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Q05 - Questionário 05_ 2024A - Língua Portuguesa III - Letras (67388)

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Q05 - Questionário 05
Entrega 18 mar em 23:59
Pontos 0,4
Perguntas 4
Disponível 12 fev em 19:00 - 18 mar em 23:59
Limite de tempo Nenhum
Tentativas permitidas 2
Instruções
Histórico de tentativas
Tentativa Tempo Pontuação
MANTIDO Tentativa 2 2 minutos 0,4 de 0,4
MAIS RECENTE Tentativa 2 2 minutos 0,4 de 0,4
Tentativa 1 22 minutos 0,2 de 0,4
Pontuação desta tentativa: 0,4 de 0,4
Enviado 13 mar em 23:07
Esta tentativa levou 2 minutos.

Instruções do Questionário!
1. Antes de responder o Questionário: Assista a videoaula e leia o capitulo correspondente do
livro !
2. Abra o questionário somente quando for responder;
3. Ao abrir o questionário você terá 4 questões para responder;
4. Leia com calma todas as questões e entenda o que pede a questão: se pede a incorreta, a
correta e qual o tema da questão;
5. Lembre de Clicar no botão "Enviar Teste";
6. Você tem duas tentativas para fazer o teste, a segunda tentativa é opcional;
7. Lembre-se que as respostas mudam de lugar em cada tentativa;
8. As respostas corretas só aparecem após o envio da segunda tentativa;
9. O sistema considera a maior nota entre as duas tentativas;
10. Lembre-se que a segunda tentativa vai zerar TODAS as questões, inclusive as que você acertou
na primeira tentativa;
11. Caso queira ter o questionário para arquivo pessoal, basta selecionar a impressão do
questionário e escolher a opção de "salvar em PDF";
Bons estudos! 😀
Enviar uma mensagem
https://ucaead.instructure.com/courses/67388/quizzes/313387/history?version=2
https://ucaead.instructure.com/courses/67388/quizzes/313387/history?version=2
https://ucaead.instructure.com/courses/67388/quizzes/313387/history?version=1
Pergunta 1
0,1 / 0,1 pts
 
Felicidade Clandestina
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um
busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois
bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de
histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho
barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem
do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra
bordadíssima palavras como “data natalícia” e “saudade”.
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho.
Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias,
altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia
de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe
emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como
casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o.
E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia
seguinte e que ela o emprestaria.
 Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava
devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte, fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim
numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado
o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar,
mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que
era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa
do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo
mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e
diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo.
Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte.
Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia se repetir
com meu coração batendo.
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não
escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu
 O tempo é cronológico.
sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer
sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
Quanto tempo? eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o
livro esteve comigo ontem à tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra
menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos
espantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa,
apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de
sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras
pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até
que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro
nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta
horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha
desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que,
finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E
para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser.” Entendam? Valia mais do que me dar o
livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a
ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu
não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei
que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei
até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter.
Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei
ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o,
abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que
era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia.
Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e puder em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes, sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, com êxtase
puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro.: era uma mulher com seu amante.
 
LISPECTOR, Clarice. Todos os Contos. Org. Benjamin Moser. Rio de Janeiro: Rocco, 2016.
 
Qual das características abaixo não se aplica ao conto?
Correto!
 Não é possível saber qual é o espaço.
 Número reduzido de personagens.
 Existe discurso direto e indireto.
 É uma narrativa curta.

Pergunta 2
0,1 / 0,1 pts
Felicidade Clandestina
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um
busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois
bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de
histórias gostaria de ter: um pai donode livraria.
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho
barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem
do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra
bordadíssima palavras como “data natalícia” e “saudade”.
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho.
Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias,
altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia
de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe
emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como
casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o.
E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia
seguinte e que ela o emprestaria.
 Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava
devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte, fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim
numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado
o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar,
mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que
era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa
do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo
mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e
diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo.
Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte.
Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia se repetir
com meu coração batendo.
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não
escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu
sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer
sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
Quanto tempo? eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o
livro esteve comigo ontem à tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra
menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos
espantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa,
apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de
sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras
pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até
que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro
nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta
horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha
desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que,
finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E
para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser.” Entendam? Valia mais do que me dar o
livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a
ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu
não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei
que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei
até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter.
Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei
ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o,
abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que
era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia.
Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e puder em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes, sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, com êxtase
puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro.: era uma mulher com seu amante.
 É um narrador em terceira pessoa, mas não é possível precisar se é observador ou onisciente.
 É um narrador em terceira pessoa, observador.
 É um narrador em terceira pessoa, onisciente.
 Existe mais de um narrador no conto.
Correto!
 É um narrador em primeira pessoa.

Pergunta 3
0,1 / 0,1 pts
 
LISPECTOR, Clarice. Todos os Contos. Org. Benjamin Moser. Rio de Janeiro: Rocco, 2016.
RESPONDA:
Com relação ao narrador, podemos afirmar que:
A xícara e o bule (um apólogo)
Após o café da tarde, sobre a mesa da varanda, a Xícara disse para o velho Bule:
— Ah... eu sou a mais bela peça da copa!
A qual respondeu o Bule:
— Tu? Ora essa!
— Sim (http://www.limacoelho.jor.br/vitrine/ler.php?id=3081) ! Sou a mais bela peça, e a mais
importante também! — retrucou a xícara indignada.
— É mesmo? — perguntou o Bule, com ironia.
— Podes rir, bule velho! — disse a Xícara, fechando a cara.
— Ora, não me leve a mal. Tu sabes que eu gosto muito de ti — disse amigavelmente o Bule cheio
de chá.
Mas dona Xícara, ignorando o senhor Bule, continuou a discorrer amorosamente sobre as suas
qualidades admiráveis:
— Pois então. É a mim que os senhores levam à boca, todos os dias, e me cobrem de beijos
enquanto bebem o chá. Sou feita de porcelana delicada, com belas florzinhas pintadas de dourado,
que refletem a luz e brilham como num sonho. Não é qualquer um da casa que pode me tocar.
O Bule, muito sensato, tentou transmitir uma lição:
— Mas, minha amiga, o que realmente importa é o nosso destino. O que disseste sobre tuas
florzinhas é somente vaidade, mas ir à boca dos senhores é o teu dever. E sou eu que fervo a água
http://www.limacoelho.jor.br/vitrine/ler.php?id=3081
http://www.limacoelho.jor.br/vitrine/ler.php?id=3081
http://www.limacoelho.jor.br/vitrine/ler.php?id=3081
e preparo o chá no meu interior, o qual é servido por ti. Tal é o meu destino. Tu percebes que nós
dois, juntos, temos um sentido na vida?
Dona Xícara riu-se, e disse com desprezo:
— Oh, sim! Então não sou diferente dos copos de vidro grosseiro que as crianças usam para beber?
Escuta, filósofo, serei franca contigo: tu tens inveja...
— Inveja? — perguntou o Bule.
— Sim! — respondeu a Xícara — pois eu estou sempre cheirosa e doce, e tu tens cheiro de bule
velho e borra de chá. Lavam-me cuidadosamente, e guardam-me no armário de vidro, junto com as
louças finas e os cristais, para embelezar a casa; enquanto tu és lavado com palha de aço e te
escondem dentro da pia, para que não te vejam. Sou estimada, e quanto mais velha eu me torno,
mais valiosa fico. E tu? És velho, manchado, cheio de amassadinhos, e és feito de metal ordinário...
O Bule ia responder alguma coisa, porém desistiu. Como poderia argumentar com uma xícara
vaidosa e cabeçuda?
Nessemomento o gato da casa, inesperadamente, pulou em cima da mesa da varanda tentando
caçar um besouro. O gato foi tão rápido e desastrado que nem escutou os gritos do senhor Bule e da
dona Xícara:
— Cuidado!
Mas era tarde demais, e os dois caíram no chão. O velho Bule, que tinha uma base pesada, caiu e
rodou como um pião, ficando em pé quando parou. E a bela Xícara, pobrezinha!, espatifou-se nas
lajes da varanda.
Uma lágrima de chá deslizou suavemente pela fronte do senhor Bule, enquanto observava a
pequena luz de vida que aos poucos desaparecia dos caquinhos de porcelana.
— Minha amiga — disse o Bule, entristecido — escarneceste dos meus amassadinhos. Pois são as
marcas da experiência, dos muitos tombos que levei na vida...
E a Xícara, definhando, respondeu num fio de voz:
— Sem essa, convencido! Se não fosse eu, tu não terias a oportunidade de ficar aí, fazendo pose de
sábio!...
Eduardo Cândido, abril de 2000
Disponível em: http://sohxicaras.blogspot.com/2012/04/xicara-e-o-bule-um-apologo.html
(http://sohxicaras.blogspot.com/2012/04/xicara-e-o-bule-um-apologo.html)
 
RESPONDA:
 
Qual das características abaixo não se aplica ao gênero apólogo?
http://sohxicaras.blogspot.com/2012/04/xicara-e-o-bule-um-apologo.html
http://sohxicaras.blogspot.com/2012/04/xicara-e-o-bule-um-apologo.html
http://sohxicaras.blogspot.com/2012/04/xicara-e-o-bule-um-apologo.html
http://sohxicaras.blogspot.com/2012/04/xicara-e-o-bule-um-apologo.html
 Existe a presença da personificação ou prosopopeia.
 Objetos como personagens.
 Narrativa curta.
Correto!
 O enredo trata de temas do cotidiano de nossas vidas.
 Há um ensinamento.

Pergunta 4
0,1 / 0,1 pts
 
A xícara e o bule (um apólogo)
Após o café da tarde, sobre a mesa da varanda, a Xícara disse para o velho Bule:
— Ah... eu sou a mais bela peça da copa!
A qual respondeu o Bule:
— Tu? Ora essa!
— Sim (http://www.limacoelho.jor.br/vitrine/ler.php?id=3081) ! Sou a mais bela peça, e a mais
importante também! — retrucou a xícara indignada.
— É mesmo? — perguntou o Bule, com ironia.
— Podes rir, bule velho! — disse a Xícara, fechando a cara.
— Ora, não me leve a mal. Tu sabes que eu gosto muito de ti — disse amigavelmente o Bule cheio
de chá.
Mas dona Xícara, ignorando o senhor Bule, continuou a discorrer amorosamente sobre as suas
qualidades admiráveis:
— Pois então. É a mim que os senhores levam à boca, todos os dias, e me cobrem de beijos
enquanto bebem o chá. Sou feita de porcelana delicada, com belas florzinhas pintadas de dourado,
que refletem a luz e brilham como num sonho. Não é qualquer um da casa que pode me tocar.
O Bule, muito sensato, tentou transmitir uma lição:
— Mas, minha amiga, o que realmente importa é o nosso destino. O que disseste sobre tuas
florzinhas é somente vaidade, mas ir à boca dos senhores é o teu dever. E sou eu que fervo a água
e preparo o chá no meu interior, o qual é servido por ti. Tal é o meu destino. Tu percebes que nós
dois, juntos, temos um sentido na vida?
Dona Xícara riu-se, e disse com desprezo:
http://www.limacoelho.jor.br/vitrine/ler.php?id=3081
http://www.limacoelho.jor.br/vitrine/ler.php?id=3081
http://www.limacoelho.jor.br/vitrine/ler.php?id=3081
 Não é possível dizer qual é o tempo.
 O narrador é em primeira pessoa.
 Não é possível dizer qual é o espaço.
Correto!
 Existe discurso direto.
— Oh, sim! Então não sou diferente dos copos de vidro grosseiro que as crianças usam para beber?
Escuta, filósofo, serei franca contigo: tu tens inveja...
— Inveja? — perguntou o Bule.
— Sim! — respondeu a Xícara — pois eu estou sempre cheirosa e doce, e tu tens cheiro de bule
velho e borra de chá. Lavam-me cuidadosamente, e guardam-me no armário de vidro, junto com as
louças finas e os cristais, para embelezar a casa; enquanto tu és lavado com palha de aço e te
escondem dentro da pia, para que não te vejam. Sou estimada, e quanto mais velha eu me torno,
mais valiosa fico. E tu? És velho, manchado, cheio de amassadinhos, e és feito de metal ordinário...
O Bule ia responder alguma coisa, porém desistiu. Como poderia argumentar com uma xícara
vaidosa e cabeçuda?
Nesse momento o gato da casa, inesperadamente, pulou em cima da mesa da varanda tentando
caçar um besouro. O gato foi tão rápido e desastrado que nem escutou os gritos do senhor Bule e da
dona Xícara:
— Cuidado!
Mas era tarde demais, e os dois caíram no chão. O velho Bule, que tinha uma base pesada, caiu e
rodou como um pião, ficando em pé quando parou. E a bela Xícara, pobrezinha!, espatifou-se nas
lajes da varanda.
Uma lágrima de chá deslizou suavemente pela fronte do senhor Bule, enquanto observava a
pequena luz de vida que aos poucos desaparecia dos caquinhos de porcelana.
— Minha amiga — disse o Bule, entristecido — escarneceste dos meus amassadinhos. Pois são as
marcas da experiência, dos muitos tombos que levei na vida...
E a Xícara, definhando, respondeu num fio de voz:
— Sem essa, convencido! Se não fosse eu, tu não terias a oportunidade de ficar aí, fazendo pose de
sábio!...
Eduardo Cândido, abril de 2000
Disponível em: http://sohxicaras.blogspot.com/2012/04/xicara-e-o-bule-um-apologo.html
(http://sohxicaras.blogspot.com/2012/04/xicara-e-o-bule-um-apologo.html)
RESPONDA:
Com relação ao apólogo A xícara e o bule, é correto afirmar que:
http://sohxicaras.blogspot.com/2012/04/xicara-e-o-bule-um-apologo.html
http://sohxicaras.blogspot.com/2012/04/xicara-e-o-bule-um-apologo.html
http://sohxicaras.blogspot.com/2012/04/xicara-e-o-bule-um-apologo.html
http://sohxicaras.blogspot.com/2012/04/xicara-e-o-bule-um-apologo.html
 o tempo é psicológico.
Pontuação do teste: 0,4 de 0,4

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