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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – CAMPUS NITERÓI CURSO DE GRADUAÇÃO: ENGENHARIA CIVIL RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS II 1/12 Flambagem Prof.: Valéria Nunes e Alexandre Bettoni Página 1 RRREEESSSIIISSSTTTÊÊÊNNNCCCIIIAAA DDDOOOSSS MMMAAATTTEEERRRIIIAAAIIISSS IIIIII AAppoossttiillaa -- FFllaammbbaaggeemm Índice FLAMBAGEM ............................................................................................................. 2 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – CAMPUS NITERÓI CURSO DE GRADUAÇÃO: ENGENHARIA CIVIL RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS II 2/12 Flambagem Prof.: Valéria Nunes e Alexandre Bettoni Página 2 FLAMBAGEM Introdução: As peças estruturais submetidas a esforços normais estavam submetidas segundo duas condições: a) Resistência da estrutura: admA N b) Controle da deformação: admAE LN L A terceira condição a ser verificada em uma peça estrutural é a estabilidade, que vem a ser a capacidade para suportar um esforço normal sem sofrer uma mudança em sua forma. Definição: É a ocorrência de flexão lateral em uma peça esbelta quando submetida à compressão axial. Essa flexão lateral acontece sempre na direção do eixo de menor momento de inércia da seção transversal, se a carga for aplicada no CG da seção transversal. No fenômeno da flambagem a peça pode perder a sua estabilidade antes mesmo do material atingir a tensão de escoamento, o que então denominamos de instabilidade elástica. Esbeltez: área da seção transversal muito pequena em relação a seu comprimento. Leonhard Euler: primeiro a se dedicar ao estudo da flambagem o qual encontrou, através desse efeito, a explicação para muitos colapsos estruturais. Causas: a) Instabilidade de forma ; b) Falta de retilinidade; c) Excentricidade de carregamento ; d) Falta de homogeneidade. UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – CAMPUS NITERÓI CURSO DE GRADUAÇÃO: ENGENHARIA CIVIL RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS II 3/12 Flambagem Prof.: Valéria Nunes e Alexandre Bettoni Página 3 Tipos de Equilíbrio: admitindo que a carga crítica de uma estrutura seja Nfl, tem-se três condições de equilíbrio, em função da posição da carga N aplicada: Estável: N < Nfl Indiferente: N = Nfl Instável: N > Nfl Consideremos a peça abaixo: Aumentando a carga N, chegará a um valor para o qual a forma reta da barra deixa de ser estável. Então a carga N atingirá um valor tal que a peça se encurva adquirindo outra forma de equilíbrio estável. O valor que a carga N atinge passando entre as duas formas de equilíbrio estável chama-se carga de flambagem. Carga Crítica de Flambagem: Quando a carga atuante atinge um valor tal que a peça estrutural deixa de ter um equilíbrio estável e passa a ser instável. UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – CAMPUS NITERÓI CURSO DE GRADUAÇÃO: ENGENHARIA CIVIL RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS II 4/12 Flambagem Prof.: Valéria Nunes e Alexandre Bettoni Página 4 Índice de Esbeltez: É a relação existente entre o comprimento axial da peça e o raio de giração mínimo da seção transversal. onde: – índice de esbeltez (adimensional) lfl – comprimento de flambagem rmin – raio de giração mínimo: A Ir min onde: I – menor momento de inércia da seção transversal A – área da seção transversal - O índice de esbeltez mede o quão esbelto é uma peça; - Ele mede a facilidade ou dificuldade que a peça tem em flambar; - Se o índice de esbeltez limite do material for: - pequeno: a probabilidade da peça comprimida de flambar é menor; - grande: a probabilidade da peça comprimida de flambar é maior. Carga Crítica de Flambagem (Carga Crítica de Euler): Equação de Euler genérica: 2 2 fl fl l IE N onde: I – menor momento de inércia da seção transversal; E – módulo de elasticidade do material; lfl – comprimento de flambagem (função das condições de apoio). - Comprimento de flambagem (lfl) em função do tipo de apoio da barra em suas extremidades. São denominados “fator K” podendo ser igual ou diferente de 1. Este fator K, multiplicador do comprimento da peça comprimida, representa a coluna que está sendo analisada por uma bi-rotulada com comprimento reduzido e comportamento equivalente: minr l fl UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – CAMPUS NITERÓI CURSO DE GRADUAÇÃO: ENGENHARIA CIVIL RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS II 5/12 Flambagem Prof.: Valéria Nunes e Alexandre Bettoni Página 5 Tensão Crítica de Flambagem (Tensão Crítica de Euler): A tensão atuante em uma peça submetida a compressão vale: A N Denominamos essa tensão atuante de Tensão Crítica de Flambagem, onde N é a carga crítica de flambagem. Então podemos escrever: A NCRIT flCRIT _ A tensão de flambagem altera o estado de equilíbrio da peça. Então, para que a peça não venha a flambar, a tensão de compressão atuante na peça deverá ser menor do que a tensão crítica de flambagem, ou seja, flCRITA P _ . Fazendo = CRIT_fl, teremos: Al IE A l IE A N lf flCRIT fl flCRIT CRIT flCRIT 2 2 _ 2 2 __ mas: raio de giração: A I r A I r 2 então: 2 2 _ 2 2 2 _2 22 _2 2 _ r l E r l E l rE l A IE flCRIT fl flCRIT lf flCRIT lf flCRIT 2 2 _ E flCRIT UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – CAMPUS NITERÓI CURSO DE GRADUAÇÃO: ENGENHARIA CIVIL RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS II 6/12 Flambagem Prof.: Valéria Nunes e Alexandre Bettoni Página 6 Então, para que se possa empregar a fórmula de Euler é necessário que se cumpra as condições: pflCRIT E 2 2 _ p E 2 onde: p: tensão de proporcionalidade do material Isto quer dizer que a fórmula de Euler só é aplicável em peças que flambam no regime elástico, ou seja, peças longas ou de grande esbeltez. Para o caso do aço: Conforme aumentarmos a esbeltez da peça, diminuímos a tensão de flambagem e lim é a esbeltez limite da validade da expressão de Euler. O gráfico mostra que para peças com pequena esbeltez, será necessária grande tensão para que a flambagem aconteça. Para > lim → a peça é considerada muito esbelta e irá flambar com uma tensão de flambagem fl abaixo da tensão de proporcionalidade p. Para < lim → a peça é considerada pouco esbelta e irá flambar com uma tensão de flambagem fl acima de p. Nesta situação é possível a ocorrência da ruptura por compressão antes da peça flambar. UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – CAMPUS NITERÓI CURSO DE GRADUAÇÃO: ENGENHARIA CIVIL RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS II 7/12 Flambagem Prof.: Valéria Nunes e Alexandre Bettoni Página 7 Valores de para alguns materiais: Material p (kgf/cm2) E (kgf/cm2) lim Aço ABNT 1010 / 1020 2050 2.100.000 100 Aço ABNT 1040 / 1050 2400 2.100.000 100 Ferro fundido 1540 800.000 80 Madeira 108.000 60 a 100 Concreto 85 Duralumínio 2000 750.000 59 Pinho 99 105.225 100 A flambagem que segue a equação de Euler é denominada de flambagem elástica ( ≥ lim), uma vez que a tensão é menor que a tensão limite de proporcionalidade do material. A flambagem que não segue ( ≤ lim) é denominada de flambagem inelástica, uma vez que o padrão de comportamento é função do material da peça e o resultado apresenta grande dispersão. A flambagem inelástica ocorre na fase plástica. No caso de < lim a tensão de flambagem fl é calculada pelas fórmulas de Gordon-Rankine, Tetmajer ou Johnson. Então: Se: ≥ lim Região elástica Valem as equações de Euler: 2 2 fl fl l IE N 2 2 E fl Se: < lim Região não elástica Valem as fórmulasempíricas para a obtenção de tensões UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – CAMPUS NITERÓI CURSO DE GRADUAÇÃO: ENGENHARIA CIVIL RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS II 8/12 Flambagem Prof.: Valéria Nunes e Alexandre Bettoni Página 8 Para ≤ lim → Regime não elástico → Utilizamos as fórmulas empíricas: Algumas fórmulas empíricas: a) Fórmula de Gordon-Rankine: 21 o fl onde: o = tensão limite de resistência a compressão = esbeltez = coeficiente do material, obtido em laboratório b) Fórmula Tetmayer: 2 baofl onde: “a” e “b” = são coeficientes do material. À exceção do ferro fundido, o coeficiente “b” é muito pequeno e pode ser desprezado. Então: aofl Obs.: para aços: a = 0,005 c) Fórmula de Johnson: 2 Cofl onde: o = tensão de escoamento do material na compressão = esbeltez C = coeficiente do material e deve concordar com a curva de Euler. C.S.: de 2 a 3 → aço de 3 a 5 → madeira, ferro fundido UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – CAMPUS NITERÓI CURSO DE GRADUAÇÃO: ENGENHARIA CIVIL RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS II 9/12 Flambagem Prof.: Valéria Nunes e Alexandre Bettoni Página 9 Exercícios: 1 – Dada uma coluna de aço, bi-rotulada, com seção reta de 40 x 60 mm, determinar a altura mínima “h” que deverá ter essa coluna, quando axialmente comprimida, a fim de ser possível a aplicação da fórmula da carga crítica de Euler. Dados: E = 2,1 x 106 kgf/cm2 ; p = 2000 kgf/cm2 2 – Utilizando os dados do problema anterior e considerando a coluna bi-engastada, calcular a altura mínima “h” para que a fórmula de Euler seja aplicável. 3 – Qual deverá ser o diâmetro da barra de aço, com extremidades bi-rotuladas, suportando uma carga de 2,0 tf, para que a peça não venha a flambar. Dados: E = 2,1 x 106 kgf/cm2 4 – Calcular a carga máxima que poderá ser aplicada ao sistema estrutural abaixo, de maneira que não haja flambagem na barra, de seção transversal retangular. Aplicar o fator de segurança igual a 1,2. Dados: E = 2,1 x 106 kgf/cm2 ; F.S. = 1,2 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – CAMPUS NITERÓI CURSO DE GRADUAÇÃO: ENGENHARIA CIVIL RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS II 10/12 Flambagem Prof.: Valéria Nunes e Alexandre Bettoni Página 10 5 – Calcular o valor máximo que o pilar poderá suportar sem flambar. Considerar o coeficiente de segurança a flambagem igual a 2,0. Verificar também a tensão crítica de flambagem. Dado: E = 2 x 106 kgf/cm2 esc = 2530 kgf/cm2 LIM = 100 6 – Calcular o valor da carga máxima que poderá ser aplicada na seção abaixo. Utilizar um fator de segurança a flambagem igual a 2,0. Dados: esc = 2530 kgf/cm2 ; F.S. = 2,0 7 – A coluna de alumínio possui 5 m de altura. Calcular a carga máxima P que pode ser aplicada a coluna de maneira que a mesma não venha a flambar e nem escoar. Dados: E = 70 GPa Seção transversal (em milímetros) esc = 95 MPa UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – CAMPUS NITERÓI CURSO DE GRADUAÇÃO: ENGENHARIA CIVIL RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS II 11/12 Flambagem Prof.: Valéria Nunes e Alexandre Bettoni Página 11 8 – O pilar metálico é construído a partir de um perfil laminado W 200 x 86 kgf/m, em aço ASTM A 572, grau 50, com 5,50 m de altura. Calcular a máxima carga de compressão que poderá ser aplicada no pilar metálico, utilizando um coeficiente de segurança igual a 1,2. Verificar a tensão crítica de flambagem. Dados: E = 200 GPa 200 kN/mm2 esc = 0,0345 MPa = 34,50 kN/mm2 Área = 11090 mm2 Ix = 94,98 x 106 mm4 Iy = 31,39 x 106 mm4 9 – Calcular o maior valor possível para a força F que poderá ser aplicado à estrutura, utilizando um coeficiente de segurança igual a 2,0 na flambagem do perfil horizontal AB. Calcular também o diâmetro mínimo para o tirante BC, utilizando um coeficiente de segurança igual a 2,5. Dados: E = 2,1 x 106 kgf/cm2 Características das Peças Tirante (BC) Perfil horizontal (AB) Material: aço CA 50 B Tipo: I 6” x 18,5 kg/m – ASTIM A 36 esc = 5000 kgf/cm2 Área = 23,6 cm2 Coeficiente de segurança: = 1,5 Ix = 919 cm4 Iy = 76 cm4 rx = 6,24 cm ry = 1,79 cm UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – CAMPUS NITERÓI CURSO DE GRADUAÇÃO: ENGENHARIA CIVIL RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS II 12/12 Flambagem Prof.: Valéria Nunes e Alexandre Bettoni Página 12 10 – O pórtico metálico é interligado por pinos nas suas extremidades e está submetido a uma carga uniformemente distribuída de 3 kN/m. Verificar se o pilar, de seção transversal retangular 20 mm x 30 mm, irá flambar. Considerar um coeficiente de segurança igual a 1,2 contra a flambagem. Dados: E = 210 GPa = 210 kN/mm2 esc = 350 MPa = 0,35 kN/mm2 F.S. = 1,2