resultado de novas tecnologias a serviço de 
ideologias de ódio – não é o único que carregamos, nem 
que devemos enfrentar. Menos visível, mas ainda mais 
disseminado, é o legado do sofrimento individual diário. 
(...) É um legado que se reproduz quando novas gerações 
aprendem com a violência de gerações passadas, quando 
as vítimas aprendem com seus agressores e quando se 
permite que se mantenham as condições sociais que 
nutrem a violência. Nenhum país, nenhuma cidade e 
nenhuma comunidade está imune à violência, mas, 
também, não somos impotentes diante dela. (...) Nós 
devemos às nossas crianças - os cidadãos mais vulneráveis 
em qualquer sociedade - uma vida livre de violência e 
medo. A fim de assegurar isto, devemos manter-nos 
incansáveis em nossos esforços não apenas para alcançar 
a paz, a justiça e a prosperidade para os países, mas 
também para as comunidades e membros da mesma 
família. Devemos dirigir nossa atenção para as raízes da 
violência. Somente assim, transformaremos o legado doséculo passado de um fardo opressor em um aviso de 
alerta. 
 
 
 
 
 
 
26 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
VAMOS REFLETIR 
 
 
Como os municípios e seus representantes podem agir para 
minimizar sentimento de insegurança e de medo decorrentes do 
agravamento da violência urbana? 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS! 
 
Leia o artigo “Violência urbana e saúde”, de Maria Fernanda Tourinho 
Peres e Caren Ruotti, que problematiza a questão da violência urbana 
no país e sua centralidade nas percepções e vivências cotidianas da 
população, a partir do caso do município de São Paulo. 
Acesse: 
https://www.revistas.usp.br/revusp/article/download/115114/11281
9/2 09840 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.revistas.usp.br/revusp/article/download/115114/112819/2%2009840
https://www.revistas.usp.br/revusp/article/download/115114/112819/2%2009840
 
 
27 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
1.3 Violência urbana e prevenção 
 
No Brasil, políticas de segurança pública e o debate sobre os desafios desta 
agenda podem apresentar divisões em abordagens complementares de prevenção e 
repressão da criminalidade. 
Políticas repressivas 
Tendem a priorizar a capacidade de controle e repressão do sistema de segurança pública 
e justiça criminal. 
 
Políticas preventivas 
Tendem a priorizar a dissuasão e a atuação com foco na redução dos fatores de risco e no 
fortalecimento de fatores de proteção, sejam eles de natureza individual, situacional ou 
social. 
 
Na América Latina, aponta Sapori (2007), há uma alternância recorrente entre 
políticas de segurança com ênfase no poder de resolução do sistema de justiça criminal e 
aquelas com ênfase em fatores socioeconômicos responsáveis pela desigualdade social. 
Essa divisão também se reflete em pesquisas acadêmicas sobre segurança, que passam a 
buscar evidências de maior eficiência de uma ou de outra abordagem. Na avaliação do 
autor, não há dados empíricos suficientes que permitam dizer que estratégias repressivas 
sejam mais eficientes do que as preventivas, e vice-versa. Para ele, a conclusão é que a 
divergência entre os dois pólos prejudica a eficácia e a eficiência de ações do poder 
público no setor. As estratégias devem ser compatíveis e desassociadas de conotações 
ideológicas. Segundo o autor: 
 
Na medida em que prevenção e repressão são 
concebidas como elementos opostos e excludentes, 
reduz-se a capacidade do Estado de prover a ordem 
pública com efetividade. Essa dicotomia, ainda 
persistente entre os decision makers [tomadores de 
opinião], impõe uma escolha desnecessária no 
direcionamento das políticas de segurança pública, 
impedindo que a ação governamental abarque 
simultaneamente as diversas dimensões do 
fenômeno criminoso (SAPORI, 2007, p. 86-87). 
 
 
28 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
 Um trabalho de referência publicado em 1998 pelo Departamento de Justiça 
dos Estados Unidos e assinado, entre outros, pelo criminologista Lawrence Sherman, 
procurou avaliar o impacto de diferentes estratégias de controle da criminalidade, em 
nível local e estadual, que tinham financiamento federal naquele país. O estudo revisou 
mais de 500 estudos e classificou as estratégias em seis grandes grupos, a partir do 
contexto social de cada uma: 
 
Controle do crime baseado na polícia 
Estratégias de patrulhamento direto em áreas com alta incidência de crimes, redução do 
tempo de resposta às chamadas de emergências policiais, patrulhamento a pé, vigilância 
baseada na vizinhança, repressão mediata a violência doméstica; 
 
Controle do crime baseado nas comunidades 
Mobilização e organização comunitárias contra o crime, prevenção da violência em 
gangues juvenis, programas de recreação infantil após o expediente escolar e formação 
de preceptores comunitários de dependentes químicos; 
 
Controle do crime baseado nas famílias 
Visitação, por agentes estatais, de famílias com recém-nascidos e crianças, educação pré-
escolar envolvendo os pais, capacitação dos pais para lidar com crianças problemáticas e 
repressão da violência doméstica; 
 
Controle do crime baseado nas escolas 
Programas de prevenção do uso de drogas, educação para resistência às gangues, 
educação para disciplina social, aumento da disciplina no ambiente escolar e campanhas 
contra o bullying; 
 
Controle do crime baseado no mercado de trabalho 
Programas de treinamento e colocação profissional para jovens e adultos desempregados, 
treinamento para criminosos presos e transporte para trabalhadores até o local de 
trabalho; 
 
 
 
29 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
Controle baseado na justiça criminal 
Reabilitação de egressos do sistema prisional, tratamento para usuários de drogas 
condenados, liberdade condicional intensamente supervisionada, monitoramento 
eletrônico de condenados, incremento do encarceramento; 
 
Controle do crime baseado na prevenção situacional 
Estratégias de redução de oportunidades para ação criminosa em locais específicos, como 
lojas, estacionamentos e prédios residenciais, com uso de câmeras e alarmes e outros 
recursos. 
 
A existência de diversas teorias sobre as causas da violência indica que essas 
razões são múltiplas e demandam uma abordagem em rede, em diferentes dimensões. A 
agenda da segurança se expande quando procura tratar as causas da violência. Há 
propostas que defendem ser possível diminuir as violações à lei minimizando as condições 
para que o crime ocorra. Em geral, são iniciativas que consideram o cidadão como 
principal foco de uma política de segurança. A visão se amplia do combate ao criminoso 
para a qualidade de vida do cidadão. 
A prevenção à violência, de modo geral, pode ser dividida em duas 
categorias: 
Figura 11: Categorias de prevenção à violência 
 
Fonte: do Conteudista. 
 
 
30 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
Numa adaptação de tipologia da saúde pública, intervenções de caráter 
preventivo em segurança pública também podem ser divididas em três níveis de 
prevenção: 
 
Prevenção primária 
Abordagens que buscam prevenir a violência antes de sua manifestação. 
Exemplos: 
• investimentos em educação e moradia; 
• recuperação e reordenação de espaços urbanos. 
 
Prevenção secundária 
Abordagens que procuram dar respostas imediatas à violência. 
Exemplos: 
• cursos profissionalizantes e oficinas para jovens em situação de vulnerabilidade; 
• videomonitoramento de pontos críticos de criminalidade; 
• serviços de emergência ou tratamento para doenças sexualmente transmissíveis 
decorrentes de um estupro. 
 
Prevenção terciária 
Abordagens que se concentram em cuidados de longo prazo frente à violência, como 
reabilitação e reintegração e tentativas de diminuir traumas e reduzir deficiências de 
longo prazo associadas com violência. 
Exemplos: 
• ações de reinserção social de egressos do sistema prisional; 
• cadastro de membros de torcidas organizadas de futebol. 
 
 
Uma publicação de 2010 da Organização Mundial da Saúde promoveu, por 
exemplo, uma revisão rigorosa da literatura que examinou evidências científicas sobre a 
efetividade de intervenções para prevenir a violência interpessoal e auto infligida, e 
identificou sete grupos de estratégias úteis: 
 
 
31 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
 
 
Desenvolver relações seguras, estáveis e estimulantes entre crianças, pais e 
cuidadores; 
 
 
 
Desenvolver habilidades de vida em crianças e adolescentes; 
 
 
 
Reduzir a disponibilidade e o uso abusivo de álcool; 
 
 
 
Reduzir o acesso a armas de fogo, armas brancas e pesticidas; 
 
 
 
Promover igualdade de gênero para prevenir violência contra a mulher; 
 
 
 
Promover a mudança de normas sociaise culturais que estimulem a 
violência; 
 
 
 
Promover programas de identificação e apoio a vítimas de violência. 
 
 
 
 
 
32 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
Por ser um problema crônico e complexo, a superação da violência urbana 
exige ações coordenadas nos diferentes níveis de governo e planejadas a partir de 
objetivos semelhantes. É fundamental o envolvimento de instituições públicas e 
organizações da sociedade civil na execução de políticas, programas e ações que atuem 
nas causas e interfiram em fatores que propiciam a ocorrência deste fenômeno. 
Estudos indicam que programas sociais são mais eficientes quando englobam, 
de forma simultânea, diferentes instâncias da vida das pessoas. Por isso, uma atuação 
intersetorial facilita a construção de um modelo de proteção integral aos indivíduos. A 
adoção de um modelo com essa orientação deve se basear na sinergia entre atores 
governamentais e não-governamentais e em esforços que procurem evitar a 
fragmentação de ações (FERREIRA, 2012). 
Uma atuação intersetorial em segurança, contudo, não deve prescindir da 
manutenção de foco nos objetivos visados e, como nas demais políticas públicas, do 
trabalho baseado em evidências, e não em ideologias e palpites. 
 
 
SAIBA MAIS! 
Pesquise a publicação “Podemos Prevenir a Violência: Teorias e 
Práticas”, de Elza Machado de Melo, editada em 2010 pela 
Organização Panamericana de Saúde (Opas) e pela Organização 
Mundial de Saúde (OMS). 
Acesse: 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/podemos_prevenir_violencia.pdf 
 
 
Lidar com a violência em vários níveis, de acordo com a Organização Mundial 
de Saúde (2002), envolve cuidar dos seguintes aspectos: 
 
✓ atentar para fatores de risco individuais e agir para modificar comportamentos 
de risco individuais; 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/podemos_prevenir_violencia.pdf
 
 
33 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
✓ influenciar relações pessoais e trabalhar para criar ambientes familiares 
saudáveis, bem como oferecer auxílio profissional e apoio para famílias 
disfuncionais; 
 
✓ monitorar locais públicos como escolas, ambientes de trabalho e vizinhanças e 
agir para tratar de problemas que possam levar à violência; 
 
✓ atacar a desigualdade de gênero e atitudes e práticas culturais prejudiciais; 
 
✓ agir sobre os fatores culturais, sociais e econômicos mais amplos que contribuem 
para a violência e agir para mudá-los, incluindo medidas para reduzir o abismo 
entre os ricos e pobres e para garantir acesso igualitário a bens, serviços e 
oportunidades. 
 
Dentro dessa abordagem que compreende a violência como consequência da 
articulação de diferentes fatores de risco, que envolvem características individuais, 
relacionais, comunitárias e sociais, a prevenção da violência é concebida de forma 
múltipla. Essa multiplicidade envolve um conjunto de ações de prevenção (primárias, 
secundárias e terciárias) e a conexão com outras áreas do conhecimento e de intervenção. 
Nessa perspectiva, a OMS defende o desenvolvimento de ações integradas e 
intersetoriais como algo essencial ao objetivo da prevenção. Assim, a integração entre os 
diferentes setores de ação social, como segurança pública e justiça, saúde, educação e 
assistência social, em âmbitos governamentais e não governamentais, se coloca como 
fundamental ao desenvolvimento de uma estratégia coletiva de prevenção. 
 
O município é um lugar privilegiado para iniciativas que busquem 
romper a dicotomia entre repressão e prevenção. No que tange às 
políticas municipais de segurança, há um entendimento consolidado no 
ordenamento jurídico e nas práticas do Estado brasileiro de que é 
preciso ir além da repressão e atuar na prevenção e na promoção de 
formas de convivência pautadas na garantia, no respeito e na promoção 
dos direitos humanos. Tais políticas de segurança cidadã pode e deve ser 
balizadas por duas perspectivas, distintas e complementares: a 
repressão qualificada da criminalidade e a prevenção social das 
violências (BRASIL, 2013). 
 
 
34 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
No caso das cidades brasileiras, que não contam com organizações policiais, 
apenas guardas municipais, os governos municipais têm capacidades mais compatíveis 
com o desenvolvimento de políticas baseadas em prevenção. O desenvolvimento de 
políticas centradas em estratégias repressivas depende necessariamente de uma 
integração com outras instituições e níveis de governo. 
 
 
SAIBA MAIS! 
 
Conheça a publicação “Políticas municipais de segurança cidadã: 
problemas e soluções” (2006), de Paulo de Mesquita Neto. 
Acesse: 
https://library.fes.de/pdf-files/buer os/brasilien/05612.pdf 
 
 
https://library.fes.de/pdf-files/bueros/brasilien/05612.pdf
 
 
35 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
AULA 2 – O PAPEL DO MUNICÍPIO NA SEGURANÇA PÚBLICA 
 
2.1 Histórico da participação dos municípios na segurança pública 
 
A participação efetiva dos municípios na segurança pública é um fato 
relativamente recente da história do país. Desde a redemocratização, mesmo com o fim 
do paradigma de “segurança nacional”, conceito adotado no Brasil durante o período da 
ditadura militar (1964-1985) e que priorizava a defesa do Estado e a ordem política e 
social, prevalecia na vida pública uma interpretação limitada do artigo 144 da 
Constituição, aquela que considera que segurança pública é responsabilidade exclusiva 
dos Estados. 
 
Poucos municípios mantinham Guardas Municipais, 
apenas para vigilância patrimonial e colaborações isoladas com as 
Polícias Militares. O assunto só ingressou de fato na vida pública, com 
impactos nas políticas para o setor, após o agravamento da crise de 
segurança no país nos anos 1990. 
 
O lançamento do Plano Nacional de Segurança Pública e do Fundo Nacional 
de Segurança Pública no biênio 2000-2001 permitiu que o tema ganhasse relevância na 
agenda dos municípios, e a flexibilização das regras do Fundo Nacional de Segurança 
Pública elevou o número de prefeituras aptas a pleitear recursos do fundo para projetos 
de segurança. Essa flexibilização ocorreu porque até 2003 somente municípios que 
tivessem instituído Guarda Municipal estavam aptos a receber recursos do fundo. 
Alteração posterior na lei de criação do FNSP flexibilizou os critérios e os 
municípios passaram a se credenciar para recebimento dos aportes mediante projetos 
executados por outras áreas e órgãos, não apenas a Guarda Municipal - expressão de uma 
mudança de conceito na orientação do governo federal à época em relação aos 
municípios. Desde então, municípios passaram a criar secretarias para o setor, elaborar 
planos e órgãos específicos de segurança pública (MIKI, 2008; RISSO, 2016; MARTINS; 
2018). 
 
 
 
36 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
A participação dos municípios na segurança pública também se intensificou, 
pelo volume de recursos investidos e pela oferta de ações preventivas para 
implementação pelos municípios, a partir da instituição pelo governo federal, em 2007, 
do Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci). Koppitike (2016) classifica 
como “era de ouro da prevenção” o período de 2001 a 2011 em que três planos nacionais 
tentaram fomentar e consolidar institucionalmente essa nova visão no país sobre a 
prevenção da violência e o papel do município na segurança pública: os Planos Nacionais 
de Segurança Pública: o primeiro apresentado no último ano do governo Fernando 
Henrique Cardoso, em 2001; o segundo, apresentado durante o primeiro governo Luiz 
Inácio Lula da Silva, e o Pronasci, que pode ser considerado o terceiro Plano Nacional de 
Segurança Pública, e que durou mais tempo, quatro anos (2007 a 2011). O Pronasci foi 
definido pelaLei 11.530, de 2007, da seguinte maneira: 
 
Art. 2º O Pronasci destina-se a articular ações de 
segurança pública para a prevenção, controle e 
repressão da criminalidade, estabelecendo políticas 
sociais e ações de proteção às vítimas. (BRASIL, 
2007). 
 
 
 
Entre os focos do Pronasci estavam jovens de 15 a 24 anos, vítimas mais 
frequentes da violência, regiões metropolitanas e aglomerados urbanos com altos índices 
de homicídios e de crimes violentos. Também houve destinação de recursos para 
capacitação de profissionais da segurança pública, por meio do projeto Bolsa-Formação. 
Os projetos de prevenção da violência mais conhecidos ofertados pelo programa foram o 
Mulheres da Paz, o Territórios de Paz e o Protejo. 
Para o desenvolvimento da segurança pública preventiva, a lei que criou o 
programa propôs 17 tipos de ações, como criação e fortalecimento de redes sociais e 
comunitárias, criação de programas de prevenção à violência voltados a jovens e 
adolescentes, egressos do sistema prisional e famílias expostas à violência urbana e 
medidas de urbanização para recuperação de espaços públicos. Extinto em 2017, o 
Pronasci representou, de acordo com Spaniol (2017), um avanço importante na 
 
 
37 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
Palavra do Especialista 
institucionalização das políticas de segurança pública no país, deixando legados como a 
permanência dos GGI-Ms como ferramenta de gestão em determinados municípios. 
A lei nº 13.675, de 2018, que criou o Sistema Único de Segurança Pública 
(SUSP), representa o marco recente mais importante de consolidação da gestão da 
segurança pública no Brasil. A lei torna mais claro o papel municipal na segurança pública 
brasileira e procura indicar meios de integrar os órgãos do setor, como as Polícias Federal, 
Rodoviária Federal e Estaduais, as Secretarias de Segurança e as Guardas Municipais, para 
que atuem de forma cooperativa, sistêmica e harmônica. Além de instituir o SUSP, o 
projeto criou a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS), prevista 
para durar dez anos, tendo como ponto de partida a atuação conjunta dos órgãos de 
segurança e defesa social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, em 
articulação com a sociedade. 
A PNSPDS reforçou o papel dos municípios como integrantes estratégicos do 
SUSP, ao lado dos Estados, do Distrito Federal e da União. A lei propõe deveres e 
responsabilidades a esses integrantes, e no caso dos municípios destacam-se a criação e 
manutenção de um Conselho Municipal de Segurança Pública e Defesa Social, a 
formulação de um Plano Municipal de Segurança Pública e Defesa Social e a instituição de 
órgãos de ouvidoria. 
 
 
Ser um integrante estratégico do SUSP é, portanto, uma realidade dos 
municípios brasileiros, e significa ter responsabilidade compartilhada pela 
definição e implantação de estratégias de prevenção e controle qualificado 
da criminalidade e da violência. 
 
 
A Lei do SUSP e sua Política Nacional de Segurança Pública constituem, 
portanto, novos eixos para uma política pública municipal de segurança cidadã, com 
ênfase na prevenção da violência e atenção para formas de violência armada passíveis de 
mitigação por ações municipais. 
Recursos da União são fontes importantes de investimento dos municípios na 
área de segurança pública, já que recursos estaduais são, em grande parte, alocados para 
 
 
38 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
pagamento de efetivo policial e custeio das polícias. Apesar de avanços nos últimos 20 
anos, políticas municipais de segurança no Brasil continuam marcadas pela 
descontinuidade das ações. Municípios que em algum momento se destacaram 
nacionalmente passam por interrupções, mudanças de prioridade e reduções de 
investimento em seus programas. Segundo Risso (2016), isso se deve a fatores como 
mudanças políticas e ausência de recursos para manutenção e expansão dos programas. 
A consolidação dos municípios como vetores de políticas de segurança pública depende 
da cristalização de uma compreensão ampliada sobre o sentido de segurança pública no 
país. Existem políticas e programas de prevenção da violência que não demandam a 
aplicação da lei nem o emprego da força, e que revelam um campo amplo para que 
municípios criem políticas e participem da segurança pública, com foco em ações de 
prevenção. Como aponta Miki (2008), compreender o papel do município na segurança é 
caminhar rumo ao entendimento da segurança pública como um direito: 
 
O município deve focar suas atividades também com 
vistas à segurança pública, sem invadir o que é de 
competência policial, mas dando respaldo para esta 
atuação. Dessa forma, este trabalho tem um viés 
mais abrangente do que o até então conhecido por 
“Política de Segurança Pública”. O que se busca num 
município é algo muito maior: é a quebra do 
paradigma e, finalmente, o entendimento da 
segurança como um direito, acarretando na 
realização de políticas públicas focalizadas que 
objetivem a queda da violência e da criminalidade. 
Articular as diversas ações que já são realizadas e 
atores é um papel muito complexo, mas que se 
reverte em importantes resultados sociais. (MIKI, 
2008, p. 73) 
 
 
 
2.2. Conselhos Municipais de Segurança Pública 
 
 Previsto na Lei do Susp, o Conselho Municipal de Segurança Pública é uma 
instância de participação popular em decisões que digam respeito à ordem pública de 
suas cidades. Seus objetivos principais são o fortalecimento do controle social sobre 
 
 
39 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
políticas para o setor e a abertura de um canal propício para que população e organizações 
da sociedade civil participem do levantamento de prioridades e demandas locais, bem 
como do desenho e da implementação de políticas públicas para o setor, inclusive em 
relação à alocação de recursos. 
 
 
A Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social 
(PNSPDS) definiu que os conselhos deverão ter natureza de 
colegiado, com competência consultiva, sugestiva e de 
acompanhamento social. 
 
 
A composição do conselho deve ser submetida à Câmara Municipal, e prevê 
representantes com mandato de dois anos, escolhidos entre organizações da sociedade 
civil, de profissionais da segurança urbana, da Defensoria Pública, do Ministério Público, 
da OAB e do Judiciário. 
 
Figura 12: Exemplo de ações dos Conselhos Municipais de Segurança 
 
Fonte: do Conteudista. 
 
 
 
40 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
SAIBA MAIS! 
 
 
Caso queira saber um pouco mais das ações citas, acesse os 
links abaixo: 
Belém (PA) 
https://semob.belem.pa.gov.br/conselho-municipal-de-seguranca-
publica-e-defesa-social-e-aprovado-na-camara-municipal-de-belem/ 
 
Atibaia (SP) 
https://www.atibaia.sp.gov.br/noticias/seguranca-publica/atibaia-
nomeia-membros-do-conselho-municipal-de-seguranca-publica3165 
 
Juiz de Fora (MG) 
https://www.portaldoturismo.pjf.mg.gov.br/noticias/view.php?modo
=link2&idnoticia2=68850 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS! 
 
Leia o artigo “Os municípios e o Sistema Único de Segurança 
Pública”, de Felipe Sampaio, que apresenta os mecanismos de 
governança municipal da segurança previstos no ordenamento 
jurídico mais recente do país. 
Acesse: 
https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/opiniao/2020/11
/os-municipios-e-o-sistema-unico-de-seguranca-publica.html 
 
 
2.3. Gabinetes de Gestão Integrada Municipal (GGIMs) 
 
O Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGI-M) foi criado com a finalidade 
de ser a estrutura gerencial do Pronasci, de forma a amparar a participação no programa 
de todos os órgãos de segurança e entidades afins. A adesão ao programa foi associada a 
criação dessa instância de gestão. 
https://semob.belem.pa.gov.br/conselho-municipal-de-seguranca-publica-e-defesa-social-e-aprovado-na-camara-municipal-de-belem/https://semob.belem.pa.gov.br/conselho-municipal-de-seguranca-publica-e-defesa-social-e-aprovado-na-camara-municipal-de-belem/
https://www.atibaia.sp.gov.br/noticias/seguranca-publica/atibaia-nomeia-membros-do-conselho-municipal-de-seguranca-publica3165
https://www.atibaia.sp.gov.br/noticias/seguranca-publica/atibaia-nomeia-membros-do-conselho-municipal-de-seguranca-publica3165
https://www.portaldoturismo.pjf.mg.gov.br/noticias/view.php?modo=link2&idnoticia2=68850
https://www.portaldoturismo.pjf.mg.gov.br/noticias/view.php?modo=link2&idnoticia2=68850
https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/opiniao/2020/11/os-municipios-e-o-sistema-unico-de-seguranca-publica.html
https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/opiniao/2020/11/os-municipios-e-o-sistema-unico-de-seguranca-publica.html
 
 
41 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
Criado no contexto do 2º Plano Nacional de Segurança Pública (2003 a 2006), 
o GGI-M começou a ser implantado dentro dos primeiros esforços de institucionalização 
do SUSP, anteriores à sanção da Lei do SUSP, como uma das engrenagens institucionais a 
viabilizar a articulação entre instituições do sistema de segurança pública e justiça criminal 
que atuam em âmbito municipal. 
 
 
A proposta era que instituições como Guarda Municipal e 
Conselho Comunitário de Segurança Pública, Polícias Militar e Civil, 
Defensoria Pública, Ministério Público e demais entidades 
interessadas se reunissem mensalmente para discussão de questões 
locais de segurança e ordem pública, delineamento de ações de 
prevenção e repressão ao crime, monitoramento e avaliação dos 
resultados alcançados. 
 
 
 
 
SAIBA MAIS! 
 
Leia o relatório de 2017 “Gabinetes de Gestão Integrada no Brasil: à 
guisa de institucionalização?”, do Fórum Brasileiro de Segurança 
Pública, que analisou o processo de institucionalização dos GGIs 
estaduais e municipais a partir da observação de processos de 
estruturação, funcionamento e criação de instâncias especializadas, 
como o Observatório de Segurança Pública e o Sistema de 
Videomonitoramento. 
Acesse: 
https://forumseguranca.org.br/publicacoes_posts/gabinetes-de-
gestao-integrada-no-brasil-a-guisa-de-institucionalizacao/ 
 
 
https://forumseguranca.org.br/publicacoes_posts/gabinetes-de-gestao-integrada-no-brasil-a-guisa-de-institucionalizacao/
https://forumseguranca.org.br/publicacoes_posts/gabinetes-de-gestao-integrada-no-brasil-a-guisa-de-institucionalizacao/
https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2017/03/FBSP_Gabinetes_gestao_integrada_institucionalizacao_2013.pdf
 
 
42 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
Figura 13: Reunião do GGIM de Canoas (RS) em 2021 
 
Fonte: Matheus Tomaz/Prefeitura de Canoas. 
 
 
2.4. Observatórios de Segurança Municipais 
 
 Observatório é o nome que costuma designar agências e órgãos encarregados 
de obter, organizar, estruturar e analisar dados e informações sobre políticas públicas. No 
caso da segurança pública, os observatórios atuam na elaboração de diagnósticos 
situacionais e na identificação de questões relativas ao crime e seus fatores associados. O 
objetivo é que possam ser instâncias de reflexão crítica, suporte informacional e 
tecnológico a processos de tomada de decisões estratégicas e operacionais. Seus 
levantamentos podem incluir áreas não associadas diretamente à segurança, como dados 
de evasão escolar e de acesso a políticas de proteção social. 
 
 
 
 
 
43 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
Palavra do Especialista 
2.5. Por que o município deve atuar na gestão de segurança pública? 
 
Embora a segurança pública apareça na Constituição de 1988 como uma tarefa 
a ser compartilhada, o texto constitucional reservou pouca atenção ao tema e, em 
especial, ao papel dos municípios nessa área. Mas houve mudanças nos últimos 20 anos 
no sentido de reconhecer e ampliar a atuação dos municípios no setor. Hoje eles têm 
atribuições claramente definidas em relação à redução e à prevenção dos fenômenos que 
reproduzem a violência, sobretudo após a publicação da Lei do SUSP (Lei 13.675/2018), 
entre outros avanços legislativos recentes. 
As prefeituras e as instituições da municipalidade são os braços do poder 
público mais próximos dos cidadãos, e possuem sob sua gestão serviços públicos 
essenciais no combate à desigualdade social, como educação básica, saúde, assistência 
social e desenvolvimento urbano. Praças seguras e bem-cuidadas, calçadas, saneamento, 
iluminação, atividades culturais, Guardas Municipais com atuação comunitária, proteção 
das mulheres e público LGBTQIA+ são responsabilidades da gestão municipal que podem 
impactar o cenário mais amplo da segurança. 
 
 
 
Cidades bem cuidadas, movimentadas e iluminadas são cidades seguras. 
Nesse sentido, a prefeitura tem o papel essencial de coordenar ações de 
segurança urbana que ocorrem na cidade sob sua administração, mesmo 
não tendo ingerência sobre as polícias estaduais. 
 
 
O planejamento da prevenção à violência, a promoção da cultura de paz, o 
ordenamento territorial, a ação policial preventiva, a inclusão e defesa social de públicos 
vulneráveis são exemplos de ações ligadas à segurança que devem passar pela prefeitura. 
(SPANIOL, 2017; PROGRAMA CIDADES SUSTENTÁVEIS e FBSP, 2022) 
 
 
 
 
 
44 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
2.7. O município como agente estratégico na segurança pública 
 
O Sistema Único de Segurança Pública foi criado em 2018 e complementou o 
artigo 144 da Constituição de 1988, reforçando que segurança pública é responsabilidade 
da União, dos Estados e Municípios. O SUSP buscou estabelecer uma arquitetura uniforme 
para a segurança pública em âmbito nacional, a partir de compartilhamento de dados, 
operações integradas e colaborações nas estruturas de segurança pública em nível 
federal, estadual e municipal. A segurança pública continua sendo, portanto, atribuição 
de Estados e municípios, enquanto a União se responsabiliza pela criação de diretrizes a 
serem compartilhadas em todo o país. 
Ao definir segurança em sentido amplo, para além da ação policial, a lei indica 
que, no caso dos municípios, a atuação no setor não deve se limitar à criação de Guardas 
Municipais para proteção do patrimônio público. Há um entendimento de que as 
configurações da segurança nas cidades extrapolam o panorama das estatísticas criminais, 
pois dependem da situação de serviços e espaços públicos e demandam instrumentos que 
guiem a ação das prefeituras no setor. O texto da lei prevê a inclusão de outras áreas do 
serviço público nessa atuação em rede: 
 
 
 Art. 22. A União instituirá Plano Nacional de 
Segurança Pública e Defesa Social, destinado a 
articular as ações do poder público. ... § 1º As 
políticas públicas de segurança não se restringem 
aos integrantes do Susp, pois devem considerar um 
contexto social amplo, com abrangência de outras 
áreas do serviço público, como educação, saúde, 
lazer e cultura, respeitadas as atribuições e as 
finalidades de cada área do serviço público. ... § 3º As 
ações de prevenção à criminalidade devem ser 
consideradas prioritárias na elaboração do Plano de 
que trata o caput deste artigo (BRASIL, 2018). 
 
 
 
 
 
 
 
45 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
Leia o texto a seguir do Ministério da Justiça e 
Segurança Pública, que apresenta o Sistema 
Único de Segurança Pública 
Acesse: 
https://www.gov.br/mj/pt-br/acesso-a-
informacao/acoes-e-programas/susp 
 
 
 
O SUSP prevê que os instrumentos de planejamento e governança previstos 
em lei sejam reproduzidos nos níveis federal, estadual e municipal, de modo a facilitar a 
integração de ações e de orçamentos. A Lei do SUSP orienta que tais instrumentos legais 
sejam empregados na elaboração e na gestão do Plano Municipalde Segurança Urbana. 
Com vigência de 10 anos, o Plano Municipal, em linha com o Plano Nacional, deve ser o 
marco estratégico do município para obtenção de recursos e gerenciamento de atividades 
e objetivos da segurança urbana. A lei também enumera diretrizes para a elaboração 
desse plano: 
 
Art. 24. Os agentes públicos deverão observar as 
seguintes diretrizes na elaboração e na execução dos 
planos: I - adotar estratégias de articulação entre 
órgãos públicos, entidades privadas, corporações 
policiais e organismos internacionais, a fim de 
implantar parcerias para a execução de políticas de 
segurança pública e defesa social; II - realizar a 
integração de programas, ações, atividades e 
projetos dos órgãos e entidades públicas e privadas 
nas áreas de saúde, planejamento familiar, 
educação, trabalho, assistência social, previdência 
social, cultura, desporto e lazer, visando à prevenção 
da criminalidade e à prevenção de desastres; 
III - viabilizar ampla participação social na 
formulação, na implementação e na avaliação das 
políticas de segurança pública e defesa social. 
(BRASIL, 2018). 
 
 
 
Figura 14: SUSP 
https://www.gov.br/mj/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/susp
https://www.gov.br/mj/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/susp
 
 
46 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
Para que o município tenha meios de executar políticas de prevenção da 
violência, é fundamental: 
 
Em primeiro lugar, realizar um diagnóstico preciso sobre a situação 
da violência e da criminalidade na cidade, bem como sobre os programas e outras 
iniciativas em curso relacionadas ao tema. 
 
Uma segunda etapa é a elaboração de estratégias de intervenção, ou 
seja, a formulação de um plano de ação baseado nos problemas identificados no 
diagnóstico. 
 
A terceira etapa é a execução do plano de ações. 
 
A quarta etapa pressupõe o monitoramento do processo e a 
avaliação do impacto e dos resultados alcançados pelas políticas. 
 
 
A publicação “Guia Segurança nos Municípios”, de 2022, do Programa 
Cidades Sustentáveis e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, sugere que os gestores 
municipais em segurança formem uma equipe que procure reunir e analisar as 
informações da cidade, com o objetivo de elaborar diagnósticos sobre públicos e locais de 
maior vulnerabilidade à violência, que permitam mapear a distribuição da insegurança e 
da desigualdade do município. 
De acordo com a Lei do SUSP, Estados, Distrito Federal e municípios deverão 
elaborar e implantar seus planos municipais de segurança para poderem receber recursos 
da União para a execução de ações. No caso das prefeituras, outra responsabilidade 
prevista em lei é a formalização de uma Política Municipal de Segurança Urbana, a ser 
submetida à avaliação do Poder Legislativo municipal, e a criação do supracitado Conselho 
Municipal de Segurança Urbana, para viabilizar a participação social na elaboração e no 
acompanhamento da Política Municipal de Segurança Urbana. Entre outras atribuições 
municipais em segurança pública previstas na Lei do SUSP estão: 
 
 
47 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
 
 
 
 
 Confira abaixo os principais passos para a elaboração de um plano 
municipal de segurança, segundo publicação do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e 
do Programa Cidades Sustentáveis: 
 
Ações de prevenção e resolução pacífica de 
conflitos, priorizando a redução da letalidade 
violenta, com ênfase nos grupos vulneráveis; 
Elaboração e execução de projetos com foco na 
cultura de paz, na segurança comunitária e na 
integração das políticas de segurança com as 
políticas sociais; 
Estudos e diagnósticos para a formulação e a 
avaliação de políticas públicas. 
 
 
48 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
Figura 15: Organograma de ações para construção de um plano municipal de segurança pública 
 
Fonte: FBSP e Programa Cidades Sustentáveis (2022). 
 
 
2.3 Indicadores de engajamento dos municípios na segurança pública 
 
 Conheça questões propostas pela publicação “Construção de uma nova narrativa 
democrática para a segurança pública”, de 2016, para avaliar a participação dos 
municípios no setor: 
 
I. Já foi realizado um diagnóstico da violência e criminalidade? Esse diagnóstico 
contou com a participação da comunidade local? Identificou fatores de risco e 
potencialidades locais? Incluiu uma revisão das políticas e programas de 
prevenção que já estavam em curso? Foram identificados os atores que estão ou 
poderiam ser engajados na estratégia de prevenção? 
 
 
49 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
II. A partir desse diagnóstico foi elaborado um plano de segurança municipal? Esse 
plano envolve um amplo processo social de pactuação e coalizão em torno de 
regras de convivência e de relações sociais? 
 
III. Existe um GGI-M (Gabinete de Gestão Integrada Municipal) ou Conselho Municipal 
de Segurança para articular todos os atores envolvidos com a política de segurança 
da cidade, garantindo o alinhamento dos planejamentos, a constante troca de 
informação e a colaboração entre eles? 
 
IV. Existe um observatório de violência no município? Existe um bom sistema de 
coleta e análise de dados? 
 
V. Há uma aproximação entre as forças policiais, equipes de fiscalização e Guarda 
Municipal? 
 
VI. O policiamento tem caráter comunitário e preventivo? 
 
VII. É constante a interação entre autoridades locais e sociedade civil? Essa interação 
é baseada em mecanismos de participação e controle social institucionalizados? 
 
VIII. Foram instaladas câmeras de videomonitoramento? Existe uma central de 
monitoramento? Elas estão integradas com as demais ações da cidade (Defesa 
Civil, prevenção urbana e de desastres etc.)? 
 
IX. Existem estratégias focadas nos grupos sociais mais vulneráveis, como jovens, 
mulheres e crianças? 
 
X. Existem políticas de desenvolvimento urbano e inclusão social? Essas políticas 
levam em consideração as estratégias de prevenção integradas? 
 
 
50 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
XI. Há um plano de ocupação e uso para os espaços revitalizados, reformados ou 
construídos? 
 
XII. Existem programas de capacitação e formação de pessoas das comunidades para 
servirem de interlocutoras na mediação de conflitos? 
 
XIII. Existe uma articulação intersetorial (saúde, educação, urbanismo, trânsito, por 
exemplo)? As intervenções planejadas são integradas e territorializadas? 
 
XIV. Qual é a prioridade política e institucional dada pelo gestor local a ações 
focalizadas? Qual a prioridade das políticas de prevenção e redução da violência 
em seu município? 
 
 
 
PARA REFLETIR 
 
Como o profissional do SUSP atuando em âmbito municipal 
pode tomar a iniciativa de ações e articulações entre 
diferentes órgãos e áreas de governo? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
51 Os Municípios e a Prevenção da Violência: o papel da Guarda Municipal 
AULA 3 – GESTÃO DA SEGURANÇA EM ÂMBITO MUNICIPAL 
 
3.1 Tipos de políticas de segurança cidadã 
 
O conceito de “segurança cidadã” ganhou espaço na América Latina e no 
Brasil como um contraponto ao emprego, durante o período de regimes autoritários, de 
expressões como “segurança interna” e “segurança nacional” para o tratamento de 
questões de segurança pública, que associam o tema da segurança, de forma prioritária, 
a forças policiais e militares. Como aponta Paulo de Mesquita Neto: 
 
O que diferencia os dois tipos de política [segurança 
cidadã x segurança interna/nacional] não é apenas o 
fato de que os governantes responsáveis por políticas 
democráticas são escolhidos através de processos 
eleitorais, mas também que as políticas democráticas 
são caracterizadas pela transparência, participação 
social, subordinação à lei e

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