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Língua Portuguesa - Teoria e Questões

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Prévia do material em texto

Amizades em risco 
Publicado em 20/03/2023 | 15:36 
Paulo Pestana 
Crônica 
 
 Mário Quintana disse que a amizade é o amor que nunca morre. É uma frase que serve para 
mostrar que até os poetas erram. Amizades estão sendo rompidas a todo momento por 
desrespeito a uma das regras basilares do sentimento, o respeito às diferenças. Há pouco, 
amigos de décadas deixaram se se falar e de frequentar o mesmo boteco por discordâncias 
políticas; não é caso isolado, ao contrário. 
 Mas a situação fica ainda mais grave quando também falha uma instituição brasileira: a 
turma do deixa-disso. Aproveitando a ausência dos dois beligerantes, a mesa começou a 
discutir, inicialmente em tom de lamento, o rompimento dos camaradas, mas logo alguém deu 
razão para um, enquanto outro justificava a ação do segundo. 
 Antes que a discussão ficasse acalorada demais, um sensato falou mais alto: 
 – Amigo meu não tem defeito – é o princípio de Blaise Pascal: “o amor é cego, a amizade 
fecha os olhos”. 
 Os presentes entenderam o recado. Eu mesmo disse que não tinha mais idade nem para 
fazer amigos novos, nem para perder os velhos. É uma meia-verdade, até porque tenho feito 
bons amigos. Mas o fato é que amigo não é coisa de se perder, até porque nem a fé e os 
pulinhos para São Longuinho ajudam a reencontrar. 
 O filme Os Banshees de Inisherin – que esteve na disputa do Oscar – mostra a dor e a 
irracionalidade do rompimento de uma amizade, usando a Guerra Civil Irlandesa como pano de 
fundo para a frustração de Colm, que decide deixar de falar com o velho amigo Pádraic. 
 O filme, à parte o monumental trabalho dos atores, é cheio de defeitos, mas isso não vem ao 
caso. O que interessa é a relação entre os personagens. 
 Músico, Pádriac culpa o amigo pela própria insignificância, chega a dizer que as horas de 
conversa fiada no pub local o impedem de evoluir intelectualmente e de cumprir o desejo de 
deixar uma marca no mundo por meio de suas canções. 
 Por puro interesse pessoal, ele não quer mais perder tempo com uma companhia que não 
ajuda seu objetivo – e diz isso com todas as letras. Ainda que a custo da amizade. 
 A radicalização, como na guerra que dividiu o país entre católicos e protestantes, deixando 
marcas que duram até hoje, chega às raias do absurdo, terminando com uma automutilação 
que, ao cabo, impede Colm de completar o desejo de fazer algo relevante na música e, 
consequentemente, na vida – e desta forma poder culpar definitivamente o ex-amigo pela 
frustração pessoal. 
 Ainda não chegamos ao ponto de decepar os dedos, mas a guerra está entre nós com o 
fanatismo de religiosos radicais. As conversas continuam corrosivas, desafiadoras, ao ponto de 
determinados assuntos – política, principalmente – fiquem proibidos pelo bem de uma 
convivência mais harmônica, mas seguramente mais falsa. 
 Aristóteles disse que a amizade pode existir entre as pessoas mais desiguais, porque as torna 
iguais. O problema é que ninguém mais quer ser igual a ninguém; há uma necessidade de 
buscar uma marca pessoal em tudo. Ainda que seja uma marca de estupidez e custe um bem 
tão precioso quanto a amizade. 
 
PESTANA, Paulo. Amizades em risco. Correio Braziliense, 20 de março de 2023. 
009.606.003-45
 
Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/ paulopestana/amizades-em-risco/. Acesso em: 25 mar. 2023. 
 
1. A crônica apresentada possui um viés argumentativo. Assim sendo, a tese defendida 
pelo cronista é a de que 
A. conflitos políticos reforçam amizades mais sólidas. 
B. o desrespeito às diferenças destrói amizades. 
C. filmes são ótimos recursos para ilustrar relações afetivas humanas. 
D. frustrações pessoais são frutos de amizades desrespeitosas. 
E. a manutenção de amizades por um longo tempo é estupidez. 
 
2. Assinale a opção que apresenta o grupo de vocábulos que recebe acento gráfico pelo 
fato de ser composto por palavras proparoxítonas 
A. cefaleia | boia | moreia | sequoia 
B. caçula | rubrica | sapato | cerveja 
C. lucido | classico | clerigo | súbito 
D. sambaqui | sagui | urubu | anu 
E. gnu | nu | meu | tu 
 
Leia o texto a seguir. 
 
Florbela de Alma Conceição Espanca (1894-1930) nasceu em Vila Viçosa e faleceu em 
Matosinhos. Estudou em Évora, onde concluiu em 1917 o curso liceal, matriculando-se na 
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. É por essa altura que publica as suas primeiras 
poesias. Tendo casado várias vezes e tendo sido em todas elas infeliz, começou a consumir 
estupefacientes. Só depois da sua morte é que a poetisa viria a ser conhecida do grande 
público, tendo contribuído para isso a publicação de Charneca em Flor (1930) pelo professor 
italiano Guido Batelli. Na Enciclopédia Larousse, esta poetisa é definida como «parnasiana, de 
intenso acento erótico feminino, sem precedentes na Literatura Portuguesa. A sua obra lírica, 
iniciada em 1919, com o Livro das Mágoas, antecipa em seu meio a emancipação literária da 
mulher». 
 
FLORBELA Espanca. Portal da Literatura. Disponível em: https://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=235. 
Acesso em: 23 mar. 2023. 
 
3. Analisando-se características apresentadas, pode-se afirmar que o texto pertence ao 
gênero 
A. relato autobiográfico. 
B. notícia. 
C. crônica. 
D. conto. 
E. biografia. 
 
Leia o trecho a seguir com atenção. 
 
“Para a cabeça, uma mistura de resina da árvore do pistache, óleo ou alcatrão de cedro e 
zimbro, além de óleo de rícino e de elemi. Para o estômago, cera de abelha aquecida. Já na pele, 
009.606.003-45
 
após a limpeza e unção com resinas aromáticas, a aplicação de uma mescla de gordura de 
ruminantes e cera de abelha aquecida. Um grupo internacional liderado pelo arqueólogo 
Philipp Stockhammer, da Universidade Ludwig Maximilian e do Instituto Max Planck de 
Antropologia Evolutiva, ambos na Alemanha, analisou a composição química de resíduos 
encontrados em 31 urnas descobertas em uma oficina de mumificação que funcionou entre 664 
a.C. e 525 a.C. na região de Saqqara, ao sul do Cairo. Como resultado, obteve a receita detalhada 
de bálsamos e unguentos usados na mumificação de corpos no Egito Antigo. O 
embalsamamento praticado por quase 3 mil anos pelos egípcios era um ritual complexo, que 
podia levar semanas. Até agora se conheciam apenas algumas das técnicas e o nome genérico 
das misturas usadas na mumificação, com base em descrições em textos antigos do Egito e da 
Grécia.” 
UMA receita para preservar o corpo após a morte. Pesquisa Fapesp, 14 de março de 2023. 
Antropologia. 
 
Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/umareceita-para-preservar-o-corpo-apos-a-morte/. Acesso em: 25 mar. 
2023. 
 
4. Identifique os respectivos núcleos dos sujeitos dos verbos “analisar” e “ser” nesta 
ordem, empregados sublinhados no texto. 
A. “arqueólogo” e “egípcios”. 
B. “internacional” e “3 mil anos”. 
C. “grupo” e “embalsamamento”. 
D. “Universidade”, “Instituto” e “ritual”. 
E. “Phillip Stockhammer” e “egípcios”. 
 
TEXTO I 
 
O professor instrutor e o professor educador 
 
Miguel Almir L. de Araújo 
 
Na cotidianidade das práticas educativas, duas posturas modulares podem ser encontradas 
naqueles que as conduzem: os que assumem o predomínio das características do papel de 
professores instrutores e os que se comprometem primordialmente com os propósitos de 
professores educadores. São bastante relevantes e demarcadoras as diferenças entre as duas 
posturas. Os que “vestem a camisa” de professores instrutores assumem os encargos do papel 
de treinadores que viabilizam a profissionalização dos indivíduos mediante conteúdos e 
técnicas estabelecidas de cunho funcional e pragmático. Desse modo, o que é prioritário é a 
instrução para os papéis sociais, para o domínio dos saberes técnicos e instrumentais que 
tendem a conformar e adaptar esses indivíduos aos padrões socialmente instituídos. [...] 
 
O professor instrutor repete todo dia os mesmos cacoetes e recursos metodológicos na 
cadência decadente das rotinas emboloradase desencantantes. O professor educador 
reinventa permanentemente seus procedimentos, renovando-se e reencantando-se com o 
aprendizado vigoroso de cada experiência vivida. O professor instrutor considera-se detentor do 
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saber, pretensamente pronto e acabado. O professor educador concebe-se aprendiz inacabado 
nos fluxos do cotidiano. 
 
O professor instrutor dita conteúdos para que os alunos copiem e assimilem de modo reflexo. O 
professor educador problematiza conteúdos para que os alunos reflitam e compreendam 
criticamente. O professor instrutor encampa modelos uniformes lastreados em certezas fixas. O 
professor educador articula múltiplas referências fundadas em possibilidades abertas, em 
incertezas. O professor instrutor privilegia o logos, a cognição, a mente. O professor educador 
entrelaça logos e eros, cognição e intuição, mente e corpo. [...] 
 
O professor instrutor busca as competências técnica e teórica, a inteligência cognitiva. O 
professor educador busca as competências técnica e teórica, mas, principalmente, as 
competências éticas e estéticas, as inteligências cognitiva, intuitiva e emocional. O professor 
instrutor tende à intolerância e até ao abuso de poder, fala muito e quase não escuta. O 
professor educador prima pelos princípios da tolerância, da ética da solidariedade e da escuta 
sensível. [...] 
 
Adaptado https://www.infoescola.com 15/10/13 
 
5. Assinale a alternativa que registra uma palavra do texto com sufixo formador de 
advérbio. 
A. solidariedade. 
B. primordialmente. 
C. instrutor. 
D. aprendizado. 
E. certezas. 
 
Leia o excerto a seguir. 
 
“A empresa norte-americana Turnitin informou que irá lançar até abril um novo software capaz 
de detectar textos produzidos por ferramentas de inteligência artificial (IA) generativa como o 
ChatGPT. A ideia é que a solução seja incorporada ao seu software homônimo de detecção de 
plágio, que é utilizado por mais de 15 mil instituições de ensino superior no mundo.” 
 
SOFTWARE antiplágio popular promete identificar textos do ChatGPT. Pesquisa Fapesp, 
10 de março de 2023. Boas práticas. 
Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/software-antiplagio-popular-promete-
identificartextos-do-chatgpt/. Acesso em: 10 mar. 2023. 
 
6. Qual é a função da linguagem predominante no excerto? 
A. Apelativa 
B. Referencial 
C. Fática 
D. Poética 
E. Emotiva 
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7. Dentre as sentenças relacionadas a seguir, uma apresenta a colocação proclítica do 
pronome entre os colchetes no lugar onde deveria ocorrer ênclise, segundo a norma 
padrão para a escrita em língua portuguesa. Identifique essa sentença. 
A. [Me] ocorreu agora que não consigo pagar o boleto! 
B. Não [se] sabe até quando os animais podem aguentar as queimadas. 
C. Certamente [te] agradará a estadia neste hotel, minha cara. 
D. Tudo [se] resolveu após a reunião de alinhamento do financeiro. 
E. Em [se] tratando de computadores, sou uma grande conhecedora. 
 
A lição das árvores que perdem as folhas no outono. 
Cada estação traz consigo as lições de um novo ciclo da vida. 
Lira Neto – 09/2021 
 
Os dias estão mais curtos, as noites mais longas. Levanto-me cedo, para preparar o café. Ainda 
faz escuro lá fora. Uma neblina toma conta do terraço, o frio atravessa a vidraça perto de onde 
está posta a pequena mesa redonda da cozinha. A partir de agora, vai ser necessário envergar 
um agasalho enquanto empunho a xícara e leio os jornais. O outono chegou na Europa. 
Oficialmente, a mudança de estação ocorre apenas amanhã, quarta-feira, dia 22 de setembro. 
Mas já é possível sentir a mutação térmica, bem como testemunhar a tonalidade alaranjada dos 
primeiros raios de luz a inundar o horizonte, rompendo o nevoeiro da manhã. As flores do 
canteiro acordam cobertas de orvalho. As árvores da rua tingem-se de vermelhos, amarelos e 
marrons. 
 
É minha época preferida do ano. Ao longo do dia, o céu estará límpido, a paisagem ensolarada. 
Mas o vento frio exigirá o uso do casaco, que esteve guardado e esquecido, por tantos meses, no 
fundo do armário do quarto. De hoje em diante, ele terá de ficar sempre à mão, junto ao 
cachecol, no cabideiro próximo à porta da entrada de casa. 
 
Cearense que sou, gosto, sobretudo, desta combinação de sol e frio, de dias tão dourados 
quanto amenos. Os finais de tarde, sobretudo, reservam pequenos prazeres durante o passeio 
vespertino pela vizinhança. A dramaticidade típica do pôr do sol ganha contornos ainda mais 
expressivos, suavemente melancólicos. 
 
Em breve, as calçadas estarão atapetadas de folhas secas e quebradiças, que estralarão sobre a 
sola dos sapatos ao serem pisadas. Cogumelos brotarão por entre a folhagem úmida caída ao 
solo. É a época, também, das grandes colheitas. 
 
As barraquinhas das vendas e mercadinhos estarão abarrotados de castanhas, avelãs, 
marmelos, romãs e, meus favoritos, caquis — aqui chamados de dióspiros, nome que não faz jus 
ao festival de sabor, cor e textura de uma fruta assim tão extraordinária. 
 
É necessário, porém, estar atento aos sinais da natureza, essa velha e sábia senhora que sempre 
gosta de pregar peças aos incautos. De súbito, o vento vira de direção, o céu escurece, 
redemoinhos se formam sob nossos pés. 
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O preço a se pagar pela imprevidência é um maldito resfriado ou uma gripe oportunista, a 
serem padecidos com nariz vermelho e na companhia de uma manta grossa de lã, canecas de 
chá e pratos de sopa quente. 
 
Afora isso, tomados os devidos cuidados, o outono é, para nós, humanos, uma bela lição natural 
a respeito dos instantes de transição. 
 
Quando as árvores vão perdendo assim todas as folhas, aos poucos ficando desnudas após nos 
oferecerem seus melhores frutos, estão a nos enviar silencioso recado. É preciso despir-se do 
que já não nos serve mais, desapegar de velhas fórmulas, rancores, tabus, preconceitos. 
Preparar-se para os dias vindouros. 
 
Cada estação traz consigo as lições de um novo ciclo da vida. Outono é o momento de colher e 
se desfrutar aquilo que se semeou na primavera. Hora de deleite e, ao mesmo tempo, de 
introspecção. “Tempus autumnus” — tempo do ocaso, em latim. Aparentemente mortas, com 
galhos nus, as árvores estão reagindo à escassez gradativa de sol, luz e calor, elementos 
indispensáveis à fotossíntese e ao metabolismo vegetal. Manter as folhas, nessas circunstâncias, 
seria imprevidência, desperdício de energia. Os nutrientes acumulados nos últimos meses as 
alimentarão ao longo do outono e, mais adiante, até o final do gélido inverno europeu. 
 
É essa a mensagem que este raio alaranjado de sol me transmite ao adentrar agora pela janela 
do escritório. O ocaso é apenas a lenta preparação para a manhã seguinte. Sim, o outono é a 
véspera do friorento inverno. Mas, também, a antevéspera da primavera. 
 
Pode parecer chavão, lugar-comum, mensagem de autoajuda barata. Mas aquela árvore ali em 
frente, com suas folhas mudando de verde para marrom, não cansa em apregoar o que tanto 
insistimos em não ouvir. 
 
https://diariodonordeste.verdesmares.com.br 
 
“É necessário, porém, estar atento aos sinais da natureza, essa velha e sábia senhora [...].” 
(Sétimo parágrafo) 
 
8. A palavra sublinhada nessa frase é classificada como pronome 
A. pessoal. 
B. oblíquo. 
C. demonstrativo. 
D. possessivo. 
E. relativo. 
 
9. A única alternativa que apresenta palavra cuja letra “X” possui mais de um fonema é 
A. complexa. 
B. extremidade. 
C. exame. 
D. pretexto. 
E. experiência.
009.606.003-45
 
TEXTO II 
A raça humana 
 
A raça humana é 
Uma semana 
Do trabalho de Deus 
 
A raça humana é ferida acesa 
Uma beleza, uma podridão 
O fogo eterno e a morte 
A morte e a ressurreição 
 
A raça humana é 
Uma semana 
Do trabalho de Deus 
A raça humana é o cristal de lágrima 
Da lavra da solidão 
Da mina, cujo mapa 
Traz na palma da mão. 
(Versos da música raça humana de Gilberto Gil). 
 
10. As palavras “morte” e “ressureição” contidas no texto (linha 7) são palavras 
A. sinônimas.B. monossílabas. 
C. trissílabas. 
D. antônimas. 
E. polissílabas. 
 
11. Marque a alternativa que apresenta apenas substantivos coletivos. 
A. Galinha, montanha, cerca. 
B. Rebanho, cidade, alegria. 
C. Matilha, felicidade, poleiro. 
D. Matilha, rebanho, alcateia. 
E. Pasto, boi, garrotes. 
 
12. Numere a coluna B pela coluna A de acordo com a função da linguagem 
correspondente. 
 
COLUNA A 
I. Conativa 
II. Emotiva. 
III. Fática. 
IV. Metalinguística. 
 
COLUNA B 
009.606.003-45
 
 
( ) Centrada no receptor predomina nos textos que privilegiam a persuasão ou o convencimento 
do receptor a uma mudança de comportamento. 
( ) Centrada no canal predomina nos textos que privilegiam o favorecimento ou a manutenção 
do contato comunicativo. 
( ) Centrada no emissor predomina nos textos que privilegiam a expressão das emoções e dos 
sentimentos do emissor. 
( ) Centrada no código predomina nos textos que privilegiam as referências à própria linguagem 
utilizada. 
 
Marque a opção que apresenta a sequência CORRETA. 
A. II – IV – III – I. 
B. I – III – IV – II. 
C. III – II – IV – I. 
D. IV – I – II – III. 
E. I – III – II – IV. 
 
13. O pronome de tratamento Vossa Reverendíssima é usado para 
 
A. rainhas. 
B. duquesas. 
C. reis. 
D. sacerdotes. 
E. princesas. 
 
14. Analise as frases a seguir. 
 
I. Eram pessoas carentes _____ recursos. 
II. Camila é a colega ____ quem mais gosto. 
III. Tinha um salário compatível ____ o cargo que exercia. 
IV. A solução encontrada agradou ___ todos os alunos. 
 
Marque a alternativa que contém apenas preposições que possam completar, CORRETA 
e respectivamente, as lacunas é a 
 
A. dos, para, a, a. 
B. de, de, com, a. 
C. por, de, a, assim. 
D. por, de, com, logo. 
E. de, de, conforme, nem. 
 
15. Marque a opção que apresenta a CORRETA divisão silábica. 
A. Ab-di-car / nup-ci-al / fil-mo-te-ca. 
B. Su-bro-gar / gno-mo / Mô-nica. 
C. Di-sen-te-ria / a-pnei-a / zoo-bi-o-lo-gia. 
009.606.003-45
 
D. Des-in-to-xi-car / ce-fal-al-gi-a / ad-le-ga-ção. 
E. Sub-o-fi-ci-al / ex-u-mar / per-spi-caz. 
 
Camelôs 
Abençoado seja o camelô dos brinquedos de tostão: 
O que vende balõezinhos de cor 
O macaquinho que trepa no coqueiro 
O cachorrinho que bate com o rabo 
Os homenzinhos que jogam boxe 
A perereca verde que de repente dá um pulo, que engraçada! 
E as canetas-tinteiro que jamais escreverão coisa alguma! 
Alegria das calçadas. Uns falam pelos cotovelos: 
– “O cavalheiro chega em casa e diz: Meu Filho, vai buscar um 
pedaço de banana para eu acender o charuto. 
Naturalmente o menino pensará: Papai está malu...” 
Outros, coitados, têm a língua atada. 
Todos porém sabem mexer nos cordéis com tino ingênuo de 
demiurgos de inutilidade. 
E ensinam no tumulto das ruas os mitos heroicos da meninice ... 
E dão aos homens que passam preocupados ou tristes uma lição de infância. 
Manuel Bandeira 
 
Com base no texto e em seus conhecimentos adquiridos, responda às questões 16 e 17. 
16. São escritos com H inicial, todos os vocábulos da alternativa 
A. Húmido / hipismo / herbívoro 
B. Halucinação / hipótese / hesitar. 
C. Hortênsia / hérnia / haurir. 
D. Hombreira / hindu / hervateiro 
E. Halteres / húmero / hinquilino. 
 
17. São todos cognatos do vocábulo terra 
A. terror / terrorismo / terraço 
B. terrivel / terráqueo / terrífico. 
C. terrinha / terral / terrorizante 
D. terrina / terral / terminal. 
E. terreiro / soterrar / terráqueo. 
 
Estátua Falsa 
Só de oiro falso meus olhos se douram; 
Sou esfinge sem mistério no poente. 
A tristeza das coisas que não foram 
Na minha alma desceu veladamente. 
 
009.606.003-45
 
Na minha dor quebram-se espadas de ânsia, 
Gomos de luz em treva se misturam. 
As sombras que eu dimano não perduram, 
Como ontem para mim, hoje é distância. 
 
Já não estremeço em face de segredo; 
Nada me aloira, nada me aterra 
A vida corre sobre mim em guerra, 
E nem sequer um arrepio de medo! 
 
Sou estrela ébria que perdeu os céus, 
Sereia louca que deixa o mar; 
Sou templo prestes a ruir sem deus, 
Estátua falsa ainda erguida no ar... 
Mário de Sá Carneiro. 
 
18. Numere a Coluna B pela Coluna A, considerando a classificação gramatical das palavras 
sublinhadas da Coluna B retiradas do texto. 
COLUNA A 
I. Pronome apassivador. 
II. Conjunção comparativa. 
III. Advérbio de tempo. 
IV. Pronome relativo. 
V. Locução adjetiva. 
VI. Palavra denotativa. 
 
COLUNA B 
( ) ... se douram; 
( ) ... sem mistério ... 
( ) ... que não foram ... 
( ) ... sequer um arrepio ... 
( ) ... como ontem, 
( ) ... ainda erguida no ar... 
 
Marque a opção que apresenta a sequência CORRETA. 
A. I – II – III – IV – V – VI. 
B. II – III – IV – V – VI – I. 
C. I – V – IV – VI – II – III. 
D. IV – II – VI – I – V – III. 
E. V – I – II – IV – III – VI. 
 
19. Nas palavras blusa, prato e pardo, encontra-se 
A. ditongos crescentes. 
B. encontros consonantais. 
C. hiatos. 
D. ditongos decrescentes. 
E. dígrafos. 
 
20. As palavras “relatório”, “vários” e “páreo” seguem a mesma regra de acentuação de 
A. história. 
B. revólver. 
C. miosótis. 
D. saúde. 
E. período. 
009.606.003-45
 
COMO SEREMOS AMANHÃ? 
Por mais modernos, avançados, biônicos, quânticos, incríveis que sejamos, não poderemos 
nos livrar das emoções humanas. 
 Estar aberto às novidades é estar vivo. Fechar-se a elas é morrer estando vivo. Um certo 
equilíbrio entre as duas atitudes ajuda a nem ser antiquado demais nem ser superavançadinho, 
correndo o perigo de confusões ou ridículo. Sempre me fascinaram as mudanças – às vezes 
avanço, às vezes retorno à caverna. Hoje andam incrivelmente rápidas, atingindo nossos usos e 
costumes, ciência e tecnologia, com reflexos nas mais sofisticadas e nas menores coisas com 
que lidamos. Nossa visão de mundo se transforma, mas penso que não no mesmo ritmo; então 
de vez em quando nos pegamos dizendo, como nossas mães ou avós tanto tempo atrás: 
“Nossa! Como tudo mudou!”. 
 Nos usos e costumes, a coisa é séria e nos afeta a todos: crianças muito precocemente 
sexualizadas pela moda, pela televisão, muitas vezes por mães alienadas, por teorias abstrusas e 
mal aplicadas. Se antes namorar era difícil, o primeiro batom rosa-claro aos 15 anos, e não havia 
pílula anticoncepcional, hoje talvez amar ande descomplicado demais. (...) Casamentos (isto é, 
uniões ditas estáveis, morar juntos) estão sendo atropelados pela incapacidade de fortalecer 
laços, construir juntos com alguma paciência. Não sou de sermos infelizes juntos pelo resto da 
vida, mas de tentarmos um pouco mais. (...) Na saúde, acho que muito melhorou. Sou de uma 
infância sem antibióticos. A gente sobrevivia sob os cuidados de mãe, pai, avó, médico de 
família, aquele que atendia do parto à cirurgia mais complexa para aqueles dias. Dieta, que hoje 
se tornou obsessão, era impensável, sobretudo para crianças, e eu préadolescente gordinha, 
não podia nem falar em “regime” que minha mãe arrancava os cabelos e o médico sacudia a 
cabeça: “Nem pensar”. 
Em breve, estaremos menos doentes: células-tronco e chips vão nos consertar de imediato, ou 
evitar os males. Teremos de descobrir o que fazer com tanto tempo de vida a mais que nos será 
concedido. Nada de aposentadoria precoce, chinelo e pijama (isso ainda se usa?). Mas aprender 
sempre. Interrogar o mundo, curtir a natureza, saborear a arte, viajar para Marte e outras rimas 
exóticas. Passear, criar, divertir-se, viajar (talvez por teletransporte, feito o pó de pirlimpimpim da 
boneca Emília do nosso Monteiro Lobato que querem castrar). 
Quem sabe, nos mataremos menos, se as drogas forem controladas e a miséria extinta. Não 
creio em igualdade, mas em dignidade para todos. Talvez haja menos guerras, porque de 
alguma forma seremos menos violentos. Leremos unicamente livros eletrônicos ou algo ainda 
mais moderno. As vastas bibliotecas de papel serão museus, guardando o cheiro da minha 
infância, quando – se eu aborrecia minha mãe com mil perguntas – meu pai me sentava em 
uma dessas poltronas de couro e botava no meu colo algumaenciclopédia com figuras de 
flores, frutas, bichos, protegida por papel de seda amarelado. Inesquecível e delicioso, sobretudo 
quando chovia. 
As crianças terão outras memórias, outras brincadeiras, outras alegrias; os adultos, novas 
sensações e possibilidades – mas as emoções humanas, estas eu penso que vão demorar a 
mudar. Todos vão continuar querendo mais ou menos o mesmo: afeto, presença, sentido para a 
vida, alegria. Desta, por mais modernos, avançados, biônicos, quânticos, incríveis, não 
poderemos esquecer. Ou não valerá a pena nem um só ano a mais, saúde a mais, 
brinquedinhos a mais. Seremos uns robôs cinzentos e sem graça. 
Lya Luft 
 
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21. O texto apresenta um título e um subtítulo que o complementa. Qual das opções a 
seguir traduz o significado desse subtítulo? 
A. Apesar das mudanças, sempre teremos sentimentos. 
B. As mudanças nos tornarão seres insensíveis. 
C. O futuro nos tornará biônicos. 
D. As emoções serão coisas do passado. 
E. Os sentimentos se dissiparão com o passar do tempo. 
 
22. Designa a existência de muitos sentidos para uma só palavra. 
A. Sinonímia. 
B. Homonímia. 
C. Polissemia. 
D. Antonímia. 
E. Paronímia. 
 
23. Marque a opção cuja regra justifica a acentuação da palavra sandália. A palavra é 
acentuada 
A. porque é uma paroxítona terminada em ditongo crescente. 
B. por conter i tônico em hiato. 
C. por ser proparoxítona. 
D. porque é paroxítona terminada em a. 
E. porque é uma paroxítona terminada em ditongo decrescente. 
 
24. Assinale a opção em que o x de todos os vocábulos não tem o som de /ks/. 
 
A. tóxico – axila – táxi. 
B. táxi – êxtase – exame. 
C. exportar – prolixo – nexo. 
D. tóxico – prolixo – nexo. 
E. exército – êxodo – exportar. 
 
25. Leia o excerto a seguir. 
 
“A Walt Disney iniciou, nesta segunda-feira (27), 7 mil demissões anunciadas no início deste ano, 
buscando controlar custos e criar um negócio mais ‘simplificado’, de acordo com uma carta que 
o presidente-executivo Bob Iger enviou aos funcionários [...].” 
 
DISNEY inicia demissão de 7 mil funcionários. Forbes Brasil, 27 de março de 2023. Forbes Money. Disponível em: 
https://forbes.com.br/forbes-money/2023/03/disney inicia-demissao-de-7-mil-funcionarios/. Acesso em: 27 mar. 2023. 
 
Uma paráfrase adequada do excerto acima seria: 
A. “A empresa Walt Disney demitiu, no dia 27, 7 mil trabalhadores cujas demissões já haviam 
sido anunciadas no início do ano, a fim de simplificar o negócio e de controlar gastos, 
segundo disse o presidente Bob Iger aos funcionários.” 
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B. “A empresa Walt Disney vai demitir, a partir do dia 27, 7 mil trabalhadores cujas demissões 
foram anunciadas no início do ano, a fim de simplificar o negócio e de controlar custos, 
segundo disse o presidente-executivo Bob Iger em uma carta aos funcionários.” 
C. “A empresa Walt Disney começou a demitir, no dia 27, 7 mil trabalhadores cujas demissões 
já haviam sido anunciadas no início do ano, a fim de simplificar o negócio e de controlar 
custos, segundo disse o presidente-executivo Bob Iger em uma carta aos funcionários.” 
D. “A empresa Walt Disney vai demitir, desde o dia 27, 7 mil trabalhadores cujas demissões 
foram anunciadas no início do ano, simplificando o negócio e controlando custos, segundo 
disse o presidente-executivo Bob Iger em uma carta aos funcionários.” 
E. “A empresa Walt Disney começou a demitir, a partir do dia 27, 7 mil trabalhadores cujas 
demissões já haviam sido anunciadas no início do ano, simplificando o negócio e 
controlando gastos, segundo disse o ex-presidente Bob Iger aos funcionários.” 
 
26. Leia o trecho a seguir. 
“Eu tinha um alicate que só vendo, encabado de plástico amarelo, na escuridão fosforescia; de 
aço alemão legítimo; usei oito anos quase todo dia, foi meu companheiro em Ibitinga, Acaraí, 
Salto Osório, Ilha Solteira e Salto Capivara. Se juntasse um metro de cada fio que cortei naquele 
alicate, tinha cobre pro resto da vida. Daí, quando você perde uma ferramenta que já usou 
muito, é o mesmo que perder um dedo.” 
 
PELLEGRINI, Domingos. A maior ponte do mundo. In: MORICONI, Italo. Os cem melhores contos brasileiros do século. 
São Paulo: Objetiva, 2009. 
 
Qual é a figura de linguagem utilizada no trecho grifado? 
A. Aliteração 
B. Comparação 
C. Eufemismo 
D. Paradoxo 
E. Metonímia 
 
27. Para formar a palavra “deixa-disso” (3º parágrafo), o autor aplicou o processo de 
formação de palavras denominado 
A. derivação imprópria. 
B. derivação regressiva. 
C. composição por aglutinação. 
D. composição por justaposição. 
E. hibridismo. 
 
Leia o texto a seguir. 
 “Uma forte venda das ações de bancos atingiu bolsas de valores da Europa nesta sexta-feira 
(24), com papéis do Deutsche Bank caindo na máxima de 14,5% à medida que o custo do seguro 
da dívida do banco alemão contra o risco de inadimplência saltou para o maior nível em mais 
de quatro anos. Os investidores olharam para o Deutsche Bank avaliando 
alguma vulnerabilidade ou se algum problema maior está próximo, principalmente depois do 
que ocorreu com Credit Suisse. [...]” 
 
MENDES, Diego. Deutsche Bank é o próximo Credit Suisse? Entenda o que está acontecendo com o banco alemão. 
CNN Brasil, 24 de março de 2023. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/deutsche-bank-e-oproximo-
credit-suisse-entenda-o-que-esta-acontecendo-com-o-banco-alemao/. Acesso em: 25 mar. 2023. 
 
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28. Identifique os processos de formação de palavras que originaram, respectivamente, na 
ordem apresentada nas opções, as palavras grifadas. 
A. Derivação parassintética e derivação regressiva. 
B. Derivação prefixal e sufixal e derivação sufixal. 
C. Derivação regressiva e derivação prefixal. 
D. Derivação sufixal e derivação parassintética. 
E. Derivação imprópria e derivação sufixal. 
 
29. Analise o trecho a seguir. 
 
“O drama da época moderna nasceu no Renascimento. Como audácia espiritual do homem 
que dava conta de si com o esfacelamento da imagem medieval do mundo, ele construía a 
efetividade da obra na qual pretendia se firmar e espelhar partindo unicamente da reprodução 
da relação entre homens. O homem só entrava no drama como ser que existe com outros.” 
SZONDI, Peter. Teoria do drama moderno (1880-1950). São Paulo: Cosac Naify, 2011. 
 
Assinale a alternativa que apresenta uma palavra cuja classe morfológica é adjetivo, tendo 
em vista seu emprego no trecho 
A. “época” 
B. “moderna” 
C. “esfacelamento” 
D. “efetividade” 
E. “outros” 
 
30. O termo sublinhado corresponde sintaticamente a um objeto direto na frase: 
A. “Ford Mustang será o único muscle a combustão e terá versão GT3 de pista” (Quatro Rodas, 
03/2023). 
B. “Pingente encontrado na Dinamarca é referência mais antiga ao deus Odin” 
(Superinteressante, 03/2023). 
C. Filho realiza o sonho da mãe com festa de debutante aos 69 anos [...]” (Marie Claire, 03/2023). 
D. Em zoo nos EUA, tartaruga de 90 anos se torna pai pela primeira vez” (Galileu, 03/2023). 
E. “Anitta aposta em look transparente para festão de aniversário” (Caras, 03/2023). 
 
31. Marque a opção que contém a frase que apresenta desvio de concordância verbal. 
A. Existem muitos seguidores no seu instagram. 
B. Devem haver muitos seguidores no seu instagram. 
C. Há muitos seguidores no seu instagram. 
D. Devem existir muitos seguidores no seu instagram. 
E. Precisa-se de seguidores no instagram comercial. 
 
A falsa vida no Instagram 
Expor-se em fotos na rede é um paliativo para a mediocridade. 
Walcyr Carrasco - 14 fev 2020 
Estou no aeroporto. Uma mulher pede uma selfie. Faço a pose. Sorrio. Essa cena acontece 
principalmente quando estou com uma novela de sucesso. Eu me pergunto: para que servem 
os milhões de selfies clicadas diariamente? Bem, para postar. A foto dá a impressão de 
intimidade. Mas nem nos conhecemos. A maioria avassaladora das pessoas que postam selfies 
com famosos não conhece ninguém. São imagens arrancadas, às vezes em situações horríveis. 
009.606.003-45Certa vez, em Belo Horizonte, meu voo estava sendo chamado. Eu entrando no banheiro às 
pressas. Uma senhora me parou para fazer selfie, tentei me safar, ela insistindo… Enfim… 
Imaginem a situação. Tive de sorrir e me deixar fotografar! O pior é que não sei com quem estou 
dando um clique. Se for parar num tribunal e disser que não conheço a pessoa, haverá uma 
selfie! Esse mundo digital cria uma falsa impressão de intimidade! 
Abro o Instagram e o que vejo? Muita gente com famosos, mais famosos que eu, óbvio. A vida 
de um Neymar deve ser um martírio! Também há os turistas deslumbrados. Sinto “vergonha 
alheia” ao ver tantos amigos postando fotos de viagem como se fossem a última bolacha do 
pacote. Vamos combinar. Quem precisa de mais um retrato de alguém no Coliseu? Ou na Torre 
Eiffel? Recentemente eu estava com um amigo, seu filho e primo adolescentes no templo 
budista Zu Lai, em Cotia, São Paulo. É um lindo santuário, com escadarias, pátios, esculturas. 
Todos tirando selfies e fazendo poses. De repente, percebi: ninguém estava olhando o templo! 
Só clicando. Postar era mais importante que a experiência em si. 
Outra tendência são as mulheres seminuas e os rapazes de músculos à mostra. No passado, as 
revistas masculinas pagavam fortunas às mulheres para que ficassem nuas. Hoje é de graça, e 
as modelos são donas de casa, executivas… Só não há nus absolutos porque o próprio Instagram 
proíbe. Um amigo desempregado, já maduro, mas com músculos bem desenhados, postava 
uma foto de praia atrás da outra. Foi fazer uma entrevista. O possível chefe reclamou dos posts. 
Disse serem ruins para um candidato a cargo de direção. Apavorado, ele parou de postar. Duas 
semanas. Já está postando tudo de novo. Atenção: quem oferece uma vaga sempre verifica o 
candidato nas redes sociais. É um risco para o currículo. Fico imaginando a vida dos rapazes que 
postam fotos de si próprios em academias ou na praia, como pavões. Na real, contam os 
centavos, levam fora da namorada… Há quem poste batatinhas gordurosas orgulhosamente, 
como se fossem alta gastronomia. E ah… por que tanta gente faz questão de postar seus 
cachorrinhos? Felicidade igual au-au? 
O Instagram é uma narrativa. As pessoas criam uma ficção da própria vida. Histórias de 
intimidade com famosos, de viagens, de alta moda, de gastronomia. Sentem-se mais 
interessantes, desejáveis. Os posts são um paliativo para a mediocridade de seu dia a dia. Postar 
virou um vício. Em que realmente acreditam? Em seu trabalho, relações? Ou na personagem 
criada no Instagram? Tornar a vida uma ficção só pode dar errado. 
Publicado em VEJA de 19 de fevereiro de 2020. 
 
32. Observamos no segundo parágrafo. 
“[...] ao ver tantos amigos postando fotos de viagem como se fossem a última bolacha do 
pacote.” 
 
O verbo da oração destacada confere à afirmação um sentido 
A. assertivo. 
B. proporcional. 
C. hipotético. 
D. negativo. 
E. imperativo. 
 
33. Observamos no primeiro parágrafo: 
 
“Certa vez, em Belo Horizonte, meu voo estava sendo chamado.” 
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Das redações a seguir, assinale a que apresenta outra possibilidade de pontuação 
CORRETA para a frase citada. 
A. Certa vez, em Belo Horizonte, meu voo, estava sendo chamado. 
B. Em Belo Horizonte, certa vez; meu voo, estava sendo chamado. 
C. Certa vez, meu voo, estava sendo chamado em Belo Horizonte. 
D. Certa vez em Belo Horizonte meu voo estava sendo chamado. 
E. Meu voo, certa vez, estava sendo chamado em Belo Horizonte. 
 
34. No segundo parágrafo lemos: 
 
“Muita gente com famosos, mais famosos que eu, óbvio.” 
 
O mesmo processo de formação das palavras sublinhadas é observado em 
A. desvalorização. 
B. livraria. 
C. instagram. 
D. desencontro. 
E. selfies. 
 
35. Em qual das frases a seguir há um predicado nominal? 
A. Há diversos pontos de alagamento na cidade. 
B. O jacaré permaneceu imóvel em cima da pedra. 
C. A figura do herói originou-se nas epopeias gregas. 
D. Meus avós estiveram em Malta no ano passado. 
E. A neve caiu durante todo o passeio de ski. 
 
Por uma cultura de paz permanente 
 
 O Brasil já teve um Ministério da Guerra, criado em 1891, no período republicano. 
Atualmente, temos apenas o Ministério da Defesa, criado em 1999. Outros países também 
criaram seus ‘ministérios da guerra’. Mas não me recordo de um momento histórico no Brasil ou 
em outros países que tenha sido criado um Ministério da Paz. 
 A violência nas escolas, contra estudantes e professores, não é uma exclusividade dos 
Estados Unidos que, ato contínuo, atordoa o mundo há décadas. A própria situação contra 
a Malala Yousafzai demonstra isso: por defender o direito das mulheres de terem acesso à 
educação foi vítima de um atentado em 2012, perpetrado pelo grupo fundamentalista Talibã. 
 Os exemplos de guerra e violência dentro e fora das escolas, associados ou não à educação, 
são milenares, globais. São mazelas humanas que atingem a todos, independentemente de 
raça, credo, situação cultural, educacional ou financeira. 
 O que pode mudar nesse cenário são ações efetivas e transferíveis em escala e em todos os 
níveis, pois sabemos que a paz e a cultura da paz nas escolas têm força, como o próprio 
exemplo da Malala Yousafzai sinaliza, ainda que em um certo contexto que possa ser uma 
imagem enviesada, apesar do brutal atentado, ela sobreviveu e, em 2014, recebeu o Nobel da 
Paz. 
 Palavras leva o mar, se não estiveram associadas a ações e coragem. Mas palavras também 
são ferramentas para aprender e ensinar. Uma educação para a paz pode começar pelo básico, 
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pelos dicionários, livros repletos de palavras e significados. Ali encontramos insights para o 
futuro das relações humanas. Estão lá os significados da empatia, socioemocional, escuta, 
diálogo, acolhimento… Fácil encontrar um dicionário na escola, e na palma da mão, claro. 
 De fato, esse não é um tema simples, mas possível para a sociedade e para todo segmento 
educacional. Trata-se de olhar para o passado, mas com uma visão para redesenhos futuros. 
Compreender o que passamos recentemente: um período doloroso, de afastamento físico e 
social durante a fase mais dura da pandemia, que afetou a muitos, desequilibrou a saúde 
mental de estudantes, de professores e da sociedade em si. 
 Quando a pandemia foi decretada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), lembro que 
ouvi muito: depois disso tudo, vamos sair melhores como seres humanos. Acredito nisto, pela 
própria força do verbo esperançar. Mas confesso que precisamos avançar muito mais ainda para 
que isso se torne realidade. 
 O fato concreto é que, enquanto isolados, passamos por sofrimentos, alguns por violência 
dentro de casa, muitos com medo do desconhecido e todos com a percepção diuturna do risco 
de morte. E, de repente, como em um passe de mágica, todos então estaríamos prontos a voltar 
ao tempo de retomada social, de reestabelecimento de relações, de grupos e pessoas em sala 
de aula. 
 Tudo evolui o tempo todo, e a educação não está em uma bolha isolada. Andamos, de fato, 
mais devagar, porque já tivemos muita pressa. Mas nada deixou de evoluir. E não vejo problema 
algum que os avanços tecnológicos sejam rápidos, acelerados. A questão é como e com quais 
mecanismos podemos equilibrar essa evolução tecnológica acelerada com aspectos que 
abarquem seres humanos melhores, mentalmente saudáveis, resilientes, empáticos, abertos ao 
diálogo, à divergência, à inclusão, à diversidade. 
 São muitos os pontos essenciais para criarmos uma cultura de paz nas escolas. Sei que um 
deles passa pelo diálogo, acompanhado pelo acolhimento do outro. Sei também que, hoje, as 
conexões são importantes, embora em tempos líquidos não há vantagem em estar em várias 
conexões, porque é fácil conseguir desconectar-se dessas desconexões sem grandes perdas ou 
custos. 
 É um tanto a diferença entre conexão e relacionamento, bem descrita pelo filósofo, 
sociólogo, professor e escritor polonêsZygmunt Bauman, para quem a sociedade, na atual 
contemporaneidade líquida, está cada vez mais vazia, repleta de amigos on-line, mas em 
conexões off-line. Do próprio Bauman, “um vazio que faz com que a sociedade entre em um 
espírito de substituição e medo da solidão, pois, antes de entrarem na busca por conexões já 
sabem o roteiro final: se uma pessoa/conexão se vai, pode ser substituída por outra sem 
nenhum problema”. 
 Se nós, professores, educadores, entes que trabalhamos com e para a educação queremos 
criar uma cultura da paz nas escolas, na outra ponta, na sociedade, nosso zeitgeist (do alemão 
“o espírito do tempo”) começa por uma reconstrução cotidiana de relacionamentos efetivos e 
afetivos, para se diferenciar e distanciar das conexões liga-desliga, nas quais não há entrega de 
sentimentos e nem de confiança, pois se sabe que essa relação vai ter seu final cedo ou tarde. 
 Ou seja, uma cultura da paz precisa ser construída dentro de um novo espírito do tempo, de 
forma concretamente duradoura, permanente, e não líquida. 
 “A incerteza é o habitat natural da vida humana – ainda que a esperança de escapar da 
incerteza seja o motor das atividades humanas. Escapar da incerteza é um ingrediente 
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fundamental, menos que apenas tacitamente presumido, de todas e quaisquer imagens 
compósitas de felicidade”, Zygmunt Bauman, 2009. 
 
(Adriana Martinelli. Revista Educação. Em 09/05/2023. Adaptado.) 
 
36. A indeterminação do sujeito na oração pode ocorrer por diferentes intencionalidades do 
enunciador, modificando os efeitos de sentido que o emprego de tal construção pode 
provocar no discurso. Dentre os trechos destacados a seguir, pode-se identificar o 
emprego de oração cujo sujeito é classificado como indeterminado apenas em: 
A. “Outros países também criaram seus ‘ministérios da guerra’.” (1º§) 
B. “Ali encontramos insights para o futuro das relações humanas.” (5º§) 
C. “Atualmente, temos apenas o Ministério da Defesa, criado em 1999.” (1º§) 
D. “Trata-se de olhar para o passado, mas com uma visão para redesenhos futuros.” (6º§) 
 
37. O sentido das palavras é determinado pelo contexto que elas estão inseridas. Assim, 
assinale a alternativa em que o termo sublinhado pode ser substituído corretamente 
pela palavra indicada. 
A. “[...] genes impactam diretamente no quanto alguém precisa dormir.” (5º§) – sensibilizam 
B. “A atividade dos neurônios da região era aumentada nos ratos com genes mutantes, [...]” 
(11º§) – estáveis 
C. “É claro que muita gente não cumpre a recomendação – e a tendência vista por médicos e 
cientistas é que estamos dormindo cada vez menos.” (2º§) – propensão 
D. “Muito provavelmente você tem aquele amigo que dorme 4 horas por dia e sempre está 
uma pilha, enquanto você, que tenta dormir ao menos 6, está sempre cansado.” (4º§) – 
surpreendido 
 
Precisa-se 
 Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr 
um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar 
contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa 
reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. 
 É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que 
só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito 
perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. 
 Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo 
que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que 
se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, 
implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa 
com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da 
cozinha, e da sala de estar. 
 P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os 
outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar. 
(LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.) 
 
38. A ideia principal do texto é: 
A. O anúncio em um excelente jornal sobre a festa de bailarinos. 
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B. A procura de uma pessoa para compartilhar uma intensa alegria. 
C. A possibilidade da felicidade se converter em drama – um sentimento perigoso. 
D. A busca por uma cuidadora humilde, alegre e despretensiosa. Não precisa ter prática. 
 
O padeiro 
 Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta 
do apartamento – mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter 
lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve do pão dormido”. De resto não é bem 
uma greve, é o lockout, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que 
obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que 
do governo. 
 Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo 
café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha 
deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os 
moradores, avisava gritando: 
 – Não é ninguém, é o padeiro! 
 Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo? “Então você não é ninguém?” 
 Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe 
acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra 
pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a 
pessoa que o atendera dizer para dentro: “Não é ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim 
ficara sabendo que não era ninguém. 
 Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo 
para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo 
eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a 
redação do jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina – e muitas vezes saía 
levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, 
como pão saído do forno. 
 Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no 
jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma 
crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar: 
e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e 
entre todos alegre; “não é ninguém, é o padeiro!”. E assobiava pelas escadas. 
(BRAGA, Rubem. Diário de notícias. Crônicas Escolhidas. Rio de Janeiro. Record. 1977.) 
 
39. No fragmento “Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento [...]” (2º§), ocorre o 
emprego do sinal indicativo de crase. Sobre o acento grave indicador de crase, assinale 
a afirmativa INCORRETA. 
A. Deve ser usado em horas exatas. 
B. Deve ser empregado comumente antes de vocábulos masculinos. 
C. Ocorre quando há locuções adverbiais, conjuntivas e prepositivas. 
D. Seu uso pode ser facultativo após a presença da preposição “até”. 
 
40. Assinale a alternativa em que o termo em destaque se DIFERENCIA dos demais. 
A. “[...] e dentro do meu coração eu recebi [...]” (7º§) 
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B. “[...] mas, para não incomodar os moradores, [...]” (2º§) 
C. “[...] faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo [...]” (1º§) 
D. “Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo.” (6º§) 
 
 
Tecnologia na Educação: como ela pode favorecer a aprendizagem? 
Recursos tecnológicos devem ser usados com intencionalidade pedagógica e de forma 
significativa para promover a criação e a experimentação dos alunos. 
 
 Àprimeira vista, os números sobre tecnologia no ambiente escolar impressionam: segundo 
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2019, divulgados pelo Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2020, 88,1% dos estudantes brasileiros têm acesso 
à internet e 81% das escolas públicas do país possuem laboratórios de informática. 
 No entanto, um olhar mais atento revela um problema muito mais profundo: na Educação 
Básica, enquanto 4,1 milhões de estudantes da rede pública não têm acesso à conectividade, 
apenas 174 mil alunos do setor privado não possuem conexão à rede. A desigualdade não para 
por aí, evidenciado-se também quando o recorte é geográfico. Nas regiões Norte e Nordeste, o 
percentual de alunos de escolas públicas que utilizam a internet cai para 68,4% e 77%, 
respectivamente. 
 Apesar dos avanços rumo à inclusão feitos nos últimos anos, o retrato trazido pelo estudo 
evidencia os muitos desafios que as escolas públicas enfrentam para implementar um currículo 
alinhado à cultura digital, uma das competências gerais da Educação Básica estabelecida pela 
Base Nacional Comum Curricular (BNCC). 
 “No período da pandemia, vimos que nossos alunos de escolas públicas não têm acesso à 
conectividade”, aponta Débora Garofalo, diretora de Inovação na empresa Multirio, vinculada à 
Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (RJ). “Esse cenário mostra a importância de 
fomentar políticas públicas para o ensino das tecnologias e para a garantia da democratização 
do acesso a esses estudantes.” 
 
Diferentes aspectos da tecnologia educacional. 
 Garantir a universalização é, porém, só o primeiro passo. Conforme explica Paulo 
Blikstein, professor da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, e diretor 
do Transformative Learning Technologies Lab, “você pode colocar internet em todas as escolas 
e isso não quer dizer que a aprendizagem vai melhorar”. 
 Para mostrar a dimensão do desafio no Brasil, o professor diferencia três camadas envolvidas 
quando utilizamos o termo tecnologia educacional. “Uma primeira camada são as tecnologias 
que chamamos de ‘infraestrutura’: conectividade, existência de computadores, equipamentos 
etc, que são pré-requisitos para fazer as outras coisas. A segunda é o que a gente denomina de 
‘tecnologias de ensino’, isto é, tudo que otimiza o ensino mais tradicional, como softwares de 
correção e otimização de textos e aulas de reforço em vídeo. Seria um uso para otimizar a 
escola, mas do jeito que ela já é. Isso tem um reflexo pequeno, mas importante”, diz. 
 E, finalmente, há a terceira camada, em que de fato ocorre uma mudança revolucionária no 
processo de ensino e aprendizagem: o uso das chamadas tecnologias de criação e 
experimentação, baseadas em metodologias ativas de aprendizagem como 
laboratórios makers e softwares de simulação de ciências, entre outros. “O que o mundo está 
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fazendo é esta terceira camada, que é mudar a cara da escola, ter mais horas para testar teorias, 
por exemplo, com os alunos em laboratório”, afirma Paulo. 
(Por: Thais Paiva. Em: 10/10/2023.) 
 
41. No fragmento “No período da pandemia, vimos que nossos alunos de escolas públicas 
não têm acesso à conectividade [...]” (4º§), o sujeito da frase é: 
A. Composto: “escolas públicas”. 
B. Inexiste: não há sujeito nesta frase. 
C. Simples: “no período da pandemia”. 
D. Oculto: “nós”, que não é evidenciado na 
frase. 
 
42. No fragmento “Isso tem um reflexo pequeno, mas importante, [...]” (6º§), a conjunção 
“mas” é 
A. subordinativa causal: possui uma relação de causa. 
B. coordenativa alternativa: conecta dois termos de sentidos diferentes. 
C. subordinativa proporcional: exprime uma relação de proporcionalidade. 
D. coordenativa adversativa: conecta dois termos, exprimindo uma relação de contraste. 
 
Saudade 
 Conversávamos sobre saudade. E de repente me apercebi de que não tenho saudade de nada. 
Nem da infância querida, nem sequer das borboletas azuis, Casimiro. Nem mesmo de quem 
morreu. De quem morreu sinto é falta, o prejuízo da perda, a ausência. A vontade da presença, 
mas não no passado, e sim presença atual. Saudade será isso? Queria tê-los aqui, agora. Voltar 
atrás? Acho que não, nem com eles. 
 A vida é uma coisa que tem de passar, uma obrigação de que é preciso dar conta. Uma dívida 
que se vai pagando todos os meses, todos os dias. Parece loucura lamentar o tempo em que se 
devia muito mais. 
 Gostaria de ter palavras boas, eficientes, para explicar como é isso de não ter saudades; fazer 
sentir que estou exprimindo um sentimento real, a humilde, a nua verdade. Você insinua a 
suspeita de que talvez seja isso uma atitude. Pois então eu lhe digo que essa capacidade de 
morrer de saudades, creio que ela só afeta a quem não cresceu direito; feito uma cobra que se 
sentisse melhor na pele antiga, não se acomodasse nunca à pele nova. 
 Fala que saudade é sensação de perda. Pois é. E eu lhe digo que, pessoalmente, não sinto que 
perdi nada. Gastei, gastei tempo, emoções, corpo e alma. E gastar não é perder, é usar até 
consumir. 
 E não pense que estou a lhe sugerir tragédias. Tirando a média, não tive quinhão por demais 
pior que o dos outros. Houve muito pedaço duro, mas a vida é assim mesmo, a uns traz os seus 
golpes mais cedo e a outros mais tarde; no fim, iguala a todos. 
 Infância sem lágrimas, amada, protegida. Mocidade – mas a mocidade já é de si uma etapa 
infeliz. Coração inquieto que não sabe o que quer, ou quer demais. Qual será, nesta vida, o 
jovem satisfeito? Um jovem pode nos fazer confidências de exaltação, de embriaguez; de 
felicidade, nunca. Mocidade é a quadra dramática por excelência, o período dos conflitos, dos 
ajustamentos penosos, dos desajustamentos trágicos. A idade dos suicídios, dos desenganos e, 
por isso mesmo, dos grandes heroísmos. É o tempo em que a gente quer ser dono do mundo – 
e ao mesmo tempo sente que sobra nesse mesmo mundo. A idade em que se descobre a 
solidão irremediável de todos os viventes. 
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 Não sei mesmo como, entre as inúmeras mentiras do mundo, se consegue manter essa 
mentira maior de todas: a suposta felicidade dos moços. Por mim, sempre tive pena deles, da 
sua angústia e do seu desamparo. Enquanto esta idade a que chegamos, você e eu, é o tempo 
da estabilidade e das batalhas ganhas. Já pouco se exige, já pouco se espera. E mesmo quando 
se exige muito, só se espera o possível. Se as surpresas são poucas, poucos também os 
desenganos. A gente vai se aferrando a hábitos, a pessoas e objetos. 
 E depois há o capítulo da morte, sempre presente em todas as idades. Com a diferença de 
que a morte é a amante dos moços e a companheira dos velhos. Para os jovens ela é abismo e 
paixão. Para nós, foi se tornando pouco a pouco uma velha amiga, a se anunciar devagarinho: o 
cabelo branco, a preguiça, a ruga no rosto, a vista fraca, os achaques. Velha amiga que vem de 
viagem e de cada porto nos manda um postal, para indicar que já embarcou. 
(QUEIROZ, Rachel de. Um alpendre, uma rede, um açude. Rio de Janeiro: José Olympio, 2006. Adaptado.) 
 
43. “Saudade será isso? [...] Voltar atrás?” (1º§) Os questionamentos destacados têm por 
objetivo: 
A. Propor uma reflexão. 
B. Esclarecer dúvidas do leitor. 
C. Especificar a temática argumentativa. 
D. Manifestar sobre a irrelevância do assunto abordado. 
 
44. Tendo em vista os elementos semântico-textuais e as informações apresentadas, é 
possível depreender que, basicamente, a autora tem por objetivo: 
A. Anunciar que a mocidade, a idade dos notáveis heroísmos, é o melhor período da vida. 
B. Argumentar que a capacidade de “morrer de saudade” é mérito de poucos hoje em dia. 
C. Decretar que a morte é uma velha amiga, que chegará de maneira inesperada para todos. 
D. Reconhecer que não sente saudades e que a morte é evidente em toda a nossa existência. 
 
45. Possui papel adjetivo no excerto a seguir o termo em destaque: 
A. “Queria tê-losaqui, agora.” (1º§) 
B. “E mesmo quando se exige muito, só se espera o possível.” (7º§) 
C. “E eu lhe digo que, pessoalmente, não sinto que perdi nada.” (4º§) 
D. “Gostaria de ter palavras boas, eficientes, para explicar como é isso de não ter saudades; 
[...]” (3º§) 
 
A disciplina do amor 
 Foi na França, durante a Segunda Grande Guerra: um jovem tinha um cachorro que todos 
os dias, pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um pouco antes 
das seis da tarde. Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e na maior alegria 
acompanhava-o com seu passinho saltitante de volta à casa. A vila inteira já conhecia o 
cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe festinhas e ele correspondia, chegava até a 
correr todo animado atrás dos mais íntimos. Para logo voltar atento ao seu posto e ali ficar 
sentado até o momento em que seu dono apontava lá longe. 
 Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro 
deixou de esperá-lo? Continuou a ir diariamente até a esquina, fixo o olhar naquele único ponto, 
a orelha em pé, atenta ao menor ruído que pudesse indicar a presença do dono bem-amado. 
Assim que anoitecia, ele voltava para casa e levava sua vida normal de cachorro, até chegar o 
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dia seguinte. Então, disciplinadamente, como se tivesse um relógio preso à pata, voltava ao 
posto de espera. O jovem morreu num bombardeio mas no pequeno coração do cachorro não 
morreu a esperança. Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando ia chegando aquela 
hora ele disparava para o compromisso assumido, todos os dias. 
 Todos os dias, com o passar dos anos (a memória dos homens!), as pessoas foram se 
esquecendo do jovem soldado que não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares 
voltaram-se para outros familiares. Os amigos para outros amigos. Só o cachorro já velhíssimo 
(era jovem quando o jovem partiu) continuou a esperá-lo na sua esquina. As pessoas 
estranhavam, mas quem esse cachorro está esperando?… Uma tarde (era inverno) ele lá ficou, o 
focinho voltado para aquela direção. 
(Lygia Fagundes Telles. A disciplina do amor. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1980, p. 99-100.) 
 
46. Considerando as funções estabelecidas sintaticamente pelas palavras em determinada 
oração, identifique o termo destacado cuja função sintática é igual à evidenciada 
em “Pensa que o cachorro deixou de esperá-lo?” (2º§) 
A. “Mas eu avisei que o tempo era de guerra, [...]” (2º§) 
B. “[...] e ali ficar sentado até o momento em que seu dono apontava lá longe.” (1º§) 
C. “[...] a orelha em pé, atenta ao menor ruído que pudesse indicar a presença do dono bem-
amado.” (2º§) 
D. “[...] um jovem tinha um cachorro que todos os dias, pontualmente, ia esperá-lo voltar do 
trabalho.” (1º§) 
 
A mulher do vizinho 
 Contaram-me que na rua onde mora (ou morava) um conhecido e antipático general de 
nosso Exército morava (ou mora) também um sueco cujos filhos passavam o dia jogando 
futebol com bola de meia. Ora, às vezes acontecia cair a bola no carro do general e um dia o 
general acabou perdendo a paciência, pediu ao delegado do bairro para dar um jeito nosfilhos 
do sueco. 
 O delegado resolveu passar uma chamada no homem, e intimou-o a comparecer à 
delegacia. 
 O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto não parecia ser um importante 
industrial, dono de grande fábrica de papel (ou coisa parecida), que realmente ele era. 
Obedecendo a ordem recebida, compareceu em companhia da mulher à delegacia e ouviu 
calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O delegado tinha a dizer-lhe o seguinte: 
 – O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o que 
quer? Nunca ouviu falar numa coisa chamada autoridades constituídas? Não sabe que tem de 
conhecer asleis do país? Não sabe que existe uma coisa chamada exército brasileiro que o 
senhor tem de respeitar? Que negócio é este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos 
e fazendo o que bem entende, como se isso aqui fosse casa da sogra? Eu ensino o senhor a 
cumprir a lei, ali no duro: duralex! Seus filhos são uns moleques e outra vez que eu souber que 
andaram incomodando o general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar gringos feito o 
senhor. 
 Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de aprovação do escrivão a um 
canto. O sueco pediu (com delicadeza) licença para se retirar. Foi então que a mulher do sueco 
interveio: 
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 – Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido? 
 O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento. 
 – Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como o senhor. Meu marido não é 
gringo nem meus filhos são moleques. Se por acaso incomodaram o general ele que viesse falar 
comigo, pois o senhor também está nos incomodando. E fique sabendo que sou brasileira, sou 
prima de um major do Exército, sobrinha de um coronel, e filha de um general! Morou? 
 Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e balbuciar humildemente: 
 – Da ativa, minha senhora? 
 E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os braços desalentado: 
 – Da ativa, Motinha! Sai dessa… 
(SABINO, Fernando. Obra Reunida. Vol. 01. Editora Nova Aguilar. Rio de Janeiro, 1996, pág. 872.) 
 
47. Assinale a alternativa em que a frase em destaque não é uma oração. 
A. “Que negócio é este?” (4º§) 
B. “– Da ativa, minha senhora?” (10º§) 
C. “Seus filhos são uns moleques [...]” (4º§) 
D. “E fique sabendo que sou brasileira, [...]” (8º§) 
 
48. Tendo em vista que os elementos de coesão textual são fundamentais na construção 
textual, estabelecendo relações que contribuem para que haja uma plena compreensão 
da mensagem, no trecho “[...] eu souber que andaram incomodando o general, vai tudo 
em cana.” (4º§), a expressão assinalada tem como referente: 
A. Filhos do sueco. 
B. Mulher do sueco. 
C. Filha de um general. 
D. Autoridades constituídas. 
 
49. Apesar do texto apresentado possuir predominantemente uma linguagem denotativa, é 
possível identificar conotação em: 
A. “O sueco pediu (com delicadeza) licença para se retirar.” (5º§) 
B. “O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto não parecia ser um 
importante industrial, [...]” (3º§) 
C. “Seus filhos são uns moleques e outra vez que eu souber que andaram incomodando o 
general, vai tudo em cana.” (4º§) 
D. “Obedecendo a ordem recebida, compareceu em companhia da mulher à delegacia e ouviu 
calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe.” (3º§) 
 
50. Há um exemplo de linguagem conotativa em: 
A. “E sabíamos também que éramos amigos.” (16º§) 
B. “Nossos encontros eram cada vez mais decepcionantes.” (3º§) 
C. “Minha solidão, na volta de tais encontros, era grande e árida.” (3º§) 
D. “Às vezes um telefonava, encontrávamo-nos, e nada tínhamos a nos dizer.” (2º§) 
 
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 GABARITO 
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 
B C E C B B A D A D 
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 
D E D B A C E C B A 
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 
A C A E C B D B B C 
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 
B C E B B D C B B B 
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 
D D A D D A B A C C 
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