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FUNDAMENTOS DE REDES DE COMPUTADORES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Diferenciar comutação de circuitos de comutação de pacotes. > Descrever topologias e padrões IEEE. > Definir tipos de endereçamento e enquadramento. Introdução As redes locais (local area networks — LANs) são elementos fundamentais da infraestrutura de comunicação em diversos ambientes, incluindo empresas, instituições de ensino e residências. Elas possibilitam a conectividade de vários dispositivos, permitindo a troca de dados, recursos e informações entre os usuários. As LANs desempenham um papel essencial na sincronização e recuperação de dados, tornando-se uma base sólida para o funcionamento das redes corporativas e domésticas. Neste capítulo, exploraremos os conceitos essenciais relacionados a redes locais e abordaremos os dois principais métodos de comutação utilizados em sistemas de comunicação: comutação de circuitos e comutação de pacotes. Além disso, identificaremos os padrões do Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE) que governam a implementação das redes locais cabeadas e mostraremos definições e exemplificações da utilização de endereçamento e enquadramento realizado em redes locais. Principais funções e redes locais Victor de Andrade Machado Comutação por circuitos e por pacotes As redes de comunicação desempenham um papel vital na interconexão de dispositivos e sistemas em todo o mundo. Para permitir a transferência efi- ciente de dados entre dispositivos, duas abordagens principais são utilizadas: a comutação por circuitos e a comutação por pacotes. Esses métodos diferem em sua forma de estabelecer e encaminhar as conexões entre dispositivos, cada um apresentando vantagens e limitações distintas (Kurose; Ross, 2013). Comutação por circuitos A comutação por circuitos é uma abordagem tradicional que cria um caminho dedicado entre os dispositivos conectados antes que os dados sejam transmi- tidos. Esse caminho permanece ativo durante toda a sessão de comunicação, proporcionando uma conexão contínua e de baixa latência. É amplamente utilizada em redes de telefonia, onde garante chamadas de voz e vídeo com alta qualidade e estabilidade. No entanto, sua eficiência pode ser limitada para tráfego variável e pode ser menos adaptável a falhas de rede (Tanenbaum; Wetherall, 2011). No processo de comutação por circuitos, quando um dispositivo deseja iniciar uma comunicação com outro, é estabelecido um circuito virtual entre os dois dispositivos. Esse circuito é composto por uma série de enlaces físicos, como cabos ou linhas de transmissão, que conectam os dispositivos através da rede. Uma vez estabelecido o circuito, todos os dados transmitidos entre os dispositivos seguem esse caminho dedicado, sem necessidade de ende- reçamento a cada pacote individual (Tanenbaum; Wetherall, 2011). A Figura 1 mostra um esquema de funcionamento de comutação por circuitos. Figura 1. Representação da comutação por circuitos. Fonte: Kurose e Ross (2013, p. 21). Principais funções e redes locais2 A comutação por circuitos é amplamente utilizada em redes de telefonia, em que as chamadas telefônicas são estabelecidas através de circuitos de- dicados durante toda a duração da ligação. Essa abordagem é especialmente adequada para aplicações que requerem comunicação contínua e em tempo real, como chamadas de voz e vídeo, pois garante uma qualidade de serviço consistente e baixa latência. Vejamos a seguir algumas vantagens relacionadas à comutação por circuitos (Kurose; Ross, 2013): � Baixa latência — a comutação por circuitos garante um tempo de res- posta rápido, ideal para aplicações sensíveis ao atraso, como chamadas de voz e videoconferências. � Previsibilidade de desempenho — uma vez estabelecido o circuito, a largura de banda é reservada e dedicada aos dispositivos envolvidos, garantindo um desempenho estável durante toda a comunicação. � Utilização eficiente de recursos — a abordagem de circuitos dedicados evita o desperdício de recursos de rede, pois os enlaces são utilizados apenas pelos dispositivos envolvidos na comunicação. Ainda que possua vantagens, a comutação por circuitos também apresenta alguns desafios e limitações, listadas a seguir (Comer, 2016): � Ineficiência para tráfego variável — a comutação por circuitos é mais adequada para tráfego constante e estável. Em situações em que o tráfego varia ao longo do tempo, a largura de banda alocada pode não ser completamente utilizada, levando a uma subutilização dos recursos da rede. � Dificuldade na adaptação a falhas — em caso de falha em um dos enlaces ou dispositivos do circuito, a comunicação pode ser inter- rompida até que a falha seja corrigida. Isso pode levar a uma redução na confiabilidade da comunicação em ambientes propensos a falhas. Por outro lado, a comutação por pacotes é uma abordagem mais moderna e flexível, em que os dados são divididos em pacotes antes da transmissão. Vejamos a seguir detalhes sobre a comutação por pacotes. Principais funções e redes locais 3 Comutação por pacotes A comutação por pacotes é um método de comunicação utilizado em redes de dados, incluindo a internet. Nesse modelo, os dados são divididos em pacotes antes de serem transmitidos. Cada pacote é enviado individualmente e pode seguir caminhos diferentes para alcançar o destino final (Comer, 2016). No processo de comutação por pacotes, quando um dispositivo deseja enviar dados a outro dispositivo, os dados são divididos em pacotes de ta- manho fixo ou variável. Cada pacote contém informações de controle, como o endereço de origem, o endereço de destino e o número de sequência, além dos próprios dados. Os pacotes são transmitidos pela rede e podem seguir diferentes caminhos através dos roteadores e switches para alcançar o destino final (Forouzan; Mosharraf, 2013). A Figura 2 mostra uma representação da comutação por pacotes. Figura 2. Representação de comutação por pacotes. Fonte: Adaptada de Kurose e Ross (2013). Ethernet de 10 Mbits/s 1,5 Mbits/s A B Fila de pacotes esperando por um enlace de saída Legenda: Pacotes D E Principais funções e redes locais4 Ao chegar ao destino, os pacotes são reagrupados e os dados originais são reconstituídos. A comutação por pacotes oferece maior eficiência na utilização dos recursos da rede, uma vez que os enlaces são compartilhados entre diversos dispositivos e as rotas podem ser dinamicamente ajustadas conforme a disponibilidade e condições de tráfego. Dentre as vantagens da comutação por pacotes, podemos destacar: � Maior eficiência de recursos — a comutação por pacotes permite que vários dispositivos compartilhem os mesmos enlaces, tornando a uti- lização dos recursos da rede mais eficiente. � Adaptabilidade a diferentes tipos de tráfego — abordagem por pacotes permite que a rede lide com diferentes tipos de tráfego, como voz, vídeo e dados, de forma adaptável e eficiente. � Tolerância a falhas — em caso de falha em um enlace ou dispositivo, os pacotes podem seguir rotas alternativas para alcançar o destino, garantindo a continuidade da comunicação. Como a comutação por circuitos, a comutação por pacotes também apre- senta desafios e limitações, como: � Latência variável — devido ao roteamento dinâmico dos pacotes, a latência pode variar ao longo do tempo e em diferentes partes da rede, o que pode afetar aplicações sensíveis ao atraso. � Possibilidade de perda de pacotes — em redes congestionadas, pode ocorrer a perda de pacotes, o que pode impactar a qualidade da co- municação, especialmente em aplicações sensíveis à perda de dados. A comutação por circuitos e comutação por pacotes são duas aborda- gens distintas de comunicação em redes, cada qual com suas vantagens e limitações. A comutação por circuitos é mais adequada para aplicações que requerem comunicação contínua e em tempo real, oferecendo baixa latência e previsibilidade de desempenho. Por outro lado, a comutação por pacotes é mais eficientena utilização de recursos e adaptável a diferentes tipos de tráfego, sendo amplamente utilizada em redes de dados, incluindo a internet. A escolha entre as duas abordagens depende das necessidades específicas da aplicação e dos requisitos de desempenho de cada rede. Principais funções e redes locais 5 Fundamentos das redes locais As redes locais (LANs) são sistemas que conectam dispositivos em determinada área geográfica restrita, como um escritório, uma residência ou um campus universitário (Kurose; Ross, 2013). A partir das LANs, é possível compartilhar recursos como impressoras, arquivos e acesso à internet entre os dispositivos conectados. Num ambiente corporativo, por exemplo, as LANs permitem que os funcionários colaborem de forma eficiente, compartilhando informações e recursos essenciais para o trabalho diário. Topologias de rede As topologias de rede referem-se à estrutura física e lógica pela qual os dispo- sitivos numa rede de computadores estão interconectados. Essa organização influencia diretamente a eficiência, a escalabilidade e a confiabilidade da rede. Existem diversas topologias, cada qual com suas características específicas. As topologias mais comuns incluem: a topologia em estrela, em que todos os dispositivos estão conectados a um único ponto central; a topologia em anel, em que os dispositivos são conectados formando um circuito fechado; e a topologia em barramento, em que os dispositivos são conectados linear- mente a um cabo compartilhado (Forouzan; Mosharraf, 2013). Cada topologia apresenta vantagens e desvantagens, e a escolha adequada depende das necessidades e requisitos específicos da rede em questão. Vejamos a seguir as principais topologias conhecidas, segundo Comer (2016). Topologia em barramento Na topologia em barramento, todos os dispositivos são conectados a um único cabo, formando uma espécie de "barramento" de comunicação, conforme exemplificado na Figura 3. Quando um dispositivo deseja transmitir dados, ele envia os dados diretamente para o cabo compartilhado. No entanto, essa topologia é suscetível a problemas de desempenho e confiabilidade quando o número de dispositivos aumenta, pois o tráfego de dados precisa ser coordenado de forma centralizada. Principais funções e redes locais6 Figura 3. Topologia em barramento. Fonte: Adaptada de Comer (2016). Barramento Topologia em anel Na topologia em anel, os dispositivos são conectados em um circuito fechado, formando um "anel", conforme mostrado na Figura 4. Cada dispositivo está conectado a exatamente dois outros, e os dados são transmitidos numa única direção ao longo do anel. Essa topologia oferece eficiência na utilização da largura de banda, mas a eventual falha de um dispositivo pode interromper toda a rede. Figura 4. Topologia em anel. Fonte: Adaptada de Comer (2016). Anel Principais funções e redes locais 7 Topologia em estrela A topologia em estrela é uma das mais comuns em redes locais. Nela, todos os dispositivos são conectados a um dispositivo central, como um switch, conforme mostrado na Figura 5. Quando um dispositivo deseja transmitir dados, ele envia os dados para o switch, que encaminha os dados para o dispositivo de destino. Essa topologia oferece facilidade de gerenciamento e manutenção, além de alta confiabilidade. Figura 5. Topologia em estrela. Fonte: Adaptada de Comer (2016). Estrela Topologia em malha Na topologia em malha, cada dispositivo está conectado diretamente a todos os demais dispositivos da rede, formando um padrão de interconexão com- plexo, conforme exemplo da Figura 6. Essa topologia oferece alta redundância e confiabilidade, pois os dados podem ser roteados por múltiplos caminhos. No entanto, sua implementação pode ser complexa e custosa. Figura 6. Topologia em malha. Fonte: Adaptada de Comer (2016). Malha (mesh) Principais funções e redes locais8 Topologia em árvore A topologia em árvore é uma extensão da topologia em estrela, na qual os dispositivos são conectados em segmentos que, por sua vez, são conectados a um dispositivo central. O nome surge pois essa topologia se assemelha à estrutura de uma árvore, onde o nó central (raiz) é responsável por coordenar e controlar a comunicação entre os diferentes segmentos, conforme mostrado na Figura 7. Figura 7. Topologia em árvore. Fonte: Adaptada de Kurose e Ross (2013). Internet Roterador de borda B C Roteador de acesso Balanceador de carga Comutadores da camada 1 1 2 3 4 5 6 7 8 Comutadores da camada 2 Comutadores TOR Estantes de servidores A A topologia em árvore é útil em redes maiores, em que há a necessidade de hierarquização e organização dos dispositivos em diferentes grupos. No entanto, problemas em determinado segmento podem afetar os dispo- sitivos em toda a árvore. Topologia híbrida A topologia híbrida é uma combinação de diferentes topologias numa única rede. Isso permite aproveitar as vantagens de várias topologias, atendendo a diferentes requisitos e necessidades. Uma representação da topologia híbrida é mostrada na Figura 8. Principais funções e redes locais 9 Figura 8. Topologia híbrida. Fonte: Adaptada de Forouzan (2010). Estação Estação Estação Estação Estação Estação Estação Hub Estação Estação Uma rede híbrida pode combinar, por exemplo, segmentos de topologia em estrela com segmentos de topologia em anel, criando uma infraestru- tura flexível e adaptável. A topologia híbrida é frequentemente usada para redes complexas que exigem equilíbrio entre escalabilidade, redundância e eficiência. A utilização de várias topologias de rede é motivada pela diversidade de requisitos e necessidades das redes de computadores. Cada topologia ofe- rece vantagens e desvantagens em termos de desempenho, escalabilidade, facilidade de gerenciamento e tolerância a falhas. Ao escolher a topologia mais adequada, é possível otimizar o funcionamento da rede de acordo com o ambiente e as demandas específicas dos dispositivos e usuários conectados. Padrões IEEE para redes locais O IEEE é um órgão internacional de padronização que desempenha um papel crucial no desenvolvimento de padrões para redes locais e outras tecnologias de comunicação. O comitê IEEE 802 é responsável por definir as especifica- ções para redes locais e redes de área metropolitana (MAN), garantindo a interoperabilidade e a compatibilidade entre os dispositivos de diferentes fabricantes (Comer, 2016). Vejamos a seguir alguns dos principais padrões IEEE. Principais funções e redes locais10 Padrão IEEE 802.3 — Ethernet A Ethernet é a tecnologia de rede cabeada mais amplamente utilizada no mundo. Ela tem suas raízes nos laboratórios da empresa Xerox na década de 1970 e evoluiu para suportar velocidades de transmissão cada vez maiores. O padrão IEEE 802.3 define as especificações para redes Ethernet, garantindo a compatibilidade entre os dispositivos e a eficiência na transmissão de dados (Forouzan, 2010). As diferentes velocidades da Ethernet exigem cabos de diferentes cate- gorias para suportar a transmissão de dados apropriada. O uso de cabos de categoria mais alta, como Categoria 6 ou Categoria 6a, permite alcançar maio- res velocidades e distâncias de transmissão (Comer, 2016). O Quadro 1 mostra alguns dos principais padrões Ethernet e suas velocidades de transmissão. Quadro 1. Principais padrões Ethernet Padrão Ethernet Velocidade de transmissão Referência Ethernet 10 Mbps IEEE 802.3 Fast Ethernet 100 Mbps IEEE 802.3u Gigabit Ethernet 1000 Mbps (1 Gbps) IEEE 802.3ab 10 Gigabit Ethernet 10 Gbps IEEE 802.3ae 40 Gigabit Ethernet 40 Gbps IEEE 802.3ba 100 Gigabit Ethernet 100 Gbps IEEE 802.3bm 400 Gigabit Ethernet 400 Gbps IEEE 802.3bs Esses padrões Ethernet foram definidos pelo IEEE e são amplamente utili- zados em redes de computadores para fornecer conectividade com diferentes níveis de desempenho. Para obter mais informações detalhadas sobre cada padrão, você pode consultar as especificações oficiais do IEEE relacionadasa cada um deles. Os dados transmitidos numa rede Ethernet são encapsulados em quadros Ethernet, que contêm informações sobre o endereço de origem, endereço de destino, tipo de protocolo e os próprios dados. O processo de enquadramento é essencial para que os dispositivos identifiquem o início e o fim dos quadros, garantindo a entrega correta dos dados (Comer, 2016). Principais funções e redes locais 11 Padrão IEEE 802.11 — wi-fi O padrão IEEE 802.11, também conhecido como wi-fi, revolucionou a forma como as pessoas se conectam à internet e interagem com dispositivos móveis. Ele possibilita a comunicação sem fio em redes locais, permitindo o acesso à internet e o compartilhamento de recursos em dispositivos móveis. O wi-fi suporta vários modos de operação, incluindo o modo de infraestru- tura, em que os dispositivos se conectam a um ponto de acesso central, e o modo ad hoc, em que os dispositivos se comunicam diretamente uns com os outros sem a necessidade de um ponto de acesso. Além disso, o wi-fi opera em várias frequências, como 2,4 GHz e 5 GHz, cada uma com características e alcances específicos (Kurose; Ross, 2013). Ao implementar redes locais, é crucial considerar medidas de se- gurança para proteger os dados e os dispositivos conectados. Crip- tografia, autenticação forte, segmentação de rede e atualizações regulares de firmware são algumas das práticas recomendadas para garantir a integridade e confidencialidade das informações transmitidas e armazenadas na rede. A segurança é um elemento essencial para evitar ataques cibernéticos e proteger a privacidade dos usuários. A segurança em redes wi-fi é uma preocupação essencial, pois elas são suscetíveis a invasões e ataques de hackers. Diversos protocolos de segurança, como WEP, WPA, WPA2 e WPA3, foram desenvolvidos para proteger as redes contra acesso não autorizado (WRIGHTSON, 2014). Endereçamento e enquadramento em redes locais Endereçamento e enquadramento são dois aspectos essenciais em redes locais, garantindo a entrega correta e eficiente de dados entre os dispositivos conectados. O endereçamento em redes locais é realizado a partir de dois tipos principais de endereços: o endereço MAC (Media Access Control) e o endereço IP (Internet Protocol). O endereço MAC é uma identificação única atribuída a cada dispositivo de rede e é usado para direcionar os quadros Ethernet para o dispositivo correto. Por outro lado, o endereço IP é uma combinação única de números que identifica cada dispositivo conectado à Principais funções e redes locais12 rede. O IP é usado para rotear os pacotes de dados através da rede até seu destino final (Forouzan, 2010). Na camada de enlace de dados (segunda camada) do modelo OSI (Open System Interconnection), os dispositivos possuem endereços conhecidos como endereços MAC. Um endereço MAC é gravado de forma permanente na placa de rede pelo fabricante e é exclusivo para cada dispositivo. Quando um pacote de dados é enviado para a rede, ele é direcionado ao endereço MAC de destino do destinatário específico. Em redes locais modernas, o tráfego é comutado através de switches, que utilizam tabelas de endereços MAC (também conhecidas como tabelas CAM, de Content-Addressable Memory) para encaminhar os quadros corretamente. Quando um quadro chega a um switch, o switch analisa o endereço MAC de destino e consulta sua tabela para identificar qual porta de saída deve ser usada para encaminhar o quadro ao destinatário correto (Forouzan, 2010). Esse processo é conhecido como comutação por endereço (MAC address switching). Imagine uma rede local com três dispositivos: computador A, computador B e uma impressora. Cada um desses dispositivos possui um endereço MAC exclusivo. Quando o computador A deseja enviar um arquivo para o computador B, ele encapsula os dados em um quadro Ethernet, especificando o endereço MAC de destino como o do computador B. Ao receber o quadro, o computador B verifica o endereço MAC de destino e, se coincidir com o seu, ele processa o quadro e extrai os dados. As redes definidas por software (software-defined networking — SDN) representam uma abordagem inovadora para o gerenciamento e controle das redes locais. Nesse modelo, a inteligência da rede é centralizada em um controlador, que define e controla as políticas de comunicação dos dispositivos conectados. Isso confere maior flexibilidade, escalabilidade e automação na configuração da rede, tornando-a mais adaptável às necessidades em constante mudança das empresas e usuários (Tanenbaum; Wetherall, 2011). Quanto ao enquadramento, ele se refere à estrutura dos quadros ou pa- cotes utilizados para encapsular os dados antes da transmissão. Cada quadro ou pacote contém informações de controle, como os endereços de origem e destino, além dos próprios dados, permitindo que os dispositivos na rede identifiquem o início e o fim dos dados transmitidos. O processo de endereça- Principais funções e redes locais 13 mento e enquadramento é fundamental para garantir a comunicação eficiente e confiável em redes locais, permitindo que os dispositivos se comuniquem de forma organizada e segura (Tanenbaum; Wetherall, 2011). Quando um dispositivo envia dados na rede, ele primeiro verifica se o meio de transmissão está ocioso e, em seguida, encapsula os dados em um quadro, inserindo os endereços MAC de destino e origem, bem como outras informações relevantes. O quadro é, então, transmitido na rede e recebido por todos os dispositivos conectados ao mesmo segmento. Cada dispositivo verifica o endereço de destino do quadro, e apenas o destinatário correto processa o quadro, descartando-se os outros. Durante a transmissão de dados em redes locais, podem ocorrer erros. Para garantir a integridade dos dados, os quadros contêm mecanismos de detecção e correção de erros. Além disso, nas redes Ethernet com topologia de barramento, a detecção de colisões é essencial para evitar conflitos e garantir a correta transmissão dos dados (Kurose; Ross, 2013). Os principais campos presentes em um quadro Ethernet, segundo Forouzan e Mosharraf (2013), são: � Preambulo e SFD (Start Frame Delimiter) — sequências de bits utilizadas para sincronizar os relógios dos dispositivos emissor e receptor. � Endereços MAC: endereço de origem e endereço de destino, que iden- tificam os dispositivos de envio e recebimento do quadro. � Tipo/comprimento — indica o tipo de protocolo de camada superior (como IP) ou o comprimento dos dados no quadro. � Dados — os próprios dados a serem transmitidos, podendo variar de tamanho, a depender do tipo de quadro e dos dados a serem enviados. � CRC (Cyclic Redundancy Check) — um campo de verificação de integri- dade que permite ao receptor verificar se os dados foram transmitidos corretamente. Suponha que o computador A deseja enviar um e-mail para o computador B. O computador A encapsula o e-mail em um quadro Ethernet, inserindo o endereço MAC de destino do computador B e o endereço MAC de origem do computador A. O quadro também inclui informações sobre o tipo de protocolo Principais funções e redes locais14 (tal como IP) usado para o transporte do e-mail. O quadro é então transmi- tido na rede e chega ao computador B. Ao receber o quadro, o computador B verifica o CRC para garantir que os dados não tenham sido corrompidos durante a transmissão e, se estiverem corretos, ele processa o quadro, extrai o e-mail e entrega-o ao usuário. O enquadramento em LANs é uma técnica que divide os dados em quadros bem definidos e os encapsula com informações necessárias para o correto envio e recebimento na rede. A presença do preâmbulo e SFD permite a sincronização dos dispositivos, e o CRC ajuda a garantir a integridade dos dados transmitidos. Essa abordagem torna a comunicação em redes locais mais eficiente e confiável. Tipos de comunicação No vasto ecossistema das redes de computadores, diferentes métodos de comunicação são empregados para transmitirinformações entre dispositi- vos interconectados. Esses métodos definem como os dados são enviados e recebidos, variando de comunicações direcionadas a múltiplos destinos. Entre os principais métodos de comunicação, estão o unicast, o broadcast e o multicast, cada qual com suas características, usos e implicações únicas. O unicast é um tipo de comunicação em que os dados são enviados de um único remetente para um único destinatário na rede. Nesse método, o reme- tente conhece o endereço de destino específico e direciona os dados apenas para esse dispositivo. O tráfego unicast costuma ser usado para comunicações ponto a ponto, como transferência de arquivos, acesso a páginas da web e envio de e-mails. Embora seja eficiente para comunicações diretas, o unicast pode sobrecarregar a rede quando muitos dispositivos individuais precisam se comunicar simultaneamente com vários outros dispositivos. Quando você envia um e-mail para um amigo, o servidor de e-mail direciona a mensagem para o endereço de e-mail específico do destinatário, garantindo que somente ele receba a mensagem. Por sua vez, o broadcast é um método de comunicação em que um dispo- sitivo envia dados para todos os dispositivos na mesma rede ou segmento. No entanto, em redes maiores, a transmissão de broadcast pode ser proble- mática, pois todos os dispositivos na rede receberão e processarão os dados, mesmo que esses dados não sejam relevantes para todos. Isso pode causar congestionamento na rede e reduzir sua eficiência. Principais funções e redes locais 15 Podemos exemplificar essa comunicação por meio de um dispositivo que precisa anunciar sua presença ou descobrir serviços numa rede. Nesse caso, ele pode enviar um pacote de broadcast. Isso ocorre em protocolos como o DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol), em que os dispositivos enviam um broadcast para obter um endereço IP. Por fim, o multicast é uma abordagem intermediária entre o unicast e o broadcast. Nele, os dados são enviados de um remetente para um grupo específico de destinatários. Os dispositivos que desejam receber os dados do grupo multicast se inscrevem nesse grupo, e o roteador de multicast encaminha os pacotes somente para os membros do grupo. Isso economiza largura de banda em comparação com o broadcast, pois os dados são entregues apenas aos interessados. Imagine uma transmissão de vídeo em certa empresa que seja do interesse apenas de funcionários de determinado departamento. Ao usar multicast, o vídeo é enviado para o grupo multicast, e somente os dispositivos nesse grupo recebem os dados, economizando largura de banda na rede. Compreender os princípios da comutação por circuitos e comutação por pacotes, assim como o funcionamento do endereçamento e enquadramento em redes locais, é essencial para projetar e administrar redes de comunicação eficientes e confiáveis. Cada abordagem apresenta suas vantagens e limi- tações, sendo a comutação por circuitos mais adequada para comunicações contínuas e em tempo real, como chamadas telefônicas, enquanto a comutação por pacotes é ideal para redes de dados que precisam lidar com diversos tipos de tráfego e dispositivos. Os endereçamentos MAC e IP desempenham papéis cruciais na identificação e direcionamento dos dispositivos e dados na rede, enquanto o enquadramento garante a entrega correta dos pacotes. Ao considerar esses conceitos e aplicá-los de forma adequada, é possível criar redes locais que atendam às demandas crescentes de conectividade, impulsionando a eficiência das comunicações e contribuindo para um mundo cada vez mais interconectado. Referências COMER, D. E. Redes de computadores e internet. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. FOROUZAN, B. A. Comunicação de dados e redes de computadores. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2010. FOROUZAN, B. A.; MOSHARRAF, F. Redes de computadores: uma abordagem top-down. Porto Alegre: AMGH, 2013. KUROSE, J.; ROSS, K. Redes de computadores e a internet: uma abordagem top-down. 6. ed. Rio de Janeiro: Pearson, 2013. Principais funções e redes locais16 TANENBAUM, A. S.; WETHERALL, D. Redes de computadores. 5. ed. Rio de Janeiro: Pe- arson, 2011. WRIGHTSON, T. Segurança em redes sem fio: guia do iniciante. Porto Alegre: Bookman, 2014. Leitura recomendada PETERSON, L. L.; DAVIE, B. S. Redes de computadores: uma abordagem de sistemas. Rio de Janeiro: Campus, 2013. Principais funções e redes locais 17