Buscar

Enterobactérias: Taxonomia e Importância Clínica

Prévia do material em texto

ENTEROBACTÉRIAS 
Amanda Mesquita 
 Taxonomia 
 Taxonomia 
Classe: Gammaproteobacteria 
Ordem: Enterobacterales 
Filo: Proteobacteria 
 Taxonomia 
Enterobacteriaceae 
Erwiniaceae 
Pectobacteriaceae 
Yersiniaceae 
Hafniaceae 
Morganellaceae 
Budiviciaceae 
Ordem Enterobacterales 
7
 F
am
íli
as
 
Ordem Enterobacterales 
A ordem Enterobacterales é um grande e diverso grupo 
de bacilos Gram-negativos, classificados atualmente em: 
 
 60 gêneros 
 
 cerca de 250 espécies 
 Estão amplamente distribuídas na natureza: 
 
 solo, água; 
 
 frutas, vegetais e produtos de origem animal,como a 
carne e ovos; 
 
 no trato intestinal de seres humanos e animais; 
 
 Habitat 
 Características gerais 
 
 
 São produtores de catalase (a maioria) 
 São bacilos Gram-negativos, medindo em média 1-5μm de 
comprimento; 
 Anaeróbios facultativos; 
 Fermentam a glicose com ou sem a presença de gás; 
 São oxidase negativa; 
 A maioria reduz o nitrato a nitrito. 
 Móveis/Imóveis; 
Fonte: ANVISA 
 Características gerais 
 
 
Lactose 
+ - 
Escherichia 
Klebsiella 
Enterobacter 
Serratia 
Shigella 
Salmonella 
Proteus 
Providencia 
Morganella 
 Importância clínica 
 
 
 Representam aproximadamente 80% de todos os Gram-negativos 
de importância clínica isolados na rotina microbiológica: 
 
 infecções intestinais; 
 
 infecções em feridas e queimaduras; 
 
 infecções no trato urinário (70%) e respiratório; 
 
 septicemia (50%) e meningite; 
 
 Infecção Relacionada à Assistência em Saúde (IRAS) = infecção 
hospitalar (nosocomial) 
 Fonte: ANVISA 
 Principais sítios de infecção 
 Principais sítios de infecção 
Citrobacter, Enterobacter, Escherichia, Klebsiella, 
Salmonella, Shigella. 
Serratia, Yersinia 
Morganella, Proteus, Providencia 
Edwardsiella, Hafnia 
Principais gêneros 
 Infecções hospitalares e na comunidade 
 
 
As principais espécies de importância clínica isoladas são: 
Escherichia coli 
Salmonella spp. 
Shigella spp. 
Klebsiella pneumoniae 
Klebsiella oxytoca 
Enterobacter spp. 
 
Serratia marcescens 
Proteus mirabilis 
Proteus vulgaris 
Morganella morganii 
Providencia spp. 
Citrobacter spp. 
 
Fonte: ANVISA 
OBS.: Quando a espécie ainda não foi identificada, o nome do gênero é 
seguido de “sp.” (abreviatura de “espécie”) ou de “spp.” (abreviatura de 
“espécies”) 
 Características estruturais 
Estruturas antigênicas 
Prof. Ary Fernandes - Unesp 
 Importância clínica 
 
 
Choque endotóxico: manifestação potencialmente letal de 
infecção causada por bactéria Gram-negativa. A endotoxina 
é um lipopolissacarídeo contido no interior da parede celular 
dessas bactérias. 
Os sintomas são: febre, leucopenia, hemorragia e 
hipotensão. 
 Importância clínica: fatores de virulência 
Resistência aos antimicrobianos: a resistência pode ser 
codificada por plasmídeos e haver troca entre as espécies, 
gêneros e famílias bacterianas. 
 Importância clínica: fatores de virulência 
 Isolamento e identificação 
 
 
 Exame macroscópico da cultura: 
 Aspecto morfológico das colônias; 
 Tempo de crescimento e tamanho da colônia (18-24h; ≥ 1mm 
diâmetro); 
 Observar pureza da cultura. 
Fonte: ANVISA 
 Exame microscópico da cultura: 
 Gram: tamanho, morfologia, reação tintorial. 
 Meios de cultura: isolamento 
 
 
 Secreções: ágar Sangue, Chocolate e MacConkey 
 
 Líquidos nobres e biópsias: ágar Sangue, Chocolate e 
MacConkey 
 
 Fezes: ágar MacConkey e Salmonella Shigella (SS) ou 
 ágar Eosina Azul de Metileno (EMB) e ágar SS 
 
 Urina: ágar CLED ou 
 ágar Sangue e MacConkey ou 
 ágar Sangue e EMB 
Em geral, temos os seguintes meios para interpretar: 
 Meios de cultura: isolamento 
 
 
 Ágar Sangue 
 Meio diferencial e não-seletivo, rico em nutrientes; 
 
 Possui em sua composição sangue de carneiro ou coelho, o 
que oferece ótimas condições de crescimento para a maioria 
dos microrganismos. 
Por ser um meio rico, o crescimento a partir 
de materiais biológicos em geral costuma ser 
abundante, sempre que necessário, isolar a 
colônia em estudo para os procedimentos de 
identificação. 
 Meios de cultura: isolamento 
 
 
 Ágar Chocolate: enriquecido 
 „É composto de sangue de carneiro ou coelho e levado para 
“achocolatar” em banho-maria a 80-85°C por 15 minutos; 
 
 Possuem fatores sanguíneos, compostos fundamentais para o 
crescimento dos microrganismos fastidiosos; 
 
 Meio amplamente utilizado para o cultivo de microrganismos 
exigentes, embora cresçam quase todos os tipos, inclusive 
enterobactérias. 
 Meios de cultura: isolamento 
 
 
 MacConkey: diferencial e seletivo 
 Agentes inibidores: sais biliares (1,5g) e cristal violeta 
 
 Carboidrato: lactose 
 
 Indicador para ácido: vermelho neutro 
 Meios de cultura: isolamento 
 
 
E. coli Salmonella spp. K. pneumoniae 
 MacConkey: diferencial e seletivo 
 Meios de cultura: isolamento 
 
 
 Salmonella Shigella (SS): diferencial e seletivo 
 Agentes inibidores: sais biliares (8,5g); verde brilante e citrato de 
sódio 
 
 Carboidrato: lactose 
 
 Indicador para ácido: vermelho neutro 
 
 Indicador de H2S: citrato férrico 
 
 Fonte de enxofre: tiossulfato de sódio 
Não deve ser autoclavado, pois a alta temperatura degrada o 
açúcar contido no meio. 
Salmonella spp. Shigella spp. Bactéria fermentadora 
de lactose 
 Meios de cultura: isolamento 
 
 
 Salmonella Shigella (SS): diferencial e seletivo 
 Meios de cultura: isolamento 
 
 
 Eosina Azul de Metileno (EMB): diferencial e seletivo 
 Agentes inibidores: eosina e azul de metileno 
 
 Carboidrato: lactose 
 
 Indicador para ácido: eosina e azul de metileno 
Em pH ácido, os indicadores combinam-se para formar um 
precipitado. As bactérias produtoras de ácidos fortes formam 
colônias com brilho metálico (E. coli). 
 Meios de cultura: isolamento 
 
 
 Eosina Azul de Metileno (EMB): diferencial e seletivo 
Klebsiella pneumoniae Salmonella spp. 
E. coli* 
 Meios de cultura: identificação 
 
 
 TSI 
 Ureia 
 Citrato 
 SIM 
 Indol 
 Fenilalanina 
 Lisina 
 Carboidratos: glicose, lactose e sacarose 
 
 Indicadores para ácido: vermelho de fenol 
 
 Indicador de H2S: sulfeto ferroso 
 Tríplice açúcar e ferro (TSI) 
Detecta as bactérias fermentadoras de carboidratos e produtoras de 
H2S. 
 Meios de cultura: identificação 
 
 
 Meios de cultura: identificação 
 
 
 Tríplice açúcar e ferro (TSI) 
Controle Shigella E. coli 
Enterobacter 
Klebsiella 
Citrobacter 
Salmonella Proteus 
Não 
fermentador 
 Meios de cultura: identificação 
 
 
 Ureia 
Detecta os microrganismos produtores da enzima urease, que 
hidrolisa a ureia liberando amônia e CO2. 
ureia H2O + amônia + CO2 
UREASE 
Fenolftaleína Fenolftaleína AMÔNIA 
(Incolor pH < 
8,1) 
Rosa-
avermelhado 
(pH >8,1) 
 Meios de cultura: identificação 
 
 
 Citrato de Simmons 
Determina a capacidade de um micro-organismo utilizar citrato de 
sódio como única fonte de carbono, juntamente com sais de 
amônia para o seu metabolismo e crescimento. 
Citrato de 
sódio 
Produtos metabólicos 
alcalinos 
E 
 pH 
Azul de bromotimol 
Verde (pH < 6,9) Azul (pH >7,6) 
Azul de bromotimol 
+ - 
 Meios de cultura: identificação 
 
 
 Sulfeto Indol Motilidade (SIM) 
 A baixa concentração do ágar (0,4-0,5% - ágar semi-sólido) 
permite a dispersão dos microrganismos pelo meio (motilidade); 
 
 Indicador de H2S: ferro peptonizado e tiossulfato de sódio; 
 
 O indol é um dos produtos da degradação metabólica do 
triptofano. 
 
É um meio recomendado para a determinação da produção de H2S, 
formação de indol e motilidade. 
 Meios de cultura: identificação 
 
  SulfetoIndol Motilidade (SIM) 
H2S Ferro + Sulfito ferroso (ppt) 
Triptofano Indol + Ác. pirúvico 
TRIPTOFANASE 
Amônia + 
Indol + 
p-N,N-dimetilamino-
benzaldeído 
Composto 
quinoidal 
(vermelho) 
+ H2O 
Condensação 
ácida 
 Meios de cultura: identificação 
 
 
 Sulfeto Indol Motilidade (SIM) 
 Meios de cultura: identificação 
 
 
 Fenilalanina 
A determinação da enzima fenilalanina desaminase é útil para a 
diferenciação dos gêneros Proteus, Morganella e Providencia de 
outros bacilos Gram-negativos. 
Ácido 
fenilpirúvico 
+ Íon 
férrico 
Meio ácido 
Complexo verde 
Fenilalanina Amônia + FENILALANINA 
DESAMINASE 
Ácido 
fenilpirúvico 
Adição de cloreto férrico a 10% 
- + 
 Meios de cultura: identificação 
 
  Lisina 
Detecta os microrganismos produtores da enzima descarboxilase, 
que remove uma molécula de CO2 para formar aminas de reação 
alcalina. 
Lisina cadaverina CO2 
LISINA 
DECARBOXILASE 
+ 
- + 
Bromocresol 
púrpura 
CADAVERINA 
(Amarelo pH < 5,2) 
Bromocresol 
púrpura 
(Púrpura pH > 5,2) 
TESTES\ESPÉCIES 
Escherichia 
coli 
Salmonella 
Shigella 
dysenteriae 
Shigella 
sonnei 
Klebsiella 
pneumoniae 
Klebsiella 
oxytoca 
Proteus 
vulgaris 
Proteus 
mirabilis 
GLICOSE GÁS + + - - + + + + 
TSI A/A Alc/A Alc/A Alc/A A/A A/A A/A Alc/A 
LACTOSE + - - - + + - - 
SACAROSE - v - v - - + - 
CITRATO - v - - + + -/v +/v 
PRODUÇÃO H2S - + - - - - + + 
INDOL + - v - - + + - 
LISINA + + - - +/v + - - 
UREASE - - - - + + + + 
FENILALANINA - - - - - - + + 
MOTILIDADE v + - - - - + + 
 Diferenciação bioquímica de enterobactérias 
A/A: reação ácido/ácido 
Alc/A: reação alcalino/ácido 
+: reação positiva 
-: reação negativa 
v: reação variável (+ou-) 
-/v: variável c/ frequência negativa 
+/v: variável c/ frequência positiva Fonte: Manual BERGEY 8ªed. modificado