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WBA0722_v2.0 Produção de conteúdo midiático: formatos e novas tendências Formatos e linguagens nos novos modelos Transmídia, intermídia e crossmídia Bloco 1 Jéferson Cristiano Cardoso Vamos refletir? Você já percebeu quantas formatos de narrativas existem atualmente, quantos nomes diferentes são usados para essas tantas denominações e como o mercado abre portas diferenciadas para cada uma delas? O que é intermídia? • É um conceito que se aproxima muito do de multimídia. “Quando dois ou mais meios discretos se fundem conceitualmente, eles se tornam intermídia. Diferem de meios mistos, sendo inseparáveis na essência da obra de arte” (HIGGINS, 1984, p. 138). • A intermídia ocorre quando dois meios diferentes, como texto e vídeo, se fundem em um único, como é o caso da internet, na qual diferentes meios se fundem em um único. • Já os meios mistos se dão quando esses diferentes meios fornecem apenas adaptações de um mesmo produto em um único canal. O que é o crossmídia? • A crossmídia ocorre quando é contada a mesma história, assim como nos meios mistos, mas em canais diferentes. • Ou seja, se for reproduzido um mesmo material em vários formatos em um único canal é meios mistos, já se for reproduzido o mesmo material em diferentes canais – como filmes, livros, histórias em quadrinhos, internet – é crossmídia. • Exemplo: adaptações de livros para filmes. • Não confundir com crossover, que é quando personagens de franquias diferentes, ou de universos narratológicos distintos, se unem em uma mesma produção. O que é transmídia? • De acordo com Jenkins (2009), assim como a crossmídia, a narrativa transmídia precisa existir em diversos canais ao mesmo tempo, contudo, ela precisa ter uma história independente em cada canal, ou seja, assim como a intermídia, cada parte será independente. • Para que uma narrativa seja transmídia é preciso que haja uma história independente em cada meio, mas que somadas sejam complementares. Quem tem acesso apenas a uma parte da obra tem uma experiência única e completa, contudo, quem tem acesso a todas as partes acaba tendo uma experiência mais imersiva e intensa. • Nela o público precisa agir de forma ativa e colaborativa. Pilares da transmídia Quadro 1 – Os cinco pilares da narrativa transmídia Fonte: adaptado de Jenkins (2009). Pilar Característica 1 A história precisa desenvolver-se por meio de múltiplas plataformas de mídia. 2 Cada acesso para a franquia tem que ser autônomo, sendo cada obra totalmente independente das demais. 3 Cada produto precisa ser um ponto de acesso à franquia. 4 A soma das partes deve ser maior que o todo, proporcionando uma experiência mais abrangente e imersiva para quem consome mais e/ou todos os produtos/narrativas. 5 A participação dos fãs de forma ativa e colaborativa, como verdadeiros detetives, é imprescindível. Formatos e linguagens nos novos modelos Realidade virtual, hologramas e wearables Bloco 2 Jéferson Cristiano Cardoso Wearables • São todas as formas de tecnologias que podem ser vestíveis, como relógios, óculos, meias, dentre tantas outras opções. • Relógios com interação com os smartphones estão cada vez mais comuns, fazendo interações entre o corpo do usuário e a nuvem de dados. Por meio deles é possível monitorar desde a frequência cardíaca até fazer uma ligação por videochamada. • A Google tentou lançar o Google Glass em 2014, sendo muito semelhante a um smartphone em suas funções, só que vestível como óculos. Muito interessante para a realidade aumentada. • A Netflix possui meios que leem por intermédio de diversos atributos se o usuário está acordado e caso ele durma param a programação. Realidade virtual • O conceito de realidade virtual (RV), apesar de muito usado atualmente, foi cunhado pelo ensaísta, diretor e autor de teatro, Antonin Artaud, em 1938. • Após quase um século, muitos autores já debateram sobre o conceito e suas formas de aplicação, passando por salas interativas, óculos dos mais diversos formatos, roupas com leitura de movimentos. • O jornalismo imersivo utiliza-se de técnicas de RV para fazer os usuários mergulharem nas notícias e reportagens, vivendo e interagindo com fatos históricos e acontecimentos marcantes. Figura 1 – Óculos de realidade virtual Fonte: Shuterstock.com. Realidade virtual • Em geral essa tecnologia utiliza dispositivos ópticos para as interações de RV. • Uma produção nesses moldes demanda um maior investimento, a fim de que o usuário possa explorar os 360° disponíveis nesse tipo de ambiente. • É uma opção mais cara, sendo interessante para games e também para navegação dentro dos diferentes metaversos, a fim do usuário controlar seu avatar e explorar as diversas lojas e possibilidades dentro desses universos. Realidade aumentada • Diferente da realidade virtual, na qual o usuário mergulha em um outro universo, abrindo mão do seu, na realidade aumentada isso não ocorre. • Nela o conceito da realidade é expandido, trazendo elementos de ficção ou fatos históricos para a realidade do indivíduo. • Um exemplo de uso ficcional é a pessoa caminhar e ver dinossauros, Pokémons, piratas ou qualquer outro personagem a sua frente. • Um exemplo de uso histórico é a pessoa olhar uma paisagem e ver como ela era há dois mil anos ou durante um evento histórico, como a 2ª Guerra Mundial. Hologramas • O físico-engenheiro húngaro, Dennis Gabor, cunhou o termo em 1947, na época ele pensou essa tecnologia para investigar o comportamento de elétrons, utilizando-se de dispositivos ópticos para isso. • Com o passar do tempo esse foco mudou, até chegar ao ponto atual, no qual é possível fazer o presente e o passado coexistirem. • A utilização de projeções com o uso de luz, lentes e telas na indústria do entretenimento, abrange diversas possibilidades – cinema, publicidade, teatro, fotografia e outros. • Atualmente, são muito utilizados para reviverem artistas e colocá-los apresentando shows ao vivo. Formatos e linguagens nos novos modelos Intrapanóptico, binge-watching e formatos de disponibilização de episódios em streaming Bloco 3 Jéferson Cristiano Cardoso Intrapanóptico • No panóptico a vigilância presumia-se como sendo algo físico, no qual uma torre central vigiava as demais celas que estavam em todo o seu entorno. • No pós-panóptico a vigilância não é mais tão física, tendo se tornado líquida. Nele ela se dá de indivíduo para indivíduo, dentro do espaço digital. • Já no intrapanóptico a vigilância é ainda mais líquida, não sendo feita por humanos, mas sim por algoritmos, os quais são programados para entender o que cada usuário busca e fazer entregas ainda mais precisas. Entendendo os algoritmos • Primeiramente, é preciso que programadores façam esses algoritmos, programando-os para entender as predileções dos usuários. • Em mecanismos de busca, como o Google, os programadores fazem atualizações constantemente, a fim de evitarem que usuários criem modos de burlar os algoritmos e fazerem determinados produtos serem ofertados para mais pessoas. • A preferências são lidas por meio de tags colocadas nos programas ou de palavras-chave nos textos, um robô faz a leitura do que o usuário mais busca ou consome e começa a oferecer produtos e/ou serviços semelhantes. • Quanto mais o usuário adere ao que é ofertado, mais o algoritmo acaba por oferecer produtos ainda mais semelhantes, criando uma bolha em torno do usuário. Binge-watching • A expressão surgiu, inicialmente, para determinar quase que uma doença, uma compulsão por assistir a programas televisivos. • Com o tempo ela acabou sendo utilizada para delimitar uma forma de consumo, na qual o usuário maratona determinado conjunto de filmes, séries ou outros programas. • No passado o custo para se fazer o binge-watching era muito alto, com a chegada das plataformas de streaming ele caiu muito, ficando mais fácil também o acesso às obras. Formatos dedisponibilização de episódios e modalidades de produção Modalidades de produção: • Aquisição pronta • Próprias • Coparticipação Formatos de disponibilização: • Semanal • Parcial • Integral A B C D Quiz Qual formato NÃO é recomendado para streaming? Que favoreça o binge-watching. Disponibilização semanal de episódios. Disponibilização parcial de episódios. Disponibilização integral de episódios. A B C D Quiz Qual formato NÃO é recomendado para streaming? Que favoreça o binge-watching. Disponibilização semanal de episódios. Disponibilização parcial de episódios. Disponibilização integral de episódios. Quiz - Resolução B) Disponibilização semanal de episódios. Tanto a disponibilização total quanto parcial de episódios favorecem o binge-watching, sendo, por isso, recomendadas para o formato de lançamento em plataformas de streaming, uma vez que, conforme Cardoso (2022), isso favorece a criação do laço social líquido e a propagação desse conteúdo pelos fãs. Teoria em Prática Bloco 4 Jéferson Cristiano Cardoso Formatos e linguagens nos novos modelos Reflita sobre a seguinte situação Saber como produzir conteúdos para as mais diferentes tendências midiáticas e linguagens é fundamental, por isso, considere a seguinte situação e analise como proceder: • Você foi chamado para fazer uma produção voltada para o audiovisual. Você pode escolher uma transmídia, crossmídia, intermídia ou qualquer outro formato. É importante que o seu conteúdo abranja plataformas de streaming, podendo abranger outros canais de distribuição também. A verba existente para a criação do seu produto é média. Reflita sobre a seguinte situação Com base nesse briefing, defina qual será o produto; qual o tipo de narrativa utilizado (transmídia, crossmídia, dentre outros); onde será veiculado; qual será a frequência de lançamento (semanal, parcial ou integral). Lembre-se de explicar o porquê de cada escolha e como isso irá ajudar a impactar positivamente o seu produto, trazendo um maior engajamento por parte do público e por consequência um aumento do influxo de receita. Norte para a resolução • Primeiramente, você precisa definir qual será o seu produto. Para essa resolução optamos por um seriado de comédia. • Para ele será utilizado um formato híbrido. O produto principal será veiculado no streaming, havendo pequenos teasers e outros produtos em mídias paralelas, como internet e redes sociais, nas quais os personagens farão interações com os fãs. • É dito um formato híbrido porque não chega a ser uma narrativa transmídia, uma vez que esses produtos possuem uma dependência da trama principal, mas também não é uma crossmídia, visto que não há uma adaptação de um canal para outro. Norte para a resolução • Optou-se por esse formato híbrido em razão da verba ser média, o que impede que realmente seja criado um produto transmídia, o qual necessitaria de uma verba alta. • Contudo, nessa opção há a possibilidade de interação com o público, o que gera vínculo e por consequência torna o material mais facilmente propagável entre possíveis comunidades de fãs que venham a surgir e nas próprias redes sociais. Norte para a resolução • Quanto à frequência, optou-se pelo lançamento de episódios semanais. Mesmo esse formato não colaborando para que o público possa maratonar, entendeu-se que, nesse caso, a interação com o público por diversas semanas irá trazer um retorno maior do que a disponibilização integral dos episódios. Dicas do(a) Professor(a) Bloco 5 Jéferson Cristiano Cardoso Formatos e linguagens nos novos modelos Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o login por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Leitura Fundamental Indicação de leitura 1 A obra indicada trabalha conceitos como realidade virtual e jornalismo imersivo, trazendo desde dados históricos e o percurso tecnológico até usos superatuais desse tipo de tecnologia. Com certeza é uma leitura que vale a pena, tanto por seu caráter inovador quanto por ser uma das obras mais atuais sobre o tema no mundo. Referência ROCHA, G. G. Representação virtual jornalística: proposta de matriz para análise de conteúdos em realidade virtual. Tese (Doutorado em Comunicação Social) – Escola de Comunicação, Artes e Design, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2020. Indicação de leitura 2 A obra é uma ótima opção de leitura. Nela a autora aborda desde a história do holograma até o seu uso atual em espetáculos de entretenimento, abordando como se dá esse uso para trazer artistas mortos para shows de música ao vivo. Com certeza é uma leitura que vale a pena para conhecer um pouco mais tanto sobre essa tecnologia quanto sobre o seu uso. Referência KALIL, S. Comunicação e hologramas de entretenimento: representações de artistas mortos em palcos de shows de música ao vivo. Tese (Doutorado em Comunicação Social) – Escola de Comunicação, Artes e Design, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2020. Dica do Professor Na hora de criar produtos audiovisuais para streaming, o idealizador precisa compreender como é feita a seleção desses materiais pelos algoritmos para oferecer aos usuários. Para isso é importante que quem vai classificar a obra e eleger suas tags possa fazer isso de modo claro, e, obviamente, isso só é possível se o idealizador tiver essas tags claras em sua mente e se esforçar para transmiti-las a quem as classifica. Uma dica é explorar as plataformas de streaming e testar possíveis tags. Um ótimo aplicativo para você ver o que as pessoas estão pesquisando sobre determinado assunto na internet é o Google Trends. Ele é gratuito e permite que você entenda um pouco mais sobre os telespectadores que consomem obras semelhantes às quais você pretende produzir. BAUMAN, Z. Vigilância líquida: Diálogos com David Lyon. Rio de Janeiro: Zahar, 2013. CARDOSO, J. C. Binge-watching como um novo modo de assistir televisão: uma análise comparativa entre o fenômeno em arquivo e em fluxo. Ponta Grossa: Atena, 2021. CARDOSO, J. C. Plataformas de streaming, rupturas tecnológicas e alterações nas dinâmicas das audiências do espaço audiovisual brasileiro (2011-2021). Tese (Doutorado em Comunicação Social) – Escola de Comunicação, Artes e Design, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2022. FOUCAULT, M. Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão. 26. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2002. HIGGINS, D. Horizons: The Poetics and Theory of the Intermedia. Carbondalle and Edwardsville: Southern Illinois University Press, 1984. JENKINS, H. Cultura da Convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2009. Referências KALIL, S. Comunicação e hologramas de entretenimento: representações de artistas mortos em palcos de shows de música ao vivo. Tese (Doutorado em Comunicação Social) – Escola de Comunicação, Artes e Design, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2020. MOLONEY, K. Multimedia, Crossmedia, Transmedia… What’s in a name? Transmedia Jornalism, 21 abr. 2014. Disponível em: https://transmediajournalism.org/2014/04/21/multimedia-crossmedia- transmedia-whats-in-a-name/. Acesso em: 21 dez. 2022. ROCHA, G. G. Representação virtual jornalística: proposta de matriz para análise de conteúdosem realidade virtual. Tese (Doutorado em Comunicação Social) – Escola de Comunicação, Artes e Design, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2020. Referências Bons estudos! Produção de conteúdo midiático: formatos e novas tendências Formatos e linguagens nos novos modelos Vamos refletir? O que é intermídia? O que é o crossmídia? O que é transmídia? Pilares da transmídia Formatos e linguagens nos novos modelos Wearables Realidade virtual Realidade virtual Realidade aumentada Hologramas Formatos e linguagens nos novos modelos Intrapanóptico Entendendo os algoritmos Binge-watching Formatos de disponibilização de episódios e modalidades de produção Quiz Quiz Quiz - Resolução Teoria em Prática Reflita sobre a seguinte situação Reflita sobre a seguinte situação Norte para a resolução Norte para a resolução Norte para a resolução Dicas do(a) Professor(a) Número do slide 29 Indicação de leitura 1 Indicação de leitura 2 Dica do Professor Referências Referências Bons estudos!