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Literatura - Moderna Plus-769-771

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A literatura brasileira na República
Em pouco mais de um século, o Brasil deixou de ser um país de maioria analfabeta, 
com uma vida literária restrita e submissa às modas ditadas por uma pequena 
elite, para se tornar uma nação com uma literatura própria e diversa, em que se 
multiplicam as possibilidades de acesso, distribuição e publicação de textos.
O início do século XX
A literatura já era uma atividade regular nas grandes 
cidades do jovem Brasil republicano. Ela recebia as 
últimas contribuições de Machado de Assis, circulava
por jornais, revistas, cafés e salões sociais e, como quase 
tudo na época, seguia infl uenciada pelos franceses, 
ecoando-os em variadas tendências e
autores, da poesia simbolista de
Alphonsus de Guimaraens à prosa
de Euclides da Cunha.
As gráficas vão para o interior
Longe da capital federal, a 
literatura também se desenvolvia 
nas cidades que cresciam pelo 
interior, onde surgiam gráfi cas para 
imprimir a prosa e a poesia locais, 
de cordéis no Nordeste a contos 
históricos de gaúchos, além de 
periódicos e até mesmo cópias 
ilegais dos best-sellers.
Primeira Guerra: crise e renovação
O confl ito gerou turbulências por todo o mundo, 
desencadeando a Revolução Russa e agravando 
a crise da política do “café com leite” no Brasil. 
Fazendeiro fracassado, Monteiro Lobato foi para 
São Paulo e tornou-se um escritor de sucesso. 
Empreendedor, superou a falta de livrarias vendendo 
no varejo popular edições mais bonitas e baratas. 
Fundador da Companhia Editora Nacional, renovou 
a literatura e a indústria gráfi ca, publicando novos 
autores e importando máquinas.
1900 1920 1940
6,3 3,4
O avanço educacional no século XX
População brasileira a partir dos
15 anos de idade, em milhões de pessoas.
11,4 13,3
6,2
10,4
Nos anos 1930 foi criado o Ministério 
da Educação e começou a formação 
universitária de professores e teóricos de 
literatura. Desde então, houve a diminuição 
da porcentagem de analfabetos.
Estes 3,4 milhões correspondem aos 
adultos do país que sabiam, pelo 
menos, escrever o próprio nome. O 
número dos que tinham o hábito 
de leitura, porém, era muito menor; 
estimava-se que menos de 250 mil 
pessoas podiam comprar um livro.
Problema histórico que só começou 
a receber atenção adequada nas 
últimas décadas, o analfabetismo 
ainda representa um desafi o para as 
políticas de educação pública.
Número de adultos brasileiros:
Legenda
Analfabetos Alfabetizados
Ano
INTERAÇÕES
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A literatura é, pois, um sistema vivo de obras, agindo umas sobre 
as outras e sobre os leitores; e só vive na medida em que estes a 
vivem, decifrando-a, aceitando-a, deformando-a.”
Antonio Candido, Literatura e sociedade.
O segundo quarto do século XX
O avanço da urbanização e da indústria transformava 
o país enquanto jovens artistas infl uenciados pelas 
vanguardas europeias lançavam o Modernismo.
Suas atividades culturais estimularam grupos por
todo o país e iniciaram décadas de renovação,
durante as quais surgiriam grandes nomes do 
cenário literário brasileiro: Carlos Drummond
de Andrade, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, 
Nelson Rodrigues, Ferreira Gullar,
os irmãos Campos, entre outros.
Novas formas de publicação
Nos anos 1970, mesmo com a Ditadura e a censura, 
a literatura avançou, seguindo as experiências das 
décadas anteriores, aproximando-se da música
e outras artes e das inquietações da contracultura.
Novos autores desenvolveram mídias alternativas, 
como o tabloide Jornalivro e os fanzines, publicações 
feitas em fotocopiadoras e em mimeógrafos
– um tipo simples de impressora
manual doméstica.
Do analógico ao digital:
uma via de mão dupla 
No século XXI, a escrita ganhou novos 
espaços e adquiriu outras formas. Muitos 
autores e leitores adotaram a internet 
como meio de publicação, encontro e 
difusão de obras. De 2006 a 2010, cerca de 
20 milhões de textos foram baixados de 
graça da biblioteca digital Domínio Público. 
Shakespeare, Fernando Pessoa e Machado 
de Assis lideram as estatísticas de busca do 
site. Os blogs e o Twitter tornaram-se meios 
de circulação de novos textos literários.
1960 1980 2000
16
19,3 16,3
24,3
55,3
103,2
O governo federal passou 
a cogitar a distribuição 
gratuita de livros didáticos 
em 1929, mas só nos anos 
1990 é que isso começou 
a acontecer de forma 
contínua e massiva,
com verba garantida
pela lei. A partir dos
anos 2000, a distribuição 
incluía dicionários
e obras literárias. 
A quantidade relativa de analfabetos caía 
continuamente, mas apenas em meados dos anos 
1980 é que se pôde perceber de fato a diminuição 
do número de analfabetos na população total.
Fontes: HALLEWELL, L. O livro no Brasil.
São Paulo: Edusp, 2008; CANDIDO, A. Iniciação 
à literatura brasileira. São Paulo: Humanitas, 1999; 
ÁTICA. Momentos do livro no Brasil. São Paulo: 
Ática, 1998.
Fonte: INEP. Mapa do 
analfabetismo no Brasil, 2003.
Pela evolução dos dados do gráfi co abaixo e 
contando com as tecnologias atuais, é possível 
que ainda possamos ver o dia em que toda 
a população tenha condições de participar 
da vida literária nacional, interagindo e 
enriquecendo o sistema literário.
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