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Filosofia da Educação: Distinções e Fundamentos

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1ºAula
O que é Filosofia da Educação
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de: 
•	 conhecer as especificidades da Filosofia da Educação;
•	 identificar suas distinções em relação à sociologia e a história;
•	 avaliar as perspectivas de importantes filósofos da educação na contemporaneidade.
 Disponível em: https://www.odebate.com.br/educacao-capacitacao/sem-educacao-de-qualidade-nao-ha-
insercao-produtiva-da-juventude.html.Acesso em: 15 dez. 2022. 
Caros(as) alunos(as).
Nesta aula, nossa proposta é compreender a constituição desta disciplina denominada 
Filosofia da Educação. Para tanto, vamos analisar suas principais características e tecer 
comentários sobre suas particularidades de perspectiva, lançando mão de uma análise 
comparativa entre ela e a sociologia da educação e a história da educação.
Bons estudos!
6Filosofia da Educação
1 - As distinções entre a filosofia, a sociologia e a história 
da educação
2 - Fundamentos possíveis para a educação 
1 - As distinções entre a filosofia, a 
sociologia e a história da educação
A filosofia da educação é o ramo da filosofia que se ocupa 
de examinar as bases filosóficas da educação e do ensino. Isso 
inclui questões como o propósito da educação, o que deve 
ser ensinado e como deve ser ensinado, bem como a relação 
entre a educação e a sociedade em geral. Ela também analisa 
as implicações éticas e políticas da educação e seus impactos 
na sociedade. Ao mesmo tempo, a filosofia da educação busca 
compreender os principais desafios e questões enfrentados 
pelo campo educacional e oferecer reflexões e diretrizes que 
possam contribuir para a melhoria da educação. Ela também 
se preocupa com a natureza da mente humana e como ela 
é moldada pelo processo educativo. É, portanto, uma área 
de estudo importante, pois a educação tem um impacto 
profundo na sociedade e no indivíduo. 
Quando pretendemos compreender o que é filosofia 
da educação, tona-se oportuno traçar suas distinções em 
relação a duas áreas paralelas: a sociologia da educação e a 
filosofia da educação. Primeiramente, a filosofia da educação 
se concentra nas ideias e conceitos fundamentais que estão 
por trás da educação, enquanto a sociologia da educação é 
a parte da sociologia que se ocupa do estudo do ensino e 
da educação em uma sociedade. Enquanto a filosofia da 
educação se concentra nas ideias abstratas que estão por 
trás da educação, a sociologia da educação se concentra nas 
relações sociais e nas estruturas sociais que influenciam o 
ensino e a educação. A sociologia da educação examina como 
a educação é influenciada por fatores como a classe social, a 
raça e o gênero, enquanto a filosofia da educação se concentra 
em questões mais gerais, como o propósito da educação e o 
que deve ser ensinado. 
Por outro lado, a história da educação é o ramo da 
história que se ocupa do estudo da educação em diferentes 
épocas e sociedades. A história da educação examina como a 
educação mudou ao longo do tempo e como foi influenciada 
por fatores como as tecnologias de cada época, a política e a 
cultura. A história da educação também se ocupa de estudar 
as principais figuras e ideias que influenciaram o ensino e a 
educação ao longo da história. Assim, enquanto a filosofia 
da educação se concentra nas ideias e conceitos que estão 
por trás da educação, a história da educação examina como a 
educação mudou ao longo do tempo e como foi influenciada 
por diferentes forças históricas. A filosofia da educação 
se concentra nas ideias abstratas, enquanto a história da 
educação se concentra em eventos concretos e em como eles 
influenciaram o ensino e a educação. 
Dada a diversidades de assuntos e objetos de pesquisa, 
os temas abordados pela filosofia da educação podem 
Seções de estudo
variar de acordo com o enfoque adotado pelo filósofo ou 
pelo autor em questão. No entanto, alguns dos temas mais 
comuns na filosofia da educação incluem o papel da educação 
na sociedade, os objetivos e as finalidades da educação, as 
teorias e os métodos de ensino, a relação entre educação e 
desenvolvimento pessoal, a relação entre educação e formação 
ética e moral, a relação entre educação e igualdade de 
oportunidades, as implicações políticas e éticas da educação, a 
relação entre educação e tecnologia, a relação entre educação 
e globalização, a relação entre educação e diversidade cultural. 
Esses são apenas alguns exemplos dos temas que podem ser 
abordados pelos estudiosos da filosofia da educação. Como 
mencionei anteriormente, os temas abordados podem variar 
de acordo com o enfoque adotado, Além disso, o enfoque ou 
a “leitura” do objeto serão tanto diferentes quanto forem os 
autores.
Alguns pensadores desenvolveram perspectivas 
naturalizadas e desinteressadas da educação para as 
mais diversas sociedades. Nesses casos, a educação seria 
fundamentalmente um meio para o desenvolvimento pessoal 
e social. Através dela, as pessoas adquirem conhecimentos, 
habilidades, valores e atitudes que lhes permitem participar de 
forma mais ativa e crítica na sociedade. A educação também 
contribuiria, pretensamente, para a formação de cidadãos 
conscientes e comprometidos com o bem-estar coletivo. 
Além disso, ela seria um meio para promover a inclusão social 
e a igualdade de oportunidades, bem como para enfrentar 
desafios como o desemprego, a pobreza e a exclusão social. 
De modo oposto, temos uma percepção crítica a 
respeito do papel da educação na sociedade. Trata-se de 
formulações teóricas de autores como Michel Foucault e 
Pierre Bourdieu, para quem a educação constitui-se como 
um campo social que reproduz e legitima as desigualdades 
sociais. Isso ocorre porque se torna um meio pelo qual, as 
elites sociais, transmitem seu poder e sua influência aos 
indivíduos, reproduzindo assim, as desigualdades já existentes 
na sociedade. Além disso, Bourdieu, assim como Foucault, 
afirmava que a educação é um meio pelo qual as classes 
sociais dominantes impõem seus valores e suas normas aos 
indivíduos, criando, assim, uma visão de mundo comum que 
justifica e legitima as desigualdades sociais. Portanto, nessa 
perspectiva crítica, o papel da educação seria o de reproduzir e 
legitimar as desigualdades sociais, perpetuando assim o poder 
das elites e a submissão dos indivíduos.
 
2 - Fundamentos possíveis para a 
educação 
Como já mencionei anteriormente, os objetivos e 
finalidades da educação para a sociedade podem variar de 
acordo com o enfoque adotado. No entanto, alguns dos 
objetivos e finalidades mais comuns da educação se voltam, 
por exemplo, para a promoção e desenvolvimento pessoal e 
social dos indivíduos, proporcionando-lhes conhecimentos, 
habilidades e valores que lhes permitam participar de forma 
mais ativa e crítica na sociedade. Ao mesmo tempo, há um 
objetivo em contribuir para a formação de cidadãos conscientes 
e comprometidos com o bem-estar coletivo, incentivando o 
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exercício da cidadania e a participação ativa nos processos 
políticos e sociais. Considera-se importante, também, a 
inclusão social e a igualdade de oportunidades, encarando 
desafios como o desemprego, a pobreza e a exclusão social, 
contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e 
solidária, fomentando valores como a tolerância, a empatia 
e a cooperação. Consideremos, ainda, o desenvolvimento 
econômico e social da sociedade, proporcionando mão de 
obra qualificada e fomentando a inovação e a criatividade e 
a conservação e o desenvolvimento da cultura, promovendo 
o respeito e a valorização da diversidade cultural. Esses 
são apenas alguns exemplos dos objetivos e finalidades da 
educação para a sociedade. 
Pierre Bourdieu e Michel Foucault são filósofos que 
tiveram uma abordagem diferente sobre os objetivos e 
finalidades da educação. Segundo Bourdieu, um dos principais 
objetivos da educação tem sido reproduzir e legitimar as 
desigualdades sociais, o que implica na imposição simbólica 
do poder e da influência das elites sociais sobreos indivíduos. 
Além disso, Bourdieu afirmava que a educação, da maneira 
como tradicionalmente aparece na sociedade, tem como 
finalidade criar uma visão de mundo comum que justifique 
e legitime as desigualdades sociais, o que contribui para o 
estabelecimento e a manutenção do poder das elites.
Por outro lado, Michel Foucault argumentava que a 
educação tem como objetivo principal moldar e disciplinar 
os indivíduos, de forma a adaptá-los às normas e valores 
da sociedade. Segundo Foucault, a educação seria um meio 
pelo qual a sociedade exerce controle sobre os indivíduos, 
criando assim indivíduos que sejam obedientes e submissos às 
normas e valores estabelecidos. Para ele, a educação também 
tem como finalidade produzir conhecimentos que sustentem 
e legitime o poder da sociedade, contribuindo assim para a 
manutenção do status quo.
Essas são apenas algumas das ideias de Bourdieu e 
Foucault sobre os objetivos e finalidades da educação. É 
importante ressaltar que as teorias desses filósofos são 
complexas e multifacetadas, e que essa é apenas uma breve 
introdução a algumas de suas principais ideias sobre o tema.
Numa outra esteira de análise, agora mais técnica e não 
tanto filosófica ou sociológica, temos Jean Piaget, psicólogo 
suíço que desenvolveu uma teoria sobre o desenvolvimento 
cognitivo e que também se interessou pelos fundamentos 
da educação. Segundo Piaget, os fundamentos da educação 
incluem:
• O desenvolvimento cognitivo: Piaget acreditava 
que o desenvolvimento cognitivo é o processo 
pelo qual os indivíduos adquirem conhecimentos 
e habilidades, e que a educação deve ser orientada 
por esse processo. Isso significa que a educação 
deve levar em consideração as etapas pelas quais 
as crianças passam no desenvolvimento cognitivo, 
e que os professores devem adaptar o ensino às 
capacidades e aos interesses das crianças.
• A atividade: Piaget também defendia que a 
educação deve ser baseada na atividade, ou seja, 
na interação dos indivíduos com o meio ambiente. 
Segundo Piaget, a atividade é a forma pelo qual os 
indivíduos adquirem conhecimentos e habilidades, 
e que a educação deve incentivar e orientar essa 
atividade.
• A adaptação: Piaget também acreditava que 
a educação deve promover a adaptação dos 
indivíduos à realidade, o que implica na aquisição 
de conhecimentos e habilidades que lhes permitam 
lidar com os desafios do mundo real. Para Piaget, 
a educação deve ser orientada por essa finalidade, 
e deve incentivar os indivíduos a se adaptarem a 
novas situações e a desenvolverem soluções para os 
problemas que enfrentam.
• A equilibração: Por fim, Piaget defendia que a 
educação deve promover a equilibração entre o 
conhecimento adquirido e a realidade, o que implica 
na integração dos conhecimentos adquiridos com 
as experiências e as observações do mundo real. 
Segundo Piaget, a equilibração é fundamental para 
o desenvolvimento cognitivo, e a educação deve 
incentivar e orientar esse processo.
Esses são alguns dos fundamentos da educação, segundo 
Piaget. Parece-me oportuno ressaltar que a teoria de Piaget é 
complexa e multifacetada, e que essa é apenas uma introdução 
a algumas de suas principais ideias sobre o tema.
Considerando a produção filosófica sobre a educação 
no Brasil, temos aqui um dos mais importantes pensadores 
em todo o mundo. Paulo Freire foi um educador e filósofo 
brasileiro que desenvolveu uma teoria muito relevante sobre a 
educação e seus fundamentos. Segundo ele, os fundamentos 
da educação incluem:
• A liberdade: Paulo Freire defendia que a educação 
deve ser orientada pela busca da liberdade, entendida 
como a possibilidade de os indivíduos terem controle 
sobre suas próprias vidas e de serem autônomos e 
independentes. 
• A crítica: Freire também acreditava que a educação 
deve promover a crítica, ou seja, a capacidade dos 
indivíduos de questionar o mundo em que vivem e 
de refletir sobre suas próprias experiências. 
• A conscientização: Freire defendia que a educação 
deve promover a conscientização, entendida como 
a capacidade dos indivíduos de compreender sua 
própria realidade e de se posicionarem diante dela. 
• A participação: Por fim, Freire acreditava que a 
educação deve promover a participação, ou seja, 
a capacidade dos indivíduos de se envolver nos 
processos políticos e sociais e de influenciar as 
decisões que afetam suas vidas. 
Para não deixar passar outro grande nome da filosofia 
da educação, temos que mencionar Vygotsky. Segundo ele, os 
fundamentos da educação devem ser baseados em sua teoria 
do desenvolvimento cognitivo, que enfatiza a importância do 
aprendizado social e da intervenção mediada pelo adulto no 
processo de desenvolvimento mental das crianças. Segundo 
Vygotsky, o desenvolvimento cognitivo é influenciado 
pelas interações sociais e pelo contexto cultural em que a 
criança se desenvolve. Ele acreditava que o aprendizado e o 
desenvolvimento mental são impulsionados pelas interações 
8Filosofia da Educação
sociais que a criança tem com os adultos e com os pares mais 
experientes. 
Portanto, a educação deve enfatizar as interações 
sociais e o ensino mediado pelo adulto para ajudar as 
crianças a desenvolver suas capacidades cognitivas. Além 
disso, Vygotsky também acreditava que a educação deve 
ser adaptada às necessidades individuais de cada criança 
e levar em consideração seu contexto cultural e sua zona 
de desenvolvimento proximal, ou seja, o potencial de 
desenvolvimento das habilidades que a criança pode alcançar 
com ajuda adequada.
Já na perspectiva psicanalítica de Freud, os fundamentos 
da educação são baseados em sua teoria do desenvolvimento 
psicossexual, que descreve o desenvolvimento das 
tendências e impulsos sexuais da criança. Segundo Freud, 
o desenvolvimento psicossexual é dividido em cinco fases 
distintas: a fase oral, a fase anal, a fase fálica, a fase de latência 
e a fase genital. Cada uma delas é caracterizada por um 
conflito psicológico que a criança precisa resolver e por um 
objeto de investimento libidinal, ou seja, um objeto pelo qual 
a criança manifesta seus impulsos sexuais. Segundo Freud, a 
educação deve ser adaptada a cada fase do desenvolvimento 
psicossexual da criança e deve ajudá-la a resolver os conflitos 
psicológicos inerentes a cada uma delas. 
Além disso, a educação também deve ajudar a criança 
a canalizar seus impulsos sexuais de forma saudável e 
apropriada. Em Lacan, outro grande nome da psicanálise, 
os fundamentos da educação encontram-se baseados em sua 
teoria da estrutura do sujeito, que enfatiza a importância do 
simbólico no desenvolvimento mental da criança. Segundo 
Lacan, o sujeito é formado através da linguagem e das 
interações sociais, e sua identidade é construída a partir da 
relação entre o eu e o outro.
Ele acreditava que a educação deve ajudar a criança a se 
tornar um sujeito autônomo e a se relacionar com o mundo 
simbólico em que vive. Isso inclui o ensino das habilidades 
linguísticas e sociais, bem como ajudar a criança a compreender 
e a se relacionar com os símbolos e os significados que são 
fundamentais para sua cultura. Além disso, Lacan também 
acreditava que a educação deve levar em consideração as 
diferenças individuais entre as crianças e deve ser adaptada às 
suas necessidades e ao seu desenvolvimento individual.
Nesta aula, nossa proposta foi compreender a 
constituição dessa disciplina denominada Filosofia 
da Educação. Para tanto, vamos analisar suas 
principais características e tecer comentários sobre 
suas particularidades de perspectiva, lançando mão de uma análise 
comparativa entre ela e a sociologia da educação e a história da 
educação.
Retomando a aula
1 – As distinções entre a filosofia, a sociologia e a 
história da educação
Na primeira parte da nossa aula, entendemos que a 
filosofia da educação se concentra nas ideias e conceitos 
fundamentais que estão por trás da educação, enquanto 
a sociologia da educação examina como a educação é 
influenciada pelas estruturassociais e por outros fatores 
sociais. Ao mesmo tempo, vimos que existem filósofos da 
educação que entendem que o papel da educação na sociedade 
é promover o desenvolvimento pessoal e social, bem como 
contribuiria para a construção de uma sociedade mais justa e 
solidária. Entretanto, há pensadores muito mais críticos que 
avaliam o papel da educação como o mecanismo capaz de 
reproduzir e legitimar as desigualdades sociais, perpetuando 
assim o poder das elites e a submissão dos indivíduos.
2 - Fundamentos possíveis para a educação 
Nesta segunda parte da nossa aula, vimos algumas 
perspectivas sobre os fundamentos da educação a partir de 
grandes nomes da história da filosofia da educação. Entre 
esses pensadores vimos alguns apontamentos voltados para 
Foucault, Bourdieu, Vygotsky, Piaget e o grande nome da 
filosofia da educação no Brasil, Paulo Freire. 
VASCONCELOS, José Antonio. Fundamentos filosóficos 
da educação. Curitiba. Intersaberes. 2012.
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