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Brasília-DF. Processos de corte térmico e ensaios destrutivos e não destrutivos Elaboração Rafael Ignácio Gonçales Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 6 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8 UNIDADE I INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO ............................................................................ 9 CAPÍTULO 1 CONCEITOS BÁSICOS .............................................................................................................. 9 CAPÍTULO 2 CORTE POR OXIGÊNIO/OXICORTE ......................................................................................... 12 CAPÍTULO 3 CORTE A PLASMA................................................................................................................... 22 CAPÍTULO 4 CORTE A LASER ...................................................................................................................... 38 UNIDADE II ENSAIOS DESTRUTIVOS ......................................................................................................................... 47 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO, CONCEITOS BÁSICOS, TIPOS DE ENSAIOS E NORMATIZAÇÃO ........................... 47 CAPÍTULO 2 ENSAIO DE TRAÇÃO ............................................................................................................... 52 CAPÍTULO 3 ENSAIO DE DOBRAMENTO ...................................................................................................... 61 CAPÍTULO 4 ENSAIO DE DUREZA ................................................................................................................ 65 CAPÍTULO 5 ENSAIO DE IMPACTO CHARPY ................................................................................................ 67 CAPÍTULO 6 ENSAIO DE FADIGA ................................................................................................................ 70 CAPÍTULO 7 ENSAIO DE FLUÊNCIA ............................................................................................................. 73 CAPÍTULO 8 ENSAIO DE TENACIDADE À FRATURA ....................................................................................... 77 UNIDADE III ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS ................................................................................................................. 81 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO, CONCEITOS BÁSICOS, TIPOS DE ENSAIO E NORMATIZAÇÃO ............................. 81 CAPÍTULO 2 LÍQUIDOS PENETRANTES .......................................................................................................... 86 CAPÍTULO 3 MÉTODOS MAGNÉTICOS ...................................................................................................... 101 CAPÍTULO 4 ENSAIO ULTRASSÔNICO DE MATERIAIS .................................................................................. 107 UNIDADE IV MÉTODOS ESPECIAIS DE ENSAIOS NÃO DESTRUTIVO ........................................................................... 113 CAPÍTULO 1 TIPOS DE ENSAIO E NORMATIZAÇÃO .................................................................................... 113 CAPÍTULO 2 ENSAIO BASEADO NA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR ................................................ 116 CAPÍTULO 3 ENSAIO PELA ALTERAÇÃO DE CAMPO MAGNÉTICO .............................................................. 120 CAPÍTULO 4 ENSAIO POR PERTURBAÇÃO DA CORRENTE ELÉTRICA ........................................................... 122 CAPÍTULO 5 ESTUDOS DE CASO E ARTIGOS SOBRE PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO E ENSAIOS DESTRUTIVOS E NÃO DESTRUTIVOS ........................................................................................ 125 PARA (NÃO) FINALIZAR ................................................................................................................... 130 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 131 5 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 7 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 Introdução Com o aumento da competitividade industrial e com o avanço das tecnologias de corte, por meio de novos processos e equipamentos sofisticados, tornou-se possível definir com maior precisão os processos mais adequados para determinados materiais específicos. A indústria, de maneira geral, começou a investir em diversos processos, principalmente nos processos iniciais de manufatura, como os corte de chaparias, pois nessa etapa a aplicação de processos de corte pode gerar excelentes resultados para o tempo de fabricação e para a qualidade do produto final. Além disso, será estudado os ensaios mecânicos. Os ensaios mecânicos podem ser classificados em não destrutivos e destrutivos, conforme o procedimentoadotado. Os ensaios são realizados por aplicação de cargas mecânicas como a compressão, torção, tensão e cisalhamento, com a finalidade de determinar a resistência do material quando ele sofre uma carga de tensão aplicada. Desse modo, é possível determinar qual material é o mais indicado de acordo com as necessidades de um projeto, bem como verificar as ações e reações destes materiais que são inerentes nos processos de fabricação nos produtos acabados. Objetivos » Conhecer o histórico e fundamentos de corte térmico. » Conhecer e se familiarizar com diversos processos de corte térmico. » Conhecer o histórico e fundamentos de ensaios destrutivos e não destrutivos. » Conhecer e se familiarizar com diversos métodos de ensaios destrutivos e não destrutivos. » Buscar mais conhecimentos que serão despertados no decorrer dos estudos. 9 UNIDADE I INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO CAPÍTULO 1 Conceitos básicos Um processo de corte térmico utiliza fontes de calor com o objetivo de derreter ou cortar um determinado material, dando formas customizadas aos diversos tipos de aço e metais. Em um ambiente industrial existem vários recursos para facilitar e agilizar os meios de produção. Dentre esses recursos, nos processos de corte térmico, é comum a utilização de equipamentos que apresentam movimentação por coordenadas. Estes equipamentos têm estrutura com uma mesa ou cabeçote móvel, tendo capacidade de deslocar-se de acordo com o sistema de coordenadas, sejam elas bidimensional ou tridimensional, por meio de um padrão previamente programado por computador, realizando assim diversas operações de corte de maneira customizada e ao mesmo tempo precisa. O corte térmico é classificado como um processo de conformação mecânica, que se aplica a uma determinada força externa à uma determinada matéria-prima, fazendo com que o material adquira uma forma física e/ou geométrica proveniente da deformação plástica. Geralmente os processos de corte térmico são utilizados para o corte de chapas em geral, que são submetidos à uma ação térmica que eleva a temperatura do material, por meio das fontes de calor, fazendo que o esforço de compressão se transforme em esforço de cisalhamento, causando o derretimento da superfície e, em seguida, o corte dessa chapa. Os processos de corte térmico são importantes dentro das indústrias, uma vez que mais máquinas, equipamentos e ferramentas estejam adequados às necessidades e às aplicações de uma determinada indústria, permite uma otimização não apenas nos processos de corte, mas sim uma otimização em diversas etapas do processo. Imagine que, em um determinado processo de fabricação, deseja-se usinar uma peça de aço. Se a peça for usinada de maneira bruta, sem realizar o processo de corte, se 10 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO perderia muito material no processo de usinagem, aumentando o custo de fabricação e provendo mais desperdícios. Imagine que o corte de uma determinada matéria-prima fosse realizada de maneira manual, por meio de uma serra, por exemplo. O tempo de processo seria mais elevado, a precisão do corte ou suas dimensões não seriam tão asseguradas ou teriam qualidade inferior e existiria a limitação de apenas separar uma parte do aço, sem a possibilidade de cortar as peças de forma geométrica customizada ou personalizada. Um processo de corte térmico pode ser adotado dentro da indústria para diversas aplicações. Podemos citar algumas aplicações mais comuns: » corte de matéria-prima em geral; » corte de barras de aço/metal; » corte de chapas de aço/metal; » corte de “blank” para usinagem; Blank é um sólido de metal geralmente disposto em forma quadrada ou retangular, podendo ter diversos tamanhos, de acordo com a aplicação desejada. O blank é uma peça inacabada que foi extraída de uma grande chapa ou barra para, posteriormente, ser submetida à processos de transformação por máquinas ou de ferramentas de usinagem, com o objetivo de transformá- lo em peças mecânicas de diversos objetos como, por exemplo: chaves, placas, suportes em geral etc. » fabricação de furos em geral; » fabricação de arruelas; » corte para corpos de prova para ensaios destrutivos e/ou ensaios não destrutivos; » fabricação de placas em geral; » fabricação de chaves; » fabricação de chaveiros; » fabricação de diversos tipos de objetos. Os processos de corte térmico são recomendados para a fabricação de furos sem precisão dimensional, ou com tolerância dimensional alta. Para furos com tolerâncias e /ou especificações dimensionais mais precisas. Recomenda-se o 11 INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO │ UNIDADE I uso de ferramentas específicas para tal, e não a utilização de um processo de corte térmico. Atualmente, três processos de corte térmico são destacados em seu uso nas indústrias, a saber: » corte por oxigênio/oxicorte; » corte a Plasma; » corte a Laser. Basicamente, estes processos diferenciam-se principalmente pela fonte que gera o corte, pelos materiais que podem ser cortados, pela profundidade do corte, pela velocidade do corte e pelo custo do processo em si. Nos capítulos seguintes serão detalhado cada um dos processos de corte citados acima. 12 CAPÍTULO 2 Corte por oxigênio/oxicorte Fundamentos O corte por oxigênio, ou oxicorte, é um processo classificado como erosão térmica, ou seja, o corte por oxigênio é um processo que tem como premissa o desgaste da superfície pela ação mecânica do material por meio da ação do calor proveniente do oxigênio puro com um determinado metal. O aço ou metal a ser cortado é pré-aquecido com uma chama até atingir uma temperatura que se suceda uma reação do metal com o oxigênio. Em outras palavras, podemos dizer que, o oxicorte é um processo que o corte ocorre por meio da reação química do oxigênio puro com o metal, do qual aquece o material a ser cortado até uma temperatura ideal, que então seja possível ocorrer a reação com o oxigênio. Esse fenômeno é chamado de temperatura de ignição. Após o material atingir a temperatura de ignição, o ele é exposto à um jato de oxigênio puro. Neste processo de corte, uma erosão térmica surge por meio de uma reação do gás oxigênio com o metal a alta temperatura, promovendo dessa forma o corte do material, pois ocorre uma oxidação inerente ao processo, fazendo com que essa oxidação produza uma quantidade de calor suficiente para fundir o óxido que é fora desta reação química, finalizando então dessa forma o processo de corte. Figura 1. Processo de oxicorte. Oxigênio Oxigênio + combustível Bocal de corte Chamas Marcas de corte Corte Metal de base Escória Jato de oxigênio Fonte: adaptado de Marques, 2016. A erosão térmica ocorre através de partículas por meio de calor gerado pela ignição de gases, raios laser, arco voltaico etc. 13 INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO │ UNIDADE I Para a realização de um oxicorte, o metal é aquecido até alcançar uma temperatura chamada de “temperatura de ignição”. Em seguida, o metal submetido à um jato de oxigênio puro, que por sua vez causa uma oxidação no metal. Esse processo causa uma reação do oxigênio com o metal, produzindo uma quantidade de calor que é capaz de realizar a fundição do óxido formado, é arrastado pelo oxigênio, promovendo dessa forma a separação do material e concluindo o processo de corte. No processo de corte a oxigênio, a energia é gerada por uma mistura de gás combustível com o próprio oxigênio. Existem muitos gases carburantes, ou seja, gases que permitem a obtenção de energia mecânica, geralmente são utilizados no processo de oxicorte, tais como: butano, hidrogênio, propano e acetileno. Porém, a grande maioria desses gases apresenta capacidade térmica baixa, mesmo na mistura com o oxigênio. Os gases utilizados para o processo de oxicorte são fornecidos em cilindros, que são produzidos para uso imediato. Dos gases supracitados, o acetileno é um gás queapresenta alta potência da sua chama e também apresenta alta velocidade de inflamação. Todo metal que seja capaz de fazer reação química com o gás oxigênio e que o ponto de fusão do óxido seja inferior ao ponto de fusão do material pode ser cortado pelo processo de oxicorte. A presença de elementos químicos no metal, por sua vez, influência o nível e na fluidez do oxicorte, conforme mostra o quadro a seguir: Quadro 1. Tipos de aço liga e fluidez de corte. Aços-Liga Elementos Químicos Proporção Cortável Não Cortável Observações Manganês (Mn) 13% de Mn e 1,3% de C X Material facilmente cortável. 18% de Mn e 1,3% de C X Quantidades elevadas de manganês não permitem o corte. Silício (Si) 2,5% de Si e 0,2% de C X O corte é limpo. 3,8 de Si e 0,4% de C X O corte apresenta dificuldades. Mais de 12% de Si X Quantidades elevadas de silício não permitem o corte. Cromo (Cr) 1,5% de Cr X 14 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO Aços-Liga Elementos Químicos Proporção Cortável Não Cortável Observações Níquel (Ni) 7% de Ni X Facilmente cortável. 35% de Ni e 0,3% de C X Cortável. 35% de Ni e mais de 0,3% de C X Teores maior de 0,3% de C tornam as bordas do material muito duras, tornando-o não cortável. Cobre (Cu) 0,5% de Cu X Tungstênio (W) 5% de Cr e 0,2% de Si até 8% de C e até 10% de W X Ligas com teor de W acima de 20% se tornam não cortáveis. Molibdênio (Mo) 8% de W e 1,4% de Cr 1% de C e 5,5 de Mo X O molibdênio torna o aço liga não cortável. Fósforo (P) 2% de P X O fósforo causa baixa influência em um processo de corte. Enxofre (S) 3,5% de S X O enxofre causa baixa influência em um processo de corte. Fonte: adaptado de Marques, 2016. Equipamentos O equipamento básico utilizado em um processo de corte a oxigênio é formado de cilindros de oxigênio e de acetileno e com os reguladores específicos para cada um desses gases, respectivamente. Deve-se sempre utilizar válvulas corta-chamas em um processo de oxicorte. Essas válvulas corta-chamas devem ser montadas entre os reguladores de cada gás e suas respectivas mangueiras. Porém, o que aconteceria caso as válvulas corta-chamas não sejam utilizadas no equipamento? A explicação se dá basicamente no ótimo custo benefício que as válvulas corta-chamas possuem, principalmente se comparado aos possíveis acidentes que poderiam ocorrer, como, por exemplo: queima de mangueiras dos gases; a destruição de manômetros e de mangueiras pneumáticas; explosões em cilindros de armazenamento de gases; e até risco de vida aos trabalhadores que operam o equipamento. Além da válvula corta-chamas, é recomendável a montagem de válvulas contrafluxo entre o maçarico e as mangueiras de oxigênio e acetileno. Essas válvulas garantem a retenção do gás e evitam a entrada de oxigênio na mangueira de acetileno, e vice-versa, garantindo assim a segurança no manuseio do produto, uma vez que essa válvula não 15 INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO │ UNIDADE I detém chamas retrocedentes, tendo como característica a destruição da válvula causada pelo calor da chama. As mangueiras que são usadas para conduzir os gases no processo de oxicorte são apresentadas em cores diferentes: » Para oxigênio: mangueira preta ou verde. » Para acetileno: mangueira vermelha. Para realizar o corte dos materiais, são utilizados maçaricos, as mangueiras são acopladas. Existe uma diversidade de tipos de maçaricos de corte. Cada um deles dispões de válvulas de oxigênio e de acetileno que servem para o ajuste da chama, além de conterem um volante para ajustar a quantidade de oxigênio a ser dosada no processo de corte. Os maçaricos podem ser de dois tipos: » Maçaricos injetores: os maçaricos injetores utilizam média pressão de oxigênio e baixa pressão de gás combustível. » Maçaricos misturadores: os maçaricos misturadores utilizam a mesma pressão de oxigênio e gás combustível. No processo de oxicorte, utiliza-se os maçaricos injetores. A imagem a seguir mostra um esquema de como é o equipamento de oxicorte: Figura 2. Equipamento de oxicorte. acetileno válvula corta-chamas oxigênio válvula mangueira preta ou verde regulador regulador mangueira vermelha bico de corte válvula contrafluxo Fonte: adaptado de Marques, 2016. 16 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO A principal diferença entre o processo de soldagem a gás e o corte a gás está no tipo de maçarico, este contém uma tubulação extra para a saída de velocidade rápida de oxigênio, juntamente com uma válvula de acionamento rápido. Consumíveis Os consumíveis utilizados no processo de oxicorte são os gases combustíveis e o oxigênio, os metais de adição e os fluxos de soldagem, caso sejam necessários. O quadro a seguir apresenta as principais características de combustão de alguns gases que são utilizados nas indústrias. Quadro 2. Características de combustão de gases. Gás Acetileno Gás de rua Propano Metano Composição CJ HJ HS (53 %) CH4 (25 %) CO (8 %) Diversos (14%) C3h B C H 4 Poder calorífico superior (kcal/m³) 14000 4300 24300 9410 Poder calorífico inferior (kcal/m³) 11000 3800 22300 8470 Oxigênio teoricamente necessário (m³) 2,5 0,8 a 0,9 5,0 2,0 Velocidade máxima de propagação (m/s) 13,5 7,05 3,7 3,3 Temperatura máxima da chama (ºC) 3100 2750 2800 2730 Intensidade média na ponta do maçarico (kcal/cm!.s) 10,9 3,0 2,7 2,0 Fonte: adaptado de Marques, 2016. O acetileno (C2H2) é o gás combustível mais utilizado no processo de oxicorte, devido ao conjunto de suas propriedades (quadro 2) que favorece a sua utilização no processo. O acetileno apresenta característica visual incolor, além de possuir um cheiro característico, porém é um gás que não se encontra livremente na natureza. A produção do acetileno ocorre a partir da reação da água (H2O) com o carbureto de cálcio (CaC2) por meio de reatores. O oxigênio (O) é incolor e não apresenta cheiro aparente, porém é um gás que se encontra de forma abundante na atmosfera. Mesmo assim, o oxigênio pode ser obtido pelas indústrias por três métodos: » reação química; » eletrólise da água; » liquefação do ar. 17 INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO │ UNIDADE I Dos três métodos supracitados, a liquefação do ar é o processo mais utilizado para a obtenção do oxigênio. Na liquefação do ar, o gás carbônico é retirado fazendo com que o ar seja resfriado, expandido e torna-se líquido, passando por colunas de retificação. É neste momento que ocorre a separação dos gases do ar conforme o seu ponto de evaporação. Dessa forma, o oxigênio é obtido em alto teor de pureza. O acetileno é muito popular por ser o gás mais utilizado em processos de oxicorte, pois tem características para soldagem superior quando comparado aos outros gases. Sendo assim, os outros gases têm seu uso restrito aos materiais com união de ligas com baixo ponto de fusão, aquecimento, brasagem e operações de corte. O fluxo de solda é um material fusível que é utilizado para preparar a área na qual a solda será realizada. Ou seja, o fluxo é um material que protege contra diversos danos, como oxidações na superfície, sobrecargas de temperatura e ou pressões, que podem provocar incêndios, explosões etc. Técnica operatória Referente à técnica operatória, o oxicorte pode ser realizado de maneira manual, semiautomática ou automática. Para cortes realizados de forma manual, é comum a utilização de dispositivos para auxiliar a operação e garantir maior precisão na execução do corte. Para os cortes retos, mais comuns, são utilizados guias, que podem ter uma ou duas rodas. Já para corte circulares, é comum a utilização de um compasso para tração nas circunferências, montado no próprio maçarico. A utilização desses dispositivos são importantes pois garantem a precisão do corte. Figura 3. Equipamentos utilizados para oxicorte manual. carrinho cintel dispositivo de auxílio de corte em superfícies cilíndricas Carrinho para corte Interno do tubocarrinho para cortes curvos em superfícies irregulares Fonte: adaptado de Marques, 2016. 18 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO No processo de oxicorte semiautomático, a principal ferramenta são as máquinas portáteis. Essas máquinas são de simples manuseio e movimentam-se sobre trilhos, com o objetivo de obter-se cortes retos. Em linhas gerais, são equipamentos simples, providos de motorização elétrica e com ajuste de velocidade. Figura 4. Equipamento de oxicorte semiautomático. Fonte: Trindade, 2012. Em processos de oxicorte, os mais comuns utilizados hoje em dia são os de corte automático. Para isso, existem diversas opções de mesa de corte, torna-se possível integrar diversos maçaricos de corte. O processo automático de oxicorte trabalha com microprocessadores ou com células fotoelétricas. Nesses equipamentos, todo o movimento é feito pela máquina, não havendo a necessidade de movimentos coordenados por humanos. Ou seja, as principais atividades de mão de obra humana em um processo de oxicorte se resume em preparar o material a ser cortado, fixá-lo na máquina, acender a chama, aguardar o processo de corte, retirar a peça cortada, limpar e guardar as peças produzidas e zelar pela limpeza do equipamento. Os equipamentos que trabalham com células fotoelétricas realizam sua operação semelhante a uma máquina copiadora, por um sensor que acompanha tanto a circunferência ou as linhas retas de uma peça padrão, guiando dessa forma o maçarico pela extensão de onde o material deverá ser cortado e garantindo assim a eficiência do sistema de células fotoelétricas. Em equipamentos com maior tecnologia embarcada, existem circuitos eletrônicos e microprocessadores que executam a operação automaticamente, por desenvolvimento de programas CNC (Comando Numérico Computadorizado). Os equipamentos de corte CNC apresentam um elevado custo de investimento. Porém, seu custo x benefício leva vantagem no Âmbito operacional, com significativo grau de economia no processo. A construção de programas CNC ocorre por meio de 19 INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO │ UNIDADE I softwares específicos, pode existir uma biblioteca com programas prontos ou por meio de uma programação customizada, de acordo com a própria empresa. Essas operações permitem uma maior eficiência no aproveitamento da matéria-prima, reduzindo ao mínimo o desperdício por meio de sobremetais que sobram do processo. Os processos de corte automáticos são encontrados comumente em empresas que tem uma grande escala de produção de peças em oxicorte. A técnica operatória é muito importante para efetuar um corte preciso e de qualidade. Para assegurar a qualidade desse processo, os seguintes passos devem ser seguidos: » inserir o bico de corte, de acordo com as especificações de espessura da chapa a ser cortada; » abrir as válvulas e os cilindros, de modo a ajustar a pressão de trabalho; » utilizando um acendedor apropriado, acender a chama; Em hipótese alguma usar isqueiro para esse procedimento. » efetuar a regulagem da chama; » realizar o corte da peça, conforme especificações. Durante o processo de corte, caso ocorra retrocesso da chama, é recomendável manter a calma e não jogar ou arremessar o maçarico, seja no chão ou em outro lugar qualquer. Você terá um tempo entre 10 a 15 segundos para efetuar o fechamento das válvulas dos cilindros com segurança, evitando assim danos maiores. Após cortar a peça desejada, deve-se apagar a chama. Para isso, primeiro deve-se fechar o volante de acetileno e, em seguida, fechar o volante de oxigênio. A técnica operatória do oxicorte exige também alguns procedimentos a serem adotados com foco na segurança do operador: » durante todo o tempo de processo da operação do corte, usar óculos de proteção apropriado contra fagulhas, escórias e brilho da chama; » usar mangotes, luvas, aventais e perneiras de proteção; 20 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO » certificar que toda roupa ou equipamento de proteção individual estejam livres de óleo ou graxa, e conservá-los assim. Na técnica operatória, também se recomenda procedimentos a serem adotados referente à prevenção contra incêndio: » em hipótese alguma utilize óleo ou graxa próximo aos equipamentos de oxicorte; » os cilindros e mangueiras devem estar protegidos, de modo que nenhuma fagulha ou chama possa alcançá-los; » materiais combustíveis devem ser mantidos a uma distância segura das áreas em que esteja sendo executado os processos de corte (distância mínima recomendada: 10 metros); » extintores de incêndio devem ser mantidos na área de trabalho. As condições de manuseio, data de validade, checagem do nível da carga e do tipo do extintor devem ser verificados periodicamente, além de garantir que não estão obstruídos; » a chave deve sempre ser mantida na válvula do cilindro, para que em casos de urgência possam ser fechados rapidamente; » em hipótese alguma realize testes ou verificações sobre vazamentos de gás com fogo ou chama. Para isso, é recomendável a utilização de um líquido apropriado, ou mesmo, água com sabão; » ao terminar a execução do trabalho, é importante fechar as válvulas de todos os cilindros; » após fechar as válvulas de todos os cilindros, recomenda-se inspecionar a área para verificar a existência ou não de possíveis focos de incêndio. Aplicações industriais O processo de oxicorte é um processo com diversas aplicações industriais de diversos segmentos, podendo ser utilizado em processos de fabricação de peças, como na montagem e/ou desmontagem de estruturas, peças metálicas, máquinas e equipamentos etc. Em um processo de fabricação, o oxicorte é utilizado na preparação de chanfros para a soldagem, otimizando assim o processo posterior. O oxicorte também pode ser utilizado no processo de fabricação de rodas dentadas, ferramentas em geral, engates etc. 21 INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO │ UNIDADE I Em um processo de montagem industrial, o oxicorte é utilizado para a preparação de chapas, conformando-as em formatos adequados, de acordo com a aplicação ou com a necessidade do produto. Em um processo de desmontagem, o oxicorte é usado principalmente na separação de uniões mecânicas em geral, sejam elas por meio de soldas, pinos, rebites, parafusos e diversos outros métodos de união mecânica. 22 CAPÍTULO 3 Corte a plasma Fundamentos Os primeiros estados físicos das matérias conhecidos são os seguintes: » estado sólido; » estado líquido; » estado gasoso. Para exemplificar, de maneira simples, vamos ilustrar os três estados físicos da matéria por meio de uma substância muito conhecida: a água. Nesse caso temos: » estado sólido (gelo); » estado líquido (água); » estado gasoso (vapor). Ao dispor de um gelo e aplicar sobre ele uma energia, em forma de calor, o gelo se derrete e transforma-se em água. Ou seja, ocorre a transformação do estado sólido (gelo) para o estado líquido (água). Se continuarmos a aplicar mais calor sobre a água, vaporiza-se, transformando-se em vapor (estado gasoso). Por fim, quando a fonte de calor continua a ser aplicada sobre o vapor, os gases se ionizam, tornando os gases condutores elétricos. É nesse estágio que obtém-se o quarto estado físico da matéria: o plasma. O plasma é um gás ionizado que é a base fundamental em que todos os sistemas de plasma operem. O plasma é uma substância proveniente do agrupamento de partículas carregadas. Essas partículas contém o mesmo número de íons positivos e elétrons e apresentam elevado grau de condução de eletricidade, embora apresente quase todas as características primárias dos gases formadores de plasma. O processo de ionização dos gases resulta na criação ode elétrons livres e de íons positivos entre os átomos do gás. Quando este processo ocorre, o determinado gás torna-se um condutor elétrico com uma excelente capacidade para a condução de energia elétrica. O melhor exemplo de plasmaque se conhece é a tempestade de raios. Os gases existentes no ar são gases ionizados, e os raios são originados quando se movem à eletricidade de 23 INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO │ UNIDADE I um determinado ponto para o outro, dando origem ao raio. Dessa mesma forma, dá-se origem à tocha de plasma que é utilizada no processo de corte térmico a plasma. O corte a plasma é um processo que tem como objetivo o corte de materiais, geralmente dispostos em matéria-prima no formato de chapas ou barras. Para obter-se o corte, utiliza-se um dispositivo com um bico que contém um orifício otimizado, com a finalidade de comprimir um gás ionizado em temperatura extremamente elevada, tornando possível o derretimento das secções de metais condutores, promovendo dessa forma a separação do material cortado do seu material original. Um gás com alto teor de condutividade elétrica (plasma) é usado para realizar a transferência da energia negativa fornecida pela fonte plasma da tocha, para que dessa forma o material seja cortado. A tocha acaba funcionando como um suporte para os consumíveis, por fornecimento de um fluído refrigerante, geralmente água ou ar comprimido. O processo de corte a plasma é um processo que proporciona uma enorme gama de aplicações com vantagens técnicas e econômicas. O corte a plasma foi desenvolvido a partir de 1955 para substituir ou otimizar outros processos de corte, como o corte por serra, por prensa, tesouras, lâminas e corte com chama adição de pós, particularmente na aplicação para corte de materiais não ferrosos e aços inoxidáveis. Já na década de 1960, o processo de corte a plasma foi inovado por meio de diversas melhorias. A melhoria mais impactante foi a adição de água entre o bico do plasma e um bocal, localizado na parte frontal, com o objetivo de elevar a vida útil dos componentes e consumíveis e, por consequência, contribuir para um grau de qualidade do corte mais elevado. Porém, foi na década de 1980 que o corte a plasma ganhou destaque e amplitude de no cenário industrial. Um avanço tecnológico da época permitiu a utilização do plasma para o corte de materiais não ferrosos, por meio da adição do oxigênio como gás de plasma no processo de corte. Com a adição do oxigênio como gás de plasma, o calor do processo passou a ser proveniente de duas fontes distintas: » do plasma; » da reação exotérmica da oxidação do ferro. 24 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO Reação exotérmica é uma reação química que a energia é transferida de um meio interior para o meio exterior, provendo um aquecimento constante ao ambiente na qual a reação ocorre. Em outras palavras, no processo de reação exotérmica ocorre a liberação do calor. A adição do oxigênio como gás de plasma contribuiu também para um enorme aumento na velocidade do processo de corte, com melhoria também na qualidade do corte, aumentando os níveis de produtividade e otimizando os processos de corte e seus respectivos custos. No final da década de 1980, uma melhoria foi adicionada ao processo de corte a plasma: trata-se do bocal protetor eletricamente isolado. Sua principal função era minimizar a formação de arco duplo do plasma. Com a diminuição do arco duplo de plasma no processo de corte, aumentou-se ainda mais a vida útil dos consumíveis e dos dispositivos utilizados no processo de corte a plasma. Na década de 1990 foram desenvolvidas sequências lógicas para o processo de corte a plasma. O emprego dessas sequências lógicas contribuíram ainda mais para uma melhoria significativa na vida útil dos consumíveis, principalmente nos processos de corte no qual o oxigênio era utilizado para o gás consumível do corte a plasma. A aplicação das sequências lógicas no processo de corte a plasma permitiram a realização de ajustes e regulagens específicas para a pressão do gás, bem como a vazão dele, durante o todo o ciclo de corte. A aplicação das sequências lógicas no processo de corte a plasma também contribuíram para o aprimoramento do projeto do eletrodo, por um inserto de ráfnio de menor diâmetro que se tornava capaz a ampliação da refrigeração dos eletrodos dentro do processo de corte. Ráfnio é um material classificado como um metal semicondutor. O ráfnio é considerado uma matéria-prima rara devido as suas propriedades físicas e químicas. O ráfnio é um metal que tem muita importância dentro da engenharia de materiais semicondutores e pode ser encontrado na natureza junto ao Zircônio (Zr), devido à semelhança química entre ambos. Também na década de 1990 foi desenvolvido o plasma de alta definição, que na época foi uma enorme inovação dentro do processo de corte a plasma, aumentando de maneira extremamente elevada a qualidade de corte dos materiais, principalmente dos cortes que exigia-se cortes com formas geométricas mais complexas e elaboradas. 25 INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO │ UNIDADE I O plasma de alta definição era aplicado na superfície de um material por meio de um orifício reduzido no bico do equipamento, além de um canal extra para a saída do excesso de gás do sistema, contribuindo para a execução de um corte sem a geração de chanfros, de ângulos elevados, de escórias e também de rebarbas. O plasma de alta definição é utilizado em processos que é desejável especificações dimensionais mais precisas e um elevado grau de qualidade dos cortes referente ao ângulo de desvio da superfície de corte. O plasma de alta definição foi criado para suprir o corte com variações mínimas no ângulo desvio, proporcionando um corte mais reto e de qualidade mais elevada. Com todo esse avanço tecnológico ao decorrer do tempo, o processo de corte a plasma tornou-se um método muito confiável e de excelente qualidade, fazendo do processo de corte a plasma um dos processos mais importantes dentro das indústrias de corte de matérias em âmbito nacional. Nos dias de hoje, o plasma tem sido aplicado para substituir processos de cortes por meio de ferramentas manuais, para processos de corte com custo operacional mais elevado e até mesmo para processos de corte mais lentos, contribuindo para o crescimento da indústria de maneira geral. O corte a plasma é um processo com excelente custo x benefício devido a sua capacidade de cortar qualquer material que seja condutor de eletricidade, com destaque e vantagem para o corte de metais não ferrosos, que por sua vez não são capazes de serem cortados pelo processo de oxicorte. O processo de corte a plasma ocorre por meio da emissão de jatos. O jato de plasma funde e expulsa o material de base de maneira muito eficiente, proporcionando um corte com excelente acabamento e com uma ótima precisão dimensional. O processo de corte a plasma pode ser realizado por equipamentos manuais ou mecanizados, geralmente com velocidades relativamente elevadas. Um processo de corte a plasma pode ser iniciado a partir de qualquer ponto de uma determinada peça, barra ou chapa e pode ser realizado em linha reta ou curva, de acordo com as especificações estabelecidas. Em outras palavras, o processo de corte a plasma ocorre por meio da liberação de calor proveniente de uma coluna de plasma, por sua vez originada de um aquecimento de gás originado por um arco elétrico. Com alta vazão rotacional, o plasma é transferido até a superfície do material cujo será cortado. O calor do plasma realiza a fundição da peça e a parte cortada é expulsa do restante do material com a ajuda do gás em alta vazão. Geralmente, o corte a plasma é indicado e utilizado para cortes de peças com espessuras entre 3 mm e 40 mm. Existem três processos de corte a plasma, sendo os dois primeiros 26 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO mais comuns (processos convencionais): o primeiro é com fluxo de gás simples com proteção por água; o segundo é com duplo fluxo de gás; o terceiro é com injeção de água. Em um processo de corte a plasma com duplo fluxo de gás, é usado geralmente o nitrogêniocomo o gás de plasma. O segundo gás, chamado de gás de proteção, é escolhido em função do material a ser cortado. Dentre esses gases, a utilização mais recomendada se dá pelo quadro abaixo: Quadro 3. Tipo de material x Gás utilizado. Tipo de material Gás utilizado Aço Inoxidável Dióxido de Carbono (CO2) Alumínio Argônio com Hidrogênio (Ar-H) Aços em geral Ar comprimido Fonte: adaptado de Marques, 2016. Para o corte a plasma de aços em geral, recomenda-se somar ao uso do ar comprimido o uso de tochas e eletrodos especiais. No corte a plasma com proteção de água, o processo é semelhante ao de duplo fluxo de gás, usando a água no lugar do gás de proteção. Com essa aplicação, a aparência do corte e a vida útil do bocal apresentam melhores resultados se comparados ao processo de duplo fluxo de gás. Já no corte a plasma com injeção de água, existe um jato de água que passa pelo bocal constritor, aumentando o efeito de confinamento do plasma e, dessa forma, protegendo-o de contaminação. A parte inferior desse bocal é geralmente de material cerâmico. O corte a plasma com injeção de água permite a utilização e maiores velocidades de corte em comparação aos processos de corte a plasma convencionais. Em casos específicos, a peça pode ser submersa em água para que o processo de corte a plasma seja realizado. Geralmente, esse tipo de processo aplica-se em situações que o material a ser cortado pode sofrer variações de suas propriedades, devidas ao calor do corte. Essa técnica evita também a geração de grande quantidade de vapor metálico, diminuindo assim a contaminação do ambiente. Equipamentos Os equipamentos utilizados em um processo de corte a plasma são basicamente os seguintes: » fonte de energia; 27 INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO │ UNIDADE I » tocha de corte; » fonte de gases e de água; » unidade controladora; » dispositivos de deslocamento de tocha (para processos de corte mecanizados). As fontes de energia utilizadas no processo de corte a plasma apresentam uma tensão entre 120 V a 400 V. Essa variação se dá de acordo com a tocha e da técnica a ser utilizada, além do tipo do material e da espessura a ser cortada. A corrente de saída varia entre 70 A a 1000 A. A variação da corrente de saída depende do material a ser cotado, a sua espessura, e da velocidade de corte. As figuras 5 e 6 mostram equipamentos para corte a plasma. Figura 5. Corte a plasma manual. Fonte: Indústria Hoje, 2013. Figura 6. Corte a plasma mecanizado. Fonte: Conecta FG, 2017. 28 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO As tochas de corte apresentam um ou mais orifícios, com diferentes diâmetros, que variam de acordo com a capacidade e da técnica a ser utilizada. As tochas de corte podem ser adequadas tanto para o corte manual, quanto para o corte mecanizado, sendo geralmente as tochas para o corte mecanizado as que apresentam maior capacidade. No processo de corte a plasma, uma etapa muito importante é a abertura do arco de geração do plasma. Em equipamentos convencionais, são utilizados ignitores de alta frequência. Já em equipamentos mais modernos, a abertura do arco de geração do plasma ocorre pela pressão do ar comprimido que distancia internamente o eletrodo do bico. As figuras 7 e 8 ilustram os dois casos. Figura 7. Ignitor de alta frequência. Eletrodo fixo Centelha (alta frequência) Fonte: Marques, 2016. Figura 8. Abertura do arco por pressão de ar. Distribuidor de gás Eletrodo Bico Capa Bocal Contato Centelha Fonte: Marques, 2016. » Distribuidor de gás: é construído de material isolante; sua principal finalidade é dar sentido rotacional ao gás. 29 INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO │ UNIDADE I » Eletrodo: é responsável por conduzir a corrente elétrica até um inserto de háfnio, que por sua vez emite os elétrons para a geração do plasma. Háfnio (Hf ) é um elemento químico que é encontrado na natureza na forma física sólida. Além de ser utilizado em eletrodos, o háfnio é utilizado também em lâmpadas, na fabricação de processadores de computadores e em reatores nucleares como barra de controle, graças a sua alta capacidade de absorção de nêutrons. Possui características brilhante, prateada e com enorme resistência à corrosão, além de ser um metal dúctil. » Bico: é um dispositivo responsável por realizar a compressão do plasma, além de servir como guia para o corte do material. » Capa: tem como função principal manter os consumíveis alinhados e realizar o isolamento da parte elétrica do bocal, evitando choques ou descargas elétricas para quem manusear o bocal para limpeza, troca de componentes, ajustes ou manutenção. » Bocal: o bocal tem como principal função realizar o direcionamento do fluxo do jato. Pelo fato de o bocal ser refrigerado e isolado eletricamente, o mesmo pode ser apoiado à chapa ou ao material cujo corte será realizado. As fontes de gás de um processo de corte a plasma são constituídas de cilindros de gás e de reguladores de pressão. Em um processo de corte a plasma com água, uma fonte de água limpa também é necessária. A unidade controladora, podendo também ser chamada de sistema de controle, é constituída de medidores e reguladores de vazão de gás, relés e temporizadores, além de meios para ajustar os parâmetros de operação da fonte. A unidade controladora também provém de dispositivos de segurança, cujo são responsáveis por interromper a operação em casos de falhas em geral, como, por exemplo, falta de gás ou falta de água para a refrigeração da tocha. Figura 9. Exemplos de unidades controladora de corte a plasma. Fonte: Adtech, 2018. 30 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO Existem também diversos tipos de máquinas de corte a plasma, que podem ser divididas dentro de três categorias: » Sistema de contato de alta frequência: são adotados em máquinas de corte a plasma mais antigas e eram empregadas para o corte de chapas de metais que apresentassem condutividade elétrica. O método de corte consistia na produção de faíscas de alta frequência, iniciando-se assim o processo de corte por meio do arco elétrico. Neste tipo de equipamento, o arco elétrico mantém contato com o material que está disposto para ser cortado. Máquinas com sistema de contato de alta frequência são operadas de maneira manual, então cabe ao operador do equipamento manter o bico que produz o plasma em contato com a superfície da chapa que será cortada, assegurando assim o processo de corte. » Máquinas arco piloto: são máquinas que apresentam facilidade em cortar qualquer tipo de metal. O método consiste na criação de uma pequena bolsa de plasma disposta dentro do bocal, até que o ele faça contato com a superfície da chapa que será submetida ao corte e também durante o processo de corte do material. Sendo assim, essa pequena bolsa de plasma recebe o nome de arco piloto. O arco piloto cheio de plasma atinge temperaturas elevadas, proporcionando uma boa eficiência no corte de chapas em aço em geral, chapas de latão, chapas de alumínio etc. As máquinas arco piloto também permitem cortes em diversas formas e tamanhos, aumentando assim a sua gama de aplicação. Por ter um funcionamento simples, porém muito eficiente, as máquinas de arco piloto também podem proporcionar o corte de outros tipos de materiais como, por exemplo, chapas de vidro e de plástico. Da mesma forma que os sistemas de contato e alta frequência, as máquinas arco piloto também são controladas de forma manual, competindo ao operador da máquina assegurar o cumprimento das atividades. » Máquinas de corte por Comando Numérico Computadorizado (CNC): as máquinas de corte a plasma por Comando Numérico Computadorizado (CNC) são as máquinas mais avançadas em termos de tecnologia embarcada e também em performance, proporcionando diversos tipos de cortes em diversos tipos de materiais. As máquinas de corte por CNC são provenientes de um maçarico de plasma fixo, que é controladopelo auxílio de um computador. Este tipo de equipamento permite que os cortes sejam pré-programados, contribuindo para cortes eficientes e de altíssima qualidade, proporcionando também o corte 31 INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO │ UNIDADE I para clientes de maneira customizada (única), aumentando a gama de possibilidades e permitindo cortes das mais diversas formas geométricas como retângulos, quadrados, circulares, estrelas, flanges, elipses, hexágonos, entre outras formas regulares e irregulares. Consumíveis Em um processo de corte a plasma, os consumíveis utilizados são os gases (que são escolhidos de acordo com o material que se deseja cortar) e os eletrodos, que podem ser de tungstênio (W) ou de cobre (Cu) com inserto de háfnio (Hf). Os eletrodos devem ser substituídos periodicamente, devido ao seu desgaste inerente ao processo de corte. Para processos de corte de aços-carbono, os melhores resultados podem ser obtidos por mistura nitrogênio-oxigênio. Como alternativa, pode-se usar o ar atmosférico e o ar comprimido. A presença do oxigênio reduz a vida útil dos eletrodos e, às vezes, a injeção de oxigênio é realizada por um bocal especial, após a passagem do gás de plasma pelo eletrodo. Se comparado os processos de corte a laser que usam misturas de gases com os processos que usam o ar atmosférico, pode notar-se que a qualidade de corte é bem semelhante. No corte de aços não ferrosos e de aço inoxidável, geralmente usa-se misturas de argônio-hidrogênio ou misturas de nitrogênio-hidrogênio. Recentemente, no corte de matérias supracitados, também se iniciou a utilização de do ar atmosférico/ar comprimido, também alcançando resultados de corte muito satisfatórios. O gás em um processo de corte térmico a plasma tem basicamente duas funções distintas: » insumo para a geração do plasma; » refrigeração dos eletrodos. O plasma é obtido por meio do superaquecimento dos gases, por meio do aquecimento por uma diferença de potencial elétrico, provocando o rompimento das moléculas e resultando na produção de elétrons e íons entre si. Dessa forma, a eficiência do processo de corte e a qualidade dele estão diretamente relacionadas à qualidade do gás utilizado como consumível. Quando o processo de corte térmico a plasma é realizado de maneira manual, a vazão do gás é uma característica crítica para o desempenho do processo, pois nos processos de corte manual são utilizados uma única fonte de suprimento de gás para a formação 32 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO do plasma e para a refrigeração dos eletrodos. A vazão do gás é muito importante para assegurar a qualidade do processo de corte e também do material cortado. Caso a vazão do gás ocorra de maneira excessiva, não ocorrerá problemas na ação de refrigeração. Porém, a vazão de gás excessiva pode resultar em danos no plasma, podendo deixá-lo insuficiente para o corte. Em contrapartida, caso a vazão do gás ocorra de maneira insuficiente, a vida útil do eletrodo é reduzida de maneira drástica, resultando também na redução da qualidade do plasma gerado no processo. Existem alguns processos manuais de corte térmico a plasma que podem utilizar a combinação de mais de um gás, podendo chamá-lo de múltiplos gases. Para esses casos, a vazão de gás é menor comparada à sistemas e/ou processos que só existe um gás (gás único). Os processos que têm múltiplos gases apresentam uma tocha mais robusta e, por consequência, mais pesada. O sistema de múltiplos gases possui mecanismos dedicados para cada tipo de gás. Ou seja, o sistema de múltiplos gases torna possível o uso de gases distintos para a proteção do eletrodo e para a geração do plasma. No sistema de múltiplos gases o resfriamento dos eletrodos é realizado por meio de líquido refrigerante. O sistema de múltiplos gases apresenta como vantagem a possibilidade de selecionar o gás de plasma mais adequado para um determinado tipo de material a ser cortado, tudo isso sem afetar a capacidade de refrigeração do sistema. A seleção do gás deve atender aos requisitos do projeto, de qualidade e dos métodos estabelecidos pela engenharia de processos, bem como atender os requisitos dimensionais do material que será cortado. Historicamente, o processo de corte a plasma é um método que apresentou durante muitos anos um grau de confiabilidade inferior, quando comparado aos outros processos de corte térmico, devido ao ângulo de corte que por muitas vezes era elevado ou não se obtinha um controle sobre essa característica do processo, pelo elevado consumo de gás, de eletrodos, pela baixa vida útil dos equipamentos e pela inconsistência do processo em geral. Desde o desenvolvimento do processo do corte a plasma, esse método incorporou diversas novas tecnologias e, ainda nos dias atuais, é um dos principais processos 33 INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO │ UNIDADE I de corte térmico utilizado nas indústrias em geral. Essa evolução tecnológica, acompanhando uma tendência global nas indústrias de forma geral, proporcionaram evoluções e melhorias nos processos de corte a plasma. Os equipamentos de corte a plasma mais modernos possuem um sistema de jato coaxial de ar. Esse sistema é responsável por realizar uma compressão ainda maior no plasma, proporcionando um corte mais rápido, com menos formação de rebarbas e com menores ângulos de corte. As máquinas de corte a laser mais modernas também são equipadas com um dispositivo chamado escudo frontal. Esse dispositivo torna capaz o apoio da tocha do plasma diretamente na peça, mesmo em correntes elétricas maiores de 100 A. Nas máquinas de corte a laser controladas por comando numérico computadorizado (CNC) também passaram por evolução ao decorrer dos anos. Nas máquinas mais modernas foram adicionadas tecnologias que contribuem para o aumento do rendimento e da qualidade do processo de corte do material, além de contribuir para o aumento da vida útil dos consumíveis e insumos do processo por meio de um controle dos gases e do sistema de refrigeração mais eficientes. O processo de corte a plasma ganhou destaque no âmbito industrial, principalmente nas indústrias de corte de metais e nas metalúrgicas em geral. Apesar do crescimento desse nicho industrial nos últimos anos, o corte a plasma teve uma enorme ampliação da sua aplicação em substituição ao oxicorte no corte de chapas com espessuras mais grossas e também na substituição do corte a laser para chapas mais finas e também de metais não ferrosos. Técnica operatória O procedimento usado para o corte a plasma consiste em ajustes dos parâmetros operacionais, abertura do arco e deslocamento da tocha ao longo da linha de corte, finalizando o processo com o desligamento do arco. Um sinal de partida é enviado para a unidade controladora da máquina de corte a plasma. De maneira simultânea ao envio do sinal de partida, a tensão de arco aberta e os gases são transmitidos à tocha, dando início ao processo de vazão. Quando a vazão é estabilizada, a alta frequência é ativada. A alta frequência pode ser vista entre o eletrodo e o bico, pela parte interior da tocha, tornando o gás ionizado quando ele passa pelo arco. 34 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO O gás, que agora transformou-se em um condutor elétrico, cria um caminho para a corrente entre o eletrodo e o bico, resultando na formação do arco piloto. No momento em que o arco piloto realiza o contato com a chapa ou com o material que será cortado, ele é transferido à superfície desse determinado material, realizando a fundição do metal e contribuindo para que o gás, em alta velocidade, remova o material derretido, resultando no processo de corte. As variáveis mais importantes nos parâmetros de um processo de corte a plasma são: » Corrente (A). » Velocidade de corte (mm/s). » Fluxo de gás de plasma. » Distância entre o bocal e a peça, também chamado de “stand-off”. » Tipo de tocha. » Número, diâmetroe disposição dos orifícios. As variáveis operacionais são ajustáveis e podem ser determinadas em função do material a ser cortado, bem como sua espessura. O quadro 4 apresenta parâmetros típicos para cortes de diferentes materiais e espessuras. Quadro 4. Parâmetros de corte a plasma. Material Espessura (mm) Diâmetro do orifício Corrente (A) Velocidade de corte (mm/s) Alumínio 6 13 25 51 102 3,2 3,2 4 4 4,8 300 350 400 400 450 127 86 38 9 5 Aço Inoxidável 6 13 25 51 102 3,2 3,2 4 4,8 4,8 300 300 400 500 500 86 42 21 9 3 Aço Carbono 6 13 25 51 3,2 3,2 4 4,8 275 275 425 550 86 42 21 11 Fonte: Marques, 2016. 35 INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO │ UNIDADE I Para processos de corte de alumínio, é comum a utilização de nitrogênio (N2) e argônio (Ar) com adição de hidrogênio (H2), com vazões de 45 a 1000 litros por minuto (l/min). É recomendável verificar as instruções do fornecedor do equipamento. Para processos de corte de aço-carbono, é comum a utilização de ar comprimido ou nitrogênio (N2) com adições de hidrogênio (H2) ou de oxigênio (O2), com vazões de 9 a 140 litros por minuto (l/min). É recomendável verificar as instruções do fornecedor do equipamento. A direção do corte é muito importante, e pode influenciar de maneira significativa no acabamento da peça cortada, podendo haver uma tendência de arredondamento na aresta superior de corte de um dos lados. Nestes casos, a orientação no sentido de corte é fundamental e deve ser observada, a fim de evitar perdas de material. A distância entre o bocal e a peça geralmente varia entre 6 e 16 mm. Menores velocidades de corte contribuem para o corte com melhor acabamento em sua superfície. A escolha dos parâmetros operacionais deve ser feita levando-se em conta as indicações do fabricante do equipamento específico que será utilizado no processo de corte. Existem também diversos modos de operação para o corte a plasma. Iremos conhecer três desses principais modos: Aplicações industriais O processo de corte a plasma pode ser utilizado na maioria dos metais. Em muitos casos, há uma vantagem no processo de corte a plasma em relação ao processo de oxicorte de aços-carbono, particularmente em cortes longos e em grande volume de peças. Já em relação ao oxicorte de aço-inoxidável realizado com pós, as vantagens são bem mais sensíveis. Na prática, o processo de corte a plasma é aplicável a aços-carbono com espessuras de até 50 mm. Em alumínio e/ou aços-inoxidáveis, o corte a plasma é aplicável em peças com espessura até 250 mm. Bons resultados também são obtidos no corte de magnésio e de cobre. 36 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO Sendo assim, o corte a plasma é aplicado nos mais diversos tipos de indústrias, a saber: » indústrias metalúrgicas; » indústrias metais-mecânica; » indústrias químicas; » indústrias alimentícias; » indústria automobilística; » indústria aeronáutica; » fabricação de radiadores; » fabricação de motores e respectivas peças e componentes; » fabricação de sistemas automotivos; » fabricação de peças em geral. O processo de corte a plasma ocupa uma vasta aplicação, com vantagens técnicas e econômicas. Para cortes de chapas de até 40 mm de espessura, o processo de oxicorte é recomendado pois apresenta melhor custo benefício para esta operação devido ao seu baixo custo inicial e operacional. Para assegurar a qualidade de peças cortadas pelo processo de corte a plasma, deve-se seguir as recomendações técnicas da norma EN ISO 9013. Com o auxílio desta norma, torna-se mais fácil a definição dos limites de aceitação do processo de corte e também a definição de tolerâncias admissíveis. Os fatores mais importantes considerados em um processo de corte a plasma são o desvio angular do corte e a rugosidade da região que o plasma realizou o corte. Existem também alguns outros fatores que também podem ser considerados na avaliação da qualidade do corte como a formação de escórias e também as linhas de arraste. Um fator importante é utilizar as linhas de corte para determinar a velocidade e avanço correto do corte. Recomenda-se que as linhas de corte devem acompanhar o corte da chapa aproximadamente entre 10 e 15 graus quando as linhas de corte estão na vertical. Recomenda-se ainda a utilização de velocidade de corte mais rápida para linhas que estejam mais alinhadas e velocidade de corte mais baixa quando as linhas estiverem mais verticais. 37 INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO │ UNIDADE I O corte a plasma é uma técnica que possibilita cortar peças de diversos tamanhos e tipos, desde perfis brutos até a diâmetros internos, de acordo com as especificações das máquinas e do tipo de bicos utilizado no corte. Apesar de ser um processo muito eficiente, o corte a plasma é um processo térmico. Portanto, cuidados e requisitos de segurança são primordiais, o corte plasma deixa resíduos sólidos provenientes da alta temperatura do plasma em processo. Recomenda-se que esses resíduos sólidos sejam bem controlados. Sendo assim, por essas razões, o operador de uma máquina ou equipamento de corte a plasma deve proteger-se de maneira adequadas contra as chamas, os resíduos, e até o próprio calor inerentes ao processo. A proteção facial também deve ser adotada, pois é uma parte do corpo humano muito sensível e requer cuidados especiais para evitar maiores complicações, incidentes e até acidentes. Recomenda-se o uso de protetores e de lentes de sombreamento, garantindo maior conforto e segurança para os olhos dos operadores. 38 CAPÍTULO 4 Corte a laser Fundamentos O nome Laser é uma sigla formada pelas letras iniciais das palavras Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation, que em português quer dizer: amplificação da luz por emissão estimulada da radiação. A radiação laser ocorre quando os átomos de uma estrutura recebem energia externa, levando-os a um estado de excitação. Excitação: processo em que se transfere energia para um sistema. O laser produz um feixe de luz utilizando um veículo ativo, que pode ser um sólido (o rubi) ou um líquido (o dióxido de carbono sob pressão). Este feixe de luz produz intensa energia na forma de calor. Veículo ativo: material utilizado para converter energia elétrica em energia de radiação. Para voltar ao seu estado fundamental, a estrutura libera energia na forma de fótons. Esse processo se repete e os fótons podem, dessa maneira, ser refletidos dentro de um tubo, resultando em uma cadeia de emissão fotônica, em uma amplificação da emissão inicial. A radiação emitida nesse processo é monocromática, ou seja, os fótons têm sempre o mesmo comprimento de onda e energia. Ao serem excitados, os fótons saltam de um nível de energia mais baixo para outro nível mais alto e, ao retornarem ao estado original, a diferença de energia entre esses níveis será liberada com a emissão de um fóton, conforme evidenciado na figura 10. 39 INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO │ UNIDADE I Figura 10. Produção de fótons laser (esquemático). Semiespelho Átomos no nível fundamental de energia Átomos excitados Espelho Fonte: Marques, 2016. A construção do primeiro aparelho a emissão de laser foi realizada por Maiman, que em 1960 criou um aparelho a laser para a área médica utilizando um rubi como meio para sua geração. O laser de rubi tem comprimento de onda eletromagnética situada na faixa de luz visível. Na área industrial, o laser tem várias aplicações, como a soldagem, a gravação e o corte, sendo esse último o processo de nosso estudo. O processo de corte a laser ocorre por meio do foco de feixe de luz de alta intensidade, concentrado sobre a superfície da peça. A incidência de um feixe de laser sobre um ponto da peça é capaz de fundir e vaporizar até o material em volta desse ponto, causando um furo que penetra profundamente no metal-base. Desse modo, é possível furar e cortarpraticamente qualquer material, independentemente de sua resistência mecânica. O corte a laser é um processo poderoso, que pode ser usado na fabricação de peças complexas. 40 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO Equipamentos Os equipamentos de corte a laser não podem ser operados de maneira manual, pois o processo envolve alta concentração de energia, uma vez que o feixe deve ser muito concentrado e o corte ocorre a velocidades muito altas. O equipamento mais comum consiste em mesas móveis, com capacidade de movimentação segundo os eixos x, y e z. Os eixos x e y determinam as coordenadas de corte, enquanto o eixo z serve para corrigir a altura do ponto focal em relação à superfície da peça, pois, durante o corte, esta distância é afetada por deformações provocadas na chapa, pelo calor decorrente do próprio processo. As coordenadas de deslocamento geralmente são comandadas por um sistema Computer Aided Design (CAD) ou, em português, projeto assistido por computador), acoplado à mesa de corte. Nas máquinas de corte a laser, como a que é mostrada a seguir, o material a ser cortado normalmente encontra-se em forma de chapas, embora existam máquinas que se destinem ao corte de tubos. Figura 11. Equipamento de Corte a Laser. Fonte: Messer Cutter, 2018. Observe que a chapa é colocada sobre uma espécie de “cama de pregos”, apoiando-se em vários pontos. O cabeçote laser movimenta-se em duas direções: longitudinal e transversal. Esses movimentos são transmitidos por motores elétricos, controlados por computador. 41 INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO │ UNIDADE I Pelo cabeçote laser flui um gás que tem por função, entre outras, remover o material fundido e óxidos da região de corte. O gás normalmente usado para esta finalidade é o oxigênio, porque ele favorece uma reação exotérmica, isto é, libera calor, aumentando ainda mais a temperatura do processo e, por consequência, a velocidade de corte. Porém, quando forem necessárias superfícies livres de óxidos, como no corte de aços inoxidáveis, o gás recomendado é o nitrogênio. As máquinas de corte a laser podem cortar chapas de aço-carbono de até 20 mm de espessura. Ao contrário do que se poderia pensar, sua capacidade de corte de chapas de alumínio, por exemplo, é bem menor: corta chapas de 6 mm, no máximo. Isso se explica pela tendência do alumínio ao empastamento e à reflexão da luz. Consumíveis Os consumíveis utilizados no processo de corte a laser, são: » bicos; » corpo do bico; » cerâmicas; » cabos; » arruelas; » conectores. Os bicos são geralmente feitos de cobre. Os bicos são importantes para aumentar a precisão na centralização do laser no cabeçote da máquina. Corpo de bicos são extensões feitas do mesmo material que o bico, geralmente utilizados quando a lente focal tem variações de distância focal (75mm, 100mm, entre outras), para poder dar a distância necessária do foco, pois é muito mais fácil desenvolver um elemento padrão que usa algumas adaptações do que produzir um específico para cada foco. Cerâmicas, são materiais muito resistentes a calor muito utilizados para conter a temperatura interna do cabeçote em algumas regiões que a temperatura é muito elevada, também são utilizados para inserção de componentes metálicos, para evitar interferência de sinais devido a alta temperatura. Cabos são por sua vez caminhos por qual os sinais elétricos passam para tráfego e transmissão de dados. 42 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO Arruelas servem para vedar e/ou fixar elementos que não possam ter movimentação ou vibração dentro de um sistema. São utilizados para conectar os cabos de transmissão e tráfego de dados do sistema. Técnica operatória Os principais parâmetros em um processo de corte a laser são: » a energia do feixe; » a distância focal; » a velocidade do corte. A energia do feixe determina a capacidade do laser de interagir com o material a ser cortado e iniciar o corte. Em geral, o aumento da energia do feixe permite cortar com velocidades maiores, mantendo a qualidade de corte inalterada, ou cortar materiais de maiores espessuras. A distância focal é o ponto que existe concentração máxima de energia do feixe. No caso de chapas finas, deve ser colocado na superfície. Se as chapas forem grossas, a distância focal deve ser ajustada para regiões ligeiramente abaixo da superfície, desde que não ultrapasse 1/3 da espessura da chapa. A velocidade de corte deve ser determinada em conjunto com a potência, a pressão e vazão do gás. Valores muito elevados de velocidade tendem a produzir estrias na superfície de corte, rebarbas na parte posterior da superfície atingida pela radiação e até mesmo impossibilidade de realizar o corte. Velocidades baixas, por outro lado, produzem um aumento da zona termicamente afetada e um decréscimo na qualidade do corte. O uso de máquinas de corte a laser é recomendado quando as peças apresentarem formas complicadas e for exigido um acabamento de superfície praticamente livre de rebarbas na região de corte. Como esse processo não requer estampos de corte, é possível produzir rapidamente lotes pequenos e diversificados. Em um processo de corte a laser, é importante atentar-se aos fatores que afetam a qualidade da superfície de corte. Existem inúmeras variáveis que podem afetar a qualidade do corte a laser. A seguir, podemos conhecer algumas dessas variáveis: » Potência da radiação incidente: é uma variável que provém da densidade da energia introduzida no material que está a ser cortado. 43 INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO │ UNIDADE I Sendo assim, a potência de corte deve ser estabelecida com parâmetros que contribuam para que a energia introduzida no material seja suficiente para realizar o corte da chapa, e nada mais. Quando uma energia em excesso é introduzida no material, é gerado a fundição de uma quantidade do material, proveniente do calor inerente ao laser, podendo assim contribuir para variações dimensionais como o aumento da largura do corte. De maneira geral, o aumento da potência da radiação resulta em cortes com velocidades maiores, mantendo a qualidade do corte inalterada, ou até mesmo proporcionar o corte de chapas que apresentam maiores espessuras. Lembrando que associar a velocidade do corte com a qualidade também deve ser ponderada de maneira muito cuidadosa, pois como a potência do feixe do laser está associada com a velocidade do corte e com a espessura do material, os parâmetros devem ser definidos de modo que a boa qualidade do corte seja assegurada. » Método de corte: pode influenciar na qualidade de um material cortado a laser. O corte a laser pode ser realizado por método pulsado ou por método contínuo. E esses métodos apresentam algumas diferenças. Os dois métodos são bem eficientes, porém o método de corte pulsado apresenta ligeira vantagem em cortes de peças com geometrias complexas e ângulos vivos. Sendo assim, utilizar o método de corte contínuo para essas características pode não ser uma boa ideia. » Polarização do feixe: a relação entre a orientação do plano da superfície e o plano de vibração dos campos elétricos e magnéticos das condas geradas pelo laser contribuem para a absorção de luz. É possível obter elevado grau de qualidade no corte a laser quando o feixe polarizado está paralelo à direção do corte. Porém, como a maioria das peças a ser cortadas apresentam formas e geometrias mais complexas, esse tipo de técnica exige que seja empregado uma polarização circular do feixe do laser, pois essa aplicação permite que se tenha as mesmas características de absorção do feixe de laser, independente da direção do corte adotada. » Ópticas de focalização: é muito popular a utilização de lentes convergentes com o objetivo de focalizar o feixe de laser em uma mancha de dimensões pequenas. Um parâmetro muito importante do conjunto óptico é a distância focal da lente. Quanto menor for a distância focal,menor é o diâmetro do feixe de laser no ponto focal e, por consequência, menor será a largura do corte. Os tipos de lentes mais utilizadas nesse tipo de processo são as lentes de distância focal de 2,5’’ para chapas com 44 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO espessuras inferiores a 1 mm, lentes de distância focal de 5’’ para chapas com espessuras entre 1 e 15 mm e lentes de distância focal de 7,5’’ para espessuras superiores. » Modo, simetria e estabilidade do feixe: são três características extremamente importantes no processo de corte a laser. Para cortes em geral, é preferível a utilização do laser tipo TEM00, que permite o foco em lentes até diâmetros extremamente pequenos no ponto focal. Esse tipo de laser concentra a energia do centro do feixe do laser, evitando a queima das bordas dos materiais e também a largura de cortes grandes. Para cortes de pequenos furos ou de formas que exigem menor simetria, dimensões mais refinadas e mais estabilidade, são utilizados o laser tipo fluxo axial, pois esse tipo de laser apresenta melhor características para esses tipos de requisitos. » Posição do ponto focal: é extremamente importante e recomendável que o ponto focal deve ser mantido em uma posição que assegure o contato com a superfície da peça, obtendo assim uma maior densidade na potência do laser e, por consequência, conseguindo um corte mais eficaz e de maior qualidade. » Velocidade de corte: nem sempre um corte mais veloz significa que o corte será de qualidade elevada. Da mesma forma, nem sempre um corte mais lento garante as mesmas características de qualidade. A velocidade de corte deve ser definida com base na potência do feixe de laser e também na espessura do material a ser cortado. Velocidades de corte mais elevadas tendem a produzir características de estrias na superfície do material cortado, além de produzir rebarbas na parte superior da superfície. Existem casos que a velocidade do corte é tão grande que essas rebarbas acabam de fundindo e o processo de corte acaba sendo totalmente ineficaz. Por outro lado, as velocidades de corte mais baixas podem apresentar um decréscimo na qualidade, principalmente se aplicado a chapas de espessuras mais finas. » Gás de assistência: o gás de assistência é responsável por diversas funções dentro de um processo de corte a laser. Dentre essas características, as principais são a proteção das lentes do sistema óptico, a capacidade de expelir ou remover o material da frente do corte, resfriar as superfícies que já foram cortadas e aumentar a velocidade por meio de reações exotérmicas que acabam fornecendo energia adicional ao processo de corte a laser. 45 INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO │ UNIDADE I Reações exotérmicas são reações químicas que existem a transferência de energia de um meio interior para um meio exterior, apresentando a característica de aquecimento ao ambiente. Em outras palavras, reações exotérmicas são processos que ocorrem a liberação de calor de um sistema, resultando então em índices de energia final dos produtos menores que a energia inicial dos reagentes. Aplicações industriais O corte a laser tem sido muito utilizado na indústria metalmecânica, em processos que se exige grande precisão dimensional em peças de baixa espessura. Em fábricas do ramo automotivo, tem-se usado o corte a laser para processos de corte de peças que exigem posicionamento e movimentações precisos sobre a série de trabalho. Além disso, o corte a laser é empregado em indústrias dos mais diversos ramos e segmentos, como, por exemplo: » corte de madeira; » corte de tecidos em geral; » corte de papel; » corte de papelão; » corte de papéis especiais (exemplo: papéis térmicos utilizados em notas fiscais e extratos bancários); » corte de plásticos; » corte de couro; » corte de peles de animais; » corte de acrílicos, » cortes para produção de troféus e medalhas; » corte de chaveiros e outros artigos promocionais; » carimbos de borracha; » modelos de arquitetura; » cortes para ajustes em impressões 3D; 46 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE CORTE TÉRMICO » corte de esponjas; » cortes de filtros; » corte de borrachas; » corte de películas e folhas em geral; » produção de laminados; » corte de embalagens e packings em geral; » corte de delrin; » produção de rótulos e displays; » corte para a construção/produção de brinquedos; » produção de peças mecânicas em geral; » placas de identificação. Em linhas gerais, o processo de corte a laser apresenta enorme custo-benefício, apesar o custo elevado dos equipamentos. 47 UNIDADE IIENSAIOS DESTRUTIVOS CAPÍTULO 1 Introdução, conceitos básicos, tipos de ensaios e normatização Ensaios são experimentos realizados com o objetivo de avaliar ou determinar as propriedades e a qualidade de um material. Dentre os ensaios, o ensaio destrutivo é o tipo de ensaio mais utilizado. A principal aplicação de um ensaio destrutivo é medir a capacidade de suportar esforço de uma peça. O ensaio destrutivo é um conjunto de técnicas que são amplamente utilizados nas indústrias em geral, com o objetivo de auxiliar na detecção de características estruturais e até de composição química de um determinado material, contribuindo para a identificação e até a prevenção de falhas e defeitos. Em outras palavras, um ensaio destrutivo provém de um conjunto de métodos e técnicas que são muito utilizados nas indústrias em geral, com o objetivo de detectar falhas, descontinuidades, avaliar características e composição química dos materiais, além de verificar suas propriedades mecânicas. Ao ensaiar de maneira destrutiva um determinado material, deve-se levar em conta que os materiais possuem falhas em sua estrutura e que as microestruturas do material podem ser heterogêneas (característica geralmente de aços carbono) ou direcionais (característica geralmente de materiais compósitos). Materiais compósitos são materiais que tem sua estrutura constituída por uma combinação de dois ou mais materiais não solúveis entre si. Um material compósito constitui da mistura de materiais compostos de natureza diferentes, com o objetivo de alcançar ou criar novas propriedades aos materiais. A realização de um ensaio destrutivo é importante dentro do desenvolvimento e do gerenciamento de projetos, pois permite que se identifique e escolha uma determinada matéria-prima ou material mais adequado para a aplicação. 48 UNIDADE II │ ENSAIOS DESTRUTIVOS E com o objetivo de se identificar as corretar propriedades de um determinado projeto, deve-se assegurar que a forma geométrica e a relação dessas formas com as microestruturas com as tensões da amostra (ou corpo de prova) sejam compatíveis com o produto final. Em outras palavras, as amostras para o ensaio destrutivo devem ter praticamente as mesmas características e requisitos do material que será aplicado dentro de um determinado projeto, a fim de tornar o ensaio mais assertivo e obter um resultado próximo à realidade do produto final. Ao realizar um ensaio destrutivo de um determinado material, é importante considerar que os materiais possuem falhas e que as microestruturas podem ser heterogêneas ou podem ser dependentes do local a ser ensaiado (aço carbono) ou direcionais (compósitos). Um processo de ensaio destrutivo é composto por ensaios mecânicos. Mesmo que um dano causado pelo ensaio destrutivo seja pequeno, os ensaios mecânicos necessitam de procedimentos em sua operação que resultam na inutilidade nas peças ou nos corpos de prova que são submetidos aos testes. A maioria dos efeitos causados por um ensaio destrutivo são marcas mecânicas que, em alguns casos, não chegam a destruir a peça por completo, porém deixa sinais de que serão pontos de concentração de tensão e estarão propensas a ser fontes de possíveis falhas, caso as peças ensaiadas sejam utilizadas. Para se ter conhecimento das propriedades de um determinado material,
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