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MAX LUCADO Mais de 65 milhões de livros vendidos QUANDO CRISTO VOLTAR RESPOSTAS E PALAVRAS DE ESPERANÇA SOBRE O ACONTECIMENTO MAIS AGUARDADO PELOS CRISTÃOS Traduzido por AQUILES QUEIRÓZ THOMAS NELSON BRASIL Rio de Janerio - 2011 Título original When Christ Comes Copyright da obra original © 1999 por Max Lucado Edição original por Thomas Nelson, Inc. Todos os direitos reservados. Copyright da tradução © Vida Melhor Editora S.A., 2011. Editor responsável Omar de Souza Supervisão editorial Clarisse de Athayde Costa Cintra Produção editorial Thalita Aragão Ramalho Capa Douglas Lucas Tradução Aquiles Queiróz Copidesque Fernanda Silveira Revisão Magda de Oliveira Carlos Margarida Seltmann Cristina Loureiro de Sá Diagramação e projeto gráfico Carmen Beatriz Edição digital: janeiro 2012 CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ L965q Lucado, Max, 1955- Quando Cristo voltar / Max Lucado; [tradução Aquiles Queiróz]. - Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2011. il. Tradução de: When Christ comes ISBN 978-85-2201-055-4 1. Escatologia. 2. Segundo Advento - Meditações. I. Título. Thomas Nelson Brasil é uma marca licenciada à Vida Melhor Editora S.A. Todos os direitos reservados à Vida Melhor Editora S.A. Rua Nova Jerusalém, 345 – Bonsucesso Rio de Janeiro – RJ – CEP 21402-325 Tel.: (21) 3882-8200 – Fax: (21) 3882-8212 / 3882-8313 www.thomasnelson.com.br Arquivo ePub produzido pela Simplíssimo Livros http://www.thomasnelson.com.br/ http://www.simplissimo.com.br/ Para minha mãe Thelma Lucado Você me deu mais do que a luz — você se deu. E eu amo você. Sumário Agradecimentos Quando Cristo voltar 1. “Você entra com a confiança, eu cuido de levá-lo” Quando ele virá? Pensar sobre a segunda vinda me perturba. Haverá vida sem fim? Espaço sem limites? E sobre o Armagedom, o lago de fogos, a marca de besta? Será que é para eu entender tudo isso? Devo me sentir bem com tudo isso? 2. Esperando adiante Um dia para ser aguardado Alguns cristãos estão tão obcecados com os últimos dias que não se dão conta dos dias do presente. Outros fazem justamente o contrário. Eles dizem que Jesus está chegando. Mas vivem como se ele nunca viesse. Uma pessoa tem pânico, a outra é paciente demais. Haverá um equilíbrio? 3. O berço da esperança Um dia de prova e promessa Eu sou do tipo cauteloso. Quero acreditar na promessa da volta de Jesus, mas devo fazê-lo? Será que eu ouso confiar nas palavras de um carpinteiro de uma cidade do interior que viveu há dois mil anos em um país distante? Posso acreditar no que Jesus fala sobre sua vinda? 4. Nos braços cálidos de Deus Um dia de reencontros felizes E o que dizer sobre os entes queridos que já morreram? Onde eles estão? No período entre nossa morte e a volta de Cristo, o que acontece? 5. Você novinho em folha Um dia de rejuvenescimento O que é essa história de um novo corpo? Vamos trocar de corpos? O novo corpo será diferente desse que eu tenho? Será que eu reconhecerei os outros? Será que vão me reconhecer? 6. Um novo guarda-roupa Um dia de redenção Eis-me aqui, no portão de entrada do céu. Minha família entra, meus amigos entram, mas, quando chega minha vez, o portão se fecha. Como posso saber que não serei barrado? 7. Olha quem está dentro! Um dia de recompensas Entendo que alguns irão receber recompensas no céu — os mártires, os missionários, os heróis. Mas o que dizer de gente comum como eu? Há alguma coisa pela qual eu possa ansiar? 8. Você faria tudo de novo Um dia de doces surpresas Às vezes me pergunto se eu fiz alguma diferença neste mundo. Será que fiz? E se fiz, como saberei? 9. O último dia do mal Um dia de prestar contas E o demônio? Quando Cristo voltar, o que acontecerá com ele? Como posso resistir a ele até lá? 10. Graça item por item Um dia de perdão permanente Pensar sobre o dia do julgamento me deixa inseguro. Tudo o que já fiz será revelado, não é? Mas por que isso é necessário? E quando meus pecados secretos forem revelados, não ficarei envergonhado? Humilhado? 11. A advertência do amor Um dia de justiça definitiva Minha pergunta tem a ver com o inferno. Ele existe mesmo? Em caso positivo, para que existe? Por que um Deus amoroso mandaria pessoas ao inferno? 12. Vendo Jesus Um dia de deslumbramento e júbilo Todo mundo irá ver Jesus? E, desculpe perguntar, será que eu quero ver Jesus? Nenhuma visão é eternamente bela, o que faria de Jesus uma exceção? 13. Passando pela porta Um dia de celebração sem fim Por que Jesus viria por mim? Comparado aos outros, eu sou bem comum. E já cometi muitos erros. Por que ele estaria interessado em mim? Ouvidos atentos para as trombetas Notas Guia de estudo Agradecimentos Anos atrás, escutei uma anedota curiosa, e provavelmente apócrifa, sobre o escritor Mark Twain. Um professor de escola dominical disse ao autor que seu nome havia vindo à baila na sala de aula. Um de seus jovens alunos tentava lembrar-se dos nomes dos livros do Novo Testamento. Ele começou dizendo: “Mateus, Marcos Twain, Lucas e João.” “O que o senhor acha disso, Sr. Twain?”, ela perguntou. “Bem”, ele respondeu, “já faz um bom tempo que eu estive em tão fina companhia”. Posso dizer o mesmo. Durante o tempo que empreguei escrevendo este livro, desfrutei da companhia de alguns dos mais finos filhos de Deus. E, para alguns entre eles, eu ofereço minhas palavras de gratidão. Para minha editora, Liz Heaney — quantos livros juntos já fizemos? Mais de uma dúzia, não é? Cada um melhor do que o outro, espero. Cada livro certamente mais divertido que o anterior. Obrigado por ser uma grande amiga e por não rir muito alto dos meus erros. Para minha assistente, Karen Hill — de alguma maneira você consegue fazer tudo. Cuidar do escritório. Evitar as interferências indesejáveis. Socorrer-me quando estou com problemas. Mas, ao longo do processo, você nunca perdeu seu sorriso nem sua energia. Você é única. Obrigado, muito obrigado. Para Steven e Cheryl Green, Austin, Caroline e Claire — tão certo quanto o sol nasce e se põe, vocês são amigos fiéis. Obrigado por serem Jesus para nossa família. Para Steve Halliday — obrigado por outro guia de estudos abrangente que instiga a gente e desafia meu coração. Para a família da UpWords — nenhum outro autor poderia desejar uma equipe melhor. Para a congregação de Oak Hills — que ano foi esse! Nova sede. Novas instalações. Novo cronograma. Estou feliz que vocês não tenham optado por um novo pastor. Vivemos em uma época em que nossas preces foram atendidas. Pelo privilégio de compartilhar a Palavra de Deus a cada semana, sou eternamente grato. Para os anciãos de Oak Hills — por seu cuidado pastoral diligente na igreja, por seu amor fraternal por minha família, por suas preces incansáveis pelo meu trabalho, eu lhes agradeço. Para a (cada vez maior) equipe da Oak Hills — vocês são os maiores, e estou orgulhoso de fazer parte do time. Para Victor e Tara McCracken — obrigado por um verão pleno de estudo. Bem-vindos a San Antonio. Para Becky Rayburn, nosso anjo oficial — que bênção você é! Para minhas filhas, Jenna, Andrea e Sara — uma no Ensino Médio, outra no Ensino Fundamental, outra na Pré-escola, mas todas em meu coração. Eu as amo com devoção. E para minha esposa, Denalyn — para mostrar-me sua misericórdia, Deus deu-me a cruz. Para mostrar-me sua abundância, Deus deu-me você. E para você, o leitor — como guia para as próximas páginas, eu farei o melhor que puder, falando quando tiver o que dizer e calando-me quando não tiver. E, se a qualquer momento, você tiver vontade de fechar o livro e bater um papo com o verdadeiro Autor, por favor, faça-o. Eu ainda estarei aqui quando você voltar. Quando Cristo voltar Você está em seu carro, dirigindo para casa. Seus pensamentos oscilam entre o jogo a que você quer assistir ou a refeição que você quer comer, quando subitamente um som, diferente de todos os que você já ouviu, preenche o ar. O som vem do alto. Uma trombeta? Um coral? Um coral de trombetas? Você não sabe,mas precisa descobrir o que é. Então você encosta, sai do carro e olha para cima. Ao fazê-lo, percebe que não é o único curioso. O acostamento tornou-se um estacionamento. As portas dos carros estão escancaradas, e as pessoas olham para o céu. Os clientes abandonam as lojas. Os meninos que jogam no campinho à frente pararam o jogo. Os jogadores e seus pais estão olhando para o céu. E o que eles veem, e o que você vê, jamais foi visto antes. Como se fosse uma cortina, os véus da atmosfera se partem. Uma luz brilhante derrama-se sobre a Terra. Não há sombras. Nenhuma. Do ponto de onde vem a luz começa a fluir um rio de cores — cristais pontiagudos de cada matiz que já se viu e outro milhão de tons jamais vistos. Seguindo o fluxo está uma frota infinita de anjos. Atravessam as cortinas, um grupo por vez, até ocupar cada centímetro quadrado do céu. Norte. Sul. Leste. Oeste. Milhares de asas prateadas sobem e descem em uníssono, e, por sobre o som das trombetas, você pode ouvir querubins e serafins entoando “Santo, santo, santo”. O derradeiro flanco de anjos é seguido por 24 anciãos de barbas prateadas e por uma multidão de almas que se juntam aos anjos em louvor. Agora os movimentos cessam e as trombetas silenciam, deixando apenas a tríade triunfante: “Santo, santo, santo.” Entre cada palavra há uma pausa. Com cada palavra, uma profunda reverência. Você pode ouvir sua voz juntar-se ao coro. Você não sabe o que querem dizer as palavras, mas você sabe que deve fazê-lo. Subitamente, os céus se calam. Tudo é silêncio. Os anjos se voltam, você se volta, o mundo inteiro se volta — e ei-lo. Jesus. Através das ondas de luz você pode ver a silhueta do Cristo Rei. Ele está montado em um grande corcel, e o corcel ergue-se sobre uma nuvem radiante. Ele abre sua boca, e você é envolvido pela declaração: “Eu sou o alfa e o ômega.” Os anjos inclinam as cabeças. Os anciãos tiram suas coroas. E, à sua frente, há uma figura tão intensa que você instantaneamente sabe: nada mais importa. Esqueçam os números da bolsa e os boletins escolares. As reuniões de vendas e os jogos de futebol. Nada vale a pena. Tudo o que importava, já não importa, pois eis que Cristo chegou… Como você se sente com essas palavras? Não seria interessante sentarmo-nos em círculo e escutar as reações de cada pessoa? Se um grupo de gente como a gente sintetizasse as emoções em relação à volta de Cristo a nosso mundo — que palavras ouviríamos? Que palavras você usaria? Desconforto? É provável que muita gente escolha essa palavra. Disseram-nos que nossos erros serão expostos. Disseram-nos que nossos segredos serão revelados. Os livros serão abertos, e serão lidos os nomes. Você sabe que Deus é Santo. Você sabe que você mesmo não é. Como poderia a noção de Seu retorno causar-nos outra coisa que não desconforto? Se não fosse o bastante, há ainda todas aquelas frases — “a marca da besta”, “o anticristo” e “a batalha do Armagedom”. E que tal “as guerras e os rumores de guerra”? E o que disse aquele cara na tevê? “Evite todos os números de telefone com os dígitos 666.” E aquele artigo na revista descrevendo o novo senador como o anticristo? Desconfortável, para dizer o mínimo. Ou talvez não seja “desconforto” a palavra que você escolheria. Negação talvez fosse mais precisa. (Ou não seria justamente pela negação que você lida com o desconforto?) A ambiguidade não é uma companheira agradável. Preferimos ter respostas e explicações, mas o fim dos tempos parece não ter muito disso. Por que refletir sobre o que você não consegue explicar? Se ele vier, ótimo. Se não, tudo bem também. É melhor eu ir para a cama; vou trabalhar amanhã. E que tal esta palavra: “desapontamento”? Essa pode surpreendê-lo, a não ser que você já tenha sentido isso — nesse caso você vai se identificar. Quem ficaria desapontado com a notícia da volta do Cristo? Uma grávida, por exemplo, ficaria — ela quer segurar seu bebê em seu colo. Um casal de noivos ficaria — eles querem se casar. Um soldado em uma missão no estrangeiro ficaria — ele quer voltar para casa antes. Essas três palavras formam uma pequena amostragem das muitas emoções provocadas pelo pensamento sobre a volta do Cristo. Outras pessoas podem ficar obcecadas (aquele pessoal que empunha cartazes, estuda códigos e proclama profecias complexas). Pânico. (“Venda tudo e corra para as montanhas!”). Eu me pergunto como Deus quer que a gente se sinta. Não é difícil encontrar a resposta. Jesus o disse claramente em João 14: “Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim.… voltarei e os levarei para mim” (vv. 1, 3). É uma história simples: o Pai foi embora por um tempo. Mas voltará. E, até lá, ele quer que seus filhos estejam em paz. Eu quero a mesma coisa para as minhas três filhas. Eu as deixei ontem à noite, para que eu pudesse me afastar e concluir este livro. Com um beijo e um abraço, eu atravessei a porta e prometi voltar. Se eu queria deixá-las? Não! Mas este livro requeria meu trabalho, e o editor precisava do texto, então aqui estou — afastado, batendo nas teclas do computador. Nós aceitamos o fato de que um tempo de separação é necessário para concluir um trabalho. Enquanto estamos afastados, por acaso eu quereria que elas se sentissem desconfortáveis? Será que eu quero que elas temam a minha volta? Não. E que tal a negação? Será que eu ficaria satisfeito se soubesse que elas tinham tirado meu retrato de cima do piano e meu prato da mesa de jantar, e que estão se recusando a conversar sobre minha chegada? Eu acho que não. E que tal o desapontamento? “Puxa, eu espero que papai não volte antes da sexta — eu quero muito ir naquela festa do pijama.” Serei eu um pai tão chato a ponto de a minha chegada acabar com toda a diversão? Livro nenhum traz as respostas a todas essas perguntas. E nenhum leitor irá concordar com todas as minhas sugestões. (Alguns de vocês estavam apenas começando a ler sobre a volta quando cismaram com uma opinião minha em uma das frases anteriores.) Porém, talvez Deus queira usar este livro para encorajá-lo a ficar em paz a respeito de sua volta. Você gostaria de discutir sobre o fim dos tempos e sentir-se bem por conta disso? Será que não lhe seriam úteis algumas palavras reconfortantes a respeito do retorno de Cristo? Se sim, eu acho que tenho algumas a compartilhar. Vamos conversar. Capítulo 1 “Você entra com a confiança, eu cuido de levá-lo” Quando ele virá? Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim.… voltarei e os levarei para mim. — JOÃO 14:1, 3 Ser pai é um desafio constante. Quem entre nós tem todas as respostas às perguntas das crianças? “Por que eu não posso ter outro cachorrinho?” “Mas você se casou quando tinha 18 anos. Por que eu não posso fazer o mesmo?” “Papai, o que é Viagra?” Perguntas como essas fariam um sábio ficar cismado. São fichinha, no entanto, quando comparadas a uma pergunta que as crianças fazem quando viajam. Depois de uma extensa pesquisa conduzida pela Lucado & Amigos (entrevistei algumas pessoas no corredor), determinei qual é a pergunta mais temida pelos pais. Qual é a questão que mais acomete papais e mamães? É aquela que os pequenos fazem na viagem — “falta muito?” Deem-nos problemas de geometria ou de sexualidade, mas não force um pai a responder à pergunta “falta muito?” É uma pergunta impossível. Como se fala de tempo e distância para alguém que não compreende os conceitos de tempo e distância? Os pais de primeira viagem (literalmente) podem achar que é fácil, basta fornecer os dados, “380 quilômetros”. Mas o que significam quilômetros para uma criança no Ensino Fundamental? Nada! Dava no mesmo se você tivesse falado grego. Então a criança pergunta: “O que significa ‘380 quilômetros’?” Nesse momento, você tem vontade de informar que um quilômetro equivale a mil metros ou mais ou menos dois terços de uma milha. Mas suas palavras caem no vazio, ela olha para você sem entender, senta-se quietinha até que você esqueça e então pergunta: “falta muito?” O mundo das crianças é livrede marcadores de quilômetro e de relógios despertadores. Você pode falar sobre minutos e quilômetros, mas para a criança esses conceitos não fazem sentido. Então, o que fazer? A maior parte dos pais apela para a criatividade. Quando nossas meninas eram pequenininhas, amavam ver A pequena sereia. Então Denalyn e eu usávamos o filme como uma escala de tempo: “mais ou menos o tempo que se leva para assistir ao filme da sereia três vezes”. E, por alguns minutos, isso parecia funcionar. Mas, cedo ou tarde, elas voltavam a perguntar. E, cedo ou tarde, dizíamos o que todos os pais dizem, ao fim: “confie na gente. Aproveite a viagem e não pense nos detalhes. Vamos garantir que chegaremos em casa sãos e salvos”. E era verdade. Não queríamos que nossas crianças se agoniassem com os detalhes. Então fazíamos um pacto com elas, “nós levamos vocês, vocês entram com a confiança”. Parece familiar? Pode ser. Jesus disse-nos as mesmas palavras. Logo antes da crucificação, disse aos discípulos que ele os deixaria. “Para onde vou, vocês não podem me seguir agora, mas me seguirão mais tarde” ( João 13:36). Uma declaração que certamente suscitaria perguntas. Pedro falou por todos quando perguntou: “Senhor, por que não posso seguir-te agora?” (v. 37). Confira se a resposta de Jesus não reflete a ternura de um pai para seu filho: “Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver” (João 14:1-3). Reduza esse parágrafo até só ter uma frase, e essa talvez seja “vocês entram com a confiança, e eu cuido de levá-los”. Esse é um lembrete salutar quando se trata de esperar a volta do Cristo. Para muitos, o verbo “confiar” não é facilmente associado à sua volta. Nossa mentalidade de Ensino Fundamental está mal equipada para lidar com os pensamentos de eternidade. Quando se trata de um mundo sem fronteiras de espaço e tempo, não temos como entender esses conceitos. Consequentemente, nosso Senhor assume a postura de um pai: “você entra com a confiança, eu cuido de levá-lo”. Essa é precisamente a mensagem de alerta de João 14. Vamos refletir sobre ela um pouco. Todas as palavras podem ser resumidas em três: “Confie em mim.” “Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim” (v.1). Não se deixe perturbar pela volta de Cristo. Não fique ansioso sobre as coisas que você não pode compreender. Questões como a virada do milênio e o anticristo podem nos desafiar e incomodar, mas não podem nos assombrar e certamente não podem nos dividir. Para o cristão, a volta do Cristo não é uma charada a resolver ou um código secreto — é apenas um dia pelo qual se deve esperar. Jesus quer que confiemos nele. Ele não nos quer perturbados, então ele nos tranquiliza com estas verdades: Tenho muito espaço para vocês. “Na casa de meu Pai há muitos aposentos” (v. 2). Por que Jesus se refere a “muitos aposentos”? O que quis dizer Jesus quando mencionou o tamanho da casa? Você pode responder a essa pergunta pensando em quantas vezes na vida você ouviu o contrário. Já não houve ocasiões em que lhe disseram “não temos vaga para você aqui”? Não teria sido no escritório? “Sinto muito, não temos vaga para você neste negócio.” Não teria sido nos esportes? “Não temos vaga para você neste time.” De alguém que você ama? “Não tenho espaço para você em meu coração.” De algum intolerante? “Não tem lugar aqui para gente como você.” E, mais triste, não teria sido na igreja? “Você cometeu erros demais. Aqui não tem lugar para você.” Eis umas das mais tristes palavras no mundo: “Não temos lugar para você aqui.” Jesus conhecia o som dessas palavras. Ele estava ainda no ventre de Maria, quando o estalajadeiro disse: “Não temos vagas para vocês aqui.” Quando os moradores de sua cidade natal tentaram apedrejá-lo, não estavam dizendo a mesma coisa? “Não temos lugar para profetas nesta cidade.” Quando os líderes religiosos acusaram-no de blasfêmia, não estavam enxotando-o? “Não temos lugar para um autoproclamado messias neste país.” E quando ele foi posto na cruz, não seria a suma mensagem de rejeição? “Não temos lugar para você neste mundo.” Mesmo hoje Jesus recebe o mesmo tratamento. Ele vai de coração a coração, pedindo para entrar. Mas, na maioria das vezes, ele escuta as mesmas palavras proferidas pelo estalajadeiro de Belém: “Sinto muito. Lotado. Não temos vagas para você aqui.” Porém, de vez em quando, ele é bem-vindo. Alguém abre a porta de seu coração e convida-o a ficar. E, para essa pessoa, Jesus dá a grande promessa: “Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. Na casa de meu Pai há muitos aposentos.” “Tenho muito espaço para vocês”, diz ele. Que promessa deliciosa ele nos faz! Abrimos espaço para ele em nosso coração, e ele nos abre espaço em sua casa. Sua casa tem espaço de sobra. Sua casa traz uma segunda bênção: Tenho um lugar preparado para você. “Vou preparar-lhes lugar” (v. 2). Há alguns anos, eu passei uma semana pregando em uma igreja da Califórnia cujos membros eram anfitriões incríveis. Todas as minhas refeições foram providenciadas, cada uma em uma casa diferente, cada casa uma mesa completa, e conversas deliciosas. Mas, após algumas refeições, comecei a notar uma coisa estranha. Tudo o que comíamos era salada. Eu gosto de salada como todo mundo, mas eu gosto mais dela como um aquecimento para o prato principal. Mas, em todo lugar que eu ia, salada era o prato principal. Nada de carne. Sem sobremesa. Só saladas. A princípio, achei que era uma coisa da Califórnia. Mas, por fim, tive de perguntar. A resposta me confundiu: “Disseram que você só come saladas.” Bem, eu prontamente desfiz o engano, e me perguntei de onde eles tinham tirado essa distorção absurda. Ao recapitular, descobrimos que surgiu a partir de um ruído na comunicação entre nosso escritório e o deles. Os anfitriões tinham a melhor boa-vontade, mas a informação de que dispunham não era boa. Alegro-me em dizer que o problema foi corrigido e que eu desfrutei de uma boa carne. Mais alegre ainda estou em dizer a você que Jesus não cometerá o mesmo erro com você. Ele está fazendo por você o que meus amigos da Califórnia fizeram por mim. Está preparando o lugar. Há uma diferença, no entanto. Ele sabe exatamente do que você precisa. Você não precisa se preocupar sobre tédio ou cansaço ou em ver as mesmas pessoas ou cantar a mesma música. E você certamente não precisa se preocupar se todas as refeições serão só salada. Ele está preparando o lugar perfeito para você. Gosto muito da definição de John MacArthur para a vida eterna: “O céu é o lugar perfeito para as pessoas tornadas perfeitas.”1 Confie nas promessas de Cristo. “Tenho espaço de sobra para vocês; tenho um lugar preparado para vocês.” E o último compromisso de Jesus: Não estou brincando. “E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver” (v. 3). Você consegue identificar uma ligeira mudança de tom nesse último versículo? As primeiras frases são mais acolhedoras: “Não se perturbe o coração de vocês.” “Creiam em Deus.” “Há muitos aposentos.” Há ternura nessas palavras. Mas então o tom muda. Discretamente. A ternura continua, mas agora pontuada com convicção: “Eu voltarei…” George Tulloch mostrava uma determinação semelhante. Em 1996, ele liderou uma expedição ao lugar onde o Titanic havia afundado em 1912. Ele e sua tripulação encontraram diversos objetos, de óculos a joias e louças. Em sua pesquisa, Tulloch percebeu que um grande pedaço do casco havia partido do navio e jazia não muito longe. Tulloch imediatamente percebeu a oportunidade. Havia uma chance de resgatar parte do próprio navio. O time então tratou de erguer o pedaço de ferro de vinte toneladas e colocá-lo a bordo. Foram bem-sucedidos ao içá-lo à superfície, mas uma tempestade irrompeu, partindo as amarras,e o Atlântico pegou de volta seu tesouro. Tulloch foi obrigado a recuar e reagrupar-se. Mas, antes de partir, fez algo curioso. Desceu até o fundo do mar e, com o braço robótico de seu submarino, grudou uma tira de metal a uma parte do casco. Na tira ele havia escrito estas palavras: “Eu voltarei. George Tulloch.”2 À primeira vista, foi um ato de humor. Quero dizer, não é como se ele tivesse de se preocupar com alguém roubando aquele pedaço de ferro. Para começo de conversa, estava a quatro mil metros da superfície do Atlântico. Além disso… bem, era só um pedaço de sucata. Quem é que se interessaria tanto por ele? É claro que alguém poderia dizer a mesma coisa sobre você e eu. Por que Deus se daria ao trabalho de nos resgatar? Que valor temos para ele? Ele deve ter suas razões, porque, há dois mil anos, ele entrou nas águas turbulentas deste mundo em busca de seus filhos. E, para todos que permitirem que ele o faça, ele toma posse e escreve seu nome. “Eu voltarei”, é o que diz. George Tulloch não só disse. Dois anos mais tarde, voltou e resgatou o pedaço de ferro. Jesus fará o mesmo. Não sabemos quando ele virá nos buscar. Não sabemos como ele virá nos buscar. Na verdade, nem sabemos porque ele viria nos buscar. Oh, até temos nossas ideias e opiniões. Mas o que mais temos é fé. Fé que ele terá espaços de sobra e um lugar preparado e que, no momento certo, ele virá para que estejamos onde ele está. Ele cuidará de nos levar. Cabe a nós ter confiança. Capítulo 2 Esperando adiante Um dia para ser aguardado Visto que tudo será assim desfeito, que tipo de pessoas é necessário que vocês sejam? Vivam de maneira santa e piedosa, esperando o dia de Deus. — 2 PEDRO 3:11, 12 É engraçado como as Escrituras fazem as pessoas serem lembradas de modos diferentes. Abraão é lembrado como o que confia. Pense em Moisés, e você terá a imagem de uma pessoa que lidera. O lugar de Paulo nas Escrituras foi determinado pela sua escrita, e João é conhecido pelo seu amor. Mas Simeão é lembrado, note bem, não por liderar ou pregar ou amar, mas sim por esperar. “Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão, que era justo e piedoso, e que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele” (Lucas 2:25, grifo do autor). Prestemos atenção em Simeão, o homem que sabia como esperar pela chegada do Cristo. A maneira como ele esperou pela primeira vinda é nosso modelo de como devemos esperar pela sua segunda vinda. Nosso breve encontro com Simeão ocorre oito dias após o nascimento de Jesus. Jesus e Maria haviam trazido seu filho ao Templo. É dia de um sacrifício, o dia da circuncisão, o dia de dedicação. Mas, para Simeão, é o dia de celebração. Imaginemos um sujeito de cabeça branca, encarquilhado, cruzando com dificuldade as vielas de Jerusalém. As pessoas na feira chamam seu nome, mas ele só acena, e segue adiante. Os vizinhos o cumprimentam, e ele cumprimenta de volta, mas não para. Amigos batem papo nas esquinas, e ele sorri e continua. Ele tem um lugar para ir, e não tem tempo a perder. O versículo 27 contém esta declaração curiosa: “Movido pelo Espírito, ele foi ao templo.” Aparentemente, Simeão não tinha planos de ir ao templo. Deus, no entanto, pensava de outra maneira. Não sabemos como surgiu a convocação — um chamado do vizinho, um convite de sua esposa, um palpite no coração — nós não sabemos. Mas de alguma maneira Simeão soube que deveria deixar seus compromissos de lado: “estou indo para o templo”, anunciou. Desse lado do ocorrido, compreendemos a convocação. Se Simeão compreendeu ou não, é outra questão. Sabemos, no entanto, que não era a primeira vez que Deus lhe cutucava os ombros. Em pelo menos outra oportunidade havia recebido uma mensagem de Deus. “Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que ele não morreria antes de ver o Cristo do Senhor” (v. 26). É de se perguntar o que uma mensagem como essa faria a uma pessoa. O que ela faria a você se você soubesse que falaria com Deus? Sabemos o que ela fez a Simeão. Ele “esperava a consolação” (v. 25). Ele estava “vivendo na expectativa da salvação de Israel” (v. 25, PHILLIPS, tradução livre). Ele “observava e aguardava a restauração de Israel” (v. 25, NEB, tradução livre). Simeão é um homem atento e a postos, de olho aberto procurando aquele que estava para vir a fim de salvar Israel. Talvez você saiba como é procurar alguém que veio encontrá-lo. Eu sei. Quando eu viajo para falar às pessoas, muitas vezes não sei quem vai me buscar no aeroporto. Alguém foi designado para isso, mas eu não conheço a pessoa. Assim, desembarco do avião procurando pelos rostos de pessoas que nunca vi. Porém, apesar de nunca ter visto a pessoa, sei que vou encontrá-la. Ela pode ter meu nome em uma placa, ou meu livro em suas mãos, ou apenas uma expressão curiosa no rosto. Se você me perguntasse como é que eu iria reconhecer quem veio me encontrar, eu diria “não sei, sei apenas que vou reconhecer”. Aposto que Simeão teria dito a mesma coisa. “Como é que você vai reconhecer o rei, Simeão?” “Eu não sei, sei apenas que vou reconhecê-lo.” E assim, continua a procurar. Como um detetive atrás de pistas, ele procura. Estudando cada rosto que passa. Encarando os olhos de estranhos. Está procurando por alguém. A língua grega, tão rica de termos, tem um depósito lotado de verbos que significam “olhar”. Um significa “olhar adiante”, outro “desviar o olhar”; outro é usado em “olhar para dentro”, e assim por diante. A expressão “olhar para algo intencionalmente” requer uma palavra específica e “olhar por alguém atenciosamente”, “perscrutar com atenção” exige outra. De todas as formas de “olhar”, a que melhor captura o que significa “olhar para o que vem” é o termo usado para descrever o que fazia Simeão: prosdechomai. Dechomai significando “esperar”. Pros, “adiante”. Combine ambos e você terá a representação de “esperar adiante”. A gramática pode não ser grandes coisas, mas a imagem é perfeita. Simeão esperava, não exigia, não se apressava, apenas esperava. Ao mesmo tempo, ele esperava adiante. Pacientemente, atentamente. Uma calma expectativa. Olhos arregalados. Braços estendidos. Procurando na multidão o rosto certo, e esperando que o rosto aparecesse hoje. Tal era o modo de vida de Simeão, e tal pode ser o seu. Assim como Simeão, não nos foi dito do Cristo que virá? Não somos, assim como Simeão, herdeiros de uma promessa? Não fomos convocados pelo mesmo espírito? Não estamos aguardando ver o mesmo rosto? Certamente. Na verdade, o mesmíssimo verbo é usado mais à frente em Lucas, para descrever a postura do servo que aguarda: Estejam prontos para servir, e conservem acesas as suas candeias, como aqueles que esperam (prosdechomai) seu senhor voltar de um banquete de casamento; para que, quando ele chegar e bater, possam abrir-lhe a porta imediatamente. Felizes os servos cujo senhor os encontrar vigiando quando voltar. Eu lhes afirmo que ele se vestirá para servir, fará que se reclinem à mesa, e virá servi- los (Lucas 12:35-37). Observe a postura dos servos: a postos e aguardando. Note o que faz o mestre. Está tão encantado que seus servos o estão aguardando e cuidando dele que ele mesmo toma a forma de um servo e os serve! Eles sentam-se para o banquete e são cuidados pelo mestre! Por quê? Por que recebem tal honra? O mestre ama encontrar pessoas que estão esperando por sua volta. O mestre recompensa os que “esperam adiante”. As duas palavras são cruciais. Primeiramente, precisamos esperar. Paulo diz: “Mas se esperamos o que ainda não vemos, aguardamo-lo pacientemente” (Romanos 8:25). Simeão é nosso modelo. Ele não estava tão agoniado com o “ainda não” a ponto de ignorar o “agora mesmo”. Lucas diz que Simeão era um “justo e piedoso” (2:25). Pedro nos conclama a seguir seu exemplo. “O dia do Senhor, porém, virá como ladrão. Os céus desaparecerão com um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor, e a Terra, e tudo o que nela há, será desnudada. Visto que tudo será assim desfeito, que tipo de pessoas é necessário que vocês sejam?” (2 Pedro3:10, 11). Boa pergunta. Que tipo de pessoa devemos ser? Pedro nos diz: “Vivam de maneira santa e piedosa, esperando [eis aquela palavrinha de novo] o dia de Deus e apressando a sua vinda” (vv. 11, 12, com intervenção do autor). Esperança no futuro não é uma desculpa para sermos irresponsáveis no presente. Esperemos adiante, mas esperemos. Porém, para a maioria de nós, esperar não é o problema. Ou, talvez eu deva dizer, esperar é o problema. Somos tão bons em esperar que não esperamos adiante. Esquecemos de procurar. Somos tão pacientes que nos tornamos complacentes. Estamos satisfeitos demais. Quase não perscrutamos os céus. Raramente corremos para o Templo. Poucas vezes, se tanto, permitimos que o Espírito Santo interrompa nossos planos e nos guie para a louvação a fim de que possamos ver Jesus. É para aqueles entre nós que são fortes em esperar e fracos em observar que o Senhor se dirige, quando diz: “Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai […] Portanto, vigiem, porque vocês não sabem em que dia virá o seu Senhor. […] Assim, também vocês precisam estar preparados, porque o Filho do homem virá em uma hora em que vocês menos esperam” (Mateus 24:36, 42,44). Simeão nos recorda de “esperar adiante”. Pacientemente atentos. Mas não tão pacientes que nos faça perder a atenção. E nem tão atentos que percamos nossa paciência. Ao fim, a oração de Simeão foi atendida. “Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus, dizendo: ‘Ó Soberano, como prometeste, agora podes despedir em paz o teu servo’” (Lucas 2:28, 29). Bastou olhar o rosto de Jesus para Simeão saber que era hora de ir para casa. E bastará uma olhada no rosto de nosso Salvador para que saibamos da mesma coisa. Capítulo 3 O berço da esperança Um dia de prova e promessa Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem. — 1 CORÍNTIOS 15:23 O terremoto de 1989 na Armênia precisou apenas de quatro minutos para arrasar toda a nação e matar trinta mil pessoas. Assim que o tremor mortífero cessou, um pai correu para uma escola primária a fim de salvar seu filho. Quando chegou, viu que o edifício havia desabado. Olhando para a massa de pedras e detritos, lembrou-se de uma promessa que fizera a seu filho: “Não importa o que acontecer, eu sempre estarei ao seu lado.” Guiado pela própria promessa, localizou a área mais próxima de onde ficava a sala de seu filho e começou a retirar as pedras. Outros pais chegaram e começaram a chorar pelas suas crianças. “É tarde demais”, disseram ao homem. “Você sabe que as crianças estão mortas. Não adianta tentar.” Até um policial encorajou-o a desistir. Mas o pai se recusou. Por oito horas, depois dezesseis, depois 32, trinta e 36, e ele escavando. Suas mãos estavam escalavradas e sua energia quase extinta, mas ele se recusava a desistir. Finalmente, após 38 horas de aflição, ele arrancou um grande bloco de concreto e ouviu a voz de seu filho. Ele gritou o nome de seu menino, “Arman! Arman!” E uma voz respondeu: “Papai, sou eu!” E o menino acrescentou estas palavras maravilhosas: “Eu disse às outras crianças para não se preocuparem. Disse que se você estivesse vivo, viria me salvar, e, quando me salvasse, salvaria todas elas, também. Porque você tinha prometido: ‘Não importa o que aconteça, eu sempre vou estar ao seu lado’.”1 Deus nos fez a mesma promessa. “Eu voltarei…”, nos garantiu. Sim, as rochas desabarão. Sim, o chão irá tremer. Mas as crianças de Deus não têm de sentir medo — pois o Pai nos prometeu que estaremos com ele. Será que nós ousamos acreditar na promessa? Ousamos confiar em sua lealdade? Não haveria uma parte em nós, mais cautelosa, que se pergunta o quão confiáveis seriam essas palavras? Talvez você não tenha dúvidas. Se for assim, pode ser que queira pular este capítulo. Para outros entre nós, no entanto, um lembrete pode ser bem útil. Como podemos saber que ele fará o que disse? Como podemos acreditar que ele irá remover as pedras e nos libertar? Porque ele já fez isso uma vez. Vamos revisitar o momento? Sentemo-nos no chão, vamos sentir a escuridão e mergulhar no silêncio enquanto enxergamos, com os olhos do coração, o que os olhos de nosso rosto não podem enxergar. Vamos visitar o túmulo, porque é onde Jesus está deitado. Imóvel. Frio. Rígido. O maior troféu da morte. Ele não está dormindo ou descansando ou em estado de coma no túmulo — está morto no túmulo. Não há ar em seus pulmões. Não há pensamentos em seu cérebro. Seus membros não sentem nada. Seu corpo é tão sem vida quanto a lápide rochosa sobre o qual foi deposto. Os executores se certificaram. Quando Pilatos soube que Jesus estava morto, perguntou aos soldados se eles tinham certeza. Eles tinham. Se tivessem visto o Nazareno se contorcer, se tivessem ouvido um gemido, teriam quebrado suas pernas para apressar seu fim. Mas não fora necessário. Uma estocada de uma lança acabou com as dúvidas. Os romanos sabiam fazer seu trabalho. E o trabalho deles havia terminado. Afrouxaram os pregos, desceram o corpo, e deram-no a José e Nicodemos. José de Arimateia. Nicodemos, o fariseu. Ocupavam posições poderosas e tinham influência. Homens de meios e recursos. Mas que teriam trocado tudo isso por um sopro que saísse do corpo de Jesus. Tinham respondido à oração de seu coração, a oração por um Messias. Não importa quanto os soldados o quisessem morto, mas esses homens ainda o queriam vivo. Você não sabe que, enquanto limpavam o sangue da barba, tentavam ouvir sua respiração? E que, quando removiam os panos de suas mãos, tinham a esperança de que houvesse um pulso? Você não sabe que eles procuraram a vida? Mas não a encontraram. Então fizeram o que se espera que se faça a um homem morto. Embalsamaram-no em linho e o depositaram no túmulo. O túmulo de José. Soldados romanos foram destacados para guardar o corpo. E um selo romano foi colocado sobre a rocha que encerrava o túmulo. Por três dias, ninguém chegou perto da sepultura. E então chegou o domingo. E com o domingo veio a luz — uma luz de dentro do túmulo. Uma luz brilhante? Uma luz suave? Faiscante? Vinda de cima? Não sabemos. Mas houve uma luz. Pois que ele era a luz. E com a luz veio a vida. A escuridão foi banida, a deterioração foi revertida. O céu sopra e Jesus respira. Seu peito se expande. Seus lábios ressecados se abrem. Seus dedos nodosos se erguem. As válvulas de seu coração passam a se comprimir e as juntas rígidas flexionam-se. E, quando visualizamos o momento, assombramo-nos. Assombramo-nos não somente pelo que vemos, mas pelo que sabemos. Sabemos que, da mesma maneira, iremos morrer. Sabemos que iremos, também, ser enterrados. Nossos pulmões, como os dele, serão esvaziados. Nossas mãos, como as dele, serão enrijecidas. Mas seu corpo que se ergue e a rocha que afasta faz nascer uma crença poderosa: “Eis no que acreditamos: se formos incluídos na morte de Cristo que conquista o pecado, também seremos incluídos na ressurreição que salvará vidas” (Romanos 6:5-9, MSG). Para os de Tessalônica, Paulo declarou: “Já que Jesus morreu e livrou-se da sepultura, Deus certamente irá trazer de volta à vida aqueles que morrerem em Jesus” (1 Tessalonicenses 4:14, MSG). E, para os de Corinto, afirmou: “Assim como, por estarem unidos com Adão [isto é, somos todos parentes], todos morrem, assim também, por estarem unidos com Cristo, todos ressuscitarão. Porém, cada um será ressuscitado na sua vez” (1 Coríntios 15:22, 23, NTLH, com intervenção do autor). Para Paulo e para qualquer seguidor de Cristo, a promessa é simplesmente esta: a ressurreição de Jesus é uma prévia e uma prova da nossa ressurreição. Mas como podemos confiar nessa promessa? A ressurreição é uma realidade? É verdade que o túmulo ficou vazio? Essa não é apenas uma boa pergunta. É a grande pergunta. Pois, como escreveu Paulo, “se Cristo não foi ressuscitado, a fé que vocês têm é uma ilusão, e vocês continuam perdidos nos seus pecados” (1 Coríntios 15:17, NTLH). Em outras palavras, se Cristo foi erguido, entãoseus seguidores se juntarão a ele; mas, se não, então seus seguidores são meros tolos. A ressurreição, portanto, é a base da fé cristã. Se essa base é sólida, então a construção sobre ela é confiável. Se você a remover, toda a casa desmorona. No entanto, não se pode remover a base, porque, se Jesus não estava no túmulo, onde estaria? Alguns especulam que ele nem ao menos teria morrido. Acreditou-se que ele estava morto, quando estaria apenas inconsciente. Até que acordou, e caminhou para fora da sepultura. Mas, falando sério, essa teoria não se sustenta. Jesus foi submetido a chicotadas, sede e desidratação, havia pregos em suas mãos e em seus pés, e, acima de tudo, uma lança enfiada em seu flanco. Como poderia um homem sobreviver a tal tratamento? E mesmo se ele sobrevivesse, poderia ele, com as próprias mãos, fazer rolar uma rocha imensa do túmulo, derrotar os guardas romanos e fugir? Dificilmente. Esqueça a hipótese de Jesus não estar morto. Outros acusam os discípulos de terem roubado o corpo para forjar a ressurreição. Dizem que os seguidores de Jesus — pescadores e coletores de impostos, gente comum — sobrepujaram os soldados romanos, sofisticados e bem armados, e os detiveram o tempo suficiente para mover a rocha selada, desembrulhar o corpo e fugir. Muito pouco plausível, mas, mesmo que fosse, supondo que os discípulos teriam roubado o corpo, como explicaríamos seus martírios? Muitos entre eles morreram por sua fé. Morreram por sua crença no Senhor ressuscitado. Poderiam ter falsificado a ressurreição e depois morrer por uma mentira? Acho que não. Temos de concordar com John R. W. Stott, que escreveu: “Hipócritas e mártires não são feitos do mesmo material.”2 Alguns chegam ao ponto de afirmar que os judeus roubaram o corpo. Seria possível que alguns inimigos de Jesus tivessem levado o corpo? Talvez, mas por que o fariam? Eles querem o corpo no túmulo. E, cabe perguntar, se eles de fato roubaram o corpo, por que não o apresentaram? Por que não o exibiram? Coloquem o cadáver do carpinteiro em um féretro e desfilem por Jerusalém, e o movimento liderado por Jesus seria desmoralizado. Mas eles não apresentaram o corpo. Por quê? Porque o corpo não estava com eles. A morte de Cristo foi real. Os discípulos não levaram seu corpo embora. Os judeus não o levaram. Então onde está? Bem, durante os últimos dois mil anos, milhões de pessoas preferiram aceitar a simples explicação dada pelo anjo a Maria Madalena. Quando ela veio visitar a sepultura e a encontrou vazia, disseram a ela: “Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito” (Mateus 28:6). Por três dias o cadáver de Jesus se deteriorou. Não “descansou em paz”, veja bem. Deteriorou-se. As bochechas murcharam e a pele empalideceu. Mas, após três dias, o processo se reverteu. Algo aconteceu lá no fundo daquela sepultura… e o Cristo vivo saiu de lá. E, no momento em que ele caminhou para fora de lá, tudo mudou. Como disse Paulo: “Se formos unidos com ele por uma morte igual a dele, assim também seremos unidos com ele por uma ressurreição igual a dele. Pois sabemos que a nossa velha natureza pecadora já foi morta com Cristo na cruz a fim de que o nosso eu pecador fosse morto, e assim não sejamos mais escravos do pecado” (Romanos 6:5, 6, NTLH). A ressurreição é como um fogo de artifício explodindo para anunciar a quem busca com sinceridade de que é seguro acreditar. É seguro acreditar na justiça final. É seguro acreditar que o céu é nossa morada e que a Terra é só uma passagem. É seguro acreditar em um tempo em que as dúvidas não vão nos manter acordados e que a dor não nos abaterá. É seguro acreditar em sepulturas abertas, dias sem fim e glória genuína. Uma vez que pudermos aceitar a história da ressurreição, será seguro aceitar o resto da história. Por conta da ressurreição, tudo muda. A morte muda. Costumava ser o fim; agora é só o começo. O cemitério muda. As pessoas iam lá para dizer adeus; agora elas vão para dizer “vamos voltar a ficar juntos”. Até o caixão muda. Não é mais uma caixa em que escondemos nosso corpo, mas uma espécie de casulo no qual o corpo é mantido até que Deus o liberte para voar. E, algum dia, de acordo com Cristo, ele nos libertará. Ele voltará. “Voltarei e os levarei para mim” (João 14:3). E para provar que ele falava sério, a rocha foi afastada e seu corpo se ergueu. Porque ele sabe que algum dia este mundo vai voltar a estremecer. Em um piscar de olhos, tão rápido quanto os raios que caem do leste para o oeste, ele voltará. E todo mundo o verá — você o verá, eu o verei. Os corpos irão afastar a Terra para o lado e romper a superfície do mar. A Terra estremecerá, o céu rugirá, e os que não o conhecem irão tremer. Mas nessa hora você não terá medo, porque você o conhece. Pois você, assim como o menino da Armênia, ouviu a promessa feita pelo seu Pai. Você sabe que ele moveu a rocha — não a rocha do terremoto armênio, mas a rocha da sepultura de Arimateia. E, no momento em que ele removeu a rocha, também removeu todas as razões para ter dúvida. E nós, assim como o garoto, podemos acreditar nas palavras de nosso Pai: “Voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver” (João 14:3). Capítulo 4 Nos braços cálidos de Deus Um dia de reencontros felizes O próprio Senhor descerá do céu. Aqueles que morreram crendo em Cristo ressuscitarão primeiro. Então nós, os que estivermos vivos, seremos levados nas nuvens, junto com eles, para nos encontrarmos com o Senhor no ar. E assim ficaremos para sempre com o Senhor. Portanto, animem uns aos outros com essas palavras. — 1 TESSALONICENSES 4:16-18 Se você precisa ser lembrado de quão frágil é a humanidade, eis aqui uma cena para que você testemunhe. Na próxima vez que você pensar que as pessoas se tornaram demasiadamente estoicas e autossuficientes, eu tenho um lugar para você visitar. Quando você estiver preocupado achando que os corações se tornaram duros e as lágrimas secaram, deixe-me levá-lo a um lugar onde os joelhos dos homens tremem e as lágrimas das mulheres escorrem. Deixe-me levá-lo a uma escola, e vamos observar os pais quando deixam seus filhos pela primeira vez. É uma ocasião traumática. O sino já soou, e as aulas já começaram, mas os adultos continuam no pátio, oferecendo palavras de consolo e formando grupos de apoio. Os pais sabem que a escola é boa, que a educação é a coisa certa a se fazer, e que verão seus pequenos em poucas horas, mas, mesmo assim, não querem dizer adeus. Não gostamos de dizer adeus àqueles que amamos. Mas a experiência que enfrentamos na volta às aulas é um piquenique se comparada ao que se passa no cemitério quando uma morte acontece. Uma coisa é deixar os que amamos em um ambiente que nos é familiar. Outra coisa, totalmente diferente, é deixá-los partir para um mundo que não conhecemos e que não podemos descrever. Não gostamos de dizer adeus àqueles que amamos. Mas temos de fazê-lo. Não há como evitar, por mais relutantes que estejamos em discutir o assunto — a morte é uma parte muito real da vida. Cada um de nós tem de soltar as mãos daqueles que amamos para que eles segurem as mãos de quem não conhecemos. Você conseguiria lembrar a primeira vez que a morte o forçou a dizer adeus? A maioria de nós consegue. Um dia, quando eu estava na antiga quarta série do Ensino Fundamental, cheguei da escola e me surpreendi ao encontrar a caminhonete do meu pai na entrada da garagem. Eu o encontrei no banheiro, barbeando-se. “Seu tio Buck morreu hoje”, disse. Essa notícia me entristeceu. Gostava do meu tio. Não o conhecia bem, mas gostava dele. A novidade também me deixou curioso. No funeral, escutei palavras como “partiu e nos deixou”, “foi para um lugar melhor”, “seguiu à frente”. Eram expressões que eu desconhecia. Perguntei-me: “Partiu para onde?”, “Que lugar melhor é esse?”, “Está à frente da gente?” Logicamente, desde então aprendi que não sou o único com dúvidas a respeito da morte. Participe de qualquer conversa a respeito da volta de Cristo, e alguém irá perguntar: “Mas o que acontecerá com aquelesque já morreram? O que acontece com os cristãos entre a morte e a volta de Jesus?” Aparentemente, a igreja em Tessalônica fez a mesma pergunta. Ouça o que disse a eles Paulo: “Irmãos, queremos que vocês saibam a verdade a respeito dos que já morreram, para que não fiquem tristes como ficam aqueles que não têm esperança.” (1 Tessalonicenses 4:13, NTLH). A igreja havia enterrado sua cota de entes queridos. E Paulo quer que os membros que restaram fiquem em paz em relação àqueles que partiram na frente. Muitos de vocês também já enterraram seus amados. E, assim como Deus falou a eles, é com vocês que ele está falando. Se você for passar seu aniversário de casamento sozinho este ano, ele está falando com você. Se seu filho chegou ao céu antes de chegar à Pré-escola, ele está falando com você. Se você perdeu um ente querido para a violência, se você aprendeu mais do que gostaria sobre doenças, se seus sonhos foram enterrados junto com o caixão de alguém querido, ele está falando com você. Ele está falando com todos entre nós que já pisaram a terra macia ao lado de uma sepultura recém-aberta. E para nós ele dá estas palavras de confiança: “Irmãos, queremos que vocês saibam a verdade a respeito dos que já morreram, para que não fiquem tristes como ficam aqueles que não têm esperança. Nós cremos que Jesus morreu e ressuscitou; e assim cremos também que, depois que Jesus vier, Deus o levará de volta e, junto com ele, levará os que morreram crendo nele” (1 Tessalonicenses 4:13,14, NTLH). Deus transforma nossa tristeza vazia de esperanças em tristeza repleta de esperanças. Como ele faz isso? Ao nos contar que veremos nossos amados mais uma vez. Bob Russel é um amigo que faz pregações no estado do Kentucky. Seu pai faleceu recentemente. O funeral aconteceu em um dia frio, nublado e tristonho. As estradas cobertas de neve impediam o cortejo fúnebre, então o diretor disse a Bob: “Deixa que eu levo o corpo de seu pai para a sepultura.” Bob não poderia suportar a ideia de faltar ao enterro do próprio pai, então ele, seu irmão e seus filhos entupiram um veículo com tração nas quatro rodas, e seguiram o carro da funerária. Eis como ele descreveu o evento: Tivemos de cortar uns vinte centímetros de neve para chegar ao cemitério, conseguimos chegar a uns cinquenta metros da sepultura de papai, com o vento soprando a uns quarenta quilômetros por hora, e nós seis carregamos o caixão para a cova… Ficamos olhando o corpo ir descendo na cova e nos voltamos para partir. Senti que alguma coisa faltava, então disse: “Gostaria de fazer uma oração.” Nós seis nos agrupamos e eu orei: “Senhor, este é um lugar tão frio e solitário…” Então engasguei e não pude continuar. Continuei batalhando para manter a compostura, e por fim sussurrei apenas: “Mas eu lhe agradeço, pois sei que estar ausente do corpo é estar a salvo em seus braços cálidos.”1 Não é nisso que queremos acreditar? Assim como cada pai ou mãe precisa saber que seu filho está a salvo na escola, ansiamos saber se nossos entes queridos estão a salvo na morte. Desejamos o reconforto de que a alma estará imediatamente ao lado de Deus. Mas como ousamos acreditar nisso? Podemos acreditar nisso? Segundo a Bíblia, sim, nós podemos. As Escrituras são surpreendentemente pouco eloquentes sobre essa fase de nossa vida. Quando fala sobre o período entre a morte e a ressurreição do corpo, a Bíblia não berra, ela apenas sussurra. Mas, na confluência desses sussurros, uma voz firme é ouvida. Essa voz tem a autoridade de nos garantir que, na morte, o cristão entra imediatamente na presença de Deus e desfruta a companhia consciente do Pai e daqueles que já haviam partido. De onde eu tiro essas ideias? Ouça alguns desses sussurros: Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Caso continue vivendo no corpo, terei fruto do meu trabalho. E já não sei o que escolher! Estou pressionado dos dois lados: desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor (Filipenses 1:21-23). O que está escrito sugere uma partida imediata da alma após a morte. Os detalhes da gramática são um pouco tediosos, mas levaram um estudioso a sugerir: “O que Paulo está dizendo aqui é que o momento em que ele partir ou morrer, será o momento em que ele estará com Cristo.”2 Outra pista vem da carta que Paulo escreveu para os coríntios. Talvez você já tenha escutado a frase “estar ausente do corpo é habitar com o Senhor”. Paulo a disse primeiro: “Temos, pois, confiança e preferimos estar ausentes do corpo e habitar com o Senhor” (2 Coríntios 5:8). Na segunda vinda de Cristo, nossos corpos serão ressuscitados. Mas, obviamente, Paulo não está falando sobre isso nesse versículo. Se estivesse, não teria empregado a frase “ausentes do corpo”. Paulo está descrevendo uma fase após nossa morte e anterior à ressurreição de nosso corpo. Durante esse tempo, estaremos “habitando com o Senhor”. Não é essa a promessa que Jesus fez ao ladrão na cruz? Antes disso, o ladrão havia negado Jesus. Agora ele se arrepende e pede misericórdia. “Lembra-te de mim quando entrares no teu Reino” (Lucas 23:42). Provavelmente, o ladrão estava orando para ser lembrado em algum ponto distante do futuro, quando viesse o Reino. Ele não esperava uma resposta imediata. Mas recebeu uma: “Eu lhe garanto: hoje você estará comigo no paraíso” (v. 43). A primeira mensagem nesse trecho trata da graça divina, ilimitada e surpreendente. Mas uma segunda mensagem é o imediato transporte dos que são salvos à presença de Deus. A alma do que crê faz a jornada para casa, enquanto o corpo do que crê aguarda a ressurreição. Quando Estêvão era martirizado, ele enxergou “o céu aberto e o Filho do homem de pé, à direita de Deus” (Atos 7:56). Ao aproximar-se a morte, ele orou: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito” (v. 59). É seguro supor que é justamente isso o que Jesus fez. Ainda que o corpo de Estêvão estivesse morto, seu espírito estava livre. Ainda que seu corpo estivesse enterrado, seu espírito estava na presença do próprio Jesus. Há quem não concorde com essa ideia. Eles propõem um período intermediário de purgação, uma “quarentena”, em que seremos punidos por nossos pecados. Esse “purgatório” é o lugar em que, por um período indeterminado, recebemos o que merecemos por conta de nossos pecados, para que possamos ter direito ao que Deus preparou para nós. Mas há duas coisas que me incomodam a respeito dessa doutrina. Para começo de conversa, nenhum de nós pode suportar o que merecemos por conta dos nossos pecados. E isso Jesus já suportou. A Bíblia ensina que a paga do pecado é a morte, não o purgatório (veja Romanos 6:23). A Bíblia também ensina que Jesus se tornou nosso purgatório e tomou para si nossa punição: “Depois de ter realizado a purificação dos pecados, ele se assentou à direita da Majestade nas alturas” (Hebreus 1:3). Não existe purgatório porque o purgatório ocorreu no Calvário. Outros entendem que, enquanto o corpo estiver enterrado, a alma estará dormindo. Eles chegam a essa conclusão de maneira honesta. Em sete ocasiões diferentes, em duas epístolas diferentes, Paulo emprega o termo dormir para se referir à morte (veja 1 Coríntios 11:30; 15:6; 18:20; 1 Tessalonicenses 4:13-15). Poderíamos certamente deduzir que o tempo entre a morte e a volta de Cristo é passado dormindo. (E, se fosse mesmo assim, quem estaria reclamando? Bem que um descanso viria a calhar!) Mas há um problema. A Bíblia se refere a alguns que já teriam morrido, e eles certamente não estão dormindo. Seus corpos estão dormindo, mas sua alma está bem desperta. Apocalipse 6:9-11 refere-se às almas dos mártires que clamam por justiça na Terra. Mateus 17:3 fala de Moisés e Elias, que apareceram no Monte da Transfiguração com Jesus. Até mesmo Samuel, que voltou da sepultura, foi descrito como usando um manto e tendo a aparência de um deus (1 Samuel 28:13, 14). E o que dizer a respeito da nuvem de testemunhas que nos rodeiam (Hebreus 12:1)? Não poderiam esses serem os heróis de nossa fé e os entes queridos de nossa vida que partiram antes de nós? Eu achoque sim. Acho que a oração de Bob foi precisa. Quando faz frio na Terra, podemos nos reconfortar sabendo que nossos entes queridos estão nos braços cálidos de Deus. Não gostamos de dizer adeus àqueles que amamos. Seja na escola ou no cemitério, a separação é difícil. É nosso direito chorar, mas não há necessidade de se desesperar. Aqui, eles conheceram a dor. Lá, eles não têm dor. Aqui, eles travaram batalhas. Lá, não há batalhas a travar. Você e eu podemos nos perguntar por que Deus os levou para habitar com ele. Mas eles não perguntam. Eles compreendem. Eles estão, neste exato momento, em paz na presença de Deus. Eu estava cumprindo meu ministério na cidade de San Antonio fazia pouco menos de um ano quando um de nossos membros pediu-me que orasse no funeral de sua mãe. Seu nome era Ida Glossbrenner, mas seus amigos a chamavam de Polly. Enquanto seu filho e eu preparávamos a cerimônia, ele me contou uma história fascinante a respeito das últimas palavras que sua mãe havia dito. A Sra. Glossbrenner não respondia a nada nas últimas horas de sua vida. Não falava palavra alguma. Mas, logo antes de sua morte, ela abriu os olhos e declarou, em alto e bom som: “Meu nome é Ida Glossbrenner, mas meus amigos me chamam de Polly.” Seriam palavras sem sentido em meio a uma alucinação? Talvez. Ou, talvez algo mais. Talvez Ida estivesse, digamos, nos “portões da escola” do céu. Seu corpo atrás dela. Sua alma na presença de Deus. E talvez ela estivesse se apresentando. Não sei. Sei apenas uma coisa. Quando faz frio na Terra, podemos nos reconfortar em saber que nossos entes queridos estão nos braços cálidos de Deus. E quando Cristo voltar, ele os tomará nos braços também. Capítulo 5 Você novinho em folha Um dia de rejuvenescimento Cada um será ressuscitado na sua vez: Cristo, o primeiro de todos; depois os que são de Cristo, quando ele vier. — 1 CORÍNTIOS 15:23, NTLH Vamos supor que você estivesse passando por minha fazenda um dia, e me visse no campo, chorando. (Não tenho fazenda alguma nem costumo sentar pelos campos, mas vamos fazer de conta.) Lá estou eu, sentado, desconsolado, à frente de uma linha de plantação. Preocupado, você se aproxima e me pergunta o que há de errado. Eu olho para você, por baixo do meu boné, e estendo a palma da mão, repleta de sementes, em sua direção. “Estas sementes fazem partir meu coração.” Eu choro. “Estas sementes fazem partir meu coração.” “O quê?!” Entre soluços, explico, “as sementes vão ser depositadas no solo e vão ser cobertas de terra. Vão se deteriorar, e nunca mais as verei”. Você está assombrado com meu choro. Você olha para os lados imaginando que eu sou um idiota. Por fim, você me explica um princípio básico da agricultura: é da deterioração das sementes que a planta irá nascer. Você aponta para meu rosto e, gentilmente, me recorda: “Não se lamente pelo enterro da semente. Por acaso não sabe que em pouco tempo testemunhará um poderoso milagre de Deus? Se você cuidar dela, com o tempo, seus pequeninos ramos irão partir a prisão do solo e desabrochar em uma planta além de seus sonhos.” Bem, talvez você não fosse assim tão dramático, mas era nisso que você estava pensando. Qualquer fazendeiro que se entristeça com o enterro de uma semente precisa ser lembrado disto: o tempo de plantar não é o tempo de lamentar. Qualquer pessoa que se agonie diante do enterro de um corpo precisa ser lembrado da mesma coisa. Podemos precisar do lembrete que Paulo deu aos Coríntios. “Cada um será ressuscitado na sua vez: Cristo, o primeiro de todos; depois os que são de Cristo, quando ele vier” (1 Coríntios 15:23, NTLH). No último capítulo, observamos o que acontece a um cristão entre a morte de seu corpo e a volta de nosso Salvador. Nessa fase, as Escrituras garantem que nossa alma viverá, mas nosso corpo estará enterrado. Esse é um período intermediário no qual iremos “deixar de viver neste corpo para irmos viver com o Senhor” (2 Coríntios 5:8). Quando morrermos, nossa alma irá partir imediatamente para a presença de Deus, enquanto aguardamos a ressurreição de nosso corpo. E quando ocorrerá essa ressurreição? Você adivinhou. Quando Cristo voltar. “Porém, cada um será ressuscitado na sua vez: Cristo, o primeiro de todos; depois os que são de Cristo, quando ele vier; e então virá o fim” (1 Coríntios 15:23, 24, NTLH). Esse tipo de versículo suscita uma porção de questões: o que Paulo quis dizer com “os que lhe pertencem serão vivificados”? O que será vivificado? Meu corpo? Se é assim, por que justamente este corpo? Eu não gosto do meu corpo. Por que não recomeçamos do zero, com um modelo novo? Volte comigo para a fazenda, e vamos procurar algumas respostas. Se você ficou impressionado com minha alegoria da semente, preciso confessar: eu a roubei do apóstolo Paulo. O capítulo 15 de sua carta aos Coríntios é o ensaio definitivo sobre a ressurreição. Não vamos aqui estudar o capítulo inteiro, mas vamos isolar alguns versículos e fazer algumas reflexões. Ele escreve: “Mas alguém pode perguntar: ‘Como ressuscitam os mortos? Com que espécie de corpo virão?’ Insensato! O que você semeia não nasce a não ser que morra. Quando você semeia, não semeia o corpo que virá a ser, mas apenas uma simples semente, como de trigo ou de alguma outra coisa. Mas Deus lhe dá um corpo, como determinou, e a cada espécie de semente dá seu corpo apropriado” (1 Coríntios 15:35-38). Em outras palavras, você não consegue um novo corpo sem a morte do antigo corpo.1 Ou, como diz Paulo: “O que você semeia não nasce a não ser que morra” (v. 36). Um amigo contou-me que o paralelo que Paulo traça entre as sementes e os corpos enterrados o fazem lembrar de uma observação feita por seu filho mais novo. Ele estava no segundo ano, e sua turma estava estudando as plantas à mesma época em que a família teve de participar do funeral de um ente querido. Certo dia, ao passar pelo cemitério, os dois eventos fundiram- se em um só pensamento. “Ei, mamãe”, ele notou, apontando para o campo santo. “É aqui que eles plantam as pessoas.” O apóstolo Paulo teria gostado disso. De fato, Paulo gostaria que nós mudássemos a forma como pensamos a respeito do processo de enterro. A sepultura não é um buraco no chão, mas um campo fértil. O cemitério não é o lugar de descanso, mas o lugar de transformação. A maior parte das pessoas supõe que a morte não tem um propósito. Ela é, para essas pessoas, o que os buracos negros são para o espaço — uma força misteriosa, inexplicável e revoltante. Evite-a a todo custo. E assim fazemos! Fazemos todo o possível para continuar vivendo e não morrer. Deus, no entanto, diz-nos que é preciso morrer para podermos viver. Quando você planta uma semente, ela deve morrer no chão antes de poder crescer (v. 35). O que encaramos como a tragédia definitiva, ele vê como o triunfo definitivo. E quando o cristão morre, não é hora de se desesperar, mas hora de confiar. Assim como a semente é enterrada e o material que a envolve se decompõe, assim nosso corpo de carne será enterrado e irá se decompor. Mas, da mesma forma que da semente enterrada brota uma nova vida, assim nosso corpo irá brotar em novo corpo. Como disse Jesus, “se um grão de trigo não for jogado na terra e não morrer, ele continuará a ser apenas um grão. Mas, se morrer, dará muito trigo” (João 12:24, NTLH). Se você me permite uma mudança súbita de metáforas, deixe-me pular de plantas e fazendas para jantar e sobremesa. Não amamos ser mimados com deliciosas sobremesas? Não amamos quando o cozinheiro diz: “Assim que vocês terminarem com o jantar, eu tenho uma surpresa para vocês.” Deus nos diz algo parecido, a respeito de nosso corpo. “Assim que seu corpo acabar, eu tenho uma surpresa para você.” Qual é a surpresa? O que é esse novo corpo que irei receber? De novo, nossa analogia de sementes será útil. Paulo escreveu: “Quando você semeia, não semeia o corpo que virá a ser” (1 Coríntios 15:37). Querendo dizer: você não pode imaginar o novo corpo somente olhando para o corpo antigo. Acho que você gostará do modo que Eugene Petersonparafraseou esse texto: Não há diagramas para esse tipo de coisa. Temos um paralelo na experiência de jardinagem. Você planta uma semente “morta”, e logo há uma planta florescendo. Não há semelhanças visuais entre a semente e a planta. Você jamais poderia adivinhar como um tomate se pareceria somente olhando para a semente de tomate. O que plantamos no solo não se parece em nada com o que cultivamos. O corpo morto que enterramos no solo e o corpo da ressurreição vindoura serão drasticamente diferentes (1 Coríntios 15:37). O argumento de Paulo é bem claro. Você não pode visualizar a glória da planta simplesmente por olhar a semente. Tampouco poderá vislumbrar seu corpo futuro simplesmente estudando o corpo atual. Tudo o que sabemos é que o corpo será modificado. “Puxa, Paulo. Dá uma dica. Uma pista. Não pode nos falar um pouco mais sobre esses novos corpos?” Parece que ele sabia que nós iríamos perguntar isso, porque o apóstolo se debruça sobre o assunto por mais alguns parágrafos e fornece um argumento final: você não poderá visualizá-lo, mas esteja certo de que irá amar o tal novo corpo. Paulo destaca três modos pelos quais Deus irá transformar nosso corpo. Ele será transformado de: 1. Corrupção para não corrupção — “Semeia-se [o corpo] em corrupção, ressuscitará em incorrupção” (v. 42, ARC). 2. Ignomínia em glória — “Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória” (v. 43, ARC). 3. Fraqueza em vigor — “Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor” (v. 43, ARC). Corrupção. Ignomínia. Fraqueza. Três palavras nada honrosas para descrever nosso corpo. Mas quem poderia discordar? Julius Schniewind não discordou. Ele era um estudioso bíblico europeu muito respeitado. Nas últimas semanas de vida, ele lutou contra uma dolorosa doença nos rins. Seu biógrafo nos conta como, certa noite, após ter conduzido um estudo bíblico, ele vestia seu casaco para ir para casa. Ao fazê-lo, uma dor lancinante no seu flanco o fez gemer e proferir a frase grega “Soma tapeinõseõs, soma tapeinõseõs”. O estudante das Escrituras estava citando as palavras de Paulo, “mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido [soma tapeinõseõs]” (Filipenses 3:20, 21, ARC, comentário do autor).2 Nem você nem eu saímos por aí murmurando frases em grego, mas sabemos o que é viver em um corpo abatido. Na verdade, alguns de vocês saberão muito bem o que é isso. Por simples curiosidade, fiz uma lista das notícias que recebi nas últimas 24 horas a respeito de problemas de saúde. Isto foi o que chegou até mim: — Um professor foi diagnosticado com a doença de Parkinson. — Um homem de meia-idade está preocupado com o resultado de seus testes. Amanhã saberá se tem câncer. — Um amigo de meu pai marcou uma cirurgia oftalmológica. — Outro amigo sofreu um derrame. — Um ministro morreu após quatro décadas de pregação. Você se identifica? Provavelmente sim. Na verdade, me pergunto se Deus quer usar as próximas linhas para falar a você diretamente. Seu corpo está tão cansado, tão desgastado. Suas juntas doem e os músculos estão fatigados. Você compreende porque Paulo descreveu o corpo como uma tenda. “Gememos”, ele escreveu (2 Coríntios 5:2). Sua tenda costuma ser robusta e vigorosa, mas as estações passaram e as tempestades caíram, e essa velha lona já está esburacada. Gelada pelo frio, soprada pelo vento, sua tenda já não é tão forte quanto costuma ser. Ou, talvez, sua “tenda”, seu corpo, nunca tenha sido tão forte. Sua visão nunca foi assim tão nítida, sua audição jamais foi assim tão cristalina. Seu modo de caminhar nunca foi tão ríspido, seu coração nunca tenha sido assim tão estável. Você já observou gente se achando mais saudável do que você jamais foi. Cadeiras de rodas, visitas de médicos, quartos de hospital, agulhas, estetoscópios — se você nunca mais voltar a ver um desses pelo resto de sua vida você será feliz. Você daria qualquer coisa, sim, qualquer coisa, por um dia inteiro em um corpo saudável e vigoroso. Se isso o descreve, deixe Deus falar diretamente ao seu coração por um momento. O propósito deste livro é usar a volta de Cristo para encorajar o coração. Poucas pessoas precisam mais de encorajamentos do que os fisicamente debilitados. E poucos versículos são mais encorajadores que Filipenses 3:20, 21. Já lemos o versículo 20 há alguns parágrafos; você se encantará com o versículo 21: “Ele transformará os nossos corpos humilhados, para serem semelhantes ao seu corpo glorioso” (Filipenses 3:21). Vamos exemplificar com duas versões desse versículo: “Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso” (ARC). “Ele transformará o nosso corpo fraco e mortal e fará com que fique igual ao seu próprio corpo glorioso” (NTLH). Não importa a escolha de palavras, a promessa é a mesma. Seu corpo será modificado. Você não irá receber um novo corpo, irá receber um corpo renovado. Assim como Deus pode fazer um carvalho a partir de uma bolota ou uma tulipa a partir de um bulbo, ele faz um “novo” corpo a partir de seu antigo corpo. Um corpo sem corrupção. Um corpo sem fraqueza. Um corpo sem ignomínia. Um corpo idêntico ao corpo de Jesus. Minha amiga Joni Eareckson Tada fez a mesma observação. Ela ficou tetraplégica depois de sofrer um acidente automobilístico na adolescência, e passou as duas últimas décadas em desconforto. Ela, mais do que ninguém, conhece o significado de viver em um corpo abatido. Ao mesmo tempo, ela, mais que ninguém, conhece a esperança por um corpo ressurreto. Veja o que ela nos diz: Em algum lugar, em meu corpo partido, paralisado, está a semente do que hei de tornar-me. A paralisia faz com que eu vá me tornar mais grandiosa quando comparamos as pernas inúteis e atrofiadas que tenho com as esplêndidas pernas ressurretas. Estou convencida de que, se houver espelhos no céu (e por que não haveria?), a imagem que irei ver será inequivocamente “Joni”, ainda que seja uma Joni bem melhor, mais luminosa. Tanto que não vale a pena comparar… Serei semelhante a Jesus, o homem do céu.3 Você gostaria de dar uma espiada no que será seu novo corpo? Basta olhar o corpo ressurreto de nosso Senhor. Após sua ressurreição, Jesus passou quarenta dias na presença das pessoas. O Cristo ressurreto não estava em um estado desencarnado, puramente espiritual. Ao contrário, ele tinha um corpo — que se podia tocar, que se podia ver. Basta perguntar a Tomé. Tomé disse que não acreditaria na ressurreição, “se eu não vir as marcas dos pregos nas suas mãos, não colocar o meu dedo onde estavam os pregos e não puser a minha mão no seu lado” (João 20:25). A resposta de Cristo? Apareceu a Tomé e disse: “Coloque o seu dedo aqui; veja as minhas mãos. Estenda a mão e coloque-a no meu lado. Pare de duvidar e creia” (v. 27). Jesus não se tornou uma fumaça, ou um vento ou um espectro fantasmagórico. Ele veio como um corpo. Um corpo que mantinha conexão substancial com o corpo que tinha originalmente. Um corpo que tinha carne e ossos. Pois não foi isto que ele disse a seus seguidores, “um espírito não tem carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho” (Lucas 24:39)? O corpo ressurreto de Jesus, então, era um corpo de verdade, real o suficiente para caminhar na estrada para Emaús, real o suficiente para aparecer na forma de um jardineiro, real o suficiente para comer o desjejum com os discípulos na Galileia. Jesus tinha um corpo real.4 Ao mesmo tempo, esse corpo não era o clone de seu corpo terreno. Marcos nos conta que Jesus “apareceu em outra forma” (Marcos 16:12). Era o mesmo, mas era diferente. Tão diferente que Maria Madalena, seus discípulos no mar e seus discípulos no caminho de Emaús não o reconheceram. Ainda que ele tenha convidado Tomé a tocar seu corpo, ele passou por uma porta fechada para estar na presença dele.5 Então o que sabemos sobre o corpo ressurreto de Jesus? Sabemos que não era como nenhum outro que o mundo jamais vira. O que sabemos sobre nosso corpo ressurreto? Que será diferente de qualquer coisaque imaginemos. Será que pareceremos tão diferentes que não seremos instantaneamente reconhecidos? Talvez. (Talvez precisemos de crachás.) Será que iremos atravessar paredes? É provável que estaremos fazendo muito mais do que isso. Será que ainda portaremos as cicatrizes das dores da vida? As marcas de guerra. As desfigurações por conta de doenças. As escaras da violência. Será que isso permanecerá em nosso corpo? Essa é uma ótima pergunta. Jesus, ao menos por quarenta dias, manteve as suas marcas. Será que manteremos as nossas? A respeito dessa questão, temos apenas nossas opiniões, mas minha opinião é que não manteremos. Pedro nos conta que “por suas feridas vocês foram curados” (1 Pedro 2:24). Na contabilidade do céu, somente uma ferida deve ser lembrada. E essa é a ferida de Jesus. Outras feridas não precisarão existir. Deus irá renovar nosso corpo e nos fazer como o dele. Que diferença isso deve fazer na sua maneira de viver? Seu corpo, de alguma forma, irá durar para sempre. Respeite isso. Você irá viver eternamente neste corpo. Ele será diferente, note bem. O que é hoje imperfeito se tornará perfeito. O que agora é defeito será refeito. Seu corpo será diferente, mas você não terá um corpo diferente. Você terá este corpo. Será que isso muda a maneira como você vive? Espero que sim. Deus tem muita consideração por seu corpo. Você também deveria ter. Respeite-o. Não estou dizendo para louvá-lo. Eu disse: respeite-o. Ele é, afinal, o templo de Deus (veja 1 Coríntios 6:19). Cuide de alimentá-lo, usá- lo e mantê-lo bem. Você não gostaria que ninguém jogasse lixo em sua casa. Deus não quer ninguém jogando lixo na casa dele. Ao fim das contas, é a casa dele, não? Um pouco de exercício ou cuidado na alimentação, pela glória de Deus, não vai nos custar muito. Nosso corpo, de alguma forma, irá viver para sempre. Respeite-o. Tenho um pensamento final. Sua dor NÃO irá durar para sempre. Acredite. Você tem artrite nas juntas? Você não a terá no céu. Seu coração é fraco? Ele será forte no céu. O câncer corrompeu seu sistema? Não há câncer no céu. Os seus pensamentos estão desconjuntados? Sua memória anda falhando? Seu corpo novo terá uma nova mente. Seu corpo parece mais próximo da morte do que nunca? Deveria parecer. E está. E, a não ser que Cristo chegue primeiro, seu corpo será enterrado. Como uma semente que é depositada no solo, assim seu corpo será depositado no túmulo. E, por um período, sua alma estará no céu enquanto seu corpo estiver na sepultura. Mas a semente enterrada no túmulo brotará no céu. Sua alma e seu corpo se reunirão, e você será como Jesus. Capítulo 6 Um novo guarda-roupa Um dia de redenção Continuem unidos com Cristo, para que possamos estar cheios de coragem no dia em que ele vier. Assim não precisaremos ficar com vergonha e nos esconder dele naquele dia. — 1 JOÃO 2:28, NTLH Eu não saio por aí dizendo que jogo golfe muito bem, mas confesso prontamente que sou um viciado em golfe. Se você conhece um programa de “desintoxicação” para fãs de golfe, pode me inscrever. “Oi, meu nome é Max. Eu sou um golfólatra.” Eu amo jogar golfe, assistir ao golfe e, em noites boas, eu até sonho com golfe. Saber disso fará com que você aprecie a extrema felicidade que tive quando fui convidado a assistir ao Torneio Masters de Golfe. Um convite para o Masters é o Santo Graal dos golfistas. Os bilhetes são tão difíceis de se conseguir quanto os birdies (jogadas em que a bola chega ao buraco com apenas uma tacada). Assim, eu estava encantado. O convite veio por intermédio do jogador profissional Scott Simpson. Cada um dos concorrentes recebe determinado número de convites, e Scott ofereceu dois convites a Denalyn e a mim. (Se algum dia houve dúvida a respeito do lugar de Scott no paraíso, já não resta mais.) Partimos então para o Country Club de Augusta, no estado da Georgia, onde os grandes feitos do golfe ocorreram, e onde as lendas jogaram, todos meus heróis: Nicklaus, Mize, Saranson… Eu era como um menino em uma loja de doces. E, assim como esse menino, eu nunca me satisfazia. Não bastava para mim caminhar no gramado célebre, eu queria visitar os vestiários. Era lá que os tacos de Hogan e Azinger eram exibidos. Era lá que os jogadores ficavam conversando. E era lá que eu queria estar. Mas eles não me deixaram entrar. Um guarda me impediu. Mostrei meu passe para ele, mas ele balançou a cabeça negativamente. Disse a ele que era amigo de Scott, mas isso não importava nada para ele. Prometi pagar a faculdade do filho dele, mas ele nem aí. “Somente os caddies (carregadores) e os jogadores”, explicou. Bem, eu sabia que não era um jogador profissional. Sabia também que eu não era um caddie. No Máster, os caddies têm de vestir sobretudos brancos. Minha roupa me entregou. Então eu fui embora, achando que nunca visitaria a clubhouse. Eu tinha chegado até a porta, mas tinham me proibido de entrar. Eu tinha sido barrado. Muitas e muitas pessoas temem que a mesma coisa aconteça a elas. Não lá em Augusta, mas no céu. Temem que sejam mandadas embora ao chegarem ao portão. Barradas. É um medo legítimo, você não acha? Estamos falando de um momento crucial. Ser mandado embora sem poder ver a história do golfe é uma coisa, mas ser negada a admissão no céu é outra coisa bem diferente. É por isso que algumas pessoas não querem discutir a volta de Cristo. Isso as deixa nervosas. Elas podem ser tementes a Deus e frequentadoras de igrejas, mas mesmo assim ficam nervosas. Haverá uma solução para esse medo? Será que você vai ter de passar o resto da vida se perguntando se vão mandá-lo embora quando estiver às portas? Sim, existe uma solução e, não, você não tem de se preocupar. De acordo com a Bíblia, é possível “saber sem sombra de dúvida” (1 João 5:13, MSG). Como? Como é que se pode ter certeza? Curiosamente, tem tudo a ver com o que vestimos. Jesus explicou o problema em uma de suas parábolas. Ela conta a história de um rei que planeja uma festa de casamento para seu filho. Os convites são expedidos, mas as pessoas “recusaram-se a vir” (Mateus 22:3). O rei é paciente e manda um segundo convite. Dessa vez, os enviados do rei são maltratados e mortos. O rei ficou furioso. Os assassinos são punidos e a cidade é destruída e o convite é refeito, dessa vez, para todo mundo. Não é complicado entender onde se aplica essa parábola. Deus convidou Israel, seus escolhidos, para serem seus filhos. Mas eles recusaram. Não somente recusaram, mas mataram seus servos e crucificaram seu filho. A consequência foi o julgamento de Deus. Jerusalém foi queimada e as pessoas se espalharam. A parábola segue com o rei oferecendo ainda outro convite. Dessa vez o casamento seria aberto a todas as pessoas — “as boas e as más”, ou judeus e não judeus. Esse é o ponto em que os não-judeus aparecem na parábola. Somos os beneficiários de um convite amplo. E, algum dia, quando Cristo chegar, estaremos na entrada do castelo do rei. Mas a história não termina aqui. Ficar na entrada do castelo não é suficiente. Certo tipo de vestimenta faz-se necessário. A parábola termina com um parágrafo arrepiante. Vamos retomar a história no fim do versículo 10: A sala do banquete de casamento ficou cheia de convidados. Mas quando o rei entrou para ver os convidados, notou ali um homem que não estava usando veste nupcial. E lhe perguntou: “Amigo, como você entrou aqui sem veste nupcial?” O homem emudeceu. Então o rei disse aos que serviam: “Amarrem-lhe as mãos e os pés, e lancem-no para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes” (Mateus 22:10-13). Jesus amava os finais surpreendentes, e esse surpreende… e assusta. Eis um homem que estava no lugar certo, cercado das pessoas certas, mas vestido com a roupa errada. E, por vestir a roupa errada, ele foi expulso da presença do rei. “Roupas erradas? Max, você está me dizendo que Jesus se importa com a roupa que usamos?” É o que parece ser. De fato, a Bíblia nos diz exatamente que tipo de vestuário Deus deseja. “Revistam-se do Senhor Jesus Cristo, e não fiquem premeditando como