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Revista Entre Saberes - Vol. VI, Nº 10

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Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
Sistema Estadual de Bibliotecas Escolares - SIEBE / SEDUC – PA 
 _______________________________________________________________________ 
Entre Saberes / Secretaria de Estado de Educação. Cefor. - v. 06. n. 10. Belém, 
PA: SEDUC, CEFOR, junho 2023. 
 
 Semestral 
 ISSN: 2596-0431 
Revista de relatos de experiência em foco do Centro de Formação dos 
Profissionais da Educação Básica do Estado do Pará (Cefor). 
 
 1. Educação – Ensino e Aprendizagem. 2. Metodologia. I. Secretaria de Estado 
 de Educação do Pará. Cefor. 
 _______________________________________________________________________ 
 
 CDD - 22. ed. 
 
 
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 3 
 
 
 
 
 
 
“Entre Saberes” é uma publicação online de periodicidade semestral, destinada à publicação de 
experiências educacionais exitosas, concebidas e realizadas por profissionais das escolas da rede de 
Educação Básica do estado do Pará, com objetivo a valorização desse profissional e propiciar o efeito 
multiplicador dessas práticas na rede. 
 
 
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ 
Helder Zahluth Barbalho 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO - 
SEDUC 
Rossieli Soares da Silva 
 
SECRETARIA ADJUNTA DE EDUCAÇÃO 
BÁSICA 
Júlio César Meireles de Freitas 
 
SECRETARIA ADJUNTA DE GESTÃO DE 
PESSOAS 
Marcelo Thiago França Roque Ribeiro 
 
SECRETARIA ADJUNTA DE PLANEJAMENTO 
E FINANÇAS 
Patrick Tranjan 
 
SECRETARIA ADJUNTA DE LOGÍSTICA 
Belmiro Soares Campelo Neto 
 
SECRETARIA ADJUNTA DE GESTÃO E 
REGIME DE COLABORAÇÃO 
Eliel Pereira Faustino Filho 
 
SECRETARIA ADJUNTA DE 
INFRAESTRUTURA 
Arnaldo Dopazo Antônio José 
 
CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS 
DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO ESTADO DO 
PARÁ 
Francisco Augusto Lima Paes 
 
EQUIPE ENTRE SABERES 
Autor Corporativo: Centro de Formação dos 
Profissionais da Educação do Estado do Pará 
Endereço: Rua Gama Abreu, 256 - Bairro de 
Nazaré Belém – Pará CEP: 66.015-130 
Email: ceforrevista@gmail.com 
 
 
EDITORAS 
Nádia Eliane Cortez Brasil 
Sandra Lúcia Paris 
 
 
CONSELHO EDITORIAL 
Esther Maria de Souza Braga 
Francisco Augusto Lima Paes 
Nádia Eliane Cortez Brasil 
Sandra Lúcia Paris 
 
DIAGRAMAÇÃO 
Ival Rabêlo Barbosa Junior 
 
CAPA 
Milla Ágata Braga Silva 
 
PARECERISTAS AD HOC 
Profa. Ma. Ana Lúcia da Silva Brito 
Prof. Me. Antônio Orlando Ferreira de Castro 
Prof. Ma. Célia da Conceição de Assis França 
Profa. Ma. Daniela de Nazaré Torres de Barros 
Profa. Ma. Esther Maria de Souza Braga 
Prof. Me. Flávio Martins Machado 
Profa. Ma. Giselle Cristiane Pinto Moreira Bezerra 
Profa. Ma. Gláucia de Nazaré Baía e Silva 
Prof. Me. João Amaro Ferreira Neto 
Prof. Dr. Josivan João Monteiro Raiol 
Prof. Dr. Luciano Augusto da Silva Melo 
Profa. Ma. Maysa da Silva Leite Almeida 
Prof. Me. Roberto Pinheiro Araújo 
Prof. Dr. Roberto Araújo Martins 
Profa. Ma. Salier Juliane dos Santos Castro 
 
REVISÃO GERAL 
Profa. Ma. Esther Maria de Souza Braga 
 
Periodicidade: semestral 
Endereço eletrônico: 
https://www.seduc.pa.gov.br/cefor/pagina/9186-
entre-saberes 
 
 
 
 
mailto:cefor.seduc@gmail.com
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 4 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................ 
5 
 
SOME VERDE: UMA PROPOSTA DE PROJETO INTEGRADOR DO SOME NA LOCALIDADE 
DA VILA 4 BOCAS- NONA URE MARACANÃ- PA ........................................................................ 
Márcia Jeanne de Lima Silva e Hellen Fabrícia Siqueira Pinto 
 
 
9 
 
(RE)CONHECENDO MEU BAIRRO: UMA EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR DE ENSINO E 
APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ...................................................... 
Bernadete de Jesus Barros Almeida e Ana Maria dos Santos Miranda 
 
 
18 
 
TRABALHANDO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM TEMPOS DE PANDEMIA .............................. 
Tatiane da Silva Santos 
 
26 
 
DESAFIOS DA GESTÃO ESCOLAR: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA COMO GESTOR 
ESCOLAR NA CIDADE DE BELÉM/PA, EM TEMPOS DE PANDEMIA (2021-2022) ....................... 
Luís Gustavo Mendes Monteiro 
 
 
35 
 
1ª FEIRA DE ‘MATEMÁGICA’ DA ESCOLA YOLANDA CHAVES: POSSIBILIDADES DE 
ENSINO PARA A RECOMPOSIÇÃO DE APRENDIZAGENS ......................................................... 
Ana Cléia dos Santos Sousa, Évila de Cássia Braga Soares e Oséas Guimarães Ferreira Neto 
 
 
47 
 
TORNEIO DE PROGRAMAÇÃO VISUAL COM SCRATCH: ESTIMULANDO A APRENDIZAGEM 
E A COMPETIÇÃO SAUDÁVEL NO ENSINO MÉDIO ..................................................................... 
Fábio Jorge de Nazaré Ferreira 
 
 
56 
 
O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA POR MEIO DA PLATAFORMA ADAPTATIVA DUOLINGO ..... 
José Maria Maciel Lima e Irailde de Almada Carvalho Lima 
 
64 
 
AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM LEITURA E ESCRITA DOS ALUNOS DO ENSINO 
MÉDIO DA ESCOLA MAGALHÃES BARATA ................................................................................. 
Adriana Barbosa Lisboa 
 
 
75 
 
LAUTOR PROFICIENTE: DA EDUCAÇÃO BÁSICA AO ENSINO SUPERIOR ............................... 
Marcilene do Carmo de Oliveira Miranda 
 
83 
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: TEATRO E ORALIDADE NAS 
ESCOLAS DO MARAJÓ ORIENTAL ............................................................................................... 
Lidiane Caroline Sales Macedo, Simone de Fátima Ferreira Pinheiro e Ely Carlos Silva Santos 
 
 
94 
 
AS DIFERENTES LINGUAGENS E SABERES COTIDIANOS DO NOSSO POVO AMAZÔNICO .. 
Alessandra Dias Abreu, Ana Ruth Silva Campos e Wendel Montes Gonçalves 
 
103 
 
PROJETOS INTEGRADOS DE APRENDIZAGEM COMO VALORIZAÇÃO DOS SABERES DO 
CAMPO AMAZÔNICO RIBEIRINHO ................................................................................................. 
Fabiany Marcela Sousa dos Santos 
 
 
113 
 
AFRICANIDADES: PROJETO PERMANENTE POR AFINIDADE ................................................... 
Cecília Rodrigues do Nascimento e Glenda Michelly da Silva Ferreira 
 
123 
 
FATOS HISTÓRICOS DO BRASIL, UMA INCURSÃO AO PASSADO: RELEITURA DA CARTA 
DE PERO VAZ DE CAMINHA ............................................................................................................ 
Adriana Cilene Alves de Oliveira 
 
 
134 
 
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É com grande alegria que o CEFOR, o Centro de Formação dos Profissionais da Educação Básica 
do Estado do Pará, lança mais uma edição da Revista Entre Saberes, publicação periódica que tem como 
intuito pôr em evidência boas práticas realizadas por educadores da rede pública de ensino. Mas o que 
exatamente são boas práticas pedagógicas? 
Reconhecemos que boas práticas dependem de um conjunto de situações que, articuladas, 
impulsionam o trabalho docente a fim de que ele reverbere na aprendizagem de todos os envolvidos. O 
que causa impacto? Como podemos fazer bom uso desse conhecimento? Como ele nos torna um ser 
humano melhor e disposto a colaborar com nossa comunidade? Acreditamos que tais inquietações são 
elementos centrais que conduzem a uma boa prática. 
E uma das melhores estratégias para refletir acerca dessas questões é não apenas movimentar 
ou desenvolver ações, mas pensar sobre elas, pôr a reflexão sobre os meus encaminhamentos didáticos. 
É nesse sentido que surge o relato que é um gênero memorialístico, no qual são relatadas ações; 
entretanto, ele não é meramente descritivo, pois quando se complementa a palavra com o especificador 
“de prática”, é compreensível que sejam descritas ações de natureza pedagógica e que, em meio a essas 
construções, emerjam as concepções teórico-pedagógicas que conduzem as nossas práticas. 
É com essa força reflexiva que vamos costurando mais esta edição, a 10º em um universo de 6 
anos.Nela, teremos um material relevante no qual podemos nos debruçar, a fim de que possamos refletir 
(ou nos inspirar) a partir do trabalho desenvolvido por nossos colegas, educadores que, de forma 
generosa, resolveram compartilhar conosco as suas conquistas e inquietações. A partir disso, podemos 
pensar: o que podemos considerar para nossa ação? O que poderíamos adaptar? 
Haverá sempre uma força em nós no sentido de procurar manter o diálogo com esse conjunto de 
vozes que existe dentro de nós e que precisamos mobilizar, sempre em busca da melhoria da qualidade 
da educação, do impacto que vamos causar na vida do outro. Que estes relatos possam inspirar e que, 
das reflexões aqui apresentadas, possam haver outras ainda mais inspiradoras. O trabalho do educador 
é um trabalho centrado na generosidade. Dito isso, vamos conhecer um pouco do trabalho dos autores 
desta edição. 
O primeiro explora uma temática central e pertinente para a sociedade como um todo. De autoria 
das professoras Márcia Jeanne de Lima Silva e Hellen Fabrícia Siqueira Pinto, o relato “Some verde: 
uma proposta de projeto integrador do some na localidade da Vila 4 Bocas - DRE município de 
Maracanã - Pará” trata das possibilidades, por meio de um projeto integrador entre os componentes 
Química e Biologia, de criação de medidas sustentáveis para o destino do óleo de cozinha de forma a 
diminuir o impacto ambiental. 
Essa perspectiva interdisciplinar também está presente no texto “(Re)conhecendo meu bairro: 
uma experiência interdisciplinar de ensino e aprendizagem na educação de jovens e adultos”, de 
autoria das educadoras Bernadete de Jesus Barros Almeida e Ana Maria dos Santos Miranda. O projeto 
suscitou reflexões importantes para o público da EJA quanto aos conceitos de territorialidade, 
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 6 
protagonismo educacional e territorial, fato que resultou em uma partilha entre toda a comunidade escolar 
ao final do processo. 
Retomando o tema da sustentabilidade, o relato da professora Tatiane da Silva Santos, intitulado 
“Trabalhando a educação ambiental em tempos de pandemia” traz para a reflexão os desafios em 
promover a interatividade, a investigação e a pesquisa por meio do uso de ferramentas digitais como 
WhatsApp, Google forms e Google Meet em ações didáticas que envolviam ampliar a consciência dos 
discentes quanto o descarte inadequado do lixo e suas consequências para o meio ambiente. 
O Google Forms também foi empregado no instigante trabalho desenvolvido pelo gestor escolar 
Luís Gustavo Mendes Monteiro. Com o título “Desafios da gestão escolar: um relato de experiência 
como gestor escolar na cidade de belém/pa, em tempos de pandemia (2021-2022)”, o relato é uma 
aula sobre como transformar dados de questionários socioeconômicos em instrumento que possibilita a 
construção de uma escola pública democrática em contextos desafiadores. 
Ao navegar ainda pelas experiências em tecnologia e pensando em como elas potencializam 
nosso fazer docente, apresentamos o relato dos professores-autores Ana Cléia dos Santos Sousa, Évila 
de Cássia Braga Soares e Oséas Guimarães, intitulado “1ª feira de ‘Matemágica’ da Escola Yolanda 
Chaves: possibilidades de ensino para a recomposição de aprendizagens”, que teve como objetivo 
promover a participação dos alunos na recomposição das aprendizagens Matemáticas, partindo de uma 
programação adequada para cada nível de ensino e com ações específicas para os alunos que 
necessitam de atendimento educacional especializado (AEE). A feira possibilitou engajamento e permitiu 
aos discentes um olhar diferenciado para a Matemática. 
Ainda navegando pela educação tecnológica e pelo uso de recursos digitais, temos uma 
experiência pedagógica que envolve um torneio de programação visual pela linguagem do Scratch 
realizado na região do Marajó. De autoria do professor Fábio Jorge de Nazaré Ferreira, o relato “Torneio 
de programação visual com scratch: estimulando a aprendizagem e a competição saudável no 
ensino médio” evidencia a importância da linguagem de programação e pensamento computacional e 
seu uso em práticas pedagógicas. O professor salienta, ainda, o engajamento dos estudantes e como 
uma abordagem lúdica e colaborativa fortalece a aprendizagem significativa. 
Além do uso de recursos digitais para maior interatividade e conhecimento do contexto, há 
possibilidades de explorar plataformas adaptativas por meio de um ensino personalizado, dinâmico e 
colaborativo. Essa foi a proposta dos educadores José Maria Maciel Lima e Irailde de Almada Carvalho 
Lima que apresentam nesta edição o relato “O ensino de Língua Inglesa por meio da plataforma 
adaptativa Duolingo”. Ao longo das ações, os professores-pesquisadores exploraram o conceito de 
inteligência artificial com o objetivo de apontar os benefícios em trabalhar com tecnologias na educação 
tendo como foco a autonomia do estudante. 
 Agora, passamos do ensino de línguas para o ensino de língua materna e quem traz essa 
importante reflexão é a educadora Adriana Barbosa Lisboa com o trabalho “As dificuldades de 
aprendizagem em leitura e escrita dos alunos do ensino médio da escola Magalhães Barata”. Ela 
afirma que somente decodificar não é o suficiente para sermos considerados leitores proficientes, mas 
que é essencial compreender o que se lê, a fim de que nos posicionemos, exerçamos o nosso poder de 
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autoria e não sejamos apenas reprodutores de informação. Para isso, elaborou um projeto que envolveu 
poesia e muita criatividade! 
 A temática da proficiência em leitura e produção textual é retomada no relato intitulado “Lautor 
proficiente: da educação básica ao ensino superior”, de autoria da professora Marcilene do Carmos 
de Oliveira Miranda. Por meio de práticas rotineiras de leitura e produção de textos, Marcilene procurou 
desenvolver habilidades e competências necessárias para a escrita de textos dissertativo- 
argumentativos, a partir de critérios avaliativos empregados no Exame Nacional do Ensino Médio 
(ENEM). 
 Como observamos, a leitura e a escrita são sempre conceitos que interconectam várias áreas do 
conhecimento. Mas para além delas, há outras linguagens. Para construir uma reflexão acerca dessa 
ideia, os professores Lidiane Caroline Sales Macedo, Simone de Fátima Ferreira Pinheiro e Ely Carlos 
Silva Santos trouxeram para nós o trabalho “Práticas pedagógicas na educação infantil: teatro e 
oralidade nas escolas do marajó oriental”, um estudo acerca das atividades cênicas e a expressão 
corporal na educação infantil para fins de desenvolvimento das habilidades motoras, cognitivas e de 
comunicação dos estudantes, com ênfase na empatia e a construção de relações de amizade. 
 E outra manifestação artística que nunca pode ficar de fora é a Literatura, uma vez que dentre os 
seus objetivos está a humanização e a valorização dos saberes regionais e da cultura ancestral. Partindo 
desses princípios, os docentes Alessandra Dias Abreu, Ana Ruth Silva Campos e Wendel Montes 
Gonçalves produziram o relato “As diferentes linguagens e saberes cotidianos do nosso povo 
amazônico”, no qual demonstram como organizaram ações envolvendo manifestações artísticas, 
literárias e culturais com o objetivo de valorizar a cultura dos povos amazônicos. 
 Voltado também para os saberes amazônicos, o relato “Projetos integrados de aprendizagem 
como valorização dos saberes do campo amazônico ribeirinho”, da professora Fabiany Marcela 
Sousa dos Santos, coloca em debate as estratégias empregadas para o fortalecimento da educação do 
e no campo ribeirinho amazônico e discussões acerca da realidade das escolas presentes nesses 
territórios, palcos de lutas intensas para as garantias de direitos básicos como educação e plena 
cidadania. 
 A luta pela equidade de direitos é também tema de outro trabalho desta edição da Revista EntreSaberes. Trata-se do relato “Africanidades: projeto permanente por afinidade”, de autoria das 
educadoras Cecília Rodrigues do Nascimento e Glenda Michelly da Silva Ferreira. O texto aborda as 
ações do projeto que trazem a História e a Cultura Afro-Brasileira para o coração da escola e que, ao 
adotar uma perspectiva interdisciplinar, impulsionaram as reflexões da comunidade escolar acerca de 
temas como a diversidade étnica e a discriminação racial. 
 A desconstrução de preconceitos, muitas vezes entranhados no senso comum, precisa fazer 
parte da rotina escolar, como já evidenciado em trabalhos anteriores. Para ampliar isso, por que não 
partir de um já conhecido documento histórico? A professora Adriana Cilene Alves de Oliveira apresenta 
uma série de estratégias que podem nos ajudar nesse sentido em seu relato “Fatos históricos do Brasil, 
uma incursão ao passado: releitura da carta de Pero Vaz de Caminha”. Para ela, o conhecimento 
da Carta e sua releitura “é um ato de responsabilidade, uma vez que nos permite a desconstrução de 
conceitos já arraigados historicamente. E esse é papel não só da escola, mas da história”. 
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 A escolha de finalizar o texto com a voz de um de nossos autores é simbólica. O objetivo da 
Revista Entre Saberes é esse, impulsionar e fortalecer a voz de nossos colegas, no sentido de que tais 
trabalhos sejam cada vez mais valorizados em nosso estado e que as práticas aqui presentes possam 
ser o ponto de partida para a construção de possibilidades. Esse é um ato de responsabilidade, não só 
do CEFOR, mas de todos que movem a nossa paixão em comum: a educação. Sigamos no Esperançar! 
 
 
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SOME VERDE: UMA PROPOSTA DE PROJETO INTEGRADOR DO SOME NA 
LOCALIDADE DA VILA 4 BOCAS- NONA URE MARACANÃ- PA 
 
Márcia Jeanne de Lima Silva1 
Hellen Fabrícia Siqueira Pinto2 
 
Resumo 
O presente relato de experiência traz a temática “Some Verde: uma proposta e projeto integrador do Some na 
Localidade da Vila 4 Bocas- Nona URE de Maracanã- Pa”, com o objetivo de relatar uma experiência acerca da 
aplicação de um projeto integrador das disciplinas de Química e Biologia, de modo a discutir a temática acerca da 
necessidade de compreensão socioambiental por parte dos alunos na comunidade em que se encontram inseridos. 
Quanto à metodologia adotada, consistiu em uma pesquisa bibliográfica com base em Cuche (1999) e Oliveira 
(2011), dentre outros estudiosos que discutem acerca da temática em questão e no relato de experiência acerca 
da aplicação do projeto integrador SOME Verde. A realização do presente estudo torna-se primordial para que se 
perceba as possibilidades de criação de medidas ecologicamente corretas para o destino do óleo de cozinha de 
forma a diminuir o seu impacto ambiental. Dessa forma, as experiências relatadas evidenciam a necessidade de 
se sensibilizar a comunidade escolar da necessidade de reutilização do óleo de cozinha como alternativa de 
amenizar os impactos causados por este, quando descartado de forma incorreta no ambiente. 
 
Palavras-chave: Projeto. Meio Ambiente. Preservação. 
 
 
Introdução 
O presente relato de experiência traz a temática do “Some Verde: uma proposta e projeto 
integrador do Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME3 na Localidade da Vila 4 
Bocas - DRE município de Maracanã - PA”, com o objetivo de fazer um relato de experiência 
acerca da aplicação de um projeto integrador das disciplinas de Química e Biologia, de modo a 
discutir a temática acerca da necessidade de compreensão socioambiental por parte dos alunos 
na comunidade em que se encontram inseridos. 
Não é recente a discussão emergente da necessidade de se pensar sobre a Educação 
Ambiental com vista à valorização, cuidado e proteção dos espaços naturais de modo a abranger 
o nível regional e local, visando assegurar uma formação básica que propicie aos alunos uma 
formação pautada na proteção dos recursos naturais pertencentes às comunidades das quais 
estão inseridos. 
1 Bióloga, Atua na rede básica de educação do Estado do Pará, Especialista em Metodologia do Ensino da Biologia e Química 
(FAVENI) e Graduada em Licenciatura em Ciências Naturais, com habilitação em Biologia pela Universidade do Estado do Pará 
(UEPA), E-mail: marciabiologia4@gmail.com. 
2 Química, Atua na rede básica de educação do Estado do Pará, Especialista em Gestão e Planejamento Ambiental pela 
Faculdade de São Marcos (Fasamar). Licenciada em Ciências com habilitação em Química pela Universidade Federal do Pará 
(UFPA), E-mail: hellenquimica@yahoo.com.br. 
3 O Sistema de Organização Modular de Ensino (SOME) é uma modalidade de ensino que existe a 43 anos, ofertando educação 
básica para os povos das ilhas, estradas e florestas do estado do Pará. Essas localidades ficam distantes das sedes das cidades 
e por isso a necessidade de se ofertar esta modalidade de ensino dentro do território do aluno já este se encontra em áreas 
remotas. 
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 10 
Vale destacar a princípio que dentre os produtos que podem gerar efeitos ao meio 
ambiente, encontram-se os óleos comestíveis pós-uso, gerados diariamente em grande 
quantidade. Apenas a quantidade de um litro que vai para o corpo hídrico é capaz de contaminar 
cerca de um milhão de litros de água, equivalente ao consumo de uma pessoa em 14 anos, 
além de aumentar em 45% os custos no tratamento das redes de esgoto (Carvalho, 2012; 
Sabesp, 2011). 
Partindo do princípio de que cabe às escolas assumir o compromisso de incentivar a 
sociedade a refletir sobre as questões socioambientais, e participar de ações que contribuam 
para a melhoria da qualidade de vida de todos, a aplicação do Projeto Pedagógico “SOME 
VERDE”, justificou-se por instigar em toda a comunidade escolar o caráter coletivo de sua 
responsabilidade pela sustentabilidade local e planetária, de modo que, um dos problemas 
enfrentados pela sociedade moderna inclui o descarte inadequado de resíduos, entre eles o óleo 
de cozinha, enquanto prática culturalmente realizada. 
Nesse sentido, este relato é resultante da aplicação do projeto pedagógico Some Verde 
realizada em uma escola pública estadual da Vila de 4 Bocas, localizada no município de 
Maracanã, Estado do Pará, de maneira integradora tendo a coordenação das professoras das 
disciplinas de Química e Biologia de turmas do ensino médio com o intuito de direcionar ações 
sustentáveis. 
Diante disso, este estudo é de suma importância para que se perceba as possibilidades 
de criação de medidas sustentáveis corretas para o destino do óleo de cozinha de forma a 
diminuir o seu impacto ambiental. Dessa forma, as experiências relatadas evidenciam a 
necessidade de se conscientizar a comunidade escolar da necessidade de reutilização do óleo 
de cozinha como alternativa de amenizar os impactos causados por este, quando descartado 
de forma incorreta no ambiente. 
 
Perspectivas sobre a relação do homem com a natureza 
A preservação do meio ambiente e consequentemente a sustentabilidade consiste em 
uma temática que na atual conjuntura ascende como prática primordial a ser implementada 
somente nas ações cotidianas do cidadão, mas também nos principais meios que utilizam seus 
recursos naturais, sendo este segmento as empresas. Partindo desse pressuposto, é necessário 
priorizar o conceito da palavra sustentabilidade para posteriormente fazer uma relação do 
homem com a natureza. 
A relação do homem com a natureza, atualmente apresenta-se como um espaço 
problemático, demarcado por inúmeros conflitos que demonstram a consolidação do 
pensamento do domínio do homem sobre a natureza. Nessa perspectiva de dominação, com a 
supremacia sobre a natureza que em suas manifestações encontram-se enraizados em suas 
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 11 
bases epistemológicas, intensificando-secom o início da ciência moderna que tem como 
principal característica a instalação do modo de produção capitalista (Batistela; Boneti, 2008). 
Partindo dessa análise inicial, faz-se necessário compreender como o homem vem se 
relacionando com a natureza ao longo da história para que assim se busque suporte teórico 
para uma análise mais profunda da complexidade que a sociedade contemporânea apresenta 
quanto a esta relação e consequentemente ao convívio em sociedade do homem enquanto 
sujeito formado por uma cultura. 
Com isto, para entendermos a base inicial para a interação entre homem x natureza, a 
priori será apresentado o conceito de cultura como elemento fundamental para o 
estabelecimento das relações entre as sociedades e a natureza em suas múltiplas 
manifestações. 
A noção de cultura é inerente à humanidade e conduz a uma reflexão sobre a 
compreensão da existência humana para além dos aspectos biológicos. Nessa concepção, o 
homem se apresenta, essencialmente, como um ser da cultura, cujas práticas sociais, 
construções históricas, saberes e representações convergem para um processo cíclico: ele 
transforma a cultura e é por ela transformado. 
Quanto ao conceito de cultura, podemos dizer que ela “permite ao homem não somente 
adaptar-se a seu meio, mas também adaptar este meio ao próprio homem, a suas necessidades 
e seus projetos. Em suma, a cultura torna possível a transformação da natureza” (Cuche, 1999, 
p. 10). 
Nessa perspectiva, em que a cultura é compreendida, estabelecem-se as ações 
antrópicas que, realizando a modificação dos espaços modificam também as formas de 
interação entre homem-homem e homem-natureza num processo de (re) adaptação constante. 
A compreensão da modernidade, no que concerne especificamente a relação entre 
sociedade/natureza, consiste na necessidade de compreensão da transformação da sociedade 
e os demais temas que envolvem este processo. 
Com o desenvolvimento das sociedades, o homem modernizado, baseado no sistema 
capitalista, passou a desenvolver sua prática de dominação da natureza tendo como base a 
utilização dos seus recursos de maneira desenfreada, o que consequentemente resultou em 
impactos ambientais que precisam ser discutidos e compreendidos para que haja resoluções 
quanto aos problemas dessa relação homem-natureza. 
Sabemos que esses impactos ambientais fazem parte da história da humanidade, mas a 
forma como o homem compreende e trata essa problemática fará toda a diferença nessa 
relação; o objetivo do homem sempre foi dominar a natureza, no entanto, 
 
 
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 12 
A diferença é que hoje a velocidade de extração dos recursos naturais é 
extremamente acelerada e os subprodutos gerados por essa transformação não 
são reintegráveis aos ciclos naturais, ficando depositados nos solos, nas águas e 
no ar, em diversas formas de poluição. As armas de guerras são mais 
devastadoras. Mas os impactos negativos de nossa ação são mais antigos do 
que costumamos imaginar (Mendonça, 2005, p. 68). 
 
Sendo assim, podemos dizer que os dilemas vivenciados pelo homem na modernidade 
giram em torno, principalmente, da sua projeção quanto aos impactos ambientais; assim, 
salientamos que ele se distancia cada vez mais da compreensão da importância de se 
preservar o meio ambiente e torna-se extremamente capitalista, cujas consequências, sem 
que medidas sejam tomadas, podem culminar não somente na perda da identidade do 
homem, mas na sua própria existência. 
 
Impactos ambientais da atuação do homem sobre a natureza: o descarte de óleo de 
cozinha 
Muitas residências e estabelecimentos comerciais despejam o óleo usado na rede de 
esgoto, causando entupimento da tubulação, mau cheiro e proliferação de insetos, que se 
alimentam deste rejeito. Quando lançado ao solo, a consequência é o desequilíbrio ecológico, 
afetando lençóis freáticos e mananciais de abastecimento de água potável (Alamini; Barbado, 
2008). 
Além da impermeabilização do solo, quando jogado a céu aberto pode contribuir para o 
efeito estufa, pois se trata de um composto orgânico que, ao sofrer decomposição por 
microorganismos, temos como resultado a emissão de metano na atmosfera, retendo vinte 
vezes mais energia que o dióxido de carbono (Azevedo et al., 2009). 
Outro fator observado diz respeito ao fato ao contato com mananciais aquáticos, o que 
gera graves problemas como o caso de “o óleo mais leve que a água, fica na superfície, criando 
uma barreira que dificulta a entrada de luz e a oxigenação da água, comprometendo assim, a 
base da cadeia alimentar aquática, os fitoplânctons” (Alberici; Pontes, 2004). 
Após várias pesquisas demonstrarem os impactos causados pelo óleo ao meio ambiente, 
só agora os ambientalistas concordam que não existe um modelo de descarte ideal, mas 
alternativas de reaproveitamento do óleo de fritura para a fabricação de biodiesel, sabão, resina 
para tintas, detergente, amaciante, sabonete, ração para animais, entre outros produtos. Porém, 
a alternativa de reaproveitamento do óleo para fazer sabão tem sido considerada a mais simples 
produção tecnológica de reciclagem, fazendo com que haja um ciclo de vida desse produto 
(Rabelo; Ferreira, 2008). 
Rabelo e Ferreira (2008) sugerem a coleta seletiva para óleo e gordura como melhor 
resultado encontrado para este tipo de material, em termos de gerenciamento de resíduos, e 
posteriormente a reciclagem do material recolhido. Afirmam ainda que a ação minimiza o 
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 13 
impacto do descarte incorreto, trazendo qualidade de vida para a comunidade através das 
melhorias ambientais, e exercitando-os para a conscientização da sua reutilização. 
 
Percurso Metodológico 
Este estudo foi desenvolvido por meio de uma pesquisa bibliográfica e da aplicação de 
um projeto integrador SOME (Sistema de Organização Modular de Ensino). Com isso, o primeiro 
momento deste relato consistiu em uma pesquisa bibliográfica que possibilitou um 
embasamento teórico e consequentemente permitiu a construção da discussão teórica; 
posteriormente, foi realizada uma a aplicação de um projeto integrador chamado SOME Verde. 
O Projeto Some Verde foi aplicado em uma escola da rede pública de Maracanã especificamente 
na Vila dos 4 Bocas, onde funcionam as turmas do ensino médio, o SOME. As atividades foram 
realizadas durante as aulas de Biologia e Química, acompanhadas pelos professores 
responsáveis pelas disciplinas nessas turmas e contaram com a realização de aulas teóricas, 
oficinas e palestras acerca do meio ambiente e dos impactos ambientais resultantes do descarte 
incorreto do óleo de cozinha. Por sua vez, os dados observados durante a aplicação do referido 
projeto foram narrados por meio deste relato de experiência. 
 
Análise dos resultados 
Iremos apresentar as experiências referentes à aplicação do projeto integrador SOME 
Verde que nós, professoras e criadoras do projeto (Imagem 1) realizamos na Vila de 4 Bocas 
pertencente a nona URE de Maracanã, Pará. 
 
Imagem - 1: Criadoras do Projeto 
Fonte: Arquivo pessoal (2023). 
 
 
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 14 
É importante destacar que a vila do qual foi aplicado o projeto consiste em uma área 
formada por igarapés e praias, sendo a atividade de pesca uma realidade aos moradores locais 
e que, consequentemente, faz parte da realidade dos alunos. 
No decorrer da aplicação do projeto SOME Verde, foram desenvolvidas diversas 
atividades como palestras, oficinas e aulas teóricas acerca da temática ambiental. Durante a 
realização das palestras, percebemos grande interesse por parte dos alunos a respeito dos 
danos que o óleo causa ao meio ambiente, despertando um senso investigativo em relação aos 
meios ideais de descarte desse produto e um entusiasmo para aprender e produzir o sabão 
ecológico (Imagem 2). 
 
 
Imagem - 2: Oficina de produçãode sabonete, sabão, amaciante e detergente 
Fonte: Arquivo pessoal (2023). 
 
Na terceira etapa, os alunos colocaram em prática o que foi compreendido na primeira 
etapa, participando efetivamente da produção do sabão, o que por sua vez, ocorreu na sala de 
aula (Imagem 3). 
 
Imagem - 3: Oficina de produção de sabonete, sabão, amaciante e detergente 
Fonte: Arquivo pessoal (2023). 
 
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 15 
Este estudo científico mostra como pequenas ações podem refletir positivamente no 
meio ambiente e no desenvolvimento de novas tecnologias economicamente viáveis e 
socialmente justas. 
Para Azevedo et al. (2009), o desenvolvimento de um processo de reciclagem de 
materiais depende de uma construção educacional, em que o currículo focaliza a formação de 
cidadãos socialmente responsáveis com conhecimento científico estruturado, possibilitando a 
compreensão da necessidade de se desenvolver políticas de desenvolvimento econômico e 
preservação ambiental. É importante mencionar que o sabão produzido através da reciclagem 
do óleo mostra-se eficiente, apresentando poder de detergência e uma boa formação de espuma 
o que mostra a sua viabilidade. 
A Culminância do projeto (Imagem 4) contou com a exposição por parte dos alunos junto 
à comunidade das escolas da Vila do 4 Bocas no município de Maracanã, Estado do Pará. 
 
 
Imagem - 4: Culminância do Projeto. 
Fonte: Arquivo pessoal (2023). 
 
Esse momento possibilitou além da apresentação de formas de reutilização de produtos 
que seriam descartados no meio ambiente, uma maior proximidade entre escola-alunos-
comunidade. 
Essa culminância consistiu na exposição realizada pelos alunos da escola José Bonifácio 
e que fazem parte do projeto SOME VERDE, os quais mostraram à comunidade a possibilidade 
de reutilização do óleo de cozinha para a confecção de sabão. Essa amostra acabou sendo 
amplamente visitada pela comunidade presente que se interessou em virtude do grande 
descarte de óleo na natureza. 
A perspectiva de realização de um projeto interdisciplinar e que ao integrar outras 
disciplinas como Biologia, Química e Física acabaram evidenciando a importância de que as 
diversas áreas do saber sejam trabalhadas de maneira conectada, em parceria direcionando os 
alunos para uma visão mais ampla acerca do conhecimento e assim permitir um ensino de 
qualidade aos alunos. 
A possibilidade de aproximação dos alunos com uma temática pertencente a sua 
realidade foi de grande importância, uma vez que o dilema vivenciado pela questão ambiental 
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 16 
consiste em uma realidade dos mesmos. Isso por sua vez, acaba reafirmando o que Oliveira 
(2011) discute ao estabelecer que a temática do meio ambiente precisa ser mais presente na 
sala de aula, sendo que os alunos estão constantemente lidando com situações de grande 
impacto ambiental como o descarte de óleo de cozinha em áreas de rios e praias. 
Enquanto educadoras das áreas de Ciências da Natureza a articulação do projeto 
integrador SOME Verde apesar das dificuldades de sua realização, deixamos contribuições 
significativas na área tanto profissional quanto prática, além do impacto que causou na formação 
dos alunos mediante o contato com práticas e alternativas de cuidados com a natureza, assim 
como possibilidades de reaproveitamento do óleo de cozinha, do qual realizaram na prática 
através das oficinas realizadas. 
 
Conclusão 
Acreditamos que a realização do presente relato apresenta contribuições significativas 
quanto à importância das nossas vivências enquanto professoras da rede pública do estado do 
Pará, a fim de que sejam compartilhadas nessa troca de experiências de saberes construídos. 
Por meio deste estudo, tornou-se evidente que as atividades que envolvem a questão 
ambiental são essenciais e relevantes para o desenvolvimento dentro da comunidade escolar. 
Práticas pedagógicas diferenciadas que permitem novos olhares, horizontes e mundos, 
possibilitando ampliar o conhecimento, tanto da comunidade escolar de uma maneira mais 
ampla; assim, o cerne desse projeto possibilitou integrar teoria e prática. 
Cremos que a iniciativa pedagógica de um projeto integrador apresentado neste relato 
despertou não só nos alunos, mas em toda a comunidade escolar, a consciência da preservação 
da natureza e a disseminação dos conhecimentos adquiridos, contribuindo por intermédio do 
reaproveitamento desse resíduo, não só para o meio ambiente, mas para qualidade de vida. 
Assim, podemos produzir em suas próprias casas o sabão ecológico, reduzindo os custos desse 
tipo de material, além de gerar alternativa de emprego e renda familiar. 
Ressaltamos, ainda, que quando saímos do campo teórico e passamos a nos propiciar 
uma aula diferenciada e integradora, isso acaba gerando uma maior aceitabilidade por parte dos 
alunos, o que de fato constatamos na realização do projeto em questão. 
Sendo assim, consideramos essa experiência de suma importância para a nossa 
comunidade escolar de uma feita que viabilizou um olhar para a preservação ambiental com 
vista à formação humana crítico-social dos alunos para atuarem na sociedade. Nesse sentido, 
a escola, como lugar do fazer educativo, precisa propiciar aos alunos um ambiente de troca de 
experiências, saberes, respeito ao meio ambiente por meio de diversas ações como as descritas 
durante o Projeto SOME VERDE. 
 
 
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 17 
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Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 18 
 
 
(RE)CONHECENDO MEU BAIRRO: UMA EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR 
DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO DEJOVENS E ADULTOS 
 
Bernadete de Jesus Barros Almeida1
Ana Maria dos Santos Miranda2
 
Resumo 
Este trabalho relata o processo de construção do conhecimento com ênfase em aspectos socioambientais, na 
escola Estadual Maroja Neto, localizada no bairro da Pedreira (Belém, PA), por meio da Experiência de 
Aprendizagem Mediada. Com foco na especificidade do público-alvo da educação de jovens e adultos (EJA), a 
metodologia considerou o contexto territorial e urbano, locus de múltiplas vivências dos sujeitos envolvidos nas 
etapas do projeto; o detalhamento multidisciplinar das temáticas e, sobretudo, a interdisciplinaridade como caminho 
para o desenvolvimento e culminância dos trabalhos. A estratégia educacional adotada abordou ainda a conexão 
ao escopo da unidade curricular Projeto de Vida. Dentre os resultados, a adesão de temáticas específicas, 
especialmente relacionadas à questão dos resíduos sólidos, evidenciaram os dilemas urbanos contemporâneos, 
influenciáveis a todos os envolvidos no processo. Ademais, o exercício da interdisciplinaridade na EJA exige maior 
mediação e vinculação com a identidade local, condições que suscitaram novas abordagens educacionais. Sob o 
ponto de vista dos docentes, as avaliações sobre a Mostra Sociocultural, culminância do projeto, expressaram a 
relevância do trabalho e os desafios para a construção da interdisciplinaridade. Um dos resultados esclarecedores, 
se refere à consciência do tempo necessário para tecer a diversidade do conhecimento, mediante as 
especificidades dos sujeitos envolvidos. 
 
Palavras-Chave: Ensino-Aprendizagem. Interdisciplinaridade. Pertencimento. Território. 
 
 
Introdução 
O presente relato foi originado de discussões pedagógicas desencadeadas durante o 
planejamento escolar da Escola Estadual Maroja Neto, exercício escolar de 2022. A idealização 
do projeto teve como fator motivador a busca pela materialização do ensino e aprendizagem por 
meio de temas contemporâneos (Brasil, 2018) que suscitaram a transversalidade, a 
interdisciplinaridade e a mediação do processo educativo. 
Outro ponto de partida foi o possível (re)conhecimento da realidade urbana vivenciada 
pelos sujeitos envolvidos, panorama visibilizado no simples caminhar pelo bairro, com ênfase 
no trajeto trabalho-escola. Definimos, portanto, a rota condutora para a construção do projeto 
“Mostra Sociocultural: Reconhecendo meu bairro”. 
Desse modo, os objetivos do projeto pretenderam possibilitar a aprendizagem a partir da 
reflexão e experiências vivenciadas no espaço urbano; implementar novas formas pedagógicas 
1 Especialista em Planejamento do Desenvolvimento e Integração Regional, servidora pública da Secretaria do Planejamento 
e administração e Secretaria de Educação do estado do Pará, atuando na coordenação pedagógica da Escola Maroja Neto 
(Belém-PA). 
2 Especialista em Gestão Escolar e Avaliação Institucional, servidora pública da Secretaria de Educação do estado do Pará, atua 
na Gestão da Escola Maroja Neto (Belém-PA). 
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 19 
por meio de construção do conhecimento coletivo, além de contribuir para o reconhecimento do 
entorno territorial pelos sujeitos envolvidos. 
Assim, o corpo desse relato apresenta referencial teórico sob a ótica do território enquanto 
espaço urbano socialmente construído, onde abriga as relações humanas, vivências e 
condicionalidades; adentra também no arcabouço teórico pautado na mediação da 
aprendizagem. Seguindo a linha metodológica adotada, a Mostra Sociocultural tem como ponto 
de partida, a palestra sobre os impactos ambientais e sociais do bairro da Pedreira, em seguida, 
discorre-se sobre o processo da abordagem de temáticas específicas por professores e alunos 
e, posteriormente, a apresentação dos resultados e a breve conclusão sobre a temática. 
Em 1972, o bairro da Pedreira em Belém, no estado do Pará, recebia a Escola Maroja 
Neto, unidade escolar com 28 salas, sendo a segunda maior escola pública do bairro. Em 2022, 
a escola completou 50 anos, atendendo nos três turnos, com oferta de ensino nos níveis 
Fundamental anos finais e Ensino Médio com alunos da Educação Especial e modalidade 
Educação de Jovens e Adultos (EJA). O tempo decorrido e o número de pessoas alfabetizadas 
pela Escola Maroja Neto demonstram seu protagonismo educacional e patrimonial no bairro da 
Pedreira. 
Atualmente, a predominância de jovens e adultos, especialmente no período noturno, 
enseja um olhar diferenciado a esse público, formado por trabalhadores e trabalhadoras, cuja 
necessidade de trabalho constitui-se um dos fatores para a paralisação ou tardia escolarização, 
refletidos nos indicadores de abandono e evasão escolar conforme demonstra os dados oficiais. 
Nesse aspecto, evidenciamos a importância de tratar o processo ensino-aprendizagem 
sob referenciais teóricos que dialoguem com as especificidades da historicidade dos alunos e 
alunas, suas múltiplas realidades, saberes contidos e sedimentados nas experiências de vida. 
Por conseguinte, ideias centralizadas e alinhadas em estudos que remetem às mudanças 
no papel pedagógico, isto é, nas dimensões particulares do ensinar e aprender, considerando 
que o ponto central é a construção de novos saberes, conforme assinala o legado histórico de 
Paulo Freire (1996, p. 77), ao asseverar que “ensinar exige apreensão da realidade. A nossa 
capacidade de aprender, de que decorre a de ensinar, sugere ou, mais do que isso, implica a 
nossa habilidade de apreender a substantividade do objeto apreendido.” 
A vida presente que permeia o perfil socioeducacional dos alunos e alunas da EJA, 
também intensifica sua relação territorial com o bairro, espaço que agrega moradia, trabalho, 
família e escola; dessa forma, ao considerar o objeto deste trabalho, ou seja, o aprendizado 
mediado, permitiu-nos indagar: Do que trata o pertencimento sobre o lugar onde vivemos? Qual 
sentimento coletivo em relação ao nosso bairro? Reconhecemos seus encantos, seus desafios 
e suas soluções? E o que a escola tem a ver com isso? 
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 20 
Recorrendo a Santos, reconhecido geógrafo brasileiro, cujo legado nos ensinou a pensar 
no território, fez-nos entender o espaço onde a vida acontece, onde as relações humanas são 
construídas. 
Assim, o espaço organizado é também uma forma resultante da interação de 
diferentes variáveis. O espaço social corresponde ao espaço humano, lugar de 
vida e trabalho: morada do homem, sem definições fixas. O espaço geográfico é 
organizado pelo homem vivendo em sociedade e, cada sociedade, 
historicamente, produz seu espaço como lugar de sua própria reprodução 
(Santos, 1978 apud Saquet; Silva, 2008, p. 8). 
 
Em decorrência, ao propor o tema “Reconhecendo meu bairro”, a escola assumiu o papel 
de estudar e interpretar a realidade por meio de conteúdos interdisciplinares, numa viagem de 
construção do conhecimento e reconhecimento do seu entorno. Assim, pretendemos reforçar a 
ideia de que a educação deve atender ao preceito de incorporar ao ensino uma visão crítica e 
uma aprendizagem coletiva. 
 
Discussão Teórica 
A escolha do tema “Reconhecendo meu bairro”, determinou a busca de pesquisas e 
estudos sobre o bairro da Pedreira, de modo que fossem referências para o desdobramento de 
temáticas em sala de aula. Com efeito, adotou-se como texto orientador, o trabalho desenvolvido 
por Furtado et al. (2020) “Impactos ambientais oriundos do crescimento urbano/demográfico: 
um estudo no bairro da Pedreira, Belém/PA.”, que apresenta abordagens históricas sobre o 
crescimento do bairro da Pedreira e suas consequências urbanas e ambientais. 
A concepção metodológica foi orientada por critérios direcionados a: multidisciplinaridade 
e interdisciplinaridade; mediação do conhecimento; e, conexão ao escopo da disciplina Projeto 
de Vida. Nesse ponto, cabe o entendimento que essa construção deveria estar vinculada àsespecificidades e integração dos conteúdos, conforme orienta os Parâmetros Curriculares 
Nacionais (PCN’s): 
A integração dos diferentes conhecimentos pode criar as condições necessárias 
para uma aprendizagem motivadora, na medida em que ofereça maior liberdade aos 
professores e alunos para a seleção de conteúdos mais diretamente relacionados 
aos assuntos ou problemas que dizem respeito à vida da comunidade (Brasil, 1999. 
p. 23). 
 
A mediação como estratégia, importante no processo educacional, alinha-se aos estudos 
de Reuven Feuerstein (Almeida, 2018; Almeida; Malheiro, 2020), pesquisador no âmbito da 
Psicologia do Desenvolvimento. Almeida e Malheiro (2020), quando se referem às dimensões 
do processo de aprendizagem, dizem que para além dos estímulos há uma dependência da 
Experiência de Aprendizagem Mediada (EAM), método que considera as interações sociais 
como passaporte para a apropriação e reelaboração em condições elevadas de entendimento. 
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 21 
Para contextualização do presente relato, destacamos dentre os critérios adotados pelos 
estudos de Feuerstein, a mediação do sentimento de pertença que coloca em evidência 
[...] a maneira como o indivíduo faz parte de um grupo e relaciona-se socialmente 
varia conforme o ambiente cultural, sendo que, independentemente dos fatores 
sociais em que vive, o ser humano necessita do sentimento de pertencimento a 
uma cultura, de ser reconhecido e reconhecer-se como indivíduo daquele grupo. 
(Almeida; Malheiro, 2020, p. 19). 
 
Essa condição corresponde ao que se pretende alcançar com o projeto “Reconhecendo 
o meu bairro”, na medida em que propõe ampliar o olhar dos alunos para as externalidades do 
espaço escolar, assim como às relações sociais do entorno e às inquietudes do espaço urbano 
ocupado. 
Desse modo, as observações cotidianas servem de insumos para a engrenagem do 
conhecimento formal, estruturado, possibilitando a geração de novos entendimentos e 
significados, a partir do reconhecimento individual e coletivo em espaço culturalmente 
vivenciado. Tal entendimento coaduna a pesquisa de Braga e Julias (2022), quando se referem 
à importância de políticas públicas e de ações no entorno territorial à escola com vistas ao 
“desenvolvimento integral dos sujeitos”. 
 
Percurso Metodológico 
A necessária integração entre o saber acadêmico e a comunidade do bairro, representada 
por alunos do ensino fundamental e médio, teve origem na abertura da Mostra Sociocultural, 
com a palestra “Impactos ambientais no bairro da Pedreira” realizada na Universidade da 
Amazônia (UNAMA), a qual contou com a participação de alunos, professores e servidores da 
Escola Maroja Neto. 
Assim, o conhecimento gerado na academia tornou-se elemento motriz para a geração 
de novos conhecimentos, mesclados às experiências e mediação de novos sujeitos. Ademais, 
a disseminação e a apropriação da pesquisa e extensão foram condicionantes para dar sentido 
ao conhecimento científico diante dos problemas da sociedade. A palestra norteou a distribuição 
das temáticas em grupo de disciplinas (Figura1). 
 
Figura - 1: Palestra de Abertura: “Impactos ambientais no bairro da Pedreira” 
Fonte: Arquivo pessoal, 2022. 
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 22 
 
O contato direto com os pesquisadores do texto orientador e norteador, citado acima, motivou a 
abordagem do tema dos alunos dos turnos manhã e tarde, além do turno da noite, nosso foco. No período 
noturno, onde a atividade teve seu nascedouro e maior intensidade, trabalhou-se para a organização das 
temáticas e sua correspondência às disciplinas, adesão dos professores e formas de implementação que 
percorreu o período de setembro a dezembro de 2022. 
Em seguida, tratamos da definição dos temas específicos com o conteúdo alinhado ao novo 
ensino médio: Projeto de Vida (Pará, 2021). A construção dos conteúdos ganhou reforço com a 
realização de Rodas de Conversa (Figuras 2 e 3): Aspectos históricos e ambientais do bairro da Pedreira; 
realização da palestra sobre “Resíduos Sólidos e o bairro: O meu, o seu e nosso lixo”; e, a Palestra: 
‘Juventude, Trabalho e Empreendedorismo”. 
 
Figura - 2: Palestra: O meu, o seu, o nosso lixo! Escola Maroja Neto 
Fonte: Arquivo pessoal, 2022. 
 
 
Figura - 3: Palestra: Palestra: Juventude, trabalho e Empreendedorismo. 
Fonte: Arquivo pessoal, 2022. 
 
A multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade permearam a construção e o acompanhamento 
pela equipe orientadora desde o desenvolvimento dos conteúdos em sala de aula, como também nas 
atividades externas. Para consecução dessa linha desafiadora, as temáticas foram organizadas com a 
seguinte composição: 
a) Física: Aspectos físicos ambientais do Bairro da Pedreira: Exposição da temática baseada em 
conceitos físicos relacionados ao clima e ao meio ambiente, baseada no texto indicado pelo Projeto, 
construído com consulta bibliográfica no Inpe, Embrapa e IBGE; aula sobre os resultados das 
informações aos alunos e curiosidades; apresentação de pôster sobre o tema na culminância do evento; 
b) Matemática: Aspectos socioeconômico e ambiental. Recursos: Pesquisa realizada pelos 
alunos; Demonstrações dos dados por meio de gráficos e tabelas; 
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 23 
c) Língua Portuguesa, Educação física: Resíduos Sólidos: Palestra “O meu, o seu e nosso lixo”. 
Recursos: Registros fotográficos e elaboração de cartaz, apresentação da atividade pelo representante 
da turma na culminância do evento; 
d) História: Pesquisa sobre a história do bairro; 
e) Artes e Educação Física: O tema “A educação e a juventude Pedreirense” foi desenvolvido por 
meio de pesquisa, com abordagens sobre lugares históricos e afetivos do bairro da Pedreira; Registros 
fotográficos; Realização de documentário com depoimentos de alunos da turma, com roteiro abordando 
três questões: o porquê do retorno à escola; quais os desafios enfrentados; e, quais as expectativas após 
terminar o ensino médio; 
f) Língua Inglesa: Pesquisa sobre prédios e equipamentos sociais do bairro; 
g) Geografia, Matemática e Educação Física: Resíduos sólidos: Abordagem do tema em sala de 
aula sobre Decomposição e reciclagem do lixo. Instalação e exposição das formas adequadas de 
reciclagem no dia da culminância; 
h) Matemática: Diálogos sobre religiosidade. Apresentação de cartaz e depoimento de aluna 
sobre importância e sua opção religiosa. 
 Decerto que essa conexão entre saberes e conteúdos foi facilitada a partir.de estratégias 
integradoras direcionadas à identificação de vínculos entre as áreas; e ainda, ao reconhecimento das 
soluções educacionais ligadas à reconfiguração das fronteiras do conhecimento para além das cercanias 
do conteúdo sob o foco disciplinar. Esses polos, imprescindíveis e desafiantes continuarão permeando 
as novas iniciativas e os projetos escolares em curso. 
 
Análise dos Resultados Alcançados 
O projeto “Reconhecendo seu bairro” resultou na etapa de Culminância dos Trabalhos de alunos 
e professores, supervisionado pela coordenação pedagógica do turno da noite. A abertura do Projeto foi 
a palestra sobre “Resíduos Sólidos: Prevenção e Tratamento do lixo urbano”, exposta por um 
representante da Prefeitura de Belém. 
A apresentação das temáticas e a exposição dos trabalhos constituíram o ponto central da 
culminância, momento de partilha dos conhecimentos apreendidos com a comunidade escolar (Figura 
4). A experiência do processo, o exercício da mediação e as descobertas sobre o espaço urbano 
circundaram os discursos externalizados pelos alunos e professores. 
 
Figura - 4: Atividade: Lixo urbano resultante do projeto desenvolvido 
Fonte: Arquivo pessoal, 2022. 
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 24 
Sob o ponto de vista dos docentes, as avaliações sobre a Mostra Sociocultural, 
culminância do projeto, expressarama relevância do trabalho e os desafios para a construção 
da interdisciplinaridade. Um dos resultados esclarecedores, se refere à consciência do tempo 
necessário para tecer a diversidade do conhecimento, mediante as especificidades dos alunos 
e alunas da EJA. 
Quanto ao estudante, foco da idealização pedagógica, observamos os esforços para 
compreender a interação entre as vivências cotidianas e o processo de aprendizagem. As 
dificuldades para o exercício das atividades propostas pelas orientações metodológicas, 
especialmente as de fora das cercanias da escola decorreram da exaustão da rotina diária do 
trabalho, delimitando o “experimentar” educativo de forma mais significativa. No entanto, o tema 
despertou o interesse pelo convite à observação e reflexão sobre o “urbano” presente; da 
deficiência/insuficiência do poder público perante situações de desequilíbrio ambiental, porém, 
sem desconsiderar o papel adormecido de cada cidadão e cidadã, especialmente nessa 
questão. 
A necessidade de maior consciência coletiva foi amplamente externalizada pelos sujeitos 
envolvidos durante o processo de coleta, estruturação e apresentação dos resultados, conforme 
um dos depoimentos da aluna Dandara (M-202): “Esse projeto foi muito importante para o poder 
público saber das reais necessidades do nosso bairro, aí eles vão saber como melhorar as 
nossas carências!” 
 
Conclusão 
Considerando os objetivos propostos pelo projeto que dialogavam com a natureza 
socioambiental e conexão à realidade urbana, foi possível instigar a reflexão sobre a expansão 
do bairro e ao mesmo tempo, provocar a (re)redescoberta da existência de incômodos 
ambientais. Reforçando tal ideia, foi notória a recorrência da abordagem sobre a questão do lixo 
nas ruas, praças e canais, sendo estes espaços, objetos de relatos intrínsecos à história e ao 
pertencimento ao lugar de infância, sociabilidade e moradia de muitos alunos e professores, 
sujeitos envolvidos na construção do trabalho. 
Dentre as lições apreendidas, evidenciamos a necessidade de dinamizar o conhecimento 
a partir de problemas reais; a urgência de conduzir a educação de jovens e adultos com 
metodologias apropriadas à experiência dos educandos; garantir espaços físicos e 
equipamentos para suporte às estratégias que enriqueçam os resultados; e, principalmente, 
ampliar o processo de mediação da aprendizagem, mola principal dos caminhos da educação, 
o que desafia construir espaço escolar vivo, dinâmico e motivador, capaz de contribuir com a 
necessária consciência política, ambiental, pertencimento e cidadania. 
 
 
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 25 
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Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 26 
 
 
TRABALHANDO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM TEMPOS DE PANDEMIA 
 
Tatiane da Silva Santos1 
 
Resumo 
Este relato resulta de uma experiência vivenciada nas aulas de Biologia na Escola Estadual São José, planalto de 
Santarém-Pará, com alunos do ensino médio, turno matutino. O projeto foi desenvolvido entre abril de 2021 e 
janeiro de 2022 e surgiu a partir da necessidade de abordar a temática Educação Ambiental através de plataformas 
digitais, devido às regras de distanciamento adotadas nas instituições escolares em virtude da pandemia da COVID-
19. Os recursos usados foram WhatsApp, Google forms e Google Meet. A equipe foi composta por cinco alunos da 
3ª série do Ensino Médio, que realizaram pesquisa bibliográfica, análise de artigos, elaboração e aplicação de 
questionários e posterior socialização de resultados. Foram entrevistados 21 alunos, cursando a 1ª e 2ª séries, que 
responderam a um total de 16 perguntas predominantemente fechadas. Na culminância tivemos a participação dos 
colaboradores e seis convidados. Os dados produzidos revelaram que ainda é grande o número de alunos que 
jogam lixo fora da lixeira e os que deixam de fazer a separação entre o lixo orgânico e o lixo inorgânico. Por outro 
lado, o projeto favoreceu a divulgação, ainda que restrita, da abordagem ambiental, bem como despertou nos 
alunos participantes a leitura de pesquisas com base científica, mesmo em tempos de pandemia. 
 
Palavras-Chave: Educação Ambiental. Preservação. Pandemia. 
 
 
Introdução 
“Somente quando for cortada a última 
árvore, pescado o último peixe, poluído o último rio, que as 
pessoas vão perceber que não podem comer dinheiro” 
(Cacique Seattle, Tribo Suquamish, 1855) 
 
A Educação Ambiental foi fundamentada em abril de 1999 pela Lei nº 9.795 (Brasil, 1999), 
sendo então definida como processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem 
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a 
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de 
vida e sua sustentabilidade. 
O tema Educação Ambiental, a partir do destaque recebido em noticiários e os diversos 
outros meios de comunicação, especialmente pela problemática voltada para o alto índice de 
desmatamento, tem sido frequentemente abordado em atividades pedagógicas, com o objetivo 
de orientar a comunidade escolar sobre a importância da preservação e consciência ambiental. 
Por outro lado, devido a pandemia da COVID-19 no início do ano de 2020, as escolas 
ficaram impossibilitadas de desenvolverem as suas ações de forma mais efetiva, pois 
precisaram reduzir as aulas presenciais. De acordo com Guedes e Macedo (2020), a pandemia 
1 Professora de Biologia e Química da Rede Estadual, Santarém-Pará. Licenciada Plena em Biologia e Química. Mestra em 
Recursos Aquáticos Continentais Amazônicos. E-mail: tatisisa@yahoo.com.br 
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 27 
acelerou os processos tecnológicos influenciando e interferindo em algumas tarefas diárias que 
eram realizadas de forma presencial, e nesse movimento com habilidades individuais, os 
sujeitos tiveram que se adaptar e lidar com o digital, o virtual e com a inteligência artificial. 
Este relato trata de uma experiência pedagógica sobre a Educação Ambiental, 
denominada Trabalhando a Educação Ambiental em Tempos de Pandemia, desenvolvida a 
partir de práticas pedagógicas executadas no formato híbrido (aulas presenciais e aulas on-line) 
dentro da disciplina Biologia, com alunos colaboradores da3ª série do Ensino Médio da Escola 
da Rede Estadual São José, em Santarém/Pará. 
O projeto foi iniciado com o objetivo de divulgar e debater sobre a consciência ambiental 
em tempos de pandemia, com o auxílio necessário de plataformas digitais em virtude das 
restrições ocasionadas pelo distanciamento. Neste contexto, a escola é de fundamental 
importância no processo de sensibilização dos alunos no que se refere ao meio ambiente, 
considerando especialmente a nossa região, rica em vegetação e com grande interação com os 
animais. 
 
Caracterização da escola 
A Escola São José está localizada no planalto de Santarém, às proximidades da BR 163, 
Km 19. Foi fundada em 10 de outubro de 1919 pela Congregação de Irmãs Missionárias da 
Imaculada Conceição, a partir da necessidade do atendimento a crianças órfãs e alunos das 
comunidades próximas. 
A instituição funciona com o prédio alugado ao Estado, pela mesma congregação, 
atendendo alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental (Rede Municipal) e Ensino Médio 
(Rede Estadual), para os quais são utilizados os espaços pedagógicos: dez salas de aula, uma 
biblioteca, laboratório multidisciplinar, laboratório de informática, quadra poliesportiva e espaço 
ao ar livre. 
Como espaços administrativos e de apoio, temos a diretoria, a secretaria, a sala de 
professores, o auditório, uma área coberta, a copa, o refeitório, além de quatro banheiros para 
professores e funcionários e nove banheiros para os alunos - dois destes adaptados a alunos 
PcD (pessoa com deficiência). O corpo administrativo e de recursos humanos está formado por 
um vice-diretor e uma secretária, duas especialistas em educação e dezoito professores. 
A escola tem um horto florestal que foi construído no ano de 2004 e que faz parte de sua 
área geográfica, com espécies de madeira de lei, plantas medicinais e ornamentais. O horto já 
foi objeto de pesquisa em universidades locais e divulgado em periódico, tendo grande 
relevância para projetos ambientais como este, favorecendo a prática escolar nos períodos de 
aula presencial. 
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Em 2004, o projeto do horto foi colocado em prática por meio da abertura de trilhas na 
vegetação, plantio de mudas e identificação de nomes nas placas das espécies, com as 
parcerias da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (EMATER), Empresa 
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras 
Rurais de Santarém (STTR), Conselho Nacional de Seringueiros (CNS) e o Missionszentrale der 
Franziskaner (Centro Missionário Franciscano/ Associação Alemã). Durante dois anos os alunos 
ajudaram na manutenção das espécies com trabalhos de adubação e rega. Nos anos seguintes 
as plantas já estavam adaptadas ao ambiente (Santos, 2020). 
Em 2019, as placas com o nome das espécies foram atualizadas com o apoio de equipe 
técnica da Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA/Santarém, favorecendo a visitação 
do horto pela comunidade escolar e local. 
 
Discussão Teórica 
Stranz, Pereira e Gliesch (2002) definem a Educação Ambiental como um processo 
permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do meio ambiente e 
adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornam 
aptos a agir – individual e coletivamente – e resolver problemas ambientais presentes e futuros. 
A Agenda 21 aborda a nossa responsabilidade social acerca do meio ambiente, assim, 
[...] se o meio ambiente sadio é um direito ele é também um dever, que compete 
a toda a sociedade. A cidadania, mais do que a garantia de direitos, é a 
responsabilidade pelos destinos da comunidade e, neste caso, da comunidade 
planetária, de hoje e de amanhã (BRASIL, 1995, p. 8). 
 
A educação ambiental pode e deve se constituir como recurso fundamental para a 
participação de diversas comunidades acadêmicas no processo de conscientização e 
envolvimento, tanto na identificação de problemas ambientais, quanto na elaboração de 
estratégias que amenizem os seus impactos (Santos; Silva, 2017). 
Em constante crescimento, a educação ambiental tem a função de atingir toda a 
população, inclusive as novas gerações, formando cidadãos que possam responder pelo 
processo de mudanças do atual estado ambiental da Terra. Torna-se uma necessidade, um 
processo contínuo e permanente que deve abranger todos os níveis escolares e etapas da 
educação formal e informal (Guimarães, 2007). 
As questões ambientais têm despertado bastante interesse de estudiosos, pesquisadores 
e, mais recentemente, de ampla camada da sociedade, principalmente devido a grandes 
desastres ambientais, fenômenos climáticos e problemas relacionados à poluição, preservação 
dos ecossistemas, desmatamentos, queimadas, entre outros. As ações do homem sobre a 
natureza produzem consequências danosas à sociedade, fazendo com que a população em 
geral repense suas atitudes para com o meio ambiente (Dimas; Novaes; Avelar, 2021). 
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 29 
Rocha (2014) ressalta que há o desejo de reforçar a harmonia da questão ambiental com 
as práticas sociais de uma forma integrada e respeitando as particularidades de cada povo, 
abordagem que deve considerar os enfoques humanista, histórico, crítico, político, democrático 
e participativo. A educação para o meio ambiente institucionalizou-se nas escolas, passou a 
fazer parte em muitos tópicos de programas e em muitas disciplinas, mas firmou suas bases 
especialmente nas Ciências (Andrighetto, 2010). 
Segundo Guimarães (2007), a abordagem de educação ambiental nas escolas públicas 
e a parceria familiar são fundamentais para contribuir, de maneira significativa, para um avanço 
educativo, pois para termos um mundo mais equilibrado é necessário um engajamento de 
educadores e educandos no processo de transformações sociais. De acordo com Demoly, 
Amaral e Santos (2018), a temática da educação ambiental se coloca na escola como 
possibilidade de um trabalho em que os sujeitos se conectem com problemas cruciais do nosso 
tempo. 
Assim, Santos (2020) enfatiza que instituições escolares possuem autonomia para agir 
de forma estratégica no desenvolvimento de ações que possibilitem ao aluno um olhar mais 
crítico para a realidade ambiental do país. 
 
Percurso Metodológico 
O projeto foi apresentado às três turmas do 3º ano matutino do Ensino Médio, a fim de 
que os alunos pudessem analisar e confirmar a sua participação nas atividades. Cinco alunos 
foram voluntários na ação, que aconteceu de abril de 2021 a janeiro de 2022. A pesquisa teve 
caráter bibliográfico e de campo, para favorecer a observação de ações relacionadas às 
questões ambientais; ela é o tipo de pesquisa que pretende buscar a informação diretamente 
com a população pesquisada. Ela exige do pesquisador um encontro mais direto (Gonsalves, 
2001). 
Foi organizado um grupo no WhatsApp para facilitar a comunicação entre os 
participantes, bem como divulgar as etapas do projeto: pesquisa e análise de artigos e trabalhos 
acadêmicos; elaboração de questionários e culminância do projeto por meio de socialização. 
Segundo José Filho (2006) o ato de pesquisar traz em si a necessidade do diálogo com a 
realidade a qual se pretende investigar e com o diferente, um diálogo dotado de crítica, 
canalizador de momentos criativos. 
Os cinco alunos colaboradores inicialmente buscaram artigos voltados para a temática e 
socializaram as suas análises por meio do grupo de WhatsApp. Em seguida foi organizado e 
aplicado aos entrevistados (alunos de 1ª e 2ª séries do ensino médio do turno matutino da Escola 
São José) um questionário de dezesseis questões predominantemente fechadas através de um 
link que os direcionava para a Ferramenta Google Formulários. 
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 30 
A utilização do referido aplicativo foi fundamentalno processo de pesquisa, visto que a 
instituição escolar continuava desenvolvendo suas atividades no formato híbrido, em 
decorrência da pandemia, impossibilitando a realização de atividades integralmente presenciais. 
A expectativa era de atingir pelo menos 60 alunos, porém foram obtidas somente 21 respostas. 
Quanto à culminância do projeto, ela aconteceu em janeiro de 2022 durante reunião pelo 
aplicativo Google Meet com alunos colaboradores do projeto e seis convidados (Figura 1). 
 
Figura - 1: Participantes da culminância do projeto 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
Na ocasião, por meio do programa Power Point, os colaboradores abordaram sobre os 
temas Desmatamento, Efeito estufa, Lixo e Poluição dos rios, além de tratarem sobre a 
Educação Ambiental nas escolas e a necessidade de promover o tema na sociedade brasileira. 
Ao final foram apresentados os gráficos com os resultados da pesquisa aplicada aos alunos da 
1ª e 2ª séries da Escola São José. 
 
Análise dos Resultados 
A Tabela 1 ilustra os dados observados na aplicação dos questionários. As perguntas 
foram adaptadas para facilitar a compreensão dos resultados. 
Perguntas adaptadas Sim % 
Concorda que é importante aprender sobre Educação Ambiental. 21 100 
Contribui de alguma forma para a preservação do meio ambiente. 17 81 
Fecha a torneira enquanto escova os dentes. 17 81 
Fecha o chuveiro durante o banho no momento em que não está usando 
a água. 
12 57* 
Fica preocupado(a) com o aumento de plástico no planeta. 19 90 
Costuma separar o lixo orgânico (resto de comida e vegetais, etc.) do 
lixo não orgânico (plástico, metal, etc.). 
11 52* 
Preocupa-se em ter árvores ou plantas em casa ou nos lugares que 
freqüenta. 
19 90 
Joga lixo fora do lixeiro. 9 47* 
Não desperdiça comida na hora das refeições. 21 100 
Reaproveita as embalagens de vidro ou plástico em sua casa. 18 85 
Já participou de algum trabalho voluntário ligado à preservação do meio 
ambiente. 
9 43* 
Preocupa-se com o futuro do planeta, de como ele estará quando 
vierem as próximas gerações. 
21 100 
Costuma expor a sua opinião para criticar agressões ao meio ambiente. 14 66 
Concorda que todos as pessoas devem ser responsáveis pela defesa 
do meio ambiente. 
19 90 
 Tabela - 1: Questionário aplicado no projeto 
Fonte: Elaborada pela autora. 
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Com os resultados, elaboramos os gráficos (1 a 6) que destacam os índices relevantes das 
respostas apresentadas pelos entrevistados. 
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Gráfico - 1: Economia de água durante a escovação de dentes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gráfico - 2: Economia de água durante o banho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gráfico - 3: Consciência ambiental 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gráfico - 4: Responsabilidade sobre a separação do lixo 
 
 
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Gráfico - 5: Ambientação com plantas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gráfico - 6: Responsabilidade ambiental 
Fonte: Elaborados pela autora. 
 
A partir dos resultados foi possível observar que o índice de alunos preocupados com as ações 
de preservação ambiental é grande, porém na prática, de acordo com os dados, esse número diminui. 
Acreditamos que há uma necessidade de maior envolvimento nessas atividades. 
Os resultados mostraram que algumas atitudes precisam ser melhoradas no cotidiano dos alunos, 
como: separar o lixo orgânico do lixo não orgânico; não jogar lixo fora da lixeira e participar de alguma 
ação voluntária ligada à preservação do meio ambiente. 
“O meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem juridicamente tutelado, direito 
assegurado pelo caput do art. 225/CF, é um bem de uso comum do povo, 
essencial à sadia qualidade de vida. Assim, a qualidade do meio ambiente é um 
direito difuso, pois pertence à coletividade. Mas o fato de sua administração ficar 
sob a custódia do Poder Público não elide o dever da sociedade de atuar na 
conservação e preservação do direito do qual é titular” (Silva, 2000, p. 80-81). 
 
Ao longo de anos sempre foi um desafio promover ações de educação ambiental, seja na 
escola ou sociedade. Essa responsabilidade é transferida para gestores, ambientalistas, 
professores, entre outros, enquanto somente uma minoria da sociedade civil se sente 
responsável. É um fenômeno cultural, evidenciado quando observa-se com frequência porções 
de lixo espalhadas pelos espaços públicos das cidades brasileiras. 
Sugere-se que a deficiência nas ações de educação ambiental pode ter aumentado no 
período da pandemia, a qual interferiu na rotina das pessoas, prejudicando as suas atividades 
diárias. O Ministério da Saúde (Brasil, 2020) expõe que a pandemia trouxe alguns transtornos 
na vida dos brasileiros, como alterações do sono, da concentração nas tarefas diárias, 
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aparecimento de pensamentos intrusivos, sentimentos de desesperança, tédio e solidão. 
 
Conclusão 
Este projeto surge como uma oportunidade de intensificar as atividades voltadas para o 
meio ambiente, mesmo em tempos de pandemia, além de incentivar os alunos a buscarem mais 
leituras de pesquisa científica. 
Os dados revelaram que ainda há deficiência nas práticas de educação ambiental, 
considerando que esse comportamento é cultural e que precisa ser debatido. 
Trabalhar a educação ambiental de forma efetiva nas escolas é uma necessidade 
constante e contribui para que os alunos desenvolvam atitudes mais críticas e tenham 
comportamentos éticos no que diz respeito ao compromisso como cidadãos em prol de um meio 
ambiente preservado. 
 
 
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