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FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Tatiane Calve 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
1.1 Princípios fisiológicos aplicáveis aos programas de treinamento 
Os estudos sobre as adaptações fisiológicas do organismo não estão 
associados somente à saúde, mas, também, às adaptações do organismo em 
relação à prática de exercícios físicos e o desempenho humano. Dessa maneira, 
a fisiologia do exercício, campo da fisiologia que estuda as adaptações 
sistêmicas e fisiológicas agudas e crônicas frente à prática de exercícios físicos, 
vem crescendo cada vez mais. 
A prática regular de exercícios físicos está diretamente ligada às 
mudanças positivas que ocorrem em relação à aptidão física relacionada à saúde 
e ao desempenho. 
A aptidão física relacionada à saúde (AFRS) é caracterizada pela 
presença de bons níveis orgânicos e funcionais para que o indivíduo possa 
realizar as atividades da vida diária e diminuir o risco do desenvolvimento de 
doenças degenerativas. As AFRS são: força muscular, resistência muscular, 
resistência cardiorrespiratória, flexibilidade e composição corporal. 
Já a aptidão física relacionada ao desempenho esportivo (AFRD) indica o 
desenvolvimento das capacidades físicas utilizadas no esporte. São 
consideradas AFRD: potência, velocidade, agilidade, coordenação motora e 
equilíbrio. 
Para que o indivíduo possa melhorar e/ou ampliar as suas aptidões 
físicas, faz-se necessária a prática regular de exercícios físicos por meio de 
diferentes programas de treinamento. 
Segundo Tubino (1984), existem cinco princípios, os quais regem os 
programas de treinamento, são eles: 
1. Princípio da Individualidade Biológica 
2. Princípio da Adaptação 
3. Princípio da Sobrecarga 
4. Princípio da Continuidade 
5. Princípio da Interdependência Volume x Intensidade 
 
 
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Utilizando esses princípios, é possível planejar e aplicar programas de 
treinamento eficazes para que os indivíduos possam melhorar o desempenho 
físico, objetivando melhor qualidade de vida ou melhor performance esportiva. 
O objetivo geral desta aula será explicar como os sistemas orgânicos se 
adaptam frente aos programas de treinamento. 
Os programas de treinamento permitem a melhora das capacidades 
físicas relacionadas à saúde e ao desempenho, de acordo com as adaptações 
estruturais e funcionais do organismo. 
Adaptações são mudanças estruturais e funcionais que ocorrem em todo 
organismo, decorrentes da prática regular de exercícios físicos (Weineck, 1989). 
As adaptações podem ser agudas ou crônicas (Kura; Tourinho, 2011): 
• Adaptações agudas – São aquelas que ocorrem imediatamente ou em até 
72 horas após a prática do exercício. 
• Adaptações crônicas – Alterações morfofuncionais do organismo 
treinado. 
Para compreensão das alterações que ocorrem no organismo em 
decorrência dos programas de treinamento, esta aula será dividida nos seguintes 
temas: 
• Aspectos fisiológicos da carga de treinamento e seus componentes. 
• Princípios fisiológicos do treinamento. 
• Fadiga muscular e dor muscular tardia. 
• Considerações sobre hidratação e termo regulação no exercício físico. 
• Implicações fisiológicas do exercício sobre a diminuição do risco de 
doenças crônicas. 
TEMA 1 – ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA CARGA DE TREINAMENTO E SEUS 
COMPONENTES 
O processo de mudanças fisiológicas que ocorrem no organismo 
decorrentes do processo de treinamento não ocorre igualmente em todos os 
indivíduos, devendo ser levada em consideração as características filogenéticas 
e ontogenéticas. Assim sendo, as características hereditárias e ambientais são 
 
 
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fundamentais para que haja planejamento e adequação dos programas de 
treinamento para cada indivíduo ou população. 
De acordo com Silva (2010), os diferentes tipos de vias metabólicas, o 
desenvolvimento das habilidades motoras básicas e referentes aos esportes são 
alguns componentes que se diferem em relação ao tipo de treinamento, faixa 
etária e população que irá receber treinamento com exercícios físicos. 
Adaptações são mudanças estruturais e funcionais que ocorrem em todo 
organismo, decorrentes da prática regular de exercícios físicos (Weineck, 1989). 
As adaptações podem ser agudas ou crônicas (Kura; Tourinho, 2011): 
• Adaptações agudas – São aquelas que ocorrem imediatamente ou em até 
72 horas após a prática do exercício. 
• Adaptações crônicas – Alterações morfofuncionais do organismo treinado. 
Os mesmos autores ainda dividem as adaptações agudas em duas fases, 
pré-imediato (logo após o início da atividade física) e pós-imediato rápido (alguns 
minutos após o término da atividade). 
Nas adaptações agudas do organismo, são verificados aumento da 
frequência cardíaca, intensidade da respiração, da pressão arterial, da 
temperatura corporal, entre outras alterações fisiológicas (Araujo, 2001; 
Tourinho, 2001). 
Como adaptações crônicas do organismo, podemos citar a hipertrofia e a 
hiperplasia, aumento da velocidade de ativação das unidades motoras, alteração 
na composição corporal e dos diferentes sistemas, que são as adaptações 
crônicas do organismo. 
Além de estudos sobre como o organismo se adapta frente ao exercício, 
outros inúmeros estudos são realizados para compreender como o treinamento 
físico-esportivo pode ser aplicado. Assim, os estudos em relação ao treinamento 
podem ser divididos em quatro grandes áreas (Roschel; Tricoli; Ugrinowitsch, 
2011): 
1. Avaliação do treinamento – As pesquisas estão relacionadas com a busca 
de métodos e protocolos eficazes para testar o desempenho de atletas 
das mais diferentes modalidades esportivas. Os testes variam de análises 
fisiológicas, funcionais, cinéticas e cinemáticas. 
2. Controle do treinamento – Nesta área de estudo, os pesquisadores 
 
 
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buscam o conhecimento sobre as respostas do organismo em relação às 
cargas de treinamento, para que os estresses internos e externos sejam 
adequados para um melhor desempenho do indivíduo, sem que seu 
organismo chegue à fadiga ou exaustão. 
3. Modelos de organização da carga de treinamento – Os estudos dessa 
área buscam explicar como o treinamento pode ser organizado e 
planejado em uma linha temporal, ou seja, com o treinamento pode ser 
periodizado (relação volume x intensidade). 
4. Desenvolvimento das capacidades motoras – Os estudos buscam 
identificar os métodos e os tipos de treinamento mais indicados para a 
maximização do desempenho para as diferentes capacidades motoras. 
Os estudos sobre a periodização do treinamento trouxeram inúmeros 
benefícios para ganho de desempenho de pessoas que buscam melhorar a 
saúde física e atletas que buscam performance. 
O termo periodização origina-se da palavra período, ou seja, divisão do 
tempo em pequenos segmentos e é uma distribuição planejada dos métodos e 
meios de treino, de forma cíclica ou periódica, facilitando o controle das fases do 
treinamento (Bompa, 2001). 
Um aspecto importante, durante a periodização, é a carga de treinamento, 
que pode ser interna ou externa. 
• Carga interna de treinamento (CIT) – Estresse fisiológico imposto ao 
corpo para uma determinada carga de treinamento. 
• Carga externa de treinamento (CET) – Variáveis externas associadas ao 
treinamento. 
A organização da CET pode ser feita em relação ao número de repetições, 
sobrecarga utilizada, distância percorrida, número de tiros e força produzida. 
Dessa maneira, OS estímulos periódicos, utilizados durante as sessões de 
treinamento, proporciona adaptações no organismo do indivíduo, em quantidade 
de trabalho (volume) e qualidade (intensidade). 
Um dos aspectos que devem ser levados em consideração sobre o 
volume e a intensidade do exercício, é o processo de metabolismo celular para 
produção de energia, que ocorre a partir de um composto denominado de ATP 
(Trifosfato de Adenosina). O ATP é continuamente ressintetizado por três 
mecanismos, o sistema ATP-CP,o metabolismo anaeróbio e o metabolismo 
 
 
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aeróbio. 
Figura 1 – Tipos de fibras musculares relacionadas aos mecanismos de 
produção de energia 
 
Fonte: Colomer, 2016. 
TEMA 2 – PRINCÍPIOS FISIOLÓGICOS DO TREINAMENTO 
Para que as adaptações orgânicas ocorram a curto, médio e longo prazo, 
é necessário que sejam levados em consideração alguns princípios fisiológicos 
do treinamento, tais como: 
● Princípio da Individualidade Biológica 
● Princípio da Adaptação 
● Princípio da Sobrecarga 
● Princípio da Continuidade 
● Princípio da Interdependência Volume X Intensidade 
● Princípio da Especificidade 
● Princípio da Variabilidade 
Esses princípios do treinamento serão abordados, separadamente, a 
seguir. 
2.1 Princípio da individualidade biológica 
Tubino (1984) afirma que a individualidade biológica está relacionada com 
o fenômeno que explica a presença de características diferentes entre indivíduos 
de mesma espécie, ou seja, todos temos características diferentes; portanto, o 
planejamento de um programa de treinamento deve levar essas individualidades 
em consideração. 
 
 
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Figura 2 – Biotipos (ectomorfo, mesomorfo e endomorfo), determinados pelas 
características individuais genotípicas 
 
Fonte: Bosa; Silva, 2017. 
O treinamento personalizado oferece resultados mais eficientes e rápidos. 
Além disso, os professores, técnicos e treinadores devem identificar os objetivos, 
potencialidades e dificuldade de cada cliente, atleta ou aluno, para que possa 
planejar e aplicar o treinamento da melhor maneira possível. 
Mesmo com as diferenças individuais (genótipo), o treinamento pode 
modificar a estrutura e a funcionalidade fisiológica do organismo (fenótipo). 
Figura 3 – Alteração estrutural e fisiológica durante a aplicação de treinamento 
 
 
 
 
 
 
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2.2 Princípio da adaptação 
Para Weineck (1991), a adaptação é caracterizada pelas mudanças que 
ocorrem nos órgãos e sistemas funcionais, decorrentes da prática de exercícios 
físicos regulares. 
Os princípios de adaptação podem ser divididos em: 
• Adaptabilidade – O poder de adaptação é um dos grandes princípios da 
natureza e se faz presente entre as características do treinamento, 
levando o indivíduo a ter mudanças em seu organismo. 
• Homeostase – É o princípio caracterizado como sendo o estado de 
equilíbrio estável do organismo e o ambiente. Para cada alteração há um 
estímulo diferente, ou seja, relação estímulo-resposta: 
a. Estímulos débeis => não acarretam consequências 
b. Estímulos médios => apenas excitam 
c. Estímulos médios para fortes => provocam adaptações 
d. Estímulos muito fortes => causam danos 
• Stress ou Síndrome de Adaptação Geral (SAG) – É a reação do 
organismo frente aos estímulos proporcionados pelo treinamento. A 
síndrome de adaptação geral (SAG) é dividida em três fases, até que o 
agente estressante na sua ação atinja o limite da capacidade fisiológica 
de compensação do organismo: 
1ª Fase: reação de alarme 
2ª Fase: fase da resistência (adaptação) 
3ª Fase: fase da exaustão (ibidem, 1984) 
• Choque e contrachoque – As fases de choque (resposta inicial do 
organismo a estímulos aos quais o organismo ainda não está adaptado) 
e contrachoque (ocasiona alterações fisiológicas iniciais no organismo), 
são caracterizadas pela reação que o organismo tem diante de novos 
estímulos, ou seja, o desconforto ocasionado pelo processo de 
treinamento. 
Com essas mudanças, o organismo se adapta e cria resistência diante 
dos estímulos proporcionados pela prática de exercícios físicos, para que novos 
estímulos sejam aplicados, fazendo com que o indivíduo aumente cada vez mais 
seu desempenho. 
 
 
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2.3 Princípios da sobrecarga 
Está relacionado com a capacidade do organismo em se recuperar da 
aplicação de uma carga de trabalho, para que um novo estímulo possa ser dado. 
Dessa maneira, o indivíduo em treinamento deve sempre receber novos 
estímulos ou novas cargas de trabalho para que seu desempenho possa evoluir. 
Porém, deve-se ter o cuidado de respeitar o equilíbrio entre a carga de trabalho 
aplicada e o tempo de recuperação, para que o treinamento em excesso não 
prejudique o programa de treinamento e, consequentemente, a performance do 
indivíduo. 
A preparação do organismo para receber uma nova carga de trabalho é 
denominada de assimilação compensatória, que é dividida em duas fases 
distintas, o período de restauração (fase de recomposição das energias 
perdidas, chegando a um mesmo nível de energia anterior ao estímulo) e o 
período de restauração ampliada (fase após o qual o organismo possuirá uma 
maior fonte de energia para novos estímulos). 
O princípio da sobrecarga ou princípio da progressão gradual é 
fundamental para que haja evolução no treinamento. 
2.4 Princípio da continuidade 
Está diretamente associado ao da adaptação devido à necessidade de o 
indivíduo dar continuidade ao treinamento, em uma linha temporal. Assim sendo, 
se um indivíduo treina e, por algum período, deixa de treinar, há uma nova 
adaptação do organismo diante do destreino. Havendo a necessidade de iniciar 
um novo ciclo, uma nova periodização do treinamento. 
2.5 Princípio da interdependência – Volume x Intensidade 
Esse princípio está ligado ao princípio da sobrecarga, uma vez que o 
aumento do volume (quantidade de carga aplicada) e/ou da intensidade 
(qualidade da carga aplicada) proporcionam melhora na performance do 
indivíduo em treinamento. 
A aplicação de maior volume ou intensidade depende dos objetivos e da 
fase de treinamento em que o indivíduo está e cabe ao treinador/professor 
identificar a melhor combinação para seu atleta/aluno para que não haja lesão e 
o rendimento seja sempre o melhor possível. 
 
 
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2.6 Princípio da especificidade 
É importante para a melhora do desempenho do indivíduo, pois é a partir 
dele que os demais princípios devem ser elaborados e aplicados. Esse princípio 
é o que determina o tipo de treino que será aplicado para melhora da qualidade 
física, do sistema energético e da qualidade do gesto motor. 
TEMA 3 – FADIGA MUSCULAR E DOR MUSCULAR 
A fadiga muscular é caracterizada como sendo a redução da condição do 
sistema neuromuscular em gerar força e coordenar os movimentos de maneira 
adequada. A fadiga muscular pode ocorrer em esportes de resistência ou alta 
intensidade; além de ser um mecanismo de defesa para o organismo. 
Figura 4 – Representação de mecanismo neuromotor para evitar lesão muscular 
 
A fadiga muscular pode ser dividida em dois tipos, fadiga muscular central 
e periférica, as quais serão descritas a seguir. 
 
 
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3.1 Fadiga muscular central 
Na ocorrência da fadiga muscular central, os neurônios periféricos, fibras 
musculares e unidades motoras sofrem alteração em seu funcionamento, como 
níveis de excitação do SNC baixos e inibição dos impulsos nervosos no grupo 
muscular fadigado. 
Os principais fatores que desencadeiam a fadiga muscular de origem 
central são: 
• Desidratação 
• Diminuição dos estoques de glicose sanguínea 
• Falha na atuação de determinados neurotransmissores 
• Alteração plasmática da concentração de aminoácidos de cadeia 
ramificada e triptofano 
3.2 Fadiga muscular periférica 
Ocorre por uma falha de um ou mais mecanismos (neurônios motores, 
nervos periféricos, ligações neuromusculares ou fibras musculares). 
As principais causas são: 
• Déficit energético (hipótese da Depleção de Glicogênio) 
• Alteração na concentração de íons Ca 
• Alteração de pH 
• Quantidade de lactato 
A fadiga muscular pode ser detectada pela presença dos seguintes 
sintomas: 
• Cansaço geral 
• Baixo rendimento 
• Aumento do índice de lesões 
• Para que haja recuperação do organismo, para que os sintomas de fadiga 
sejam eliminados ou reduzidos, é necessário que o indivíduo: 
o Durma bem (tempo e qualidade do sono) 
o Repouso entre as sessões de treinamento 
o Alimentação adequada (nível nutricionale quantidade) 
 
 
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o Suplementação (BCAA) 
o Hidratação 
3.3 Dor muscular tardia (DOMS – Delayed Onset Muscle Soreness) 
A dor muscular tardia, ou também, denominada de DOMS (Delayed Onset 
Muscle Soreness) pode ser aguda (durante ou imediatamente após o exercício, 
devido à fadiga, desaparecendo com o descanso) ou tardia (é desenvolvida entre 
24 e 48 horas após o término do exercício com um máximo de desconforto entre 
24 e 72 horas) e a sua maior ocorrência é na prática de exercícios físicos de 
curta duração e alta intensidade. 
A DMT é resultado de lesões microscópicas das fibras musculares após 
a sobrecarga de exercícios excêntricos, nos quais as fibras são alongadas, com 
aplicação de forças. 
Há pontos positivos e negativos em relação à presença da DMT, sendo 
eles: 
• Pontos positivos – Processo de regeneração das microlesões, 
remodelação muscular, fortalecimento muscular, progressão lenta do 
treinamento (estresse físico). 
• Pontos negativos – Liberação de radicais livres (prejudica o 
remodelamento muscular). 
Assim sendo, para modular de maneira positiva a presença da DMT, é 
necessário que o indivíduo seja orientado em relação à intensidade de volume 
de exercício físico, intercalado com o período de repouso. Além, é claro, de 
orientação quanto a uma dieta equilibrada. 
TEMA 4 – CONSIDERAÇÕES SOBRE HIDRATAÇÃO E TERMORREGULAÇÃO 
NO EXERCÍCIO FÍSICO 
A hidratação e a termorregulação, durante a prática de exercícios físicos, 
são importantes para manter o organismo equilibrado (homeostase) e saudável. 
 
 
 
 
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4.1 Hidratação 
É importante que seja feita hidratação durante a prática do exercício físico, 
pois há aumento da produção de calor decorrente da contração muscular, 
provocando a hipertermia. Além disso, a produção de suor, conduz à perda de 
água corporal. Dessa maneira, a ingestão de líquidos mantém a hidratação e 
ajuda a regular a temperatura corporal, evita a desidratação e mantém um 
adequado volume plasmático. 
O corpo tem em torno de 75% de água, importante para estruturas e 
funções orgânicas, para os processos fisiológicos e regulação da temperatura 
corporal. 
A água presente no organismo é importante, também, para o equilíbrio 
osmótico, ou seja, a água mantém o equilíbrio osmótico, sendo importante para 
a homeostase corporal (Carvalho; Mara, 2010). Ainda sobre a importância da 
água em nosso organismo, o equilíbrio eletrolítico e regulação hidroeletrolítica 
ocorrem pela presença da água, sendo mecanismos que reduzem a excreção 
de água e sódio, estimulam a sede e controlam a ingestão e perda de água e 
eletrólitos. 
Alguns fatores interferem na hidratação, tais como: 
• Sexo – Homens e mulheres têm respostas semelhantes nas primeiras 
duas horas da fase de recuperação. 
• Idade – Indivíduos mais velhos têm maior risco de desidratação. 
• Alimentação e padrão alimentar – Comer alimentos conjuntamente com a 
ingestão de líquidos promove maior ingestão e retenção hídrica. 
• Cafeína – Auxilia o equilíbrio hídrico. 
• Etanol – A ingestão de bebida alcoólica tende a aumentar o débito urinário 
e diminuir a retenção. 
4.2 Termorregulação 
É conceituada como sendo o equilíbrio da temperatura corporal e é 
decorrente de: 
• Condução – Envolve a transferência do calor de um material para outro 
pelo contato direto entre as superfícies. 
• Convecção – Transferência de calor de um local para outro através da 
 
 
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movimentação de um gás ou líquido em contato com a superfície cutânea. 
• Radiação – Processo é veiculado pelas radiações infravermelhas que 
contêm energia térmica, as quais viajam do corpo humano para o meio 
ambiente ou vice-versa. 
• Sudação – Relacionada com o sistema de arrefecimento corporal, sendo 
o principal processo que o corpo humano utiliza para perder calor em 
situações de hipertermia. 
Para que a termorregulação ocorra durante o exercício, depende de 
alguns fatores: 
• Tipo de exercício – Duração, intensidade, volume e frequência do 
exercício, nível de condição física e requisitos metabólicos. 
• Ambiente – Temperatura ambiente, exposição à radiação solar, 
velocidade de deslocamento do ar e umidade relativa do ar. 
• Vestuário/equipamento utilizado – Utilização de várias camadas de roupa 
ou o uso de roupa impermeável, comprometem a eficácia deste 
mecanismo. Mesmo em ambiente frio, o uso de roupas pesadas ou 
impermeáveis pode causar altas taxas de sudação. 
• Organismo – Predisposição genética, peso, composição corporal, estado 
de aclimatização ao calor e eficiência metabólica. 
• Quando a temperatura corporal aumenta, provoca efeitos deletérios ao 
organismo, como: 
o Diminuição do desempenho físico 
o Aumento da frequência cardíaca 
o Redução do débito cardíaco 
o Diminuição do fluxo sanguíneo cutâneo e para os músculos 
esqueléticos 
o Alteração do metabolismo do músculo esquelético 
o Aumentando o esforço fisiológico para determinada atividade 
o Aumento da utilização do glicogênio e formação de mais ácido 
láctico 
De acordo com o exposto acima sobre hidratação e termorregulação, 
podemos considerar que há a necessidade e nos atentarmos a essas 
características, para que o organismo não seja prejudicado, tanto em repouso 
 
 
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como em exercício. 
TEMA 5 – IMPLICAÇÕES FISIOLÓGICAS DO EXERCÍCIO SOBRE A 
DIMINUIÇÃO DO RISCO DE DOENÇAS CRÔNICAS 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2018; Brasil, 2007), as 
doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são importantes causas de 
morbidade e mortalidade entre adultos e idosos e ocasionam grandes custos 
para a sociedade, principalmente para países de média e baixa renda. 
As DCNT são caracterizadas como sendo doenças de longa duração, 
causas múltiplas exigem acompanhamento multidisciplinar permanente, causam 
intervenções contínuas, requerem grandes recursos materiais e humanos e 
geram grandes encargos ao sistema público e social (Brasil, 2007). 
O tipo e a incidência de DCNT em um indivíduo, depende de suas 
características genéticas e de fatores ambientais, como o estilo de vida adotado 
(alimentação, sedentarismo ou baixo condicionamento físico). 
O sedentarismo é uma das doenças que mais matam no mundo, 
aumentando em até quatro vezes a prevalência da Síndrome Metabólica (SM) 
(Maciel, 2019). 
Para atendimento a esse tipo de doenças, o SUS (Sistema Único de 
Saúde) propõe que haja atendimento de qualidade à população. O atendimento 
pode ser dividido em três níveis de atenção: 
● Atenção primária – Relacionada às ações voltadas para a diminuição do 
risco de doenças e à proteção à saúde. 
● Atenção secundária – Está relacionada com a oferta de tratamento 
especializado à população. 
● Atenção terciária da saúde – Serviços de alta complexidade. 
Entretanto, a OMS recomenda que haja prevenção das DCNT. Assim, é 
recomendado que haja: 
● Aumento do gasto energético está associado a menor taxa de morte por 
Doenças Cardiovasculares (DCV). 
● Diminuição de obesidade. 
● Controle da dislipidemia. 
● Regulação e diminuição do uso de medicamentos para controle de 
 
 
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hipertensão arterial. 
● Regulação e diminuição do uso de medicamentos para controle de 
diabetes mellitus. 
● Redução da sarcopenia. 
● Redução da osteopenia. 
● Redução da incapacidade funcional (AVDs e AIVD). 
Como indicado em capítulos anteriores, a prática de exercício físico 
proporciona mudanças agudas e crônicas no organismo. Essas mudanças 
reduzem a incidência de DCNT e, consequentemente, diminui a probabilidade 
de morte. 
NA PRÁTICA 
Diante dos conceitos expostos e exemplos oferecidos sobre a influência 
da prática regular de exercícios físicos em relação às adaptações fisiológicas, 
cite os seis princípios do Treinamento Esportivo propostos por Tubino, indicados 
na aula. 
Segundo Tubino (1984), existem seis princípios os quais regem os 
programas de treinamento, são eles: 
● Princípio da Individualidade Biológica 
● Princípio da Adaptação● Princípio da Sobrecarga 
● Princípio da Continuidade 
● Princípio da Interdependência Volume X Intensidade 
● Princípio da Especificidade 
FINALIZANDO 
Nesta aula, foram descritas as adaptações fisiológicas decorrentes do 
processo de treinamento. Outros aspectos abordados na aula foram fadiga e dor 
tardia da musculatura (DMT), causadas pelo treinamento foi um outro tema 
abordado na aula. Vimos, também, que a hidratação e a termorregulação têm 
papel fundamental no desempenho físico. 
A aula foi finalizada com o tema: Implicações fisiológicas do exercício 
sobre fisiológicas do exercício sobre a diminuição do risco de doenças crônicas. 
 
 
17 
 
REFERÊNCIAS 
BOMPA, T. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. São Paulo: 
Editora Phorte, 2001. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Vigilância de Doenças e Agravos não 
Transmissíveis (DAnT). Brasília. Disponível em: 
<http://portal.saude.gov.br/portal/svs/area.cfm?id_area=448>. Acesso em: 12 
abr. 2020. 
CARVALHO, T.; MARA, L. S. Hidratação e Nutrição no Esporte. Rev Bras Med 
Esporte, Niterói, v. 16, n. 2, mar./apr., 2010. 
KURA, G. G.; TOURINHO FILHO, H. Adaptações agudas e crônicas dos 
exercícios resistidos no sistema cardiovascular. EF Deportes.com, Buenos 
Aires, ano 15, n. 153, fevereiro, 2011. Disponível em: 
<https://www.efdeportes.com/efd153/adaptacoes-agudas-e-cronicas-dos-
exercicios-resistidos.htm>. Acesso em: 28 abr. 2020. 
MACIEL, V. Três em cada cem mortes no país podem ter influência do 
sedentarismo. 2019. Disponível em: 
<https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/45341-tres-em-cada-cem-
mortes-no-pais-podem-ter-influencia-do-sedentarismo>. Acesso em: 28 abr. 
2020. 
MG. Secretaria de Estado de Saúde. SUS. Disponível em: 
<https://www.saude.mg.gov.br/sus>. Acesso em: 28 abr. 2020. 
OMS. Controle de doenças crônicas não transmissíveis gera retornos financeiros 
e de saúde. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/oms-controle-de-
doencas-cronicas-nao-transmissiveis-gera-retornos-financeiros-e-de-saude/>. 
Acesso em: 28 abr. 2020. 
ROSCHEL, H; TRICOLI, V.; UGRINOWITSCH, C. Treinamento físico: 
considerações práticas e científicas. Rev. bras. educ. fís. esporte, São Paulo, 
v. 25, dec. 2011. 
SILVA, L. R. R. Desempenho Esportivo. 2. ed. São Paulo: Editora Phorte, 2010. 
 
 
18 
WEINECK, J. Manual de treinamento esportivo. 2. ed. São Paulo: Editora 
Manole, 1989.

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