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APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 1 @emilly.lorenaa APG 9 - Consciente talvez, mas com pássaros na cabeça 1) RECONHECER AS ALTERAÇÕES QUALITATIVAS E QUANTITATIVAS DA CONSCIÊNCIA (NÍVEL DE CONSCIÊNCIA, ALERTA, RESPONSIVIDADE, ORIENTAÇÃO, ATENÇÃO E CAMPO DA CONSCIÊNCIA) 2) DEBATER SOBRE AS ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS E FISIOLÓGICAS DA CONSCIÊNCIA (SONO, ESTADO CREPUSCULAR, TRANSE, DISSOCIAÇÃO) 3) DISCUTIR AS DOENÇAS QUE PODEM PROVOCAR ALTERAÇÕES DA CONSCIÊNCIA (DELIRIUM, ESTADO CREPUSCULAR, ESTADO DE TRANSE E EXPERIÊNCIA DE QUASE MORTE) Podem-se resumir os usos do termo “consciência” em pelo menos três acepções diferentes, que implicam três definições distintas: A definição neuropsicológica emprega o termo “consciência” no sentido de estado vígil (vigilância), o que, de certa forma, iguala a consciência ao grau de clareza do sensório. Consciência, aqui, é fundamentalmente o estado de estar desperto, acordado, vígil, lúcido. Trata- se especificamente do nível de consciência. Já a definição psicológica a conceitua como a soma total das experiências conscientes de um indivíduo em determinado momento. Nesse sentido, consciência é o que se designa campo da consciência. É a dimensão subjetiva da atividade psíquica do sujeito que se volta para a realidade. Na relação do Eu com o meio ambiente, a consciência é a capacidade do indivíduo de entrar em contato com a realidade, perceber e conhecer os seus objetos. Por fim, a definição ético-filosófica é utilizada mais frequentemente no campo da ética, da filosofia, do direito ou da teologia. O termo “consciência” refere-se à capacidade de tomar ciência dos deveres éticos e assumir as responsabilidades, os direitos e os deveres concernentes a essa ética. Assim, a consciência ético- filosófica é atributo do homem desenvolvido e responsável, engajado na dinâmica social de determinada cultura. Refere-se a consciência moral, ética e política. No campo da neuropsicologia da consciência, o sistema Research Domain Criteria (RDoC) propõe sistemas reguladores relacionados ao nível de consciência (arousal), os quais são responsáveis por gerar toda a ativação dos sistemas neurais nos vários contextos da vida. Eles têm por função produzir uma regulação adequada dos estados de consciência vígil (sujeito acordado) e dos períodos de sono. Deve-se salientar que o nível de consciência é o continuum de sensibilidade e alerta do organismo perante os estímulos, tanto internos como externos. As principais características e propriedades do nível de consciência são: O nível de consciência facilita a interação da pessoa com o ambiente de forma adequada ao contexto no qual o sujeito está inserido (em situações de ameaça, alguns estímulos podem ser ignorados, e, ao mesmo tempo, a sensibilidade para outros, mais relevantes, pode estar aumentada, expressando o chamado estado de alerta). O nível de consciência adequado pode ser evocado (lembrado) tanto por estímulos externos ambientais como por estímulos internos, como pensamentos, emoções, recordações. O nível de consciência pode ser modulado tanto pelas características dos estímulos externos como pela motivação que o estímulo implica para o indivíduo em questão. O nível de consciência varia ao longo de um continuum que inclui desde o estado total de alerta, passando por níveis de redução da consciência até os estados de sono (variação normal) ou coma (variação patológica). O primeiro elemento do sistema nervoso relacionado ao nível de consciência é o chamado sistema reticular ativador ascendente (SRAA). A capacidade de estar desperto e agir conscientemente depende da atividade do tronco cerebral e do diencéfalo. Essas estruturas exercem poderosa influência sobre os hemisférios cerebrais, ativando-os e mantendo o tônus necessário para seu funcionamento normal. O SRAA se origina no tronco cerebral, e sua ação se estende até o córtex, por meio de projeções talâmicas. Elementos do SRAA particularmente importantes para a ativação cortical são os neurônios da parte superior da ponte e os do mesencéfalo. Tais neurônios recebem impulsos da maioria das vias ascendentes, as quais trazem estímulos intrínsecos (proprioceptivos e viscerais) e extrínsecos (órgãos dos sentidos: visão, audição, tato, paladar e olfato). Lesões ou disfunções no SRAA produzem alterações do nível de consciência e prejuízo a todas as funções psíquicas. Embora a importância do SRAA para o nível de consciência seja aceita até hoje, sabe-se atualmente que APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 2 @emilly.lorenaa várias estruturas mais altas, do telencéfalo, têm também participação crítica na gênese do nível de consciência. Verificou-se, por exemplo, que a ação sincrônica de numerosas áreas corticais visuais, que contêm amplas redes neuronais bidirecionais, é uma pré-condição para a visão consciente. É de fundamental importância, para a atividade mental consciente, a atividade do lobo parietal direito (está intimamente relacionado ao reconhecimento do próprio corpo, dos objetos e do mundo) e também as áreas pré- frontais (organização da atividade mental consciente). Por fim, é reconhecido a importância das interações talamocorticais na ativação e na integração da atividade neuronal cortical relacionada à consciência. CAMPO DA CONSCIÊNCIA: o inconsciente é bem mais do que um simples estado mental fora da consciência. Ele é, embora obscuro, a estrutura mental mais importante do psiquismo humano. Segundo Freud, o sistema inconsciente funciona regido pelo princípio do prazer por meio do processo primário em forma de condensação e deslocamento. É, também, isento de contradições mútuas e não apresenta referência ao tempo. Explicando melhor: ATEMPORALIDADE: No inconsciente, não existe tempo, ele é atemporal. Os processos inconscientes não são ordenados temporalmente, não se alteram com a passagem do tempo, não têm qualquer referência ao tempo. Não existe, aqui, passado, presente ou futuro. ISENÇÃO DE CONTRADIÇÃO: No sistema inconsciente, não há lugar para negação ou dúvida, nem graus diversos de certeza ou incerteza. Tudo é absolutamente certo, afirmativo. PRINCÍPIO DO PRAZER: O funcionamento do inconsciente não segue as ordens da realidade, submete-se apenas ao princípio do prazer. Toda a atividade inconsciente visa evitar o desprazer e proporcionar o prazer, independentemente de exigências éticas ou realistas. A busca do prazer se dá por meio da descarga das excitações, diminuindo-se ao máximo a carga de excitações no aparelho psíquico. PROCESSO PRIMÁRIO: As cargas energéticas (catexias) acopladas às representações psíquicas, às ideias, são totalmente móveis. Uma ideia pode ceder a outra toda sua cota de energia (processo de deslocamento) ou apropriar-se de toda a energia de várias outras (processo de condensação). Pode-se descrever dois tipos de alterações da consciência: ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS Alterações quantitativas da consciência (vigilância), que podem ser normais ou patológicas, referem-se à intensidade da clareza das vivências psíquicas. = implicam em um rebaixamento (+ comum) ou elevação (+ raro) no NÍVEL de consciência. No estado normal, o indivíduo desperto está constantemente apresentando oscilações na intensidade de sua consciência, em geral pequenas. Há certa diminuição no nível de consciência quando o indivíduo está cansado ou sonolento, quando se encontra em estado de relaxamento ou repouso, e quando os estímulos sensoriais externos e internos e os afetos são pouco intensos. Há também uma redução do nível de consciência na transição da vigília para o sono, e vice-versa = estados comportamentais endógenos e recorrentesque expressam mudanças dinâmicas na organização da função cerebral e que otimizam aspectos como fisiologia, comportamento e saúde. O SONO pode ser definido como um estado de inconsciência do qual a pessoa pode ser despertada por estímulos sensoriais. O sono profundo (sem sonhos) constitui um estado fisiológico de abolição da consciência. É um estado reversível, tipicamente expresso pela postura de repouso, comportamento quieto e redução da responsividade; Tem uma arquitetura neurofisiológica complexa, com estados cíclicos de sono não REM e de sono REM, tendo tais estados substratos neuronais distintos (neurotransmissores, moduladores, circuitos específicos) e propriedades oscilatórias do eletrencefalograma (EEG); Tem duração e intensidade dos seus vários períodos afetados por mecanismos de regulação homeostáticos; É afetado por experiências ocorridas durante a vigília; Tem efeitos restauradores e transformadores que otimizam funções neurocomportamentais da vigília. Pode-se, portanto, descrever o sono como um estado especial da consciência, que ocorre de forma recorrente e cíclica nos organismos superiores. É também, ao mesmo tempo, um estado comportamental e uma fase FISIOLÓGICA normal e necessária do organismo. Existem duas fases do sono: SONO SINCRONIZADO: sem movimentos oculares rápidos (sono não REM). APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 3 @emilly.lorenaa caracteriza-se por atividade elétrica cerebral síncrona, com elementos eletrencefalográficos próprios, como os fusos do sono, os complexos K e as ondas lentas de grande amplitude. Há, nesse tipo de sono, diminuição da atividade do sistema nervoso autônomo simpático e aumento relativo do tônus do sistema nervoso autônomo parassimpático, permanecendo vários parâmetros fisiológicos estáveis em um nível de funcionamento mínimo, como as frequências cardíaca e respiratória, a pressão arterial, o débito cardíaco e os movimentos intestinais. Durante o sono não REM, ocorrem quatro estágios: 1) mais leve e superficial, com atividade regular do EEG de baixa voltagem, de 4 a 6 ciclos por segundo (2-5% do tempo total de sono). 2) um pouco menos superficial, com traçado do EEG revelando aspecto fusiforme de 13 a 15 ciclos por segundo (fusos do sono) e algumas espículas de alta voltagem, denominadas complexos K (45-55% do tempo total de sono). 3) sono mais profundo, com traçado do EEG mais lentificado, com ondas delta, atividade de 0,5 a 2,5 ciclos por segundo, ondas de alta voltagem (3-8% do tempo total de sono). 4) estágio de sono mais profundo, com predomínio de ondas delta e traçado bem lentificado. É mais difícil de despertar alguém nos estágios 3 e 4, podendo o indivíduo apresentar-se confuso ao ser despertado (10-15% do tempo total de sono). SONO DESSINCRONIZADO: com movimentos oculares rápidos – rapid eye movements (sono REM). não se encaixa em nenhuma dessas quatro fases. Sua duração total em uma noite perfaz de 20 a 25% do tempo total de sono. É um estágio peculiar, cujo padrão do EEG é semelhante ao do Estágio 1 do não REM. O sono REM não é, entretanto, um sono leve, tampouco profundo, mas um tipo de sono qualitativamente diferente. Caracteriza-se por instabilidade no sistema nervoso autônomo simpático, com variações das frequências cardíaca e respiratória, da pressão arterial, do débito cardíaco e do fluxo sanguíneo cerebral. Há um padrão de movimentos oculares rápidos e conjugados (movimentos oculares sacádicos), bem como um relaxamento muscular profundo e generalizado. Além de irregularidade das frequências cardíaca e respiratória e da pressão sanguínea, ocorrem ereções penianas totais e parciais. É durante o sono REM que ocorre a maior parte dos sonhos, e, em 60 a 90% das vezes, se o indivíduo for despertado durante a fase REM, relatará que estava sonhando. Durante o sono REM, dá-se a ativação das vias neuronais que ligam o tronco cerebral ao córtex occipital (área da visão), são as chamadas ondas ponto-genículo-occipitais. Tal ativação cerebral das áreas occipitais se relaciona ao caráter visual dos sonhos. Em uma noite normal de sono, as fases não REM e REM se repetem de forma cíclica a cada 70 a 110 minutos, com 4 a 6 ciclos completos por noite. O sono se inicia com o tipo não REM, havendo a sucessão dos Estágios de 1 a 4. O primeiro período REM, que geralmente é bem curto, ocorre cerca de 70 a 120 minutos após o indivíduo adormecer. Ao longo da noite, os períodos REM vão se tornando mais frequentes e prolongados, desaparecendo os Estágios 3 e 4. A maior quantidade de sono REM ocorre no último terço da noite, geralmente de madrugada (das 4 às 7h da manhã), momento em que a maioria das pessoas mais sonha. O Estágio 4, de forma oposta, ocorre predominantemente no primeiro terço da noite. Nas alterações patológicas quantitativas da consciência, o nível da consciência diminui, desde o estado normal, vígil, desperto, até o estado de coma profundo, no qual não há qualquer resquício de atividade consciente. Os diversos graus de rebaixamento da consciência são: 1º GRAU = Obnubilação: Neste, há um rebaixamento de leve a moderado da consciência. O paciente tem uma diminuição do grau de clareza do sensorial com uma maior lentidão, dificuldade de entendimento e dificuldade de concentrar-se. Assim, mesmo não se notando a sonolência do paciente de forma evidente, observa-se, nos quadros de obnubilação, que a pessoa se encontra um tanto perplexa, com a APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 4 @emilly.lorenaa compreensão dificultada, podendo o pensamento que expressa revelar confusão mental. No geral, o indivíduo diminui a atenção para as solicitações externas, dirigindo-se para a sonolência. Já se pode observar alguma lentificação do traçado eletrencefalográfico. 2º GRAU = Torpor: é o grau mais acentuado de rebaixamento da consciência. O paciente está evidentemente sonolento, dessa forma, responde ao ser chamado apenas de forma enérgica e, depois, volta ao estado de sonolência evidente. Na obnubilação e no torpor, o paciente pode ainda apresentar traços de crítica e pudor, tentando cobrir as partes íntimas de seu corpo com o cobertor, quando em uma enfermaria ou emergência de hospital. 3º GRAU = Sopor: é um estado de marcante e profunda turvação da consciência, de sonolência intensa, da qual o indivíduo pode ser despertado apenas por um tempo muito curto, por estímulos muitos enérgicos, do nível de uma dor intensa (pode revelar fácies de dor e ter alguma gesticulação de defesa). O paciente retorna muito rapidamente, em segundos, à quase ausência de atividade consciente. Portanto, aqui, ele sempre se mostra intensamente sonolento, quase em coma. O traçado eletrencefalográfico acha-se global e marcadamente lentificado, podendo surgir as ondas mais lentas, do tipo delta e teta. 4º GRAU = Coma: é a perda completa da consciência, o grau mais profundo e forte de rebaixamento. Não há nenhuma atividade voluntária consciente, além de nenhum sinal de consciência. Os seguintes sinais neurológicos podem ser verificados: movimentos oculares errantes com desvios lentos e aleatórios, nistagmo, transtornos do olhar conjugado, anormalidades dos reflexos oculocefálicos (cabeça de boneca) e oculovestibular (calórico) e ausência do reflexo de acomodação. Há ainda graus de coma, sendo eles o grau I, semicoma; II, coma superficial; III, coma profundo; e IV, coma dépassé. Delirium: É uma síndrome psicopatológica devido ao rebaixamento do nível da consciência leve a moderado. É o termo atual mais adequado para designar a maior parte das síndromes confusionais agudas (o termo “paciente confuso”, muitousado em serviços de emergência e enfermarias médicas, refere-se a tais síndromes confusionais, ou seja, ao delirium). É mais comum em ambientes clínicos diários, principalmente em pacientes com doenças somáticas e idosos. O mesmo vem acompanhado de desorientação temporoespacial, dificuldade de concentração, ansiedade, agitação ou lentificação psicomotora, discurso ilógico, confuso e/ou alucinações, quase sempre visuais. Não se deve confundir delirium (quadro sindrômico causado por alteração do nível de consciência, em pacientes com distúrbios cerebrais agudos) com o termo “delírio” (ideia delirante; alteração do juízo de realidade encontrada principalmente em psicóticos esquizofrênicos ou em outras psicoses). Estado onírico: O paciente está em um estado semelhante ao de um sonho muito vívido. Predomina- se a alucinação visual intensa e muita carga emocional. ALTERAÇÕES QUALITATIVAS Alterações qualitativas implicam em uma modificação da qualidade (propriedade) do conteúdo da consciência = mudança parcial ou focal do campo da consciência. Nas alterações qualitativas da consciência, há uma série de estados alterados de consciência e uma parte está normal e outra parte está alterada. No estado normal, os sonhos são vivências subjetivas que se dão durante o sono. Eles se caracterizam por: predomínio de imagens visuais (mas pode haver sensações motoras, auditivas etc.), conteúdos bizarros, a falsa crença de que se está acordado, diminuição da capacidade de reflexão, mudanças súbitas quanto a APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 5 @emilly.lorenaa tempo, lugar e pessoas, uma estrutura narrativa, forte colorido emocional, comportamentos instintivos, atenuação da vontade, dificuldade de se lembrar de seu conteúdo após ter despertado A consciência no sonho é uma consciência parcial, pois nele observa-se a perda de diversos aspectos encontrados na consciência de vigília, tais como: controle (sobre a ação), coerência, memória de longo prazo, capacidade de crítica e consciência da própria identidade (autoconsciência). ESTADOS CREPUSCULARES: consistem em um estado patológico transitório no qual uma obnubilação leve da consciência (mais ou menos perceptível), é acompanhada de relativa conservação da atividade motora coordenada. Há, portanto, estreitamento transitório do campo da consciência e afunilamento da consciência (que se restringe um círculo de ideias, sentimentos ou representações de importância particular para o sujeito acometido), com a conservação de uma atividade psicomotora global mais ou menos coordenada, permitindo a ocorrência dos chamados atos automáticos. O estado “crepuscular” caracteriza-se por surgir e desaparecer de forma abrupta e ter duração variável, de poucos minutos ou horas a algumas semanas. Durante esse estado, ocorrem, com certa frequência, atos explosivos violentos e episódios de descontrole emocional (podendo haver implicações legais de interesse à psicologia e à psiquiatria forense). Geralmente ocorre amnésia lacunar para o episódio inteiro. Sendo assim, o paciente pode somente se lembrar de alguns detalhes de forma isolada. Foi associada a epilepsia, mas hoje também pode ocorrer em casos de intoxicações por álcool ou outras substâncias, traumatismo craniano, em quadros dissociativos histéricos agudos e choques emocionais. = + frequentemente causas orgânicas! ESTADO SEGUNDO: Estado patológico transitório semelhante ao estado crepuscular, caracterizado por uma atividade psicomotora coordenada, a qual, entretanto, permanece estranha à personalidade do sujeito acometido e não se integra a ela. Em geral, atribui-se uma natureza mais psicogenética, sendo mais produzido por fatores emocionais (choque emocionais intensos). Os atos cometidos durante o estado segundo são geralmente incongruentes, extravagantes, em contradição com a educação, as opiniões ou a conduta habitual do sujeito acometido, mas quase nunca são realmente graves ou perigosos, como no caso dos estados crepusculares DISSOCIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA: É uma divisão do campo da consciência, ocorrendo uma perda da unidade psíquica comum do ser humano O termo “dissociação” pode cobrir não apenas a consciência, mas também a memória, a percepção, a identidade e o controle motor. Ocorre com mais frequência nos quadros chamados histéricos (crise histéricas de tipo dissociativo) É observado um estado parecido com um sonho ganhando o caráter de estado onírico), onde é geralmente desencadeado por acontecimentos psicologicamente significativos (conscientes ou inconscientes) que produzem grande ansiedade. Duram de minutos a horas, raramente permanecendo por dias Alguns pacientes, têm crises ou estados dissociativos agudos que se iniciam com queda ao chão, abalos musculares e movimentação do corpo semelhante à crise convulsiva (da epilepsia) = crise pseudoepiléptica! A dissociação da consciência pode ocorrer também em quadros de ansiedade intensa, independentemente de se tratar de paciente com personalidade histriônica ou traços histéricos, sendo a dissociação, então, vista como uma estratégia defensiva inconsciente (sem a deliberação voluntária plena) para lidar com a ansiedade muito intensa, o indivíduo desliga da realidade para parar de sofrer. TRANSE: Estado de alteração qualitativa em que se assemelha a estar sonhando acordado. Contudo, contém a presença de atividade motora automática e estereotipada (o que difere da dissociação da consciência), acompanhada de suspensão parcial dos movimentos voluntários. O estado de transe ocorre sobretudo em contextos religiosos e culturais. APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 6 @emilly.lorenaa ESTADO HIPNÓTICO: É um estado de consciência reduzida e estreitada e de atenção concentrada, que pode ser induzido por outra pessoa (hipnotizador). Trata-se de um estado de consciência semelhante ao transe, no qual a sugestionabilidade do indivíduo está aumentada (qualidade psicológica que define a disposição de alguém para receber uma ideia e ser por ela influenciado, de forma a agir e/ou pensar conforme a ideia recebida), e sua atenção, concentrada no hipnotizador. Podem ser lembradas cenas e fatos esquecidos e podem ser induzidos fenômenos como anestesia, paralisias, rigidez muscular, alterações vasomotoras. EXPERIÊNCIA DE QUASE-MORTE (EQM): Um estado especial de consciência é verificado em situações críticas de ameaça grave à vida, como parada cardíaca, hipoxia grave, isquemias, acidente automobilístico grave, afogamento, quedas com trauma craniano, entre outras quando alguns sobreviventes afirmam ter vivenciado as chamadas EQMs. São experiências muito rápidas (de segundos a minutos) em que um estado de consciência particular é vivenciado e registrado por essas pessoas. As EQMs parecem ocorrer em muitas culturas, com variações nos seus conteúdos. Nos Estados Unidos, aparentemente, ocorrem em 6 a 12% das pessoas que sobreviveram a uma parada cardíaca, e, na Europa, 6% de uma amostra de 14 mil pessoas da população em geral relatou já ter experienciado EQM. REFERÊNCIAS DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. CHENIAUX, Elie. Manual de psicopatologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023. 216 p.